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Processo de privatização da Petrobras

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TERRITÓRIO VALE DO PIRANHAS – PB: AVANÇOS, DESCONTINUIDADES E 
DESMONTE DAS POLÍT ICAS PÚBLICAS DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL 
Páginas 133 à 154
Aldineide Alves de Oliveira
Simone Cabral Marinho dos Santos
Janeiro-Junho, 2020
ISSN 2175-3709
Revista do Programa de 
Pós-Graduação em Geografia e 
do Departamento de Geografia 
da UFES
A PRIVATIZAÇÃO DA PETROBRAS 
R E S U M O
 A presente nota de pesquisa busca evidenciar a dimensão do des-
monte da Petrobras que vem sendo intensificada no atual contexto 
das políticas neoliberais no Brasil. Foi realizada identificação e 
localização de todos ativos que foram vendidos e/ou estão com 
anúncio de venda junto aos relatórios anuais e de sustentabilidade 
da Petrobras e aos teasers divulgados no site da companhia de 
todos os ativos que foram vendidos e/ou estão com anuncio de 
venda. Os resultados apontam que o processo de privatização se 
desenvolve em todos os segmentos da Petrobras e em todas as 
regiões/bacias em que ela atua bem como evidencia que a privat-
ização se acentuou desde o golpe de 2015 quando as gestões da 
companhia deixaram de pensá-la como uma empresa de energia 
integrada e passaram simplesmente a fatiá-la em diversas ofertas 
ao setor privado. 
PALAVRAS-CHAVE: Petrobras; Privatização; Petróleo; Gás.
R E S U M E N
 Esta nota de investigación busca resaltar la dimensión del 
desmantelamiento de Petrobras que se ha intensificado en el 
contexto actual de las políticas neoliberales en Brasil. Identificación 
y ubicación de todos los activos que fueron vendidos y / o están a 
la venta con los informes anuales y de sostenibilidad de Petrobras 
y las lágrimas publicados en el sitio web de la empresa para todos 
los activos que se vendieron y / o están con rebaja. Los resultados 
muestran que el proceso de privatización se desarrolla en todos los 
segmentos de Petrobras y en todas las regiones / cuencas en las que 
opera, así como evidencia de que la privatización se ha acentuado 
desde el golpe de 2015 cuando la dirección de la empresa dejó 
de pensar en ella. como una empresa de energía integrada y 
simplemente comenzó a dividirla en varias ofertas para el sector 
privado. 
PALABRAS-CLAVE: Petrobras; Privatización; Petróleo; Gas.
A B S T R A C T
This research note seeks to highlight the dimension of Petrobras' 
dismantling that has been intensified in the current context of 
neoliberal policies in Brazil. Identification and location of all assets 
that were sold and / or are for sale with the Petrobras annual and 
sustainability reports and teasers posted on the company website 
for all assets that were sold and / or are with sale. The results show 
that the privatization process is taking place in all segments of 
Petrobras and in all regions / basins in which it operates, as well 
as showing that privatization has been accentuated since the 2015 
FRANCISMAR CUNHA 
FERREIRA
Programa de Pós-
Graduação em Geografia 
da UFES Laboratório de 
Estudos Urbano-regionais, 
das Paisagens e dos 
Territórios 
 francismar.cunha@gmail.com
Nota de pesquisa recebida 
em: 
30/11/2020
Nota de pesquisa aprovado 
em: 
03/12/2020 
 JULHO- DEZEMBRO, 2020
FRANCISMAR CUNHA FERREIRA A P R I V A T I Z A Ç Ã O D A P E T R O B R A S
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Aldineide Alves de Oliveira
Simone Cabral Marinho dos Santos
Janeiro-Junho, 2020
ISSN 2175-3709
Revista do Programa de 
Pós-Graduação em Geografia e 
do Departamento de Geografia 
da UFES
A presente nota busca evi-
denciar a dimensão do desmon-
te da Petrobras que vem sendo 
intensificada no atual contex-
to das políticas neoliberais no 
Brasil. Ela se insere no âmbito 
da pesquisa de doutorado do au-
tor sobre o circuito espacial de 
produção da indústria petrolífe-
ra no Espírito Santo e também 
no interior do Projeto Geopolí-
tica, Geoeconomia e paisagens 
da infraestrutura do petróleo na 
região costeira do Sudeste do 
Brasil¹ que se desenvolve no 
quadro de atividades do Labo-
ratório de Estudos Urbano-re-
gionais, das Paisagens e dos 
Territórios (Laburp). 
A privatização da Petrobras 
não se configura apenas como 
sendo um processo atual. Des-
de a década de 1990 têm-se 
movimentos que buscam levar 
à privatização do setor petrolí-
fero no Brasil. Campos (2014) 
aponta a privatização de diver-
sas subsidiárias da Petrobras, 
que na época não faziam parte 
do monopólio constitucional. 
Dentre essas subsidiárias des-
tacam-se a Petrobras Minera-
ção (Petromisa) e a Petrobras 
comércio Internacional (Inter-
brás), a Petroflex, a Nitriflex, 
a Fosfértil, a Goiasfértil, parte 
da Petroquisa, dentre outras 
(CAMPOS, 2014, p. 238, 239 
e 240). A partir de 1997 foi 
aberta uma possibilidade para a 
privatização de parcelas de di-
ferentes segmentos das ativida-
des petrolíferas no Brasil, que 
até então eram proibidas, por 
meio da Lei 9.478 conhecida 
com a lei do petróleo. Essa lei 
instituiu, dentre outras coisas, 
a possibilidade de participação 
de outras empresas no segmen-
to de exploração no Brasil. A 
partir de então grupos nacio-
nais e internacionais passaram 
a adquirir concessões de blocos 
exploratórios ofertados e regu-
lados por meio da então recém 
criada Agência Nacional do 
Petróleo (ANP)². Além disso, 
a referida lei deixou em aberto 
a participação de setores priva-
dos no transporte de petróleo, 
gás e no refino.
No que se refere à partici-
pação de outras empresas no 
setor de exploração e produção 
de petróleo vale destacar que 
ocorreu um significativo au-
mento da participação de em-
presas multinacionais no setor. 
Atualmente as multinacionais 
respondem por cerca de 25% 
da produção nacional de petró-
leo (ANP, 2020). Destaca-se 
nesse contexto o crescimento 
de empresas como a Shell (Rei-
no Unido), Petrogal (Portugal), 
Equinor (Noruega), Repsol 
(Espanha) e Sinochem (China). 
No gráfico 01 a pode ser visua-
lizada o aumento da participa-
ção das petroleiras multinacio-
nais em paralelo a diminuição 
da participação da Petrobras. 
coup when the company's management stopped thinking about it 
as an integrated energy company and simply started to slice it into 
various offers to the private sector. 
KEYWORDS: Petrobras; Privatization; Petroleum; Gas.
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2. A ANP foi criada juntamente 
com a lei 9.478/1997.
1. Projeto Geopolítica, Geoeco-
nomia e paisagens da infraestru-
tura do petróleo na região costei-
ra do Sudeste do Brasil aprovado 
para o EDITAL CNPq/FAPES Nº 
06/2019 - PROGRAMA DE APO-
IO A NÚCLEOS EMERGENTES 
– PRONEM para o período 2020-
2023. Coordenador Cláudio Luiz 
Zanotelli.
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Por outro lado, o crescimen-
to da participação de empresas 
nacionais e internacionais nos 
segmentos de transporte e refi-
no não teve aumentos significa-
tivos. No que se refere às refina-
rias, das 17 refinarias existentes 
no Brasil, 13 foram construídas 
e são, até o momento, operadas 
pela Petrobras e quatro são de 
empresas privadas: refinaria de 
Manguinhos no Rio de Janeiro, 
Univen em Itupeva-SP, Refina-
ria Riograndense em Uruguaia-
na-RS e a refinaria Dax Oil em 
Camaçari-BA. Juntas, elas têm 
a capacidade de refino em tor-
no de 54 mil barris de petróleo 
por dia o que representa 2,9% 
da capacidade total de refino de 
petróleo diário no Brasil.
A participação das empresas 
privadas, especialmente mul-
tinacionais no setor petrolífero 
brasileiro tende a crescer de 
modo significativo atualmente 
em função do aceleradoproces-
so de privatização da Petrobras 
associado ao seu desmonte in-
terno.
No que se refere ao seu des-
monte interno nota-se nos últi-
mos anos uma drástica redução 
do número de trabalhadores 
próprios e terceirizados bem 
como a redução dos investi-
mentos da petroleira nos seg-
mentos de exploração e produ-
ção, transporte, refino, etc. Nos 
gráficos 02, 03 e 04 podem ser 
visualizados esses aspectos. 
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Fonte: ANP (2011 – 2020)
GRÁFICO 01: PRODUÇÃO DAS CONCESSIONÁRIAS
NÁRIAS QUE ATUAM NA EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO 
NO BRASIL DE 2011 A 2019 EM PERCENTUAL
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Fonte: Petrobras 2006 – 2018.
GRÁFICO 02: INVESTIMENTOS ANUAIS DA PETROBRAS NOS 
DIFERENTES SEGMENTOS
GRÁFICO 03: NÚMERO DE TRABALHADORES DA PETROBRAS 
E DE SUAS SUBSIDIÁRIAS 
Fonte: Petrobras 2001 – 2019. 
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Observando os gráficos 02, 
03 e 04 nota-se uma redução 
brusca dos investimentos e dos 
números de trabalhadores pró-
prios e terceirizados a partir 
de 2013 e 2014. Somente para 
exemplificar de maneira mais 
precisa esses processos, interna-
mente na Petrobras foi criado o 
Programa de Incentivo ao Des-
ligamento Voluntário (PIDV) 
e, por meio desse programa, 
até o dia 31 de dezembro de 
2018 houve o desligamento de 
16,5 mil trabalhadores próprios 
da Petrobras (PETROBRAS, 
2018). A diminuição dos in-
vestimentos da empresa gera 
efeitos que se propagam para 
outras atividades que direta ou 
indiretamente estão ligadas ao 
circuito do petróleo implicando 
assim na diminuição de traba-
lhadores de outros segmentos 
como aqueles ligados aos esta-
leiros de construção, manuten-
ção e montagem de plataformas 
por exemplo. 
Além dessa reorganização 
interna da Petrobras que incide 
diretamente sobre a organiza-
ção do trabalho, vale destacar 
ainda que a petroleira vem se 
desfazendo de diferentes ati-
vos de diferentes segmentos no 
Brasil e no mundo.
A Petrobras, entre 2016 e 
2020 vendeu e colocou vários 
de seus ativos internacionais 
conforme aponta o quadro 01: 
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Fonte: Petrobras 2004 – 2019.
GRÁFICO 04: NÚMERO DE TRABALHADORES 
TERCEIRIZADOS DA PETROBRAS
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Observando o quadro 01 
nota-se que a Petrobras vem se 
desfazendo de seus ativos na 
América, em especial nos seg-
mentos de distribuição em pa-
íses como Argentina, Paraguai, 
Uruguai, Chile e Colômbia bem 
como de ativos de refino como 
o caso da Refinaria de Pasadena 
nos Estados Unidos. Destaca-se 
ainda a venda dos ativos de ex-
ploração e produção na África, 
no Golfo do México e na Co-
lômbia. 
Entretanto, no território 
brasileiro o processo de venda
da Petrobras vem ganhando-
enorme proporção em função 
do número de ativos que estão 
sendo vendidos e colocados à 
venda bem como a velocidade 
com que isso vem acontecendo. 
Têm-se vendas e anúncios de 
venda em todos os segmentos. 
No mapa 01 pode ser visuali-
zada as infraestruturas e unida-
des industrias como refinarias, 
indústrias de bicombustível, 
usinas termoelétricas e eóli-
cas, fabricas de asfalto e petro-
químicas da Petrobras vendi-
das ou com anúncio de venda. 
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QUADRO 01:VENDAS DAS PARTICIPAÇÕES INTERNACIONAIS DA 
PETROBRAS
Fonte: Notícias de jornais e site da Petrobras entre 2016 e 2020.
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Observando o mapa 01 nota-
-se que a Petrobras vem ven-
dendo ativos em todo o Brasil. 
São indústrias e infraestruturas 
tais que termoelétricas, fábri-
cas de asfalto, fábricas de fer-
tilizantes, petroquímicas, etc. 
Além disso, chama a atenção 
no mapa o fato da venda de 
importante parte da rede de 
dutos que possui importância 
fundamental para o transporte. 
Nesse sentido, vale destacar 
que duas subsidiárias do se-
tor de transporte de gás foram 
privatizadas até o momento.
São elas: a venda em 2016/2017 
de 90% da Nova Transpor-
tadora Sudeste (NTS) e
 a venda em 2019 de 90% de 
participação na Transportadora 
Associada de Gás S.A. (TAG). 
A primeira teve a venda de 90% 
das ações para a Nova Infraes-
trutura Fundo de Investimentos 
em Participações (FIP), gerido 
pela Brookfield Brasil Asset 
Management Investimentos 
Ltda., entidade afiliada ao fun-
do canadense Brookfield Asset 
Management. Na mesma data, o 
FIP realizou a venda de parte de 
suas ações na NTS para a Itaú-
sa- Investimentos Itaú S.A.A 
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M A P A 0 1 : P L A N T A S I N D U S T R I A I S E I N F R A E S T R U -
T U R A S V E N D I D A S E C O M A N Ú N C I O D E V E N D A 
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NTS possui mais de 2.000 km 
de gasodutos com capacidade 
para distribuir 158,2 milhões m³ 
de gás por dia. Localiza-se na 
região sudeste, conforme apon-
ta o mapa 01, que é a região 
onde se encontram as maiores 
reservas e os maiores volumes 
de produção de gás bem como 
se tem o maior consumo do 
produto (60% do gás consumi-
do no Brasil encontra-se nessa 
região). O único cliente da NTS 
é a própria Petrobras. A venda 
dos gasodutos representou uma 
enorme irracionalidade para a 
Petrobras que agora paga para 
a NTS pela utilização dos ga-
sodutos. De acordo com nota 
publicada pela AEPET³ (2018) 
a Petrobras divulgou no em seu 
Relatório ao Mercado Financei-
ro – RMF relativo ao segundo 
trimestre de 2017 que a em-
presa tinha um aumento com 
gastos logísticos, em função do 
pagamento de tarifas a terceiros 
pela utilização dos gasodutos, 
a partir da venda da NTS. Esse 
aumento era no valor de apro-
ximadamente 1,010 bilhão por 
trimestre. Segundo a nota da 
AEPET, esse valor correspon-
de a aproximadamente 1/6 (um 
sexto) do efetivamente recebi-
do pela venda da NTS que foigasto com o aluguel dos pró-
prios gasodutos em apenas um 
trimestre. Nesse sentido, des-
considerando qualquer corre-
ção monetária, todo o valor re-
cebido pela venda da NTS terá 
sido pago em alugueis em ape-
nas 18 meses (AEPET, 2018).
Por sua vez, tem-se a privati-
zação da TAG em 2019. Ela foi 
vendida para a francesa Engie e 
o fundo Caisse de Dépôt et Pla-
cement du Québec (“CDPQ”) 
por R$ 8,72 bilhões, o que fez 
dessa transação a maior venda 
de ativos da Petrobras ao lon-
go de seus 66 anos. A compo-
sição atual da TAG ficou com 
10% pertencentes à Petrobras, 
58,5% pertencente à Engie e 
31,5% pertencente ao CDPQ. 
A TAG é formada por uma ma-
lha de gasodutos com cerca de 
4.500 km de extensão em 10 es-
tados das regiões Sudeste, nor-
deste e norte (cf. mapa 01). As-
sim como ocorreu com a NTS, 
chama a atenção o fato de que 
o que foi vendido é uma infra-
estrutura com instalações pron-
tas e desenvolvidas pela esta-
tal. Assim como ocorre com a 
NTS, a Petrobras é o principal 
cliente da TAG, logo, paga 
aluguel para usar os gasodu-
tos que ela construiu e vendeu. 
Além dessas infraestruturas, 
se privatizou outras importantes 
subsidiárias como a BR distri-
buidora, a Gaspetro e a Liquigás. 
Inicialmente vale destacar o 
caso da BR distribuidora. Ela 
era a subsidiária mais lucrativa 
da Petrobras. Até 2017 a empre-
sa detinha 100 % de seu capi-
tal. No mesmo ano a petroleira 
vendeu 28,75% de sua partici-
pação na bolsa de valores e em 
2019 vendeu mais 33,75% da 
subsidiária também diretamen-
te na bolsa de valores. Assim a 
composição acionária atual da 
BR Distribuidora é de 62,5% 
dos acionistas e 37,5% da Pe-
trobras. Em síntese, a Petrobras 
vendeu no varejo sem consi-
derar a importância estratégica 
da subsidiária e até mesmo o 
preço pelo controle acionário. 
No que se refere à Gaspetro, a 
atual gestão atual da Petrobras 
já sinalizou o desejo de vender 
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3. Disponível em: https://aepet.
org.br/w3/index.php/conteu-
do-geral/item/2126-nts-trage-
dia-anunciada-e-responsabili-
dade. Acesso em 30/11/2020.
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seus 51% de participação na 
subsidiária para a Mitsui e en-
cerrar suas participações na dis-
tribuição de gás4. Finalmente, a 
Petrobras alienou a Liquigás, 
que era uma subsidiária integral 
da Petrobras e atuava no engar-
rafamento, distribuição e co-
mercialização de gás liquefeito 
de petróleo (GLP) no Brasil. 
A empresa tinha uma rede de 
aproximadamente 4,8 mil re-
vendedores autorizados e cerca 
de 21,4% do mercado. de GLP 
por ano e é a quinta maior em-
presa de GLP do Brasil e é li-
gada à Itaúsa, holding de inves-
timentos ligadas ao banco Itaú. 
A Nacional Gás Butano é a em-
presa de energia do Grupo Ed-
son Queiroz que atua na distri-
buição de GLP em todo o Brasil.
Finalmente, vale ressaltar o 
anúncio de venda das refina-
rias por parte da Petrobras. De 
suas 13 refinarias, 8 foram co-
locadas à venda (considerando 
Unidade de Industrialização 
do Xisto -SIX) (cf. mapa 01). 
Excluindo a SIX, as outras 7 
refinarias representam 53,11% 
da capacidade de refino de pe-
tróleo diário das refinarias da 
Petrobras. No quadro 02 pode 
ser visualizada a capacida-
de de refino das refinarias da 
Petrobras, inclusive inclusive 
daquelas colocadas à venda.
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4. Ver mais em: https://www.
seudinheiro.com/2019/
petrobras/petrobras-con-
ve r sa -com-mi t su i - so -
bre-venda-de-participa-
cao-na-gaspetro/.Acesso 
em 30/11/2020.
QUADRO 02: REFINARIAS DA PETROBRAS E SUA CAPACIDADE 
DE REFINO DE PETRÓLEO DIÁRIO* 
O que chama a atenção nesse 
processo é que a Petrobras vem 
fazendo um movimento contrá-
rio ao de muitas outras petrolei-
ras. Ela que se caracterizou por 
ser uma empresa integrada, indo 
do poço ao posto, agora vem se 
fragmentando. Colocando à 
venda ativos de todos os se-
tores, inclusive ativos estraté-
gicos como gasodutos que já 
foram vendidos e também as 
refinarias que estão à venda.
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O setor de refino integrado à 
produção de petróleo é extre-
mamente estratégico para o 
controle de caixa operacional 
das petroleiras. Isso porque 
tendencialmente o lucro das 
petroleiras provem em maior 
parte do refino em cenários 
onde se tem uma queda do pre-
ço do petróleo bruto. A Petro-
bras por sua vez, vem agindo 
de maneira exatamente con-
trária a isso, pois, segundo sua
atual gestão, a empresa busca 
se especializar na produção de 
óleo cru, ficando assim vul-
nerável as variações do pre-
ço internacional do petróleo.
No processo de privatiza-
ção da Petrobras destaca-se 
ainda o grande feirão feito 
em todas as bacias sedimen-
tares do Brasil dos campos 
de produção e blocos explo-
ratórios conforme apontam 
oFIs mapas entre 02 a 12.
MAPA 02: CAMPOS VENDIDOS E INFRAESTRUTURAS VENDIDAS
E COM ANÚNCIO DE VENDA PELA PETROBRAS NA BACIA DO 
SOLIMÕES 
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Janeiro-Junho, 2020
ISSN 2175-3709
Revista do Programa de 
Pós-Graduação em Geografia e 
do Departamento de Geografia 
da UFES
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A P R I V A T I Z A Ç Ã O D A P E T R O B R A S
MAPA 03: BLOCOS EXPLORATÓRIOS COM ANÚNCIO DE 
VENDA PELA PETROBRAS NA BACIA PARÁ-MARANHÃO 
Páginas 309 à 334
319
144
TERRITÓRIO VALE DO PIRANHAS – PB: AVANÇOS, DESCONTINUIDADES E 
DESMONTE DAS POLÍT ICAS PÚBLICAS DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL 
Páginas 133 à 154
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MAPA 05: CAMPOS E INFRAESTRUTURAS VENDIDOS E COM 
ANÚNCIO DE VENDA PELA PETROBRAS NA BACIA DO CEARÁ 
Páginas 309 à 334
320
145
TERRITÓRIO VALE DO PIRANHAS – PB: AVANÇOS, DESCONTINUIDADES E 
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MAPA 06: CAMPOS E INFRAESTRUTURAS VENDIDOS E 
COM ANÚNCIO DE VENDA PELA PETROBRAS NA BACIA 
POTIGUAR 
Páginas 309 à 334
321
146
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MAPA 07: CAMPOS, BLOCOS EXPLORATÓRIOS E INFRAESTRUTURAS 
VENDIDOS E COM ANÚNCIO DE VENDA PELA PETROBRAS NA BACIA 
POTIGUAR 
Páginas 309 à 334
322
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MAPA 08: CAMPOS, BLOCOS EXPLORATÓRIOS E INFRAESTRUTURAS 
VENDIDOS E COM ANÚNCIO DE VENDA PELA PETROBRAS NAS BACIAS 
TUCANO DO SUL, RECÔNCAVO E CAMANU-ALMADA 
Páginas 309 à 334
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MAPA 09: CAMPOS, BLOCOS EXPLORATÓRIOS E INFRAESTRUTURAS 
VENDIDOS E COM ANÚNCIO DE VENDA PELA PETROBRAS NA BACIA 
DO ESPÍRITO SANTO NA PORÇÃO TERRESTRE 
Páginas 309 à 334
324
149
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MAPA 10: CAMPOS, BLOCOS EXPLORATÓRIOS E INFRAESTRUTURAS 
VENDIDOS E COM ANÚNCIO DE VENDA PELA PETROBRAS NA BACIA 
DO ESPÍRITO SANTO NA PORÇÃO MARÍTIMA (OFFSHORE) 
Páginas 309 à 334
325
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MAPA 11: CAMPOS, BLOCOS EXPLORATÓRIOS E INFRAESTRUTURAS 
VENDIDOS E COM ANÚNCIO DE VENDA PELA PETROBRAS NAS BACIAS 
DE CAMPOS E SANTOS 
Páginas 309 à 334
326
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A leituras dos mapas (entre 
02 e 12) possibilita identificar a 
localização de onde estão ocor-
rendo às vendas desses ativos 
de produção e exploração da 
Petrobras. O que mais chama a 
atenção é que essas vendas vêm 
representando a saída da Petro-
bras de muitas bacias como é o 
caso da Bacia de Pelotas e Pa-
rá-Maranhão onde todos os blo-
cos foram colocados à venda. 
Praticamente todos os campos 
das Bacias do Ceará, Potiguar, 
Sergipe-Alagoas, Tucano do 
Sul, Espírito Santo e Camanu-
-Almada estão com anúncio de 
venda.Além disso, vale ressal
tar que a grande maioria dos 
blocos exploratórios dessas ba-
cias também está à venda. Até 
mesmo as bacias de Campos e 
Santos que concentram o maior 
volume de produção não esca-
pam das alienações. Em Cam-
pos poços no pós-sal com alta 
produtividade como Marlim, 
Albacora, dentre outros, estão 
sendo vendidos. Em meio a 
isso, vale destacar que nas ba-
cias Solimões, Potiguar, Espí-
rito Santo, Campos e Santos já 
houve a concretização da venda 
de campos e blocos conforme 
apontam os mapas 02 a 12 e o 
quadro 03.
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MAPA 12: BLOCOS EXPLORATÓRIOS E INFRAESTRUTURAS 
VENDIDOS E COM ANÚNCIO DE VENDA PELA PETROBRAS NA 
BACIA DE PELOTAS 
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A justificativa dada pela Pe-
trobras para a venda da maior 
parte de seus campos nas bacias 
listadas acima consiste no fato 
de predominar nelas os chama-
dos campos maduros que se-
riam campos onde a produção 
de petróleo já tenha começado 
a declinar. Entretanto chama a 
atenção o fato de que muitos 
dos campos já vendidos pela 
Petrobras são chamados de ma-
duros e que existem petroleiras, 
inclusive multinacionais, que 
se interessam por esses cam-
pos, pois eles podem ter a vida 
útil prolongada em função de 
novos investimentos que pos-
sibilitariam assim a viabilidade 
produtiva deles. Entretanto, a 
Petrobras em sua gestão atual 
já sinalizou que irá priorizar a 
produção no pré-sal e que por 
causa disso não se interessa em 
investir na recuperação de cam-
pos maduros.
Esse posicionamento da Pe-
trobras pode ser identificado 
concretamente por dois aspec-
tos. O primeiro em função da 
redução dos seus investimentos 
e o segundo pela redução da 
produção dos campos terres-
tres da empresa nas águas rasas 
(pós-sal) conforme aponta o 
gráfico 05.
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QUADRO 03: ATIVOS DE PRODUÇÃO E EXPLORAÇÃO 
VENDIDOS PELA PETROBRAS ENTRE 2018 E 2019
Páginas 309 à 334
328
Fonte: Petrobras (2019 e 2020)
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O gráfico 05 aponta a evolu-
ção da produção total de petró-
leo no Brasil onde a Petrobras 
é responsável por maior parte 
conforme demonstra o gráfico 
01. De maneira geral, obser-
vando o gráfico 05 nota-se uma 
redução da produção terrestre e 
nos campos do pós-sal e águas 
rasas. Isso se deve dentre outras 
coisas, à redução dos volumes 
dos reservatórios dos campos, 
mas também pode estar asso-
ciado à redução dos investi-
mentos da Petrobras (principal 
operadora) nesses ativos, afi-
nal, a queda mais acentuada 
dos campos de águas rasa e do 
pós-sal se inicia em 2010 e se 
intensifica após 2013 quando 
os investimentos da estatal são 
bruscamente reduzidos confor-
me aponta o gráfico 02. Vale 
ressaltar que muitos dos cam-
pos colocados à venda por parte 
da Petrobras estão com as ati-
vidades paralisadas em função 
do processo de hibernação dos 
ativos. A hibernação de acordo 
com a Petrobras se deve em par-
te à pandemia do COVID-19, 
entretanto, curiosamente todos 
os ativos hibernados foram co-
locados à venda5. Vale destacar 
que nesse movimento de pri-
vatização, principalmente dos 
campos, toda a infraestrutura 
(unidades de bombeiro, pla-
taformas, estações coletoras, 
estações de compressão, du-
tos etc.) também é vendida. 
Em meio a esse “feirão da 
Petrobras”, a atual gestão da 
companhia vem sevanglorian-
do dos lucros das empresas. Em 
2019, por exemplo, o lucro lí-
quido foi o maior já registrado 
na história da companhia, atin-
gindo os 40,1 bilhões de reais. 
Entretanto, esse valor foi forte-
mente impulsionado pela venda 
de ativos. 
Por outro lado, vale destacar 
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GRÁFICO 05: PRODUÇÃO TOTAL DE PETRÓLEO EM 
TERRA, EM ÁGUAS RASAS/PÓS-SAL E PRÉ-SAL ENTRE 
2000 E 2019 
Fonte: ANP (2000 - 2020).
5. Mais informações sobre hi-
bernação de ativos da Petro-
bras como estratégias de pri-
vatização pode ser visualizado 
em: https://www.robertomo-
raes.com.br/search?q=hiber-
na%C3%A7%C3%A3o
Páginas 309 à 334
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alterações também no contro-
le acionário da Petrobras. Em 
2018 os bancos estatais pos-
suíam cerca de 13% das ações 
ordinárias da Petrobras (o BN-
DES possui 10% das ações or-
dinárias da Petrobras e a Caixa 
Econômica Federal possuía 
3%) e a União possuía 51%. 
Agora em 2020, o BNDES e a 
Caixa abriram venderam suas 
participações e o controle acio-
nário por parte da União se res-
tringe a 50,26% das ações ordi-
nárias. 
Em resumo, assiste-se atual-
mente à venda da Petrobras que 
se intensificou desde o golpe 
de 2015 quando as gestões da 
companhia deixaram de pen-
sá-la como uma empresa de 
energia integrada e passaram 
simplesmente a fatiá-la em di-
versas ofertas ao setor privado. 
Esse golpe na Petrobras não é 
dado somente pelas suas ges-
tões, mas também pelas mu-
danças das modalidades de lei-
lões organizados pela Agencia 
Nacional do Petróleo, pelas de-
liberações do Conselho Admi-
nistrativo de Defesa Econômica 
(CADE) e até mesmo por jul-
gamentos do Supremo Tribunal 
Federal6. Esse movimento tem 
ignorado toda história, toda tec-
nologia e todo o papel estraté-
gico de uma empresa integrada 
de energia como a Petrobras 
para o desenvolvimento econô-
mico e social do país. 
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6. Ver mais em: https://val-
orinveste.globo.com/mer-
cados/bras i l -e-pol i t ica/
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cide-liberar-privatizao-de-re-
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Acesso em30/11/2020.
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