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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS CÂMPUS SANCLERLÂNDIA FLÁVIA RENATA DIAS THAINARA ALVES DA SILVA EMPREENDEDORISMO FEMININO: Um estudo de caso na emp resa Cabocla Criações da Cidade de Goiás – GO. SANCLERLÂNDIA 2017 FLÁVIA RENATA DIAS THAINARA ALVES DA SILVA EMPREENDEDORISMO FEMININO: Um estudo de caso na emp resa Cabocla Criações da Cidade de Goiás – GO. Trabalho de conclusão de Curso apresentado como exigência para obtenção do título de bacharel em Administração pela Universidade Estadual de Goiás, Campus Sanclerlândia, sob orientação da professora Christianne Viana Ferreira Paiva Gonzaga. SANCLERLÂNDIA 2017 FLÁVIA RENATA DIAS THAINARA ALVES DA SILVA EMPREENDEDORISMO FEMININO: Um estudo de caso na emp resa Cabocla Criações da Cidade de Goiás – GO. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Avaliadora do Curso de Administração, da Universidade Estadual de Goiás Campus de Sanclerlândia, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Administração. Aprovado em ______ de ______________ de 2017. _______________________________________ Orientadora Prof. Christianne Viana Ferreira Paiva Gonzaga UEG Câmpus Sanclerlândia _____________________________________ Indicação do (a) Prof. ____________________________ _ UEG Câmpus Sanclerlândia ___________________________________ Indicação da UEG Prof. ____________________________ UEG Câmpus Sanclerlândia SANCLERLÂNDIA 2017 AGRADECIMENTOS Durante essa jornada, algumas pessoas caminharam ao meu lado, me ajudaram e me incentivaram a alcançar o meu sonho. Em primeiro lugar agradeço ao bom Deus pelo fôlego de vida, por sempre ouvir minhas orações, por me dar forças, me capacitar e me confortar nos momentos difíceis. Aos meus pais José Eustáquio e Suely, pelo apoio dado não só nesse momento, mas em toda a minha vida, por todos os ensinamentos, pelos valores a mim passados, por estudar comigo até que eu aprendesse o bê-á-bá e por não me deixar desistir, quando o peso da faculdade parecia insuportável. Aos meus irmãos Anderson e Renan, meus grandes exemplos de determinação e esforço, por acompanharem de perto toda a minha trajetória acadêmica, e por me ajudar sempre que possível. Ao meu marido Hiago Henrique por compreender as renúncias ao lazer, o meu stress e mau humor resultantes das noites sem dormir e horas de dedicação, por me levar a faculdade sempre que o ônibus quebrava, e principalmente pelas várias lições de moral dadas quando desesperada, eu falava em desistir. A minha parceira Thainara Alves pela dedicação, por não medir esforços para se deslocar da sua cidade para concluir essa pesquisa, pelo incentivo e apoio mútuo e principalmente pela amizade conquistada no decorrer dessa caminhada. Não seria possível sem você! E meu sincero agradecimento a todos os professores que colaboraram para a conclusão desse trabalho, em especial a minha orientadora e amiga Christianne Gonzaga pela paciência, apoio, incentivo, por estar comigo diante de todas as adversidades e por acreditar sempre no nosso potencial. E ao professor Eder, pelas sugestões e ideias enriquecedoras e pelas palavras de motivação. Vocês nem imaginam como foram importantes para a realização desse sonho. Flávia Renata Dias Primeiramente quero agradecer а Deus, por permitir qυе esse sonho se torne realidade e por saber que me ajudará ao longo da minha vida, е não somente nestes anos como universitária. Sei que foi difícil, mas Deus me deu força para continuar. Aos meus pais Edimilson e Márcia pelo amor, incentivo е apoio nas horas de desânimo е cansaço, qυе apesar dе todas аs dificuldades mе fortaleceram е qυе pаrа mіm, foi muito importante. Agradeço por ter me concedido um cuidado especial desde meu nascimento, me ensinado a lutar com dignidade. Aos meus irmãos Istefany e Jeferson pelo apoio e carinho. Agradeço meu namorado Vinicius Tobias por toda paciência, por ser melhor amigo e companheiro de todas as horas, pela compreensão, carinho e amor, e por me amparar muitas vezes e achar recursos quando eles pareciam não surgir. Meus sinceros agradecimentos a minha companheira Flávia Renata pеlа paciência, pelo incentivo, pela força, pela compreensão е principalmente pelo carinho. Valeu а pena toda distância, hoje estamos colhendo juntas оs frutos dо nosso empenho! A minha orientadora e professora Christiane Gonzaga pelo incentivo, suporte, paciência nos momentos de stress e pelas correções, onde foi muito válido para a construção do trabalho. Meus agradecimentos аоs amigos, companheiros dе trabalhos е irmãos nа amizade qυе fizeram parte dа minha formação е qυе vão continuar presentes еm minha vida. A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ muito obrigado. Thainara Alves Da Silva “Com o crescimento das mulheres no comando das organizações empresariais, o mundo dos negócios está deixando de ser uma selva e se tornando um jardim de rosas. Mas que não confundam a delicadeza das pétalas das rosas com fragilidade, pois os espinhos estarão sempre prontos para protegê-las.” Ricardo Bellino RESUMO O indivíduo empreendedor possui atitudes e habilidades únicas, tem facilidade de criar diversos modos para inovar e modernizar seu ambiente de trabalho. O empreendedorismo feminino recebe grande destaque nos dias atuais, as mulheres se sobressaem nas grandes corporações pelas características empreendedoras e por possuírem atitudes e habilidades que são específicas delas. Este trabalho tem como objetivo conhecer o desenvolvimento e o valor do empreendedorismo feminino no Brasil, entender o procedimento histórico de transformação no universo feminino e o ingresso das mulheres no meio empresarial e empreendedor. A opção pela pesquisa bibliográfica se deu a fim de conhecer o comportamento empreendedor no ambiente de trabalho, por meio de conceitos e pesquisas. Como recurso metodológico foi utilizado o Estudo de Caso para possibilitar a realização da pesquisa e o levantamento de dados aqui apresentados, através de uma entrevista semiestruturada com a empresária Milena Curado de Barros, para compreender a visão que a mesma tem de si, em relação ao seu papel feminino na sociedade e a contribuição do trabalho social na vida dos detentos e de suas famílias. Para a compreensão sobre a relação empreendedorismo e empreendedorismo social, autores como: Chiavenato (2012), Dolabela (2002), Dornelas (2005) e Filion (2000) entre outros, foram fundamentais. Palavras-chave: Empreendedorismo. Empreendedorismo Social. Mulher Empreendedora. SUMMARY The entrepreneur has herself attitudes and abilities, cause has many forms to innovate and modernize her/him place work. And the female business has been gotten much highlights day after day, stand out for hers business characters, to has attitudes and abilities that are specific. That work has as goal meet the business female desenvolviment and the value in Brazil, to understand the history transformation in female’s world and the women’ admission among business and companies. The end of the bibliographic research lastly to meet business behavior at place work, with study and research. As methodological resource was used the Study Case making possible the achievement of research and the hight about information here mentioneded, through a interview semistructured with the businesswoman Milena Curado de Barros, to understan the view that has about herself, about your female part in the society and the contribution off her Family and detained’s life. To learn more about entrepreneur and social entrepreneur,writters like: Chiavenato (2012), Dolabela (2002), Dornelas (2005) and Filion (2000) about others, were fundamental. Key-words : Entrepreneur. Social Entrepreneur. Entrepreneurial Woman. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 : Compensações de um empreendimento....................................................21 Figura 2 : Taxas específicas de empreendedorismo inicial (TEA) segundo gênero..36 Figura 3 : Taxas específicas de empreendedorismo estabelecido (TEE) segundo gênero........................................................................................................................36 Figura 4 : Diferença entre empreendedorismo empresarial e social..........................40 LISTA DE QUADROS Quadro 1- Competências básicas para obter sucesso..............................................23 Quadro 2- Expectativas que representa a visão da responsabilidade social............44 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. CDI Comitê para Democratização da Informática. GEM Global Entrepreneurship Monitor. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. PNAD Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio a Micros e Pequenas empresas. SOFTEX Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12 2 EMPREENDEDORISMO .................................................................................... 14 2.1 Origem e evolução histórica ................... .................................................. 16 2.1.1 Empreendedorismo no Brasil ................................................................ 18 2.1.2 Características e comportamentos do indivíduo empreendedor ............ 19 3 EMPREENDEDORISMO FEMININO.................................................................. 27 3.1 A evolução da mulher na sociedade e no mercado de trabalho ............ 28 3.1.1 A evolução da mulher no mercado de trabalho brasileiro ...................... 29 3.2 A mulher empreendedora ........................ .................................................. 31 3.2.1 A figura feminina no empreendedorismo ............................................... 35 4 EMPREENDEDORISMO SOCIAL ......................... ............................................ 38 4.1 Contextualização histórica .................... .................................................... 38 4.2 Responsabilidade Social ....................... .................................................... 42 5 ESTUDO DE CASO NA EMPRESA CABOCLA CRIAÇÕES - CIDA DE DE GOIÁS ....................................................................................................................... 45 5.1 Metodologia ................................... ............................................................. 45 5.2 Histórico da empresa .......................... ....................................................... 46 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................ ................................................... 53 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 56 12 1 INTRODUÇÃO O empreendedorismo tem ganhado grande destaque nos dias atuais, o acelerado avanço tecnológico, o declínio econômico, o aumento do desemprego e crises políticas levam alguns indivíduos a buscarem alternativas de sobrevivência e se aventurar na criação de serviços e produtos inovadores e na abertura de novas empresas. As mudanças que ocorrem no mundo são frutos da velocidade de informações, da busca intelectual pelo conhecimento e da globalização. Não só as pessoas enfrentam essas mudanças, mas também as organizações que necessitam se adaptar para acompanhar o novo e se manterem competitivas. Em face dessa nova realidade surge o interesse em entender o que motiva o empreendedor a não desistir. E, mais que isso, a recomeçar e a progredir mesmo na incerteza. Empreendedores são pessoas criativas, perseverantes e inovadoras, que possuem uma grande sensibilidade para os negócios, identificam e aproveitam as oportunidades e colocam em prática suas ideias em busca de realização pessoal ou profissional. São pessoas corajosas que não se intimidam ao assumir riscos calculados e, apesar de às vezes fracassarem em seus empreendimentos, não desistem, utilizam as experiências negativas como aprendizado para os próximos negócios. Esse trabalho tem como objetivo além de identificar a evolução e a importância do empreendedorismo e do empreendedorismo social no Brasil, compreender o processo histórico de transformação no universo feminino e a introdução da mulher no mercado de trabalho e no universo empreendedor. Elas que venceram grandes lutas e desafios para conquistar seus direitos e que ainda hoje se deparam com preconceitos de gênero, mas que com garra e persistência, lideram mais da metade dos empreendimentos abertos no Brasil. Por considerar a relevância do tema, essa pesquisa busca verificar o contexto social do empreendedorismo feminino, demonstrar as características que compõem o indivíduo empreendedor e abordar a probabilidade destas serem desenvolvidas e/ou adquiridas ou ainda se, possivelmente, são natas. Faz-se pertinente refletir sobre o perfil de empreendedoras de sucesso e as dificuldades sociais, culturais e 13 econômicas que norteiam o mercado competitivo. Dessa forma, problematiza-se qual o atual papel da mulher no cenário brasileiro empreendedor? Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, embasada principalmente nas obras de, Chiavenato (2012), Dolabela (2002), Dornelas (2005), Filion (2000), com base principal nos dados do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), instituição responsável pelos maiores estudos acerca do empreendedorismo no mundo. E pesquisa de caráter exploratório, com um estudo de caso realizado na empresa Cabocla Criações, uma empresa de artesanato situada na cidade de Goiás-GO sob a responsabilidade da proprietária Milena Curado de Barros e que tem como diferencial o papel social, tendo em vista a inclusão de detentos da unidade prisional do município. Os detentos são responsáveis pelos bordados das peças vendidas na loja e tem diminuição da pena, de acordo com a produtividade. A empreendedora social já ganhou prêmios de Mulher Empreendedora com sua marca e com a oportunidade de restaurar vidas. O trabalho será estruturado em seis capítulos, o primeiro aborda a introdução, o segundo o conceito de empreendedorismo, sua origem e evolução histórica, o surgimento do empreendedorismo no Brasil e as principais características do indivíduo empreendedor. O terceiro apresenta o empreendedorismo feminino, com uma análise da evolução da mulher na sociedade e no mercado de trabalho e as dificuldades encontradas por elas quando optam pelo universo empreendedor. O capítulo quatro traz a importância do empreendedorismo social e da responsabilidade social, o cinco trata-se do estudo de caso e metodologia e o último se refere às considerações finais. 14 2 EMPREENDEDORISMO O atual cenário brasileiro de rápidas e constantes mudanças no ambiente econômico, político, demográfico e sociocultural, em conseqüência a globalização e crises políticas impulsionaram uma revolução no estilo de vida e de trabalho das pessoas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017), quase dois milhões de indivíduos perderam seus empregos só nos últimos 12 meses, este fato evidencia a necessidade de buscar novas formas de sustentabilidade econômica.O empreendedorismo tem participação efetiva nessa realidade, pois são a partir de atividades criativas que as pessoas têm gerado emprego. De acordo com (CHIAVENATO, 2012, p. 3), “o termo empreendedor – do francês entrepreneur – significa aquele que assume riscos e começa algo inteiramente novo”, são indivíduos visionários que identificam oportunidades onde ninguém viu e se arriscam na criação de novos negócios ou inovam em negócios já existentes, são pessoas corajosas que enfrentam sem medo os riscos necessários para introduzir no mercado seus sonhos e torná-los realidade. A partir das mudanças que a sociedade atual tem enfrentado no âmbito político, econômico, cultural e empresarial surge à necessidade de pessoas com espírito empreendedor que são aquelas que fazem a diferença e possuem habilidades inovadoras, renovam conceitos econômicos, criam novos trabalhos e geram mais riquezas para a região (CRUZ, 2005). Os empreendedores aproveitam as oportunidades, se defendem das ameaças, gerem seus negócios e constroem seus lucros. A definição de (DORNELAS, 2001, p. 17) para o empreendedor é “aquele que faz as coisas acontecerem, se antecipa aos fatos e tem visão futura da organização”. Apesar de serem envolvidos pela emoção, pelo impulso e até mesmo pela intuição os empreendedores precisam manter os pés no chão e utilizar técnicas administrativas para elaborar estratégias preventivas e evitar eventuais problemas e falhas que possam surgir em seus empreendimentos, ou seja, é necessário mensurar as oportunidades e ameaças e riscos envolvidos. O empreendedorismo 15 vai além da ideia e abrir uma nova empresa. O foco das grandes organizações é inspirar o intraempreendedorismo, (HASHIMOTO, 2006, p. 15) afirma que: Os intraempreendedores ou empreendedores corporativos são colaboradores de uma companhia que tem atitude empreendedora, por isso, são inconformados, questionam o estado atual das coisas, provocam mudanças e geram transformações profundas, seja nos negócios ou nas organizações. Colaboradores com esse perfil apresentam ideias criativas e se dedicam ao negócio como se fosse deles, são comprometidos com os objetivos e metas da organização e utilizam suas habilidades para empreender no lugar onde trabalham. Apesar do conceito de empreendedorismo ser bastante utilizado, é um termo complexo e de difícil definição, pois recebeu contribuições de diversas disciplinas, como a economia, sociologia, psicologia e administração, cada área de conhecimento busca o princípio que melhor responda a seu interesse. Segundo (FILION, 1999, p. 6) os dois pontos de vistas de maior peso sobre o empreendedorismo são os dos comportamentalistas e dos economistas. “[...] os economistas associam o empreendedor com inovação, enquanto os comportamentalistas se concentram nos aspectos criativo e intuitivo”. Na visão econômica, os principais autores que se dedicaram a estudar o empreendedorismo foram (CANTILLON, 1755; SAY, 1803 e SCHUMPETER, 1954 apud FILION, 1999), de acordo com eles os empreendedores são fundamentais para o desenvolvimento econômico graças à criação de negócios inovadores, e defendem a ideia de que o fator que os motivam é a vontade de obter lucros e acumular riquezas, é aquele que causa mudanças e combinam recursos e materiais de forma inovadora a fim de agregar valor ao produto. Na visão comportamentalista (MAX WEBER, 1930; MCCLELLAND, 1961 apud FILION, 1999) defendem a ideia de que além da vontade de obter lucro, os empreendedores são motivados pelo desejo de auto realização e devem possuir um conjunto de características psicológicas que irão ajudar a manter seu negócio mesmo diante das dificuldades encontradas. Entre as qualidades necessárias as principais destacadas nas pesquisas dos comportamentalistas são: Inovação, liderança, criatividade, otimismo, flexibilidade e autoconfiança. 16 O autor (DOLABELA, 1999, p. 31) acredita que o empreendedorismo é: [...] fruto dos hábitos, práticas e valores das pessoas. Existem famílias mais empreendedoras do que outras, assim como cidades, regiões, países. Na verdade aprende-se a ser empreendedor pela convivência com outros empreendedores [...] o empreendedor aprende em um clima de emoção e é capaz de assimilar a experiência de terceiros. O autor define o empreendedorismo como um fenômeno cultural, visto que em suas pesquisas, a maior parte dos grandes empresários era inspirada pelos hábitos e práticas dos homens de sucesso que antecediam suas gerações. (FILION, 1991) colabora com essa teoria ao afirmar que grande parte dos empreendedores se inspira em um modelo presente em sua família ou em seu círculo de relacionamento. Na visão de (CHIAVENATO, 2012, p. 3) o empreendedor: [...] proporciona a energia que move toda a economia, alavanca as mudanças e transformações, produz a dinâmica de novas ideias, cria empregos e impulsiona talentos e competências. Mais ainda: ele é quem fareja, localiza e rapidamente aproveita as oportunidades fortuitas que aparecem ao acaso e sem pré-aviso, antes que outros aventureiros o façam. O empreendedorismo colabora de forma imensurável para o crescimento econômico do país, principalmente em um momento em que o desemprego aumenta e a crise está em destaque em todas as fontes de notícias como jornais, rádios e televisão. Quando um empreendimento é aberto, não aumenta apenas a oferta de produtos e serviços, mas aumenta a oferta de trabalho, gera mais riqueza e reduz a desigualdade de renda. 2.1 Origem e evolução histórica Desde os povos primitivos já era possível observar indivíduos com características empreendedoras, quando para sobreviver eles precisavam despertar sua criatividade e desenvolver ferramentas e técnicas inovadoras para facilitar o processo de sobrevivência e a caça de animais. O estudioso (ANGELO, 2003) exemplifica algumas descobertas empreendedoras como a invenção da roda, a descoberta do fogo, o sistema de irrigação, dentre outras invenções que surgiram com utilizações de matérias primas já existentes de forma inovadora. De acordo com (DORNELAS, 2005) a história do empreendedorismo teve início com o embaixador Marco Polo, quando o mesmo, assumiu um grande risco 17 físico e psicológico ao tentar estabelecer uma rota comercial para o Oriente ao fechar negócio com um capitalista para vender suas mercadorias. Mais tarde, “na Idade Média, o termo empreendedor foi usado para descrever tanto um participante quanto um administrador de grandes projetos de produção”. (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO A MICROS E PEQUENAS EMPRESAS- SEBRAE, 2010, p. 6), esse conceito não foi aplicado apenas às pessoas que assumiam risco, mas aos indivíduos que geriam os recursos disponíveis para realizar projetos geralmente do governo, um bom exemplo era o clérigo, formado por sacerdotes e levitas responsáveis pelas obras arquitetônicas de castelos, prédios, catedrais, entre outros. No século XVII, a definição de empreendedor como indivíduo que assumia riscos se intensificou, quando as pessoas começaram a fornecer produtos e a prestar serviços ao governo através de um contrato fixo. Caso ocorresse alguma anormalidade, o prejuízo seria todo do empreendedor, que comprava por um preço certo e vendia por um preço incerto (SEBRAE, 2010). Ainda no século XVII, (CANTILLON apud DORNELAS, 2001) conseguiu diferenciar o empreendedor do capitalista, enquanto o primeiro assumia riscos, o segundo tinha o papel de fornecer capital. Em meados do século XIX os empreendedores eram conceitualizados apenas sobre o ponto de vista econômico sendo confundidos com os administradores, por exercerem as mesmas funções. Apenas no final do século XX que o empreendedor passou a ser visto como o indivíduo inovador que criava produtos e serviços diferenciados para atender as necessidades dos consumidores. Essa relação “empreendedor X administrador” é bastantecomum nos dias atuais, segundo (HISRICH e PETER, 2004) a principal diferenciação entre os dois termos é que o empreendedor utiliza recursos de forma inovadora para criar novos negócios e o administrador utiliza técnicas administrativas para planejar, organizar, dirigir e controlar sua empresa, ou seja, o empreendedor é quem abre o negócio e o administrador é quem o mantém, sendo que o ideal é que um desenvolva as habilidades do outro para obter sucesso. 18 2.1.1 Empreendedorismo no Brasil No Brasil, o empreendedorismo também se faz presente por toda a história do país, desde a criatividade indígena, a colonização e a industrialização. Mas as grandes ações empreendedoras foram identificadas por volta do século XVII quando os portugueses iniciaram o processo de ocupação das terras brasileiras e desenvolveram negócios inovadores no país, um exemplo de pioneirismo empreendedor foi Irineu Evangelista de Souza, o famoso Barão de Mauá, responsável pela construção da primeira estrada de ferro do Brasil (HISRICH, 2009). Mas a utilização do termo empreendedorismo se intensificou no país por volta da década de 90, quando uma abertura na economia permitiu o surgimento de empresas como o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas) e a SOFTEX (Sociedade Brasileira para Exportação de Software), organizações que visam auxiliar os novos empreendedores a abrir, administrar e manter seus negócios (DORNELAS, 2005). Anterior ao surgimento dessas instituições, alguns corajosos, se arriscaram e se empenharam a atuar nos negócios, mas careciam de informações e ajuda para se manterem em um ambiente incerto (OLIVEIRA, 2008). A SOFTEX tinha como objetivo capacitar os empresários da área de informática a gerir seus negócios e levar as empresas de software ao mercado exterior. Já o SEBRAE é o ponto de apoio de micro e pequenos empresários em geral que buscam orientação na abertura e manutenção de suas organizações (DORNELAS, 2001). Pesquisa do (GEM - GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR, 2013) aponta que por um lado, o país possui um grande potencial para o desenvolvimento do empreendedorismo, por outro carece da ajuda do governo para a criação de políticas públicas que incentivem a abertura de novos negócios e apoiem para que eles se consolidem no mercado, tais como: incentivos fiscais, cursos de capacitação e aberturas de instituições de fomento e estímulo à cultura empreendedora, visto que a mesma colabora para o desenvolvimento econômico ao criar alternativas contra o desemprego e novas formas de geração de renda (GEM, 2013). 19 O Brasil é considerado um país com grande perfil empreendedor, onde as taxas de empreendimentos novos e estabelecidos aumentam a cada dia . E as mulheres tem se destacado visto que isso ocorre principalmente pelo fato de não conseguirem uma inserção justa no mercado de trabalho e são levadas a empreender (NATIVIDADE, 2009). 2.1.2 Características e comportamentos do indivíduo empreendedor O empreendedor é caracterizado por ser um indivíduo determinado que almeja conseguir novos espaços, amplia e produz diferentes produtos e procedimentos na fabricação. São indivíduos apaixonados pelo trabalho que realizam e utilizam criatividade, agilidade e experiência a fim de encontrar novos traços inovadores e trazer benefícios competitivos para a empresa (DORNELAS, 2005). Para (DORNELAS, 2005) são várias as circunstâncias que dão origem a um empreendimento e a um empreendedor, ele quebra o paradigma de empreendedor nato e afirma que existe uma série de características, traços de personalidades e fatores internos e externos que influenciam diretamente no surgimento de pessoas empreendedoras. O autor (OLIVEIRA, 2004, p. 5) colabora com essa ideia ao afirmar que: Há aqueles que nascem com o dom de empreender, chamado de empreendedor nato, e existe também o empreendedor que influenciado pelo meio em que vive, pode tornar-se empreendedor através da formação, por influência familiar, estudo e até mesmo através da própria prática. A importância em estudar e compreender quais competências compõe o perfil empreendedor se dá ao fato de auxiliar no processo de aprendizagem para se tornar um. “Existem oito tipos de empreendedores: o empreendedor nato; o que aprende; o serial; o corporativo o empreendedor social; o por necessidade; o herdeiro e o planejado” (DORNELAS, 2005, p. 11). Os empreendedores natos são pessoas que desde cedo possuem características como criatividade, liderança e iniciativa e apresentam ideias revolucionárias. “Suas histórias são brilhantes e, muitas vezes, começaram do nada e criam grandes impérios. Começam a trabalhar muito jovens e adquirem habilidade 20 de negociação e de vendas” (DORNELAS, 2005, p. 11). Eles vendem suas ideias com facilidade, se dedicam ao negócio e são ambiciosos. Os empreendedores que aprendem são indivíduos que nunca sonharam em assumir um negócio e de repente se deparam com uma ótima oportunidade que “bate à porta”, geralmente proposta de sociedade ou algo novo que pode trazer visíveis lucros. Segundo (DOLABELLA, 1999, p. 12) para isso é “necessário que o indivíduo queira aprender a pensar e agir por conta própria, com criatividade, liderança e visão de futuro, para inovar e ocupar o seu espaço no mercado, transformando esse ato também em prazer e emoção”. Os empreendedores que aprendem precisam desenvolver habilidades para se manterem no mercado competitivo, inspirados na motivação dos empreendedores natos. O empreendedor serial é aquele que adora desafios e sempre cria novos negócios, acredita sempre nas oportunidades que aparecem. “Às vezes se envolvem em vários negócios ao mesmo tempo e não é incomum ter várias histórias de fracasso” (DORNELAS, 2005, p.13), porém não desiste, costuma utilizar as experiências negativas como aprendizado para os negócios futuros. Os empreendedores corporativos, também conhecidos como intraempreendedores, são aqueles que empreendem dentro da empresa onde trabalham, é aquele indivíduo almejado pelas organizações, porque são focados em metas e nos resultados propostos, adoram desafios e sabem vender suas ideias e convencer a equipe a alcançar os objetivos da empresa (DORNELAS, 2005). O empreendedor social tem grande importância para o desenvolvimento da sociedade. “Tem um desejo imenso de mudar o mundo, criando oportunidades para aqueles que não têm acesso a elas” (DORNELAS, 2005, p. 14). Está sempre focado em criar soluções inovadoras para os problemas e necessidades da população, geralmente se envolvem em organizações sem fins lucrativos, com o objetivo de beneficiar a comunidade carente e prioriza o compromisso com a sustentabilidade para suprir as necessidades atuais e igualdade social. O empreendedor por necessidade muitas vezes são pessoas submetidas ao desemprego que se deparam com o empreendedorismo como alternativa para sobreviver e sair da pobreza, eles precisam utilizar ao máximo sua criatividade e 21 investir em tecnologia e inovação para manter seus negócios firmes no mercado competitivo (DORNELAS, 2005). O empreendedor herdeiro são geralmente filhos de empresários que, apesar de às vezes não apresentarem características empreendedoras, são levados a dar continuidade aos negócios da família, e pode trazer grandes problemas se não se prepararem e tomarem gosto pelo negócio, mas se houver dedicação esse empreendedor pode se destacar (DORNELAS, 2005). E por fim, há o empreendedor planejado que é o que mais se destaca economicamente. Ele é o mais bem preparado e busca planejar estratégias para minimizar os riscos e maximizar os lucros (DORNELAS, 2005). Vários motivos influenciam as pessoas a optarem pelo empreendedorismo, cada um busca satisfazer uma necessidade pessoal ao encarar os desafios da abertura de uma nova empresa, (LONGENECKER; MOORE; PETTY, 2004, p.6) afirmamque “os indivíduos são atraídos para o empreendimento por inúmeros incentivos prazerosos ou recompensas”. A figura 1 mostra as principais compensações que o empreendedor espera obter: FIGURA 1: COMPENSAÇÕES DE UM EMPREENDIMENTO FONTE: Longenecker; Moore; Petty (2004, p. 7). 22 O autor destaca que o que motiva as pessoas a empreenderem é a busca pelo lucro, a independência em poder trabalhar da forma que desejam, fazer seus próprios horários e o desejo por um estilo de vida prazeroso que envolve trabalhar com o que gostam (LONGENECKER; MOORE; PETTY, 2004). Apesar dos vários tipos de empreendedores existentes, há um perfil comum entre todos eles. (DORNELAS, 2005, p. 29) define esse perfil resumido em três aspectos: Possui iniciativa para criar um novo negócio e paixão pelo que faz, utiliza os recursos disponíveis de forma criativa, transformando o ambiente social e econômico onde vive, e aceita assumir riscos calculados e a possibilidade de fracassar. Esse mesmo autor apresenta as características comuns encontradas na maioria dos empreendedores de sucesso: planejam, são líderes, otimistas, visionários, possuem conhecimento, são organizados, sabem tomar decisões, independentes, são indivíduos que fazem a diferença, constroem o próprio destino, sabem explorar ao máximo as oportunidades, são dedicados, determinados e dinâmicos, apaixonados pelo que fazem, ficam ricos, são formadores de equipes, bem relacionados, assumem riscos calculados e criam valor para a sociedade (DORNELAS, 2005). Na contra mão dessa ideia (FINKELSTEIN, 2007) apresenta um conjunto de características de empreendedores malsucedidos: são os que falam oficialmente em nome de outra pessoa na empresa, obcecam com a sua representação; veem em si mesmos e às suas agências como dominante do espaço; retiram todos que não os seguem honestamente, sem piedade; creem que possui todas as respostas;identifica com a empresa que não possui limites claros entre seus negócios pessoais e os da organização; subestimam grandes barreiras e apegam-se com insistência ao que deu certo no passado. Empreendedores que possuem esses comportamentos tendem levar ao fracasso e a falência do seu empreendimento. De acordo com (HISRICH e PETER, 2004) os empreendedores precisam desenvolver três conjuntos de competências básicas para obter sucesso: Habilidades Técnicas, Administrativas e Pessoais. 23 As habilidades técnicas consistem na capacidade de utilizar métodos e técnicas de forma eficaz para a execução das tarefas. As habilidades administrativas diz respeito, a saber, coordenar todos os departamentos da organização e as habilidades pessoais é a capacidade de trabalhar em equipe, motivar e entender todos os colaboradores (HISRICH e PETER, 2004). O quadro 1 apresenta em detalhes cada uma dessas habilidades QUADRO 1: COMPETÊNCIAS BÁSICAS PARA OBTER SUCESSO HABILIDADES TÉCNICAS HABILIDADES ADMINISTRATIVAS HABILIDADES PESSOAIS � Estilo Administrativo; � Capacidade de trabalhar em equipe; � O relacionamento interpessoal; � O monitoramento do ambiente. � Contabilidade, � Administração; � Finanças; � Marketing, � Gestão com pessoas; � Negociação; � Tomada de decisões. � Criatividade; � Humildade; � Persistência; � Inovação; � Coragem; � Visionário. FONTE: Adaptado Hisrich e Peter (2004, p. 25). Ao apontar esse conjunto de características, os autores facilitam no desenvolvimento de cursos de capacitação que vão colaborar para o crescimento dos empreendedores que aprendem. Um exemplo é o EMPRETEC, um seminário realizado pelo SEBRAE que tem como intuito desenvolver habilidades empreendedoras nas pessoas por meio de dinâmicas desafiadoras que vão incentivar a iniciativa e a libertação da zona de conforto. Segundo dados do (SEBRAE, 2017), depois de realizar o EMPRETEC, 75% dos participantes declararam aumento no lucro mensal, 61% passaram a empregar mais e o custo do empregado caiu em 35%. Segundo (DRUCKER, 1986) empreendedorismo é um comportamento e característica assinalada de uma pessoa ou de um estabelecimento. É o indivíduo 24 determinado que se comporta e aprende a ser empreendedor. Afirma ainda que a atividade essencial do empreendedorismo em uma organização é proporcionar comércios atuais, preparados para produzir o futuro, de forma diferenciada. Algumas competências e características já nascem com os empreendedores, outras são adquiridas (MORAIS, 2000, p. 61) colabora com essa ideia ao afirmar que “vários indivíduos já nascem empreendedores assim como outros se formam ao longo do tempo, de acordo com a experiência adquirida em integração com o meio a qual estão inseridos”. Segundo (MORAIS, 2000) o empreendedor tem uma postura diferenciada. Ele aproveita e corre atrás de todas as oportunidades, não espera que elas apareçam de repente, tem o sucesso como alvo, procura fazer o melhor e está sempre disposto a vencer, não confia no insucesso, sabe que existem várias dificuldades e que vai passar por todas elas com disposição e determinação, voltado a efetivação das suas conquistas. McClelland (1961) cita um conjunto com as 10 características do comportamento empreendedor – CCE’s, que são: • Busca de oportunidades e iniciativa; • Persistência; • Aceitação de riscos; • Exigência de eficiência e qualidade; • Comprometimento com o trabalho; • Estabelecimento com o trabalho; • Busca de informações; • Planejamento e monitoramento sistemáticos; • Persuasão e redes de contatos; • Independência e autoconfiança. A quantidade de estudos e análises na tentativa de crer nas forças sociológicas e psicológicas que perturbam os empreendedores tem aumentado. No entanto, os pesquisadores utilizam lógicas e procedimentos instituídos nos seus campos, que são direcionados aos seus empenhos expressivos, para identificação 25 da característica empreendedora. Em meio a vários outros autores que pesquisaram o desempenho empreendedor, se destaca (MCCLELLAND, 1987) que os apresenta como pessoas que conseguem mudar a realidade. O autor percebeu que o indivíduo normal possui caráter dominante de necessidade, seja de aflição, realização ou poder, que em menor ou maior intensidade influencia na liderança com o ambiente que o cerca, portanto, a pessoa empreendedora possui uma estrutura motivacional diferenciada, em decorrência da presença marcante da necessidade de auto realização. O diferencial dos empreendedores é que eles definem um propósito a seguir. São pessoas que conhecem os negócios, as chances, as condições e conseguem planejar e prosseguir (FILION, 2000). Cabe considerar que para (DOLABELA, 2002, p. 46): A presença de comportamento empreendedor em qualquer ramo de atividade é mola propulsora para o desenvolvimento social e econômico de uma região. Ações de apoio ao empreendedorismo promovem diretamente o crescimento econômico, constituindo, até mesmo, soluções possíveis para o enfrentamento de um cenário econômico dinâmico, sempre pautado por grandes mudanças. Nos estudos do economista (SCHUMPETER, 1982) ele afirma que não possui empreendedor sem inovação, só terá lucro se for feito o investimento. Com isso o economista passou a diferenciar o empreendedor como os identificadores de chances no mercado, corredores de riscos e fundadores de firmas. Com esse movimento a opinião passou a ser mais significante em uma organização. No entanto só as ideias não satisfazem. É essencial ter técnica e praticar. Isso procede muitas ocasiões do espírito empreendedor. Conforme (DRUCKER, 1989) os empreendedores são inovadores. A inovação é um utensílio do espírito empreendedor. Deste modo, pode-se notar o valor do comportamento empreendedor e das características empreendedoras. O estudioso (MCCLELLAND, 1961) procurou as características que mais se vê no empreendedor. As característicasdestacadas foram: a procura de oportunidades; ser persistente; comprometimento nas atividades; exigência de eficiência e qualidade; tomar cuidados nas decisões; estabelecimento de metas; 26 procura de conhecimentos; planejamento e monitoramento sistemático; afirmação e rede de contatos; independência e autoconfiança. A teoria de McClelland foi fundamentada na motivação psicológica, arranjada por: poder, cumprimento e afiliação. Segundo (DORNELAS, 2007) existem alguns mitos sobre as características dos empreendedores de sucesso. O primeiro deles é a ideia de que os empreendimentos surgem sem planejamento, na garagem de casa, apesar disso ser possível, segundo o autor as chances do negócio dar certo são maiores quando o empreendedor possui experiência anterior ou procuram estudar a área de atuação antes de abrir a empresa. Ele destaca também que o sucesso dos empreendimentos iniciais muitas vezes é ligado à sorte, mas que na verdade empreendedores de sucesso não esperam pela sorte, mas se atentam, analisam e aproveitam as boas oportunidades que surgem (DORNELAS, 2007). Outro mito citado pelo autor é que, às vezes, os empreendedores são caracterizados por assumirem qualquer risco, mas na verdade os riscos aceitos são calculados e é mensurada a probabilidade de sucesso ou fracasso antes das decisões (DORNELAS, 2007). 27 3 EMPREENDEDORISMO FEMININO Atualmente muito se fala sobre feminismo, lutas pelos direitos das mulheres e igualdade de gênero, mas esse assunto não é novo, desde os primórdios a humanidade sofre as consequências de uma cultura machista, onde as mulheres apesar de já conseguirem reivindicar alguns direitos ainda são vítimas de preconceito e desigualdade principalmente no mercado de trabalho. Ao analisar o contexto histórico social percebe-se a desigualdade na educação oferecida para homens e mulheres. As mulheres eram educadas em um modelo patriarcal dominado pelos homens da família (pais e irmãos) e posteriormente ao marido, devia obediência, respeito e submissão, seu dever era cuidar das atividades domésticas e muitas vezes eram privadas de contato com outras pessoas (TAVARES, 2012). O universo feminino se transforma a cada dia, graças às lutas por liberdade e direitos iguais, vindouros de uma cultura com pensamentos machistas onde as mulheres eram consideradas inferiores em condições físicas e psicológicas, elas conseguiram quebrar esses obstáculos e garantir seu lugar na sociedade. Atualmente homens e mulheres competem por espaço no mercado de trabalho e apesar do preconceito de gênero ainda ser existente, o fator de maior peso é a habilidade intelectual e profissionalismo (SANTOS, 2011). Para (BAYLÃO, 2014) valores e habilidades predominantemente femininos, como facilidade em trabalhar em equipe, poder de persuasão sem autoritarismo, capacidade de realizar várias tarefas ao mesmo tempo, observar tudo o que acontece em sua volta e sede por conhecimento tem alavancado o diferencial competitivo delas em relação aos homens tanto como colaboradoras de grandes organizações quanto na abertura de empreendimentos próprios. Um estudo do GEM (2013, p. 2) evidencia essa afirmação: [...] 52,2% dos empreendedores que iniciam seus negócios no Brasil são mulheres. No Centro-Oeste, este percentual sobe para 56,5%. Quando analisadas as empresas que estão consolidadas no mercado, 44% delas são geridas por mulheres. 28 Mas para isso as mulheres precisaram enfrentar grandes lutas e desafios no decorrer de toda a história para romper às barreiras culturais que as submetiam a renúncia de direitos. 3.1 A evolução da mulher na sociedade e no mercado de trabalho Ao início do século XIX, as mulheres eram privadas da maioria de seus direitos. Não podiam trabalhar fora, não participavam de políticas, não tinham uma vida econômica e social ativa e nem podiam expressar suas opiniões. Eram sujeitadas a um modelo patriarcal e machista, submetidas aos interesses masculinos do pai e em seguida do marido (RAMOS, 2006). Segundo (COULANGES, 1996, p. 28): Na família Greco-romana a situação da mulher era de inferioridade com relação ao homem, sendo subordinada a ele e a religião era o ditame da época, sendo, portanto, a norma constitutiva da família, onde tudo girava em torno de um deus, sem regras e sem rituais. Nessa época a religião tinha forte influência sobre as decisões e atitudes das pessoas, os homens decidiam quais deuses e doutrinas seguir e as mulheres tinham que se submeter à religião escolhida pelo pai e posteriormente abandonar aquela fé e seguir a religião do marido, sem discordar nem opinar. De acordo com (COULANGES, 1996) elas não eram dignas de participar de tribunais, portanto não eram donas de seus atos, precisavam sempre estar debaixo da tutela de um homem que responderia por ela. Sua tarefa era apenas cuidar do lar, do bem-estar dos filhos e marido, limpeza e alimentação. Surgiram mulheres corajosas com desejo de se libertar de toda essa opressão e que foram à luta para mudar esse cenário. Cada vez mais as mulheres mudam esse conceito de funcionária “do lar” e passam a ganhar espaço no mercado de trabalho e conquistam direitos que antes pertenciam apenas aos homens (COULANGES, 1996). Segundo (PROBST, 2005) em um contexto global, essas mudanças se acentuaram através de alguns eventos históricos que tiveram início a partir da I e II Guerra Mundial, que ocorreram entre 1914 e 1945 quando os homens foram recrutados para lutar por seus países e as mulheres precisaram assumir o papel de 29 chefe da casa, tomar frente dos negócios familiares ou se inserir no trabalho formal para garantir a sobrevivência de seus filhos. Quando a guerra acabou, vários homens não sobreviveram, e outros ficaram deficientes e incapazes de manter seus lares, e as mulheres se depararam com a obrigação de assumir esse papel. No mesmo século o sistema capitalista se fortaleceu, ocorreu uma abertura no mercado e um acelerado avanço tecnológico que necessitou de mais mão-de- obra e isso contribuiu para a mulher se inserir no mercado, porém eram submetidas a cargas horárias maiores que as dos homens e a um salário inferior (KUNHER, 1977 apud QUERINO, 2013). De acordo com (ZAMARIOLLI, 2012, p. 12) “a mulher tinha que cumprir jornadas de trabalho de até 17 horas diárias em condições insalubres sendo submetida a humilhações e espancamentos, chegando a ter desvantagem salarial de até 60% em relação aos homens”. Em busca de se libertar dessa exploração e conquistar direitos como uma redução de carga horária de 17 horas para 10 horas, em 08 de Março de 1957 trabalhadoras de uma tecelagem de Nova Iorque entraram em greve e paralisaram as atividades da indústria, porém um trágico incêndio ocasionou a morte de todas elas, carbonizadas. Essa tragédia deu origem ao feriado nomeado como Dia Internacional da Mulher, um dia dedicado a homenagear e refletir as lutas e desafios que as mulheres enfrentaram e ainda enfrentam para reivindicar seu lugar na sociedade (BAYLÃO, 2014). 3.1.1 A evolução da mulher no mercado de trabalho brasileiro Para (CABRAL, 1999), no Brasil a inserção da mulher no mercado de trabalho ocorreu através de algumas mudanças significativas na economia e no estilo de vida da população somado a intensificação da industrialização no final do século XX. Exemplos dessas mudanças são os casamentos tardios, a redução do número de filhos por família, crescimento urbano e transformações no modo de produção. Aos poucos as mulheres alcançaram seu espaço, no Brasil em 1932 elas já podiam participar de forma ativa da política, como eleitoras e candidatas, em 1948 conseguiram igualar a carga horária de trabalho, e os direitos humanos colocou em vigor a licença a maternidade o que garantiu que as mulheres assegurem seus empregos sem interferir na maternidade, além do desenvolvimentode vários 30 métodos contraceptivos que as permitiram decidir quando e quantos filhos ter (STEENBOCK, 2007). De acordo com (D’ ALONSO, 2008, p. 17) nessa época: As mulheres deixaram de ser apenas meras donas-de-casa e passaram a ser não somente mãe, esposa e também operária, enfermeira, professora e mais tarde, arquiteta, juíza, motorista de ônibus, bancária entre outras das demais diversificadas profissões, ocupando um cenário que antes era masculino. Segundo o autor os motivos que levaram as mulheres a lutarem por seus direitos e por ter voz ativa, devem-se principalmente pelo desejo de realização profissional e pessoal, o desemprego do cônjuge ou a necessidade de aumentar a renda familiar. Ou seja, algumas mulheres são levadas a atuar no mercado de trabalho por obrigação, para ajudar nas despesas de casa e nas necessidades básicas que estão cada vez mais difíceis de serem supridas, outras optam por esse caminho para se realizarem e se tornarem independentes. As mulheres representam 41% do trabalho formal no Brasil, mas recebem cerca de 71% do salário dos homens (PROBST, 2005), mas essa diferença tende a diminuir, visto que segundo pesquisa recente do (GRUPO CATHO, 2017) empresa de recrutamento e seleção de executivos, as mulheres alcançam cargos de liderança mais rápido que os homens, enquanto elas se tornam diretoras em torno dos 36 anos de idade, eles geralmente conseguem após os 40 anos. Ainda (BARBOSA, 2011, p. 123) considera que: As mulheres representam a força de trabalho futuro; o mundo corporativo caminha para valores considerados mais femininos (...). O novo modelo de gestão das organizações modernas parece exigir um perfil de profissional mais flexível, sensível e cooperativo, valores considerados femininos. Isso se dá principalmente ao fato de que, no geral as mulheres se preocupam mais com educação e formação acadêmica, está sempre em busca de qualificação profissional, o que aumentam suas competências e facilitam no alcance de suas metas (AZEVEDO, FERNANDES & MENEZES, 2000). O autor (LEVY, 2015) destaca alguns exemplos atuais de mulheres brasileiras em cargos de grande importância, onde há tempos atrás jamais imaginariam alcançar como Mirian Belchior engenheira de alimentos, mestre em Administração 31 Pública Governamental, já foi Ministra do Planejamento, Orçamento e gestão e diretora da Caixa Econômica Federal. Além de Dilma Vana Rousseff atuante na política brasileira, já foi Secretária da Fazenda na prefeitura de Porto Alegre na gestão de 1986-1989, Ministra da pasta de Minas e Energia de 2003-2005 Ministra da casa civil de 2005-2010 e Presidente da República do Brasil na gestão de 2011- 2016. Apesar de envolvida em escândalos políticos marcou a história da mulher na sociedade por ganhar o título de primeira presidenta brasileira, quebrou o paradigma de que as mulheres não devem estar no poder ao ganhar as eleições de um forte nome político, o ex-governador de São Paulo, José Serra. 3.2 A mulher empreendedora Com o avanço da mulher no mercado de trabalho, consequentemente elas também tem se destacado no âmbito do empreendedorismo, observa-se que elas possuem mais facilidade de lidar com as pessoas do que os homens sabem trabalhar em equipe, são mais compreenssivas e compartilham informações com seus colaboradores para que as decisões sejam tomadas de forma inteligente e de maneira correta, pensam sempre no melhor para empresa. Este modelo de liderança feminina vem ao encontro com o que as organizações necessitam atualmente, gestores que escutam, incentivam e motivam seus colaboradores (NUNES, 2006). Para alcançar sucesso em seus negócios, elas precisam apresentar perfil e características empreendedoras que não se distinguem em relação a sexo, ou seja, as mesmas competências essenciais para os homens são exigidas para as mulheres, dentre as principais, se destacam a criatividade, visão de futuro, otimismo e autoconfiança (GOMES, 2009). Mas as mulheres apresentam um diferencial competitivo em relação ao sexo oposto. De acordo com (MACHADO, 2002) devido à facilidade das mulheres em administrar suas emoções, empresas lideradas por elas costumam apresentar clareza na definição de seus objetivos, o que facilita para que sejam alcançados. Para (SILVEIRA, 2008) as mulheres são mais detalhistas no processo de tomada de decisões, e valorizam o envolvimento e a contribuição de todos colaboradores que fazem parte da organização. São vários os segmentos em que as mulheres empreendem os principais 32 entre eles são: atividades jurídicas, contabilidade, pesquisa de mercado e opinião pública, comércio de produtos alimentícios, salões de beleza, confecção de roupas e acessórios entre outros (SEBRAE, 2014). Vários estudos apresentamque um dos principais motivos que levam as mulheres a empreenderem é a dificuldade em conseguir trabalho dentro das organizações e a maior facilidade em poder conciliar o negócio próprio com as obrigações do lar (HISRICH, 1989 apud GOMES, GUERRA e VIEIRA, 2011). O aumento da atuação das mulheres no mercado de trabalho se reflete, também, nos dados levantados pela pesquisa do GEM (2007) sobre o empreendedorismo feminino. Isso mostra que o avanço da atuação das mulheres como empreendedoras é um perfil dos países em desenvolvimento ou pobres. No Brasil, o grande fator que motiva as pessoas a iniciar o empreendimento é a necessidade. Sendo 38% dos homens só empreendem pela necessidade, esta proporção aumenta para 62% no caso das mulheres. Essas informações aprovadas pela PNAD/IBGE (2006), que indicam que as mulheres procuram opções para empreender, para ajudar na renda familiar, ou porque elas fazem cada vez mais as despesas da sua casa, como chefes da família. Para (DAMASCENO, 2010, p. 35) “empreendedorismo é uma alternativa de muita importância para as mulheres, para a inserção no mercado de trabalho; mesmo sofrendo dificuldades machistas, elas conseguem aos poucos um destaque na sociedade atual”. De um lado, as atividades empreendedoras possibilitam oportunidades para as mulheres brasileiras e proporcionam alternativas de liberdade para a definição de sua vida profissional; por outro lado, as atividades trazem condições precárias. De acordo com (LINDO et al, 2007), além da mulher empreendedora lutar para ajeitar seu dia-a-dia, ela também passa maior parte se sua vida no trabalho. Enquanto um serviço formal, de acordo com a legislação brasileira, demandaoito horas diárias, a empreendedora no Brasil dedica em média de 13 horas diárias especialmente no começo do empreendimento, e passa a abrir mão do convívio com os familiares, do lazer e até mesmo, das próprias férias. Além do mais, ela preocupa com todo o capital investido, e tem o compromisso de promover o pagamento e bem estar de seus colaboradores. 33 A mulher empreendedora possui um valor significativo dentro do mercado de trabalho. (SILVA, 2007, p. 17) argumenta que: (...) Na gestão do conhecimento empresarial, a mulher ganha cada vez mais importância estratégica, pois trabalha naturalmente com a diversidade, processos multifuncionais, além de compartilhar suas experiências e habilidades com os demais componentes da empresa/equipe. Por ser o sexo considerado sensível, ela permite que as equipes de trabalho que atuam isoladamente e com heterogeneidades, se constituam numa equipe unida e atuando de forma sinérgica, com soluções criativas para resoluções de problemas, antes considerados insolúveis. Compreende que a mulher apresenta uma grande habilidade de se organizar, comandar, escutar e entender as coisas, sem falar do compromisso que ela tem desde assuntos relacionados a serviços profissionais como também familiares. Com a atuação das mulheres nas organizações, elas ganham importância em inúmeras áreas de negócios, pois a alma empreendedora a faz trilhar a procura de suaindependência, além da jornada de trabalho que lhe é espontaneamente destinada, ou seja, a obrigação no serviço e em casa. De acordo com (MAERKER, 2000, p. 18): Diante do novo momento empresarial e mundial, o maior valor de uma empresa é conseguir identificar talentos dentro de seu quadro de pessoal. Isso significa que o mercado está aberto e propenso para pessoas que queiram e saibam se diferenciar ante o já existente, independentemente do profissional ser homem ou mulher. Ou seja, o fato de ser mulher já não fecha mais as portas, desde que a mulher em questão saiba como identificar, utilizar e mostrar tudo o que é capaz de fazer. Pode se ver que a mulher deixa de ser uma parte da família, para se transformar líder de si própria e na gestão da organização. Com isso, sua entrada no mundo dos negócios é um sucesso, não deixa de ser difícil e lenta, mas é sólida e concreta. Segundo (MAERKER, 2000, p. 40) “a sensibilidade inerente ao sexo feminino coloca a mulher em vantagem competitiva para entrar e crescer no mundo empresarial globalizado” todas essas mulheres usam de alguma forma características próprias, o mesmo autor evidenciou nelas: liderança, flexibilidade, estrategista, sensibilidade, comunicação, planejamento, persistência e inovação. “Ser empreendedora é, antes de tudo, acreditar que seu próprio sucesso existe e está esperando para ser descoberto e conquistado” (MAERKER, 2000, p. 109). 34 Segundo o (GEM, 2008) as mulheres brasileirasestão no 7° lugar no Ranking Mundial como mais empreendedora. Portanto, percebe-se que as mulheres empreendedoras buscam espaço para fortalecer seu próprio negócio. (MORAIS, 2015) explica que faixa etária de idade no que a mulher vem a empreender é de 35 a 40 anos de idade, bem depois que os homens, por motivos pessoais ou famíliares. De acordo com a pesquisa realizada pelo (GEM, 2010), a mulher quando trabalha como empregadora, parece ter um estilo de gerência mais participativo, se importa mais com os seus colaboradores e a sua clientela, tem uma visão mais motivada pelos familiares para iniciar um negócio. (MACHADO, 2002) expõe a respeito do perfil e as características da mulher empreendedora e diz o que é significativo na tomada de decisão para elas é o reconhecimento das pessoas e que são mais cautelosos em meio de um posicionamento de perigo. De acordo com (ANDREOLI E BORGES, 2007) as mulheres possuem grandes habilidades empreendedoras, sempre com inovação e aperfeiçoamento no mundo dos negócios, expõe que 59% das empreendedoras brasileiras estão na classificação de empresas de pequeno e médio porte e 11% são sócias de empresas de grande porte. A representação social demonstra que estas mulheres ao todo têm mais de 30 anos de idade, tendo um elevado grau de escolaridade e elevado padrão de vida. Segundo (JONATHAN, 2005) as mulheres empreendedoras se destacam por serem corajosas, autoconfiantes, dedicadas, terem comportamento estratégico inovador, apaixonadas pelo que fazem e reconhecidas com seus empreendimentos. (CRAMER ET AL, 2012) expressa que a mulher precisa estar sempre mostrando que tem capacidade de administrar seus negócios para conseguirem alcançar seu espaço como empreendedoras. (GRZYBOVSKIS et. al, 2002, p. 13) tenta explicar o que torna de diferencial da mulher com o homem: A mulher consegue construir um sentimento de comunidade, por meio do qual os membros da organização se unem, e aprendem a acreditar e a cuidar uns dos outros. As informações são compartilhadas e todos os que serão afetados por uma decisão têm a oportunidade de participar da tomada desta decisão. Com toda essa capacidade de mostrar a diferença dá um ponto positivo para a mulher, dando um passo para conquista de seu empreendimento. A mulher mostra 35 esse seu jeitinho especial de administrar, usando diversas formas para a conquista do equilíbrio entre seu meio pessoal e profissional. As mulheres adotam traços semelhantes com a dos homens, dentre a capacidade de admitir os riscos, autoconfiança, lideranças, aceita modificações, concorrência, ganância, independência e contendo um raciocínio crítico e objetivo. As mulheres inclinam-se praticar ao procedimento de liderança mais democrático, (GRZYBOVSKI et. al. 2002, p. 15) relata: As mulheres encorajam a participação, a partilha do poder e da informação e tentam aumentar a autoestima dos seguidores. Preferem liderar pela inclusão e recorrem a seu carisma, experiência, contatos e habilidades interpessoais para influenciar os outros. O valor da mulher no meio empreendedor para a comunidade gira em torno do meio econômico, pois traz serviços para ela e para outras pessoas, no interesse de sua conduta em gerenciar a dupla jornada como modelo social e, além disso, a expansão da autonomia feminina, anteriormente considerado duvidoso e dispensável (GRZYBOVSKI, 2002). As mulheres empreendedoras jamais procuram apenas um novo propósito para sua vida, procura livrar-se de ocorrências desagradáveis ao abrir negócio, como exemplo, as Refugiadas feministas, exposta que “mulheres que sentem discriminações ou restrições em uma empresa e preferem iniciar um negócio que possam dirigir independentemente dos outros” (CHIAVENATO, 2007, p. 11). 3.2.1 A figura feminina no empreendedorismo De acordo com a pesquisa do (GEM, 2016), quanto ao gênero há uma predominância masculina na abertura de novos empreendimentos em todo o mundo, exceto no Brasil e no México que apresentam um equilíbrio em relação a homens e mulheres empreendedores. A taxa de empreendimentos em estágio inicial no Brasil é de 19,9% liderados por mulheres e 19,2% liderados por homens. Já esse índice é desproporcional ao se analisar os empreendimentos estabelecidos onde a taxa é de 19,6% para homens e 14,3% para mulheres (GEM, 2016). As figuras 2 e 3 explicam com mais detalhes essa desigualdade: 36 FIGURA 2: TAXAS ESPECÍFICAS DE EMPREENDEDORISMO INI CIAL (TEA) SEGUNDO GÊNERO FONTE: Adaptado Global Entrepreneurship Monitor – GEM (2016, p. 35). FIGURA 3: TAXAS ESPECÍFICAS DE EMPREENDEDORISMO EST ABELECIDO (TEE) SEGUNDO GÊNERO FONTE: Adaptado Global Entrepreneurship Monitor – GEM (2016, p. 36). Esses dados retratam que no Brasil as mulheres apresentam o mesmo interesse e a mesma capacidade para se inserirem no mercado empreendedor, mas muitas vezes não conseguem chegar ao estágio de maturidade nos negócios. De acordo com o GEM (2016, p. 36): Tal fenômeno pode estar associado às condições relatadas pelas empreendedoras brasileiras como: preconceito de gênero; menor credibilidade pelo fato de o mundo dos negócios ser mais tradicionalmente associado a homens; maior dificuldade de financiamento; e dificuldade para conciliar demandas da família e do empreendimento Para mudar esse cenário é necessário quebrar as barreiras do preconceito e contar com o apoio do governo para investir em programas de suporte as mulheres 37 com empreendimentos em fase de estabilidade, visto que por meio de atividades empreendedoras as mulheres têm evoluído em suas conquistas por igualdade e reconhecimento no mercado de trabalho (SILVA, 2013). 38 4 EMPREENDEDORISMO SOCIAL 4.1 Contextualização histórica Como explanado no decorrer da história recente do empreendedorismo, o aumento de crises políticas, humanitárias e ambientais acarretaram na expansão do empreendedorismo como alternativa de sobrevivência. Essa preocupação não ficou somente neste campo, expandindo-se para a necessidade do desenvolvimento de organizações sociais que planejam e promovam ações com o intuito de melhoria para a sociedade, onde o foco está voltado “para uma direção diferente, socialmente valiosa, preocupada, de alguma forma, em fazer do mundo um lugar melhor” (BESSANT; TIDD, 2009, p. 349). Surge ainda um desejo latente de inseriro empreendedorismo na sociedade, de forma que esta também se beneficie dos resultados positivos advindos de ações empreendedoras e sociais, apesar da discussão em torno do conceito e propósito do que viria a ser “empreendedorismo social”. Segundo (VIEIRA, 2001) criar valores sociais por meio da inovação e da força de recursos financeiros, independe da sua origem, visando o desenvolvimento social, econômico e comunitário. A partir dessas percepções e reflexões surgiu o Empreendedorismo Social. (NETO E FROES, 2002) afirmam que esse novo modelo de empreendedorismo tem como objetivo gerar serviços e produtos para solucionar as carências e problemas sociais da comunidade, ou seja, identificam problemas sociais e utilizam técnicas e ferramentas do empreendedorismo para solucioná-las ou minimizá-las. O autor (NAIGEBORIN, 2010, p. 1) segue essa mesma linha de pensamento ao definir empreendimentos sociais como: Modelos que buscam desenvolver soluções de mercado que possam contribuir para superar alguns dos grandes problemas sociais e ambientais que o mundo enfrenta. Onde o lucro não é um fim em si mesmo, mas um meio para gerar soluções que ajudem a reduzir a pobreza, a desigualdade social e a degradação ambiental. Nos últimos anos, a palavra Empreendedorismo Social tem sido popularizada, apesar de ser um conceito relativamente novo, (DEES, 2009), afirma que o mesmo teve origem no final do século XIX. “Esse período representou uma mudança na ideia de caridade, que passa do simples ato de dar esmola aos pobres, para uma 39 caridade passível de criar uma mudança duradoura e sistêmica” (KRAEMER, 2017, p. 32). Nessa época surgiram as primeiras organizações sem fins lucrativos nos Estados Unidos que atuaram principalmente na área de educação e saúde. Segundo (DEES, 2009), um dos principais marcos que alavancaram os estudos sobre o tema, foi o surgimento da escola de empresa social e a escola de inovação social em 1980. Mas o Empreendedorismo social segundo ele, só se tornou um conceito em 1990, quando os atuantes desse novo modelo de negócio foram reconhecidos por se dedicarem a inovar e atuar no âmbito social assim como os empreendedores empresariais. De acordo com (OLIVEIRA, 2008, p. 5): O tema empreendedorismo social no Brasil, ainda não recebeu a devida atenção e tratamento científico. São poucas as produções sobre este tema em nosso país, se compararmos a outros países como E.U.A e outros da Europa, que já tem uma tradição neste campo, tanto por parte de instituições de ensino e pesquisa como de ONG’s e empresas, disseminando tanto o conceito como as práticas dos chamados negócios sem fins lucrativos (business nonprofits) ou de empreendimentos sociais (social entrepreneurs). No Brasil um grande exemplo de empreendimento social é o Comitê para Democratização da Informática (CDI), criado em 1994 por Rodrigo Baggio que utilizou a informática como meio para combater a exclusão social. Desenvolveu parcerias com grandes empresas nacionais e internacionais como o BNDES, Banco Mundial, Kellogg entre outros, a fim de cumprir sua missão “promover a inclusão social utilizando a tecnologia da informação como um instrumento para a construção e exercício da cidadania”. Hoje conta com várias escolas de informática espalhadas pelo país que objetiva a capacitação e inclusão digital de crianças carentes (OLIVEIRA, 2004). Ainda existe certa dificuldade em conceituar o Empreendedorismo Social, devido a pouca referência bibliográfica e estudos realizados nessa área, além da ausência de um consenso nas opiniões dos autores, uma das principais discussões é se um empreendimento social deve obrigatoriamente ser uma instituição sem fins lucrativos ou se é possível almejar um benefício financeiro e mesmo assim atuar como empreendimento social (CRUZ, 2013). 40 De acordo com (PEREDO E MCLEAN, 2006) grande parte dos autores acredita que não há lugar para lucros em uma organização onde o foco deve ser atender necessidades sociais, mas para eles o que define um empreendimento como socialmente empreendedor é a presença de atividades e objetivos sociais, sejam eles centrais ou não. (THOMPSON, 2002) acredita que empresas que se comprometem em fazer o bem para a sociedade, mesmo que busquem lucros financeiros exercem o empreendedorismo social. (YUNUS, 2006, p. 42) compartilha da mesma ideia ao afirmar que “fazer lucro não vai desqualificar uma empresa de ser uma empresa social. O fator básico para decidir isso vai ser se o objetivo social continua a ser a meta primordial da empresa”. Já (LEADBEATER, 1997), na contramão desses pensamentos afirma que empreendedores sociais não devem buscar lucros, e não deve ser propriedade de acionistas o único objetivo deve ser o bem coletivo da sociedade. Para entender de forma clara o que significa e como funciona, é necessário distinguir o empreendedorismo empresarial ou privado do empreendedorismo social. A figura 4 mostra um comparativo das principais diferenças: FIGURA 4: DIFERENÇA ENTRE EMPREENDEDORISMO EMPRESAR IAL E SOCIAL. FONTE: Neto e Froes (2002, p. 11). O Empreendedorismo empresarial tem como objetivo ser criativo e inovador na produção de bens e serviços produzidos pela empresa almejando a lucratividade e a visibilidade frente ao mercado e aos clientes. Com algumas características perceptíveis, o empreendedorismo social, tem como objetivo a produção de bens e serviços que visem o coletivo, a inclusão social e benefícios, não só sociais, mas também lucrativos para pessoas em situação de risco social, mas que necessitam 41 também se emanciparem economicamente. É um conjunto de ações que tem como consequência a oportunidade de empresas e pessoas trabalharem juntas e produzirem, por meio de ações empreendedoras, a inclusão social e, muitas vezes, a readaptação na comunidade. O empreendedorismo social pode ser considerado uma ramificação do empresarial, por isso a confusão dos termos, até por que os gestores de ambos os negócios precisam apresentar características e competências similares como “clareza e iniciativa, equilíbrio, participação, saber trabalhar em equipe, negociar, pensar e agir estrategicamente, ser perceptivo, ágil, criativo, crítico, flexível, focado, habilidoso, inovador, inteligente e objetivo” (OLIVEIRA, 2004, p. 9), mas a principal distinção é que enquanto o empresarial assume riscos em prol de benefícios próprios e lucros individuais o social assume riscos em beneficio coletivo e lucros para a comunidade (BRINCKERHOFF, 2000). Apesar dessas diferenças o principal ponto em comum entre eles é a dedicação pelo negócio e a coragem para assumir riscos em busca de colocar em prática suas ideias, seja visando lucro ou realizando uma melhoria social (OLIVEIRA, 2008). Autores como (NETO E FROES, 2002) foram os principais a se dedicaram a estudar o tema em questão, em sua pesquisa em 2006 apresentaram vinte principais objetivos do empreendedorismo social: • Mudar comportamentos da população; • Beneficiar a todos e não apenas um segmento específico; • Criar fontes alternativas e não tradicionais para o desenvolvimento local e regional; • Utilizar processos de participação; • Inovar em termos de participação social; • Criar fontes viáveis de financiamento para incentivar empreendedores locais; administrar as pressões da comunidade; • Engajar pessoas no processo de empreendedorismo social; • Criar e implementar critérios conservacionistas de desenvolvimento sustentável; 42 • Minimizar os impactos indesejáveis na cultura local e no meio ambiente; • Gerar alternativas econômicas para a população local; • Assegurar o uso sustentável de áreas naturais; • Melhorar a qualidade de vida das populações envolvidas; • Garantir a proteção das culturas locais; • Criar e implantar instrumentos legais e políticas públicas de incentivo aoempreendedor social; • Incentivar iniciativas de autossustentação; • Criar novas organizações sociais e torná-las mais atuantes; • Incentivar comportamentos responsáveis e éticos; • Criar uma cultura de autossustentabilidade; • Produzir renda e criar empregos. São muitos os benefícios do empreendedorismo social para a comunidade onde ele atua. Em destaque estão a inclusão social e a melhoria da qualidade de vida da população (NETO E FROES, 2002). Em muitas situações são ações que possibilitam retirar pessoas de situação de risco e de abandono para a inclusão na sociedade, no trabalho e na possibilidade de descobrir uma nova profissão ou um ofício capaz de gerar valor social e econômico. Visa ainda estimular o respeito às pessoas, buscando solucionar problemas sociais através da promoção do trabalho e da valorização da criatividade e inovação. 4.2 Responsabilidade Social A Responsabilidade social surgiu em 1950, sendo (BOWEN, 1957) um de seus principais pioneiros. O autor se embasou na percepção de que os negócios são os centros de força de decisão e poder, e que os atos das empresas abrangem em muitos pontos a vida da sociedade, questionando as responsabilidades com que a sociedade se espera dos “homens de negócios”, e defendeu a ideia de que as organizações devem compreender mais sobre o impacto social, e que o desempenho social e ético deve ser incorporado à gestão de negócios e avaliado por meio de auditorias. No pensamento de (KOTLER, 1994) a responsabilidade social fica ligada a disseminação e adoção de um “código ético”. Para o autor, há de se incentivar e 43 proporcionar o conhecimento desse código em toda administração da empresa, para que a partir daí ser capaz de fazer uma “consciência social” unido com vários públicos, na qual a organização mantém relação. Sendo no Brasil, uma opinião semelhante proposta pelo autor (KOTLER, 1994), que sucede de uma organização sem fins lucrativos denominados Instituto Ethos (Empresas e Responsabilidade Social). Para (KOONTZ e O'DONNELL, 1982, p. 343) responsabilidade social é: Uma obrigação pessoal de cada um de quando age em seu próprio interesse, garantir que os direitos e legítimos interesses dos outros não sejam prejudicados (...). O indivíduo, certamente, tem direito de agir e falar em seu próprio interesse, mas precisa sempre ter o devido cuidado para que esta liberdade não impeça os outros de fazerem a mesma coisa. Segundo (NETO E FROES, 1999) a responsabilidade social é como o funcionamento da cidadania empresarial, para contribuir com a sociedade uma decisão de forma justa e equilibrada, que implica um desempenho competente em duas proporções: responsabilidade no nível interno e a responsabilidade no nível externo. O nível interno está relacionado aos colaboradores da empresa e o nível externo com as ações da empresa a respeito do meio ambiente. Segundo (FRIEDMAN, 1970, p. 191) “responsabilidade social é um comportamento antimaximização de lucros, assumido para beneficiar outros que não são acionistas da empresa”. De acordo com (MEGGINSON, MOSLEY E PIETRI JR., 1998, p. 93) a responsabilidade social “representa a obrigação da administração de estabelecer diretrizes, tomar decisões e seguir rumos de ação que são importantes em termos de valores e objetivos da sociedade”. Uma definição mais ampla da responsabilidade social surgiu na década de 1979, o autor (CARROL, 1999) apresenta um modelo conceitual, incluído uma variedade de responsabilidades das organizações ligada à sociedade, além de obedecer à lei e gerar lucros. No quadro 2 mostra quatro tipos básicos de expectativas que representa a visão da responsabilidade social: econômica, legal, ética e discricionária. 44 QUADRO 2: EXPECTATIVAS QUE REPRESENTA A VISÃO DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Responsabilidade Econômica Responsabilidade Legal Responsabilidade Ética Responsabilidade Social FONTE: CARROL, A. B. (1999, p. 282). A responsabilidade econômica são as empresas que fabricam bens e serviços que a sociedade deseja e os vendem para obter lucro, sendo isto a base do sistema capitalista (CARROL, 1999). A responsabilidade legal é geralmente a sociedade na espera que a organização venha realizar sua meta dentro das condições corretas, obedecendo ao requisito da lei estabelecida pelo governo (CARROL, 1999). A responsabilidade ética a sociedade tem uma expectativa que as organizações apresentem um comportamento ético relacionado aos negócios e espera que as organizações ajam além das normas legais (CARROL, 1999). E por fim a responsabilidade discricionária que vem pelo querer da associação em se aderir em papéis sociais não legais de uso obrigatório, que as organizações assumem onde a sociedade não forneça uma perspectiva de forma clara e precisa como nos outros itens (CARROL, 1999). 45 5 ESTUDO DE CASO NA EMPRESA CABOCLA CRIAÇÕES - CIDA DE DE GOIÁS 5.1 Metodologia Este estudo iniciou com uma revisão bibliográfica, através do levantamento de dados referenciais de diversos autores, entre eles Chiavenato, Dolabela, Dornelas e Filion que abordaram conceitos e reflexões sobre o tema empreendedorismo, as características empreendedoras e o empreendedorismo social como fator de grande importância no mundo empresarial. De acordo com (FONSECA, 2002, p. 32): A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém pesquisas científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o problema a respeito do qual se procura a resposta. O objetivo desse estudo de caso é conhecer o negócio da empreendedora Milena Curado de Barros empresária da Cabocla Criações localizada na cidade de Goiás, procurando identificar suas ideologias e sentimentos em relação ao seu negócio e o impacto social que detém no município e região, identificar ainda se houve preconceitos e obstáculos em seu negócio pelo fato de ser mulher, finalizando com os motivos que a fizeram optar pela responsabilidade social aliado ao empreendedorismo. Tendo também como objetivo conhecer o que motivou a empresária a iniciar no mercado de trabalho que envolve empreendimento e responsabilidade social, apontando as dificuldades enfrentadas, os desafios surgidos e as alternativas encontradas para se estabelecer profissionalmente. Através da entrevista semi estruturada, com o objetivo de permitir o relato livre das expectativas e sentimentos da entrevistada, procurou-se compreender qual a visão a mesma tem de si, em relação ao seu papel feminino na sociedade e a contribuição do trabalho social na vida dos detentos e de suas famílias. Segundo (TRIVIÑOS, 1987, p. 146) explica que: A entrevista semi estruturada tem como característica questionamentos básicos que são apoiados em teorias e hipóteses que se relacionam ao tema da pesquisa. Os questionamentos dariam frutos a novas hipóteses 46 surgidas a partir das respostas dos informantes. O foco principal seria colocado pelo investigador-entrevistador. Após aceitar fazer parte da pesquisa, a empresária foi entrevistada em sua empresa no dia 12 de outubro de 2017 na cidade de Goiás. A intenção foi de obter uma análise mais aprofundada dos fatos e assim atender aos objetivos pré- estabelecidos nessa pesquisa. A partir do levantamento bibliográfico realizou-se um norteamento acerca do papel da mulher empreendedora no mundo empresarial e social, identificando os desafios e potencialidades enfrentados. A partir dessa perspectiva
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