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DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL EM EXERCÍCIOS 
 QUESTÕES DO CESPE 
PROFESSOR JULIO MARQUETI 
www.pontodosconcursos.com.br 1
 
APRESENTAÇÃO 
 
Carlos alunos, meu nome é JULIO MARQUETI, sou bacharel em Direito, pós 
graduando em Direito Público pela “Escola Paulista da Magistratura”, Analista 
Judiciário – Área Judiciária – especialidade Executante de Mandados no 
Tribunal Regional Federal da 3ª Região, além professor de Direito Penal em 
vários cursos preparatórios, em São Paulo e em outras localidades. 
 
Mais uma vez aqui estou, pois fui honrado com o convite a integrar o grupo de 
profissionais que trabalham neste célebre curso. Digo célebre tendo em conta 
a qualidade do trabalho desempenhado e o bom nível dos alunos que buscam 
este instrumento de aprendizado. De regra, são alunos já experimentados e 
que, através do curso on-line, almejam aperfeiçoar seus conhecimentos. 
 
Pois bem. Passaremos, então, a desenvolver um trabalho sintético, onde 
resolveremos questões do CESPE/UNB de direito penal e direito 
processual. Buscaremos tratar das questões mais recentes da organizadora. 
 
O nosso trabalho será realizado em 5 aulas, além da aula 0. As aulas serão 
semanais. Resolveremos as questões com a exposição de uma boa base 
teórica. 
 
A experiência já nos mostrou que o fórum de dúvidas é instrumento 
indispensável para que haja eficiência em nosso trabalho. Assim, sugiro aos 
alunos que dele se valham, para que possamos extrair o melhor dos 
resultados. 
 
Durante as aulas as questões serão dispostas da seguinte maneira: 
 
Primeiramente, no item 1, trataremos de direito penal, 
oportunidade em que as questões serão tratadas por assunto. 
 
No item 2, trataremos de direito processual penal, sendo que as 
questões também serão dispostas por assunto. 
 
Em cada encontro, observar-se-á um número mínimo de 15 
questões por matéria. Totalizando, assim, no mínimo, 30 questões 
por aula. 
 
Ao final do curso, portanto, excluída a aula 0, teremos a resolução de 
no mínimo, 150 questões. 
 
Os assuntos já tratados em aula não impedem que sejam nos encontros 
seguintes objeto de estudo, oportunidade em que novas questões sobre ele 
serão trazidas à colação. 
 
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A aula 0, que segue adiante, dar-lhes-á uma boa visão do modo em que nosso 
curso irá se desenvolver. 
 
Com isso, vamos ao trabalho. 
Boa sorte a todos e que Deus nos abençoe. 
 
Professor JULIO MARQUETI. 
 
 
AULA 0 – RESOLUÇÃO DE QUESTÕES DO CESPE/UNB 
 
1. Direito Penal 
 
1.1 – Da aplicação da lei penal. 
 
1- (CESPE/TC/GOIAS/MP/2007) Acerca da aplicação da lei penal no tempo e 
no espaço, assinale a opção correta. 
 
A - Quando lei nova que muda a natureza da pena, cominando pena pecuniária 
para o mesmo fato que, na vigência da lei anterior, era punido por meio de pena 
de detenção, não se aplica o princípio da retroatividade da lei mais benigna. 
 
Resolução: A questão trata da retroatividade da lei penal. Sabemos que o 
Direito Penal é norteado pelo princípio da legalidade. Este compreende os 
princípios da reserva legal e da anterioridade. 
 
O princípio da legalidade está inserto tanto na Constituição Federal, como 
também no Código Penal. Na Constituição Federal está previsto em seu artigo 
5º, inciso XXXIX, e no Código Penal, no artigo 1º. 
 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não 
há pena sem prévia cominação legal. 
 
Constituição Federal (artigo 5º). 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem 
pena sem prévia cominação legal; 
 
Para que se respeite o princípio da legalidade, necessário que a definir a 
conduta delituosa e a estabelecer a respectiva pena exista lei anterior ao fato, 
isto é, a lei deve preexistir à conduta do agente. 
 
A necessidade de a lei ser anterior ao fato faz ressaltar o princípio da 
anterioridade. Da anterioridade decorre a irretroatividade, como regra, da lei 
penal. Esta, então, terá efeito “ex nunc”. 
 
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Retroagirá, todavia, a lei penal que de qualquer modo beneficiar o agente. 
Aqui, a excepcionalidade ao princípio da anterioridade. Tal exceção à 
anterioridade tem, como esta, natureza constitucional. É o que preceitua o 
artigo 5º, inciso XL, da CF: “a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o 
réu”. 
 
A questão acima sugere que lei nova mudou a pena prevista pela lei anterior 
ao fato. Deve-se notar que o fato continuou a constituir crime. No entanto, o 
preceito secundário (sanção) é que foi modificado pela lei nova. 
 
O que nos resta saber é se a alteração concretizada pela lei nova foi benéfica 
ou não ao agente. Se considerarmos que, pela dicção da questão, a pena 
anteriormente prevista (cominada) era de detenção, ou seja, privativa de 
liberdade e a decorrente da modificação legislativa é de natureza pecuniária 
(multa), só podemos concluir que a lei nova é melhor para o agente. 
 
Assim, de acordo com a lei nova, àquele que praticar a conduta delituosa não 
se admitirá a aplicação da pena privativa de liberdade (detenção), já que esta 
não é a pena cominada (prevista) para o fato pela lei nova. Esta, agora, prevê 
a pena pecuniária (multa). 
 
Disso, concluímos que a lei nova beneficiou o agente e, com isso, com base no 
disposto no artigo artigo 5º, inciso XL, da CF (“a lei penal não retroagirá, salvo 
para beneficiar o réu”), de forma inexorável, terá efeito retroativo. 
Portanto, errado o item apresentado na questão 1. 
 
2- CESPE/PMVITÓRIA/PROCURADOR/2007) Julgue os próximos itens, acerca 
da ação penal e da aplicação da lei penal e da lei processual penal no tempo e 
no espaço. 
 
Considere que um promotor de justiça tenha oferecido denúncia contra 
determinado réu, imputando-lhe um fato que, em lei posterior à sua ocorrência, 
viesse a ser definido como crime. Nessa hipótese, a denúncia fere o princípio 
da anterioridade, que define como lícita qualquer conduta que não se encontre 
prevista em lei penal incriminadora. 
 
Resolução: Conforme explanado acima (questão 1), em respeito ao princípio 
da anterioridade, a norma penal incriminadora, ou seja, aquela que define a 
conduta delituosa e estabelece a respectiva pena, deve anteceder ao fato 
delituoso. 
 
Caso a lei “A” venha definir como crime a conduta de “vestir-se com a camisa 
do S/C CORINTHIANS” (Atenção: aqui, só a título de exemplo, pois a conduta , 
em minha concepção, é nobre), é certo que só atingirá os fatos ocorridos sob 
seu império, ou seja, a partir de sua vigência (efeito ex nunc). 
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Aquele que, no dia anterior à vigência da lei, vestira-se de tal forma não 
sofrerá as suas conseqüências jurídico-penais. Portanto, em respeito ao 
princípio da anterioridade, neste caso não poderá ser processado por sua 
conduta. 
 
A questão trata exatamente de uma situação idêntica. De acordo com o seu 
enunciado, o Promotor de Justiça ofereceu denúncia (propôs a ação penal) 
imputando ao agente fato que, em lei posterior à sua ocorrência (lei posterior 
ao fato), passou a ser definido como crime. 
 
Portanto, se ao agente é imputado fato (exemplo: USAR A CAMISA DO S/C 
CORINTHIANS) que lei posterior à sua ocorrência passou a definir como crime, 
só podemos concluir que a imputação (acusação) fere o princípio da 
anterioridade - que define como lícita qualquer conduta que não se encontre 
prevista em lei penal incriminadora. 
 
Assim, à luz do disposto nos artigos 5º, inciso XXXIX da CF e 1º do CP, 
a questão 2 está certa. 
 
 
3- (CESPE/PROCURADOR/DF/2006) Acerca da ação penal nos crimes contra 
os costumes, julgue os itens a seguir 
 
O dia do começo inclui-se na contagem do prazo penal e tem relevância para 
as hipótesesde cálculo de duração da pena, do livramento condicional e da 
prescrição. Em todos esses casos, a contagem dos dias, meses e anos é feita 
pelo calendário gregoriano. 
 
Resolução: Sobre a contagem dos prazos penais, observe a redação do 
disposto no artigo 10 do CP. 
 
Contagem de prazo 
Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do 
prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo 
calendário comum. 
 
Na contagem das penas privativas de liberdade (reclusão, detenção e, nas 
contravenções penais, a prisão simples) não se dá atenção às frações de dias. 
Portanto, as horas e os minutos são desprezados. 
 
Ademais, o cálculo da duração da pena, do livramento condicional (artigo 83 
do CP) e da prescrição (artigo 109) será concretizado na forma disposta no 
artigo 10 do CP, já que tem realmente natureza penal. 
O calendário comum previsto no final da redação do artigo 10 do CP é 
calendário gregoriano. Este foi introduzido pelo Papa Gregório XIII (1502 a 
1585), no qual em cada quatro anos há um ano bissexto, com exceção dos 
anos seculares, em que o numero formado pelos algarismos das centenas e 
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das milhares não é divisível por 04 (ex vi: Novo Dicionário Aurélio – Editora 
Nova Fronteira). 
Portanto, certa a questão 3. 
1.2 – Da relação de causalidade (nexo causal). 
 
4- (CESPE/AGU/2007) Acerca da parte geral do direito penal, julgue os itens 
seguintes. 
 
Segundo a teoria da causalidade adequada, adotada pelo Código Penal, o 
resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem 
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado 
não teria ocorrido. 
 
Resolução: A questão trata de um dos elementos do fato típico, ou seja, do 
nexo de causalidade ou nexo causal. Para a doutrina majoritária, o fato típico é 
composto dos seguintes elementos: 
 
 Conduta; 
 Resultado; 
 Nexo causal; 
 Tipicidade. 
 
O nexo de causalidade, ou nexo causal, é o liame estabelecido entre a 
conduta (causa) e o resultado (efeito). Assim, será causa a conduta que 
levou ao resultado. Nada mais é que uma relação de causa e efeito (Ex: o 
envenenamento (causa) levou à da morte (resultado) de Antônio). 
 
A relação de causalidade vem positivada no artigo 13 do CP, cuja literalidade 
segue abaixo. 
 
Relação de causalidade 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, 
somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se 
causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido. 
Superveniência de causa independente 
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente 
exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; 
os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os 
praticou. 
Relevância da omissão 
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§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente 
devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir 
incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o 
resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da 
ocorrência do resultado. 
 
No caput do dispositivo o legislador adotou como regra a teoria da 
equivalência dos antecedentes ou equivalência causal. Segundo tal 
teoria, basta que haja relevância no processo causal para que o evento seja 
tido como causa. 
 
Absolutamente eficiente o procedimento mental de eliminação para definirmos 
o que efetivamente é causa para o nosso legislador. Assim, quando João é 
atingido pelo disparo de arma de fogo perpetrado por seu irmão Joaquim, 
podemos dizer que sua morte teve como causa a conduta deste. 
 
De acordo com a teoria da equivalência dos antecedentes “o resultado, de 
que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu 
causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido”. 
 
Excepcionalmente, todavia, a teoria utilizada pelo Código Penal é, de acordo 
com Fernando Capez e Edilson M. Bonfim, a teoria da causalidade 
adequada, segundo a qual causa somente será o evento que, isolada e 
individualmente (desprezado o processo causal), teve idoneidade para produzir 
o resultado.1 
 
A teoria da causalidade adequada, no entanto, está prevista no artigo 13, 
parágrafo 1o do CP. É adotada excepcionalmente pelo CP no caso de 
superveniência de causa relativamente independente da conduta do agente e 
que, por si só, deu causa ao resultado. 
 
Explica, por exemplo, a não imputação do resultado a José quando este 
pretendendo matar João contra ele dispara a arma de fogo, causando-lhe lesão 
leve no antebraço. A vítima levada ao hospital para o tratamento adequado, 
vem a falecer em razão de queimadura quando o prédio do nosocômio entrou 
em chamas. 
 
 
1 Capez – Fernando e Bonfim – Edílson M. - Direito Penal Parte Geral – Editora Saraiva – 2ª edição. 
 
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A morte da vítima foi causada tão só (por si só) pelas queimaduras e, com 
isso, de acordo com teoria da causalidade adequada não será imputada ao 
agente (artigo 13, parágrafo 1o, do CP). 
 
O comandado da questão traz em si a redação do “caput” do artigo 13 do CP. 
Portanto, ali está expressa a teoria da equivalência dos antecedentes ou 
equivalência causal ou da “conditio sine qua non”. 
 
O certo é que a questão não trata efetivamente da teoria da causalidade 
adequada. 
 
Portanto errada a questão 4. 
 
 
1.3 – Da classificação das infrações penais. 
 
 
5- (CESPE/AGU/2007) Acerca da parte geral do direito penal, julgue os itens 
seguintes. 
 
Crime próprio impuro é aquele que, se for cometido por outro sujeito ativo que 
não aquele indicado pelo tipo penal, transforma-se em figura típica diversa. 
 
 
Resolução: A questão trata da classificação doutrinária das infrações penais. 
Sobre o tema adotaremos a conceituação estabelecida por Damásio 
Evangelista de Jesus em sua obra “Direito Penal” – Parte Geral – Editora 
Saraiva. Segundo o mestre, as infrações penais podem, doutrinariamente, ser 
classificadas em: 
 
1- Crime comum e próprio: 
 
Crime comum é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa 
(Exemplo: furto, homicídio, Roubo). 
 
Crime próprio é aquele que exige uma qualidade especial do sujeito. 
Portanto, são crimes que só podem ser praticados por uma 
determinada categoria de pessoas. 
 
2- Crimes de mão própria: 
 
Crimes de mão própria são aqueles que só podem ser praticados 
pelo sujeito em pessoa (Exemplo: falso testemunho, incesto e 
prevaricação). Estranhos, nos crimes de mão própria ou de conduta 
infungível, podem intervir como partícipes, mas não como autores. 
Portanto, nos crimes de mão propria não se admite a co-autoria. 
 
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A indagação, no entanto, é a respeito do crime próprio impuro. Partindo do 
pressuposto de que o crime próprio é aquele que só pode ser praticado por um 
sujeito ativo especial, podemos concluir que em não havendo tal sujeito não 
haverá o crime em tela. 
 
Não havendo o crime em tela, qual será a conseqüência. A conduta praticada 
deixa de ser crime em absoluto, ou seja, passa a ser um indiferente penal, já 
que absolutamente atípica ou poderá ser categorizada como um outro crime 
que não seja próprio, mas comum? 
 
Os crimes que, ausentes a qualidade especial do sujeito, deixam de ser um 
fato típico, constituindo um indiferente penal (absoluta atipicidade) são 
classificados como crimes próprios puros. 
 
Exemplo: No caso do peculato culposo (artigo 312,parágrafo 2o, do 
CP), ausente a condição especial (ser funcionário público) a conduta 
deixa de ser crime passando a ser um indiferente penal já que não se 
ajusta a qualquer outro tipo penal. 
 
Já os crimes que exigem a qualidade especial do sujeito e por isso são 
conhecidos como crimes próprios, mas que, ausente tal qualidade, passam a 
configurar um outro ilícito são conhecidos como crimes próprios impuros. 
 
Exemplo: No peculato-furto (verbo sutrair) previsto no artigo 312 
“caput” do CP, abstraída (retirada) a condição de funcionário público, 
não haverá o crime do artigo 312 do CP, mas sim o crime de furto 
(artigo 155 do CP). Portanto, há uma atipicidade relativa e não 
absoluta, já que a conduta deixa de ser o crime de peculato para ser a 
materialização do crime de furto (artigo 155 do CP). 
 
Então, o crime próprio impuro é aquele que, se for cometido por outro 
sujeito ativo que não aquele indicado pelo tipo penal, transforma-se em figura 
típica diversa. 
 
Assim, certa a assertiva apresentada na questão 5. 
 
 
1.4 – Dos crimes contra a administração pública. 
 
 
6- (CESPE/AGU/2007) Quanto aos crimes praticados por funcionário público 
contra a administração em geral, julgue os itens que se seguem. 
 
A única diferença existente entre os crimes de concussão e de corrupção 
passiva é que, no primeiro, o agente exige, enquanto, no segundo, o agente 
solicita ou recebe vantagem indevida, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão 
dela. 
 
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Resolução: A questão nos remete a dois crimes próprios, ou seja, que 
exigem uma qualidade especial do sujeito. Trata do crime de concussão (artigo 
316 do CP) e do crime de corrupção passiva (artigo 312 do CP). 
 
Para sua resolução, já que nos interessa traçar a distinção entre os crimes, 
necessário trazer à colação a literalidade dos dispositivos que prevêem tais 
ilicitos. 
 
Concussão 
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de 
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. 
 
 
Corrupção passiva 
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, 
direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes 
de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou 
aceitar promessa de tal vantagem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, se, em 
conseqüência da vantagem ou promessa, o funcionário 
retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o 
pratica infringindo dever funcional. 
§ 2º - Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda 
ato de ofício, com infração de dever funcional, cedendo a 
pedido ou influência de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
 
Da literalidade dos dispositivos, podemos notar que a primeira distinção entre 
os crimes sãos as condutas. No crime de concussão a conduta é exigir, já no 
crime de corrupção passiva tenho três condutas: solicitar, receber ou aceitar a 
promessa. 
 
Portanto, a conduta (o verbo) é uma das diferenças entres os crimes. No 
entanto, não a única. Notamos, também, que as penas privativas de liberdade 
são quantitativamente distintas. 
 
No crime de concussão o agente está sujeito a uma pena de reclusão de 2 a 8 
anos. Já no crime de corrupção passiva, a pena privativa de liberdade 
(reclusão) é de 2 a 12 anos. 
 
Ademais, no crime de corrupção passiva há a previsão legal de causa de 
aumento de pena (artigo 317, parágrafo 1o do CP), o que não há no crime de 
concussão. 
 
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Com isso, podemos concluir que entre os crimes de concussão e corrupção 
passiva, a distinção não se limita à conduta (ao verbo). 
 
Assim, errada a questão 6. 
 
1.5 – Do concurso de pessoas. 
 
7- (CESPE/PROCURADOR/DF/2006) Acerca da ação penal nos crimes contra 
os costumes, julgue os itens a seguir. 
 
Quando dois indivíduos, um ignorando a participação do outro, concorrem, por 
imprudência, para a produção de resultado lesivo, respondem, ambos 
isoladamente, pelo resultado, ante a ausência de vínculo subjetivo. 
 
Resolução: Da literalidade da questão, notamos que o tema tratado é de 
pluralidade de indivíduos. Portanto, trataremos do concurso de pessoas. Tema 
esse previsto no artigo 29 do CP 
 
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime 
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua 
culpabilidade. 
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena 
pode ser diminuída de um sexto a um terço. 
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime 
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena 
será aumentada até metade, na hipótese de ter sido 
previsível o resultado mais grave. 
 
 
O concurso de pessoas, também conhecido como concurso de agentes, 
ocorre quando duas ou mais pessoas colaboram para o mesmo crime. 
Colaborar ou concorrer para o crime é praticar ato (moral ou material) que 
tenha relevância para a perpetração do ilícito. 
 
Assim, todos, na medida de sua culpabilidade, responderão pelo mesmo crime. 
 
Para que ocorra a incidência da norma inserta no artigo 29 do CP, necessário 
que estejam presentes alguns requisitos. São requisitos do concurso de 
pessoas: 
 
 Pluralidade de agentes. 
 Relevância causal. 
 Liame subjetivo. 
 Identidade de infração. 
 
Caso inexista qualquer dos requisitos, não há que se falar em concurso de 
pessoas. 
 
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A pluralidade de agentes é a prática do crime mediante co-autoria ou 
participação. Portanto, para que haja o concurso de pessoas é necessária a 
intervenção de mais de um agente. 
 
Ademais, a colaboração dos agentes deve ser relevante para a 
empreitada criminosa. Caso irrelevante, não haverá o concurso de pessoas. A 
irrelevância ocorrerá quando, por exemplo, Antônio cede a arma de fogo para 
José matar Joaquim. Este, todavia, tem sua vida ceifada por meio de 
envenenamento. Neste caso, a colaboração de Antônio foi irrelevante e, com 
isso, não se fala em concurso de pessoas. 
 
Para que se configure o concurso de pessoas, necessário, ainda, que entre os 
agentes haja vínculo subjetivo. Portanto, mister que tenha havido ao menos 
a adesão de vontade. Se não é de conhecimento do agente a conduta do 
outro, não há que se falar em concurso de pessoas. Cada qual responderá 
isoladamente pelo crime que praticou. 
 
O concurso de pessoas exige ainda que os agentes tenham colaborado para o 
mesmo crime. A identidade de infração é requisito para que ocorra o 
concurso de pessoas. Este não haverá quando, por exemplo, estivermos diante 
de uma participação culposa em crime doloso. 
 
Do comando da questão, notamos que estamos diante de um crime culposo, 
pois o resultado lesivo decorreu da imprudência. Esta foi praticada por dois 
indivíduos sem que, contudo, os agentes conhecessem a participação do outro. 
Assim, é evidente que não houve vínculo subjetivo e, sem vínculo subjetivo, 
não há que se falar em concurso de pessoa. 
 
Concluímos, então, que, com a ausência de vínculo subjetivo e, 
consequentemente a inexistência de concurso de pessoas, os agentes 
responderão isoladamente por suas condutas. 
 
Portanto, certa a questão 7. 
 
 
2. Direito Processual Penal 
 
2.1 – Da aplicação da lei processual penal. 
 
1- (CESPE/AGU/2007) Julgue os itens subseqüentes à luz do direito 
processual penal. 
 
Em relação à lei processual penal no tempo, vigora o princípio do efeito 
imediato, segundo o qual tempus regit actum. De acordo com tal princípio, as 
normas processuais penais têm aplicação imediata, mas consideram-seválidos os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior. 
 
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Resolução: Aqui, nos interessa tratar da aplicação da lei processual penal. De 
acordo com o disposto no artigo 2º do CPP, a lei processual penal é de 
incidência imediata, ou seja, assim que vigente aplicar-se-á ao processo. 
 
Art. 2o A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem 
prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da 
lei anterior. 
 
No entanto, não podemos nos esquecer que o processo é um conjunto de atos 
praticados de forma seqüencial, sendo que cada um deles deverá obedecer à 
lei processual vigente quando de sua concreção. 
 
Assim, quando durante o tramitar houver modificação legislativa, a nova lei 
processual, apesar de ter vigência de forma imediata, preservará os aos 
processuais praticados sob o império da lei anterior. 
 
Portanto, mesmo que a “novatio legis” for prejudicial ao agente, será aplicada 
ao processo em curso, mantendo-se íntegros os atos processuais pretéritos. 
 
É o que se dá quando, por exemplo, modifica-se as regras atinentes à citação. 
Imaginemos que lei nova venha a permitir a citação com hora certa, 
atualmente proibida no processo penal brasileiro. 
 
A citação com hora certa, então, deverá realizar-se até mesmo nos processo 
em curso, desde que o ato ainda não se tenha concretizado sob a égide da lei 
anterior, pois, caso contrário, permanecerá inalterado, já que, apesar da 
“novatio legis”, respeitar-se-ão os atos processuais já praticados. 
 
Atualmente, com a edição da lei 11.340/06, ampliou-se a possibilidade de 
decreto da prisão preventiva, acrescentando-se o inciso IV ao artigo 313 do 
CPP. Como a preventiva tem natureza processual, poderá ser decretada até 
mesmos nos processos que preexistiam à modificação legislativa, desde que os 
atos já praticados sejam respeitados. 
 
A lei processual penal será, então, aplicada de imediato e regerá os atos 
praticados em seu tempo, ou seja, sob o seu império (tempus regit actum), 
respeitando-se, todavia, os atos praticados sob a égide da lei anterior. 
 
O que nos mais chama a atenção é a impossibilidade da retroatividade da lei 
processual penal, mesmo que mais benigna ao agente. 
 
Assim, está certa a assertiva. 
 
2.2 – Da ação penal. 
 
2- (CESPE/AGU/2007) Julgue os itens subseqüentes à luz do direito processual 
penal. 
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Diversamente do que ocorre em relação ao processo civil, no processo penal 
não se admite que, em caso de morte da vítima, os familiares assumam o lugar 
dela, no pólo ativo da ação penal privada, para efeito de apresentação de 
queixa. 
 
Resolução: A questão trata da titularidade da ação penal privada. Esta será 
possível quando, de acordo com a lei penal, couber à vítima ou a seu 
representante legal promover, por meio de queixa-crime, a ação penal. 
 
A doutrina classifica as ações penais privadas em exclusiva, personalíssima 
e subsidiária da pública. 
 
A ação penal privada exclusiva, diferentemente da personalíssima, admite a 
sucessão processual. Assim, em caso de morte da vítima (ofendido) ou quando 
declarada ausente por decisão judicial, o direito de ação se transmite a seus 
sucessores, ou seja, ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (CADI). 
 
É o que preceitua o artigo 31 do CPP, cuja literalidade segue abaixo. 
 
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando 
declarado ausente por decisão judicial, o direito de oferecer 
queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, 
ascendente, descendente ou irmão 
 
No caso da ação penal privada personalíssima, não se admite a sucessão. 
A titularidade é atribuída a uma só pessoa (o ofendido). Em caso de 
falecimento do seu autor (o ofendido), ocorrerá a extinção da punibilidade. 
Hoje, temos um só crime cuja ação penal é personalíssima. Trata-se do crime 
de induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento ao casamento 
previsto no artigo 236 CP. 
 
Por fim a ação penal privada subsidiária da pública só é considerada 
privada por ter sido promovida pelo ofendido ou seu representante legal em 
substituição ao Ministério Público que manteve-se inerte não oferecendo a 
denúncia no prazo legal. Tem natureza constitucional, pois está prevista no 
artigo 5o, LIX do CP. Em caso de falecimento do ofendido ou de seu 
representante legal, penso que será possível que a ação seja manejada por 
seus sucessores diante da inércia do Ministério Público, já que o artigo 31 do 
CPP ao tratar da sucessão não limita sua incidência aos casos que somente se 
procede mediante queixa, como o faz no artigo 60 do CPP ao tratar da 
perempção. 
 
Artigo 5º, inciso LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação 
pública, se esta não for intentada no prazo legal; 
 
Portanto, a possibilidade de suceder no direito de queixa está previsto no 
ordenamento jurídico-processual-penal brasileiro e se manifesta quando da 
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 QUESTÕES DO CESPE 
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ação penal privada subsidiária da pública como também da privada exclusiva. 
Não existirá quando da ação penal privada personalíssima. 
 
 
Assim, errada a assertiva contida na questão 2. 
 
 
3- (CESPE/AGU/2007) Julgue os itens subseqüentes à luz do direito processual 
penal. 
A renúncia ao exercício do direito de queixa e o perdão do ofendido, em relação 
a um dos autores do crime, a todos se estenderá, sem que produza, todavia, 
efeito em relação ao que o recusar. 
 
 
A ação penal privada, exclusiva e personalíssima, é regida pelos princípios 
da discricionariedade, disponibilidade e indivisibilidade. 
 
Assim, diferentemente da ação penal pública, que é obrigatória, o ofendido não 
está obrigado a propor a ação penal privada. Poderá, por meio da decadência 
ou da renúncia ao direito de ação, deixar de fazê-lo. Terá, então, 
discricionariedade. 
 
A decadência é a perda do direito de propor a ação penal pelo decurso do 
prazo decadencial. Este, de regra, será de 06 meses a contar da data em que o 
seu titular venha a conhecer a autoria do ilícito. 
 
Caso o ofendido ou seu representante legal não proponha a ação penal no 
prazo legal, dá-se a decadência e, com isso, a perda do direito de ação. É o 
que preconiza o artigo 38 do CPP, cuja redação segue abaixo. 
 
Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu 
representante legal, decairá no direito de queixa ou de 
representação, se não o exercer dentro do prazo de 6 
(seis) meses, contado do dia em que vier a saber 
quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia 
em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia. 
Parágrafo único. Verificar-se-á a decadência do direito de 
queixa ou representação, dentro do mesmo prazo, nos casos 
dos arts. 24, parágrafo único, e 31. 
 
 
A renúncia, por sua vez, é o abdicar, expressa ou tacitamente, do direito de 
oferecer a queixa crime. Só será admitida antes de proposta a ação penal, 
pois, caso já exercido o direito, não há como dele abdicar. 
 
É o que ocorre, por exemplo, quando o ofendido (titular do direito de ação 
penal) convida o autor do crime contra a sua honra (difamação, por exemplo) 
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 QUESTÕES DO CESPE 
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para sua festa de aniversário. Tal comportamento indica a renúncia tácita ao 
direito de queixa. 
 
A renúncia, oferecida a um dos réus a todos se estenderá, produzindo efeito 
independentemente de aceitação. Portanto, no exemplo acima, mesmo que o 
agente não aceite o convite e não vá à festa, houve a renúncia do direito de 
ação por parte do ofendido. 
 
A renúncia, então, é um ato unilateral, já que, para produzir efeito, 
independe de aceitação.Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em 
relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá. 
 
 
Art. 50. A renúncia expressa constará de declaração 
assinada pelo ofendido, por seu representante legal ou 
procurador com poderes especiais. 
Parágrafo único. A renúncia do representante legal do 
menor que houver completado 18 (dezoito) anos não privará 
este do direito de queixa, nem a renúncia do último excluirá 
o direito do primeiro. 
 
A ação penal privada, ainda diferentemente da pública, é disponível, ou seja, 
apesar de proposta pelo ofendido, poderá por ele ser deixada de lado. Assim, 
se já iniciado o processo com o oferecimento da queixa-crime, poderá, no 
curso da ação penal, o ofendido desistir de lhe dar prosseguimento. 
 
A disponibilidade da ação penal privada dar-se-á por meio do perdão ou da 
perempção. 
 
O PERDÃO é ato por meio do qual o ofendido ou seu representante legal abre 
mão da ação penal privada já proposta. Não é o abdicar do direito à ação, que 
ocorre com a renúncia, mas sim o abdicar da própria ação. 
 
A oferta do perdão para produzir efeito depende de aceitação. Da necessidade 
de aceitação para produzir efeito, decorre sua bilateralidade. Portanto, o 
perdão, diferentemente da renúncia, é bilateral. O instituto do perdão está 
inserto no artigo 51 do CPP. 
 
 
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados 
aproveitará a todos, sem que produza, todavia, efeito em 
relação ao que o recusar. 
 
A perempção, como dito acima, é a outra forma de dispor-se da ação penal 
privada. Esta prevista no artigo 60 do CPP. No entanto, como nossa questão 
dela não trata, não dispensaremos atenção ao tema. 
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Do comando da questão, notamos sua incorreção pelo fato de tratar da 
renúncia e do perdão sem qualquer distinção. É certo que o perdão e a 
renúncia a todos se estenderão. No entanto, não é certo que ambos, para 
produzir efeito, dependem de aceitação. 
 
A renúncia produzirá efeito mesmo em relação àquele que a recusar, já que é 
unilateral e não bilateral como é o perdão. 
 
Portanto, errada a assertiva da questão 3. 
 
2.3 – Da competência. 
 
4- (CESPE/AGU/2007) Com relação à competência no processo penal, julgue 
os seguintes itens. 
 
Ainda que a sentença condenatória tenha transitado em julgado, cabe ao juízo 
criminal prolator da sentença a aplicação de lei mais benigna posteriormente 
editada. 
 
 
Resolução: A questão trata da competência para aplicar ao caso concreto a 
nova lei em benefício do agente (novatio legis in melius), já existindo sentença 
condenatória transitada em julgado. 
 
É o que se dá quando, por exemplo, José da Silva foi condenado em 
11/09/2001 à pena de 5 anos de reclusão, além da multa, por crime de roubo 
(artigo 157 do CP), sendo que a sentença transitou em julgado, ou seja, se 
tornou definitiva. 
 
Posteriormente à condenação transitada em julgado, foi editada a lei X que 
entrou imediatamente em vigência, a qual, para o crime de roubo (artigo 157 
do CP) comina a pena máxima de 02 anos de reclusão e multa. 
 
Obviamente, a lei nova é benéfica ao agente. E, mesmo havendo sentença 
condenatória transitada em julgado, aplicar-se-á ao fato, já que possui 
retroatividade (artigo 2o, parágrafo único do CP). 
 
A lei penal no tempo 
Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior 
deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a 
execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
 
Parágrafo único. A lei posterior, que de outro modo favorece 
o agente, aplica-se ao fato não definitivamente julgado e, na 
parte em que comina pena menos rigorosa, ainda ao fato 
julgado por sentença condenatória irrecorrivel. 
 
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 QUESTÕES DO CESPE 
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A questão que se põe, todavia, é de se saber quem aplicará a lei ao caso de 
José: o juiz prolator da sentença ou outra autoridade judiciária? 
 
De acordo com a Súmula 611 do STF, caberá ao juiz da execução e não ao 
prolator da sentença condenatória transitada em julgado, a aplicação da lei 
penal mais benéfica ao agente. 
 
Súmula 611 – STF 
“Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao 
juízo das execuções a aplicação da lei mais benigna”. 
 
Portanto, errada a questão 4. 
 
 
2.4 – Do inquérito policial. 
 
5- (CESPE/PMVITÓRIA/AGENTE/2007) Acerca do direito processual penal, 
julgue os itens seguintes 
 
Nos crimes contra a administração pública, o inquérito policial só pode ter início 
por requisição do Ministério Público ou da autoridade judiciária competente, em 
razão do interesse público penalmente protegido. 
 
Resolução: Os crimes contra a administração pública, considerados como tais 
todos aqueles que estão previstos no Título XI, da Parte Especial do CP, ou 
seja, aqueles arrolados desde o artigo 312 ao artigo 359 H, são, de regra, de 
ação penal pública incondicionada. 
 
Tratando-se de crimes que, em regra, deverão ser apurados por meio de ação 
penal pública incondicionada, o inquérito policial deverá ter início por um dos 
meios previstos no artigo 5o do CPP. 
 
 
Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será 
iniciado: 
I - de ofício; 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do 
Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de 
quem tiver qualidade para representá-lo. 
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre 
que possível: 
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b) a individualização do indiciado ou seus sinais 
característicos e as razões de convicção ou de presunção de 
ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade 
de o fazer; 
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua 
profissão e residência. 
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 QUESTÕES DO CESPE 
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§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura 
de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. 
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da 
existência de infração penal em que caiba ação pública 
poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à 
autoridade policial, e esta, verificada a procedência das 
informações, mandará instaurar inquérito. 
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública 
depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. 
 
 
Assim, o inquérito policial poderá ter início por ato de ofício da autoridade 
policial (artigo 5o, inciso I), por meio de requisição do membro do Ministério 
Público ou da autoridade judiciária (artigo 5o, inciso II) , por meio de 
requerimento do ofendido ou de seu representante legal (artigo 5o, inciso II), 
ou ainda mediante comunicação de qualquer do povo (artigo 5o, parágrafo 3o). 
 
Portanto, não é certo afirma que o inquérito policial só poderá ter início por 
requisição do Ministério Público ou da autoridade judiciária competente em 
razão do interesse pública penalmente protegido. 
 
Com isso, está errada a assertiva apresentada na questão 5. 
 
 
2.5 – Das prisões. 
 
6- (CESPE/PMVITÓRIA/AGENTE/2007) Acerca do direito processual penal, 
julgue os itens seguintes: 
A prisão em flagrante não exige mandado de prisão expedido pelo juiz 
competente, podendo ser efetuada em qualquer dia e hora, respeitadas as 
restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. 
 
Resolução: A questão trata da prisão em flagrante delito, ou seja, do tema 
inserto nos artigos 301 e seguintes do CPP. 
 
Noz dizeres de Nucci2, 
 
“a prisão em flagrante delito é modalidade de prisão cautelar, de natureza 
administrativa, realizada no instante em que se desenvolve ou termina de se 
concluir a infração penal”. 
 
A prisão em flagrante é modalidade de prisão cautelar, pois é espécie de 
prisão sem pena, ou seja, sem prévia condenação penal transitadaem julgado. 
 
Para que se concretize a prisão em flagrante, basta a aparente tipicidade da 
conduta. Não se faz, quando de sua efetivação, qualquer juízo de valor acerca 
 
2 Nucci – Guilherme de Souza – Código de Processo Penal Comentado – Editora RT. 
DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL EM EXERCÍCIOS 
 QUESTÕES DO CESPE 
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da ilicitude ou da culpabilidade. Aqui, a característica do juízo precário que se 
empreende quando da execução da medida cautelar. 
 
A natureza administrativa da prisão em flagrante se revela ao não se exigir 
a intervenção do Poder Judiciário para sua execução. Portanto, a autoridade 
policial quando da formalização da prisão em flagrante delito, atua 
administrativa e independentemente de decisão judicial. Não há que se falar 
em mandado judicial, quando da realização da prisão em flagrante delito. 
 
A concreção da prisão em flagrante delito exige que o agente se encontre em 
situação que de fato permita a medida cautelar. Tais situações estão 
estampadas no artigo 302 do CPP. 
 
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: 
I - está cometendo a infração penal; 
II - acaba de cometê-la; 
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo 
ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça 
presumir ser autor da infração; 
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, 
objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da 
infração. 
 
 
Presentes as situações legitimadoras do flagrante, a prisão poderá ser 
efetivada a qualquer dia e hora. 
 
É certo que o estado de flagrância permite a violação do domicílio, pois, de 
acordo com o artigo 5o, XI, da CF, apesar de a casa ser asilo inviolável, 
permite-se, em uma das hipóteses, a violação para a execução da prisão em 
flagrante delito. 
Artigo 5o, XI da CF - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém 
nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em 
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, 
durante o dia, por determinação judicial; 
 
No entanto, caso ausentes elementos que permitam efetivamente crer 
presentes as condições legitimadoras da cautelar, a autoridade responderá por 
eventual violação de domicílio, constituindo sua conduta abuso de autoridade. 
 
Portanto, certa a assertiva da questão 6. 
 
CONTEÚDO DA AULA 0 
 
1. Direito Penal 
 
DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL EM EXERCÍCIOS 
 QUESTÕES DO CESPE 
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1.1 – Da aplicação da lei penal. 
 
1- (CESPE/TC/GOIAS/MP/2007) Acerca da aplicação da lei penal no tempo e 
no espaço, assinale a opção correta. 
 
A - Quando lei nova que muda a natureza da pena, cominando pena pecuniária 
para o mesmo fato que, na vigência da lei anterior, era punido por meio de pena 
de detenção, não se aplica o princípio da retroatividade da lei mais benigna. 
 
 
2- CESPE/PMVITÓRIA/PROCURADOR/2007) Julgue os próximos itens, acerca 
da ação penal e da aplicação da lei penal e da lei processual penal no tempo e 
no espaço. 
 
Considere que um promotor de justiça tenha oferecido denúncia contra 
determinado réu, imputando-lhe um fato que, em lei posterior à sua ocorrência, 
viesse a ser definido como crime. Nessa hipótese, a denúncia fere o princípio 
da anterioridade, que define como lícita qualquer conduta que não se encontre 
prevista em lei penal incriminadora. 
 
3- (CESPE/PROCURADOR/DF/2006) Acerca da ação penal nos crimes contra 
os costumes, julgue os itens a seguir 
 
O dia do começo inclui-se na contagem do prazo penal e tem relevância para 
as hipóteses de cálculo de duração da pena, do livramento condicional e da 
prescrição. Em todos esses casos, a contagem dos dias, meses e anos é feita 
pelo calendário gregoriano. 
 
1.2 – Da relação de causalidade (nexo causal). 
 
4- (CESPE/AGU/2007) Acerca da parte geral do direito penal, julgue os itens 
seguintes. 
 
Segundo a teoria da causalidade adequada, adotada pelo Código Penal, o 
resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem 
lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado 
não teria ocorrido. 
 
1.3 – Da classificação das infrações penais. 
 
5- (CESPE/AGU/2007) Acerca da parte geral do direito penal, julgue os itens 
seguintes. 
 
Crime próprio impuro é aquele que, se for cometido por outro sujeito ativo que 
não aquele indicado pelo tipo penal, transforma-se em figura típica diversa. 
 
1.4 – Dos crimes contra a administração pública. 
 
DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL EM EXERCÍCIOS 
 QUESTÕES DO CESPE 
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6- (CESPE/AGU/2007) Quanto aos crimes praticados por funcionário público 
contra a administração em geral, julgue os itens que se seguem. 
 
A única diferença existente entre os crimes de concussão e de corrupção 
passiva é que, no primeiro, o agente exige, enquanto, no segundo, o agente 
solicita ou recebe vantagem indevida, para si ou para outrem, direta ou 
indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão 
dela. 
 
1.5 – Do concurso de pessoas. 
 
7- (CESPE/PROCURADOR/DF/2006) Acerca da ação penal nos crimes contra 
os costumes, julgue os itens a seguir. 
 
Quando dois indivíduos, um ignorando a participação do outro, concorrem, por 
imprudência, para a produção de resultado lesivo, respondem, ambos 
isoladamente, pelo resultado, ante a ausência de vínculo subjetivo. 
 
 
2. Direito Processual Penal 
 
2.1 – Da aplicação da lei processual penal. 
 
1- (CESPE/AGU/2007) Julgue os itens subseqüentes à luz do direito 
processual penal. 
 
Em relação à lei processual penal no tempo, vigora o princípio do efeito 
imediato, segundo o qual tempus regit actum. De acordo com tal princípio, as 
normas processuais penais têm aplicação imediata, mas consideram-se 
válidos os atos processuais realizados sob a égide da lei anterior. 
 
2.2 – Da ação penal. 
 
2- (CESPE/AGU/2007) Julgue os itens subseqüentes à luz do direito processual 
penal. 
Diversamente do que ocorre em relação ao processo civil, no processo penal 
não se admite que, em caso de morte da vítima, os familiares assumam o lugar 
dela, no pólo ativo da ação penal privada, para efeito de apresentação de 
queixa. 
 
3- (CESPE/AGU/2007) Julgue os itens subseqüentes à luz do direito processual 
penal. 
A renúncia ao exercício do direito de queixa e o perdão do ofendido, em relação 
a um dos autores do crime, a todos se estenderá, sem que produza, todavia, 
efeito em relação ao que o recusar. 
 
 
2.3 – Da competência. 
 
DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL EM EXERCÍCIOS 
 QUESTÕES DO CESPE 
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4- (CESPE/AGU/2007) Com relação à competência no processo penal, julgue 
os seguintes itens. 
 
Ainda que a sentença condenatória tenha transitado em julgado, cabe ao juízo 
criminal prolator da sentença a aplicação de lei mais benigna posteriormente 
editada. 
 
2.4 – Do inquérito policial. 
 
5- (CESPE/PMVITÓRIA/AGENTE/2007) Acerca do direito processual penal, 
julgue os itens seguintes 
 
Nos crimes contra a administração pública, o inquérito policial só pode ter início 
por requisição do Ministério Público ou da autoridade judiciária competente, em 
razão do interesse público penalmente protegido. 
 
2.5 – Das prisões. 
 
6- (CESPE/PMVITÓRIA/AGENTE/2007) Acerca do direito processual penal, 
julgue os itens seguintes 
 
A prisão em flagrante não exige mandado de prisão expedido pelo juiz 
competente, podendo ser efetuada em qualquer dia e hora, respeitadas as 
restrições relativas à inviolabilidade do domicílio. 
 
GABARITO 
 
 
DIREITO PENAL 
1. E 
2. C 
3. C 
4. E 
5. C 
6. E 
7. C
 
2. DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
1. C 
2. E 
3. E 
4. E 
5. E 
6. C

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