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geografia humana

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Prévia do material em texto

2019
1a Edição
GeoGrafia Humana e da 
PoPulação
Karoline Kolosinski Obal
Talita Cristina Zechner Lenz
Copyright © UNIASSELVI 2019
Elaboração:
Karoline Kolosinski Obal
Talita Cristina Zechner Lenz
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
OB12g
 Obal, Karoline Kolosinski
 Geografia humana e da população. / Karoline Kolosinski Obal; Talita 
Cristina Zechner Lenz. – Indaial: UNIASSELVI, 2019.
 219 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0303-4
1. Geografia humana. – Brasil. 2. Geografia da população. – Brasil 
I. Lenz, Talita Cristina Zechner. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 304.6
III
aPresentação
Realizar uma leitura geográfica da realidade requer que o profissional, 
o pesquisador, e até mesmo os licenciados tenham uma base sólida no 
que diz respeito à tarefa. A leitura envolve um binômio entre os aspectos 
físicos e humanos da ciência geográfica e, quando realizada em conjunto, 
proporciona uma abordagem totalizadora, permitindo que a sociedade possa 
compreender e intervir sobre a realidade.
Para tanto, neste livro de estudos, será disponibilizada uma série 
de discussões teóricas que visam dar embasamento para que você, futuro 
professor, possa conhecer o viés humano da Ciência Geográfica. Em um 
primeiro momento, trataremos sobre um breve apanhado da história de 
construção da Geografia Humana e seus conceitos, como espaço, território 
e paisagem etc. Não menos importante, a relação sociedade e natureza, bem 
como espaço e tempo serão contextualizados. Vamos compreender que não 
existe como separar o homem de sua relação com a natureza, pois é dela que 
se efetivam a produção e organização daquilo que conhecemos como ciência 
geográfica.
Nosso foco estará pautado também na Geografia da População, com 
as teorias demográficas de maior destaque, bem como o perfil demográfico 
da população mundial. Assim, poderemos compreender como se dão as 
desigualdades no mundo, sejam elas sociais, econômicas, políticas etc. Ainda, 
como a sociedade, por meio dos usos necessários do espaço para a vida da 
população, se apropria da natureza, e quais os desafios do século XXI em 
relação à saúde e energia para os povos do planeta.
Outros aspectos relevantes para a discussão dizem respeito à 
estrutura da população sobre a ótica da idade, por exemplo, quais os desafios 
e onde se localizam as populações mais ou menos jovens. Ainda, os aspectos 
relacionados ao mundo do trabalho em relação a uma população que está 
no processo de envelhecimento, bem como os desafios alimentares e de 
sustentabilidade do planeta. Encerraremos nosso debate com a abordagem 
das migrações recentes, visando compreender o todo do debate que tanto 
gera conteúdo nos últimos anos. 
Convidamos, desta maneira, você, estudante, a iniciar conosco o 
trajeto de aprendizagem sobre os temas que são extremamente pertinentes 
para compreendermos e atuarmos em nossa realidade. Bons estudos!
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
V
VI
VII
UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRIA, OS DUALISMOS, AS INTERFACES ENTRE O BINÔMIO 
SOCIEDADE E NATUREZA E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA 
GEOGRAFIA HUMANA ............................................................................................ 1
TÓPICO 1 – BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA DEFINIÇÃO .............. 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ORIGEM DA GEOGRAFIA ENQUANTO CIÊNCIA ...... 3
3 CIÊNCIA GEOGRÁFICA: DA QUANTIFICAÇÃO À BUSCA DA ANÁLISE CRÍTICA ..... 10
4 GEOGRAFIA HUMANA: POR QUAL MOTIVO? ....................................................................... 12
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 15
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 16
TÓPICO 2 – OS DUALISMOS NA GEOGRAFIA HUMANA: COMO ANALISAR AS 
RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E ESPAÇO-TEMPO? ............................... 19
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 19
2 BUSCA DA TOTALIDADE DA RELAÇÃO SOCIEDADE-NATUREZA ................................. 19
3 ESPAÇO-TEMPO: DIALÉTICA DA PRODUÇÃO DA MATERIALIDADE NO ESPAÇO ...... 23
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 29
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 30
TÓPICO 3 – CONCEITOS CENTRAIS NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: 
 ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO ............................................................................ 33
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 33
2 ESPAÇO: O CONCEITO QUE DÁ SENTIDO AO ESTUDO GEOGRÁFICO ......................... 33
3 TERRITÓRIO: BUSCA PELA COMPREENSÃO DE UMA PORÇÃO DO ESPAÇO ............. 37
4 REGIÃO: ANÁLISE DO MEIO POR RECORTES ......................................................................... 41
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 46
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 47
TÓPICO 4 – CONCEITOS ELEMENTARES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: 
PAISAGEM E LUGAR ..................................................................................................... 49
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 49
2 PAISAGEM: A MATERIALIZAÇÃO DAS RELAÇÕES SOCIEDADE E NATUREZA .......... 49
3 LUGAR: ENTRE O INDIVÍDUO E O MUNDO ............................................................................. 54
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 60
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................62
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 63
UNIDADE 2 – O ESTUDO DA POPULAÇÃO NO CAMPO DA GEOGRAFIA ........................ 65
TÓPICO 1 – ASPECTOS INTRODUTÓRIOS PARA COMPREENDER O ESTUDO DA 
POPULAÇÃO NO PLANO DA GEOGRAFIA ........................................................... 67
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 67
sumário
VIII
2 O QUE SE ENTENDE POR GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO? QUAL SUA RELAÇÃO 
 COM A DEMOGRAFIA? .................................................................................................................... 67
3 A EXPANSÃO DA POPULAÇÃO AO LONGO DA HISTÓRIA ................................................ 75
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 82
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 83
TÓPICO 2 – PRINCIPAIS TEORIAS E CONCEITOS DEMOGRÁFICOS E POPULACIONAIS ...... 85
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 85
2 CONCEITOS DEMOGRÁFICOS PARA ESTUDAR A POPULAÇÃO ..................................... 85
3 POPULAÇÃO ABSOLUTA E DENSIDADE DEMOGRÁFICA .................................................. 86
4 TAXA DE NATALIDADE .................................................................................................................... 95
5 TAXA DE FECUNDIDADE ................................................................................................................ 98
6 TAXA DE MORTALIDADE ................................................................................................................ 101
7 EXPECTATIVA DE VIDA OU ESPERANÇA DE VIDA ............................................................... 109
8 ESTRUTURA ETÁRIA ......................................................................................................................... 111
9 TEORIAS DEMOGRÁFICAS............................................................................................................. 113
9.1 TEORIA MALTUSIANA ................................................................................................................. 114
9.2 TEORIA NEOMALTHUSIANA .................................................................................................... 115
10 TEORIA REFORMISTA OU MARXISTA ...................................................................................... 116
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 121
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 122
TÓPICO 3 – A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL .............................. 125
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 125
2 A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO MUNDIAL .................................................. 125
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 134
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 142
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 143
UNIDADE 3 – TEMAS EMERGENTES NOS ESTUDOS DA GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO ...... 145
TÓPICO 1 – O FENÔMENO MIGRATÓRIO NA ATUALIDADE ................................................ 147
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 147
2 A QUESTÃO DOS MOVIMENTOS POPULACIONAIS ............................................................. 147
3 FATOS RELEVANTES SOBRE O PANORAMA DAS MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS 
 NA ATUALIDADE ............................................................................................................................... 155
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 161
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 163
TÓPICO 2 – A SAÍDA DOS BRASILEIROS DO BRASIL .............................................................. 165
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 165
2 O MOVIMENTO DE EMIGRAÇÃO DOS BRASILEIROS ......................................................... 165
3 PRINCIPAIS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A SAÍDA DOS BRASILEIROS DO 
BRASIL .................................................................................................................................................. 168
4 REDES MIGRATÓRIAS ...................................................................................................................... 175
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 180
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 181
TÓPICO 3 – DESAFIOS PARA A GEOGRAFIA DA POPULAÇÃO: O PROBLEMA DA 
 FOME E A QUESTÃO DO ENVELHECIMENTO POPULACIONAL .................. 183
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 183
2 APONTAMENTOS SOBRE A QUESTÃO DA FOME .................................................................. 183
IX
3 O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E A TRANSIÇAO DA ESTRUTURA ETÁRIA ..... 194
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 197
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 209
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 210
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 213
X
1
UNIDADE 1
BREVE HISTÓRIA, OS DUALISMOS, 
AS INTERFACES ENTRE O BINÔMIO 
SOCIEDADE E NATUREZA E OS 
CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA 
GEOGRAFIA HUMANA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir dos estudos desta unidade, você será capaz de:
• compreender a geografia humana enquanto um ramo da ciência geográfi-
ca dedicada ao estudo totalizante e interpretativo das interações socieda-
de e espaço;
• examinar os dualismos em torno de sociedade-natureza e espaço-tempo. 
São relações indissociáveis e devem estar presentes em todas as análises 
geográficas;
• identificar as relações estabelecidas entre o espaço e o conceito estrutu-
rante da geografia, território e região, escalas de análise espacial e as suas 
especificidades;
• analisar a paisagem e o lugar enquanto recortes dentro do espaço geográ-
fico. São capazes de revelar, cada um com sua maneira, as interações das 
dinâmicas entre sociedade e espaço.
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade 
você encontrará autoatividades que têm o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.
TÓPICO 1 – BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA 
DEFINIÇÃOTÓPICO 2 – OS DUALISMOS NA GEOGRAFIA HUMANA: COMO 
ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E 
ESPAÇO-TEMPO? 
TÓPICO 3 – CONCEITOS CENTRAIS NO ESTUDO DA GEOGRAFIA 
HUMANA: ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO 
TÓPICO 4 – CONCEITOS ELEMENTARES NO ESTUDO DA GEOGRAFIA 
HUMANA: PAISAGEM E LUGAR
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA 
DEFINIÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico abordaremos as questões relativas à estruturação da geografia 
enquanto ciência, buscando dar ênfase ao ramo geografia humana. Para tanto, 
analisaremos que o homem sempre esteve em contato com a leitura de espaço, 
por ser uma necessidade ao desenvolvimento das suas atividades. Assim, o 
conhecimento geográfico foi algo inerente ao homem desde a pré-história, sendo 
sistematizado conforme o seu horizonte geográfico se expandia. 
Vislumbraremos, de maneira breve, a sistematização da geografia e 
os primeiros passos da geografia humana sob o viés de duas escolas (alemã e 
francesa), para enfim ser concebida como uma ciência. Poderemos compreender 
que a relação entre o homem e o meio estava sempre presente, mesmo que 
mascarada por outros discursos. Enfim, serão pontuadas as áreas específicas 
desempenhadas pela geografia humana.
Por fim, as exposições deste tópico sobre a história da Geografia Humana 
e sua definição estarão baseadas na pontuação de suas áreas específicas. Podemos 
citar, neste momento, a Geografia Agrária, Urbana, Econômica, da População, 
entre tantas outras, que constituem o todo da abordagem humana, no entanto 
sem excluir de suas análises os aspectos naturais, pois a Geografia preocupa-se 
primordialmente em realizar a leitura da relação existente entre o homem e o 
meio, a sociedade e a natureza. Bons estudos!
2 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA ORIGEM DA GEOGRAFIA 
ENQUANTO CIÊNCIA
A geografia, como veremos adiante, é uma ciência que está em constante 
processo de transformação e devido, sobretudo, à dinâmica própria da sociedade, 
do refazer-se constantemente.
A construção do pensamento geográfico passou por diversos períodos até 
chegar ao que hoje conhecemos como ciência geográfica. Lencioni (2003) chama a 
atenção para a diferença existente entre dois aspectos: conhecimento geográfico 
e geografia:
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
4
● Conhecimento geográfico: constitui-se como o conhecimento sobre o mundo. 
Está presente em toda civilização, pois viver significa conhecer o espaço 
circundante e produzir interpretações a partir de experiências, mesmo elas 
sendo simples.
● Geografia: os conhecimentos sistematizados que servem para dar origem a 
uma ciência, o que ocorreu somente no século XIX.
Para darmos conta da compreensão, trabalharemos a seguir, de maneira 
breve, o primeiro dos dois aspectos. Assim, podemos nos apoiar ainda em 
Lencioni (2003) quando a autora explana sobre a falta de precisão quando falamos 
em datação. Para ela, a geografia não pode ser datada a partir de uma época 
específica, visto que não há como conceber a vida humana na superfície terrestre 
sem a existência de conhecimentos geográficos.
 
Andrade (1992) afirma que a aplicação e o conhecimento geográfico 
já existiam desde a pré-história, desenvolvendo-se quando a civilização se 
desenvolveu. Também houve o aumento do ritmo e da capacidade de dominar 
e modificar a natureza para utilização dos recursos que estavam disponíveis. 
Assim, vamos refletir: de que maneira os conhecimentos geográficos serviam ao 
homem pré-histórico? Qual a aplicação de determinado tipo de conhecimento em 
seu cotidiano?
Na pré-história e na antiguidade, o conhecimento geográfico era 
utilizado basicamente para desenhar roteiros a serem seguidos, indicar recursos 
que estavam disponíveis para a exploração, vinculando-se profundamente à 
cartografia e à astronomia. De certa maneira, a sobrevivência de alguns grupos 
humanos dependia, de forma direta, da relação que estes estabeleciam com o 
espaço.
A ampliação do conhecimento geográfico se tornou uma necessidade 
ainda mais importante na medida em que as atividades de comércio e colonização 
se desenvolviam no mundo civilizado. Para termos uma noção mais ampla do 
conhecimento para os diferentes povos, acompanharemos a figura a seguir, que 
organiza essas informações de maneira direta.
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA DEFINIÇÃO
5
FIGURA 1 – CONHECIMENTO GEOGRÁFICO
FONTE: A autora
IMPORTANT
E
Geografia é uma palavra grega que deriva do termo geographia. Geo significa 
“Terra” e graphia “descrever”, ou seja, a geografia pode ser entendida como a descrição ou 
estudo da Terra.
Por esse e por outros motivos os gregos podem ser considerados os primeiros geógrafos, 
visto que foram os pioneiros na construção de um conhecimento metódico e relacionado 
à diferenciação do mundo, conhecimento sobre clima, marés, rios e a superfície da Terra 
(ANDRADE, 1992; LENCIONI, 2003). No contexto, podemos ainda conhecer uma figura de 
destaque: Estrabão, um filósofo grego que se dedicava à geografia e à história. Para ele, o 
saber geográfico é uma forma de conhecer o mundo e atender às necessidades humanas, 
sendo também um saber considerado estratégico.
Os próximos, na linha de sucessão do desenvolvimento de conhecimentos 
geográficos, são os Árabes. Lencioni (2003) evidencia a necessidade de os povos 
nômades desenvolverem a orientação e o conhecimento dos lugares. Assim, 
conseguiriam realizar sua mobilidade territorial com assertividade.
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
6
Chamamos a sua atenção para o período conhecido como Idade Média, 
pois nele que o pouco conhecimento geográfico foi produzido e compartilhado, 
visto que a igreja realizava o controle e a regulação de todo o material produzido, 
considerado “profano”.
A valorização, recuperação e atualização do conhecimento geográfico se 
deram em virtude das trocas mercantis, baseando-se essencialmente em torno de 
relatos de viagens. Contudo, foi no renascimento, um dos últimos períodos antes 
da sistematização da geografia, e com a crença da razão, que o homem buscou 
compreender o mundo de maneira mais efetiva.
 
Podemos conhecer mais duas figuras importantes na história do 
conhecimento geográfico: Foster e Kant. Considerados importantes pesquisadores 
da geografia, desenvolveram ideias gregas e romanas e partiram para o estudo 
dos recortes da superfície (MOREIRA, 2006).
As ações de Kant chamam a atenção. Ele passou a se dedicar ao ensino da 
geografia como uma disciplina, pois considerava que esta surgia da necessidade 
de entender a Terra como morada do homem e ainda refletir sobre a relação 
homem-natureza (LENCIONI, 2003).
Foi somente no século XIX que a geografia começou a ser sistematizada 
de maneira mais efetiva, tornando-se uma ciência autônoma. Andrade (1992) 
considera que não é fácil estabelecer ao certo o que é a geografia. Realiza um 
debate em torno da compartimentação da ciência em esferas específicas, o que 
teria de fato ocorrido em virtude do alargamento do conhecimento científico, 
tornando o domínio total difícil de ser conseguido por uma pessoa. 
Ainda, considera que a expansão do capitalismo pelo mundo fez crescer 
a formação de especialistas, que entendiam algumas áreas do conhecimento 
de maneira mais profunda e restrita. Para Andrade (1992), o cenário fez com 
que os estudiosos possuidores de uma visão global diminuíssem, reduzindo e 
neutralizando a capacidade crítica.
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA DEFINIÇÃO
7
FIGURA 2 – SISTEMATIZAÇÃO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA
FONTE: A autora
Observamos que, na Figura 2, existem dois eixos: escola alemã e escola 
francesa. Através dos dois caminhos de análise que a geografia passa a ser 
considerada uma ciência, buscando um objeto de análise e um método de pesquisa 
e produção de conhecimento.
Existiram diferenças estruturais e de função entre essasduas perspectivas 
do fazer geográfico. Iremos nos concentrar, em um primeiro momento, na escola 
alemã. Moraes (2007) considera que foram Alexander von Humboldt (1769-1859) 
e Karl Ritter (1779-1859) os precursores da geografia. Era um momento em que, 
na Alemanha, a questão do espaço era primordial.
 
A Alemanha do século XIX se constituía em um aglomerado de feudos, 
inexistia um estado nacional, bem como uma unidade política e econômica. 
Assim, o capitalismo surge, sem romper com os elementos feudais. Há a união da 
produção para o mercado com o trabalho servil.
Sobre os dois estudiosos, Ritter se dedicou a estudar o recorte para 
compreender o todo, acreditando em uma individualidade regional, baseado em 
estudos antropocêntricos e no estudo dos lugares. Assim, seus trabalhos davam-
se de “observação em observação”.
Já quando falamos em Humboldt, entendia a geografia como uma 
síntese de todos os conhecimentos relativos à Terra. Ele propõe um “empirismo 
raciocinado”, ou seja, a intuição nas pesquisas e estudos a partir da observação 
(MORAES, 2007).
 
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
8
Utilizaram o método da observação e da descrição, inventariando 
elementos do planeta. Conforme aponta Andrade (1992, p. 83), “o conjunto da 
obra dos dois sábios alemães respondia ao desafio da sociedade europeia em 
que viviam, tanto em função da dominação capitalista como para a formação da 
unidade da Alemanha”.
 
Um segundo momento de continuidade na geografia alemã aconteceu 
com Friedrich Ratzel (1844-1904). Diferentemente de seus antecessores, vivenciou 
um período de constituição do Estado Nacional, vindo a criar instrumentos para a 
visão expansionista alemã (MORAES, 2007). Elaborou a teoria do “espaço vital”.
IMPORTANT
E
Segundo a teoria do “Espaço Vital”, o homem retira do espaço o suficiente 
para a sua sobrevivência e o que espaço tem a oferecer condicionaria a vida do homem. 
Assim, deveria haver um equilíbrio entre a população de uma dada sociedade e os recursos 
disponíveis para suprir suas necessidades, definindo suas potencialidades em progredir e suas 
permanências territoriais.
Em termos de método, Ratzel não realizou grandes avanços. Manteve 
a ideia de geografia enquanto uma ciência empírica, baseada na observação e 
na descrição. Como desdobramentos de suas propostas surgiram a geopolítica, 
com autores como Kjellen, Mackinder e Haushofen, bem como a corrente 
“ambientalista” e o determinismo geográfico (MORAES, 2007).
Segundo Andrade (1992), apesar do trabalho desses estudiosos, a geografia 
demorou a ser aceita nas universidades, tornando-se um ramo do conhecimento 
meramente informativo e de catalogação de rios, montanhas, mares, climas, 
cidades, recursos.
 
A partir de agora, a discussão se dará em torno da segunda coluna da 
Figura 2, a escola francesa. Foi justamente em um cenário de críticas em relação 
à forma de fazer a geografia (que observamos até este ponto) que Paul Vidal de 
La Blache (1845-1918), estudioso francês, realizou suas contribuições em meio à 
ciência que se encontrava em sistematização.
 
Moraes (2007) esclarece que, diferentemente do contexto em que a geografia 
alemã foi desenvolvida, a geografia na França se dará em meio a um país já unificado 
desde o século XVI. O poder já havia se dividido entre o reino e a burguesia, em 
um sistema capitalista já presente. Contudo, existiam problemas internos, entre o 
proletariado e a burguesia, e problemas externos, nas lutas expansionistas contra a 
Alemanha, vindo a perder os territórios de Alsácia e Lorena que eram vitais para a 
industrialização do país, pois eram encontradas reservas de carvão.
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA DEFINIÇÃO
9
No período, a geografia se desenvolve com o apoio do estado francês. La 
Blache exprime, em seus estudos, um tom mais liberal, condizente com a revolução 
francesa. As críticas realizadas à geografia de Ratzel estavam relacionadas, em um 
primeiro momento, à politização do discurso do pensador alemão. A geografia 
necessitava servir ao Estado. Em um segundo momento, ao naturalismo, 
que reduzia o homem a um simples objeto. Por fim, à antropogeografia, que 
considerava que havia uma determinação da história pelas condições naturais, ou 
seja, o homem era analisado a partir do ponto de vista biológico (MORAES, 2007).
La Blache elaborou a teoria do “gênero de vida”. As regiões poderiam 
proporcionar o desenvolvimento da sociedade e, ainda, segundo Moraes (2007), 
haveria uma situação de equilíbrio entre a população e os recursos, construída 
historicamente pelas sociedades. Contudo, a teoria considerava que alguns 
fatores poderiam levar a uma mudança no gênero de vida, como o esgotamento 
dos recursos existentes, que impulsionaria a população a migrar.
Por fim, Moraes (2007) chama a atenção para o fato de que foi a La 
Blache quem se utilizou do discurso da neutralidade científica, o que acabou por 
mascarar o discurso ideológico do estado francês.
DICAS
Indicamos, para a leitura mais aprofundada do tema, o livro “Geografia: Ciência 
da Sociedade”, escrito por Manuel Correia de Andrade (1922-2007). O autor aborda a geografia 
desde a antiguidade até o início do século XXI, anexando ao debate vasto referencial sobre a 
geografia brasileira. 
Manuel nasceu na Zona da Mata pernambucana, filho de senhores de engenho. Segundo 
relatos de colegas geógrafos, sempre se manteve aberto e progressista quanto aos debates 
de cunho social. Foi autor de centenas de escritos e livros, entre eles “A terra e o homem no 
Nordeste”, em 1963. Foi exilado durante a ditadura militar, estando em universidades de países 
como a França.
Realizamos, até o momento, o apanhado geral entre as duas escolas, alemã 
e francesa, que deram origem e trataram de sistematizar a geografia enquanto 
ciência. Agora, devem ser objeto de reflexão as diferentes ligações estabelecidas 
entre a geografia e o estado, bem como os desdobramentos da proximidade em 
relação ao direcionamento das pesquisas e produções da época.
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
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3 CIÊNCIA GEOGRÁFICA: DA QUANTIFICAÇÃO À BUSCA 
DA ANÁLISE CRÍTICA
O processo do “fazer” ciência muda constantemente, de acordo com 
processos de mutação ocasionados na realidade. Assim, começamos a perceber 
que a ciência, de modo geral, busca, por meio de objetos de estudos e métodos 
próprios, realizar a leitura e a intervenção sobre o real, ou seja, a realidade.
Assim, realizaremos uma discussão em torno de mais alguns períodos de 
produção geográfica, para entendermos como chegamos até o momento. Alfred 
Hettner (1859-1941) e Richard Hartshorne (1899-1992) surgem como expoentes na 
construção do pensamento geográfico. 
O primeiro, um geógrafo alemão, retomou as ideias de Ritter, este que 
nos referimos em um momento anterior, sobre a individualidade regional, 
porém seus estudos são deixados de lado e retomados somente na década de 
1930, pelo segundo, Hartshorne, nos Estados Unidos (MORAES, 2007). E s t e 
acha desnecessário estabelecer um objeto de estudo próprio da geografia. Essa 
ciência deveria estudar os elementos da superfície terrestre e suas inter-relações. 
Hartshorne vive em um período de afirmação estadunidense e funda a geografia 
idiográfica e monotética, as quais não nos aprofundaremos neste momento. A 
última é um esboço para a geografia quantitativa, pois inclui o uso de informações 
e tecnologia em suas análises. Para Moraes (2007), o geógrafo deixou uma rica base 
de dados e levantou questões válidas, contudo as respostas foram insatisfatórias 
ou equivocadas.
 
Entretanto, existiram, no período, fatos que marcaram a realidade vivida 
no mundo, como a Segunda Guerra Mundial e a expansão de novas formas 
de pensar o ato de produção e consumo. A geografia, por ser uma ciência 
dinâmica, consequentemente começa a conhecer um movimentode renovação, 
principalmente a partir da década de 1950, desenrolando-se até 1970. Passou a se 
basear no positivismo lógico e na revolução teorético-quantitativa (ANDRADE, 
1992).
As razões da crise se deram em virtude das alterações na base social. 
Com o desenvolvimento do capitalismo a realidade se tornou mais complexa, 
ocasionando uma crise nas técnicas tradicionais de análise. As lacunas lógicas e 
formulações também foram ponto de crítica.
 
Uma das correntes que surgiu a partir da renovação foi a geografia 
pragmática que efetua uma crítica em relação à insuficiência da análise tradicional. 
Houve forte vinculação com o planejamento público e privado (CORRÊA, 1995). 
Troca-se o empirismo da observação direta pelo empirismo abstrato de dados 
filtrados por estatísticas.
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA DEFINIÇÃO
11
Ainda, surge a geografia quantitativa, na qual tudo poderia ser explicado 
com o uso de métodos matemáticos. Tudo seria passível de ser expresso em 
termos numéricos e compreendido na forma de cálculos. O cenário apresentado 
brevemente, vindo de uma corrente pragmática, segundo Moraes (2007), 
constituiu-se como um instrumento de dominação da burguesia e um aparato do 
estado capitalista.
Já na década de 1970 surge a chamada geografia crítica, fundada no 
materialismo histórico e dialético. Busca romper com a geografia tradicional e com 
a teorético-quantitativa. Assim, o espaço reaparece como conceito fundamental 
(CORRÊA, 1995), principalmente nas análises e estudos do geógrafo Milton 
Santos (1998, 2006).
IMPORTANT
E
Milton Santos (1926-2001) foi um geógrafo brasileiro tido como o principal 
nome na geografia humana. Formou-se em 1948 na Universidade Federal da Bahia. Foi 
exilado em virtude da ditadura militar a partir do ano de 1964. No período, foi professor 
convidado em diversas universidades no mundo, como França, Canadá e também em países 
latino-americanos, como a Venezuela. Buscou, acima de tudo, desenvolver teorias que 
conseguissem dar suporte à realidade vivenciada pelos países em desenvolvimento. 
Entre suas contribuições, encontramos a teoria dos circuitos da economia urbana e do 
meio técnico-científico-informacional. Foi autor de dezenas de livros e centenas de textos 
geográficos. Para mais informações, você pode acessar o site disponível em: <http://
miltonsantos.com.br/site/>, mantido pela família do professor Milton Santos. É possível 
encontrar os escritos disponibilizados. Acesso em 18 jan. 2019.
Como grande influenciador de Milton Santos temos o filósofo e sociólogo 
francês Henry Lefebvre (1901-1991). Para ele, o espaço era o lócus da reprodução 
das relações sociais de produção, ou seja, o espaço de reprodução da sociedade. 
Para Santos, a sociedade só se torna concreta por meio de seu espaço, do espaço 
que ela produz. Por outro lado, o espaço só é compreensível por meio da sociedade 
(CORRÊA, 1995). Perceba que nem há como falar de um ou de outro de maneira 
dissociada. 
A geografia humanista surge também na década de 1970, porém de 
forma diferente da geografia crítica e teorético-quantitativa. Realiza suas análises 
baseada na subjetividade, no sentimento, na experiência e nos simbolismos. 
Um dos principais pensadores da corrente é Yi-FU Tuan. Nessa perspectiva, o 
foco de análise centra-se no espaço vivido, com raízes na tradição vidaliana e na 
psicologia de Piaget (CORRÊA, 1995).
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
12
Percebemos, no resgate histórico acerca da geografia, que o conhecimento 
geográfico teve sua expansão ao mesmo passo em que houve a ampliação do 
horizonte geográfico pelo homem, na busca de entender o todo e as partes do 
todo, ou seja, o mundo em que vivemos.
4 GEOGRAFIA HUMANA: POR QUAL MOTIVO? 
Até o momento realizamos uma retomada histórica acerca da geografia, 
mas como podemos entender o contexto de uma ciência chamada de humana? 
Para responder a essa pergunta, utilizaremos autores que vislumbraram, ao longo 
de seu processo acadêmico, o conhecimento geográfico buscando sua totalidade.
Pode-se atrelar o início da abordagem de geografia como humana nos 
trabalhos realizados por Vidal de La Blache. Foi o geógrafo responsável por 
inserir uma visão historicista à geografia.
 
Quando a geografia foi se consolidando no seu (re)fazer, baseado na 
realidade que se apresenta como algo dinâmico, podemos chegar a definições de 
geografia humana como a de Pierre Deffontaines (1894-1978), que afirma que a 
geografia delimitou seu estudo como humano em função de realizar a análise das 
ações do homem sobre a Terra. Para ele:
Esse ramo da geografia tem, pois, bem o direito de se intitular “humana”. 
Legitimamente, deve fazer parte dos estudos que constituem o 
humanismo, apresenta-se mesmo como seu coroamento, encarregada, 
como é, de estabelecer o balanço material da obra humana, espécie de 
conclusão concreta das ciências do homem (DEFFONTAINES, 2005, 
p. 94).
Podemos perceber que o autor realiza essas afirmações baseado no fato 
de a geografia realizar o apanhado das ações humanas materializadas sobre a 
natureza, ou seja, o meio. Corroborando para a afirmação, encontramos os 
estudos do também geógrafo Max Sorre (1880-1962).
Segundo Sorre (2003, p. 137), “a geografia humana é a parte da geografia 
geral que trata dos homens e suas obras desde o ponto de vista de sua distribuição 
na superfície terrestre”. Ainda afirma que se trata de uma “descrição científica 
das paisagens humanas e de sua distribuição no globo”. 
Para ele, a geografia é a disciplina dos espaços terrestres, da análise do 
homem a partir do ponto de vista das conexões e dos conjuntos. Para tanto, 
considera que não se deve separar as esferas de análise, sejam elas físicas ou 
humanas:
TÓPICO 1 | BREVE HISTÓRIA DA GEOGRAFIA HUMANA E SUA DEFINIÇÃO
13
Hoje, mais que nunca, a geografia humana registra a repercussão 
em todas as partes dos acontecimentos que ocorrem nos países 
mais distantes, a interdependência que envolve todos os pontos do 
ecúmeno. Sua tendência sintética nos convida a não separar jamais os 
traços de ordem humana do seu contexto físico e vivo (SORRE, 2003, 
p. 138).
Assim, observamos que mesmo que a geografia seja chamada de humana, 
são importantes também as conexões estabelecidas com o meio, constituído de 
uma materialidade física e/ou natural. Em relação ao homem, deve-se pensar em 
sua unidade, totalidade e, sobretudo, em suas contradições (SORRE, 2003).
Em função da busca por uma análise totalizante e pela especificidade dos 
seus pontos de estudo físicos e humanos, a geografia humana sempre desenvolveu 
ligações com outros ramos científicos, como a sociologia, antropologia, economia, 
filosofia etc. Contudo, diferencia-se das demais por se preocupar com a localização 
espacial dos fenômenos e incluir em seus debates os aspectos relacionados ao 
espaço.
DICAS
Sobre o debate acerca da geografia, indicamos que assista ao vídeo: “D-22 - 
O que é Geografia?”. Com base na entrevista de pesquisadores como Lívia de Oliveira, do 
Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP de Rio Claro, José Bueno Conti e Antônio 
Carlos Robert Moraes, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, o debate 
elucida o que é a Geografia, qual seu campo de estudo, as relações com outras ciências, 
entre outros temas pertinentes. O vídeo tem cerca de 15 minutos e se encontra disponível no 
link: <https://www.youtube.com/watch?v=YktYwin3sk0>. Acesso em: 3 jan. 2019. 
Outro material que pode acrescentar na temática sobre geografia humana é o vídeo do 
Prof. Dr. Carlos Póvoa. Com duração de cerca de nove minutos, o professor explana sobre o 
cotidiano do fazer geográfico. 
FONTE: <https://www.youtube.com/watch?v=vapRLpm0hdE>. Acesso em: 3 jan. 2019. 
Destacamos ainda que, dentro das análises de geografia humana 
desenvolvidas no Brasil, temos nomes importantes, como Milton Santos e Maria 
Laura Silveira, que estudamo território brasileiro e sua materialidade por meio 
dos sistemas de objetos e sistemas de ações. 
Ariovaldo Umbelino de Oliveira e Carlos Walter Porto-Gonçalves debatem 
sobre as relações estabelecidas no campo brasileiro; Ana Fani Alessandri Carlos 
e Ermínia Maricato, sobre a urbanização no Brasil; Eliseu Savério Sposito, Ruy 
Moreira e Antonio Carlos Robert Moraes, em relação à gênese da geografia e a 
epistemologia, entre tantos outros mestres e doutores que buscam acompanhar o 
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
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debate acerca dos novos desafios impostos tanto ao homem quanto ao meio nos 
últimos tempos. No que diz respeito à geografia humana, esta se especializa em 
algumas áreas específicas, como:
• geografia econômica;
• geografia política;
• geografia cultural;
• geografia agrária;
• geografia urbana;
• geografia industrial;
• geografia da população.
São algumas das linhas de pesquisa. A última delas, a geografia da 
população, será nosso objeto de análise na próxima unidade deste livro de estudos. 
Contudo, apesar do afunilamento, o essencial é priorizar a relação estabelecida 
entre o homem e o espaço que o cerca e a realidade como é posta, bem como as 
diversas questões em relação às ações do ser humano. 
Conforme Andrade (1992), antes de ser um saber científico, a geografia 
é também um saber popular, estando ligada e dependente das relações sociais. 
Poderemos compreender e estabelecer relações sobre o conceito de geografia 
humana com mais propriedade à medida que formos desenvolvendo os demais 
temas da Unidade 1.
15
Neste tópico, você aprendeu que:
• O saber acerca da geografia pode ser dividido em: a) conhecimento geográfico 
(quando se fala dos saberes concebidos pelo homem desde a antiguidade); b) 
ciência geográfica (conhecimentos em relação ao homem e ao espaço que foram 
sistematizados em um ramo específico da ciência a partir do século XIX).
• A geografia, enquanto ciência, sistematizou-se com base em duas perspectivas 
diferentes: a) escola alemã (baseada nos estudos de Humboldt e Ritter, em 
um contexto espacial de uma Alemanha ainda fragmentada em feudos e 
com a inserção do capitalismo tardio. Buscava, com seus estudos, motivar a 
identidade nacional alemã); b) escola francesa (teve como principal estudioso 
Vidal de La Blache, também considerado o precursor da geografia humana. O 
contexto encontrado na França era de uma unificação nacional desde o século 
XVI, ou seja, bem mais antiga do que a alemã). 
• Houve uma mudança de enfoque quando a geografia deixa de ser uma ciência 
que tenta explicar o mundo por padrões e modelos matemáticos de estatística. 
Busca uma análise mais ligada à realidade vivenciada no mundo, a qual 
apresentava cada vez mais desafios, principalmente após a Segunda Guerra 
Mundial e a década de 1970.
• Milton Santos foi um dos geógrafos humanos responsáveis por buscar conceitos 
que se aproximassem da realidade de países em desenvolvimento, sobretudo 
os latino-americanos.
• A geografia humana busca uma análise mais interpretativa sobre a relação 
sociedade e natureza, visto que o homem é constituído de intencionalidades 
nos seus atos. O assunto será mais bem elucidado nos tópicos que seguem.
• Vimos também que a geografia humana possui ramos específicos como a 
geografia da população, a qual será abordada na Unidade 2.
RESUMO DO TÓPICO 1
16
1 Sobre os momentos pelos quais o conhecimento geográfico se desenvolveu, 
até o mais recente, relacione cada um dos períodos com as suas respectivas 
explicações:
1- Pré-história/Antiguidade.
2- Gregos.
3- Escola alemã.
4- Escola francesa.
5- Geografia humana.
( ) Desenvolveu-se em um território fragmentado, visto que não constituía-
se como um estado nacional. A geografia passa a se configurar como 
conhecimento para motivar o sentimento de nacionalismo.
( ) Conhecimento geográfico se desenvolveu por meio de conhecimentos 
práticos, observações e explorações da Terra, como trajetos e relatos de 
viagens.
( ) Visão sobre a geografia baseada na relação homem x meio, amparada 
na interpretação de atores e agentes dos processos, ou seja, as ações 
desempenhadas pelo homem.
( ) Sua contribuição está ligada ao fato de conceberem a Geographia como os 
conhecimentos relacionados à superfície terrestre, bem como realizarem 
levantamentos metódicos sobre pontos do globo.
( ) Visão do homem como um ser ativo na relação estabelecida com o meio. 
Início de uma geografia conhecida atualmente como humana.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a) ( ) 1 - 5 - 2 - 4 - 3.
b) ( ) 3 - 5 - 4 - 2 - 3.
c) ( ) 3 - 1 - 5 - 2 - 4.
d) ( ) 5 - 1 - 3 - 4 - 2.
2 Analise a afirmação: “Entre os ramos da geografia humana se destacam: a 
geografia da população (estuda os padrões de distribuição da população e os 
processos temporais), geografia econômica (trata da distribuição geográfica 
dos fatores econômicos e suas consequências nas diversas regiões, países 
etc.), geografia cultural (estuda as relações mútuas entre os seres humanos 
e a paisagem), geografia urbana (centraliza as aglomerações humanas 
manifestadas nas cidades) [...]”. 
FONTE: QUE CONCEITO. Conceito de geografia humana. 2018. Disponível em: <http://
queconceito.com.br/geografia-humana>. Acesso em: 22 ago. 2018. 
Com base no fragmento de texto, assinale a alternativa CORRETA sobre os 
estudos de geografia humana:
AUTOATIVIDADE
17
a) ( ) A geografia humana visa entender as relações estabelecidas entre a 
sociedade e ambiente, como espaço geográfico, de forma ampla, totalizante 
e interpretativa. 
b) ( ) Geografia humana pode ser compreendida por meio do estudo de dados 
estatísticos apenas, da influência do meio natural sobre a sociedade.
c) ( ) Conhecida como geografia humana, atualmente este ramo da ciência 
preocupa-se com a análise descritiva do meio pelo homem.
d) ( ) A geografia humana concebe seus estudos a partir de uma visão 
centralizada nas ações humanas, diminuindo os aspectos naturais 
concernentes a determinado espaço.
3 Analise o fragmento de texto:
“A distinção entre geografia física e geografia humana foi sendo realizada 
sob diversas óticas. De um lado, os naturalistas e geógrafos ditos “físicos” 
deram uma expressiva contribuição para a divisão, devido à necessidade de 
classificar, mapear, enquadrar, compreender e modelar as relações ecológicas, 
biogeográficas, hidroclimáticas e geomorfológicas por meio da observação 
e compreensão da natureza e seus processos formadores. De outro lado, 
evoluía uma geografia voltada para a compreensão das formas e processos da 
sociedade, pautada nas ciências humanas, como a economia, a sociologia, a 
antropologia, dentre outras”
FONTE: LATUF, M. de O. Geografia física ou humana ou será apenas geografia? 2007. 
Disponível em: <http://revista.fct.unesp.br/index.php/formacao/article/viewFile/694/719>. 
Acesso em: 31 ago. 2018.
Ao estudarmos o processo histórico pelo qual a geografia passou até ser 
considerada ciência identificada a partir de dois ramos específicos, sendo a 
geografia física e a humana, é possível dizer que o fazer geográfico se refez 
ao passo em que o cenário mundial se transformou. Reflita sobre o tema, em 
especial sobre a geografia humana, e responda: Qual o papel da geografia 
humana na análise da superfície terrestre?
18
19
TÓPICO 2
OS DUALISMOS NA GEOGRAFIA HUMANA: COMO 
ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E 
ESPAÇO-TEMPO?
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, você já deve ter percebido que, ao longo do tempo, as 
coisas tendem a mudar no mundo e a análise que nós fazemos está em constante 
crescimento, uma vez que buscamos interpretar e buscar mais conhecimento. A 
geografia é também dinâmica e busca captar os movimentos presentes no espaço 
geográfico. 
Podemos perceber, no tópico anterior, que a estruturação das correntes 
foi um processo longo e que das perspectivas de cada pesquisador surge um tipo 
de análise.A geografia humana então leva em consideração as interações entre 
espaço e sociedade.
Durante o tópico, elucidaremos algumas questões em relação à dialética 
estabelecida nos dualismos entre sociedade e natureza e espaço e tempo. Para que 
haja uma análise interpretativa, devem ser levados em consideração esses pares. 
Vamos ficar incialmente com o debate sobre a relação sociedade e natureza.
2 BUSCA DA TOTALIDADE DA RELAÇÃO SOCIEDADE-
NATUREZA
Para iniciarmos o debate sobre os dualismos na ciência geográfica, torna-
se necessário compreender como se deram os desdobramentos em torno da 
relação sociedade-natureza. Assim, Moreira (1982) afirma que a natureza social 
do espaço geográfico está relacionada ao fato de que os homens, por pertencerem 
ao reino animal, sentem fome, sede, frio, ou seja, necessidades de ordem física. 
Contudo, a diferença entre um homem e um animal se relaciona ao fato de que 
o homem consegue suprir as necessidades, modificando a “primeira natureza”. 
Transformando-a, o homem transforma a si mesmo.
Com a evolução do homem no seu fazer sobre o mundo, tornou-
se necessário, para se apropriar da natureza, conhecer suas leis. Para tanto, 
desenvolveu-se a ciência, responsável por investigar e elaborar o conhecimento 
sobre o mundo desde o século XVII. No entanto, Rodrigues (1998) considera que 
20
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
a ciência, mesmo sendo produto do desenvolvimento social, é tida como exterior 
e superior ao homem, além de ter sido sacralizada.
 
Em relação à ciência geográfica, esta tem como objeto de estudo o espaço 
composto por objetos naturais, sociais e ações realizadas pela sociedade. É passível 
de análise em pelo menos mais quatro conceitos: território, região, paisagem e 
lugar (CORRÊA, 2000).
Assim, a questão ambiental coloca a necessidade de releitura da produção, 
do consumo, da distribuição, a complexidade ecossistêmica e as relações que 
se estabelecem ao longo do tempo e no espaço (RODRIGUES, 1998). A autora 
ainda afirma que são considerados o “meio ambiente", o ambiente e a natureza 
como bens comuns, mas o “bem comum” está, na verdade, apropriado em 
parcelas, em forma de mercadorias ou de territórios (apropriáveis também como 
mercadorias) de Estado-Nação. Assim, Suertegaray (2007) considera que se torna 
mister compreender como o ambiente/natureza se relaciona na discussão sobre a 
dicotomia existente na formulação da ciência geográfica.
Quando a geografia, no século XIX, passou à denominação de ciência não 
havia no mundo científico a integração entre as ciências da natureza e as ciências 
humanas, gerando más interpretações. Estas deram origem à fragmentação da 
ciência geográfica (SUERTEGARAY, 2007).
A busca da articulação entre natureza e sociedade não foi tarefa fácil 
para os geógrafos. Construir uma ciência de articulação na época em 
que surgiu oficialmente a geografia pareceria ser como remar contra 
a maré, pois neste período a visão de ciência dominante privilegiava 
a divisão entre ciências da natureza e da sociedade (SUERTEGARAY; 
NUNES, 2001, p. 15).
Assim, as correntes de pensamento da geografia foram influenciadas 
conforme cada período e suas lógicas, como o determinismo alemão de Ratzel, 
o possibilismo francês de La Blache, a geografia teorética/quantitática, a corrente 
fenomenológica ou geografia humanística e a geografia crítica, bem como as 
abordagens mais recentes da ciência em questão. Lembre-se que já falamos sobre 
tais correntes no tópico anterior.
Rodrigues e Rodrigues (2014, p. 225) chamam a atenção para o fato de que 
a dinâmica exposta na ressignificação da abordagem sobre natureza na ciência 
geográfica possibilita a análise sobre a relação sociedade/natureza. Assim, é 
possível entender “fatos, ideias, ações, relações, ligações, fenômenos, discursos 
que se constituem como meio e resultado do processo de transformação da 
realidade”.
 A relação entre as correntes determinista e possibilista seria a responsável 
pela fragmentação dos estudos da sociedade e dos estudos da natureza, fazendo 
com que o positivismo se apropriasse cada vez mais da ciência geográfica 
(SUERTEGARAY, 2007).
TÓPICO 2 | OS DUALISMOS NA GEO. HUM.: COMO ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E ESPAÇO-TEMPO?
21
Os deterministas veem a natureza como uma condição de 
desenvolvimento das sociedades dotadas de alta causalidade, seus 
opositores entendem os recursos do meio como possibilidades para a 
ação humana, como o elemento da causação na organização do espaço 
(MORAES, 1997, p. 92).
O positivismo, com Auguste Comte, teve sua base na neutralidade. A 
sociedade era conduzida pelas leis naturais, sendo sociedade e natureza estudadas 
segundo os mesmos métodos e processos. As ciências se ocupavam então com 
a observação neutra dos fenômenos. O que vale ressaltar é que a corrente de 
pensamento surgiu de uma crítica revolucionária e passou a ser uma ideologia 
conservadora como o estabelecimento da ordem industrial burguesa (OLIVEIRA, 
2005).
Em relação à geografia quantitativa, entendia a natureza apenas como 
um recurso, sendo necessária sua catalogação para ser mais bem utilizada nos 
planejamentos (SUERTEGARAY, 2007). Já a abordagem realizada pela Teoria 
Geral dos Sistemas (a relação entre o organismo passa a ser vinculada com o meio, 
podendo-se criar modelos através do sistema computacional) insere o homem 
nos estudos, diferenciando-se da abordagem positivista anterior. No entanto, o 
homem passa a ser analisado sob a ótica de ação antrópica, não respondendo à 
totalidade da relação sociedade e natureza, visto que as questões sociais ainda 
não são abordadas de maneira ativa (SUERTEGARAY, 2007).
Em relação à geografia humanista, esta ao utilizar a fenomenologia como 
método, atentou-se mais com a subjetividade da interação entre o homem e meio 
do que com a natureza ou ambiente em si (MORAES, 2007). Enfim, a análise sobre 
a abordagem do tema realizado na Geografia Crítica, foi entendida por Mendonça 
(1994) como pobre, uma vez que ao focar-se demasiadamente na organização do 
espaço por meio das relações sociais de produção, não considerou a temática 
ambiental de maneira efetiva.
 
“Se o marxismo, enquanto método exclusivo, revelou-se limitado 
quanto ao tratamento mais globalizante da temática ambiental, o positivismo, 
por seu lado, não satisfez enquanto paradigma segundo o qual tal análise se 
desenvolveria” (MENDONÇA, 1994, p. 58). O autor deixa claro que o problema 
está relacionado ao método utilizado para a interpretação da relação sociedade e 
natureza. Apenas um método pode se tornar insuficiente visto que a relação diz 
respeito a aspectos complexos.
Podemos entender que as relações exercidas entre sociedade e natureza 
vão além do que até então a ciência geográfica havia desenvolvido, tornando-se 
essencial o desenvolvimento e utilização de novas abordagens. Não que modelos 
trabalhados anteriormente tenham que ser descartados, mas a complexidade do 
mundo atual exige que esses modelos sejam trabalhados em análises conjuntas, 
tanto na geografia quanto com outras ciências. Mendonça (1994, p. 66) chama a 
atenção para a nova abordagem realizada:
22
UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
Nesta nova abordagem, o meio ambiente deixa de receber aquela 
“tradicional” visão descritiva/contemplativa por parte da geografia 
como se fosse um santuário que existe paralelamente à sociedade. O 
meio ambiente é visto então como um recurso a ser utilizado e como 
tal deve ser analisado e protegido, de acordo com as suas diferentes 
condições, numa atitude de respeito, conservação e preservação.
Tentando realizar a análise complexa e interdisciplinar, Suertegaray 
(2010, p. 10) expõe que “ao contar a história da sociedade, nem podemos deixar, 
entretanto, de considerar o processo de socialização da natureza e, com ela, a do 
próprio homem”, ou seja, háa busca em contemplar tanto os aspectos naturais 
quanto os aspectos sociais.
 
A autora busca realizar uma nova leitura da abordagem marxista 
utilizada pela geografia crítica, compreendendo que é possível utilizá-la fazendo 
uma análise totalizante. Contudo, a pesquisadora faz o uso de tal abordagem em 
conjunto com outras. “Assim, o ambiente na geografia pode ser compreendido 
pela relação sociedade/natureza, gerando cenários complexos e conflituosos 
pela transformação da natureza e a transformação da natureza do homem” 
(SUERTEGARAY, 2007, p. 13).
A geografia tem como objeto de estudo o espaço. É no espaço que o 
homem organiza as suas atividades produtivas e onde se dão as relações 
sociais. O homem, ao longo do tempo, apropriou-se da natureza para 
produzir seus meios de sobrevivência. A maneira como o homem se 
apropriou da natureza se deu de modos distintos ao longo do tempo. 
Portanto, sociedade e natureza constituem um par dialético e estão 
contidos no espaço. Lembrando que Milton Santos enfatiza que o espaço 
é uma acumulação desigual de tempos (CLEMENTE, 2007, p. 198).
Com tal afirmação de Clemente (2007), podemos evidenciar que a relação 
sociedade/natureza se constitui como um ponto de investigação da ciência 
geográfica. Ao longo do tempo se (re)constrói.
FIGURA 3 – LEITURA DA RELAÇÃO SOCIEDADE X NATUREZA
FONTE: A autora
TÓPICO 2 | OS DUALISMOS NA GEO. HUM.: COMO ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E ESPAÇO-TEMPO?
23
Podemos perceber que os pontos encontrados na figura dizem respeito à 
relação que precisa ser entendida em sua totalidade. São os pontos encontrados 
que permitirão perceber, de maneira mais pontual, a lógica envolta no processo 
de produção capitalista.
3 ESPAÇO-TEMPO: DIALÉTICA DA PRODUÇÃO DA 
MATERIALIDADE NO ESPAÇO
A discussão em torno da dualidade dentro da ciência geográfica já 
permitiu perceber as relações entre sociedade-natureza. Atentemo-nos, a partir 
de agora, para os questionamentos sobre o dualismo espaço-tempo.
 
Vamos nos apoiar, em um primeiro momento, nas pesquisas de Serra 
(1984, p. 3). Ao iniciar o debate em torno da dualidade entre espaço-tempo, de 
maneira muito interessante, ele introduz as seguintes perguntas: “Onde está 
isso? Quando isso aconteceu?”. Para ele, as perguntas, ao serem respondidas, 
precisarão, de uma maneira ou de outra, estar ligadas ao espaço e ao tempo.
O autor ainda cita que não há como a geografia se encarregar apenas do 
espaço e da História ficar responsável somente pela abordagem do tempo, uma 
vez que esses dois conceitos se encontram diretamente inter-relacionados e a 
fragmentação causaria um grande problema.
Esse é um dos problemas mais apaixonantes e difíceis em geografia. O 
casamento entre o tempo e o espaço se dá porque há, sempre, homens 
usando o tempo e o espaço. Da mesma forma que nem se entende o 
espaço sem o homem, a noção de tempo também não existe sem o 
homem. Se as duas noções se casam, aparecem juntas e indissolúveis, 
é porque o homem vive no universo (SANTOS, 1998b, p. 82).
Suertegaray e Nunes (2001) chamam a atenção para a discussão 
necessária sobre o tempo, para refletir a respeito do significado na geografia 
sob três perspectivas. Na primeira, os autores afirmam que a ideia de tempo na 
modernidade enquanto uma seta, fazia menção à noção de progresso e evolução. 
Foi determinada ideia que submeteu o espaço ao tempo.
Os autores dão prosseguimento ao debate falando da segunda perspectiva, 
sobre o contexto econômico e político, no qual existe uma valorização do tempo 
em relação ao espaço. Assim, há a afirmação de que “o desenvolvimento técnico 
da sociedade atual superou as dimensões espaciais pela aceleração do tempo, 
estando o espaço subordinado à técnica e a sua velocidade” (SUERTEGARAY; 
NUNES, 2001, p. 20).
Na terceira perspectiva sobre espaço-tempo, o espaço é entendido como 
elemento para a reprodução do capital, que se reproduz por meio de uma 
intensificação e homogeneização das técnicas. Há uma aceleração do tempo e dos 
processos naturais.
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UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
Santos (1998b) afirma que é por meio da leitura das técnicas que há uma 
empirização do tempo no espaço, pois o último não existe sem uma materialidade. 
Torna-se assim possível uma sistematização das características de cada época. 
Tal realidade é possível, pois os sistemas técnicos são utilizados e desenvolvidos 
conforme diferentes épocas, tempos e são difundidos. O que chama a atenção 
é o fato de que, atualmente, os sistemas técnicos se difundem de maneira mais 
efetiva por praticamente todo o planeta, visto a dimensão espacial tomada pela 
globalização.
 
Contudo, devemos realizar um ponto de destaque no debate. Determinados 
sistemas técnicos se distribuem sobre o globo em pontos específicos para serem 
usados conforme uma seletividade social hierárquica.
Assim, temos o desenvolvimento dos conceitos dos meios técnicos por 
Milton Santos. São analisadas as relações espaciais pelas técnicas no tempo. Dessa 
maneira, antes existia um meio natural, que foi aos poucos sendo substituído pelo 
meio técnico. No entanto, a evolução chegou ao que hoje consideramos como 
meio técnico-científico-informacional. Podemos identificar também a relação 
sociedade e natureza presente. 
IMPORTANT
E
Para Santos (1998b), o meio técnico-científico-informacional é a imagem 
materializada da relação espaço-tempo. Por meio do conceito, podemos compreender que 
os objetos técnicos do período atual tendem a ser técnicos e informacionais ao mesmo 
tempo. Eles estão na base da utilização, produção e funcionamento do espaço, constituídos 
de intencionalidades dos agentes hegemônicos.
Almeida (1982) considera que quando o espaço se torna mais complexo, 
existem linhas de continuidade que se entrecruzam, sendo que os espaços pontuais 
de encadeamento produtivo, por exemplo, surgiram em momentos específicos. 
Assim, o autor chama a atenção para o fato de que são os acontecimentos 
históricos anteriores capazes de explicar o cenário em questão. “Por via direta, do 
espaço para o próprio espaço, ou indireta, de um espaço qualquer sobre outros 
espaços, a herança histórica irá influir decisivamente no que são hoje tais espaços, 
econômica, social e culturalmente” (ALMEIDA, 1982, p. 9).
Apesar das variáveis históricas explicarem as transformações 
sofridas pelos espaços até a atualidade, estas são difíceis de serem 
dimensionadas por se constituírem basicamente pela transmissão de 
traços culturais (exemplo: técnicas agrícolas trazidas pelos colonos 
italianos e adaptadas; organização de seus espaços de produção no 
Vale do Itajaí-Açu) (ALMEIDA, 1982, p.12).
TÓPICO 2 | OS DUALISMOS NA GEO. HUM.: COMO ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E ESPAÇO-TEMPO?
25
Para Almeida (1982), a geografia se torna ímpar em relação às demais 
ciências do homem, pois o passado é materializado em objetos concretos, 
evidenciados por meio da paisagem, com elementos tanto novos, quanto 
herdados.
FIGURA 4 – SUCESSÕES E COEXISTÊNCIA NO TEMPO
FONTE: A autora
Podemos perceber que existem distinções entre o tempo e estas podem se 
apresentar como uma série de sucessões de tempos diferentes, o chamado tempo 
histórico. Já em relação ao tempo concreto, tem como características a coexistência 
e a simultaneidade de temporalidades por meio de diferentes agentes que usam 
os lugares conforme suas lógicas. Todos os processos são de fato materializados 
no espaço, enquanto este se constitui em um sistema de objetos (materialidade 
existente, natural e criada) e sistemas de ações (da sociedade/homem).
Para Serra (1984), o espaço geográfico é pensado a partir da ideia de 
superfície terrestre e sob diferentes ambientes em função de questões naturais, 
além de morada do homem. Assim, já podemos considerar, a partir deste ponto, 
a ideia de história. Por se constituir habitat original do homem, este, ao refazer-se, 
também apresenta característicaspontuais.
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UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
Uma caracterização essencialmente materialista de espaço e de 
tempo é a que conceitua o tempo como sendo dotado de apenas 
uma dimensão, ou seja, os corpos só podem mover-se em uma única 
direção, do passado para o futuro, enquanto que o espaço, como 
forma de ser da matéria, tem seu caráter tridimensional, ou seja, 
todo corpo material possuindo três dimensões – comprimento, altura 
e largura – e podendo mover-se em três dimensões reciprocamente 
perpendiculares. Diante disso, uma vez os corpos somente podendo 
mover-se do passado para o futuro, o tempo adquire o caráter de 
irreversibilidade, pois flui apenas para diante, o que torna impossível 
voltar ao passado (SERRA, 1984, p.8).
Almeida (1982) evidencia que mesmo as decisões tomadas em tempo 
presente se relacionam de uma maneira ou de outra ao passado. Assim, a ciência 
geográfica busca uma explicação na relação entre o espaço, sistema de objetos e o 
sistema de ações pelo homem. Terá que utilizar um tempo, o presente que estará 
ligado ao agora, e terá de utilizar também as variáveis históricas (ALMEIDA, 1982).
Por fim, temos dois exemplos de abordagem geográfica levando em 
consideração a dualidade entre espaço-tempo. A primeira delas diz respeito aos 
estudos de Santos (2001). Ao realizar uma discussão em torno dos estudos sobre 
cidades, afirma que existe a necessidade de uma periodização para conhecer a 
história. É necessária ainda, segundo o mesmo autor, a dominação da noção de 
espaço e da divisão do tempo em períodos conforme a escala de análise escolhida.
O segundo exemplo foca na compreensão dos estudos sobre relevo. 
Suertegaray e Nunes (2001, p. 19) afirmam que é necessário compreender 
também o desenvolvimento social da humanidade, do crescimento e da relação 
entre ciência e tecnologia, pois as esferas “produzem objetos técnicos capazes 
de acelerar o tempo do que fazer e, acelerando o tempo, modificam processos 
qualitativa ou quantitativamente”.
 
Espaço e tempo, assim, são encarados por muitos como duas faces 
de uma mesma moeda, responsáveis pela explicação não apenas da 
paisagem, como também da funcionalidade dos espaços. No último 
caso a funcionalidade variará do mais elementar (cultura preexistente), 
onde o modo de produção exerce um papel fundamental ao mesmo 
tempo influenciando o espaço e sendo por ele influenciado, até o 
mais complexo, mercê de interdependências de toda natureza e das 
raízes históricas que determinaram ou influenciaram o modo de viver 
(ALMEIDA, 1982, p. 15).
Podemos perceber, depois dos nossos estudos sobre dualidade, que espaço 
e tempo devem ser analisados integralmente se visam à análise totalizadora. 
Existem realidades históricas capazes de revelar as lógicas relacionadas aos 
agentes e suas ações materializadas no substrato terrestre, que chamamos de 
espaço (SANTOS, 1998b). 
Percebemos que existe de fato uma relação estabelecida entre os dois 
conceitos, pois a sociedade, ao realizar-se, usa o tempo para usar o espaço, 
produzindo uma materialidade capaz de revelar os processos em curso.
TÓPICO 2 | OS DUALISMOS NA GEO. HUM.: COMO ANALISAR AS RELAÇÕES SOCIEDADE-NATUREZA E ESPAÇO-TEMPO?
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DICAS
Sugerimos uma atividade a ser desenvolvida no âmbito do ensino dos conceitos 
de espaço e tempo, baseada na Base Nacional Comum Curricular - BNCC. As aulas podem 
ser adaptadas conforme a realidade vivenciada em sala de aula pelo professor. Inclusive, 
se desejar, pode trocar a localização aqui utilizada (Curitiba/PR) pela de seu município de 
atuação. Acompanhe:
Tema: A RELAÇÃO ESPAÇO/TEMPO MATERIALIZADA NUMA RUA DE UM GRANDE 
CENTRO URBANO
TURMA: 6º ano.
BNCC:
- Unidade temática: O sujeito e seu lugar no mundo.
- Objetivos de conhecimento: Identidade sociocultural.
- Habilidades: (EF06GE01) Comparar modificações das paisagens nos lugares de vivência e 
os usos desses lugares em diferentes tempos.
Conteúdo:
- Relação espaço-tempo.
- Uso do espaço pelo homem.
- Modificações das paisagens urbanas.
Desenvolvimento:
A BNCC evidencia a importância de trabalhar no ensino de geografia os conceitos de 
espaço-tempo de maneira articulada, como um processo. Chama a atenção para que o 
aluno expanda o contexto imediato de sua vida, visando aprender novas formas de realizar 
um raciocínio geográfico baseado em compreender amplamente a realidade.
 
Assim, nossa proposta baseia-se na análise da Rua XV de Novembro em Curitiba/ PR e 
sua mudança física e simbólica ao longo dos anos em função de uma (re)funcionalização 
urbana.
1º Momento: Após feitos apontamentos com os alunos sobre a relação espaço-tempo, 
paisagem e lugar, bem como esclarecido o papel do homem na transformação da natureza, 
realizar com os alunos uma atividade no laboratório de informática. Os alunos devem utilizar 
o Google Maps, com o recurso Street View, o que possibilitará que possam ter uma visão 
360º da Rua XV de Novembro, em Curitiba. Simule com a turma uma visita, peça para que 
eles analisem a paisagem por meio das imagens, que identifiquem as pessoas que estão 
na rua, o comércio, se existem vendedores informais, o tipo das construções. Em seguida, 
peça para que a turma observe o primeiro plano da imagem, ou seja, as fachadas das lojas, 
visto que o espaço é amplamente utilizado na atualidade para o comércio. Logo após, peça 
para que movam a imagem para cima para que identifiquem o tipo de construção na parte 
superior das lojas. Os alunos poderão perceber que a arquitetura é mais antiga, geralmente 
casarões. Indague-os se as lojas e os casarões fazem parte do mesmo tempo histórico. Logo 
os alunos poderão perceber que não. Assim, insira o debate sobre porque ocorreu. 
2º Momento: A aula será destinada à pesquisa, também no laboratório de informática. Os 
alunos devem tentar identificar a história da Rua XV de Novembro. Para a tarefa, um site 
oficial de consulta pode ser o da Câmara Municipal de Curitiba, disponível no seguinte link: 
http://www.cmc.pr.gov.br/ass_det.php?not=26154#&panel1-1 - Acesso em 18 jan. 2019. 
Nele, encontra-se a matéria: “Curitiba Ontem e Hoje: as histórias e as memórias por trás das 
http://www.cmc.pr.gov.br/ass_det.php?not=26154#&panel1-1
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UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
fotos’’, com imagens e a história da rua, que foi fechada ao trânsito de veículos na década de 
1970 visando melhorar a mobilidade urbana da metrópole paranaense. Podem ser inseridos 
na atividade os temas de rugosidade, termo cunhado pelo geógrafo Milton Santos, que diz 
respeito às “heranças espaciais constituídas em diferentes tempos do processo histórico” 
(OLIVEIRA, 2015, p.7), para explicar como os casarões antigos da rua foram transformados 
em lojas e outros espaços de comércio em período mais recente.
3º Momento: Nesta aula, a produção dos alunos poderá voltar-se para o nível local, ou 
seja, pode-se pedir para que produzam um trabalho com fotos antigas do bairro ou cidade 
onde vivem, comparando com os novos usos e materialidades existentes. Como resultado 
da atividade, pode-se produzir uma amostra fotográfica na escola, apresentando as ações 
do homem. Assim, a relação entre espaço e tempo será mais palpável, tendo a capacidade 
de raciocínio geográfico. É preciso lembrar que a relação entre sociedade e espaço se 
manifesta constantemente, com características distintas em cada local.
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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A leitura de sociedade e natureza passou por diferentes abordagens nas 
correntes geográficas, sendo mais aceita e utilizada nas últimas décadas do 
século XX e em período mais recente.
• A realidade é dinâmica e a dinamicidade é realizada justamente a partir da 
interação entre homem-meio. Para tanto, torna-se necessária a busca por 
análises que sejam, de fato, totalizantes e interpretativas.
• A ciência geográfica é dinâmica. Suas formas de análisedo espaço e suas 
escalas se constituem em um processo que não está pronto e acabado, mas que 
sempre realiza intervenções nas formas de se pensar geograficamente.
• A relação sociedade-natureza se dá pelo fato de que o homem, precisando 
de um substrato físico para se desenvolver, relaciona-se com o espaço se 
apropriando da natureza, transformando-a. Assim, sociedade e natureza não 
podem ser pensadas separadamente.
• A sociedade usa o espaço ao longo do tempo, resultando em materialidades 
técnicas. Estas podem empirizar os usos realizados em diferentes tempos e que 
se entrecruzam.
• Espaço e tempo são responsáveis pela explicação e funcionalidade da paisagem.
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1 “No primeiro caso, o crescimento do centro-oeste e da Amazônia vem 
provocando o povoamento de áreas anteriormente subpovoadas e isoladas, 
criando novos fluxos e ampliando a produção econômica, muitas vezes com 
o sacrifício das populações locais ― índios e posseiros ― e com a destruição 
da floresta. A expansão do povoamento é altamente predatória, podendo-se 
admitir que a destruição da floresta pelas madeireiras, seguida da cultura da 
soja e da pecuária extensiva, provocam fortes impactos sobre a população 
local e os imigrantes que chegam à área e modificam as paisagens e as 
condições ecológicas” 
FONTE: ANDRADE, M. C. de. Brasil: globalização e regionalização. Geographia, Rio de 
Janeiro, v. 3, n. 5, p.7-17, 2001. 
Em relação ao exposto no texto anterior, marque a opção INCORRETA:
a) ( ) Podemos entender o trecho anterior com base na relação sociedade-
natureza, pois fica clara a evidência da influência do homem sobre o espaço 
e as consequências de tais interferências.
b) ( ) Neste fragmento há a afirmação de que o povoamento de áreas 
consideradas vazios demográficos pode afetar a diversidade biológica local.
c) ( ) Há uma relação conflituosa sendo desenhada. Povos locais tratam 
da floresta como meio de subsistência, enquanto os migrantes, em boa 
parte, têm objetivos específicos ao deslocarem-se para estas áreas, como a 
produção de monocultura.
d) ( ) Pode-se entender com base no fragmento de texto que há uma 
movimentação política para a migração em direção ao centro-oeste e 
Amazônia em função da falta de terras no restante do país.
2 Analise as informações a seguir e marque a opção INCORRETA em relação 
à dualidade espaço-tempo.
a) ( ) A dualidade espaço-tempo pode ser considerada existente por meio de 
duas perguntas: Onde? Quando? Assim, tanto o conceito de espaço se fará 
presente, quanto o de temporalidade.
b) ( ) Não se pode entender o homem sem o espaço e nem o tempo sem a 
presença do homem, pois ele confere lógica. Assim, a relação espaço-tempo 
se faz presente em toda a análise espacial.
c) ( ) A empirização do tempo é discutida pelos geógrafos desde a 
sistematização da geografia. Contudo, ainda não houve, de fato, uma 
técnica que permitisse identificar os momentos no espaço de maneira 
física e concreta.
d) ( ) O meio técnico-científico-informacional permite identificar os objetos 
técnicos no espaço, sobretudo no período atual. Esses objetos novos e 
herdados do passado com uma nova ressignificação, dão o passo de relações 
entre sociedade e espaço.
AUTOATIVIDADE
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3 “A história das chamadas relações entre sociedade e natureza é, em todos 
os lugares habitados, a da substituição de um meio natural, dado para 
uma determinada sociedade, por um meio cada vez mais artificializado, 
isto é, sucessivamente instrumentalizado por essa mesma sociedade. Em 
cada fração da superfície da terra, o caminho que vai de uma situação para 
a outra se dá de maneira particular. A parte do "natural" e do "artificial" 
também varia, assim como mudam as modalidades do seu arranjo” 
FONTE: SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. 4. ed. 
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006. 
Com base no texto e nos apontamentos do Tópico 2, explique como o meio 
natural se transformou no que hoje consideramos como meio técnico-científico-
informacional.
32
33
TÓPICO 3
CONCEITOS CENTRAIS NO ESTUDO DA GEOGRAFIA 
HUMANA: ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Acadêmico, você já conseguiu identificar em seus estudos o objeto central 
de análise da ciência geográfica? Pudemos perceber, nos últimos tópicos, que 
a geografia passa constantemente por uma reconstrução. Assim, a geografia, 
enquanto ciência, teve um longo processo para a sistematização em si. Um dos 
pontos de debate girou em torno do seu objeto de estudo.
 
Também em tópicos anteriores desta unidade, percebemos que o interesse 
acerca da superfície terrestre sempre foi muito claro para os seres humanos. 
Contudo, somente após muito esforço teórico e conceitual podemos afirmar que 
o objeto central dos estudos geográficos é um conceito chamado de espaço. 
Em nossos estudos durante a Unidade 3, visualizaremos tanto o conceito 
de espaço quanto os conceitos de território e região, além de avançarmos 
na compreensão de quais são as análises que vêm sendo desenvolvidas por 
pesquisadores da geografia humana.
2 ESPAÇO: O CONCEITO QUE DÁ SENTIDO AO ESTUDO 
GEOGRÁFICO
O espaço foi um conceito abordado em algumas correntes do pensamento 
geográfico, da geografia tradicional à teorético-quantitativa, contudo focaremos 
nossos estudos nas concepções mais recentes acerca do debate espacial. Assim, 
iniciaremos nossas exposições amparados na afirmação de Castro, Gomes e 
Corrêa (2012), de que o espaço é o objeto da geografia.
 Assim, “o desafio é discutir as diferentes maneiras como as práticas sociais 
interagem com esse espaço, apropriam-se dele, transformam-no e se revelam 
em uma ordem coerente, que deve ser interpretada pela geografia” (CASTRO; 
GOMES; CORRÊA, 2012, p. 7).
Começamos a perceber que o espaço é algo que deve ser analisado com 
base nas ações cunhadas pelo homem. São tais ações as responsáveis por conferir 
novos aspectos, pois houve uma transformação, ou seja, o espaço deve ser 
entendido como algo dinâmico.
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UNIDADE 1 | BREVE HIS., OS DUAL., AS INT. ENTRE O BINÔMIO SOC. E NAT. E OS CONCEITOS FUNDAMENTAIS NA GEO. HUM.
FIGURA 5 – ESPAÇO GEOGRÁFICO URBANO
FONTE: <https://pxhere.com/pt/photo/1432043>. Acesso em: 25 ago. 2018
Na figura anterior observamos um exemplo de espaço representado por 
uma cidade, a de Vitória, no estado do Espírito Santo. Podemos notar as ações 
humanas sobre uma base física natural. Ainda, podemos mais uma vez inserir 
no debate o geógrafo Milton Santos, visto que foi ele quem se dedicou durante 
alguns anos para a identificação de estruturas que contextualizassem o papel de 
destaque do espaço na geografia. Para Santos (1988b), o espaço é um “conjunto 
indissociável”, ou seja, que não pode ser analisado separadamente de sistemas de 
objetos e sistemas de ações. Segundo o autor, podemos compreender pela ótica 
de que de um lado estão tanto objetos naturais quanto sociais. Ainda, para que 
haja a produção do espaço, existem também as ações por meio dos agentes da 
sociedade que irão colocar o processo em circulação.
O espaço deve ser considerado como um conjunto indissociável de 
que participam, de um lado, certo arranjo de objetos geográficos, 
objetos naturais e objetos sociais, e, de outro, a vida que preenche e 
anima, ou seja, a sociedade em movimento. O conteúdo (da sociedade) 
não é independente da forma (os objetos geográficos), e cada forma 
encerra uma fração do conteúdo. O espaço, por conseguinte, é isto: um 
conjunto de formas, pois têm um papel na realização social (SANTOS, 
1988, p. 30-31).
Façamos uma análise entre a figura anterior e a afirmação do autor. 
Podemos identificar que existem os objetos naturais (o mar, o morro), objetos 
sociais (construções como a ponte, os prédios ao fundo etc.) e que existe uma vida 
que preenche o espaço, pois a sociedade não é imóvel, mas desenvolve suas ações 
do cotidiano.
TÓPICO 3 | CONCEITOS CENTRAIS NO ESTUDO DA GEOGRAFIA HUMANA: ESPAÇO, TERRITÓRIO E REGIÃO
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Assim, “o espaço

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