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Bioquímica Fisiológica Metabolismo do Heme Heme ● Sintetizado nas células aeróbicas através de uma via metabólica que reúne inúmeras enzimas (citosólicas e mitocondriais). ● Possui 4 anéis pirrólicos que se ligam ao íon ferroso (Fe2+) , decorrente deste ligação, ocorre a ligação do O2 para ser transportado; Porfirina É um composto cíclico formado pela ligação de 4 anéis de pirrol através de pontes de meteno (=CH-; α, β, γ, δ). Uma outra propriedade da porfirina é a Dupla Ligação Conjugada, que é formada pelas pontes de meteno entre os anéis pirrólicos, de forma que as porfirinas absorvem luz na faixa visível. Metaloporfirinas Uma propriedade característica das porfirinas é poder formar complexos com íons metálicos, que se ligam no centro da porfirina junto aos nitrogênios dos anéis pirrólicos. As porfirinas podem se ligar a vários metais, por exemplo, grupamento heme (Ferroprotoporfirina) se ligando ao Fe2+, a clorofila A se ligando ao magnésio. Importância Biológica das Porfirinas Constituem um grupo, as Hemoproteínas, ou seja, contém o grupamento prostético Heme. Exemplos de algumas hemoproteínas humanas e de animais importantes: ● O heme é sintetizado a partir de uma porfirina; ● Anormalidades na biossíntese do heme originam doenças chamadas porfirias; ● A degradação do anel porfirínico do heme origina os pigmentos biliares, que são excretados via bile nas fezes e na urina; ● Anormalidades na biodegradação do heme originam doenças chamadas icterícias; Síntese do Heme A síntese do Heme se inicia na mitocôndria a partir de dois precursores, a glicina, que é um aminoácido, e do Succinil-CoA, que é um intermediário do ciclo de Krebs. As duas reações iniciais são sequenciais e catalisadas pela enzima 5-ALA Sintase, que tem como coenzima o piridoxal fosfato (derivado da Vitamina B6). Na primeira reação ocorre a união desses compostos (Succinil-CoA + Glicina) por meio dos átomos de carbono, ocasionando a liberação da Coenzima A (CoA). Já na segunda reação catalisada pela mesma enzima (ALA Sintase), ocorre uma descarboxilação do composto formado, havendo a geração do Ácido α-Amino-Levulínico, conhecido como ALA. As moléculas de ALA são transportadas para o citoplasma da célula, onde duas moléculas de ALA vão sofrer a ação da enzima Porfobilinogênio Sintase ou ALA desidratase para a formação do Porfobilinogênio (PBG), que é reconhecido como o primeiro precursor do pirrol. Sendo uma reação de condensação, onde ocorre a perda de duas moléculas de água, e a união das duas moléculas de ALA. A enzima Porfobilinogênio Sintase ou ALA desidratase contém o íon zinco (Zn) na sua estrutura, e pode ser inibida pela presença do chumbo (Pb). Na etapa seguinte, 4 moléculas de PBG sofrem a ação conjunta de duas enzimas, chamadas de Uroporfirinogênio I e III Sintase, formando inicialmente um composto linear (Hidroximetilbilano) que depois se fecham formando uma estrutura cíclica, chamado de Uroporfirinogênio III, porque os anéis de pirrol estão interligados apenas por ligações simples, e não por pontes de meteno. Nesta reação há liberação de H2O e 4 moléculas de NH4+. Na próxima etapa, o R1 (radical 1) da molécula de Uroporfirinogênio III, que é Acetato, sofre uma descarboxilação por meio da enzima Uroporfirinogênio Descarboxilase, assim, sendo convertido ao grupamento metil, formando, então, o composto Coproporfirinogênio III. Depois de formar o Coproporfirinogênio III, este composto é transportado para a mitocôndria, onde sofre a ação da enzima Coproporfirinogênio Oxidase, que irá oxidar dois grupamentos de propionato (P) ao grupamento Vinil, formando, então, o Protoporfirinogênio IX. O Protoporfirinogênio IX sofre a ação da enzima Protoporfirinogênio Oxidase, que finalmente oxida as ligações entre os anéis de pirrol, formando as pontes de meteno, assim, gerando a molécula Protoporfirina IX. A Protoporfirina IX é substrato da enzima Ferroquelatase ou Heme Sintase, que é a enzima responsável pela incorporação do íon ferroso (Fe2+) na estrutura da Protoporfirina IX, formando, assim, o grupamento Heme. O que acontece na última reação da síntese do Heme? A Protoporfirina IX possui seus 4 anéis pirrólicos ligados por pontes de meteno, e existe a distribuição dos grupamentos substituintes (Metil, Vinil e Propionato). Com a ação da ferroquelatase incorporando o Fe2+ no centro da estrutura Protoporfirina IX, formando o Heme (Grupamento prostético da hemoglobina). Regulação da Síntese do Heme ● A síntese do Heme acontece em praticamente todas as células do organismo, porém, acontece principalmente no fígado e nas células eritróides. ● No fígado a síntese do heme se faz necessária porque faz parte do grupo prostético do citocromo P450, que participa do metabolismo de xenobióticos para serem eliminados do organismo. Então, quando o organismo é exposto a compostos estranhos, o organismo responde aumentando a síntese do citocromo P450, com isso, a síntese de Heme é aumentada. Regulação da Síntese do Heme no Fígado No fígado, a via de síntese do Heme é regulada pela enzima ALA Sintase, que é a enzima responsável pela formação do ALA (Ácido α-Amino-Levulínico), e o regulador dessa via é o produto final, o próprio Heme. Existem 3 formas que o grupamento Heme utiliza para regular a síntese de heme. 1. Regulação da expressão do gene da ALA Sintase pelo Heme: onde o grupamento heme é capaz de entrar no núcleo e se ligar a uma molécula aporrepressora, assim regulando a expressão do gene da ALA Sintase. Na presença de Heme ocorre: ● Diminuição expressão do gene da ALA Sintase; ● Diminuição da taxa de síntese de heme; Na ausência de Heme ocorre: ● Aumento da expressão do gene da ALA Sintase; ● Aumento da taxa de síntese de heme; 2. Inibição do transporte de ALA-sintase do citosol para a mitocôndria pelo heme: como o gene da ALA sintase é nuclear, a proteína é sintetizada no citosol, porém é uma enzima mitocondrial, com isso, ela precisa ser transportada para a mitocôndria. A partir daí surge um ponto de regulação pelo heme. Na presença de Heme ocorre: ● Diminuição do transporte de ALA sintase para a mitocôndria; Na ausência de Heme ocorre: ● Aumento do transporte de ALA sintase para a mitocôndria; 3. Inibição por feedback da atividade catalítica da ALA sintase pelo Heme: o heme inibe diretamente a atividade da ALA sintase. Na presença de Heme ocorre: ● Diminuição da atividade da ALA sintase; Na ausência de Heme ocorre: ● Aumento da atividade da ALA sintase; Regulação da Síntese do Heme nas Células Eritróides ● Responsável pela síntese de ~85% dos grupos Heme; ● Esse grupamento Heme irá compor a Hb que é parte constituintes das hemácias; ● A síntese de Heme acontece de forma contínua, diferente das células do fígado; Duas enzimas parecem controlar a regulação da síntese do heme nas células eritróides A primeira é a PBG Desaminase, que é Uroporfirinogênio I Sintase, que é a enzima que catalisa a união entre 4 molécula de PBG para formar um composto linear de 4 anéis pirrólicos, denominado Hidroximetilbilano. A segunda enzima é a Ferroquelatase, que é a última enzima da via que catalisa a reação entre a Protoporfirina III e o íon ferroso (Fe2+), formando o grupamento Heme. O grupo Heme não parece ser o regulador da sua própria síntese nas células eritróides, no entanto, sabe-se que nos reticulócitos, o grupamento heme estimula a síntese de proteína de uma maneira geral. Nos eritrócitos, o ferro é possível um regulador da biossíntese do heme, uma vez que ensaios in vitro demonstraram que complexos lipídicos-ferro solúveis estimulam a biossíntese de heme. Porfirias ● São anomalias adquiridas ou hereditárias da síntese do heme; ● Há o comprometimento de uma das várias enzimas que participam da síntese de heme, promovendo acúmulo de precursores da porfirina. O que resulta em excreção aumentada de porfirinas ou de seus precursores; ● Podem ser classificadas em: ○ Porfirias hereditárias e adquiridas (Intoxicação por Hb, envenenamento por chumbo); ○ Porfirias eritropoiéticas e hepáticas;○ Porfirias agudas e cutâneas; Porfirias Hereditárias Tem como causa a mutação no DNA, que leva a alterações das enzimas da síntese de heme, com isso, podem resultar: ● No acúmulo de ALA e PBG e/ou diminuição do heme nas células e nos líquidos do corpo, causando sintomas neuropsiquiátricos, pois a ALA inibe ATPase no tecido nervoso e paralisa a condução do sinal. ● No acúmulo de porfirinogênios na pele e nos tecidos (de Uroporfirinogênio III, Coproporfirinogênio III e Protoporfirinogênio IX), podendo haver oxidação espontânea de porfirinogênios em porfirinas, causando uma fotossensibilidade. Porfirias Eritropoiéticas As células eritróides são as que mais sofrem com o defeito em uma determinada enzima da via de síntese do heme. Existem 3 classificações: 1. A primeira está associada a Anemia sideroblástica ligado ao X, 2. A segunda é a Protoporfiria, sendo associada a um defeito na enzima Ferroquelatase; 3. A terceira é a Porfiria eritropoiética congênita, que está associada a enzima Uroporfirinogênio III Sintase; 3. Porfirias Eritropoiéticas Congênita Nesta porfiria, o paciente apresenta lesões cutâneas, fotossensibilidade e depósitos de pigmentos fluorescentes na pele, nos ossos e nos dentes. Os ensaios laboratoriais indicam porfobilinogênio negativo e uroporfirina positiva. É a única porfiria que tem herança Autossômica recessiva, todas as outras são dominantes. Porfirias Hepáticas As células do fígado são as que mais sofrem com defeitos em alguma enzima da biossíntese do heme. Existem 5 classificações: 1. Deficiência de ALA desidratase: é caracterizada por um defeito na ALA Desidratase; 2. Porfiria intermitente aguda: é caracterizada por um defeito na enzima PBG Desaminase ou Uroporfirinogênio I sintase; 3. Porfiria cutânea tardia: associada a um defeito na Uroporfirinogênio Descarboxilase; 4. Coproporfiria hereditária: acontece por conta de um defeito na enzima Coproporfirinogênio Oxidase; 5. Porfiria variegata: está associada a um defeito na enzima Protoporfirinogênio Oxidase; 3. Porfiria Hepática - Porfiria Cutânea Tardia ● O principal sintoma é a fotossensibilidade; ● Podendo ocorrer hiperpigmentação, eritema, mancha, erosão, bolhas e cicatrizes. ● Os ensaios laboratoriais apresentam Porfobilinogênio negativo e uroporfirina positiva. Recomendações Devido os níveis dos metabólitos que causam lesão nas porfirias variam nos diferentes órgãos ou células. ● Evitar: Qualquer anestésico ou droga, que induza o citocromo P450 e aumenta a síntese de heme. ● Ingerir: alimentos mais ricos em carboidratos, que diminui a indução de ALA Sintase. ● Administrar: ○ Hematina - hidróxido de heme, que reprime a ALA Sintase; ○ β-caroteno, que diminui radicais livres e a fotossensibilidade; Degradação do Heme Em um homem adulto de 70 kg, em condições fisiológicas são destruídas de 100 a 200 milhões (1-2 x 108) de hemácias/dia. Assim, gerando ~6 g de Hb. Cada grama de Hb gera ~35 mg de bilirrubina, com isso há produção de ~250 a 350 mg de bilirrubina/dia, que corresponde a ~6 x 35 mg da Hb + o restante de outras fontes. Metabolismo da Hb e Degradação do Heme ● O grupamento heme está presente na Hb, na mioglobina, nos citocromos e em diversas enzimas, como catalase, peroxidase, entre outras. ● A principal fonte do Heme provém das hemácias que são retiradas da circulação sanguínea. ● Quando as hemácias são lançadas na circulação por cerca de 120 dias, após esse período são reconhecidas por macrófagos do retículo endotelial, sendo fagocitadas e posteriormente degradadas. Hemoglobina: ● Porção da globina: é degradada e os aminoácidos são reutilizados; ● Porção do Heme: ○ Ferro: passa para o reservatório e depois é reutilizado; ○ Porção porfirínica sem ferro: é catabolizada nas células reticuloendoteliais do fígado, baço e medula óssea. Ocasionando a formação de pigmentos biliares ou bilirrubina, que é transportada para o sangue, onde se associa a proteína plasmática albumina, sendo endereçada ao hepatócitos, para sofrer alterações e depois ser excretadas por meio da bile na urina e nas fezes; Degradação do Heme Na primeira etapa da degradação do heme ocorre a oxidação e clivagem da ponte de meteno α, que liga os anéis pirrólicos I e II. Esta reação é catalisada por um sistema enzimático complexo presente no retículo endoplasmático, denominado de Heme-oxigenase, junto com a NADPH-citocromo C redutase, ambas fazendo a oxidação da ponte de meteno α do heme. Para acontecer esse reação precisa-se da participação de O2, resultando na liberação de Fe2+, CO e Biliverdina, que é a abertura do anel porfirínico, assim, formando uma estrutura linear. Na segunda etapa, o composto intermediário, Biliverdina, sofre a ação enzima NADPH-biliverdina redutase citoplasmática, que catalisa a redução da ponte de meteno, entre os anéis pirrólicos III e IV, além de incorporar um átomo de H+ na biliverdina, assim, reduzindo-a a bilirrubina. Nesta reação a coenzima NADPH é reduzida a NADP+, devido a liberação do H+. A bilirrubina posteriormente sai da célula, sendo transportada para o sangue, se liga a albumina formando um complexo bilirrubina ou albumina sérica, para ser transportada até o fígado. Hematoma - Conversão do heme em bilirrubina Os compostos que participam dessas duas primeiras reações da degradação do heme podem ser visualizados na formação do hematoma. Hematoma é o extravasamento de sangue do vaso sanguíneo, que pode ser resultado de um traumatismo, uma alteração hematológica ou de outras causas. O hematoma passa da cor vermelho escuro (heme) para esverdeado (biliverdina) e depois amarelado (bilirrubina). Ligação da Albumina com a Bilirrubina Bilirrubina ● É pouco solúvel em água, por isso, liga-se a albumina para ser transportada no plasma. ● Possui 2 sítios de ligação com a albumina: ○ Um de alta afinidade: podem se ligar cerca de 25 mg de bilirrubina por 100 mL de plasma; ○ Outro de baixa afinidade: a bilirrubina se liga nesses sítios quando está em excesso no plasma, assim, ligando-se fracamente, podendo se difundir para os tecidos; ○ Em condições normais: algumas drogas e antibióticos competem com a bilirrubina pelo sítio de alta afinidade, dando falsos sinais de icterícia. Degradação do Heme no Fígado Após a formação da bilirrubina, vai para a circulação sanguínea, e forma-se o complexo bilirrubina ou albumina sérica, sendo uma bilirrubina não-conjugada. Esse complexo bilirrubina ao chegar no fígado é internalizado. Nos hepatócitos, a bilirrubina, provinda da corrente sanguínea, sofre uma reação de conjugação por meio da enzima Glicuronil Bilirrubina Transferase, ou seja, a bilirrubina é conjugada com dois grupamentos Glucuronides, resultando na conversão do composto Bilirrubina Diglicuronídeo, possuindo maior solubilidade e pode ser secretada pela bile. A partir dessa reação de conjugação, torna-se uma bilirrubina conjugada. A Bilirrubina conjugada ou Bilirrubina Diglicuronídeo é lançada no intestino por intermédio da bile, e no intestino sofre a ação de enzimas microbianas, ou seja, pela microbiota intestinal, com isso, os dois grupamentos Glucuronides são removidos, formando novamente a bilirrubina. Na reação seguinte, ainda no intestino, as outras pontes de meteno são reduzidas, ocorrendo a formação do Urobilinogênio (incolor), que poderá continuar no intestino e sofrer outras reações, como ser convertido em Estercobilina, que é o principal pigmento das fezes. Ou o Urobilinogênio pode retornar ao sangue, onde acaba sendo excretado pela urina, sob a forma de Urobilina. Icterícias ● Hiperbilirrubinemia - é o acúmulo anormal de pigmentos biliares no plasma, onde o valor de bilirrubina no sangue é maior que 1,5-2,0 mg/dL; ● Icterícia - reflete o acúmulo anormal de pigmentos biliares no plasma mais elevado, em quantidades suficientes para produzir tonalidade amarelada da pele e da esclerótica; ***A cor amarelada se deve ao acúmulo de bilirrubina sob a pele, causada, por exemplo, por disfunções hepáticas e cálculos biliares. Quando a quantidade de Bilirrubina nosangue estiver em: ● ~2 a 3 mg/dL - Esclerótica amarelada; ● ~4 a 5 mg/dL - Pele amarelada; Síntese dos Pigmentos Biliares Resumo: Após o tempo médio de vida das hemácias (120 dias), elas são retiradas da circulação, sendo reconhecidas e fagocitas por macrófagos específicos que compõem o Sistema Reticuloendotelial (reticulócito endotelial). No interior dos macrófagos a hemácia é processada, tendo a liberação da Hb, que por sua vez também é degradada, onde a porção da globina é processada, tendo liberação de aminoácidos, que serão reciclados para a síntese de novas proteínas. Já porção do Heme é degradada, havendo a liberação de: 1. CO - que será exalado; 2. Fe2+ - sendo transferido para o sangue, onde ele circula na forma de Transferrina (Fe3+) e depois transportado para a medula óssea, onde esse ferro será utilizado para a síntese de heme, que posteriormente irá compor a Hb, principal constituinte da hemácia que estão sendo sintetizadas e serão lançadas na corrente sanguínea; 3. Biliverdina - Depois é convertida em bilirrubina e é transportada para o sangue, onde se liga à albumina e formam o complexo bilirruina-albumina. Algumas hemácias sofrem hemólise no meio intravascular, com isso, seu conteúdo é liberado no sangue. Quando isso ocorre, a Hb se associa a enzima Haptoglobina e o grupamento heme se associa a Hemopexina. A formação desses complexos tem como objetivo reter moléculas que contém ferro no nosso organismo. Além disso, esses dois complexos são endereçados ao macrófagos específicos do sistema reticuloendotelial, onde serão devidamente processados. O complexo bilirrubina-albumina é transportado no sangue e quando chega ao fígado, a bilirrubina é internalizada, sofre as reações de conjugação, formando o composto Bilirrubina Diglicuronídeos, que é lançado no intestino através da bile. No intestino, a bilirrubina conjugada ou bilirrubina diglicuronídeos é convertida a Bilirrubina novamente, e depois a Urobilinogênio, por ação de enzimas microbianas. A maior parte desse Urobilinogênio é eliminado nas fezes, como estercobilinogênio ou estercobilina (forma oxidada). Entretanto, uma parte do Urobilinogênio retorna para o sangue e depois para o fígado, e depois novamente ao intestino, fazendo parte de um ciclo, chamado de Ciclo intra-hepático do Urobilinogênio. Mas também, outra pequena parte do Urobilinogênio pode ser endereçada para os rins, onde será excretado sob a forma de Urobilina na urina, que é um pigmento amarelo característico da urina. A ICTERÍCIA, então, é um acúmulo anormal de bilirrubina no sangue, e existem três tipos de icterícias, em função da causa que leva a esse acúmulo anormal de bilirrubina sérica. 1. Icterícia Pré-hepática - a causa é anterior a passagem da bilirrubina ao fígado. Isso ocorre devido a uma degradação excessiva de Heme, consequentemente uma formação elevada de bilirrubina. 2. Icterícia Hepática - a causa é diretamente no fígado, seja na captação da bilirrubina, ou nas enzimas envolvidas no processo de conjugação da bilirrubina, ou devido a micro obstruções que podem ocorrer no dutos que conduzem a bilirrubina conjugada até a vesícula biliar. Esse defeito também leva ao acúmulo de bilirrubina no sangue. 3. Icterícia Pós-Hepática - a causa é posterior a passagem da bilirrubina do fígado. Sendo associada a obstrução dos dutos que conduzem a bile para o intestino, com isso, leva um acúmulo de bilirrubina no fígado, que por sua vez regurgita esse excesso de bilirrubina de volta para o sangue, causando esse aumento e acúmulo sanguíneo, e também podendo se depositar em alguns tecidos. Icterícias A determinação da concentração de bilirrubina sérica pode ser feita por meio da Reação de Van den Bergh (reagente de Erlich), que consiste na reação entre a bilirrubina + ácido sulfanílico diazotado (reagente de Erlich), formando o composto Diazo, que é colorido, e por isso pode ser quantificado. ● Bilirrubina Conjugada ou Bilirrubina Diglicuronídio - a reação acontece sem a necessidade de um solvente, como o metanol, então, é dita como uma reação direta. Também pode ser chamada de Bilirrubina direta, porque é solúvel em meio aquoso e sofre essa reação diretamente. Essa icterícia aparece com mais frequência por causa da obstrução biliar. ● Bilirrubina não conjugada (associada a albumina) - a reação acontece com a necessidade de um solvente, como o metanol para que possa reagir com o reagente de Erlich, devido a isso, é chamada de reação indireta. Também pode ser denominada de Bilirrubina Indireta, porque é insolúvel em meio aquoso. Essa icterícia se apresenta com mais frequência nos casos de icterícia hemolítica. Icterícias Pré-hepáticas São causadas pela produção de bilirrubina em quantidade superior a aquela que o fígado normal pode excretar. Exemplos: ● Anemia hemolítica; ● Hemólise intravascular; ● Doenças autoimunes; ● Produção de Hb mutada; Então, ocorre uma produção exacerbada de bilirrubina no organismo, o fígado não dá conta de processar toda essa quantidade que chega, porém, o fígado está trabalhando na sua capacidade máxima. Devido a isso, existe muita bilirrubina no fígado e no intestino, e com isso, há uma alta formação no intestino de urobilinogênio, sendo assim, mais urobilinogênio vão ser excretados pelas fezes e urina. No entanto, essa bilirrubina, que está em excesso e circulante no sangue, não consegue ser eliminada pela urina, porque é insolúvel no meio aquoso, e devido a isso, está associada a albumina, não sendo filtrada pelos rins. ● Plasma: aumento de bilirrubina indireta (não conjugada); ● Urina: aumento de urobilinogênio e ausência de bilirrubina; ● Fezes: aumento de urobilinogênio; Icterícias Pós-hepáticas São causadas pela obstrução das vias biliares, o que impede a passagem da bile para o intestino, forçando o retorno da bilirrubina conjugada ao sangue. Exemplos: ● Obstrução dos ductos biliares; ● Cálculos biliares; ● Tumores biliares; ● Câncer da cabeça do pâncreas; ● Cálculos renais e de vesícula biliar; ● Síndrome de Dubin-Johnson; ● Síndrome de Rotor Nesta icterícia, a quantidade de bilirrubina produzida no organismo é normal, portanto, os níveis séricos de bilirrubina de bilirrubina não conjugada ou indireta associada a albumina estão dentro da normalidade. A bilirrubina consegue ser internalizada no fígado, sofrem as reações de conjugação, porém por alguma obstrução das vias biliares, a bilirrubina não consegue ser lançada no intestino. Desta forma, a quantidade de urobilinogênio formada no intestino é muito baixa ou inexistente. Assim, como nos rins, pode ser baixa ou ausente. A bilirrubina conjugada pode ser regurgitada para o sangue pelo fígado. Diferente da bilirrubina não conjugada, a bilirrubina conjugada é solúvel em meio aquoso por possuir dois resíduos de glicuronídeos. Devido a essa solubilidade, a bilirrubina conjugada pode ser filtrada e excretada pelos rins na urina. ● Plasma: aumento de bilirrubina conjugada; ● Urina: ausência de urobilinogênio e presença de bilirrubina direta; ● Fezes: baixo ou ausente o urobilinogênio; Icterícias Hepáticas São caracterizadas pela insuficiência de um fígado lesado para internalizar, conjugar ou excretar a bilirrubina produzida em quantidades normais. Exemplos: ● Hepatites A, B e C; ● Tumores hepáticos; ● Icterícias tóxica (fármacos); ● Icterícia Neonatal; ● Síndrome Crigler-Najjar Tipo I; ● Síndrome Crigler-Najjar Tipo II; ● Síndrome de Gilbert; ● Deficiência de glicuronil transferase; Nesta icterícia, existe algum defeito no fígado, causado por alguma lesão, de forma que o fígado não consiga internalizar, conjugar ou excretar a bilirrubina no intestino. A quantidade de bilirrubina produzida no organismo é normal. Caso o defeito seja na internalização da bilirrubina ao fígado, ela poderá aparecer aumentada no plasma. Se o problema for na conjugação da bilirrubina, com o acontecimento parcial das reações, ou seja, a conjugação não acontece de forma perfeita, tornando o transporte para o intestino um pouco deficiênte. podendo ocorrer tambémmicro obstrução dos ductos hepáticos que conduzem a bile para a vesícula biliar, de forma que menos bilirrubina conjugada chegará no intestino. Então, o resultado apresentado nas icterícias hepáticas é o aumento de bilirrubina direta ou indireta. ● Plasma: aumento de bilirrubina direta e indireta; ● Urina: diminuição do urobilinogênio e presença de bilirrubina (se houver micro obstrução); ● Fezes: diminuição do urobilinogênio (se houver micro obstrução); ***Duas enzimas, como aspartato transaminase e alanina transaminase, são utilizadas para efetuar o diagnóstico. Icterícia Neonatal Logo após o nascimento, a Hb Fetal tem que ser substituída pela Hb de adulto, ocorrendo uma hemólise acelerada. Em alguns bebês, os sistemas hepáticos ainda se apresentam imaturo, tendo a etapa de conjugação limitada, com isso, acontece um acúmulo de bilirrubina que não consegue ser internalizada por causa da imaturidade do fígado. Então, esse aumento de bilirrubina no sangue pode resultar em Kernicterus, que é uma encefalopatia associada a uma hiperbilirrubinemia tóxica, quando o bbeê apresenta quantidades acima de 25 mg/dL .Neste caso, a bilirrubina consegue atravessar a barreira hematoencefálica e causar danos mentais irreversíveis. O tratamento dessa icterícia é feito por meio do Fenobarbital e fototerapia. Na fototerapia é utilizada luz azul, porque a bilirrubina na presença de luz azul é convertida em lumirrubina, assim, podendo ser excretada pela bile.
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