Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Apostila Studium Legis por: @estudadireitosofia 2021.1 1 Dos Crimes contra a Família Dos Crimes contra o Casamento Bigamia Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena – reclusão, de dois a seis anos. §1º Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. §2º Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime. Sobre a Bigamia: Sujeito ativo é somente a pessoa casada e o sujeito passivo é, primordialmente, o Estado. Secundariamente, pode-se incluir o cônjuge do primeiro casamento. Em terceiro plano, é viável falar-se também do segundo cônjuge, desde que não saiba que se casou com pessoa impedida. O objeto jurídico é a preservação do casamento monogâmico, já o objeto material é o casamento em si. Elementos objetivos do tipo: Contrair casamento significa ajustar a união entre duas pessoas de sexos diferentes, devidamente habilitadas e legitimadas pela lei civil, tendo por finalidade a constituição de uma família. O matrimônio, atualmente, não é a única forma de se constituir uma família, embora continue sendo uma das principais vias. A Constituição Federal reconhece a união estável como entidade familiar, para efeito de proteção do Estado, o que não significa que se formem, a partir daí, os laços matrimoniais (art. 226, § 3.º, CF). Portanto, o crime de bigamia somente se dá quando o agente, já sendo casado, contrai novo casamento, não sendo suficiente a união estável. Bigamia é a situação da pessoa que possui dois cônjuges. Vale ressaltar que aquela pessoa não sendo casada, contrai matrimônio com outra pessoa já casada, tendo conhecimento disso, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. Trata-se de exceção pluralística à teoria monística do concurso de pessoas, ou seja, o legislador pretende punir com menor rigor o solteiro que se casa com pessoa casada. Se não tivesse feito a previsão do § 1.º, incidiria a regra do art. 29 e a pena seria a mesma do caput. Elemento subjetivo do crime pode-se afirmar que é o dolo. No caso da figura prevista no § 1.º, exige-se dolo direto (“conhecendo essa circunstância”). Classificação: próprio; material; de forma vinculada; comissivo; instantâneo de efeitos permanentes; plurissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa: é admissível, embora de difícil configuração. Para a celebração oficial do casamento, há uma série de requisitos e formalidades; assim, durante o transcurso de tais formalidades, antes da finalização, com a inscrição no livro próprio, é viável a interrupção dos atos, por circunstâncias alheias à vontade do(s) agente(s). Particularidades: há causa específica de exclusão da tipicidade prevista no § 2.º. Se o primeiro casamento, existente à época do crime, for posteriormente anulado, torna-se atípica a conduta do agente, que passará a manter casamento com uma só pessoa. A declaração de nulidade do primeiro 2 casamento provoca efeito ex tunc, demonstrando que o agente não se casou, sendo casado. Logo, bigamia não houve. O termo inicial da prescrição não ocorre com a consumação, mas na data em que o fato se tornou conhecido (art. 111, IV, CP). O conhecimento não precisa ser oficial, ou seja, em registro de ocorrência policial; basta que se prove tenha a comunidade, onde vive o bígamo, ciência da sua situação, mantendo dois (ou mais) casamentos ao mesmo tempo. Afinal, nessa situação, presume-se tenha a autoridade conhecimento do fato. Momento consumativo: Quando o segundo casamento é oficialmente celebrado e esse é consumado no momento em que é averbado, na hora que é dito o “vus declaro casados”. Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena – detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. Sobre o Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento: Sujeito ativo é qualquer pessoa que se case induzindo outra em erro ou ocultando-lhe impedimento e já o sujeito passivo é, primordialmente, o Estado. Secundariamente, pode-se incluir a pessoa ludibriada. Objeto jurídico é o interesse estatal na regularidade dos casamentos celebrados e o objeto material é o casamento. Elementos objetivos do tipo: Contrair casamento significa, como já visto em comentário ao crime de bigamia, ajustar a união entre duas pessoas de sexos diferentes, devidamente habilitadas e legitimadas pela lei civil, tendo por finalidade a constituição de uma família. Neste caso, acrescentam-se as condutas de induzir (inspirar ou incutir) em erro e ocultar (esconder) impedimento. Portanto, há duas situações possíveis: a) contrair casamento levando outra pessoa a incidir em engano fundamental. Os erros essenciais estão enumerados no art. 1.557 do Código Civil; b) contrair casamento escondendo impedimento matrimonial. Os impedimentos estão no art. 1.521 do Código Civil. A pena é de detenção, de seis meses a dois anos. ***O mesmo é válido para casamentos homoafetivos, pois esses são permitidos no Brasil! Elemento subjetivo do crime é o dolo. Classificação: Próprio; formal; de forma vinculada; comissivo; instantâneo de efeitos permanentes; plurissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa: Não é admissível, por ser crime condicionado, conforme abaixo exposto. Particularidades: há condição objetiva de punibilidade, igualmente considerada condição de procedibilidade nesse caso. Criou o legislador uma condição para haver a punição do agente: ser o casamento anulado efetivamente. Assim, ainda que 3 tenha sido enganado, pode ser que o agente permaneça casado, como no caso da pessoa que se casa com moça que possui defeito físico irremediável. Logo, não há punição alguma para o agente. Apesar de configurado o delito, não há punibilidade. Essa condição objetiva, que não depende do dolo do agente, é também condição de procedibilidade para o ingresso da queixa-crime. No sentido de ser condição objetiva de punibilidade. Outra particularidade desse tipo penal é de ser uma ação penal é privada personalíssima e somente pode ser intentada pelo cônjuge que se sente enganado (parágrafo único). Além de ser uma lei penal em branco homogênea heterovitelina. Momento consumativo: Quando o casamento é oficialmente celebrado. Conhecimento prévio de impedimento Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta: Pena – detenção, de três meses a um ano. Sobre o conhecimento prévio de impedimento: Sujeito ativo é qualquer pessoa que se case impedida pela lei civil e o sujeito passivo é, primordialmente, o Estado. Secundariamente, pode-se incluir o cônjuge que não conhecia o impedimento. O objeto jurídico é o interesse estatal na regularidade dos casamentos celebrados, já o objeto material é o casamento em si. Elementos objetivos do tipo: Esta hipótese pune o agente que se casa ciente do impedimento matrimonial, causador de nulidade absoluta (art. 1.521, I a VII, c/c o art. 1.548, II, CC). A pena é de detenção, de três meses a um ano. Elemento subjetivo do crime: É o dolo. Exige-se a forma direta (“conhecendo a existência de impedimento”). Classificação: Próprio; formal; de forma vinculada; comissivo; instantâneo de efeitos permanentes; plurissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa: É admissível. Momento consumativo:Quando o casamento é oficialmente celebrado. Particularidades: Também é uma lei penal em branco, como mostrado acima, precisa do apoio de artigos do CC. Dos Crimes contra o Estado de Filiação Registro de nascimento inexistente Art. 241. Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente: Pena – reclusão, de dois a seis anos. Sobre o registro de nascimento inexistente: Sujeito ativo é qualquer pessoa que registre o nascimento de uma criança inexistente e o sujeito passivo é, primordialmente, o Estado. Secundariamente, a pessoa prejudicada pelo registro inexistente. O objeto jurídico é o estado de filiação, já o objeto material é o registro civil realizado. 4 Elementos objetivos do tipo: é promover significa gerar ou dar origem. O objeto é a inscrição no registro civil de nascimento não ocorrido. A pena é de reclusão, de dois a seis anos. Elemento subjetivo do crime: é o dolo. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa: é admissível. Momento consumativo: quando se realiza a inscrição. Particularidades: A prescrição somente começa a correr após o fato se tornar conhecido de acordo com o art. 111, IV, do CP. Caso se o tabelião registral tiver conhecimento da situação também responderá por concurso de agente. Outra particularidade é que neste tipo penal também é acobertado o natimorto, por exemplo, registrar criança que nasce morta. Parto suposto (Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido) Art. 242. Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: Pena – reclusão, de dois a seis anos. Parágrafo único. Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza: Pena – detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena Sobre o Parto suposto. Supressão ou alteração de direito ao estado civil de recém-nascido: Sujeito ativo no caso do parto suposto só a mulher e nas outras formas pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo é o Estado e secundariamente, a pessoa prejudicada pela situação irregular criada. O objeto jurídico é o estado de filiação e o objeto material pode ser o recém-nascido ou o registro realizado. Elementos objetivos do tipo: nesse tipo penal os elementos objetivos são: DAR; REGISTRAR; OCULTAR; SUBSTITUIR; SUPRIMIR; ALTERAR. O objeto protegido é o estado de filiação. Tratando-se de um tipo misto cumulativo e alternativo. São previstas três condutas diferenciadas, embora, entre elas, exista alternatividade: a) Dar parto alheio como próprio; b) Registrar como seu o filho de outrem; c) Ocultar ou substituir recém-nascido. Em todas incide, ainda, a consequência de suprimir ou alterar direito inerente ao estado civil. Assim, caso o agente pratique as três, responderá por três delitos. Somente no caso a última é que pode praticar uma ou as duas e cometerá um só crime (ocultar ou substituir). Elemento subjetivo do tipo especifico: é a vontade de suprimir ou alterar estado civil, implícita no tipo. Elemento subjetivo do crime: é o dolo. Para os crimes dos artigos 215 e 241 a prescrição na ação penal se da no momento que o crime se torna notável. Art. 111, §4º. 5 Classificação: próprio (na primeira conduta) e comum (nas demais); material; de forma livre; comissivo; instantâneo (e na modalidade ocultar é permanente); unissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa: é admissível. Momento consumativo: quando qualquer das condutas for praticada, alterando o estado de filiação. Particularidades: Praticando qualquer uma das condutas típicas por motivo de reconhecida nobreza, ou seja, a razão que levou o agente a agir de tal forma for nitidamente elevada ou superior, o juiz poderá extinguir a punibilidade. Ex.: registrar criança de moradora de rua, pois a mesma não teria condições de cuida-la. O prazo prescricional começa a correr quando o fato se tornar conhecido da autoridade pública (art. 111, IV, CP). Esse conhecimento pode ser presumido, vale dizer, quando o fato se torna notório na comunidade onde vive o bígamo. Sonegação de estado de filiação Art. 243. Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil: Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa. Sobre sonegação de estado de filiação: Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo é o Estado, secundariamente, a pessoa prejudicada pela situação irregular criada. O objeto jurídico é o estado de filiação, já o objeto material é a criança abandonada. Elementos objetivos do tipo: deixar (largar ou abandonar) em asilo de expostos (orfanatos), ou outra instituição de assistência, filho próprio ou alheio, ocultando-lhe (escondendo) a filiação ou atribuindo-lhe (imputando ou conferindo) outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil. Elemento subjetivo do tipo específico: é a vontade de prejudicar direito inerente ao estado civil. Elemento subjetivo do crime: é o dolo. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa: é admissível. Momento consumativo: quando ocorrer o abandono. Particularidades: Entregar para adoção não é crime, salvo quando se entrega a criança com finalidade de ocultar a origem do abandonado. Pode ser filho próprio ou de terceiro. Abandono de incapaz pode é deixar em qualquer lugar, já no 234 existe um local específico (ex.: orfanato) onde será acolhido e cuidado. É preciso esclarecer que doutrinariamente é dever do juiz dar o perdão judicial se todos os quesitos forem preenchidos. 6 Dos Crimes Contra a Assistência Familiar Abandono material Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo: Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário-mínimo vigente no País. Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada. Sobre o abandono material: Sujeito ativo na primeira e na segunda figura do tipo penal pode ser o cônjuge, o pai ou a mãe, o descendente ou o devedor da pensão, já na terceira pode ser o ascendente ou o descendente e o sujeito passivo pode ser, na ordem inversa do tipo penal, o cônjuge, o filho, o ascendente ou o credor de alimentos ou o descendente ou ascendente. **O Estado também pode ser o sujeito passivo, pois é interessado na proteção à família; O objeto jurídico é a proteção vinda do Estado sobre à família, já o objeto material é a renda, pensão ou outro auxílio. Elementos objetivos do tipo: sendo esse um tipo penal complexo, é preciso um estudo mais aprofundado do elemento objetivo do tipo, vejamos que, existem três condutas típicas no tipo: a) Deixar de prover subsistência a cônjuge, filho ou ascendentes, não lhes proporcionando os recursos necessários. Sendo uma conduta mista, pois a simples falta de provimentonão vai ser considerado desamparo, pois pode ser que a(s) pessoa(s) tenham condições para continuar o seu sustento; b) Deixar de prover a subsistência a de pessoas credora de alimentos, faltando o pagamento de pensão alimentícia (que tenha sido acordada judicialmente). Aqui se presume que se uma pensão foi fixada é porque a pessoa que recebe precisa dela, assim se não houver o pagamento efetua automaticamente a falta de provimento; c) Deixar de socorrer parente enfermo, é uma conduta autônoma. Caso pratique essa conduta junto com alguma das ascendentes provoca dupla punição. Elemento subjetivo do crime: é o dolo; Classificação: próprio; formal; de forma livre; omissivo; permanente; unissubjetivo; unissubsistente. Tentativa: é um crime omissivo próprio, então não é admissível tentativa; Momento consumativo: quando ocorrer a omissão da subsistência, assim que “deixar”. Particularidades: Para a existência do crime, é necessário que o fato se dê sem justa causa. Há justa causa, por exemplo, quando o sujeito se encontra doente e precisa usar os recursos financeiros para seu próprio tratamento ou quando foi vítima de crime contra o patrimônio, etc; Pena é calculada pela reforma de 1984, então a multa específica do tipo é inválida; Solvente é aquele que deve e pode pagar. 7 Dos Crimes Contra o Pátrio poder, tutela ou curatela Subtração de incapazes Art. 249. Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial: Pena – detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime. § 1º O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda. § 2º No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena. Sobre a subtração de incapazes: Sujeito ativo pode ser qualquer pessoas e o sujeito passivo é aquele que detém a guarda ou exerce autoridade sobre o menos ou interdito; O objeto jurídico é a proteção ao poder familiar, da tutela ou curatela, já o objeto material é o menor de 18 anos ou interdito; Elementos objetivos do tipo: subtrair, retirar, fazer escapar ou afastar o menor de 18 ou interdito; Elemento subjetivo do crime: é o dolo; Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa: é admissível; Momento consumativo: é consumado a qualquer momento da subtração. Particularidades: O tipo penal aborda a possibilidade de perdão judicial se o menor ou interdito for restituído sem sofrer maus-tratos ou privações, assim, o juiz pode deixar de aplicar a pena; Apresenta subsidiariedade expressa onde o legislador, tratando da pena, determinou que ela se tipifica apenas quando o fato não constituir outro crime mais grave, por exemplo, sequestro ou extorsão; O § 1º se alinha com o artigo 237 do ECA estabelecendo que, caso a intenção do agente for a colocação do menos subtraído em uma família substituta, a punição é de reclusão (2 a seis anos + multa). Dos Crimes contra a Incolumidade Pública Dos Crimes de Perigo Comum Crime comum Crime Própria É um poder-dever. Caso todos os requisitos forem preenchidos todos os requisitos, o juiz deve deixar de aplicar a pena. Relembrando..... Crime de Dano: é aquele que se consuma com a efetiva lesão do bem jurídico. Ex.: homicídio; Crime de Perigo: se consumam tão só com a possibilidade do dano. Ex.: crime de contágio venéreo. Tipos de Crimes de Perigo: Concreto: aquele que o legislador exige a demonstração do perigo, a exposição ao risco; Abstrato: o risco advindo da conduta é absolutamente presumido por lei, bastando a violação da norma. 8 Incêndio Art. 250. Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa. Aumento de pena § 1º As penas aumentam-se de um terço: I. se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio; II. se o incêndio é: a) em casa habitada ou destinada a habitação; b) em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura; c) em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo; d) em estação ferroviária ou aeródromo; e) em estaleiro, fábrica ou oficina; f) em depósito de explosivo, combustível ou inflamável; g) em poço petrolífico ou galeria de mineração; h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. Incêndio culposo § 2º Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de seis meses a dois anos. Sobre o Incêndio: Incêndio é o fogo intenso que tem forte poder de destruição e de causação de prejuízos. Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo é a sociedade. O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o objeto material é a substância ou objeto incendiado. Elementos objetivos do tipo: causar e expor, ainda assim é preciso complementa-se o tipo exigindo perigo à vida, à integridade física ou ao patrimônio de outrem. Elemento subjetivo do crime: é o dolo do perigo, a vontade de gerar um risco não tolerado a terceiros. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo comum concreto; unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente, conforme o delito. Tentativa: é admitida da forma dolosa. Momento consumativo: ocorre quando a conduta de provocar incêndio, independente do resultado naturalístico. Causas de aumento de pena: a) se o crime for cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio: configura-se quando há intuito especial do agente na obtenção de vantagem (ganho, lucro) pecuniária (realizável em dinheiro ou conversível em dinheiro) para seu proveito ou de terceiro. É o elemento subjetivo do tipo específico inserido como causa de aumento. b) se o incêndio é em casa habitada ou destinada a habitação: casa é o edifício destinado a servir de moradia a alguém. Estar habitada significa que se encontra ocupada, servindo, efetivamente, de residência a uma ou mais pessoas. Ser destinada a habitação quer dizer um prédio reservado para servir de morada a alguém, embora possa estar desocupado. A cautela do tipo penal, ao mencionar as duas formas (“habitada” e “destinada à habitação”), deve-se ao fato de a casa poder estar ocupada por alguém ou não. Assim, configura-se a causa de aumento ainda que seja uma residência de veraneio, desocupada, pois é destinada a habitação; c) se o incêndio é em edifício público ou destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura: quando o prédio for de propriedade do Estado ou tiver destinação pública, isto é, finalidade de atender a um grande número de pessoas (exemplos: teatros, prédios comerciais em horário de expediente, estádios de futebol). Inclui-se nesta última hipótese a utilização 9 por obra de assistência social ou cultural, porque não deixa de ser uma utilidade pública; d) se o incêndio é em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo: embarcação é toda construção destinada a navegar sobre a água; aeronave é “todo aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas” (art. 106, caput, do Código Brasileiro de Aeronáutica); comboio significa trem; veículo de transporte coletivo é qualquer meio utilizado para conduzir várias pessoas de um lugar para outro (ônibus, por exemplo); e) se o incêndio é em estação ferroviáriaou aeródromo: estação ferroviária é o local onde se processa o embarque e desembarque de passageiros ou cargas de trens; aeródromo é o aeroporto, isto é, área destinada a pouso e decolagem de aviões. Não abrange, obviamente, rodoviárias e portos; f) se o incêndio é em estaleiro, fábrica ou oficina: estaleiro é o local onde se constroem ou consertam navios; fábrica é o estabelecimento industrial destinado à produção de bens de consumo e de produção; oficina é o local onde se executam consertos de um modo geral; g) se o incêndio é em depósito de explosivo, combustível ou inflamável: depósito é o lugar onde se guarda ou armazena alguma coisa. Explosivo é a substância capaz de estourar; combustível é a substância que tem a propriedade de se consumir em chamas; inflamável é a substância que tem a propriedade de se converter em chamas; h) se o incêndio é em poço petrolífero ou galeria de mineração: poço petrolífero é a cavidade funda, aberta na terra, que atinge lençol de combustível líquido natural; galeria de mineração é a passagem subterrânea, extensa e larga, destinada à extração de minérios; i) se o incêndio é em lavoura, pastagem, mata ou floresta: lavoura é plantação ou terreno cultivado; pastagem é o terreno onde há erva para o gado comer; mata é o terreno onde se desenvolvem árvores silvestres; floresta é o terreno onde há grande quantidade de árvores unidas pelas copas. Forma culposa Nesse caso é necessária a comprovação de ter agido o incendiário com imprudência, negligência ou imperícia, infringindo o dever de cuidado objetivo, bem como tendo previsibilidade do resultado. A pena é sensivelmente menor (detenção, de seis meses a dois anos). Particularidades: É um crime vago, sim, todas as pessoas podem sofrer o perigo, mas não é necessário identificar todas essas pessoas para que o agente seja punido. Assim é preciso expor a risco a vida, integridade ou o patrimônio, precisando ser comprovado durante o processo. Explosão Art. 251. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos: Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa. § 1º Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. Aumento de pena § 2º As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo. Modalidade culposa § 3º No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a um ano. 10 Sobre a Explosão: Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo é a sociedade como um todo, quem correr o perigo. O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o objeto material é a substância análoga. Elementos objetivos do tipo: expor alguém já objetiva o tipo penal, mas ainda assim ele explicita que a exposição é a perigo voltado a vida, à integridade física ou patrimônio de alguém. Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo, a vontade de gerar um risco não tolerado a terceiros. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo comum; concreto; unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente; conforme do delito. Tentativa: é admissível na forma plurissubjetiva dolosa. Momento consumativo: assim que ocorre a explosão, independente do resultado. Forma privilegiada Se a substância utilizada para a explosão não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos, a pena é de reclusão, de 1 a 4 anos, e multa, conforme o §1. Causas de aumento de pena: Configurada a hipótese do §1º, I, do art. 250, ou se é visada ou atingida qualquer das coisas enumeradas no inciso II do mesmo parágrafo e do mesmo artigo, confirme previsto no §2º do art. 251. Forma culposa: É necessária a comprovação de ter agido o incendiário com imprudência, negligência ou imperícia, infringindo o dever de cuidado objetivo, bem como tendo previsibilidade do resultado. Se a explosão envolver dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a um ano, conforme §3º. Particularidades: Art. 16 da Lei do Desarmamento para fins de comparação; Se atentar a modalidade é culposa. Uso de gás tóxico ou asfixiante Art. 252. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. Modalidade Culposa Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena – detenção, de três meses a um ano. Sobre o uso de gás tóxico ou asfixiante: Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo é a sociedade. O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o objeto material é p gás tóxico ou asfixiante. Elementos objetivos do tipo: expor, como já foi citado, contém o fator de perigo, é colocar a pessoa em perigo. Ainda assim, esse tipo penal explicita que a exposição deve colocar em perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de alguém. Elemento subjetivo do crime: é o dolo do perigo, ou seja, a vontade de gerar um risco não tolerado a terceiros. Classificação: comum; formal; de forma livre; instantâneo; de perigo comum concreto; unissubjetivo ou plurissubsistente. Tentativa: é admissível se ocorrer na forma plurissubjetiva dolosa. 11 Momento consumativo: quando ocorre a utilização do gás, independentemente de resultado naturalístico. Forma culposa: É necessária a comprovação de que o incendiário agiu com imprudência, negligência ou imperícia, infringindo o dever de cuidado objetivo, bem como tendo previsibilidade do resultado. A pena é de detenção, de três meses a um ano. Particularidades: O gás não precisa ser mortífero, necessita apenas expor a perigo a vida, etc. Fabricação, fornecimento, aquisição, posse ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante Art. 253. Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Sobre o fabricação (...): Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo é a sociedade, pois se trata de um crime vago. O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o objeto material é a substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante ou material destinado à sua fabricação. Elementos objetivos do tipo: o objeto é a substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante ou material destinado à sua fabricação. É tipo misto alternativo, isto é, prática de uma ou mais condutas implica na realização de um único crime. Elemento subjetivo do crime: a vontade de gerar um risco não tolerado a terceiros, o dolo. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo comum abstrato; unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente. Tentativa: é inadmissível, pois cuida de uma exceção, já que são punidos os atos preparatórios do crime de explosão e de uso de gás tóxico ou asfixiante. Momento consumativo: quando houver a fabricação, fornecimento, aquisição, posse ou transporte da substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante ou material destinado a sua fabricação, independentemente de resultado naturalístico. Inundação Art. 254. Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, no caso de culpa. Sobre a Inundação: Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo é a sociedade, tratando-se de um crime vago. O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o objeto material é a água em grande quantidade, que causa a inundação. Elementos objetivos do tipo: o objetivo da conduta é a inundação, logo compõe-se por expor alguém é colocar em perigo, dessa forma se completa quando há perigo à vida, integridade física ou patrimônio de outrem. Elemento subjetivo do crime: é o dolo do perigo, ou seja, a vontade de gerar um risco a terceiros. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo comum 12 concreto; unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente. Tentativa: é admitida na forma plurissubsistente dolosa. Momento consumativo: assim que houver a inundação, independente do resultado. Particularidades: “Causar” é o verso tipo desse artigo que trata de realmente provocar a inundação. Perigo de Inundação Art. 255. Remover, destruir ou inutilizar, em prédio próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação: Pena – reclusão, de um a três anos, e multa. Sobre o Perigo de Inundação: Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo é a sociedade. O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o objeto material é o obstáculo natural ou a objeto destinado a impedir a inundação. Elementos objetivos do tipo: remover, destruir ou inutilizar são as condutas que compõe o verbo expor desse tipo. Elemento subjetivo do crime: é o dolo. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo comum concreto; unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente. Tentativa: não é cabível, pois essa já é a fase preparatória do crime de inundação. Momento consumativo: quando houver a remoção, destruição ou inutilização em prédio próprio ou alheio, independentemente do resultado. Particularidades: Se o agente retira o obstáculo ele QUER CAUSAR a inundação. Intrínseco ao artigo 254. Desabamento ou desmoronamento Art. 256. Causar desabamento ou desmoronamento, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. Modalidade culposa Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena – detenção, de seis meses a um ano. Sobre o desabamento ou desmoronamento: Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo é a sociedade, excepcionalmente, pode ser a pessoa diretamente prejudicada pelo evento. O objeto jurídico é o bem-estar da sociedade, já o objeto material é a construção, morro ou semelhante que desmorona. Elementos objetivos do tipo: desabar ou desmoronar, exigindo perigo à vida. Elemento subjetivo do crime: é o dolo, a pura vontade de gerar risco a outrem. Esse crime existe modalidade culposa. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo comum concreto; unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente. Tentativa: admite-se na modalidade dolosa. O desabamento é a queda de construções ou obras construídas pelo homem. Ex.: edifícios, pontes, etc. O desmoronamento refere-se à de partes do solo. Ex.: desmoronamento do morro, pedreira, etc. 13 Momento consumativo: quando houver o desa- bamento ou desmoronamento, independente do resultado. Forma culposa: É necessária a comprovação de que o agente agiu com imprudência, negligência ou imperícia, infringindo o dever de cuidado objetivo, assim como deve ser comprovada a previsibilidade do resultado. Particularidades: Trata-se de um crime vago, podendo expor várias pessoas à risco, logo não é indispensável identificar a todas para que o agente seja punido. Ler artigo 29 da Lei de Contravenções penais afim de comparação. Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento Art. 257. Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza: Pena – reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Sobre a Subtração (ocultação ou inutilização de material de salvamento): Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo toda a sociedade, não é necessário que todas as pessoas sejam punidas para que o agente seja punido. O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o objeto material é o aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento. Elementos objetivos do tipo: é tipo misto alternativo, o que significa que a prática de uma ou mais condutas resultam em um único crime desde que tenham o mesmo contexto. É indispensável que o instrumento seja especificamente voltado ao combate a perigo, por exemplo, alarmes, extintores, salva-vidas, escadas de emergência, etc. Elemento subjetivo do crime: é a vontade de gerar um risco (dolo). Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo (mas permanente quando na forma de ocultar); de perigo comum abstrato; unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente. Tentativa: só é admitida na forma plurissubsistente. Momento consumativo: quando houver a subtração, ocultação ou inutilização de meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento, bem como no caso de impedimento ou dificuldade de serviço de tal natureza, independente do resultado. Observações: Em suma é impedir ou dificultar serviço de específica natureza. Exemplo: está ocorrendo um incêndio e certo sujeito, de propósito, gasta ou esconde os extintores. Formas qualificadas de crime de perigo comum Art. 258. Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço. 14 Aquele que é qualificado pelo resultado. Havendo inicialmente dolo de perigo, somente se aceita, quanto ao resultado qualificador, culpa. No caso do art. 258, prevê-se, para os delitos dolosos de perigo comum, se houver resultado qualificador consistente em lesão corporal grave, a aplicação da pena aumentada da metade (logo, o mínimo e o máximo têm aumento de metade). Quando houver morte, a pena será dobrada (o mesmo se faz quanto ao mínimo e ao máximo). Havendo, no entanto, nos delitos culposos, lesão corporal, a pena é aumentada da metade (lança- se o aumento na terceira fase); resultando morte, aplica-se a pena do homicídio culposo (detenção de um a três anos), aumentada de um terço. Difusão de doença ou praga Art. 259. Difundir doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica: Pena – reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Modalidade culposa Parágrafo único. No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a seis meses, ou multa. Sobre a Difusão de doença ou praga: Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo toda a sociedade, em segundo plano a pessoa diretamente prejudicada pelo acontecido. O objeto jurídico é o bem-estar da sociedade, já o objeto material é a doença ou a praga. Elementos objetivos do tipo: difundir ou disseminar. É importante diferenciar que: doença é moléstia ou enfermidade, podeser localizada e mais restritamente difundida, enquanto a praga é a moléstia que ataca plantas e animais, generalizada e espalhada com grande proporção. Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo ou a culpa, pois existe modalidade culposa. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo comum abstrato; unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente. Tentativa: admite-se na forma plurissubsistente dolosa. Momento consumativo: se dá com a mera difusão da doença ou praga, independente do resultado naturalístico do dano. Forma culposa: É punível o agente com pena substancialmente menor (detenção, de um a seis meses, e multa), quando esse agir com imprudência, negligência ou imperícia, caso haja previsibilidade do resultado. Observação: Esse artigo foi parcialmente revogado, dado o princípio da especialidade, pela Lei 9.605/98 com previsão no artigo 61. Essa situação é aceita pela doutrina majoritária, alguns poucos negam a situação com o argumento de que o art. 61 é menos culposa, beneficiando o réu. Dos Crimes Contra a Saúde Pública Epidemia Art. 267. Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos: Pena – reclusão, de dez a quinze anos. § 1º Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro. § 2º No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos. 15 Sobre a Epidemia: Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo a sociedade. O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto material é o germe patogênico. Elementos objetivos do tipo: causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos (micro-organismos capazes de gerar doenças, como os vírus e as bactérias, dentre outros). Elemento subjetivo do crime: depende do caso, podendo ser dolo ou culpa. Classificação: comum; material; de forma vinculada; comissivo; instantâneo; de perigo comum concreto; unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente. Tentativa: é admissível na forma plurissubsistente dolosa. Momento consumativo: quando a doença é gerada e atinge várias pessoas ao mesmo tempo. Observação: Necessário diferenciar: endemia é enfermidade que existe, com frequência, em determinado lugar, atingindo número indeterminado de pessoas (ex.: resfriado), epidemia é doença que acomete, em curto espaço de tempo e em determinado lugar, várias pessoas (ex.: gripe suína) e a pandemia é doença de caráter epidêmico que abrange várias regiões ao mesmo tempo (ex.: covid-19). Figura qualificada pelo resultado: Se de fato resultar morte, a pena é aplicada em dobro. Nesse caso o crime é hediondo. Figura culposa e qualificada pelo resultado: No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resultar morte, passar a ser dois a quatro anos. Infração de medida sanitária preventiva Art. 268. Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa: Pena – detenção, de um mês a um ano, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro. Sobre a Infração de medida sanitária preventiva: Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo a sociedade em geral. O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto material é a determinação do poder público. Elementos objetivos do tipo: Infringir ou impedir determinada ação do Estado. Trata-se de uma norma penal em branco, depende de outra que venha a complementá-la, para que se conheça o seu real alcance. Elemento subjetivo do crime: é o dolo. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo comum abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa: é admissível. Causa de aumento da pena: Se o autor do crime for funcionário da saúde pública, médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro, que exercem a profissão, a pena vai se agravar de um terço, pois essas pessoas teriam por obrigação evitar a propagação ou introdução de doenças contagiosas, pelo próprio dever inerente ao cargo ou à função que possuem. Ressaltando que a causa de aumento de pena exige atividade profissional e não só o seu título. 16 Omissão de notificação de doença Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Sobre a Omissão de notificação de doença: Sujeito ativo somente o médico e o sujeito passivo a sociedade colocada em risco. O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto material é a notificação compulsória. Elementos objetivos do tipo: deixar de denunciar. Elemento subjetivo do crime: é o dolo. Classificação: próprio; formal (de mera conduta); de forma vinculada; omissivo; instantâneo; de perigo comum abstrato; unissubjetivo; unissubsistente. Tentativa: não é admitida. Momento consumativo: assim que é vencido o prazo legal para que o médico comunique a doença à autoridade pública. Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal Art. 270. Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo: Pena – reclusão, de dez a quinze anos. § 1º Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada. Modalidade culposa § 2º Se o crime é culposo: Pena – detenção, de seis meses a dois anos. Sobre o envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal: Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo é a sociedade. O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto material é a água potável. Elementos objetivos do tipo: envenenar, entregar ou tiver em depósito água ou substância contaminada. Elemento subjetivo do crime: é o dolo do perigo ou a culpa. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo (na forma “ter em depósito” é permanente); de perigo comum abstrato; unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente. Tentativa: admite-se na forma plurissubsistente dolosa. Momento consumativo: assim que o envenenamento se concretizar, independente de atingir alguém, ou quando a água ou substância envenenada for entregue para consumo ou mantida em depósito. Particularidades: A Lei 8.072/90 havia incluído o delito de envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal na relação dos delitos hediondos, embora, com o advento da Lei 8.930/94, tenha sido retirado desse rol. A despeito disso, em se tratando de crime de perigo abstrato – não dependente de prova da existência efetiva do perigo, que é presumido pela lei–, possui pena excessivamente elevada. Imagine-se a conduta de alguém que envenene uma fonte de propriedade particular, com raríssimo acesso de alguém ao local: poderia ser processado pela prática de envenenamento de água potável, ainda que não tivesse havido perigo concreto para qualquer pessoa, recebendo, no mínimo, dez anos de reclusão. Fere-se, com isso, o princípio da proporcionalidade. 17 Corrupção ou poluição de água potável Art. 271. Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde: Pena – reclusão, de dois a cinco anos. Modalidade culposa Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena – detenção, de dois meses a um ano. Sobre a corrupção ou poluição de água: Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo é a sociedade. O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto material é a águapotável. Elementos objetivos do tipo: corromper ou poluir. Tratando-se de um tipo penal misto alternativo, de modo que a prática de uma ou das duas condutas implica num único delito, quando acontece no mesmo contexto. Elemento subjetivo do crime: é o dolo do perigo ou a culpa. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo comum abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa: é admissível na modalidade dolosa. Momento consumativo: assim que água potável for corrompida ou poluída, tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde, independente de efetivo prejuízo à saúde de alguém. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios Art. 272. Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo- lhe o valor nutritivo: Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. § 1º-A Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado. § 1º Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico. Modalidade culposa § 2º Se o crime é culposo: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. Sobre a falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios: Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo é a sociedade. O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto material é a substância ou produto alimentício destinado a consumo. Elementos objetivos do tipo: corromper, adulterar, alterar substância ou produto alimentício tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo seu valor nutritivo. Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo OU a culpa. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo (permanente nas formas “expor à venda” e “ter em depósito”); de perigo comum abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa: admite-se APENAS na modalidade dolosa. Momento consumativo: assim que as condutas descritas no caput atingirem a substância ou produto alimentício destinado a consumo, 18 tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo seu valor nutritivo, ainda que não prejudique a saúde de alguém. Também há a possibilidade do §1º-A quando as condutas descritas forem praticadas em relação à substância alimentícia ou ao produto falsificado, corrompido ou adulterado, mesmo que inexista danos à saúde. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais Art. 273. Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: Pena – reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. § 1º Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. § 1º-A Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias- primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. § 1º-B Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: I. sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; II. em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; III. sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; IV. com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; V. de procedência ignorada; VI. adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. Modalidade culposa § 2º Se o crime é culposo: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. Sobre a falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais: Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo a sociedade. O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto material é o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. Elementos objetivos do tipo: falsificar, corromper, adulterar ou alterar, assim o colocando, expondo a venda, vendendo ou obtendo em depósito para venda. Essas condutas podem ser em relação a produtos nas seguintes condições: a) Sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; b) Em desacordo com a fórmula constante do registro no órgão competente; c) Sem as características de identidade e qualidade admitidas para sua comercialização; d) Com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; e) De procedência ignorada; f) Adquiridos de estabelecimentos sem licença da autoridade sanitária competente. Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo ou a culpa. Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo (permanente nas formas “expor à venda” e “ter em depósito”); de perigo comum abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente. Tentativa: admite-se na forma dolosa. Momento consumativo: quando as condutas descritas no caput forem praticadas em relação a produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, ainda que não haja dano à saúde de alguém. No caso do §1º pode se dar quando as 19 condutas ali descritas envolverem o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado, também sem dependência a lesão à saúde de terceiro. Observações: Vender OU ter em depósito para venda; Os produtos precisam ter o registro na anvisa, caso não tenham, o portador destes vai incorrer na pena do caput de igual forma; É imprescindível a observação do artigo 285, onde se aplica a mesma premissa do tipo que estamos comentando, caso a vítima venha a óbito dobra-se a pena e se o resultado for lesão corporal grave aumenta pela metade. Medicamento em desacordo com a receita médica Art. 280. FORNECER substância medicinal em desacordo com receita médica: Pena – detenção, de um a três anos, ou multa. Modalidade culposa Parágrafo único. Se o crime é CULPOSO: Pena – detenção, de dois meses a um ano. Sobre o Medicamento em desacordo com a receita médica: Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e o sujeito passivo é toda a sociedade, pois o ocorrido pode acontecer com qualquer um; O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto material é a substância medicinal que foi oferecida em desacordo com a receita. Elementos objetivos do tipo: fornecer, que se conceitua por prover ou pôr à disposição de alguém substância medicinal; Elemento subjetivo do crime: é dolo de perigo ou culpa, a depender do caso prático; Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo comum abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente; Tentativa: é admissível em sua forma dolosa; Momento consumativo: assim que a substância medicinal é fornecida a vítima em desacordo com a receita médica, mesmo que não cause prejuízo à saúde; Observações: Em casos que a dosagem esteja prescrita de forma exagerada deve-se contatar o médico. Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica Art. 282. EXERCER, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites: Pena – detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa. Sobre o Exercício ilegal da medicina, etc: Sujeito ativo pode serqualquer pessoa quando se refere ao exercício da profissão de médico, dentista ou farmacêutico, mas vale observar que é preciso realmente ser profissional médico, dentista ou farmacêutico quando o tipo faz referência à ultrapassagem dos limites inerentes à profissão e o sujeito passivo primeiramente é a sociedade como um todo, secundariamente a pessoa diretamente atingida pela conduta do agente; 20 O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto material é a profissão de médico, dentista ou farmacêutico; Elementos objetivos do tipo: o tipo tratado é direto e conciso, aqui o principal elemento objetivo do tipo é exercer; Elemento subjetivo tipo específico: aqui é necessária a vontade de desempenhar a atividade usualmente, já que se trata de delito habitual. Podendo ainda haver o intuito de lucro; Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo Classificação: comum (na primeira parte do tipo) e próprio (na segunda parte); formal; de forma livre; comissivo; HABITUAL; de perigo comum abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente; Tentativa: não se admite tentativa, pois se trata de um crime habitual; Momento consumativo: no momento em que se tornar evidente a habitualidade da conduta mesmo que não haja causado prejuízo à saúde de alguém. Observações: A prática precisa ser HABITUAL, ou seja, atuar uma única vez para o socorro de outrem não se qualifica como crime; É necessário um conjunto de práticas para que se configure o crime, ou seja, praticado habitualmente; É importante lembrar que esse tipo é dividido em DUAS partes, uma sendo comum (qualquer pessoa pode exercer) e a outra própria (precisa ser profissional médico, dentista ou farmacêutico); Se o crime é cometido com fins lucrativos também se aplica pena de multa; Também pode incorrer como crime deste tipo quando, por exemplo, um dentista se passa por um médico. Charlatanismo Art. 283. INCULCAR ou ANUNCIAR cura por meio secreto ou infalível: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. Sobre o Charlatanismo: Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e o sujeito passivo é a sociedade; O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto material é o anúncio de cura secreta e infalível; Elementos objetivos do tipo: inculcar ou anunciar; Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo; Classificação: comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo comum abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente; Tentativa: admite-se; Momento consumativo: assim que as condutas típicas (anunciar ou inculcar) forem cometidas, independente de prejuízo a saúde da vítima. Observação: A finalidade é punir aquele que, sendo médico ou não, se promove através de métodos questionáveis e perigosos sobre curar pessoas, de maneira oculta ou ignorada do paciente e do poder público, além de divulgar mecanismos inverídicos de cura, visto não existir nada infalível quando se trata de cura de enfermidades. Simplesmente dizer que você pode curar alguém não é crime. Mas dizer ou propagandear que a cura é infalível ou que você possui um meio secreto de curar as pessoas é crime. É aí que entra o charlatanismo, pois ninguém pode garantir que haverá cura (nem mesmo para um simples resfriado); 21 Atenção!!! Não confundir esse tipo com estelionato, pois aqui a conduta é MEDICINAL e por meio de propagação. Exemplos de Charlatanismo ao longo da história: Lawrence Hamlin (1916, EUA) – “Óleo Milagroso” para cura do câncer. John Henry Pickard (1866 – 1934, EUA) – extrato de herva Sanguinaria, para “cura de pneumonia, tosse, pulmões fracos, asma, problemas de estômago, rins, fígado, bexiga e tônico altamente eficaz para o sangue e nervos”. Johanna Brandt (1876 – 1964, África do Sul) – “Cura das uvas” para o câncer. Curandeirismo Art. 284. EXERCER o curandeirismo: I. prescrevendo, ministrando ou aplicando, habitualmente, qualquer substância; II. usando gestos, palavras ou qualquer outro meio; III. fazendo diagnósticos: Pena – detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Se o crime é praticado mediante remuneração, o agente fica também sujeito à multa. Forma qualificada Art. 285. Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267. Sobre o Curandeirismo: Sujeito ativo será qualquer pessoa e o sujeito passivo primeiramente é a sociedade, secundariamente é a pessoa objeto da “cura”; O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto material é a substância que for prescrita, o gesto realizado, a palavra ou qualquer outro meio empregado para cura e o diagnóstico realizado; Elementos objetivos do tipo: exercer curandeirismo, o que significa desempenhar com habitualidade uma atividade que promove curas sem qualquer título ou habilitação para tal. Geralmente por meio de reza ou emprego de magia; Elemento subjetivo tipo específico: é a vontade de desempenhar a conduta habitualmente. Além disso, pode haver intuito de lucro, conforme o parágrafo único Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo; Classificação: comum; formal; de forma vinculada; comissivo; habitual; de perigo comum abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente; Tentativa: não é admissível, pois se trata de crime habitual; Momento consumativo: no momento em que se tornar evidente a habitualidade da conduta mesmo que não haja causado prejuízo à saúde de alguém. Forma qualificada Art. 285. Aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267.
Compartilhar