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Aula 12
Direito Penal p/ PC-PA (Delegado) -
Pós-Edital
Autor:
Michael Procopio
Aula 12
2 de Dezembro de 2020
 
 
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AULA 12 
AÇÃO PENAL E CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 
 
SUMÁRIO 
AÇÃO PENAL E CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES ............................................................................... 1 
SUMÁRIO ..................................................................................................................................... 1 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................... 3 
2. AÇÃO PENAL ........................................................................................................................ 3 
2.1 AÇÃO PENAL PÚBLICA (GÊNERO) ............................................................................................ 5 
2.2 AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA ................................................................................ 6 
2.3 AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA ................................................................................... 7 
2.3.1 Ação Penal Pública Condicionada à Representação do Ofendido ................................... 8 
2.3.2 Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça .......................... 12 
2.4 AÇÃO PENAL PRIVADA (GÊNERO) .......................................................................................... 14 
2.5 AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVA OU PROPRIAMENTE DITA ............................................... 15 
2.6 AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA .............................................................................. 19 
2.7 AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA ................................................................. 20 
2.8 AÇÃO PENAL NOS CRIMES COMPLEXOS ................................................................................. 21 
3. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES .............................................................................................. 21 
3.1 QUANTO AO SUJEITO ATIVO ................................................................................................... 22 
3.2 QUANTO À NECESSIDADE DE RESULTADO NATURALÍSTICO PARA SUA CONSUMAÇÃO ............. 22 
3.3 QUANTO À NECESSIDADE DE LESÃO AO BEM JURÍDICO PARA SUA CONSUMAÇÃO ................... 23 
3.4 QUANTO À FORMA DA CONDUTA ............................................................................................ 24 
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3.5 QUANTO AO TEMPO DA CONSUMAÇÃO ................................................................................... 26 
3.6 QUANTO À UNICIDADE OU NÃO DO TIPO PENAL ...................................................................... 27 
3.7 QUANTO À DEPENDÊNCIA DE OUTRO CRIME PARA EXISTIR ..................................................... 27 
3.8 QUANTO À FORMA DE UTILIZAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO ......................................... 27 
3.9 QUANTO AO NÚMERO DE ATOS EXIGIDOS PARA SUA CONSUMAÇÃO ....................................... 28 
3.10 QUANTO À NECESSIDADE DE MAIS DE UM SUJEITO ATIVO ................................................... 28 
3.11 QUANTO À EXIGÊNCIA DE FORMA ESPECÍFICA PARA SUA PRÁTICA ..................................... 29 
3.12 QUANTO AO LUGAR ............................................................................................................ 29 
3.13 QUANTO AOS VESTÍGIOS ..................................................................................................... 30 
3.14 QUANTO À CONDIÇÃO OBJETIVA DE PUNIBILIDADE ............................................................ 30 
3.15 QUANTO À NATUREZA DOS CRIMES MILITARES ................................................................... 31 
3.16 QUANTO AO SUJEITO PASSIVO ............................................................................................ 31 
3.17 QUANTO AO NÚMERO DE BENS JURÍDICOS ATINGIDOS ........................................................ 31 
3.18 QUANTO A ELEMENTOS SUBJETIVOS IMPRÓPRIOS: .............................................................. 32 
3.19 QUANTO AO TRATAMENTO DIFERENCIADO DA TENTATIVA: ................................................ 33 
3.20 QUANTO AO NÚCLEO DO TIPO: ........................................................................................... 33 
3.21 QUANTO À PENA PREVISTA ................................................................................................. 34 
3.22 OUTRAS CLASSIFICAÇÕES ................................................................................................... 35 
4. QUESTÕES .......................................................................................................................... 38 
4.1 LISTA DE QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS ............................................................................... 38 
4.2 GABARITO .............................................................................................................................. 57 
4.3 LISTA DE QUESTÕES COM COMENTÁRIOS .............................................................................. 58 
5. DESTAQUES DA LEGISLAÇÃO E DA JURISPRUDÊNCIA ........................................................... 94 
6. RESUMO ............................................................................................................................106 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................126 
 
 
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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Desta vez, nossos temas serão a ação penal e a classificação dos crimes. São os últimos tópicos da Parte 
Geral do Código Penal, sendo que adentraremos no estudo dos crimes em espécie logo em seguida. 
O primeiro assunto, ação penal, possui grande importância para o Direito Processual Penal, disciplina em 
que deve ser estudada sobre outro viés. Entretanto, interessa também ao Direito Penal, já que o Código 
Penal possui alguns dispositivos sobre o tema. 
Então, estudaremos a ação penal pública, tanto a incondicionada quanto a condicionada, passando, então, 
ao estudo da ação penal privada, nas modalidades propriamente dita, personalíssima e subsidiária da 
pública. Além disso, veremos a ação penal nos crimes complexos, por haver regulação expressa na lei a 
respeito. 
O segundo tema principal será a classificação dos crimes, de grande importância para adentrarmos, na 
sequência, o estudo dos crimes em espécie. 
Esta aula será composta pelos seguintes capítulos: 
 
 
 
Ao final da aula, teremos encerrado a Parte Geral do Código Penal, razão pela qual já iniciaremos a Parte 
Especial na próxima aula. Para estudarmos cada um dos crimes previstos no Código Penal, utilizaremos o 
conhecimento até então adquirido. 
Espero que a aula prenda seu interesse e esteja bem didática. Nosso estudo, como sempre, deve ser 
aprofundado, para que a prova nos pareça leve. Que os temas lhe instiguem para que haja compreensão, e 
não apenas leitura. 
E relembro: SIGA O PERFIL PROFESSOR.PROCOPIO NO INSTAGRAM. Lá, haverá informações relevantes de 
aprovação de novas súmulas, alterações legislativas e tudo o que houver de atualização, de forma ágil e com 
contato direto. Use as redes sociais a favor dos seus estudos. 
 
2. AÇÃO PENAL 
A ação penal é a faculdade ou direito de exigir do Estado a intervenção penal, com a aplicação do direito 
penal a um caso concreto. Para a imposição da sanção penal, a observância do devido processo penal é 
conditio sine qua non, isto é, é condição necessária e inafastável. 
Ação Penal
Classificação 
dos Crimes
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Portanto, a sançãopenal só pode ser imposta após o exercício do ius persequendi em juízo, com observância 
do devido processo legal. As penas e as medidas de segurança dependem do exercício da ação penal para 
sua aplicação pelo juiz e sua posterior execução. 
São características do direito de ação: 
 Direito Público: a atividade jurisdicional é de natureza pública, por ser exercida pelo Estado, sob as 
normas do Direito Público. 
 Direito Abstrato: independe do resultado do processo. Após a superação da concepção concretista, 
passou-se ao entendimento de que o direito de ação é diverso do direito material de que ele trata. 
Deste modo, seja o caso de condenação ou absolvição, o direito de ação terá sido exercido. 
 Direito Subjetivo: há um titular que pode exigir do Estado-Juiz a prestação jurisdicional. 
 Direito Autônomo: não se confunde com o direito material. O direito processual não é parte do 
direito material, sendo que ambos são independentes e autônomos entre si, com princípios próprios, 
inclusive. 
O Direito Processual Penal discute as condições da ação penal, se deve ou não ser considerada como base a 
chamada teoria geral do processo. Enquanto vários doutrinadores aceitam a teoria do processo como ponto 
de partida, com as adaptações ao Direito Processual Penal, há autores, como Aury Lopes Júnior, que 
defendem a construção de condições específicas para referido ramo, sem influências indesejáveis e 
incompatíveis cientificamente. De todo modo, no processo penal existe a exigência da chamada justa causa, 
especificidade de referida disciplina. 
O Código de Processo Penal trata do tema, considerando que a falta de justa causa para a ação penal implica 
na rejeição da denúncia ou queixa pelo juiz: 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando: 
I - for manifestamente inepta; 
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou 
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 
O Supremo Tribunal Federal já estipulou que a justa causa para a ação penal consiste no mínimo lastro 
probatório, que demonstre a materialidade e os indícios suficientes de autoria. Em outras palavras, é preciso 
que se demonstre que houve a prática de uma infração penal, bem como que haja indícios que apontem 
que o denunciado é o seu autor, coautor ou partícipe. Neste sentido, o seguinte precedente: 
“(...)Não há justa causa para a instauração de persecução penal, se a acusação não tiver, por suporte 
legitimador, elementos probatórios mínimos, que possam revelar, de modo satisfatório e consistente, 
a materialidade do fato delituoso e a existência de indícios suficientes de autoria do crime. Não se 
revela admissível, em juízo, imputação penal destituída de base empírica idônea, ainda que a conduta 
descrita na peça acusatória possa ajustar-se, em tese, ao preceito primário de incriminação. - Impõe-
se, por isso mesmo, ao Poder Judiciário, rígido controle sobre a atividade persecutória do Estado, 
notadamente sobre a admissibilidade da acusação penal, em ordem a impedir que se instaure, contra 
qualquer acusado, injusta situação de coação processual. (Inquérito 1.978 - 0, Relator Ministro CELSO 
DE MELLO, Plenário, DJ de 17 de agosto de 2.007).” (STF, Apn 395/AM, Dje 06/03/2008). 
A ação penal pode ser classificada em pública e privada. A ação penal pública pode ser classificada em 
incondicionada e em condicionada, seja à requisição do Ministro da Justiça ou à representação do ofendido. 
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A ação penal privada, por sua vez, se subdivide em exclusiva, personalíssima e em subsidiária da pública. É 
o que se vê no seguinte esquema: 
 
 
 
São, portanto, espécies de Ação Penal as seguintes: 
 Ação Penal Pública Incondicionada (regra) 
 Ação Penal Pública Condicionada à Representação 
 Ação Penal Privada Exclusiva (ou propriamente dita) 
 Ação Penal Privada Personalíssima 
 Ação Penal Privada Subsidiária da Pública 
Cumpre, então, analisarmos cada uma das espécies. 
 
2.1 AÇÃO PENAL PÚBLICA (GÊNERO) 
Como já visto, a ação penal pública é gênero, da qual são espécies a ação penal pública incondicionada e a 
ação penal pública condicionada à representação do ofendido ou à requisição do Ministro da Justiça. 
A ação penal pública é promovida com exclusividade pelo Ministério Público. Sua peça inicial é a denúncia, 
na qual o promotor de justiça ou o procurador da república deve narrar o fato criminoso, promover a 
identificação do acusado, dar a classificação do delito e indicar, se houver, o rol das testemunhas. 
É o que determina o artigo 41 do Código de Processo Penal: 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, 
a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do 
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
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A ação penal pública se subdivide em condicionada e incondicionada. A ação penal pública condicionada 
depende, conforme o caso, de representação do ofendido (ou de seus sucessores) ou de requisição do 
Ministro da Justiça. 
A regra é que o crime seja de ação penal pública. Dentro deste gênero, presume-se que a ação penal pública 
seja incondicionada, a não ser que haja previsão legal a respeito da necessidade de representação ou de 
requisição do Ministro da Justiça. 
 
2.2 AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA 
Dentre todas as modalidades de ação penal, a pública incondicionada é a regra para os crimes, nos termos 
do que dispõe o caput do artigo 100 do Código Penal: 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. 
Por isso, se não houver previsão legal de que se procede mediante ação penal privada, a ação penal é 
pública. Dentre as ações penais públicas, a regra é a incondicionada, sendo que só será condicionada se 
houver expressa determinação legal. 
A iniciativa é privativa do Ministério Público. Caso não seja intentada no prazo legal, pode ser proposta a 
ação penal privada subsidiária da pública. São regras determinadas já na Constituição da República, sendo 
que seu artigo 129, inciso I, prevê a promoção de ação penal como função institucional do Ministério 
Público: 
Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: 
I - promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei; (...) 
Além disso, a própria Constituição prevê em seu artigo 5º, inciso LIX, a possibilidade de se intentar ação 
penal privada, se o Ministério Público não promover a ação penal pública no prazo legal: 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; 
A ação penal pública incondicionada, portanto, é promovida pelo Ministério Público, com o oferecimento 
de denúncia, sem se exigir representação do ofendido nem requisição do Ministro da Justiça. Referida peça 
inicial deve obedecer aos requisitos do artigo 41 do Código de Processo Penal, já transcrito acima. 
Com o recebimento da denúncia pelo juiz, inicia-se a ação penal, passando o Ministério Público a exercer a 
acusação. O agente, seja ele autor, coautor ou partícipe, passa a ser denominado de réu. 
São princípios da ação penal pública incondicionada: 
 Oficialidade: preconiza que a ação penal é promovida pelo órgão oficial, no caso, o Ministério 
Público. 
 Obrigatoriedade: determina que, presentes os requisitos (condições da ação e justa causa), o 
Ministério Público deve promover a ação penal para a imposição da sanção ao indivíduo que violou 
a lei penal incriminadora. Parte da doutrina prevê como exceção à regra da obrigatoriedade a 
previsão da transação penal nas infrações penais de menor potencial ofensivo, conforme permite o 
artigo 76 da Lei 9.099/95. Há, ainda, o chamado acordo denão persecução penal (ANPP), previsto, 
inicialmente, na Resolução 181/07 pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), de 
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duvidosa inconstitucionalidade. Passou a haver previsão legal com o advento da Lei 13.964/2019, o 
Pacote Anticrime, passando a integrar o rol de exceções à obrigatoriedade da ação penal pública. 
 Intranscendência: prevê que a ação penal deve ser promovida contra o agente, seja ele o autor, 
coautor ou partícipe. Decorre da personalidade da pena, que não permite que a pena passe da 
pessoa do condenado, só podendo ser estendidos aos sucessores o perdimento de bens e a 
obrigação de reparar o dano, no limite do patrimônio transferido. 
 Indivisibilidade(?): há divergência doutrinária quanto à incidência deste princípio. Diz respeito à 
necessidade de o Ministério Público promover a ação penal contra todos os agentes que 
concorreram para a prática delitiva, sejam eles autores, coautores ou partícipes. Deste modo, o 
promotor ou procurador não pode selecionar as pessoas contra as quais buscará a condenação, 
devendo atuar para que todos sejam processados. 
Entretanto, alguns doutrinadores entendem que não há necessidade de o Ministério Público 
promover a ação penal contra todos de uma só vez. Por necessidade de maiores investigações com 
relação a um dos agentes ou mesmo por estratégia da acusação, o membro do Ministério Público 
(também denominado Parquet) pode optar por promover, a princípio, a ação penal em relação a 
somente um dos agentes. 
Por isso, por uma questão de diferentes ângulos de análise da mesma questão, alguns entendem 
que há o princípio da obrigatoriedade, enquanto outros defendem que não há sua incidência na ação 
penal pública. 
A ação penal pública incondicionada também é adotada para as contravenções penais, conforme dispositivo 
do Decreto-Lei 3.688/41, a Lei das Contravenções Penais: 
Art. 17. A ação penal é pública, devendo a autoridade proceder de ofício. 
Com relação à parte final do artigo 17 acima transcrito, trata-se de norma não recepcionada pela 
Constituição de 1988, que tornou o processo penal acusatório, e não mais inquisitivo. Assim, o juiz não pode 
promover a ação penal de ofício, mas somente após o oferecimento da inicial, que, no caso da ação penal 
pública, é denominada denúncia e possui como legitimado ativo o Ministério Público. 
 
2.3 AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 
A ação penal pública condicionada, como toda ação penal pública, é da titularidade do Ministério Público, 
ao qual, como já visto, foi atribuída tal função pelo artigo 129, inciso I, da Constituição da República. 
Sua grande diferenciação em relação à ação penal pública incondicionada é a exigência de condição 
específica de procedibilidade. Referida condição, imprescindível para o recebimento da denúncia pelo juiz, 
pode ser: 
_Requisição do Ministro da Justiça; 
_Representação do ofendido. 
Vejamos de forma separada cada uma das hipóteses: 
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2.3.1 Ação Penal Pública Condicionada à Representação do Ofendido 
A ação penal pública condicionada à representação do ofendido depende de sua manifestação, mostrando-
se favorável à propositura da ação penal. Referida manifestação, que se denomina de representação, pode 
ser oferecida perante a autoridade policial, o Ministério Público ou o Poder Judiciário. 
Está prevista no parágrafo primeiro do artigo 100 do Código Penal: 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de 
representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
A representação pode ser apresentada pelo ofendido ou por procurador com poderes especiais. Deve 
possuir a forma escrita. Se for apresentada oralmente, deve ser reduzida a termo. 
Entretanto, ressalvada a necessidade de ser escrita, a lei não exige forma específica para a 
representação. Basta que haja demonstração de interesse do ofendido de ver o agente ser 
processado criminalmente, não sendo necessária a menção ao instituto da representação, 
de forma expressa. 
É o posicionamento já consolidado tanto no âmbito do Superior Tribunal de Justiça e quanto 
no do Supremo Tribunal Federal, conforme se conclui dos seguintes precedentes: 
“(...) 2. Com efeito, tanto a doutrina quanto a jurisprudência são uniformes em afirmar que a 
representação prescinde de qualquer formalidade, sendo suficiente a demonstração do interesse da 
vítima ou de seu representante em autorizar a persecução criminal. Precedentes. (...)” (STJ, EDcl no 
HC 324595/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, 5ª Turma, DJe 25/03/2019). 
“(...) A representação da vítima nos crimes sexuais prescinde de formalidade, bastando a 
demonstração da inequívoca intenção de ver o ofensor submetido à persecução penal.” (STF, HC 
108043/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, Primeira Turma, Julgamento: 20/03/2018). 
Nas infrações penais de menor potencial ofensivo, a representação seria ofertada logo após a tentativa 
frustrada de composição dos danos civis, na própria audiência. Oferecida verbalmente, a representação 
deve ser reduzida a termo. Caso não ofertada, o ofendido pode exercer seu direito no prazo legal, conforme 
determina o artigo 75 da Lei 9.099/95: 
Art. 75. Não obtida a composição dos danos civis, será dada imediatamente ao ofendido a 
oportunidade de exercer o direito de representação verbal, que será reduzida a termo. 
Parágrafo único. O não oferecimento da representação na audiência preliminar não implica 
decadência do direito, que poderá ser exercido no prazo previsto em lei. 
Na prática, contudo, a representação tem sido ofertada perante a autoridade policial, no próprio termo 
circunstanciado. Assim, não é a praxe o seu oferecimento após a tentativa, não exitosa, de composição dos 
danos civis. 
Quanto à legitimidade para a representação, há diferentes situações: 
 Vítima menor de 18 anos: a representação deve ser oferecida por seu responsável legal (pai, mãe 
ou detentor da guarda, ainda que de fato). 
 Vítima menor com interesse colidente com seu representante legal: se a vítima tiver interesse que 
colida com o do representante legal, o juiz deve nomear curador especial. Isso ocorre, por exemplo, 
se o representante legal for o próprio autor do fato delituoso. 
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 Vítima menor e casada: Se a vítima for menor e já casada, surge a dúvida sobre quem deve oferecer 
a representação. Parte da doutrina entende que se deva nomear um curador especial. Outros 
doutrinadores defendem que se deve aguardar que ela atinja a idade de 18 anos, contando o prazo 
decadencial apenas da data do aniversário em que ela atinge a maioridade. 
 Pessoa jurídica: se a pessoa jurídica for a ofendida, a representação deve ser ofertada pela pessoa 
indicada no estatuto social ou no contrato social, com poderes de representação. 
 Vítima maior de 18 e menor de 21 anos de idade: no caso de vítima maior de 18 e menor de 21 anos 
de idade, como já vimos neste curso, não há razão para diferenciação. Com o advento do atual 
Código Civil, a maioridade civil e a maioridade penal se tornaram a mesma, sendo atingida aos 18 
anos. Deste modo, a titularidade é da vítima. A súmula 594 do STJ não se aplica mais a esses casos: 
Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, independentemente, pelo 
ofendido ou por seu representante legal. 
Por ser a titularidade da vítima, não há mais que se falar em exercício independente do direito de 
representação para vítimas que já atingiram a idade de 18 anos completos, ainda que menores de 
21 anos. 
Para oferecimento de representação no caso de vítima menor de 18 anos de idade, o Superior Tribunal de 
Justiça tem aceitado a legitimidade de qualquerresponsável pela criança ou adolescente: 
“(...) 6. Este Superior Tribunal de Justiça vem se posicionando quanto à legitimidade de 
qualquer pessoa que, de alguma forma, seja responsável pelo menor para a realização 
de representação autorizativa da persecutio criminis, iniciando-se o lapso decadencial a 
partir do conhecimento dos fatos pelo respectivo representante. (...)” (STJ, AgRg no REsp 
1110889/SC, Quinta Turma, Rel. Min. Jorge Mussi, DJe 15/02/2013). 
Ainda no caso de menor de 18 anos de idade, o Supremo Tribunal Federal já reconheceu a 
dupla titularidade para o oferecimento de representação. O prazo corre do conhecimento dos autores do 
delito para os representantes legais e da maioridade, para o ofendido. É o que se decidiu no seguinte caso, 
em que se analisava a prática do revogado crime de atentado violento ao pudor: 
"(...) 1. Na ocorrência do delito descrito no art. 214 do Código Penal - antes da revogação pela Lei nº 
12.015/2009 -, o prazo decadencial para a apresentação de queixa ou de representação era de 6 meses 
após a vítima completar a maioridade, em decorrência da dupla titularidade. 2. Esta Suprema Corte 
tem reconhecido a dualidade de titulares do direito de representar ou oferecer queixa, cada um com 
o respectivo prazo: um para o ofendido e outro para seu representante legal. Súmula nº 594 do STF. 
Precedentes. 3. Ordem denegada." (STF, HC 115341, Relator Ministro Dias Toffoli, Primeira Turma, 
julgamento em 14/10/2014) 
Se ocorrer a morte da vítima ou a sua decretação de ausência, o direito de representação passa para o 
cônjuge, o ascendente, descendente ou irmão do ofendido, nos termos do artigo 24, § 1º, do Código de 
Processo Penal: 
Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, 
mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação 
do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
§ 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito 
de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
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§ 2o Seja qual for o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, 
Estado e Município, a ação penal será pública. 
Podemos usar o termo mnemônico “CADI” para memorizar os legitimados para o oferecimento de 
representação no caso de morte do ofendido: 
 
Cônjuge; 
Ascendente; 
Descendente; 
Irmão. 
 
 É possível a representação ser oferecida pelo companheiro, no caso de morte da vítima? 
Há divergências. 
 De um lado, o art. 226, § 3º, da Constituição, reconhece a união estável como entidade familiar, o 
que levaria à conclusão de que o companheiro, como alguém equiparável ao cônjuge, possui 
legitimidade para apresentar representação no caso de morte da vítima. 
 Por outro lado, parte da doutrina entende que a taxatividade, decorrente do princípio da legalidade, 
impede que haja a ampliação do rol de legitimados, principalmente porque o reconhecimento da 
legitimidade do companheiro implica em ampliação do poder de punir. Isto porque, haveria, no caso 
de morte da vítima, mais uma pessoa com poder de oferecer representação, o que levaria ao uso da 
analogia in malam partem. 
 
Retratação da representação: é possível a retratação da representação até o oferecimento da denúncia. 
Retratar-se é retirar o que se disse, ou seja, é a retirada da representação. A situação está regulada no artigo 
102 do Código Penal: 
Art. 102 - A representação será irretratável depois de oferecida a denúncia. 
 
 É possível a retratação da retratação? 
Ou seja, é possível que o ofendido ofereça representação, arrependa-se e diga que não quer mais que o 
ofensor seja processado e, por fim, volte a oferecer a representação? É possível que ele se retrate da própria 
representação? 
Parte da doutrina entende que não, pois, após a retratação, o agente já se manifestou sobre o desejo de 
que o ofensor não seja mais processado. Entretanto, parcela da doutrina, que parece majoritária, entende 
que é sim possível a retratação da retratação, sendo que a vítima pode manifestar 
novamente seu desejo de ver o ofensor ser processado até o escoamento do prazo 
decadencial de 6 meses. 
Para relembrar um tema do estudo da punibilidade, na ação penal pública 
condicionada à representação, há a possibilidade de renúncia apenas em relação aos 
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crimes de menor potencial ofensivo. Quanto a tais crimes, a composição entre o sujeito ativo e o passivo 
sobre os danos causados implica na renúncia ao direito de queixa e de representação. Deste modo, o 
indivíduo que celebrar acordo com seu ofensor, que seja homologado pelo juiz, não poderá mais oferecer 
representação, no caso de crime de ação penal pública condicionada. É o que prevê o artigo 74, parágrafo 
único, da Lei 9.099/95: 
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz mediante 
sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil competente. 
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública 
condicionada à representação, o acordo homologado acarreta a renúncia ao direito de queixa ou 
representação. 
O prazo para a representação é de seis meses, conforme dispõe o artigo 103 do Código Penal: 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de 
representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber 
quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o 
prazo para oferecimento da denúncia. 
O termo inicial do prazo é o dia em que se sabe quem é o autor do crime. O prazo não se suspende durante 
a investigação, de modo que, descoberta a autoria, o ofendido não precisa aguardar a conclusão do 
inquérito para oferecer a representação. 
A referência ao artigo 100, § 3º, do Código Penal diz respeito à ação penal privada subsidiária da pública, a 
ser estudada adiante. 
A representação possui eficácia objetiva, ou, em outras palavras, nosso Direito Penal adota o critério de 
extensibilidade da representação. Como consequência, a representação oferecida com relação a um dos 
agentes estende-se aos demais, possibilitando a propositura da ação penal pública condicionada à 
representação contra todos eles. 
O seguinte julgado do STJ reconhece a eficácia objetiva da representação: 
“(...) 1. A questão controvertida cinge-se a saber se, em decorrência da eficácia objetiva da 
representação, é possível, na denúncia, o envolvimento de outro agente que não tenha sido apontado 
desde o início na representação do ofendido. 2. Por eficácia objetiva da representação, entende-se o 
seguinte: se oferecida a representação contra um dos partícipes ou coautores do crime, o 
representante do Ministério Público deve oferecer a denúncia contra todos aqueles que praticaram o 
delito. 3. A eficácia objetiva da representação, interligada ao princípio da indivisibilidade que vige 
na ação penal pública, confere ao MP a possibilidade de atuar prontamente contra todos os 
envolvidos, ainda que a representação não tenha abrangido todos os autores da infração. Logo, 
admissível o aditamento à denúncia pelo Parquet para fins de inclusão de corréu não constante da 
representação do ofendido. 4. Incabível a incidência da decadência semestral para representação 
criminal em desfavor do recorrente, sobretudo porque há que se considerar o princípio da 
obrigatoriedade da ação penal pública, que vincula e legitima a atuação do Ministério Público a fim de 
que, havendo notícia do crime, apure os fatos e promova a ação penal contra todos os envolvidos no 
fato delituoso.” (STJ, AgRg no REsp1558569/PR, Dje 01/12/2016). 
 
 Apresentada a representação, o Ministério Público fica vinculado? 
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Há um juízo de conveniência da vítima e obrigatoriedade do Ministério Público, desde que este entenda que 
há justa causa para a ação penal. Diz-se que o promotor ou procurador deve agir se estiver formada sua 
opinio delicti, ou seja, se entender que há materialidade e indícios de autoria. Se o membro do Ministério 
Público entender que não há condições da ação ou justa causa, não deverá promover a ação penal. Neste 
sentido, decidiu o STJ: 
“PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. REPRESENTAÇÃO. ARQUIVAMENTO. 
MINISTÉRIO PÚBLICO. O oferecimento da representação pelo ofendido não obriga o representante 
do Ministério Público a oferecer a denúncia. Pode o agente do Parquet, desde que entenda, como in 
casu, pela inexistência de elementos para instauração da ação penal, se manifestar pelo 
arquivamento da peça. Por outro lado, também se possibilita ao julgador atender essa solicitação ou, 
caso dela discorde, tomar as providências do art. 28 do CPP. Contudo, foram os entendimentos 
convergentes, o que afasta a aplicação do dispositivo. Recurso desprovido.” (STJ, RMS 11673/RJ, Rel. 
Min. Feliz Fischer, 5ª Turma, DJ 20/08/2001). 
 
2.3.2 Ação Penal Pública Condicionada à Requisição do Ministro da Justiça 
 
A ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça exige, como condição específica de 
procedibilidade para a ação penal, a manifestação formal do Ministro da Justiça. Está prevista no artigo 
100, parágrafo primeiro, do Código Penal: 
§ 1º - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de 
representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça. 
As hipóteses de cabimento da ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça são de 
crimes sujeitos a um juízo de conveniência política. São eles: 
a. Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro no exterior 
Cuida-se de hipótese tratada no artigo 7º, § 3º, alínea “b”, do Código Penal, já estudada neste curso 
como caso de extraterritorialidade condicionada da lei penal brasileira: 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
(...) 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes 
condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora 
do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
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a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
b. Crimes contra a honra do Presidente da República ou de Chefe de Governo estrangeiro 
Está previsto no art. 141, inciso I, do Código Penal, que prevê uma forma majorada dos crimes contra 
a honra. Por sua vez, o parágrafo único do art. 145, também do CP, estabelece que referidos delitos 
são perseguidos por meio de ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça: 
Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é 
cometido: 
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; 
(...) 
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no 
caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. 
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput 
do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, 
bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. 
No caso da calúnia e da difamação, dois dos crimes contra a honra previstos no Código Penal, a Lei de 
Segurança Nacional (Lei nº 7.170/83) possui disposições específicas: 
Art. 1º - Esta Lei prevê os crimes que lesam ou expõem a perigo de lesão: 
I - a integridade territorial e a soberania nacional; 
Il - o regime representativo e democrático, a Federação e o Estado de Direito; 
Ill - a pessoa dos chefes dos Poderes da União. 
Art. 2º - Quando o fato estiver também previsto como crime no Código Penal, no Código Penal Militar 
ou em leis especiais, levar-se-ão em conta, para a aplicação desta Lei: 
I - a motivação e os objetivos do agente; 
II - a lesão real ou potencial aos bens jurídicos mencionados no artigo anterior. 
Art. 26 - Caluniar ou difamar o Presidente da República, o do Senado Federal, o da Câmara dos 
Deputados ou o do Supremo Tribunal Federal, imputando-lhes fato definido como crime ou fato 
ofensivo à reputação. 
Pena: reclusão, de 1 a 4 anos. 
O motivo de terem sido transcrito referidos dispositivos é que a Lei de Segurança Nacional não prevê que o 
crime previsto em seu artigo 26, de calúnia ou difamação do Presidente da República, possui como condição 
de procedibilidade a requisição do Ministro da Justiça. 
Referido ato de requisição do Ministro da Justiça é mencionada apenas como como uma das formas de se 
iniciar o inquérito policial, conforme teor do artigo 31 de referido diploma legal: 
Art. 31 - Para apuração de fato que configure crime previsto nesta Lei, instaurar-se-á inquérito 
policial, pela Polícia Federal: 
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I - de ofício; 
II - mediante requisição do Ministério Público; 
III - mediante requisição de autoridade militar responsável pela segurança interna; 
IV - mediante requisição do Ministro da Justiça. 
Parágrafo único - Poderá a União delegar, mediante convênio, a Estado, ao Distrito Federal ou a 
Território, atribuições para a realização do inquérito referido neste artigo. 
Deste modo, se entendidas válidas as disposições da Lei de Segurança Nacional, sua incidência afastaria a 
necessidade de requisição do Ministro da Justiça se configurado o delito previsto no seu artigo 26, o que 
não abrange toda possibilidade de crime contra a honra praticado contra o Presidente da República. 
A requisição do Ministro da Justiça é ato de natureza política e administrativa, que será formalizado de 
acordo com juízo de conveniência política, sem obrigatoriedade. Uma vez oferecida a requisição, não há 
obrigação de o Ministério Público oferecer denúncia, pois pode entender não estarem preenchidas as 
condições da ação penal, existir necessidade de maior investigação ou não haver justa causa para o processo 
penal. Pode ser promovido, inclusive, o arquivamento do inquérito, se o promotor ou procurador entender 
que não há materialidade e autoria, na formação de sua opinio delicti. 
Para a doutrina majoritária, não é possível a retratação da requisição pelo Ministro da Justiça. Isto porque, 
de forma diferente da requisição, não há previsão legal sobre a possibilidade de o Ministro de Estado se 
retratar sobre o ato. No entanto, o professor Guilherme Nucci1 entende cabível a retratação até o 
oferecimento da denúncia, por analogia (em favor do acusado, neste caso). 
A requisição, apesar do termo que a designa, não possui a natureza de exigência, mas sim de autorização. 
Representa a condição específica de procedibilidade para a ação penal pública, autorizando o Ministério 
Público a agir para buscar a punição de quem praticou a infração penal. 
Também se reconhece a eficáciaobjetiva da requisição, do mesmo modo da retratação. Por 
isso, apresentada a requisição pelo Ministro da Justiça em relação a um dos agentes, todos 
os demais podem ser denunciados pelo Ministério Público. 
A lei é omissa no tocante ao prazo para oferecimento da requisição do Ministro da Justiça. 
Entende-se, então, que pode ser ofertada até a extinção da punibilidade, que pode ocorrer, 
em alguns casos, somente com a prescrição da pretensão punitiva propriamente dita. 
 
2.4 AÇÃO PENAL PRIVADA (GÊNERO) 
Em algumas hipóteses previstas expressamente em lei, o Estado conserva para si o direito de punir (jus 
puniendi), delegando ao particular o direito de ação (jus persequendi). São os crimes punidos por meio de 
ação penal privada, seja de forma originária (exclusiva e personalíssima), seja em razão de inércia do órgão 
oficial (privada subsidiária da pública). 
 
1 NUCCI, Guilherme Souza. Manual de processo penal e execução penal. 10ª Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013, p. 213. 
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Na ação penal privada, a inicial é denominada queixa-crime. Quem promove a ação penal, seja o ofendido 
ou, na sua impossibilidade, algum outro legitimado, é chamado de querelante. O réu, o ofensor, é 
denominado de querelado. 
A ação penal privada pode ser: 
 Exclusiva ou propriamente dita; 
 Personalíssima; 
 Subsidiária da pública. 
Passamos, agora, ao estudo de cada uma delas: 
 
2.5 AÇÃO PENAL PRIVADA EXCLUSIVA OU PROPRIAMENTE DITA 
O fundamento da ação penal privada propriamente dita ou exclusiva é o chamado streptus judicii, isto é, o 
escândalo do processo que pode atingir a vítima. O alarde advindo do comentário de fatos íntimos que 
atingem o ofendido em um processo penal faz com que, em hipóteses expressamente previstas em lei, a 
ação penal dependa de sua iniciativa. 
O ofendido, na ação penal privada, é denominado querelante, enquanto o ofendido é o 
querelado. A inicial é chamada de queixa-crime, devendo observar os requisitos do artigo 
41 do Código de Processo Penal, acima transcrito. 
A ação penal exclusiva ou propriamente dita está prevista no artigo 100, na parte final do 
caput e nos §§ 2º e 4º, do Código Penal: 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa 
do ofendido. 
(...) 
§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido ou de quem tenha 
qualidade para representá-lo. 
§ 4º - No caso de morte do ofendido ou de ter sido declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
oferecer queixa ou de prosseguir na ação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
Portanto, na ação penal privada exclusiva, a titularidade pertence ao ofendido. Aplicam-se, aqui, as mesmas 
regras da representação no caso de vítima menor, de morte da vítima ou de ausência decretada, já tratadas 
acima e não transcritas aqui evitar a repetição desnecessária. 
No caso de morte do ofendido, o direito de oferecer queixa ou de prosseguir no polo ativo da ação penal 
passa para o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Há doutrinadores que apontam preferência na 
ordem prevista no artigo 31 do Código de Processo Penal: 
Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de 
oferecer queixa ou prosseguir na ação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
O recurso mnemônico a ser utilizado para facilitar a memorização dos legitimados, na ordem mencionada 
pela lei, é a palavra CADI, formada pelas letras iniciais de cônjuge, ascendente, descendente e irmão. 
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São princípios da ação penal privada exclusiva: 
 Oportunidade ou conveniência: não há obrigatoriedade de o ofendido promover a ação penal. Pelo 
contrário, o fundamento da titularidade para a promoção da ação penal ser da vítima em 
determinados delitos é a exposição de fatos íntimos seus, o que leva o Estado a deixá-la optar entre 
ver tais fatos comentados no processo ou preferir que não haja a punição do ofensor, evitando a sua 
própria exposição. 
 Disponibilidade: é possível a desistência do querelado com relação à ação penal privada exclusiva 
por ele proposta. Assim como o ofendido pode decidir se quer ou não que o seu ofensor seja 
processado e punido, optando entre oferecer a queixa crime ou não, pode também desistir da ação 
penal já proposta. 
 Indivisibilidade: a ação penal privada propriamente dita deve ser proposta contra todos os agentes 
conhecidos. Não é possível que o ofendido opte por oferecer queixa em relação a alguns e não agir 
em relação a outros. Sua decisão deve abranger todos os agentes, incluindo os autores, coautores e 
partícipes. 
 Intranscendência: só pode ser proposta em face do autor e partícipe. Em razão do princípio da 
pessoalidade da pena, a pena não pode passar da pessoa do condenado, o que impede a propositura 
da ação penal contra quem não praticou o delito. Claro que é preciso que haja instrução processual 
para demonstração da autoria, sobretudo em respeito ao devido processo legal e o da não presunção 
de culpa. Entretanto, se não houver sequer indícios mínimos de autoria em relação a determinada 
pessoa, ela não pode ser querelada em uma ação penal, ou seja, não pode ser ofertada queixa contra 
ela. 
Analisando o princípio da indivisibilidade, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu que, em caso de várias 
publicações na internet, em que a imagem da vítima era manchada, os crimes deveriam ser considerados 
autônomos. Deste modo, não havendo concurso de agentes, não havia necessidade de se oferecer queixa 
em relação a cada um deles: 
“(...) 2. Em face do princípio da indivisibilidade da ação penal privada, previsto no art. 48, do 
CPP, há a obrigação de o ofendido, ao optar pelo processamento dos autores da infração, 
fazê-lo em detrimento de todos os envolvidos. Não obstante, quando várias pessoas 
denigrem a imagem de alguém, via internet, cada uma se utilizando de um comentário, não 
há coautoria ou participação, mas vários delitos autônomos, não havendo de se falar em 
renúncia tácita. (...)” (STJ, Apn 613/SP, Relator Og Fernandes, Corte Especial, DJe 
28/10/2015) 
 
 É possível que o MP adite a queixa-crime para inclusão de agentes não presentes no polo passivo? 
Há divergências doutrinárias. 
 Prevalece que não, pois a titularidade pertence ao ofendido. Assim, não pode o Ministério Público 
incluir pessoas contra as quais não foi oferecida queixa. Alguns autores entendem que o Ministério 
Público, como fiscal da lei, deve provocar o querelante para incluir os coautores ou partícipes no 
polo passivo. 
 A doutrina minoritária entende que pode haver o aditamento, pois o Ministério Público, como fiscal 
da lei, deve velar pela observância do princípio da indivisibilidade e agir para que todos estejam no 
polo passivo da ação penal privada. É a posição de Tourinho Filho. 
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Vale recordar que renúncia é a causa de extinção da punibilidade, que consiste em ato unilateral, do 
ofendido ou de seu representante legal, de abdicação do direito de promover a ação penal privada. Na 
renúncia, o ofendido ou seu representante legal abre mão de intentar a ação penal, o que implica na 
extinção do ius puniendi. 
Esta causa extintiva da punibilidade é cabível nos casos de ação penal privada exclusiva ou personalíssima, 
pois a punição, nestas hipóteses, depende de que o ofendido ou seu representante oferte a queixa crime. 
O ato de disposição do titular em relação a referido direito, decidindo por sua renúncia, impossibilita a 
imposição de sanção penal ao agente, extinguindo sua punibilidade. A renúncia é tratada no artigo 104do 
CP: 
Renúncia expressa ou tácita do direito de queixa 
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado expressa ou tacitamente. 
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de ato incompatível com a 
vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato de receber o ofendido a indenização do dano 
causado pelo crime. 
Como pode ser tácita, a maioria da doutrina entende que, não sendo promovida a ação penal privada 
exclusiva em relação a todos os ofensores, há a renúncia do ofendido ao direito de queixa. Por conseguinte, 
extingue-se a punibilidade de todos os agentes. É a norma que se extrai do artigo 49 do CPP: 
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos 
se estenderá. 
O prazo para oferecimento da queixa-crime é de 6 meses, possuindo como termo inicial o dia em que se 
veio a saber quem foi o autor do crime (aí incluídos autores, coautores e partícipes). Escoado este prazo, há 
a decadência, causa extintiva da punibilidade, por impedir que o titular da ação penal privada ofereça queixa 
e, assim, seja iniciado o processo penal em face dos agentes. É o que determina o artigo 103 do Código 
Penal: 
Decadência do direito de queixa ou de representação 
Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de 
representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) meses, contado do dia em que veio a saber 
quem é o autor do crime, ou, no caso do § 3º do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo 
para oferecimento da denúncia. 
O Código de Processo Penal, no seu Capítulo IV, regula o processo e o julgamento dos 
crimes contra a propriedade imaterial. Em seus artigos 529 e 530, prevê prazos mais 
exíguos para o oferecimento de queixa para referidas infrações, sendo de 30 dias após a 
homologação do laudo e, no caso de querelado preso, de 8 dias. Assim dispõem tais 
artigos: 
Art. 529. Nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa com 
fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 dias, após a homologação do laudo. 
Parágrafo único. Será dada vista ao Ministério Público dos autos de busca e apreensão requeridas pelo 
ofendido, se o crime for de ação pública e não tiver sido oferecida queixa no prazo fixado neste artigo. 
Art. 530. Se ocorrer prisão em flagrante e o réu não for posto em liberdade, o prazo a que se refere o 
artigo anterior será de 8 (oito) dias. 
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Se a queixa for oferecida dentro do prazo, mas perante juízo que não tenha competência territorial para o 
julgamento do feito (incompetência relativa ratione loci), o STF já entendeu, em caso já antigo, que tal fato 
deve ser considerado para se evitar o reconhecimento da decadência: 
“DECADÊNCIA. QUEIXA OFERECIDA DENTRO DO PRAZO MAS PERANTE JUÍZO INCOMPETENTE 
'RATIONE LOCI'. IRRELEVANTE TAL CIRCUNSTÂNCIA PARA O EFEITO DE CONTAGEM DO PRAZO 
DECADENCIAL. O QUE IMPORTA E A DATA DO INÍCIO DA AÇÃO PENAL, OU SEJA DO OFERECIMENTO 
DA QUEIXA-CRIME EM JUÍZO E NÃO A DO SEU RECEBIMENTO. NULIDADE POR INCOMPETENCIA DO 
JUÍZO SÓ ATINGE OS ATOS DECISÓRIOS (ART. 567, DO CPP) E NÃO OS ATOS DE INSTRUÇÃO E 
SEGUIMENTO. 'IN CASU', NÃO SE CONFIGUROU A DECADÊNCIA. RECURSO IMPROVIDO.” (RHC 
63665/RS, Rel. Min. Djaci Falcão, Segunda Turma, DJ 01/04/1986) 
O tema não foi enfrentado pela Suprema Corte mais recentemente, razão pela qual referido precedente 
pode ser encontrado em manuais de Direito Penal como posicionamento já adotado pela Suprema Corte do 
país. 
O STJ adotou o mesmo entendimento em precedente bem mais recente: 
“(...) 1. Ainda que a queixa-crime tenha sido apresentada perante juízo absolutamente 
incompetente, o seu ajuizamento interrompe a decadência. Precedentes. (...)” (STJ, AgRg no REsp 
1560769/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, Sexta Turma, DJe 25/02/2016). 
 
O foro por prerrogativa de função determina que as ações penais em que determinadas pessoas figurem 
como rés ou quereladas tramitem em Tribunais específicos, em razão do cargo que ocupam. Como exemplo, 
os parlamentares federais são julgados pelo Supremo Tribunal Federal nos delitos relacionados com a 
função que exercem, conforme entendimento restritivo do foro por prerrogativa de função atualmente 
adotado pela Corte. 
Dito isso, o STF já decidiu que, se o parlamentar federal (deputado federal ou senador) for o querelante, isto 
é, figurar no polo ativo da ação penal privada, não há competência daquela Corte: 
“Ação Penal. Queixa-crime em que figura como querelante deputado federal. Incompetência do 
Supremo Tribunal Federal para o processamento e julgamento da ação penal. Competência 
configurada somente na hipótese de o parlamentar figurar na ação penal na qualidade de réu (art. 
102, I, b da Constituição Federal). Agravo regimental contra decisão que negou seguimento à queixa-
crime. Inaplicabilidade do disposto no art. 108, § 1º do CPP à hipótese vertente, pois não se trata de 
exceção de incompetência, mas de ajuizamento equivocado da queixa-crime perante esta Suprema 
Corte, falha que não pode ser suprida ex officio por esta Casa. Quanto ao pedido de que seja declarada 
a suspensão do prazo prescricional a partir da distribuição da queixa-crime, voltando a correr a partir 
da decisão deste agravo, também não pode ser acolhido, tendo em vista que o oferecimento de queixa-
crime perante Juízo incompetente não constitui causa suspensiva da prescrição. Agravo regimental 
improvido.” (STF, Inq 1793 AgR/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, DJ 14/06/2002) 
As hipóteses de cabimento da ação penal privada exclusiva estão previstas de forma expressa pelo Código 
Penal: 
a. Calúnia, injúria e difamação, nos termos do artigo 145, caput, do Código Penal, ressalvadas as 
exceções previstas em referido dispositivo e no seu parágrafo único (se da violência resulta lesão 
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corporal; crime cometido contra o presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro; 
crime cometido contra funcionário público, no exercício de suas funções e injúria racial). 
b. Alteração de limites, usurpação de águas e esbulho possessório, se a propriedade for privada e não 
houver violência, nos termos do artigo 161, § 3º, do CP. 
c. Dano simples e dano qualificado por motivo egoístico e com prejuízo considerável para a vítima, 
conforme artigo 167 do Código Penal. 
d. Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia, consoante determina o artigo 167 do 
Código Penal. 
e. Fraude à execução, em razão do que prescreve o parágrafo único do artigo 179 do Código Penal. 
f. Violação de direito autoral, no seu tipo simples do caput do artigo 184 do CP, por previsão do artigo 
186, inciso I, também do CP. 
g. Exercício arbitrário das próprias razões, se praticado sem violência, por previsão do parágrafo único 
do artigo 345 do Código Penal. 
Também se procede mediante queixa no caso de crime de induzimento a erro essencial e ocultação de 
impedimento, previsto no artigo 236 do Código Penal. Entretanto, este caso será estudado no tópico a 
seguir, em razão de ser hipótese de ação penal privada personalíssima. 
 
2.6 AÇÃO PENAL PRIVADA PERSONALÍSSIMA 
A ação penal privada personalíssima possui as mesmas características da ação penal privada propriamente 
dita ou exclusiva, com a peculiaridade de a sua titularidade ser única e exclusiva da vítima. Não há 
substituição da titularidade, nem mesmo se ocorrer a sua morte ou a sua decretação de ausência. 
A morte da vítima, portanto, acarreta a extinção da punibilidade do agente. Deste modo, temos uma causa 
extintiva da punibilidade específica para este delito. No mais, naquilo que não contrariar esta previsão, todo 
o regramentoda ação penal privada exclusiva se aplica à personalíssima. 
A única hipótese prevista atualmente no ordenamento jurídico brasileiro é o crime do artigo 236 do Código 
Penal: 
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe 
impedimento que não seja casamento anterior: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada 
senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o 
casamento. 
Como a queixa deve ser do ofendido, não se admite que ela seja oferecida, no caso de sua morte ou 
decretação de ausência, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. Como visto, neste caso ocorre a 
extinção da punibilidade. 
 
 E se a vítima, casada, for menor de 18 anos? 
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Não é possível a nomeação de curador especial para se promover a ação penal privada personalíssima, pois, 
como estudado, não se admite a transferência da titularidade. Por outro lado, o casamento emancipa a 
vítima para os atos da vida civil, mas não possui efeitos para o processo penal. 
A doutrina, então, aponta que a solução deve ser aguardar que o ofendido complete os 18 anos de idade, 
sendo que o prazo decadencial só se iniciaria com a maioridade. 
 
2.7 AÇÃO PENAL PRIVADA SUBSIDIÁRIA DA PÚBLICA 
A ação penal privada subsidiária da pública é proposta nos casos de ação penal pública, se esta não for 
intentada pelo Ministério Público no prazo legal. É um direito fundamental assegurado no artigo 5º, inciso 
LIX, da Constituição da República: 
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal; 
O Código Penal trata do tema no parágrafo terceiro do seu artigo 100: 
§ 3º - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação pública, se o Ministério Público 
não oferece denúncia no prazo legal. 
É cabível, portanto, no caso de inércia do órgão oficial, do Ministério Público. Não se pode 
intentar ação penal privada subsidiária da pública se houver pedido de diligências ou se o 
membro do Ministério Público promover o arquivamento da investigação. Isto porque, em 
tais casos, não houve omissão do promotor ou procurador, mas sim entendimento de que 
não era o caso de se promover a ação penal. 
O exercício da ação penal privada subsidiária da pública é facultativo, mesmo porque é um 
direito do ofendido ou de seus representantes legais. Como é uma ação penal privada, inicia-se com a 
queixa, sendo que o polo ativo é ocupado pelo querelante e o acusado é chamado de querelado. 
Como os demais casos de cabimento de queixa, o prazo é de 6 meses. Entretanto, em se tratando de ação 
penal privada subsidiária da pública, se não for intentada no prazo legal, não há decadência. Isto porque o 
Ministério Público manterá sua legitimidade, devendo promover a ação penal pública, em razão do princípio 
da obrigatoriedade. O prazo para o promotor ou procurador oferecer a denúncia é impróprio, não 
impedindo a ofertar extemporânea. A perda do prazo gerará consequências no caso de prisão processual 
do acusado e o início do prazo decadencial para o ofendido oferecer a ação penal privada subsidiária da 
pública. 
Se houver o ofendido abandonado a ação penal privada subsidiária da pública, o Ministério Público deve 
retomar o polo ativo, prosseguindo nela. O artigo 29 do Código de Processo Penal prevê essa possibilidade, 
além de regular a atuação do Ministério Público como fiscal da lei enquanto o ofendido permanecer como 
querelado: 
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo 
legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, 
intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo 
tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 
Podemos, então, verificar os poderes que o Ministério Público possui na ação penal privada subsidiária: 
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 O MP pode repudiar a queixa, quando então deverá oferecer denúncia substitutiva. 
 O MP pode aditar a queixa, incluindo novos fatos e novos autores. 
 O MP pode intervir em todos os atos, inclusive produção de provas e interposição de recursos. 
 O MP deve retomar a ação penal, em caso de negligência do querelante. 
 O MP pode se manifestar pela rejeição da queixa-crime. 
Ainda a título de recordação do que foi estudado na punibilidade, a perempção, causa extintiva da 
punibilidade, não é cabível na ação penal privada subsidiária da pública, mas somente na ação penal privada 
exclusiva e na personalíssima. 
 
2.8 AÇÃO PENAL NOS CRIMES COMPLEXOS 
Os crimes complexos são aqueles que resultam da reunião de mais de um tipo penal. Deste modo, o 
latrocínio é um crime no qual se fundem os tipos do roubo e do homicídio. O crime de roubo, por sua vez, 
possui, em si, o crime de constrangimento ilegal, o de ameaça ou o correspondente à violência e a infração 
penal de furto. 
O Código Penal possui dispositivo próprio para tratar da ação penal cabível para os crimes complexos: 
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo legal fatos que, por si 
mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em relação àquele, desde que, em relação a qualquer 
destes, se deva proceder por iniciativa do Ministério Público. 
Deste modo, se um dos crimes que compõem o crime complexo for um dos que se procede mediante 
denúncia, caberá ação penal pública. Caso não se exija, em relação a algum deles, qualquer condição de 
procedibilidade, a ação será pública incondicionada. 
Alguns doutrinadores consideram que a norma é um truísmo, isto é, inútil, pois bastaria aplicar a regra geral, 
segundo a qual a ação penal será publica incondicionada, salvo previsão expressa em contrário. 
 
3. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES 
A classificação dos crimes é relevante para a aplicação dos institutos estudados e para a sistematização da 
matéria. Com o auxílio da classificação, é possível se inferirem diversas características sobre determinado 
tipo penal. 
Os critérios e denominações para se classificar o crime variam entre os doutrinadores, de modo que 
estudaremos os mais utilizados e consagrados pela jurisprudência, além de mais cobrados pelas bancas de 
concursos. 
 
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3.1 QUANTO AO SUJEITO ATIVO 
Os crimes se classificam, quanto ao sujeito ativo, em comuns, próprios e de mão própria: 
Crime comum: é aquele que não exige nenhuma qualidade específica do sujeito ativo para sua prática. 
São exemplos os delitos de homicídio, de furto e de estupro. 
Crime próprio: é aquele que exige determinada qualidade do sujeito ativo para sua prática. A doutrina 
admite a autoria mediata, a coautoria e a participação nos crimes próprios. 
São exemplos o peculato, no qual se exige a qualidade de funcionário público (crime funcional); o 
autoaborto, que só pode ser praticado pela própria grávida; e o delito de entrega de filho menor a pessoa 
inidônea, o qual só pode ser praticado pelos genitores. 
Crime de mão própria: é aquele que somente pode ser praticado pela própria pessoa, por si mesma. Só se 
admite a participação em crime de mão própria, ressalvado o caso de perícia assinada por dois profissionais, 
caso em que a doutrina entende excepcionalmente cabível a coautoria. Também denominado de delito de 
conduta infungível. 
São exemplos o falso testemunho e a falsa perícia. 
 
3.2 QUANTO À NECESSIDADE DE RESULTADO NATURALÍSTICO PARA SUA 
CONSUMAÇÃO 
Este critério leva em conta a necessidade de resultado naturalísticopara a consumação, 
distinguindo os delitos em materiais, formais e de mera conduta. 
 
Crime material: é aquele que prevê um resultado naturalístico como necessário para sua 
consumação. São exemplos o delito de aborto e o crime de dano. Há quem o chame de crime 
de resultado. 
Crime formal: é aquele que descreve um resultado naturalístico, cuja ocorrência é prescindível para a 
consumação do delito. Também denominado de delito de tipo incongruente. É o caso da extorsão mediante 
sequestro e o do descaminho. 
Crime de mera conduta: é aquele cujo resultado naturalístico não pode ocorrer, porque sequer há a sua 
descrição. Podemos tomar como exemplo o crime de ato obsceno, assim como o de violação de domicílio. 
 
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3.3 QUANTO À NECESSIDADE DE LESÃO AO BEM JURÍDICO PARA SUA 
CONSUMAÇÃO 
Se tomada como critério a necessidade ou não de efetiva lesão ao bem jurídico, temos a classificação dos 
delitos em crimes de dano e crimes de perigo. Esta forma de classificação toma como base o resultado 
jurídico do delito. 
Crime de dano: é aquele em que se exige, para sua configuração, a efetiva ocorrência de lesão ou de dano 
ao bem jurídico protegido pela norma penal. 
São exemplos o crime de dano, o crime de vilipêndio a cadáver, o próprio crime de dano e o infanticídio. 
Crime de perigo: é aquele que, para que se considere consumado, exige apenas que o bem seja exposto a 
perigo. Portanto, a efetiva ocorrência de dano ao bem jurídico protegido pela lei penal é desnecessária para 
que o crime se consume. 
São exemplos os crimes de perigo de contágio venéreo, de omissão de socorro e de tráfico ilícito de 
entorpecentes. 
Os crimes de perigo podem ser subdivididos em: 
 De perigo concreto: é o crime de perigo cuja configuração requer a demonstração de que o bem 
jurídico efetivamente foi posto em perigo. É exemplo o crime de incêndio, em que o perigo deve ser 
demonstrado. 
 De perigo abstrato (ou puro):é o crime de perigo em que a sua consumação não depende da 
demonstração de que tenha colocado o bem jurídico em risco. O risco é presumido, de forma 
absoluta, pela lei. É o caso do crime de associação criminosa e crime de posse irregular de munição 
de uso permitido ou restrito, dos artigos 12 e 14 da Lei 10.826/20032. 
 De perigo abstrato de “perigosidade” ou periculosidade real: cuida-se de denominação nova trazida 
por alguns doutrinadores. Seria o crime de perigo em que deve ser demonstrado o risco, mas não a 
pessoa certa e determinada. Não é uma denominação utilizada pela maioria da doutrina, que só 
distingue os crimes de perigo, quanto à demonstração do risco, em concretos e abstratos. Este 
Professor entende que esta classificação em nada se diferencia como a seguinte, de crimes de 
potencial perigo. Para muitos doutrinadores, seria uma mistura indevida de categorias, relacionando 
o perigo comum ao perigo concreto. Seria exemplo o crime de embriaguez ao volante, em que 
bastaria a demonstração de perigo ao tráfego de pessoas e veículos, sem necessidade de se 
comprovar que determinada pessoa foi colocada em risco. 
 De perigo individual: é o delito que causa perigo a uma pessoa ou a um grupo determinado de 
pessoas. Pode-se apontar como exemplo o delito de perigo de contágio de moléstia grave. 
 De perigo comum ou coletivo: é aquele cujo perigo de dano atinge um número indeterminado de 
pessoas. Temos como exemplos o crime de fabrico, fornecimento, aquisição posse ou transporte de 
explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante (artigo 253 do CP) e o de incêndio (artigo 250 do CP). 
 De perigo atual: é aquele cujo perigo causado é contemporâneo à conduta do agente. O crime de 
desabamento ou desmoronamento do artigo 256 do CP tende a ser de perigo atual, pois o 
desabamento de um prédio, no momento em que ocorre, já coloca em perigo a vida, a integridade 
física ou o patrimônio de outrem. 
 
2 STF, RHC 146081 AgR, Primeira Turma, Julgamento: 10/11/2017 e HC 148801 AgR, Segunda Turma, Julgamento 07/08/2018. 
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 De perigo iminente: é aquele cujo perigo está prestes a acontecer. O abandono de incapaz, do artigo 
133 do CP, na prática, pode se mostrar um crime de perigo iminente, já que, ainda que a pessoa sob 
cuidado não fique em perigo imediatamente, pode ficar depois de algum tempo sem cuidado. 
 De Perigo futuro ou mediato: é aquele que produz um risco futuro. Os exemplos são a associação 
criminosa ou o porte de munição de uso permitido. 
 
A doutrina mais consagrada se preocupa em classificar os crimes de perigo do seguinte 
modo, sem misturar os critérios: 
 Crime de perigo abstrato; 
 Crime de perigo concreto; 
 Crime de perigo individual; 
 Crime de perigo comum. 
A maioria da doutrina não aceita, portanto, a classificação de “crime abstrato de perigosidade real”. 
Na Alemanha, há a denominação de crimes de aptidão, de perigo hipotético ou de crime 
de perigo abstrato-concreto. Referida teoria buscaria trazer uma nova classificação 
entre os quatro tipos de delitos acima descritos. Crimes de aptidão3 seriam aqueles em 
que o perigo seria parte do tipo, e não uma fundamentação da própria incriminação. Por 
isso, seriam diferentes dos crimes de perigo abstrato. Além disso, não exigiriam a 
demonstração de um perigo concreto, razão pela qual se diferenciariam dos crimes de 
perigo concreto. Referidos delitos seriam assim denominados por exigirem a aptidão da 
produção do resultado, ou seja, a potencialidade de causar o dano ao bem jurídico. Exigir-se-ia, assim, a 
idoneidade para a produção do resultado, sem exigir sua comprovação caso a caso, mas a demonstração de 
que, pelo que ordinariamente acontece, a conduta era idônea para colocar o bem jurídico em risco. 
 
3.4 QUANTO À FORMA DA CONDUTA 
Leva em conta a forma da conduta, se positiva ou negativa, separando os crimes em comissivos e omissivos. 
Crime comissivo: é aquele que é praticado por um comportamento positivo do agente, isto é, um fazer. São 
comissivos os crimes de furto e de infanticídio. 
 
Crime omissivo: é aquele que é praticado por meio de um comportamento negativo, uma abstenção, um 
não fazer. 
Os crimes omissivos se subdividem em: 
 
 
3 ROXIN, Claus. Derecho Penal. Parte General. Tomo I. Traducción de la 2ª edición alemana. Madrid: Thomsom Reuters, 2017, 
p. 411. 
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 Omissivos próprios: é aquele previsto em um tipo mandamental, ou seja, um tipo que já descreve 
um comportamento negativo no seu núcleo. O dever jurídico de agir, naquela situação, decorre do 
próprio tipo penal, que é chamado, então, de mandamental, por tornar criminosa uma abstenção 
(ou omissão) em determinadas circunstâncias. O agente, no caso, não tem o dever de evitar um 
resultado, mas simplesmente o dever de agir para não incorrer na prática do crime. 
Exemplo é o crime de omissão de socorro (“Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo 
sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo 
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”), em 
que a própria descrição do tipo penal é um não fazer (deixar de prestar assistência ou não pedir o 
socorro da autoridade pública). É também do caso dos crimes do artigo 168-A, caput, e do artigo 
359-F, ambos do CP. 
 
 Omissivos impróprios: também chamado de comissivo por omissão, é aquele cujo dever jurídico de 
agir decorre de uma cláusula geral, que, no Código Penal Brasileiro, está previsto em seu artigo 13, 
parágrafo segundo. O dever jurídico abrange determinadas situações jurídicas e se refere a qualquer 
crimecomissivo. O sujeito tem o dever de evitar o resultado naturalístico. Por isso, tais delitos são 
chamados comissivos por omissão. A doutrina aponta que só abrange crimes materiais, já que o 
agente deve ter o dever de evitar o resultado. 
São crimes naturalmente comissivos (praticados por um comportamento positivo, uma ação), como 
é o caso do homicídio, mas que podem ser praticados por uma conduta omissiva, no caso de o sujeito 
ter o dever jurídico de agir previsto na cláusula geral. 
Os crimes omissivos impróprios possuem as seguintes modalidades: 
 Por dever legal: aquele que tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. É o caso dos 
pais em relação aos filhos menores. Se deixarem de alimentá-los, podem responder pelo homicídio, 
um delito, no caso, omissivo impróprio. 
 Por dever de garantidor: é o sujeito que, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o 
resultado. É o salva-vidas de um clube, que, por vínculo de trabalho, se obriga a salvar uma criança 
que se afoga e pode responder pelo resultado morte, caso se abstenha de agir. 
 Por ingerência na norma: é aquele que, com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência 
do resultado. O sujeito que pôs fogo na mata, que se alastrou e não avisa os seus empregados rurais, 
que podem ser atingidos pelo fogo, responderá por sua abstenção, no caso de sofrerem lesão 
corporal. 
 
 Omissivos por comissão: parte da doutrina entende existir uma terceira modalidade de delito 
omissivo, o omissivo por comissão4. Cuida-se de crime tipicamente omissivo, mas há uma ação, um 
comportamento comissivo, que provoca a omissão. Daí decorre a sua denominação (omissivo por 
comissão), de modo que temos um delito naturalmente omissivo, mas que é praticado em razão da 
conduta positiva de outrem. 
 
Crime de conduta mista: é aquele cujo tipo prevê uma ação, seguida de uma omissão, sendo que ambos 
os comportamentos são necessários para a sua configuração. Haveria, portanto, uma mistura entre o crime 
comissivo e o omissivo. O exemplo é o crime de apropriação de coisa achada, do artigo 169, inciso II, do CP. 
O tipo penal é o seguinte: “quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, 
 
4 CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 17 ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 165. 
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[conduta comissiva] deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade 
competente, dentro no prazo de quinze dias [conduta omissiva].” 
 
Crime de esquecimento ou de “olvido”: é o crime omissivo culposo, sem representação5. Em 
outras palavras, é o crime omissivo praticado com culpa inconsciente, aquela em que o agente 
sequer prevê o resultado, apesar de previsível. Imaginem um pai que não cuida do filho de tão 
distraído que está em seus vícios. Ele sequer se lembra de que o filho está com ele, pois era o 
fim de semana em que ele cuidaria da criança. Deixa o som alto, e a criança, sem supervisão, 
sofre uma queda, grita por socorro e ele não ajuda, razão pela qual ela falece. Ele agiu com 
culpa inconsciente, pois sequer previu o resultado, em um crime omissivo. Os autores usam como exemplo 
os casos de alguém que esquece a válvula do gás aberta ou que não faz um sinal de trânsito que era 
necessário. 
 
3.5 QUANTO AO TEMPO DA CONSUMAÇÃO 
Considera o momento em que o crime se consuma: se de forma imediata; se há o 
prolongamento no tempo desta fase do iter criminis; se, ainda que imediata, a consumação 
produz efeitos permanentes; ou, por fim, se há um prazo temporal para sua consumação. 
Crime instantâneo: é aquele que se consuma imediatamente, em um instante definido. 
Podemos exemplificar com o furto. 
Crime permanente: é aquele cuja consumação se protrai no tempo, isto é, se prolonga. A fase 
da consumação persiste enquanto desejar o agente. O sujeito ativo do delito consegue prolongar no tempo 
a fase de consumação do delito. É o caso da extorsão mediante sequestro. 
Crime instantâneo de efeitos permanentes: é aquele que se consuma imediatamente, em um momento 
determinado no tempo, mas cujos efeitos se prolongam no tempo. É uma subespécie do crime instantâneo. 
São exemplos o aborto e o crime de parcelamento ilegal de solo6. 
Crime a prazo: é aquele que depende de determinado prazo para sua consumação, como o de apropriação 
de coisa achada (artigo 162, inciso II, do CP) e o de lesão corporal de natureza grave com resultado de 
incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias (artigo 129, § 1º, inciso I, do CP). 
Roxin, que não trata de crime instantâneo de efeitos permanentes, traz uma outra categoria, 
a dos delitos de estado. Seriam crimes que se consumam com o resultado, mas não precisam 
de atuação do autor para manutenção do estado criado pela conduta típica, mesmo que ele se 
beneficie de tal estado. Exemplo seria o da bigamia, delito em que o sujeito não precisa renovar 
os atos para se manter casado de forma ilícita. O homicídio seria outro exemplo7. 
 
 
5 ZAFFARONI, Eugenio Raul. PIERANGELI, José Henrique. Manual de direito penal brasileiro. 13 ed. São Paulo: Thomson Reuters 
Brasil, 2019, p. 489. 
6 STJ, RHC 65785/RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, DJe 27/04/2018. 
7 ROXIN, Claus. Ibidem, p. 411. 
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3.6 QUANTO À UNICIDADE OU NÃO DO TIPO PENAL 
Este critério classificatório se fundamenta no fato de o tipo penal ser único ou se ele resulta da fusão de 
mais de um tipo penal: 
Crime simples: é aquele que é formado por um único tipo penal, não resultando da reunião de outros tipos. 
Exemplos: infanticídio e furto. 
Crime complexo: é aquele cujo tipo é resultante da junção ou fusão de outros tipos penais, como o roubo, 
que decorre do constrangimento ilegal, da ameaça ou do crime relativo à violência e do furto. Temos, ainda, 
o latrocínio, resultante da soma do furto e do homicídio. Por fim, podemos exemplificar com a extorsão 
mediante sequestro, delito no qual se fundem os tipos penais da extorsão e do sequestro. 
 
3.7 QUANTO À DEPENDÊNCIA DE OUTRO CRIME PARA EXISTIR 
Considera a relação entre os delitos, se há ou não a dependência de outra infração para a sua configuração: 
Crime principal: é aquele que existe independentemente da ocorrência de outro delito. Se não possui 
ligação com outro delito, pode ser chamado de independente. Exemplos: furto, homicídio e estupro. 
Crime acessório: é aquele cuja ocorrência depende de um crime anterior. Exemplos: receptação, lavagem 
de capitais e favorecimento real. No caso de lavagem de dinheiro, o próprio agente pode ter cometido o 
crime anterior, pois se admite a punição da chamada autolavagem. 
Há ainda outra classificação: 
De fusão, de conexão ou de anexação: os delitos de fusão são aqueles que se relacionam a outro delito 
cometido anteriormente por terceiro, como o favorecimento pessoal, o favorecimento real e a receptação. 
É denominação utilizada por Eugenio Zaffaroni e Nilo Batista8. Entendo que não se confunde exatamente 
com o crime acessório, já que os autores definem essa denominação como o crime praticado por terceiro. 
No caso da lavagem de dinheiro, é punível a autolavagem (crime acessório e delito principal praticados pelo 
mesmo agente). 
 
3.8 QUANTO À FORMA DE UTILIZAÇÃO DO PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO 
Cuida-se de classificação que simplesmente diferencia as modalidades de aplicação do princípio da 
consunção ou da absorção, um dos incidentes no chamado concurso aparente de normas: 
Crime progressivo: é aquele em que o agente, para atingir o seu objetivo, precisa praticar um crime menos 
grave que é o caminho para a prática de outro. Cuida-se de condutas necessárias para a prática do crime 
desejado. É o caso do homicida que se utiliza de uma faca

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