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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR Curso: Biomedicina Turno: Matutino Disciplina: Banco de sangue Data: 06/07/2020 Professor: Sânzio Santana Discente: Laíle Roberta Souza Costa Instruções: A atividade deve ser realizada individualmente O prazo máximo de entrega é 07/09/2020 (Anexar no Google Classroom) A atividade possui valor de 1,0 ponto ATIVIDADE 3 – Sistema ABO x Rh A transfusão sanguínea ocorre por necessidade médica por todo o mundo, entretanto, durante o gerenciamento e armazenamento sanguíneo, os eritrócitos podem sofrer processos de degradação, que pode acarretar em alterações metabólicas tornando o sangue impróprio para uso. Apesar disso, nem todo sangue sofre o mesmo processo de forma igualitária e essa diferença é atribuída a características hereditárias quanto ao metabolismo eritrocitário. Os epítopos do sistema ABO se encontram na superfície das células sanguíneas e são codificadas no lócus ABO, o qual fica no braço do cromossomo 9. As diferenças nas características observáveis do sistema ABO ocorre decorrente da diferente estrutura de genes que convertem os antígenos A e B. As conformações estruturais que vão determinar como que as enzimas vão estimular as reações no substrato, indicando se ocorrerá ou não ligação ao substrato, e essa atividade enzimática varia nos subgrupos do sistema ABO, refletindo na composição dos antígenos expressados. Metabólitos como glicose 6 fosfato e glutationa foram indicados como hereditários, atribuindo um certo controle genético do metabolismo de glicose. Esclarecendo essa relação com a glicose, concentrações altas de ATP estão relacionadas a redução de hemólise eritrocitária, e os níveis de ATP variam de acordo com o individuo portador do sangue, que consequentemente é influenciado pela herança genética. Os antígenos do sistema ABO de humanos são compostos por oligossacarídeos que são conjugados com gliproteínas e glicolipídeos presentes na superfície das células eritrocitárias. O antígeno H é produzido pela atividade enzimática no lócus do cromossomo 19, independente do lócus ABO (FUT 1). O alelo A codifica algumas enzimas na periferia do antígeno H, produzindo o antígeno A. O gene da glicosiltransferase, codificada no antígeno H é quem vai determinar o tipo de sangue a partir do cromossomo 9. A ação das glicosiltransferases dos antígenos A e B são diferentes nos subgrupos do sistema ABO e essas diferenças podem ser apresentadas na composição bioquímica dos antígenos que são produzidos. O grupo AB apresenta duas transferases, que são a A e B, enquanto que o grupo O não possui as transferases A e B, entretanto apresenta o antígeno H em grande quantidade na superfície das hemácias. Esses genes se codificam através de determinadas sequencias que ocorrem por todo o cromossomo. Os antígenos se tornam produtos dos genes por meio dessa atividade da enzima glicosiltransferases, no qual os alelos compostos por genes alternados ficam em um único lócus presentes em cromossomos homólogos. Os principais alelos do ABO são A1, B e O que dão, por conseguinte origem aos quatro grupos sanguíneos já conhecidos como A, B, AB e O. Os genes A1 e B se diferenciam a partir de sete mutações, no qual quatro decorrem da substituição de aminoácidos. As outras duas últimas substituições ocorrem na especificidade das glicosiltransferases. A alteração genética que origina o alelo A1 ocorre por causa de uma mutação no nucleotídeo que proporciona a substituição de um aminoácido. Existem outros dois alelos A1 e que apresentam mutação silenciosa. A alteração sofrida por esses dois alelos não causa impacto nas atividades das enzimas transferases, mas quando essa mutação silenciosa se encontra presente no alelo B, pode causar uma leitura errada se esse alelo foi utilizado como marcado para genotipagem. Já o fenótipo A2 pode ser detectado por teste sorológico através da capacidade de aglutinação com o soro anti-A e da impossibilidade de aglutinação com o soro lectina anti-A1. O alelo A2 sofre apenas uma substituição e uma deleção na base. A deleção ocorre na citocina que fica próximo a carboxila terminal e então é adicionado a transferase que faz com que a sua atividade seja reduzida. A substituição da base faz com que ocorra a troca do aminoácido prolina pela leucina, não sendo associado a ação da transferase, sendo esta a diferença entre o A1 e A2. Os anticorpos ABO expressam antígenos no soro dos indivíduos portadores correspondentes a seus eritrócitos. Pessoas que possuem tipagem A expressa anticorpo anti-B e pessoas com tipagem B, apresentam anticorpos anti-A, pessoas que tem o tipo sanguíneo O apresentam anticorpo para anti-A e anti-B, e ocorrem após a aloimunização durante a gravidez ou por meio de transfusões ABO incompatíveis. Por esse motivo, testes de compatibilidade são realizados para identificação do sistema ABO e RhD durante o processo de transfusão a fim de evitar reposta imunológica e óbito do indivíduo transfundido. Esse teste de compatibilidade é feito pela prova direta ou reversa. Na direta é feito a suspensão das células vermelhas do indivíduo com soros anti-a e anti-b e na reversa é testado o soro ou plasma utilizando genes A1 e B1. Os anticorpos do sistema ABO se encontram no soro do sangue e existem os anticorpos naturais e os imunes. Os anticorpos naturais aparecem logo após o nascimento e sua estimulação se dá pela microbiota do trato gastrointestinal, na qual bactérias presentes na mucosa expressam em sua superfície celular açúcares morfologicamente semelhantes a açúcares imunodominantes dos antígenos para A e B e são essas bactérias que estimulam a formação de anticorpos anti-a e anti-b, o qual tem capacidade de passar através da barreira placentária e são capazes de ativar o sistema complemente por meio das imunoglobulinas. O fenótipo Bombaim é um defeito genético que apresenta deficiência na formação do grupo sanguíneo. Os fenótipos de Bombaim apresentam defeitos na produção dos antígenos H que estão associados ao FUT 1 e FUT 2. Durante a tipagem do grupo sanguíneo, não ocorre reação de aglutinação aos anti-a nem ao anti-b, e durante a tipagem sérica costuma apresentar uma forte reação contra as células B e A1. Portadores dessa condição apresentam poucas quantidades de antígenos A e B nas hemácias e quase nenhum antígeno H. A transferase H aparece com baixa atividade sendo que essa substância é convertida em antígenos A e B por meio das transferases. Pessoas com o tipo Bombaim podem apresentar antígenos a ou b dependendo dos alelos presentes no sistema ABO e essa herança surge de dois alelos FUT 1 que não são funcionais e pela ausência do FUT 2 que é considerado um gene secretor. Com isso, os antígenos H ficam deficientes nas hemácias, mas continuam presentes na expressão. De forma primária, o paciente costuma ser diagnosticado com o sangue tipo O e a suspeita do tipo Bombaim ocorre por meio da tipagem reversa, por isso é importante utilizar a técnica direta e reversa para identificação do grupo sanguíneo, pois esse grupo não pode ser determinado sem a utilização dos reagentes anti-H. O sistema Rh é um sistema complexo diretamente associado à eritroblastose fetal, síndrome que causa a icterícia grave e a morte do feto. Os diferentes antígenos desses sintomas são designados como D, C, c E, e. Os genes do Rh são caracterizados pelas letras maiúsculas e são homólogos expressos em diferentes tecidos. As proteínas podem ser codificadas de acordo com os antígenos específicos com as letras minúsculas. Dois genes localizados próximos ao cromossomo 1 são responsáveis por codificar as proteínas presentes no Rh das hemácias e um carrega o antígeno D e outro carrega o antígeno CE, o qual apresenta algumas variações a depender da proteína podendo ser ce, Ce, cE ou CE. É importante salientar o grau de importância da imunogenicidadedessas proteínas que podem causar reação de estranheza ao indivíduo hospedeiro, resultando em uma resposta imunológica potente. O fenótipo D-negativo é responsável pela perda da expressão do RhD. O teste sorológico para expressão de D, C ou c, E ou e nas hemácias apenas indica a probabilidade da amostra ser homozigótica (D, D) ou heterozigótica (D, -), porém a zigosidade do RHD pode ser testado por meio da presença do alelo D-negativo recessivo. O teste paterno é importante para prever o status D fetal no caso da mãe do neném ser anti-D. Se o pai fora homozigoto, é necessário monitorar a gestação, mas se o pai for heterozigoto, o status D do feto deve ser determinado. O DNA do feto fica no plasma da mãe por cerca de 5 semanas, e isso permite que o plasma materno seja utilizado para teste de forma não invasiva. O teste identifica a presença do RhD, e os marcadores do cromossomo Y são muito úteis quando o feto é do sexo masculino, diferentes do feto do sexo feminino que apresenta marcadores paternos polimórficos. A expressão do antígeno D de forma fraca também ocorre. As hemácias reagem com o anti-D somente após testes indiretos de antiglobulina e são chamados de D fraco, entretanto eles dependem das características do reagente da tipagem. O D fraco ocorre a partir de mutações em um único ponto no RhD que é responsável por codificar alterações dos aminoácidos nas regiões transmembrana do RhD. Essas alterações afetam a quantidade de proteínas e a eficiência do processo de inserção dos aminoácidos fazendo com que as hemácias apresentem regiões reduzidas para o antígeno D. Isso ocasiona mais de 50 mutações diferentes fazendo com que a expressão D seja fraca. Hemácias Del também apresentam quantidades baixas de antígeno D a ponto de não serem identificados em testes de rotina, porém continuam absorvendo o anti-D. Também é uma mutação que causa uma redução da síntese em determinada parte do RhD, resultando em alterações na ordem de montagem dos aminoácidos. Também existe o D parcial, o qual é muito parecido com o D fraco e resulta de mutações pontuais no RHD que causam alterações em apenas um aminoácido. Diferente do D fraco, essas alterações ocorrem em sítios extracelulares fazendo com que os epítopos já existentes sejam alterados ou fazendo com que novos epítopos sejam criados. Essas substituições podem envolver áreas curtas, mas abrangendo bários códons, exons ou sequências de aminoácidos podendo gerar novos antígenos Rh. As proteínas do grupo Rh são importantes na transfusão sanguínea e suas proteínas se expandiram a glicoproteínas associadas ao Rh como o RhAG nas hemácias. O RhAG não é polimórfico e apesar de não ser associado a nenhum antígeno que esteja no grupo sanguíneo, ele é importante para o direcionamento do RhCE e RhD, pois suas mutações são responsáveis pela perda da expressão do antígeno Rh. Existe também o RH nulo, conhecido como sangue dourado. As hemácias apresentam outro tipo de antígeno que é chamado de RhD, que é formado por cerca de 60 antígenos do tipo Rh. Se o sangue apresenta RhD ele é positivo, quando o RhD é ausente, ele é negativo. No caso do Rh nulo, o sangue que apresenta essa condição tem hemácias sem nenhum desses tipos de antígenos e também tem origem genética. Sendo uma doença autossômica recessiva e que pode causar anemia hemolítica e esferostomatocitose a partir de mutações no RHAG, na região do lócus responsável por codificar a glicoproteína Rh50 e controlar a expressão do antígeno Rh. Em contra partida ao Rh nulo, o Rh mod apresenta uma expressão de antígeno de forma reduzida e são associados à consanguinidade. O Rh nulo pode ser do tipo amorfo ou regulador. O Amorfo ocorre decorrente das mutações que inativam o lócus do antígeno Rh e o regulador das mutações que suprimem a modulação da expressão desse antígeno. O teste de coombs é um teste de antiglobulina. Ele funciona identificando anticorpos séricos do IgG antieritrócitario. O plasma do paciente é misturado a um reagente e então é adicionado o soro de coombs com anticorpos contra IgG. Quando ocorre o processo de aglutinação, é indicativo que existem anticorpos contra os eritrócitos. O teste pode ser direto ou indireto sendo misturado diretamente ao soro com anticorpo ou centrifugado e então https://www.sciencedirect.com/topics/biochemistry-genetics-and-molecular-biology/antigen-expression https://www.sciencedirect.com/topics/biochemistry-genetics-and-molecular-biology/antigen-expression as hemácias são marcadas com marcadores para anticorpos. Esse teste é utilizado no diagnóstico de anemias e também no processo de transfusão sanguínea. Toda essa diferenciação é que propicia a vacina Rogan em gestantes. A doença hemolítica no feto é causada por aloanticorpos maternos que tem ação contra o antígeno RhD e é fatal para o feto. Para evitar essa condição, é aplicado a mulheres com grupo sanguíneo Rh negativo que estejam grávidas de nenéns Rh positivo ou em caso de transfusão sanguínea incompatível a vacina RhroGAM. A aplicação dessa vacina tem como intuito evitar a sensibilização materna ao fator Rh positivo do neném. No caso de uma primeira gestação, não ocorre risco a mãe ou ao bebê, porém decorrente da sensibilização, em caso de uma segunda gestação, pode ocorrer uma resposta imunológica onde o corpo da mãe reconhece o feto como um corpo estranho decorrente da incompatibilidade sanguínea, causando a morte do feto. No caso de transfusões sanguíneas realizadas de forma errônea quanto à testagem do fator Rh, a vacina tem como função evitar a morte do transfundido. REFERENCIAS WEISENHORN, Erin M. M.; ERVE, Thomas J. van ′t; RILEY, Nicholas M.; HESS, John R.; RAIFE, Thomas J.; COON, Joshua J.. Multi-omics Evidence for Inheritance of Energy Pathways in Red Blood Cells. 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