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Apostila Direito Penal IV - AV1 - COMPLETO

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Apostila Studium Legis por: 
@estudadireitosofia 
2021.1 
 
 
1 
Dos Crimes contra a Família 
Dos Crimes contra o Casamento 
Bigamia 
 
Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo 
casamento: 
 
Pena – reclusão, de dois a seis anos. 
 
§1º Aquele que, não sendo casado, contrai 
casamento com pessoa casada, conhecendo essa 
circunstância, é punido com reclusão ou detenção, 
de um a três anos. 
 
§2º Anulado por qualquer motivo o primeiro 
casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, 
considera-se inexistente o crime. 
 
Sobre a Bigamia: 
 
 Sujeito ativo é somente a pessoa casada e o 
sujeito passivo é, primordialmente, o Estado. 
Secundariamente, pode-se incluir o cônjuge do 
primeiro casamento. Em terceiro plano, é viável 
falar-se também do segundo cônjuge, desde que 
não saiba que se casou com pessoa impedida. 
 
 O objeto jurídico é a preservação do casamento 
monogâmico, já o objeto material é o casamento 
em si. 
 
 Elementos objetivos do tipo: Contrair casamento 
significa ajustar a união entre duas pessoas de 
sexos diferentes, devidamente habilitadas e 
legitimadas pela lei civil, tendo por finalidade a 
constituição de uma família. O matrimônio, 
atualmente, não é a única forma de se constituir 
uma família, embora continue sendo uma das 
principais vias. A Constituição Federal reconhece 
a união estável como entidade familiar, para 
efeito de proteção do Estado, o que não significa 
que se formem, a partir daí, os laços 
matrimoniais (art. 226, § 3.º, CF). Portanto, o 
crime de bigamia somente se dá quando o 
agente, já sendo casado, contrai novo 
casamento, não sendo suficiente a união estável. 
Bigamia é a situação da pessoa que possui dois 
cônjuges. Vale ressaltar que aquela pessoa não 
sendo casada, contrai matrimônio com outra 
pessoa já casada, tendo conhecimento disso, é 
punido com reclusão ou detenção, de um a três 
anos. Trata-se de exceção pluralística à teoria 
monística do concurso de pessoas, ou seja, o 
legislador pretende punir com menor rigor o 
solteiro que se casa com pessoa casada. Se não 
tivesse feito a previsão do § 1.º, incidiria a regra 
do art. 29 e a pena seria a mesma do caput. 
 
 Elemento subjetivo do crime pode-se afirmar 
que é o dolo. No caso da figura prevista no § 1.º, 
exige-se dolo direto (“conhecendo essa 
circunstância”). 
 
 Classificação: próprio; material; de forma 
vinculada; comissivo; instantâneo de efeitos 
permanentes; plurissubjetivo; plurissubsistente. 
 
 Tentativa: é admissível, embora de difícil 
configuração. Para a celebração oficial do 
casamento, há uma série de requisitos e 
formalidades; assim, durante o transcurso de 
tais formalidades, antes da finalização, com a 
inscrição no livro próprio, é viável a interrupção 
dos atos, por circunstâncias alheias à vontade 
do(s) agente(s). 
 
 Particularidades: 
 há causa específica de exclusão da 
tipicidade prevista no § 2.º. Se o primeiro 
casamento, existente à época do crime, 
for posteriormente anulado, torna-se 
atípica a conduta do agente, que passará 
a manter casamento com uma só pessoa. 
A declaração de nulidade do primeiro 
 
 
2 
casamento provoca efeito ex tunc, 
demonstrando que o agente não se 
casou, sendo casado. Logo, bigamia não 
houve. 
 O termo inicial da prescrição não ocorre 
com a consumação, mas na data em que 
o fato se tornou conhecido (art. 111, IV, 
CP). O conhecimento não precisa ser 
oficial, ou seja, em registro de ocorrência 
policial; basta que se prove tenha a 
comunidade, onde vive o bígamo, ciência 
da sua situação, mantendo dois (ou mais) 
casamentos ao mesmo tempo. Afinal, 
nessa situação, presume-se tenha a 
autoridade conhecimento do fato. 
 
 Momento consumativo: Quando o segundo 
casamento é oficialmente celebrado e esse é 
consumado no momento em que é averbado, na 
hora que é dito o “vus declaro casados”. 
 
Induzimento a erro essencial e 
ocultação de impedimento 
 
Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro 
essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe 
impedimento que não seja casamento anterior: 
 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. 
 
Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do 
contraente enganado e não pode ser intentada 
senão depois de transitar em julgado a sentença 
que, por motivo de erro ou impedimento, anule o 
casamento. 
 
Sobre o Induzimento a erro essencial e 
ocultação de impedimento: 
 
 Sujeito ativo é qualquer pessoa que se case 
induzindo outra em erro ou ocultando-lhe 
impedimento e já o sujeito passivo é, 
primordialmente, o Estado. Secundariamente, 
pode-se incluir a pessoa ludibriada. 
 
 Objeto jurídico é o interesse estatal na 
regularidade dos casamentos celebrados e o 
objeto material é o casamento. 
 
 Elementos objetivos do tipo: Contrair casamento 
significa, como já visto em comentário ao crime 
de bigamia, ajustar a união entre duas pessoas 
de sexos diferentes, devidamente habilitadas e 
legitimadas pela lei civil, tendo por finalidade a 
constituição de uma família. Neste caso, 
acrescentam-se as condutas de induzir (inspirar 
ou incutir) em erro e ocultar (esconder) 
impedimento. Portanto, há duas situações 
possíveis: 
 
a) contrair casamento levando outra pessoa a 
incidir em engano fundamental. Os erros 
essenciais estão enumerados no art. 1.557 
do Código Civil; 
 
b) contrair casamento escondendo 
impedimento matrimonial. Os impedimentos 
estão no art. 1.521 do Código Civil. A pena é 
de detenção, de seis meses a dois anos. 
 
***O mesmo é válido para casamentos 
homoafetivos, pois esses são permitidos no Brasil! 
 
 Elemento subjetivo do crime é o dolo. 
 
 Classificação: Próprio; formal; de forma 
vinculada; comissivo; instantâneo de efeitos 
permanentes; plurissubjetivo; plurissubsistente. 
 
 Tentativa: Não é admissível, por ser crime 
condicionado, conforme abaixo exposto. 
 
 Particularidades: 
 há condição objetiva de punibilidade, 
igualmente considerada condição de 
procedibilidade nesse caso. Criou o 
legislador uma condição para haver a 
punição do agente: ser o casamento 
anulado efetivamente. Assim, ainda que 
 
 
3 
tenha sido enganado, pode ser que o 
agente permaneça casado, como no caso 
da pessoa que se casa com moça que 
possui defeito físico irremediável. Logo, 
não há punição alguma para o agente. 
Apesar de configurado o delito, não há 
punibilidade. Essa condição objetiva, que 
não depende do dolo do agente, é também 
condição de procedibilidade para o 
ingresso da queixa-crime. No sentido de 
ser condição objetiva de punibilidade. 
 Outra particularidade desse tipo penal é 
de ser uma ação penal é privada 
personalíssima e somente pode ser 
intentada pelo cônjuge que se sente 
enganado (parágrafo único). 
Além de ser uma lei penal em branco 
homogênea heterovitelina. 
 
 Momento consumativo: Quando o casamento é 
oficialmente celebrado. 
 
Conhecimento prévio de 
impedimento 
 
Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a 
existência de impedimento que lhe cause a nulidade 
absoluta: 
 
Pena – detenção, de três meses a um ano. 
 
Sobre o conhecimento prévio de 
impedimento: 
 
 Sujeito ativo é qualquer pessoa que se case 
impedida pela lei civil e o sujeito passivo é, 
primordialmente, o Estado. Secundariamente, 
pode-se incluir o cônjuge que não conhecia o 
impedimento. 
 
 O objeto jurídico é o interesse estatal na 
regularidade dos casamentos celebrados, já o 
objeto material é o casamento em si. 
 
 Elementos objetivos do tipo: Esta hipótese pune 
o agente que se casa ciente do impedimento 
matrimonial, causador de nulidade absoluta (art. 
1.521, I a VII, c/c o art. 1.548, II, CC). A pena é 
de detenção, de três meses a um ano. 
 
 Elemento subjetivo do crime: É o dolo. Exige-se a 
forma direta (“conhecendo a existência de 
impedimento”). 
 
 Classificação: Próprio; formal; de forma 
vinculada; comissivo; instantâneo de efeitos 
permanentes; plurissubjetivo; plurissubsistente. 
 
 Tentativa: É admissível. 
 
 Momento consumativo:Quando o casamento é 
oficialmente celebrado. 
 
 Particularidades: Também é uma lei penal em 
branco, como mostrado acima, precisa do apoio 
de artigos do CC. 
 
Dos Crimes contra o Estado de Filiação 
Registro de nascimento 
inexistente 
 
Art. 241. Promover no registro civil a inscrição de 
nascimento inexistente: 
 
Pena – reclusão, de dois a seis anos. 
 
Sobre o registro de nascimento inexistente: 
 
 Sujeito ativo é qualquer pessoa que registre o 
nascimento de uma criança inexistente e o 
sujeito passivo é, primordialmente, o Estado. 
Secundariamente, a pessoa prejudicada pelo 
registro inexistente. 
 
 O objeto jurídico é o estado de filiação, já o 
objeto material é o registro civil realizado. 
 
 
4 
 
 Elementos objetivos do tipo: é promover 
significa gerar ou dar origem. O objeto é a 
inscrição no registro civil de nascimento não 
ocorrido. A pena é de reclusão, de dois a seis 
anos. 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; unissubjetivo; 
plurissubsistente. 
 
 Tentativa: é admissível. 
 
 Momento consumativo: quando se realiza a 
inscrição. 
 
 Particularidades: 
 A prescrição somente começa a correr 
após o fato se tornar conhecido de 
acordo com o art. 111, IV, do CP. 
 Caso se o tabelião registral tiver 
conhecimento da situação também 
responderá por concurso de agente. 
 Outra particularidade é que neste tipo 
penal também é acobertado o natimorto, 
por exemplo, registrar criança que nasce 
morta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Parto suposto (Supressão ou alteração de direito 
inerente ao estado civil de recém-nascido) 
 
Art. 242. Dar parto alheio como próprio; registrar 
como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido 
ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito 
inerente ao estado civil: 
 
Pena – reclusão, de dois a seis anos. 
 
Parágrafo único. Se o crime é praticado por motivo 
de reconhecida nobreza: 
 
Pena – detenção, de um a dois anos, podendo o juiz 
deixar de aplicar a pena 
 
Sobre o Parto suposto. Supressão ou 
alteração de direito ao estado civil de 
recém-nascido: 
 
 Sujeito ativo no caso do parto suposto só a 
mulher e nas outras formas pode ser qualquer 
pessoa. O sujeito passivo é o Estado e 
secundariamente, a pessoa prejudicada pela 
situação irregular criada. 
 
 O objeto jurídico é o estado de filiação e o objeto 
material pode ser o recém-nascido ou o registro 
realizado. 
 
 Elementos objetivos do tipo: nesse tipo penal os 
elementos objetivos são: DAR; REGISTRAR; 
OCULTAR; SUBSTITUIR; SUPRIMIR; ALTERAR. 
O objeto protegido é o estado de filiação. 
Tratando-se de um tipo misto cumulativo e 
alternativo. São previstas três condutas 
diferenciadas, embora, entre elas, exista 
alternatividade: 
 
a) Dar parto alheio como próprio; 
b) Registrar como seu o filho de outrem; 
c) Ocultar ou substituir recém-nascido. 
 
Em todas incide, ainda, a consequência de suprimir 
ou alterar direito inerente ao estado civil. 
Assim, caso o agente pratique as três, responderá 
por três delitos. Somente no caso a última é que 
pode praticar uma ou as duas e cometerá um só 
crime (ocultar ou substituir). 
 
 Elemento subjetivo do tipo especifico: é a 
vontade de suprimir ou alterar estado civil, 
implícita no tipo. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo. 
 
Para os crimes dos artigos 215 e 
241 a prescrição na ação penal 
se da no momento que o crime 
se torna notável. 
 Art. 111, §4º. 
 
 
5 
 Classificação: próprio (na primeira conduta) e 
comum (nas demais); material; de forma livre; 
comissivo; instantâneo (e na modalidade ocultar 
é permanente); unissubjetivo; plurissubsistente. 
 
 Tentativa: é admissível. 
 
 Momento consumativo: quando qualquer das 
condutas for praticada, alterando o estado de 
filiação. 
 
 Particularidades: 
 Praticando qualquer uma das condutas 
típicas por motivo de reconhecida 
nobreza, ou seja, a razão que levou o 
agente a agir de tal forma for 
nitidamente elevada ou superior, o juiz 
poderá extinguir a punibilidade. 
Ex.: registrar criança de moradora de 
rua, pois a mesma não teria condições de 
cuida-la. 
 
 
 
 
 
 O prazo prescricional começa a correr 
quando o fato se tornar conhecido da 
autoridade pública (art. 111, IV, CP). Esse 
conhecimento pode ser presumido, vale 
dizer, quando o fato se torna notório na 
comunidade onde vive o bígamo. 
 
Sonegação de estado de filiação 
 
Art. 243. Deixar em asilo de expostos ou outra 
instituição de assistência filho próprio ou alheio, 
ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com 
o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil: 
 
Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa. 
 
 
 
Sobre sonegação de estado de filiação: 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
é o Estado, secundariamente, a pessoa 
prejudicada pela situação irregular criada. 
 
 O objeto jurídico é o estado de filiação, já o 
objeto material é a criança abandonada. 
 
 Elementos objetivos do tipo: deixar (largar ou 
abandonar) em asilo de expostos (orfanatos), ou 
outra instituição de assistência, filho próprio ou 
alheio, ocultando-lhe (escondendo) a filiação ou 
atribuindo-lhe (imputando ou conferindo) outra, 
com o fim de prejudicar direito inerente ao 
estado civil. 
 
 Elemento subjetivo do tipo específico: é a 
vontade de prejudicar direito inerente ao estado 
civil. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; unissubjetivo; 
plurissubsistente. 
 
 Tentativa: é admissível. 
 
 Momento consumativo: quando ocorrer o 
abandono. 
 
 Particularidades: 
 Entregar para adoção não é crime, salvo 
quando se entrega a criança com 
finalidade de ocultar a origem do 
abandonado. 
 Pode ser filho próprio ou de terceiro. 
 Abandono de incapaz pode é deixar em 
qualquer lugar, já no 234 existe um local 
específico (ex.: orfanato) onde será 
acolhido e cuidado. 
É preciso esclarecer que 
doutrinariamente é dever do juiz 
dar o perdão judicial se todos os 
quesitos forem preenchidos. 
 
 
6 
Dos Crimes Contra a Assistência 
Familiar 
Abandono material 
 
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a 
subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 
(dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de 
ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, 
não lhes proporcionando os recursos necessários ou 
faltando ao pagamento de pensão alimentícia 
judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, 
sem justa causa, de socorrer descendente ou 
ascendente, gravemente enfermo: 
 
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e 
multa, de uma a dez vezes o maior salário-mínimo 
vigente no País. 
 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incide quem, 
sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, 
inclusive por abandono injustificado de emprego ou 
função, o pagamento de pensão alimentícia 
judicialmente acordada, fixada ou majorada. 
 
Sobre o abandono material: 
 
 Sujeito ativo na primeira e na segunda figura do 
tipo penal pode ser o cônjuge, o pai ou a mãe, o 
descendente ou o devedor da pensão, já na 
terceira pode ser o ascendente ou o 
descendente e o sujeito passivo pode ser, na 
ordem inversa do tipo penal, o cônjuge, o filho, 
o ascendente ou o credor de alimentos ou o 
descendente ou ascendente. **O Estado também 
pode ser o sujeito passivo, pois é interessado na 
proteção à família; 
 
 O objeto jurídico é a proteção vinda do Estado 
sobre à família, já o objeto material é a renda, 
pensão ou outro auxílio. 
 
 Elementos objetivos do tipo: sendo esse um tipo 
penal complexo, é preciso um estudo mais 
aprofundado do elemento objetivo do tipo, 
vejamos que, existem três condutas típicas no 
tipo: 
a) Deixar de prover subsistência a cônjuge, filho 
ou ascendentes, não lhes proporcionando os 
recursos necessários. Sendo uma conduta 
mista, pois a simples falta de provimentonão 
vai ser considerado desamparo, pois pode ser 
que a(s) pessoa(s) tenham condições para 
continuar o seu sustento; 
 
b) Deixar de prover a subsistência a de pessoas 
credora de alimentos, faltando o pagamento 
de pensão alimentícia (que tenha sido acordada 
judicialmente). Aqui se presume que se uma 
pensão foi fixada é porque a pessoa que 
recebe precisa dela, assim se não houver o 
pagamento efetua automaticamente a falta 
de provimento; 
 
c) Deixar de socorrer parente enfermo, é uma 
conduta autônoma. Caso pratique essa conduta 
junto com alguma das ascendentes provoca 
dupla punição. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo; 
 
 Classificação: próprio; formal; de forma livre; 
omissivo; permanente; unissubjetivo; 
unissubsistente. 
 
 Tentativa: é um crime omissivo próprio, então 
não é admissível tentativa; 
 
 Momento consumativo: quando ocorrer a 
omissão da subsistência, assim que “deixar”. 
 
 Particularidades: 
 Para a existência do crime, é necessário 
que o fato se dê sem justa causa. Há 
justa causa, por exemplo, quando o 
sujeito se encontra doente e precisa usar 
os recursos financeiros para seu próprio 
tratamento ou quando foi vítima de crime 
contra o patrimônio, etc; 
 Pena é calculada pela reforma de 1984, 
então a multa específica do tipo é inválida; 
 Solvente é aquele que deve e pode pagar. 
 
 
7 
Dos Crimes Contra o Pátrio poder, 
tutela ou curatela 
Subtração de incapazes 
 
Art. 249. Subtrair menor de dezoito anos ou 
interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda 
em virtude de lei ou de ordem judicial: 
 
Pena – detenção, de dois meses a dois anos, se o 
fato não constitui elemento de outro crime. 
 
§ 1º O fato de ser o agente pai ou tutor do menor 
ou curador do interdito não o exime de pena, se 
destituído ou temporariamente privado do pátrio 
poder, tutela, curatela ou guarda. 
 
§ 2º No caso de restituição do menor ou do interdito, 
se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz 
pode deixar de aplicar pena. 
 
 
 
 
Sobre a subtração de incapazes: 
 
 Sujeito ativo pode ser qualquer pessoas e o 
sujeito passivo é aquele que detém a guarda ou 
exerce autoridade sobre o menos ou interdito; 
 
 O objeto jurídico é a proteção ao poder familiar, 
da tutela ou curatela, já o objeto material é o 
menor de 18 anos ou interdito; 
 
 Elementos objetivos do tipo: subtrair, retirar, 
fazer escapar ou afastar o menor de 18 ou 
interdito; 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo; 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; unissubjetivo; 
plurissubsistente. 
 
 Tentativa: é admissível; 
 
 Momento consumativo: é consumado a qualquer 
momento da subtração. 
 
 Particularidades: 
 O tipo penal aborda a possibilidade de 
perdão judicial se o menor ou interdito for 
restituído sem sofrer maus-tratos ou 
privações, assim, o juiz pode deixar de 
aplicar a pena; 
 Apresenta subsidiariedade expressa 
onde o legislador, tratando da pena, 
determinou que ela se tipifica apenas 
quando o fato não constituir outro crime 
mais grave, por exemplo, sequestro ou 
extorsão; 
 O § 1º se alinha com o artigo 237 do ECA 
estabelecendo que, caso a intenção do 
agente for a colocação do menos 
subtraído em uma família substituta, a 
punição é de reclusão (2 a seis anos + 
multa). 
 
Dos Crimes contra a Incolumidade 
Pública 
Dos Crimes de Perigo Comum 
 
 
 
 
 
 
Crime 
comum 
Crime 
Própria 
É um poder-dever. Caso todos os requisitos 
forem preenchidos todos os requisitos, o juiz 
deve deixar de aplicar a pena. 
Relembrando..... 
Crime de Dano: é aquele que se consuma com a efetiva lesão 
do bem jurídico. Ex.: homicídio; 
Crime de Perigo: se consumam tão só com a possibilidade do 
dano. Ex.: crime de contágio venéreo. 
 
 Tipos de Crimes de Perigo: 
 
 Concreto: aquele que o legislador exige a 
demonstração do perigo, a exposição ao risco; 
 Abstrato: o risco advindo da conduta é 
absolutamente presumido por lei, bastando a 
violação da norma. 
 
 
8 
Incêndio 
 
Art. 250. Causar incêndio, expondo a perigo a vida, 
a integridade física ou o patrimônio de outrem: 
 
Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa. 
 
Aumento de pena 
 
§ 1º As penas aumentam-se de um terço: 
 
I. se o crime é cometido com intuito de obter 
vantagem pecuniária em proveito próprio ou 
alheio; 
II. se o incêndio é: 
 
a) em casa habitada ou destinada a habitação; 
 
b) em edifício público ou destinado a uso 
público ou a obra de assistência social ou de 
cultura; 
 
c) em embarcação, aeronave, comboio ou 
veículo de transporte coletivo; 
 
d) em estação ferroviária ou aeródromo; 
 
e) em estaleiro, fábrica ou oficina; 
 
f) em depósito de explosivo, combustível ou 
inflamável; 
 
g) em poço petrolífico ou galeria de 
mineração; 
 
h) em lavoura, pastagem, mata ou floresta. 
 
Incêndio culposo 
 
§ 2º Se culposo o incêndio, é pena de detenção, de 
seis meses a dois anos. 
 
Sobre o Incêndio: 
 
Incêndio é o fogo intenso que tem forte poder de 
destruição e de causação de prejuízos. 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
é a sociedade. 
 
 O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o 
objeto material é a substância ou objeto 
incendiado. 
 
 Elementos objetivos do tipo: causar e expor, 
ainda assim é preciso complementa-se o tipo 
exigindo perigo à vida, à integridade física ou ao 
patrimônio de outrem. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo do perigo, 
a vontade de gerar um risco não tolerado a 
terceiros. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; de perigo comum 
concreto; unissubjetivo; unissubsistente ou 
plurissubsistente, conforme o delito. 
 
 Tentativa: é admitida da forma dolosa. 
 
 Momento consumativo: ocorre quando a conduta 
de provocar incêndio, independente do resultado 
naturalístico. 
 
Causas de aumento de pena: 
 
a) se o crime for cometido com intuito de obter 
vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio: 
configura-se quando há intuito especial do agente na 
obtenção de vantagem (ganho, lucro) pecuniária 
(realizável em dinheiro ou conversível em dinheiro) 
para seu proveito ou de terceiro. É o elemento 
subjetivo do tipo específico inserido como causa de 
aumento. 
 
b) se o incêndio é em casa habitada ou destinada a 
habitação: casa é o edifício destinado a servir de 
moradia a alguém. Estar habitada significa que se 
encontra ocupada, servindo, efetivamente, de 
residência a uma ou mais pessoas. Ser destinada a 
habitação quer dizer um prédio reservado para servir 
de morada a alguém, embora possa estar desocupado. 
A cautela do tipo penal, ao mencionar as duas formas 
(“habitada” e “destinada à habitação”), deve-se ao fato 
de a casa poder estar ocupada por alguém ou não. 
Assim, configura-se a causa de aumento ainda que 
seja uma residência de veraneio, desocupada, pois é 
destinada a habitação; 
 
c) se o incêndio é em edifício público ou destinado a uso 
público ou a obra de assistência social ou de cultura: 
quando o prédio for de propriedade do Estado ou tiver 
destinação pública, isto é, finalidade de atender a um 
grande número de pessoas (exemplos: teatros, 
prédios comerciais em horário de expediente, estádios 
de futebol). Inclui-se nesta última hipótese a utilização 
 
 
9 
por obra de assistência social ou cultural, porque não 
deixa de ser uma utilidade pública; 
 
d) se o incêndio é em embarcação, aeronave, comboio ou 
veículo de transporte coletivo: embarcação é toda 
construção destinada a navegar sobre a água; 
aeronave é “todo aparelho manobrável em voo, que 
possa sustentar-se e circular no espaço 
aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a 
transportar pessoas ou coisas” (art. 106, caput, do 
Código Brasileiro de Aeronáutica); comboio significa 
trem; veículo de transporte coletivo é qualquer meio 
utilizado para conduzir várias pessoas de um lugar 
para outro (ônibus, por exemplo); 
 
e) se o incêndio é em estação ferroviáriaou aeródromo: 
estação ferroviária é o local onde se processa o 
embarque e desembarque de passageiros ou cargas 
de trens; aeródromo é o aeroporto, isto é, área 
destinada a pouso e decolagem de aviões. Não abrange, 
obviamente, rodoviárias e portos; 
 
f) se o incêndio é em estaleiro, fábrica ou oficina: 
estaleiro é o local onde se constroem ou consertam 
navios; fábrica é o estabelecimento industrial 
destinado à produção de bens de consumo e de 
produção; oficina é o local onde se executam 
consertos de um modo geral; 
 
g) se o incêndio é em depósito de explosivo, combustível 
ou inflamável: depósito é o lugar onde se guarda ou 
armazena alguma coisa. Explosivo é a substância capaz 
de estourar; combustível é a substância que tem a 
propriedade de se consumir em chamas; inflamável é 
a substância que tem a propriedade de se converter 
em chamas; 
 
h) se o incêndio é em poço petrolífero ou galeria de 
mineração: poço petrolífero é a cavidade funda, 
aberta na terra, que atinge lençol de combustível 
líquido natural; galeria de mineração é a passagem 
subterrânea, extensa e larga, destinada à extração de 
minérios; 
 
i) se o incêndio é em lavoura, pastagem, mata ou 
floresta: lavoura é plantação ou terreno cultivado; 
pastagem é o terreno onde há erva para o gado 
comer; mata é o terreno onde se desenvolvem 
árvores silvestres; floresta é o terreno onde há 
grande quantidade de árvores unidas pelas copas. 
 
 
 
Forma culposa 
 
Nesse caso é necessária a comprovação de ter 
agido o incendiário com imprudência, negligência ou 
imperícia, infringindo o dever de cuidado objetivo, 
bem como tendo previsibilidade do resultado. A pena 
é sensivelmente menor (detenção, de seis meses a 
dois anos). 
 
 Particularidades: 
 É um crime vago, sim, todas as pessoas 
podem sofrer o perigo, mas não é 
necessário identificar todas essas 
pessoas para que o agente seja punido. 
 Assim é preciso expor a risco a vida, 
integridade ou o patrimônio, precisando 
ser comprovado durante o processo. 
 
Explosão 
 
Art. 251. Expor a perigo a vida, a integridade física 
ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, 
arremesso ou simples colocação de engenho de 
dinamite ou de substância de efeitos análogos: 
 
Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa. 
 
§ 1º Se a substância utilizada não é dinamite ou 
explosivo de efeitos análogos: 
 
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Aumento de pena 
 
§ 2º As penas aumentam-se de um terço, se ocorre 
qualquer das hipóteses previstas no § 1º, I, do artigo 
anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas 
enumeradas no nº II do mesmo parágrafo. 
 
Modalidade culposa 
 
§ 3º No caso de culpa, se a explosão é de dinamite 
ou substância de efeitos análogos, a pena é de 
detenção, de seis meses a dois anos; nos demais 
casos, é de detenção, de três meses a um ano. 
 
 
 
 
 
10 
Sobre a Explosão: 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
é a sociedade como um todo, quem correr o 
perigo. 
 
 O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o 
objeto material é a substância análoga. 
 
 Elementos objetivos do tipo: expor alguém já 
objetiva o tipo penal, mas ainda assim ele 
explicita que a exposição é a perigo voltado a 
vida, à integridade física ou patrimônio de 
alguém. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo, 
a vontade de gerar um risco não tolerado a 
terceiros. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; de perigo comum; 
concreto; unissubjetivo; unissubsistente ou 
plurissubsistente; conforme do delito. 
 
 Tentativa: é admissível na forma plurissubjetiva 
dolosa. 
 
 Momento consumativo: assim que ocorre a 
explosão, independente do resultado. 
 
Forma privilegiada 
 
Se a substância utilizada para a explosão não é 
dinamite ou explosivo de efeitos análogos, a pena é 
de reclusão, de 1 a 4 anos, e multa, conforme o §1. 
 
Causas de aumento de pena: 
 
Configurada a hipótese do §1º, I, do art. 250, ou se 
é visada ou atingida qualquer das coisas enumeradas 
no inciso II do mesmo parágrafo e do mesmo artigo, 
confirme previsto no §2º do art. 251. 
 
Forma culposa: 
 
É necessária a comprovação de ter agido o 
incendiário com imprudência, negligência ou imperícia, 
infringindo o dever de cuidado objetivo, bem como 
tendo previsibilidade do resultado. Se a explosão 
envolver dinamite ou substância de efeitos análogos, 
a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; 
nos demais casos, é de detenção, de três meses a 
um ano, conforme §3º. 
 
 Particularidades: 
 Art. 16 da Lei do Desarmamento para 
fins de comparação; 
 Se atentar a modalidade é culposa. 
 
Uso de gás tóxico ou asfixiante 
 
Art. 252. Expor a perigo a vida, a integridade física 
ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou 
asfixiante: 
 
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Modalidade Culposa 
 
Parágrafo único. Se o crime é culposo: 
 
Pena – detenção, de três meses a um ano. 
 
Sobre o uso de gás tóxico ou asfixiante: 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
é a sociedade. 
 
 O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o 
objeto material é p gás tóxico ou asfixiante. 
 
 Elementos objetivos do tipo: expor, como já foi 
citado, contém o fator de perigo, é colocar a 
pessoa em perigo. Ainda assim, esse tipo penal 
explicita que a exposição deve colocar em perigo 
a vida, a integridade física ou o patrimônio de 
alguém. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo do perigo, 
ou seja, a vontade de gerar um risco não 
tolerado a terceiros. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
instantâneo; de perigo comum concreto; 
unissubjetivo ou plurissubsistente. 
 
 Tentativa: é admissível se ocorrer na forma 
plurissubjetiva dolosa. 
 
 
 
11 
 Momento consumativo: quando ocorre a 
utilização do gás, independentemente de 
resultado naturalístico. 
 
Forma culposa: 
 
É necessária a comprovação de que o incendiário 
agiu com imprudência, negligência ou imperícia, 
infringindo o dever de cuidado objetivo, bem 
como tendo previsibilidade do resultado. A pena 
é de detenção, de três meses a um ano. 
 
 
 Particularidades: 
 O gás não precisa ser mortífero, 
necessita apenas expor a perigo a vida, 
etc. 
 
Fabricação, fornecimento, aquisição, posse 
ou transporte de explosivos ou gás tóxico, ou 
asfixiante 
 
Art. 253. Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou 
transportar, sem licença da autoridade, substância 
ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou 
material destinado à sua fabricação: 
 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
Sobre o fabricação (...): 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
é a sociedade, pois se trata de um crime vago. 
 
 O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o 
objeto material é a substância ou engenho 
explosivo, gás tóxico ou asfixiante ou material 
destinado à sua fabricação. 
 
 Elementos objetivos do tipo: o objeto é a 
substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou 
asfixiante ou material destinado à sua 
fabricação. É tipo misto alternativo, isto é, 
prática de uma ou mais condutas implica na 
realização de um único crime. 
 
 Elemento subjetivo do crime: a vontade de gerar 
um risco não tolerado a terceiros, o dolo. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; de perigo comum 
abstrato; unissubjetivo; unissubsistente ou 
plurissubsistente. 
 
 Tentativa: é inadmissível, pois cuida de uma 
exceção, já que são punidos os atos 
preparatórios do crime de explosão e de uso de 
gás tóxico ou asfixiante. 
 
 Momento consumativo: quando houver a 
fabricação, fornecimento, aquisição, posse ou 
transporte da substância ou engenho explosivo, 
gás tóxico ou asfixiante ou material destinado a 
sua fabricação, independentemente de 
resultado naturalístico. 
 
 
Inundação 
 
Art. 254. Causar inundação, expondo a perigo a 
vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:Pena – reclusão, de três a seis anos, e multa, no 
caso de dolo, ou detenção, de seis meses a dois anos, 
no caso de culpa. 
 
Sobre a Inundação: 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
é a sociedade, tratando-se de um crime vago. 
 
 O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o 
objeto material é a água em grande quantidade, 
que causa a inundação. 
 
 Elementos objetivos do tipo: o objetivo da 
conduta é a inundação, logo compõe-se por 
expor alguém é colocar em perigo, dessa forma 
se completa quando há perigo à vida, integridade 
física ou patrimônio de outrem. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo do perigo, 
ou seja, a vontade de gerar um risco a terceiros. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; de perigo comum 
 
 
12 
concreto; unissubjetivo; unissubsistente ou 
plurissubsistente. 
 
 Tentativa: é admitida na forma plurissubsistente 
dolosa. 
 
 Momento consumativo: assim que houver a 
inundação, independente do resultado. 
 
 Particularidades: 
 “Causar” é o verso tipo desse artigo que 
trata de realmente provocar a inundação. 
 
Perigo de Inundação 
 
Art. 255. Remover, destruir ou inutilizar, em prédio 
próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a 
integridade física ou o patrimônio de outrem, 
obstáculo natural ou obra destinada a impedir 
inundação: 
 
Pena – reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
Sobre o Perigo de Inundação: 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
é a sociedade. 
 
 O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o 
objeto material é o obstáculo natural ou a objeto 
destinado a impedir a inundação. 
 
 Elementos objetivos do tipo: remover, destruir 
ou inutilizar são as condutas que compõe o verbo 
expor desse tipo. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; de perigo comum 
concreto; unissubjetivo; unissubsistente ou 
plurissubsistente. 
 Tentativa: não é cabível, pois essa já é a fase 
preparatória do crime de inundação. 
 
 Momento consumativo: quando houver a 
remoção, destruição ou inutilização em prédio 
próprio ou alheio, independentemente do 
resultado. 
 
 Particularidades: 
 Se o agente retira o obstáculo ele QUER 
CAUSAR a inundação. 
 Intrínseco ao artigo 254. 
 
Desabamento ou desmoronamento 
 
Art. 256. Causar desabamento ou 
desmoronamento, expondo a perigo a vida, a 
integridade física ou o patrimônio de outrem: 
 
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Modalidade culposa 
 
Parágrafo único. Se o crime é culposo: 
 
Pena – detenção, de seis meses a um ano. 
 
 
 
 
 
 
 
Sobre o desabamento ou desmoronamento: 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
é a sociedade, excepcionalmente, pode ser a 
pessoa diretamente prejudicada pelo evento. 
 
 O objeto jurídico é o bem-estar da sociedade, já 
o objeto material é a construção, morro ou 
semelhante que desmorona. 
 
 Elementos objetivos do tipo: desabar ou 
desmoronar, exigindo perigo à vida. 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo, a pura 
vontade de gerar risco a outrem. Esse crime 
existe modalidade culposa. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; de perigo comum 
concreto; unissubjetivo; unissubsistente ou 
plurissubsistente. 
 
 Tentativa: admite-se na modalidade dolosa. 
 
O desabamento é a queda de construções ou obras 
construídas pelo homem. Ex.: edifícios, pontes, etc. 
O desmoronamento refere-se à de partes do solo. 
Ex.: desmoronamento do morro, pedreira, etc. 
 
 
13 
 Momento consumativo: quando houver o desa-
bamento ou desmoronamento, independente do 
resultado. 
 
Forma culposa: 
 
É necessária a comprovação de que o agente agiu 
com imprudência, negligência ou imperícia, infringindo 
o dever de cuidado objetivo, assim como deve ser 
comprovada a previsibilidade do resultado. 
 
 Particularidades: 
 Trata-se de um crime vago, podendo 
expor várias pessoas à risco, logo não é 
indispensável identificar a todas para que 
o agente seja punido. 
 Ler artigo 29 da Lei de Contravenções 
penais afim de comparação. 
 
Subtração, ocultação ou 
inutilização de material de 
salvamento 
 
Art. 257. Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião 
de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre 
ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio 
destinado a serviço de combate ao perigo, de 
socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar 
serviço de tal natureza: 
 
Pena – reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
 
Sobre a Subtração (ocultação ou inutilização de 
material de salvamento): 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
toda a sociedade, não é necessário que todas as 
pessoas sejam punidas para que o agente seja 
punido. 
 
 O objeto jurídico é a incolumidade pública, já o 
objeto material é o aparelho, material ou 
qualquer meio destinado a serviço de combate 
ao perigo, de socorro ou salvamento. 
 
 Elementos objetivos do tipo: é tipo misto 
alternativo, o que significa que a prática de uma 
ou mais condutas resultam em um único crime 
desde que tenham o mesmo contexto. É 
indispensável que o instrumento seja 
especificamente voltado ao combate a perigo, 
por exemplo, alarmes, extintores, salva-vidas, 
escadas de emergência, etc. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é a vontade de 
gerar um risco (dolo). 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo (mas permanente quando 
na forma de ocultar); de perigo comum abstrato; 
unissubjetivo; unissubsistente ou 
plurissubsistente. 
 
 Tentativa: só é admitida na forma 
plurissubsistente. 
 
 Momento consumativo: quando houver a 
subtração, ocultação ou inutilização de meio 
destinado a serviço de combate ao perigo, de 
socorro ou salvamento, bem como no caso de 
impedimento ou dificuldade de serviço de tal 
natureza, independente do resultado. 
 
 Observações: 
 Em suma é impedir ou dificultar serviço 
de específica natureza. 
 Exemplo: está ocorrendo um incêndio e 
certo sujeito, de propósito, gasta ou 
esconde os extintores. 
 
Formas qualificadas de crime de perigo 
comum 
 
Art. 258. Se do crime doloso de perigo comum 
resulta lesão corporal de natureza grave, a pena 
privativa de liberdade é aumentada de metade; se 
resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de 
culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena 
aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se 
a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de 
um terço. 
 
 
14 
 
 Aquele que é qualificado pelo resultado. Havendo 
inicialmente dolo de perigo, somente se aceita, 
quanto ao resultado qualificador, culpa. No caso 
do art. 258, prevê-se, para os delitos dolosos 
de perigo comum, se houver resultado 
qualificador consistente em lesão corporal 
grave, a aplicação da pena aumentada da 
metade (logo, o mínimo e o máximo têm aumento 
de metade). Quando houver morte, a pena será 
dobrada (o mesmo se faz quanto ao mínimo e ao 
máximo). Havendo, no entanto, nos delitos culposos, 
lesão corporal, a pena é aumentada da metade (lança-
se o aumento na terceira fase); resultando morte, 
aplica-se a pena do homicídio culposo (detenção de um a 
três anos), aumentada de um terço. 
 
 
Difusão de doença ou praga 
 
Art. 259. Difundir doença ou praga que possa 
causar dano a floresta, plantação ou animais de 
utilidade econômica: 
 
Pena – reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
 
Modalidade culposa 
 
Parágrafo único. No caso de culpa, a pena é de 
detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
Sobre a Difusão de doença ou praga: 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
toda a sociedade, em segundo plano a pessoa 
diretamente prejudicada pelo acontecido. 
 
 O objeto jurídico é o bem-estar da sociedade, já 
o objeto material é a doença ou a praga. 
 
 Elementos objetivos do tipo: difundir ou 
disseminar. É importante diferenciar que: 
doença é moléstia ou enfermidade, podeser 
localizada e mais restritamente difundida, 
enquanto a praga é a moléstia que ataca plantas 
e animais, generalizada e espalhada com grande 
proporção. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo 
ou a culpa, pois existe modalidade culposa. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; de perigo comum 
abstrato; unissubjetivo; unissubsistente ou 
plurissubsistente. 
 
 Tentativa: admite-se na forma plurissubsistente 
dolosa. 
 
 Momento consumativo: se dá com a mera 
difusão da doença ou praga, independente do 
resultado naturalístico do dano. 
 
Forma culposa: 
 
É punível o agente com pena substancialmente 
menor (detenção, de um a seis meses, e multa), 
quando esse agir com imprudência, negligência ou 
imperícia, caso haja previsibilidade do resultado. 
 
 Observação: 
 Esse artigo foi parcialmente revogado, 
dado o princípio da especialidade, pela Lei 
9.605/98 com previsão no artigo 61. 
Essa situação é aceita pela doutrina 
majoritária, alguns poucos negam a 
situação com o argumento de que o art. 
61 é menos culposa, beneficiando o réu. 
 
Dos Crimes Contra a Saúde Pública 
Epidemia 
 
Art. 267. Causar epidemia, mediante a propagação 
de germes patogênicos: 
 
Pena – reclusão, de dez a quinze anos. 
 
§ 1º Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em 
dobro. 
 
§ 2º No caso de culpa, a pena é de detenção, de um 
a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro 
anos. 
 
 
15 
Sobre a Epidemia: 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
a sociedade. 
 
 O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto 
material é o germe patogênico. 
 
 Elementos objetivos do tipo: causar epidemia, 
mediante a propagação de germes patogênicos 
(micro-organismos capazes de gerar doenças, 
como os vírus e as bactérias, dentre outros). 
 
 Elemento subjetivo do crime: depende do caso, 
podendo ser dolo ou culpa. 
 
 Classificação: comum; material; de forma 
vinculada; comissivo; instantâneo; de perigo 
comum concreto; unissubjetivo; unissubsistente 
ou plurissubsistente. 
 
 Tentativa: é admissível na forma 
plurissubsistente dolosa. 
 
 Momento consumativo: quando a doença é 
gerada e atinge várias pessoas ao mesmo 
tempo. 
 
 Observação: 
 Necessário diferenciar: endemia é 
enfermidade que existe, com frequência, 
em determinado lugar, atingindo número 
indeterminado de pessoas (ex.: resfriado), 
epidemia é doença que acomete, em 
curto espaço de tempo e em 
determinado lugar, várias pessoas (ex.: 
gripe suína) e a pandemia é doença de 
caráter epidêmico que abrange várias 
regiões ao mesmo tempo (ex.: covid-19). 
 
Figura qualificada pelo resultado: 
 
Se de fato resultar morte, a pena é aplicada em 
dobro. Nesse caso o crime é hediondo. 
 
Figura culposa e qualificada pelo resultado: 
 
No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a 
dois anos, ou, se resultar morte, passar a ser dois 
a quatro anos. 
Infração de medida sanitária 
preventiva 
 
Art. 268. Infringir determinação do poder público, 
destinada a impedir introdução ou propagação de 
doença contagiosa: 
 
Pena – detenção, de um mês a um ano, e multa. 
 
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, 
se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce 
a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou 
enfermeiro. 
 
Sobre a Infração de medida sanitária 
preventiva: 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
a sociedade em geral. 
 
 O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto 
material é a determinação do poder público. 
 
 Elementos objetivos do tipo: Infringir ou impedir 
determinada ação do Estado. Trata-se de uma 
norma penal em branco, depende de outra que 
venha a complementá-la, para que se conheça 
o seu real alcance. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; de perigo comum 
abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente. 
 
 Tentativa: é admissível. 
 
Causa de aumento da pena: 
 
Se o autor do crime for funcionário da saúde pública, 
médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro, que 
exercem a profissão, a pena vai se agravar de um 
terço, pois essas pessoas teriam por obrigação 
evitar a propagação ou introdução de doenças 
contagiosas, pelo próprio dever inerente ao cargo 
ou à função que possuem. Ressaltando que a causa 
de aumento de pena exige atividade profissional e 
não só o seu título. 
 
 
16 
Omissão de notificação de doença 
 
Art. 269. Deixar o médico de denunciar à 
autoridade pública doença cuja notificação é 
compulsória: 
 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
Sobre a Omissão de notificação de doença: 
 
 Sujeito ativo somente o médico e o sujeito 
passivo a sociedade colocada em risco. 
 
 O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto 
material é a notificação compulsória. 
 
 Elementos objetivos do tipo: deixar de denunciar. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo. 
 
 Classificação: próprio; formal (de mera conduta); 
de forma vinculada; omissivo; instantâneo; de 
perigo comum abstrato; unissubjetivo; 
unissubsistente. 
 
 Tentativa: não é admitida. 
 
 Momento consumativo: assim que é vencido o 
prazo legal para que o médico comunique a 
doença à autoridade pública. 
 
Envenenamento de água potável 
ou de substância alimentícia ou 
medicinal 
 
Art. 270. Envenenar água potável, de uso comum 
ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal 
destinada a consumo: 
 
Pena – reclusão, de dez a quinze anos. 
 
§ 1º Está sujeito à mesma pena quem entrega a 
consumo ou tem em depósito, para o fim de ser 
distribuída, a água ou a substância envenenada. 
 
Modalidade culposa 
 
§ 2º Se o crime é culposo: 
 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. 
 
Sobre o envenenamento de água potável ou 
substância alimentícia ou medicinal: 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
é a sociedade. 
 
 O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto 
material é a água potável. 
 
 Elementos objetivos do tipo: envenenar, 
entregar ou tiver em depósito água ou 
substância contaminada. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo do perigo 
ou a culpa. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo (na forma “ter em 
depósito” é permanente); de perigo comum 
abstrato; unissubjetivo; unissubsistente ou 
plurissubsistente. 
 
 Tentativa: admite-se na forma plurissubsistente 
dolosa. 
 
 Momento consumativo: assim que o 
envenenamento se concretizar, independente 
de atingir alguém, ou quando a água ou 
substância envenenada for entregue para 
consumo ou mantida em depósito. 
 
 Particularidades: 
 A Lei 8.072/90 havia incluído o delito de 
envenenamento de água potável ou de 
substância alimentícia ou medicinal na relação dos 
delitos hediondos, embora, com o advento 
da Lei 8.930/94, tenha sido retirado 
desse rol. A despeito disso, em se 
tratando de crime de perigo abstrato –
não dependente de prova da existência 
efetiva do perigo, que é presumido pela 
lei–, possui pena excessivamente elevada. 
Imagine-se a conduta de alguém que envenene 
uma fonte de propriedade particular, com 
raríssimo acesso de alguém ao local: poderia ser 
processado pela prática de envenenamento de 
água potável, ainda que não tivesse havido perigo 
concreto para qualquer pessoa, recebendo, no 
mínimo, dez anos de reclusão. Fere-se, com isso, 
o princípio da proporcionalidade. 
 
 
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Corrupção ou poluição de água 
potável 
 
Art. 271. Corromper ou poluir água potável, de uso 
comum ou particular, tornando-a imprópria para 
consumo ou nociva à saúde: 
 
Pena – reclusão, de dois a cinco anos. 
 
Modalidade culposa 
 
Parágrafo único. Se o crime é culposo: 
 
Pena – detenção, de dois meses a um ano. 
 
Sobre a corrupção ou poluição de água: 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
é a sociedade. 
 
 O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto 
material é a águapotável. 
 
 Elementos objetivos do tipo: corromper ou poluir. 
Tratando-se de um tipo penal misto alternativo, 
de modo que a prática de uma ou das duas 
condutas implica num único delito, quando 
acontece no mesmo contexto. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo do perigo 
ou a culpa. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; de perigo comum 
abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente. 
 
 Tentativa: é admissível na modalidade dolosa. 
 
 Momento consumativo: assim que água potável 
for corrompida ou poluída, tornando-a imprópria 
para consumo ou nociva à saúde, independente 
de efetivo prejuízo à saúde de alguém. 
 
Falsificação, corrupção, adulteração ou 
alteração de substância ou produtos 
alimentícios 
 
Art. 272. Corromper, adulterar, falsificar ou 
alterar substância ou produto alimentício destinado a 
consumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-
lhe o valor nutritivo: 
 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e 
multa. 
 
§ 1º-A Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, 
vende, expõe à venda, importa, tem em depósito 
para vender ou, de qualquer forma, distribui ou 
entrega a consumo a substância alimentícia ou o 
produto falsificado, corrompido ou adulterado. 
 
§ 1º Está sujeito às mesmas penas quem pratica as 
ações previstas neste artigo em relação a bebidas, 
com ou sem teor alcoólico. 
 
Modalidade culposa 
 
§ 2º Se o crime é culposo: 
 
Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Sobre a falsificação, corrupção, adulteração 
ou alteração de substância ou produtos 
alimentícios: 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
é a sociedade. 
 
 O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto 
material é a substância ou produto alimentício 
destinado a consumo. 
 
 Elementos objetivos do tipo: corromper, 
adulterar, alterar substância ou produto 
alimentício tornando-o nocivo à saúde ou 
reduzindo seu valor nutritivo. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo 
OU a culpa. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo (permanente nas formas “expor 
à venda” e “ter em depósito”); de perigo comum 
abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente. 
 
 Tentativa: admite-se APENAS na modalidade 
dolosa. 
 
 Momento consumativo: assim que as condutas 
descritas no caput atingirem a substância ou 
produto alimentício destinado a consumo, 
 
 
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tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo seu 
valor nutritivo, ainda que não prejudique a saúde 
de alguém. Também há a possibilidade do §1º-A 
quando as condutas descritas forem praticadas 
em relação à substância alimentícia ou ao 
produto falsificado, corrompido ou adulterado, 
mesmo que inexista danos à saúde. 
 
Falsificação, corrupção, adulteração ou 
alteração de produtos destinados a fins 
terapêuticos ou medicinais 
 
Art. 273. Falsificar, corromper, adulterar ou 
alterar produto destinado a fins terapêuticos ou 
medicinais: 
 
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e 
multa. 
 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem importa, 
vende, expõe à venda, tem em depósito para vender 
ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a 
consumo o produto falsificado, corrompido, 
adulterado ou alterado. 
 
§ 1º-A Incluem-se entre os produtos a que se 
refere este artigo os medicamentos, as matérias-
primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, 
os saneantes e os de uso em diagnóstico. 
 
§ 1º-B Está sujeito às penas deste artigo quem 
pratica as ações previstas no § 1º em relação a 
produtos em qualquer das seguintes condições: 
 
I. sem registro, quando exigível, no órgão de 
vigilância sanitária competente; 
 
II. em desacordo com a fórmula constante do 
registro previsto no inciso anterior; 
 
III. sem as características de identidade e 
qualidade admitidas para a sua 
comercialização; 
 
IV. com redução de seu valor terapêutico ou de 
sua atividade; 
V. de procedência ignorada; 
 
VI. adquiridos de estabelecimento sem licença 
da autoridade sanitária competente. 
 
Modalidade culposa 
 
§ 2º Se o crime é culposo: 
 
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
Sobre a falsificação, corrupção, adulteração 
ou alteração de produtos destinados a fins 
terapêuticos ou medicinais: 
 
 Sujeito ativo qualquer pessoa e o sujeito passivo 
a sociedade. 
 
 O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto 
material é o produto falsificado, corrompido, 
adulterado ou alterado. 
 
 Elementos objetivos do tipo: falsificar, 
corromper, adulterar ou alterar, assim o 
colocando, expondo a venda, vendendo ou 
obtendo em depósito para venda. Essas 
condutas podem ser em relação a produtos nas 
seguintes condições: 
 
a) Sem registro, quando exigível, no órgão de 
vigilância sanitária competente; 
b) Em desacordo com a fórmula constante do 
registro no órgão competente; 
c) Sem as características de identidade e qualidade 
admitidas para sua comercialização; 
d) Com redução de seu valor terapêutico ou de sua 
atividade; 
e) De procedência ignorada; 
f) Adquiridos de estabelecimentos sem licença da 
autoridade sanitária competente. 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo 
ou a culpa. 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo (permanente nas formas “expor 
à venda” e “ter em depósito”); de perigo comum 
abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente. 
 
 Tentativa: admite-se na forma dolosa. 
 
 Momento consumativo: quando as condutas 
descritas no caput forem praticadas em relação 
a produto destinado a fins terapêuticos ou 
medicinais, ainda que não haja dano à saúde de 
alguém. No caso do §1º pode se dar quando as 
 
 
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condutas ali descritas envolverem o produto 
falsificado, corrompido, adulterado ou alterado, 
também sem dependência a lesão à saúde de 
terceiro. 
 
 Observações: 
 Vender OU ter em depósito para venda; 
 Os produtos precisam ter o registro na 
anvisa, caso não tenham, o portador 
destes vai incorrer na pena do caput de 
igual forma; 
 É imprescindível a observação do artigo 
285, onde se aplica a mesma premissa do 
tipo que estamos comentando, caso a 
vítima venha a óbito dobra-se a pena e 
se o resultado for lesão corporal grave 
aumenta pela metade. 
 
Medicamento em desacordo com 
a receita médica 
 
Art. 280. FORNECER substância medicinal em 
desacordo com receita médica: 
 
Pena – detenção, de um a três anos, ou multa. 
 
Modalidade culposa 
 
Parágrafo único. Se o crime é CULPOSO: 
 
Pena – detenção, de dois meses a um ano. 
 
Sobre o Medicamento em desacordo 
com a receita médica: 
 
 Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e o 
sujeito passivo é toda a sociedade, pois o 
ocorrido pode acontecer com qualquer um; 
 
 O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto 
material é a substância medicinal que foi 
oferecida em desacordo com a receita. 
 
 Elementos objetivos do tipo: fornecer, que se 
conceitua por prover ou pôr à disposição de 
alguém substância medicinal; 
 
 Elemento subjetivo do crime: é dolo de perigo ou 
culpa, a depender do caso prático; 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; de perigo comum 
abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente; 
 
 Tentativa: é admissível em sua forma dolosa; 
 
 Momento consumativo: assim que a substância 
medicinal é fornecida a vítima em desacordo 
com a receita médica, mesmo que não cause 
prejuízo à saúde; 
 
 Observações: 
 Em casos que a dosagem esteja prescrita 
de forma exagerada deve-se contatar o 
médico. 
 
Exercício ilegal da medicina, arte 
dentária ou farmacêutica 
 
Art. 282. EXERCER, ainda que a título gratuito, a 
profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem 
autorização legal ou excedendo-lhe os limites: 
 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. 
 
Parágrafo único. Se o crime é praticado com o fim 
de lucro, aplica-se também multa. 
 
Sobre o Exercício ilegal da medicina, etc: 
 
 Sujeito ativo pode serqualquer pessoa quando 
se refere ao exercício da profissão de médico, 
dentista ou farmacêutico, mas vale observar 
que é preciso realmente ser profissional médico, 
dentista ou farmacêutico quando o tipo faz 
referência à ultrapassagem dos limites 
inerentes à profissão e o sujeito passivo 
primeiramente é a sociedade como um todo, 
secundariamente a pessoa diretamente atingida 
pela conduta do agente; 
 
 
 
20 
 O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto 
material é a profissão de médico, dentista ou 
farmacêutico; 
 
 Elementos objetivos do tipo: o tipo tratado é 
direto e conciso, aqui o principal elemento 
objetivo do tipo é exercer; 
 
 Elemento subjetivo tipo específico: aqui é 
necessária a vontade de desempenhar a 
atividade usualmente, já que se trata de delito 
habitual. Podendo ainda haver o intuito de lucro; 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo 
 
 Classificação: comum (na primeira parte do tipo) 
e próprio (na segunda parte); formal; de forma 
livre; comissivo; HABITUAL; de perigo comum 
abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente; 
 
 Tentativa: não se admite tentativa, pois se trata 
de um crime habitual; 
 
 Momento consumativo: no momento em que se 
tornar evidente a habitualidade da conduta 
mesmo que não haja causado prejuízo à saúde 
de alguém. 
 
 Observações: 
 
 A prática precisa ser HABITUAL, ou seja, 
atuar uma única vez para o socorro de 
outrem não se qualifica como crime; 
 É necessário um conjunto de práticas 
para que se configure o crime, ou seja, 
praticado habitualmente; 
 É importante lembrar que esse tipo é 
dividido em DUAS partes, uma sendo 
comum (qualquer pessoa pode exercer) e 
a outra própria (precisa ser profissional 
médico, dentista ou farmacêutico); 
 Se o crime é cometido com fins lucrativos 
também se aplica pena de multa; 
 Também pode incorrer como crime deste 
tipo quando, por exemplo, um dentista se 
passa por um médico. 
Charlatanismo 
 
Art. 283. INCULCAR ou ANUNCIAR cura por meio 
secreto ou infalível: 
 
Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa. 
 
Sobre o Charlatanismo: 
 
 Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa e o 
sujeito passivo é a sociedade; 
 O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto 
material é o anúncio de cura secreta e infalível; 
 
 Elementos objetivos do tipo: inculcar ou anunciar; 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo; 
 
 Classificação: comum; formal; de forma livre; 
comissivo; instantâneo; de perigo comum 
abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente; 
 
 Tentativa: admite-se; 
 
 Momento consumativo: assim que as condutas 
típicas (anunciar ou inculcar) forem cometidas, 
independente de prejuízo a saúde da vítima. 
 
 Observação: 
 
 A finalidade é punir aquele que, sendo 
médico ou não, se promove através de 
métodos questionáveis e perigosos sobre 
curar pessoas, de maneira oculta ou 
ignorada do paciente e do poder público, 
além de divulgar mecanismos inverídicos 
de cura, visto não existir nada infalível 
quando se trata de cura de 
enfermidades. 
 Simplesmente dizer que você pode curar 
alguém não é crime. Mas dizer ou 
propagandear que a cura é infalível ou 
que você possui um meio secreto de 
curar as pessoas é crime. É aí que entra 
o charlatanismo, pois ninguém pode 
garantir que haverá cura (nem mesmo 
para um simples resfriado); 
 
 
21 
 Atenção!!! Não confundir esse tipo com 
estelionato, pois aqui a conduta é 
MEDICINAL e por meio de propagação. 
 
Exemplos de Charlatanismo ao longo da história: 
 
 Lawrence Hamlin (1916, EUA) – “Óleo Milagroso” 
para cura do câncer. 
 
 John Henry Pickard (1866 – 1934, EUA) – extrato 
de herva Sanguinaria, para “cura de pneumonia, 
tosse, pulmões fracos, asma, problemas de 
estômago, rins, fígado, bexiga e tônico altamente 
eficaz para o sangue e nervos”. 
 
 Johanna Brandt (1876 – 1964, África do Sul) – 
“Cura das uvas” para o câncer. 
 
Curandeirismo 
 Art. 284. EXERCER o curandeirismo: 
 
I. prescrevendo, ministrando ou aplicando, 
habitualmente, qualquer substância; 
 
II. usando gestos, palavras ou qualquer outro 
meio; 
 
III. fazendo diagnósticos: 
 
Pena – detenção, de seis meses a dois anos. 
 
Parágrafo único. Se o crime é praticado mediante 
remuneração, o agente fica também sujeito à multa. 
 
Forma qualificada 
 
Art. 285. Aplica-se o disposto no art. 258 aos 
crimes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao 
definido no art. 267. 
 
Sobre o Curandeirismo: 
 
 Sujeito ativo será qualquer pessoa e o sujeito 
passivo primeiramente é a sociedade, 
secundariamente é a pessoa objeto da “cura”; 
 
 O objeto jurídico é a saúde pública, já o objeto 
material é a substância que for prescrita, o 
gesto realizado, a palavra ou qualquer outro meio 
empregado para cura e o diagnóstico realizado; 
 
 Elementos objetivos do tipo: exercer 
curandeirismo, o que significa desempenhar com 
habitualidade uma atividade que promove curas 
sem qualquer título ou habilitação para tal. 
Geralmente por meio de reza ou emprego de 
magia; 
 
 Elemento subjetivo tipo específico: é a vontade 
de desempenhar a conduta habitualmente. Além 
disso, pode haver intuito de lucro, conforme o 
parágrafo único 
 
 Elemento subjetivo do crime: é o dolo de perigo; 
 
 Classificação: comum; formal; de forma 
vinculada; comissivo; habitual; de perigo comum 
abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente; 
 
 Tentativa: não é admissível, pois se trata de 
crime habitual; 
 
 Momento consumativo: no momento em que se 
tornar evidente a habitualidade da conduta 
mesmo que não haja causado prejuízo à saúde 
de alguém. 
 
Forma qualificada 
 
Art. 285. Aplica-se o disposto no art. 258 aos 
crimes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao 
definido no art. 267.

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