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Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa Créditos Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância Diretor Regional Hágara Rosa da Cunha Araújo Luiz Francisco de Assis Salgado Janandrea Nelci do Espirito Santo Jackeline Duarte Kodaira Superintendente Universitário João Francisco Correia de Souza e de Desenvolvimento Juliana Quitério Lopez Salvaia Luiz Carlos Dourado Jussara Cristina Cubbo Reitor Kamila Harumi Sakurai Simões Sidney Zaganin Latorre Katya Martinez Almeida Diretor de Graduação Lilian Brito Santos Luciana Marcheze Miguel Eduardo Mazzaferro Ehlers Mariana Valeria Gulin Melcon Diretor de Pós-Graduação e Extensão Mônica Maria Penalber de Menezes Daniel Garcia Correa Mônica Rodrigues dos Santos Gerentes de Desenvolvimento Nathália Barros de Souza Santos Rivia Lima Garcia Claudio Luiz de Souza Silva Sueli Brianezi Carvalho Luciana Bon Duarte Thiago Martins Navarro Roland Anton Zottele Wallace Roberto BernardoSandra Regina Mattos Abreu de Freitas Equipe de QualidadeCoordenadora de Desenvolvimento Tecnologias Aplicadas à Educação Ana Paula Pigossi Papalia Josivaldo Petronilo da Silva Regina Helena Ribeiro Katia Aparecida Nascimento Passos Coordenador de Operação Coordenador Multimídia e AudiovisualEducação a Distância Ricardo Regis UntemAlcir Vilela Junior Equipe de Professores Autores Design Audiovisual Adriana Mitsue Matsuda Edna Mara Baars Caio Souza Santos Juliane Borges Ferreira Camila Lazaresko Madrid Kênia Cristina G. dos Santos Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo Nelson Nogueira Christian Ratajczyk Puig Schirlei Mari Freder Danilo Dos Santos Netto Sirlene S. de Amorim Pereira Hugo Naoto Takizawa Ferreira Revisores Técnicos Inácio de Assis Bento Nehme Aline Delmanto Capone Karina de Morais Vaz Bonna Donizetti Leonidas de Paiva Marcela Burgarelli Corrente Polise Moreira de Marchi Marcio Rodrigo dos Reis Técnica de Desenvolvimento Renan Ferreira Alves Renata Mendes Ribeiro Carolina Tiemi Sato Komatsu Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti Coordenadoras Pedagógicas Thamires Lopes de Castro Ariádiny Carolina Brasileiro Silva Vandré Luiz dos Santos Izabella Saadi Cerutti Leal Reis Victor Giriotas Marçon Nivia Pereira Maseri de Moraes William Mordoch Otacília da Paz Pereira Equipe de Design Multimídia Equipe de Design Educacional Alexandre Lemes da Silva Alexsandra Cristiane Santos da Silva Cristiane Marinho de Souza Ana Claudia Neif Sanches Yasuraoka Emília Correa Abreu Angélica Lúcia Kanô Fernando Eduardo Castro da Silva Anny Frida Silva Paula Mayra Aoki Aniya Cristina Yurie Takahashi Diogo Maxwell Santos Felizardo Michel Iuiti Navarro Moreno Flaviana Neri Renan Carlos Nunes De Souza Francisco Shoiti Tanaka Rodrigo Benites Gonçalves da Silva Gizele Laranjeira de Oliveira Sepulvida Wagner Ferri Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa Aula 01 Empreendedorismo: uma abordagem introdutória Objetivos Específicos • Apresentar os conceitos principais da disciplina iniciando a construção da base teórica do aluno. Temas Introdução 1 Etimologia 2 Contextualização histórica 3 Definições segundo diferentes autores 4 O empreendedorismo social Considerações finais Referências Professor Autor Nelson Nogueira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 3 Introdução Prezado aluno, iniciamos a nossa disciplina de Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa na intenção de estimular seu comportamento empreendedor, munindo-o de ferramentas para desenvolver suas habilidades, para que possa criar oportunidades de negócio inovadoras que o diferenciarão na construção da sua carreira profissional. Nesta disciplina você será introduzido aos conceitos sobre empreendedorismo, conhecerá o perfil do empreendedor e os diferentes tipos de esferas em que encontramos tais iniciativas, assim como as motivações que levam o indivíduo a empreender. Após conhecer as principais dimensões do empreendedor, partiremos para a compreen- são do envolvimento deste com o ambiente que o cerca, por meio da análise da relação do empreendedor com a sustentabilidade e responsabilidade social. Na sequência conheceremos melhor os conceitos de inovação e a relação desta com o processo empreendedor, assim como, será introduzida a noção de economia criativa e as oportunidades dela advindas. Por fim, serão apresentadas a você ferramentas para desenvolvimento de negócios, para melhorar sua concepção de ideia e planejamento, como design thinking, modelo canvas, plano de negócios e alguns formatos para captação de recursos. Complementando, serão apresentadas ideias para aumentar a criatividade e incrementar as habilidades do empreendedor. Nesta primeira aula vamos conduzir o assunto iniciando pela etimologia, o estudo gramatical da origem e história da palavra, de onde surgiu e como evoluiu ao longo dos anos. Em seguida, vamos para contextualização histórica mostrando a trajetória do conceito aplicado no ambiente interno e externo da organização. Posteriormente, abordaremos as definições que foram sendo aprimoradas e incorporadas com o passar do tempo e por fim os aspectos do empreendedorismo social utilizando a mesma trajetória e tópicos que utilizamos para falar do empreendedorismo. Ao final desta aula, você terá a sua visão sobre o assunto ampliada, compreendendo o empreendedorismo, a sua importância, os novos caminhos que sua carreira profissional pode ser conduzida, ou até a abertura de seu próprio negócio, independentemente da área da formação que esteja cursando. Uma sociedade que passa por constantes processos de reinvenção carece de indivíduos criativos que possam contribuir com a transformação que a sociedade demanda, seja criando uma nova empresa ou inovando nas organizações em que estejam inseridos. E espero que você seja esse agente transformador, capaz de contribuir na mudança por meio de soluções inovadoras. Assim, o que se espera é que você, aluno, esteja preparado para abrir seus horizontes e perceber soluções inovadoras em suas áreas profissionais. Desejo que esta disciplina contribua no seu desabrochar empreendedor. E você, está motivado para fazer a diferença em sua carreira profissional ou no seu próprio negócio? Então vamos lá, iniciar a nossa aula. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 4 1 Etimologia O termo empreendedorismo tem origem nas palavras entrepreneur e entrepreneurship, ambas apresentam problemas de definição em qualquer língua. Assim, entrepreneur poderia ser empresário, mas, segundo Drucker (1986) e muitos outros autores, o empresário não é necessariamente um empreendedor e o empreendedor nem sempre é um empresário. Figura 1 – Entrepreneurship Em termos gerais entrepreneurship pode ser traduzido como empreendimento, destacando a prática de empreender de maneira difícil, criativa e árdua e o resultado dessa prática. Em complemento, Maximiano (2006, p. 1) traduz o termo latino empreendere ou sua derivação entrepreneur como aquele indivíduo que “realiza tarefa difícil e laborisa” ou “coloca em execução”. É curioso observar que, embora o termo empreendedorismo venha sendo utilizado no Brasil desde o final da década de 1990, não se encontram registros do termo nos dicionários de português lançados antes de 2010. Esse fato mostra que o empreendedorismo é uma atividade recente no país, embora se perceba que a cada ano mais e mais profissionais estejam envolvidos com ele (RODRIGUES, 2008. p. 1). Em complemento, Maximiano (2006, p. 1) traduz o termo latino empreendere ou sua derivação entrepreneur como aquele indivíduo que “realiza tarefa difícil e laborisa” ou “coloca em execução”. 2 Contextualização histórica A evolução do termo empreendedor ao longo da história é compreendida por meio dos apontamentos de relatos e estudos que objetivavam entender esse ator no processo de criação de novos negócios e desenvolvimento econômico.Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 5 Os primeiros relatos do aparecimento de noções primitivas do empreendedor são registrados após o desenvolvimento do capitalismo. Nessa conjuntura econômica, surgia a figura dos negociantes, que eram intermediários comerciais que mediavam as transações entre os fabricantes de mercadorias e os compradores, recebendo parcela de lucro sobre a venda/ troca dos produtos. Nesta noção primitiva dos empreendedores, eles apareciam relacionados a atividades comerciais. Percebe-se transversalmente na atuação desses questões que envolvem a visão de risco e a visualização da oportunidade de ganhos, questões presentes nas teorias mais atuais e que caracterizam o empreendedor. O intermediário dessa época era caracterizado por vislumbrar uma oportunidade ao adquirir produto sem ter a certeza da sua venda, incorrendo o risco de não a efetivar por não encontrar comprador ou de perder a mercadoria. Porém, como possuía a crença ter uma oportunidade concreta tendo alta expectativa da venda, realiza a transação, mesmo havendo risco, caracterizando, assim, um empreendedor. Como exemplo de um intermediário da época, Degen (2009, p. 7) aponta Marco Polo, comerciante e explorador de Veneza, que viveu aproximadamente entre 1254 a 1354. Estabeleceu rotas terrestres de comércio com o Oriente trazendo e levando mercadorias para revender. Figura 2 – Marco Polo Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 6 Marco Polo desenvolvia novos mercados estabelecendo contratos com comerciantes locais e assumia o risco da operação, pois intempéries podiam ocorrer nas viagens causando a perda de barcos, suprimentos ou, inclusive, mercadorias, mas a sua atividade era financiada pelos contratantes (precursores dos capitalistas de risco da atualidade). Degen (2009, p. 7) aponta que esses contratos firmados à época previam pagamento de juros em torno de 22% sobre o capital investido. Estima-se que ao final do período no qual o empreendedor realizou suas viagens, o retorno médio dos investidores chegou a 75%, ficando Marco Polo com apenas 25%. O início dos estudos acerca da atividade empreendedora propriamente dita, foi marcado pela presença dos economistas, que foram influenciados pelo desejo de encontrar explicações para o crescimento econômico e formação de riqueza. Destacam-se as teorias de Richard Cantillon, Jean-Baptiste Say, Joseph Schumpeter. Influenciados por suas áreas de formação e suas perspectivas de mundo voltadas ao desenvolvimento econômico, apresentam posições convergentes sobre a figura do empreendedor e já aquela época chamam atenção para esses indivíduos que marcaram positivamente suas épocas. Maximiano (2012, p. 2-3) ressalta que dentre os economistas que se dedicaram aos estudos, os principais foram Cantillon, Say e Schumpeter, com destaque para Cantillon que foi um dos primeiros a observar a prática de criação de negócios no século XVIII, por volta de 1755. O economista é considerado por muitos o criador do termo empreendedor como se conhece na atualidade. Cantillon descrevia o empreendedor como o indivíduo que comprava os insumos ou matérias-primas por um preço certo, processava-os e os vendia a outra pessoa, por um preço incerto, que cobria despesas e ainda um ganho. Esta definição ressalta o empreendedor como um capitalista, visto que aproveitava a oportunidade, assumindo o risco da incerteza, na perspectiva de obtenção de lucro, ainda carregando a ideia de intermediário de negócios. O “empreendedor”, dizia o economista francês J. B. Say por volta de 1800, transfere recursos econômicos de um setor de produtividade mais baixa para um setor de produtividade mais elevada e de maior rendimento. Porém, a definição de Say não nos diz quem é esse “empreendedor”. Em 1942, o economista escocês Joseph Schumpeter consolida seus estudos sobre o empreendedor e consolida seu conceito abrangendo aqueles que inovam, não somente os que criam invenções, mas introduzem não somente novos produtos, mas também meios de produção e novas formas de organização. Essa visão de descontinuidade dos processos era chamada pelo autor como “destruição criativa”, acrescentada ao processo empreendedor sua visão do desenvolvimento econômico, pois esses empreendedores traziam o progresso e o contínuo aprimoramento do padrão de vida da sociedade (DEGEN, 2009, p. 2-3). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 7 A destruição criativa apresentava a descontinuidade de um padrão social, como a caneta tinteiro que foi substituída pela caneta esferográfica, revolucionando a forma dos indivíduos de escrever. Para Schumpeter o verdadeiro sentido de desenvolvimento econômico era o rompimento desse equilíbrio circular da renda na economia, acionando e colocando em marcha o motor da economia por meio da criatividade, como apontado por Degen (1989). O desenvolvimento não estava relacionado às mudanças que vinham de dentro desse fluxo, mas das que eram impostas de forma revolucionária, trazidas por modificações espontâneas e descontínuas nos processos produtivos. Tendo em vista que a sociedade se modifica, modificam-se também seus hábitos, costumes e desejos. Os bens e as tecnologias também precisam ser adaptados às novas necessidades dos usuários. Surge, então, no mercado espaço para novas oportunidades serem descobertas e exploradas, gerando novos produtos e novos serviços. Você acredita que a sociedade forma o empreendedor demandando inovações ou é o próprio empreendedor que vem criando essas rupturas econômicas? Schumpeter, em seu livro Capitalismo, Socialismo e Democracia (1942), trata da destruição criativa, trazendo uma noção de inovação, tão fomentada na nossa sociedade atual. Como já verificado por esse autor, a inovação trazia rupturas que geravam novas oportunidades de crescimento econômico a uma nação, mas também o bem-estar social. A destruição criativa promoveria a forma de levar os bens desejados em quantidades e preços acessíveis (DEGEN, 1989). Grandes foram as contribuições dos estudos econômicos sobre o fenômeno do empreendedorismo, porém, por ser um fenômeno complexo, a abordagem econômica isoladamente não se configurou como suficiente para a compreensão do tema. Ainda mais por que a sociedade estava mudando, assim como suas concepções estavam saindo dos fatores produtivos e buscando, também, a compreensão do fator humano por trás desses sistemas. Assim, os estudos sobre o tema avançam para a análise de outras abordagens que auxiliam no melhor entendimento sobre o assunto em discussão, considerando o empreendedor por uma perspectiva psicológica, principalmente no que tange ao comportamento desse indivíduo. Neste âmbito, surgem os conceitos e análises que tratam das características do comportamento empreendedor que estudaremos nas aulas a seguir. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 8 3 Definições segundo diferentes autores Segundo Maximiano (2006, p. 57), o termo empreendedorismo, derivado da palavra entrepreneurship, é utilizado para “designar o comportamento do empreendedor” , tal comportamento é caracterizado pela ação de iniciar um novo negócio. Já Sampaio (2014, p. 57) afirma que o empreendedorismo é caracterizado pela ação do indivíduo com disposição ou iniciativa de começar algo novo ou transformar projetos já existentes. A autora complementa que os empreendedores “[...] são pessoas com propensão e habilidade para criar, renovar, modificar e conduzir projetos inovadores”. Outra definição é a utilizada pelo Global Entrepreneurship Monitor – GEM (2013, p. 87), que conceitua empreendedorismo como: [...] qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou novo empreendimento, como, por exemplo: uma atividade autônoma, uma nova empresa ou a expansão de um empreendimento existente.Em qualquer das situações a iniciativa pode ser de um indivíduo, grupos de indivíduos ou por empresas já estabelecidas. O SEBRAE (2008) entende que empreendedorismo é a ação de criar e também gerenciar um negócio, responsabilizando-se pelos riscos e visando ao lucro. Para o SENAC, empreendedorismo é entendido de uma forma mais abrangente, incluindo todos os tipos de empreendedores, pois o empreendedorismo seria um caminho ou um modo de pensar e agir, considerando as oportunidades e utilizando a criatividade e inovação, a fim de gerar valor coletivo e individual. Esta disciplina segue a abordagem defendida por Schumpeter (2000) e Drucker (1986) e define que aquele que empreende é, na verdade, um visionário que age, pois tem iniciativa. Além disso, identifica oportunidades e propõe soluções inovadoras. Portanto, não se limita ao ato de começar um negócio próprio, mas vai além disso. E este comportamento de empreendedor existe nas mais diversas áreas, cargos e em diversos momento da vida. 4 O empreendedorismo social O empreendedorismo pode se dar em distintos âmbitos da sociedade e com propósitos diferenciados, como no empreendedorismo convencional, tradicional ou serial, este último termo foi introduzido por Arantes e Halicki (2014, p. 36; 85), os quais destacam que a criação de novos negócios tem o objetivo de explorar alguma atividade visando ao retorno financeiro para os sócios, por vislumbrarem uma oportunidade de mercado. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 9 Outro âmbito do empreendedorismo é quando esta ação ocorre em esfera social, onde surge o empreendedorismo social com suas variações terminológicas como empreendedorismo sustentável, empreendedorismo de negócios sociais, empreendedorismo de impacto (NAKAGAWA, 2013). Essa dimensão empreendedora configura-se como forma do processo criativo, sendo diferenciada pelo objeto-fim desse novo negócio, que é a transformação social (promovendo o bem-estar da população) ou ambiental (que afeta o coletivo). Figura 3 – Criatividade! O empreendedorismo social é caracterizado por envolver uma motivação centrada no outro, focando o bem-estar social. Conforme Arantes e Halicki (2014) apontam, é promovido por indivíduos que têm como missão construir um mundo melhor. Assim, o empreendedorismo social está sempre relacionado a causas humanitárias que almejam mudar o mundo. Os autores citados acima apontam o movimento crescente nos Estados Unidos de um tipo especial que caracteriza o empreendedorismo social, que é o que cria uma Benefit Corporation, também chamada B Corporation. Estas são empresas que desenvolvem ativi- dades privadas para benefício dos empreendedores ou acionistas, mas que paralelamente geram, por meio do seu negócio, benefício social e, por isso, recebem incentivos do governo. Nesse sentido, qualquer empreendedor pode criar um negócio de impacto não só para si, como contribuindo na sustentabilidade para a sociedade e o meio ambiente, explorando atividade comercial, mas que nesse contexto possa gerar como resultado melhorias para a sociedade ou ambiente. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 10 Pode-se citar um exemplo fictício de uma empresa de desenvolvimento de tecnologias para acessibilidade de pessoas surdas. Essa empresa explora uma atividade comercial, sendo remunerada pelos seus clientes e gerando resultados financeiros para os empreendedores. Por outro lado, esse segmento de clientes, pessoas surdas, carece de atenção do mercado, no sentido da necessidade de que sejam desenvolvidos produtos e serviços que possam ser consumidos por esse público. São indivíduos com necessidades comuns a outros indivíduos da sua idade e que comprariam tais soluções. Esse negócio seria positivo para ambos os lados, gerando a inclusão desse público, que tem poder aquisitivo e quer ser incluído no mercado consumidor. Uma das primeiras organizações voltadas ao empreendedorismo social foi a Ashoka, organização mundial sem fins lucrativos que, inclusive, criou esse termo iniciando em 1980 atividades inovadoras voltadas ao social, principalmente na Índia e no Brasil, e no desenvolvimento de empreendedores sociais de impacto, atividade que desempenha até hoje. Visite a nossa Midiateca para ter acesso ao link do site da empresa. Considerações finais Nesta aula você teve a oportunidade de conhecer mais sobre o tema empreende- dorismo por meio da sua abordagem introdutória, sendo caracterizado como o processo de criação de empresas que promovem a ruptura de padrões sociais e de consumo, gerando emprego e renda, o que, consequentemente, promove o crescimento da economia como um todo. O fenômeno do empreendedorismo foi estudado pela perspectiva econômica, onde é caracterizado como propulsor do crescimento econômico e desenvolvinmento de uma região, tendo como principais representantes Say, Cantillon e Schumpeter. Sendo este último o autor que contribuiu para os estudos inserindo nesse contexto o fator inovação, como causador de rupturas no modelo de fazer ou oferecer produtos, modificando a sociedade por meio dos padrões culturais e da quebra de paradigmas. Nesta aula você, ainda, teve a oportunidade de conhecer brevemente o empreende- dorismo social, que trata da criação de negócios destinados a resolver ou melhorar um problema social ou ambiental, motivado pela inquietação do empreendedor em transformar o mundo e o ambiente à sua volta. Em resumo, o empreendedorismo é uma ação sistêmica propiciada pelos negócios que vislumbram oportunidades de reconstruir e inovar, levando um novo produto ou serviço ao mercado. Esse negócio criado pelo empreendedor pode ter objetivo de causar um impacto social, buscando a melhoria de um problema social ou ambiental. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 11 Espero que este texto tenha inspirado você a conhecer mais sobre empreendedorismo, inovação e as oportunidades da economia criativa. Convido você a continuar nessa jornada empreendedora! Referências ARANTES, E. C.; HALICKI, Z. (Org.). Empreendedorismo e realidade social. Curitiba: Intersaberes, 2014. DEGEN, Ronald J. O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: Markon Books, 1989. ______. O empreendedor: empreender como opção de carreira. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. DRUCKER, Peter F. Inovação e espirito empreendedor: prática e princípios. São Paulo; Thomson Pioneira, 1986. GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR (GEM). Empreendedorismo no Brasil: Relatório Executivo. IBQP, SEBRAE e FGV: 2014. MAXIMIANO, Antonio C. A. Administração para empreendedores: fundamentos da criação e da gestão de novos negócios. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006. ______. Empreendedorismo. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. NAKAGAWA, M. H. Empreendedorismo: elabore seu plano de negócio e faça a diferença. São Paulo: Senac, 2013. RODRIGUES, F. Empreendedorismo em amplo debate. O Globo. Caderno Boa Chance, 23 de março de 2008. SAMPAIO, M. Atitude empreendedora: descubra com Alice seu País das Maravilhas. São Paulo: Senac, 2014. SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE). O que é empreendedorismo? Sebrae: Página web publicada em 04/11/2008. Disponível em: <http://www. mundosebrae.com.br/2008/11/o-que-e-empreendedorismo>. Acesso em: 2 fev. 2015. Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa Aula 02 Perfil e Comportamento Empreendedor Objetivos Específicos • Entender o comportamento do empreendedor proporcionando a autoavaliação do aluno. Temas Introdução 1 Definições 2 Perfil empreendedor 3 Comportamento empreendedor 4 Avalie seu perfil Considerações finais Referências Nelson Nogueira Professor Autor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 2 Introdução A literatura sobre o perfil ecomportamento empreendedor é muito vasta e cresce a cada dia. É claro que nem toda ela vem do campo da Administração, mas de outros campos, como os da Psicologia, Sociologia e Antropologia. Algumas empresas, na busca de melhorar sua competitividade, depositam em seus funcionários a esperança de promover grandes mudanças nos seus negócios, indo além de suas obrigações e responsabilidades do dia a dia. Elas querem novas ideias e novas soluções. Só assim conseguirão capturar as oportunidades do mercado. Por outro lado, identificam características comuns em pessoas que abandonam suas carreiras para perseguir um sonho de possuir um negócio próprio: criatividade, dinamismo, automotivações, energia, persistência, capacidade de estabelecer bons relacionados, articulações, inteligência, visão de futuro. Para os empreendedores, o futuro não é visto como uma continuação do passado e sim como um desencadeamento de novidades, a partir do funcionário criativo, cheio de ideias ou das pessoas que querem se aventurar em ter um negócio. Esta será a trajetória de nossa aula: vamos analisar conceitos importantes sobre o perfil do empreendedor sob a ótica de grandes autores; uma comparação conceitual entre eles; o desenvolvimento do comportamento do empreendedor; algumas dicas para se tornar empreendedor; e por final uma lista de pessoas consideradas empreendedores ao longo de décadas? Segue também, no final de nossa aula, um teste para medir seu potencial empreendedor. Ele serve apenas para a sua reflexão e não deve ser encarado como algo definitivo. É importante analisar a importância dessas características para a sua carreira e para seu negócio, e pensar nas formas de melhorá-las! 1 Definições Tendo em vista que o foco de nossa aula não é uma revisão profunda acerca das definições de perfil e comportamento dos indivíduos fora do contexto de empresa, trabalho e negócio, as definições adotadas para comportamento e perfil seguem as linhas organizacionais de Siqueira (2002) e considera que esse estudo busca investigar o comportamento e o perfil dos indivíduos no contexto do empreendedorismo. A todo momento lidamos com pessoas, seja no trabalho, na escola, na família, na sociedade como um todo. O perfil comportamental de cada uma é essencial, cada pessoa é diferente da outra. Todos nós temos cultura, personalidade e criação distintas. Estes perfis são importantes para as escolhas de carreira, negócios, trabalho, parceiros, sócios. Conhecê-los é essencial para sabermos quem e como somos: o porquê de nossos hábitos e atitudes e o modo como agimos. Já o conceito de comportamento reflete a maneira Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 3 de reagir, portar-se, perante aos estímulos externos agindo sobre a pessoa, estas reações podem ser conscientes e inconscientes. Para Sampaio (2014, p. 33), é importante “[...] ter consciência de que existe comportamento espontâneo, ele é sempre uma ação deliberada, a escolha de uma maneira de agir diante de um desafio, outro aspecto é em que momento tomar uma decisão de mudar algo, já que o empreendedorismo sugere mudanças”. Mas, Blaug (2000 apud NAKAGAWA, 2013) comenta que Schumpeter descobriu um papel crítico para o desenvolvimento econômico e social dos empreendedores, que chamou de “destruição criativa”. O empreendedor criava algo novo que substituía (destruía) a concepção antiga. De forma simples, o empreendedor, no seu entendimento, era um inovador. E, ao inovar, pensava em novas e melhores soluções para os problemas da sociedade. E essa atividade era fundamental para o desenvolvimento econômico e social. Em linhas gerais, Schumpeter acreditava que sem empreendedores não havia desenvolvimento, pois tudo ficava do mesmo jeito. De posse desses conceitos de Schumpeter (2000), o empreendedor é aquele que introduz um novo bem, que pode ser um produto ou serviço. Um exemplo marcante desta modalidade de produtos é a Apple (que foi comandada por Steve Jobs) e de serviços, o Facebook (comandado por Mark Zuckerberg). Ou aquele que introduz um novo método de produção ou prestação de serviços, como a produção de Henry Ford com sua inovadora linha de montagem utilizada pelo Mc Donalds nos dias de hoje, e a prestação de serviço como os Pets Shop delivery de uma forma geral. Uma maneira muito conhecida também como uma atitude empreendera é a criação de um novo mercado, gerando novos hábitos e incorporando o produto no dia a dia das pessoas. Figura 1 – Empreendedores e um novo mercado Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 4 Outra alternativa para empreender é a criação de novas formas de fornecimento, como a Dell computadores com as vendas diretas personalizadas, onde o cliente monta do seu jeito o seu computador, ou os Chefs que vão até sua casa transformar sua cozinha em um espaço gourmet sofisticado. Finalmente, ainda dentro dos conceitos de Schumpeter, as novas formas de organização, com estruturas1 para propiciar as atividades inovadoras, que se adaptam às exigências de determinados ambientes com flexibilidade e velocidade. Veja, por exemplo, as empresas que trabalham com horários flexíveis, home office2, as estruturas em rede com todos conectados na empresa estando em qualquer lugar do mundo. Figura 2 – Olhando para o futuro No livro do Birley e Muzyka (apud NAKAGAWA, 2013, p. 41), encontramos esta definição: Empreendedor é a pessoa que pensa e age sobre oportunidades com criatividade e inovação para gerar valor individual e coletivo. Empreendedor não é apenas aquele que começa o seu próprio negócio. O comportamento empreendedor existe em todos os setores, em todos os níveis de carreira, em todos momentos da vida. Outro autor que ajuda a consolidar o termo empreendedor é Drucker (1986, p. 20): O casal que abre uma confeitaria, ou mais um restaurante de comida mexicana no subúrbio americano, certamente estará assumindo riscos. Mas será que eles são empreendedores? Tudo que fazem já foi feito muitas vezes antes. Eles apostam na popularidade crescente de se comer fora, na vizinhança. 1 Entenda-se estrutura de uma empresa como o formato do organograma, suas interações internas e os recursos utilizados para um bom funcionamento. 2 Home office – trabalhar em casa, onde pode ser executado atividades on line conectadas à empresa. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 5 E as empresas que não inovam ou empreendem, o que são? Se usarmos os conceitos de Drucker, as pessoas são apenas donos de um negócio, proprietários ou empresários. Normalmente, temos trabalhado em empresas públicas ou privadas, de pequeno, médio ou grande porte, nos mais diferentes níveis e cargos, onde a rotina e a burocracia imperam. Entretanto, no contexto atual turbulento, com concorrência predatória e um mercado cheio de incertezas, temos apenas uma saída para sermos sustentáveis ao longo dos anos: buscar funcionários empreendedores, tornar a empresa empreendedora, e com isso, seremos mais competitivos. Ao mesmo tempo, várias pessoas empreendedoras estão buscando a carreira solo, realizando um sonho e agindo como “dono” do negócio. Será que empreender seria uma saída para a falta de empregos? Você verá a seguir que pessoas com perfil e comportamento empreendedor têm oportunidade de trabalho em diferentes áreas e carreiras. 2 Perfil empreendedor Para Schermerhorn et al. (1999), quando falamos de perfil empreendedor estamos relacionando o termo ao conjunto de características de uma pessoa que pode ser influenciado por suas crenças e valores e está diretamente ligado com a personalidade e predisposição para reagir de determinada maneira. A sociedade de uma forma geral acredita que os empreendedores recebiam uma herança genética, nasciam prontos. Entretanto, principalmente pelos estudos e trabalhos acadêmicos de Filion (1991) e Drucker (1986), começarama ser levantados indícios que confirmam que se tivermos um sistema adequado de aprendizagem e envolvimento, podemos transformar pessoas em futuros empreendedores. De acordo com este contexto, existem famílias mais empreendedoras que outras, empresas mais empreendedoras que outras, existem cidades e regiões mais empreendedoras que outras: essa lógica vale para o mundo todo! Veja o exemplo do conhecido Vale do Silício e o que os sociólogos Rogers e Larsen (1984) chamam de Febre do Vale do Silício. Atribui-se a presença da Universidade de Stanford aos processos facilitados pelos governantes, aos bancos propiciarem fundos de investimentos, a uma valorização das pessoas para a propriedade intelectual e às 3leis que a protegem o fato das pessoas que residem por lá, mais cedo ou mais tarde quererem ter um negócio. 3 As patentes dão o direito de propriedade sobre uma invenção e a proteção intelectual. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 6 O exemplo dado acima ratifica o conceito desenvolvido por Filion (1991, p. 18), segundo o qual, “[...] um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões, com isso podemos ter como hipótese que o empreendedor é um ser social, produto do meio em que vive, se este ambiente valoriza o empreendedor, então este terá motivação para criar um negócio”. Filion (1991 apud DONABELA, 2006, p. 36) afirma que o empreendedor tem um modelo a seguir, alguém que admira e imita. Entretanto, o meio no qual ele está inserido exerce grande influência sobre ele. Tal influência se divide em diferentes níveis: • Nível primário: família e conhecidos representativos são a maior fonte de inspiração e, consequentemente, geração de empreendedores. • Nível secundário: é outra fonte de inspiração, os amigos, as redes sociais, a participação em clubes e associações, aqui incluímos também a participação em comunidades, como por exemplo igrejas, escoteiros. • Nível terciário: e a última fonte de inspiração são os meios educacionais e de aprendizagem, como cursos, livros, viagens, feiras, simpósios e congressos, principalmente ligados às áreas de interesse. De volta ao perfil dos empreendedores, comparamos as características e competências citadas por três autores: • TIMMONS, J. e SPINELLI. S, (2007): comprometimento e determinação; orientado para a oportunidade; motivação para superar-se; criatividade, autoconfiança e adaptabilidade; e liderança. • KURATKO, D. e HODGETTS (2004): comprometimento, determinação e perseverança; foco em resultados; orientado para oportunidades; iniciativa e responsabilidade; capacidade de resolução de problemas; capacidade de rápido aprendizado; controle, equilíbrio interno; tolerância à ambiguidade (riscos e incertezas); percepção de riscos; integridade e responsabilidade; tolerância a falhas; motivado; criatividade e inovação; visionário; autoconfiança e otimismo; independência e desenvolvimento de equipes. • DONABELA, F. (2006): comprometimento, persistência e comprometimento; orientado para resultados; identificação de oportunidades; iniciativa; resolução de problemas; gestão de riscos e incertezas; ética e responsabilidade social; criatividade e inovação; trabalho em equipe; liderança; comunicação; negociação; autoavaliação e crescimento pessoal. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 7 Quadro 1 – Características e competências são comuns entre os autores Vamos conhecer algumas características e competências que são comuns entre os autores: TIMMONS, J e SPINELLI, S. (2007) KURATKO, D. e HODGETTS (2004) DONABELA, F. (2006) • Comprometimento, determinação e perseverança • Foco em resultados • Orientado a oportunidades • Iniciativa • Resolução de problemas • Tolerância ao risco e incertezas • Ética e responsabilidade social • Criatividade, inovação • Desenvolvimento de equipes • Liderança Veja o anúncio exibido no site da UNILEVER recrutando trainees para 2014: A Unilever procura por pessoas que tenham paixão em gerar novas ideias, disposição para enfrentar desafios grandes, inclusive fora de seu território geográfico e habilidade para superar pressões e adversidades com otimismo. Os êxitos acadêmicos são importantes, mas o candidato também precisará demonstrar outros aspectos como pensamento criativo e analítico, liderança, capacidade de trabalho em equipe e, acima de tudo, paixão por desafio. Fonte: UNILEVER. Programa de Trainee da Unilever. Disponível em: <http://www. unilever.com.br/unilever-carreiras/graduates/uflp/index.aspx>. Acesso em: 27 nov. 2015. Se compararmos as características e competências acima estudadas e a descrição da vaga para trainee da UNILEVER, perceberemos que grandes empresas estão buscando além da formação acadêmica, características pessoais específicas que possam agregar talento criativo e postura empreendedora ao seu corpo funcional buscando tornar-se empresas cada vez inovadoras e, consequentemente, extremamente competitivas. A busca constante por informação e conhecimento é um hábito importante para quem quer ser um profissional de sucesso. A leitura de obras que inspiraram empreendedores de sucesso serve como um grande fator motivacional para esta jornada que é o empreendedorismo. Sugerimos alguns livros recomendados pela Bel Pesce: Perdendo Minha Virgindade (Richard Branson); Steve Jobs: A Biografia (Isaac Walterson); Se Eu Soubesse aos 20... Lições Para Ser Bem-Sucedido Em Qualquer Idade (Tina Seelig). http://www.unilever.com.br/unilever-carreiras/graduates/uflp/index.aspx http://www.unilever.com.br/unilever-carreiras/graduates/uflp/index.aspx Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 8 3 Comportamento empreendedor O comportamento empreendedor é um conjunto de ações e reações com certo dinamismo, que são motivados ou resultado das crenças e valores (perfil empreendedor), criando sentimentos (atitude empreendedora) que influenciam a busca por um resultado pretendido (comportamento empreendendor). Tudo começa porque “alguém” inquieto em relação a algo (por exemplo, o desejo de mudar algo na empresa que trabalha) coloca a criatividade em ação, altera a trajetória das coisas. Não é uma “coisa” automática. Precisa de um agente que inicie o processo. Se a pessoa estiver com uma inquietação ligada a um sonho de buscar algo diferente para ele, pensará em abrir um negócio, se associar com alguém, fará articulações um pouco mais abrangentes. Mas, existe um caminho para sair da intangibilidade4 e caminhar para a tangibilidade5. Veja o quadro a seguir: Quadro 2 – A tangibilidade x captura de valor Tangibilidade Comportamento Atitude Plano Oportunidades Sonho Captura de valor6 Fonte: Adaptado de Nakagawa e Bouer (2006). Para entender o Quadro 2, o empreendedor tem uma visão, um sonho de como poderia ser algo no futuro, o que poderia mudar o destino e o mais importante: ele tem a habilidade de associar a oportunidade a essa visão. Ele mentaliza, articula seus saberes, vai na direção da oportunidade e rabisca um plano; teoriza com as possíveis pessoas parceiras em determinados momentos este plano, identificando os obstáculos que poderiam surgir pelo caminho, preocupando-se com o ambiente externo e principalmente com os clientes ou a quem este “algo” se destina . Nesse momento, os sentimentos do empreendedor estão canalizados, estão totalmente dedicados a sua missão: ele ama o que está fazendo, é detalhista e crítico. Podemos comparar este momento com um hobby que temos. Quando o estamos praticando o tempo passa 4 Intangibilidade – são ativos não monetários sem substância física como o conhecimento. 5 Tangíveis – são ativos como bens ou mercadorias, coisas palpáveis. 6 Captura de valor – quando articulamos nossos saberes para obtenção de benefícios a outrem, também podemos dizer agregar valor. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo,Inovação e Economia Criativa 9 rápido, gostamos do que fazemos, os detalhes surgem, há uma imersão, a busca da perfeição é inerente. Então, à medida que o processo progride, o sonho vai se tangibilizando, e as atitudes empreendedoras direcionam o indivíduo rumo ao comportamento empreendedor. É comum que nessa fase o empreendedor passe horas e dias aperfeiçoando os detalhes, testando a ideia com familiares e amigos. Muitas vezes, a parte financeira não é a motivação principal do empreendedor. Ela é apenas uma medida de sucesso. A cada etapa desse processo, o resultado vai ficando mais concreto e mensurável. A captura de valor é mais fácil de ser percebida, o que deixa o empreendedor cada vez mais motivado. É importante esclarecer que o valor tanto pode ser a resposta a uma oportunidade (oferta de produto ou serviço para um cliente) ou a entrega de um resultado/meta esperado (se o empreendedor for funcionário de uma empresa). O processo descrito acima está muito bem ilustrado no filme O Céu de Outubro (1999). A história verídica de quatro garotos que decidem construir modelos de foguetes em 1957, o mesmo ano do lançamento do satélite soviético Sputnik. Os temas trabalhados até aqui são claramente identificados ao longo da história e nos personagens que, depois de muitas dificuldades e lançamentos fracassados, finalmente conseguem fazer os modelos experimentais funcionarem. Agora, vamos falar de empreendedores brasileiros de sucesso: eles acreditaram que estavam resolvendo algum problema, que sua empresa vai crescer e gerar empregos, misturaram paixão com razão. E aqui com a troca de experiências você pode aprender e crescer: escolhemos sete empreendedores brasileiros, com suas ideias ousadas que transformam sonhos grandes em negócios. Você vai descobrir que você pode mais do que imagina e que seu sonho tem potencial para ir mais longe do que pensa. Os sete exemplos de empreendedores escolhidos são: • Acredite em você, sempre! Robinson Shiba (China in Box) • As conexões que movem a vida – Marcelo Santos (21212.com) • A fórmula da autoestima – Zica e Leila Velez (Beleza Natural)) • A loja de brinquedos que vende felicidade – Ricardo Sayon (RiHappy) • Acredite no impossível – Romero Rodrigues (Buscapé) • Uma história de empreendedorismo – Alexandre Costa (Cacau Show) • Do caixa da loja a bolsa de valores – Luiza Trajano (Magazine Luiza) Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 10 Quer saber mais sobre as histórias de empreendedores de sucesso brasileiros? Visite a Miditeca da disciplina para ter acesso ao site da ENDEAVOR. Outra história interessante de empreendedorismo é a da Bel Pesce, uma brasileira nascida no Rio de Janeiro que, com atitude e comportamento empreendedores, transformou o sonho de estudar no Massachusetts Institute of Tecnology (MIT), uma das mais conceituadas universidades de tecnologia do mundo, uma realidade. Depois, ela fez parte de projetos na Microsoft e pesquisas para Google. Pesce (2012) dá boas dicas para quem quer concretizar sonhos que resumimos aqui: Se você realmente sonha em empreender, a sua idade não importa. O que importa é ser extremamente apaixonado por solucionar problemas e melhorar as vidas das pessoas, e estar disposto a trabalhar arduamente para fazer as coisas acontecerem. Construir uma empresa é como andar em uma montanha-russa: há muitos altos e baixos. Ter uma estrutura que o oriente e chame a atenção para as coisas certas pode ser extremamente valioso. Muitas empresas foram fundadas com um produto em mente que era completamente diferente do produto que acabou sendo construído. Errar não tem problema, desde que gere um conhecimento que pode ser aplicado para melhorar a companhia e acelerá-la na direção positiva. Ao lidar com problemas, é crucial compreender como eles foram originados. E se você tiver uma mente-aberta e uma curiosidade ardente, você pode aprender com cada conversa. É natural mudar de planos para tentar resolver uma necessidade de alguma outra maneira. Você precisa ter a liberdade para expor as suas ideias, mas também ser capaz de chegar a decisões quando há discordâncias. Escolha pessoas com quem você consiga trabalhar dia e noite, sempre com respeito, admiração e confiança. Muitas vezes você vai precisar confiar nos seus instintos, e decidir dentro de circunstâncias muito incertas. Além de estar atento ao que importa para você, esteja aberto a novas experiências. Você nunca sabe quando descobrirá uma nova paixão. A paixão lhe dá coragem para sair de sua zona de conforto e desvendar terrenos desconhecidos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 11 É fascinante como um grupo de pessoas apaixonadas pelo que faz pode transformar ideias em produtos que acabam por mudar o mundo para sempre. Muitos dos empresários mais bem-sucedidos nunca pensaram no sucesso como um trampolim para outros projetos. Sua empresa era a sua vida. Com paixão, determinação e iniciativa, é possível fazer qualquer sonho acontecer. Não tenha medo de dar errado. Errar faz parte da vida. Sair da sua zona de conforto é muito mais fácil do que você imagina. Você vê que as possibilidades são infinitas quando sai da sua zona de conforto. Iniciativa é uma das características mais poderosas que você pode ter. Pense no seu hobby ou naquilo que gosta de fazer: você vai atrás de informações, lê tudo a respeito, participa de encontros, competições, dorme pensando. É fácil se sobressair, inovar, criar a partir do que aprendeu. Seus amigos te elogiam e querem comprar o que faz. Mesmo que não fosse essa a sua intenção. Por que não colocar no papel o que gosta de fazer e já começar a pensar no assunto? O empreendedorismo avançou no Brasil. A seguir estudaremos o posicionamento brasileiro quanto ao empreenderismo, segundo IBQP (2013); o posicionamento dos jovens brasileiros quanto ao empreendedorismo, segundo CIA de Talentos (2015); e a busca de profissionais empreendedores pelas empresas brasileiras, segundo Costa e Avediani (2009). Caso você queira saber mais sobre os empreendedores brasileiros, visite a Midiateca da disciplina para ter acesso ao link da revista Exame com a matéria Os 20 maiores empreendedores do Brasil. Posicionamento dos brasileiros quanto ao empreendedorismo, segundo IBQP (2013): • 43,5% dos brasileiros sonham em ter o próprio negócio e só 24,7% almejam seguir carreira como empregado em uma empresa. • 30,2% da população adulta, entre 18 e 64 anos, estava envolvida na criação ou administração de um negócio. Em 2002, esse índice era de 20,9% da população brasileira. • 88% dos brasileiros adultos concordam que o empreendedorismo é uma boa opção de carreira. • 70% dos empreendedores brasileiros abrem um negócio por oportunidade. Em 2002, menos da metade (42,4%) abriam o negócio em função de oportunidade. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 12 • 49,6% dos que iniciam a carreira empresarial são do sexo feminino Posicionamento dos jovens brasileiros quanto ao empreendedorismo, segundo CIA de Talentos (2015): • 46% dos jovens brasileiros disseram que em algum momento de sua carreira abrirão um negócio próprio, na pesquisa Empresas dos Sonhos 2015. • As primeiras três Empresas dos Sonhos em que esses jovens querem trabalhar são, pela ordem: Google, Petrobras e Odebrecht. Ter um negócio próprio ocuparia a quarta posição nesse ranking. A busca de profissionais empreendedores pelas empresas brasileiras, segundo Costa e Avediani (2009): • A habilidade de dar vida aos próprios projetos, tirando-os do papel e transformando- os em novos produtos, processos ou serviços, é atualmente uma das qualidades mais valorizadas pelo mercado. • As empresas querem, mais do que nunca, saber quem são os funcionários, em todos os níveis, que têm a veia empreendedora à flor da pele. Esse movimentoé também percebido nas organizações mais tradicionais. • “A busca por profissionais com esse perfil tem sido uma constante, dos estagiários aos executivos”, diz Sofia Esteves, sócia-diretora do Grupo DMRH, consultoria que atende clientes como Unilever, Nivea, Whirlpool, Siemens e Natura. Se você quiser saber mais sobre o empreendedorismo no mundo, visite a Midiateca da disciplina e acesse o Global Entrepreneurship Monitor, e no Brasil acessando o Serviço Brasileiro de apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). 4 Avalie seu perfil Você está curioso para saber como é seu perfil em relação a empreender e ao empreendedorismo? Para isso existem vários testes no mercado. Estes testes se originaram em levantamentos junto aos empreendedores e o que eles têm em comum, e depois transformados em critérios e questões para serem respondidas por pessoas interessadas. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 13 Visite a Midiateca da disciplina para conhecer algumas opções online, e com resultados em tempo real. Aproveite para acessar os testes elaborados pelo SEBRAE e pela Revista Você S/A. Considerações finais Nesta aula apresentamos elementos conceituais e metodológicos para uma análise do perfil e comportamento do empreendedor na visão de alguns autores referência neste assunto. Os pontos mais discutidos pelo mercado ainda hoje são os apresentados por Filion (1991), em relação ao empreendedor nascer pronto ou poder ser preparado para empreender. Como vimos, principalmente apoiados por Drucker, o empreendedorismo não é uma ciência e nem tão pouco uma arte é uma disciplina. Então, pode ser ensinado. As empresas deste novo milênio sabem que para sobreviver vão ter que evoluir sempre, adotando uma postura inovadora. Como vimos no caso da UNILEVER e seus trainees, não existem produtos e serviços inovadores com funcionários sem criatividade e comportamento empreendedor. Por isso, mesmo que você decida trabalhar em uma empresa, agir como dono do negócio é um diferencial que é avaliado positivamente pelo seu empregador. Negócios, produtos e serviços de sucesso surgiram porque existiram, na sua concepção, pessoas determinadas e comprometidas, que conseguiram identificar uma oportunidade e buscaram, com soluções criativas e inovadoras, solucionar um problema do cliente potencial. Focadas em resultados, essas pessoas superaram riscos e incertezas, desenvolveram e lideraram equipes capazes de desenvolver e implantar empresas: que entregaram produtos e serviços inovadores e de qualidade; que geraram resultados financeiros ao mesmo tempo; que tinham na ética e na responsabilidade social o alicerce de sua estrutura. Por fim, é difícil dissociar a imagem de um empresário bem-sucedido de um empreendedor, qualquer que seja a área na qual ele atue. Se você realizou os testes de perfil empreendedor e o seu desempenho não foi tão bom quanto esperava, reflita sobre o seu resultado, identifique os pontos que precisam ser melhorados e trabalhe neles. Referências CIA DE TALENTOS. Empresa dos sonhos dos jovens 2012. Cia de Talentos: Apresentação. Disponível em: <http://www.ciadetalentos.com.br/esj/brasil.html>. Acesso em: 10 set. 2015. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 14 COSTA, J. E.; AVEDIANI, R. Libere seu potencial empreendedor. Revista Você S.A., p. 15-19. out. 2009. DRUCKER, P. Innovation and Entrepreneurship. New York: HarperCollins, 1986. FILION, L. J. O planejamento do seu sistema de aprendizagem empresarial: Identifique uma visão e avalie o seu sistema de relações. Revista de Administração de Empresas, FGV, São Paulo, jul./set. 1991. IBQP. Empreendedorismo no Brasil: 2012. Curitiba: IBQP, 2013. KURATKO, D.; HODGETTS, R. Entreprenuership: Theory, Process and Practice. 6. ed. USA: Harcourt College Publishers, 2004. NAKAGAWA, M.H. Faça diferente, faça a diferença. São Paulo: Senac, 2013. NAKAGAWA, M.; BOUER, G.; PAIVA, Pedro Paulo Borges Prata. Bottom-up: Lessons from an entrepreneurship course turnaround. In: GLOBAL INTERNATIONALIZING EDUCATION AND TRAINING CONFERENCE, 16., 2006, São Paulo. Proceedings of 16th Global Internacionalizing Entrepreneurship. PESCE, B. A menina do vale: Como o empreendedorismo pode mudar a sua vida. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2012. Disponível em: <http://www.ameninadovale.com/AMeninadoVale- BelPesce.pdf>. Acesso em: 17 set. 2015. ROGERS, E. M.; LARSEN, J. K. Silicon Valley Fever: Growth of High Tecnology Culture. New York, NY: Basic Books, 1984. SCHERMERHORN, John R. et al. Fundamentos do comportamento organizacional. Porto Alegre: Bookman, 1999. SCHUMPETER, Joseph. Entrepreneurship as Innovation In: SWEDBERG, Richard. Entrepreneurship: The Social Science View. Oxford: Oxford University Press, 2000. SEBRAE. O que é empreendedorismo? 4 nov. 2008. Disponível em: <http://www.mundosebrae. com.br/2008/11/o-que-e-empreendedorismo>. Acesso em: 2 dez. 2015. SIQUEIRA, M. M. M. Medidas do comportamento organizacional. Estudos de Psicologia, v. 7, (número especial), p. 11-18, 2002. Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa Aula 03 Os diferentes empreendedores Objetivos Específicos • Apresentar os principais tipos de empreendedores e a relação com as diversas carreiras. Temas Introdução 1 O empreendedor por necesssidade 2 O empreendedor por oportunidade 3 O empreendedor social 4 O intraempreendedor 5 Empreendendo sua carreira Considerações finais Referências Nelson Nogueira Professor Autor Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 2 Introdução Ser um empreendedor, para Schumpeter (2000) e Drucker (2003), é ser uma pessoa visionária, que tem iniciativa e sabe apresentar propostas inovadoras que solucionam problemas de clientes potenciais. Por isso, empreender não significa ter que abrir seu próprio negócio. O comportamento empreendedor existe em todos os setores, em todos os níveis de carreira, em todos os momentos da vida. As pessoas não nascem empreendedoras, elas sofrem influência do ambiente externo e também se preparam ao longo da vida para ter atitudes e comportamentos que irão auxiliá-las a alcançar seus objetivos. As regras do jogo corporativo mudaram e três ondas de mudanças sobrepõem- se, gerando um grande contexto de turbulência: a passagem de um regime de mercado vendedor para mercado comprador, a globalização dos mercados e a produção e o advento da economia baseada em conhecimento. Estes fatores levam a novas formas de organizar as empresas, seja em termos de estratégias, de arranjos interempresariais, de gestão ou em termos de quem deve, nesse novo desafio, trabalhar nestes novos formatos empresariais. Como resultado destes fatores, temos: • Estruturas enxutas, células de trabalho multidepartamentais; • A função planejamento e desenvolvimento assumindo papel estratégico em termos de inovação de produtos e processo; • A função RH assumindo papel significativo para atrair, reter e desenvolver novos talentos; • Elevação do nível educacional do corpo de funcionários, mais comprometidos e cujas competências agreguem valor ao negócio. Diante desse cenário, as condições para permanecer no mercado ficaram mais difíceis, tanto para a empresa (que precisa absorver estas novas mudanças para não perder competitividade) como também para o funcionário (que precisa desenvolver habilidades e conhecimentos para continuar trabalhando). Ser empreendedor é sem dúvida um diferencial para quem quer se inserir no mercado mesmo frente a tanto desafios. Cada tipo de empreendedor, tema desta aula, tem sua particularidade, mas o importante é notar que seu perfil faz dele um modelo de profissional cobiçado e no qual muitos se inspiram. Vamos conhece-los? Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 3 E agora para onde vamos? Quais as suasexpectativas em relação à sua carreira profissional? 1 O empreendedor por necessidade Segundo o GEM1 (2014), o Brasil continua sendo o primeiro país em empreendedores por necessidade, sendo normalmente o estopim a perda do emprego. Este desempregado que na maioria das vezes não encontra opções de um novo emprego, para continuar o sustento de suas famílias, se aventura em abrir seu próprio negócio. O problema é que este novo negócio nasce, na maioria das vezes, sem nenhum planejamento, incluindo o de mão de obra, que passa a ser a da própria família. Em 2002 os relatórios do GEM mostravam que este era o tipo mais comum de empreendedorismo existente no Brasil: um tipo muito característico em países em desenvolvimento. Como, a priori, inexiste planejamento e inovação nesse modelo, este tipo de negócio tende a fechar ou não consegue ser lucrativo, acarretando a falência e dívidas aos seus sócios. Segundo o IBGE2, no período de 2010 a 2014, metade destas empresas tem uma vida útil de apenas três anos. Fatores que contribuem para isso são a não atualização de seus dirigentes, a falta de inovações na busca de soluções para os clientes e o não entendimento das práticas dos seus concorrentes. “Quando não se consegue um emprego, você abre seu próprio negócio”. Walt Disney, em 1923, ao criar a Disney Brothers Para Nakagawa (2013, p. 39), “[...] o exemplo comum de empreendedorismo por necessidade é aquele sujeito que não conseguiu um emprego e virou um vendedor ambulante que escolheu balas e doces para vender mas vislumbrou nessas balas e doces uma oportunidade de negócio”. 1 GEM – Global Entrepreneurship Monitor (estudos de empreendedorismo no mundo). 2 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 4 2 O empreendedor por oportunidade Collins e Moore (1970, p. 134) apresentaram um quadro fascinante do empreendedor por oportunidade, com base no estudo de 150 deles. Os autores acompanharam suas vidas desde a infância, através da educação formal e informal, até os passos para criarem seus empreendimentos. O que emergiu é um retrato de pessoas duras e pragmáticas, levadas desde a infância por poderosas necessidades de realização e independência. Em algum ponto de sua vida, cada um dos empreendedores enfrentou um rompimento e eles transformaram seus dilemas na projeção de um negócio por conta própria. Em momentos de crise, eles não buscam uma situação de segurança. Eles mergulham em insegurança mais profunda e acreditam que podem obter altos ganhos em ambientes de incertezas. A motivação para o empreendedor por oportunidades é a falta de disposição para submeter-se à autoridade, a busca pela liberdade, pela independência, pela flexibilidade e pelo poder. Mintzberg (2005) conceituou que a estratégia do empreendedor por oportunidades é a busca ativa de novas oportunidades, os problemas são secundários. Como escreveu Drucker (1970, p. 10): “O espírito empreendedor requer que as poucas pessoas boas disponíveis sejam alocadas a oportunidades e não desperdiçadas na solução de problemas”. Além disso, os empreendedores passam rapidamente da identificação da oportunidade para a sua perseguição. Eles são como os camelôs com guarda-chuvas que surgem do nada. Assim, suas ações tendem a ser “revolucionárias, visando ao curto prazo”, em comparação com as ações “evolucionárias” dos administradores, “com longa duração”. Palich (1995) também constatou que “[...] os empreendedores categorizavam cenários de forma muito mais positiva que outras pessoas, isto é, eles identificavam mais forças versus fraquezas, oportunidades versus ameaças e potencial para melhoria de desempenho versus deterioração”. A geração de estratégia na empresa empreendedora é caracterizada por grandes saltos para a frente, face à incerteza. A estratégia move-se para adiante na organização empreendedora pela tomada de grandes decisões – os “golpes ousados”. O executivo principal procura condições de incerteza, pois acredita que dando estes tais “golpes ousados” sairá na frente dos concorrentes e obterá consideráveis ganhos. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 5 Em sua maioria, os jovens presidentes têm a necessidade de construir em vez de manipular. “A expansão é uma espécie de doença nossa”, disse um presidente. “Reconhecemos o fato”, disse outro. “Somos construtores de impérios. A tremenda compulsão e obsessão não é de ganhar dinheiro, mas construir um império” (MINTZBERG, 2005, p. 106). Como as metas da organização são simplesmente a extensão daquelas do empreendedor, a meta dominante da organização que opera de modo empreendedor parece ser o crescimento, a mais tangível manifestação de realização. Seriam os empreendedores mercuriais? A essência do Deus Mercúrio é a transição...de “flutuar livremente...delírio associativo...percepção instantânea ...retrocessos e repetições retóricas e...ações secretas e roubo. Brainstorms, critérios, descobertas por sorte, intuições , o jogo dos sonhos...[são domínio de Mercúrio]”. Seu estilo é a ligação, simultânea ou instantânea, de lugares, pessoas e ideias. Através da sua atividade, partes conflitantes chegam ao acordo, recursos são trocados, transições ocorrem. Mercúrio também possui os atributos de ser astucioso, enganador, engenhoso e presente de forma súbita e mágica. É conhecido por sua desenvoltura, agilidade, esperteza sutil e, em seu papel como mensageiro, é articulado e importante para a condução dos negócios. Sua atitude é irônica e destituída de sentimentos. Atribuímos muitas dessas qualidades aos empreendedores. Nós os vemos como espíritos criativos, oportunistas, persuasivos e mais livres que o homem ou a mulher “organizacional”. Estudos empíricos têm constatado que muitos empreendedores possuem as características de Mercúrio, sendo indivíduos socialmente hábeis e autônomos com necessidades de afiliação, conformidade, ajuda e afeto interpessoal menores que a média. Fonte: Bird (1992, p. 207). 2.1 Reflexões de um empreendedor Vamos agora analisar algumas reflexões de Branson (1986, p. 13-18) sobre o pensamento de muitos empreendedores. “O maior risco que qualquer um de nós pode assumir é investir dinheiro em um negócio que não conhece”. Muito comum entre os pretendentes a empreendedor, gerir um negócio de sucesso será mais fácil se o empreendedor conhecer profundamente todas as etapas do processo de produção do bem ou serviço que ele vende. Gostar de comer pizzas não qualifica o empreendedor a abrir uma pizzaria. Abrir uma pizzaria significa ter um negócio e não apenas fazer um produto. Para ter um negócio, é preciso administrar a área de compras, vendas, atendimento, a área financeira, pensar o desenvolvimento de um produto inovador etc. Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 6 “Não dependo dos outros para fazer levantamentos ou pesquisas de mercado, ou para desenvolver grandes estratégias. Sou de opinião que os riscos são reduzidos pelo meu próprio envolvimento nos detalhes do novo negócio”. Os detalhes são importantes, entretanto, o conhecimento do mercado em que está inserido é fundamental para o sucesso, o conhecimento profundo de todos os aspectos do negócio serve como um guia para tomar as decisões. “Sempre existe outro negócio”. Focar e insistir em determinado segmento de negócio limita suas ações e dificulta o processo de inovação. Verifique possibilidades de ampliar, modernizar o negócio ou de repente atuar dentro do mesmo segmento com um foco diferente. Por exemplo: se você gosta de cozinhar, há várias oportunidades de negócio como um restaurante, uma cozinha industrial, uma fábrica de congelados etc. “À medida que as empresas crescem, cuidado para que a gerência não perca contato com o básico – normalmente o cliente”. Se focarmos no negócio, no produto ou serviço,podemos perder o cliente ou nos distanciarmos dele. Produtos e serviços são criados e aperfeiçoados a partir das informações que chegam deles, a maior fonte de informações para ajustarmos nosso negócio. “Nossa regra – mantenha simples, possibilita a um número de gestores, o desafio e a excitação de dirigir seus próprios negócios”. Simplicidade parece fácil, mas as pessoas complicam muito as coisas. Retire toda burocracia, as operações repetitivas, a papelada, faça fluir os processos, o cliente também não gosta de encontrar dificuldades, ele quer agilidade. “Siga a estratégia do compre, não faça”. Uma tendência do mercado é terceirizar ao máximo aquilo que não é sua especialidade. Você deve se concentrar naquilo que faz de melhor. Quando uma empresa decide fazer tudo, perde o foco e acaba não fazendo nada direito. Existem vários fornecedores que podem ajudar no negócio. “Depois de avaliar um investimento e tendo decidido fazê-lo, não hesite. Vá em frente!”. São características do empreendedor, iniciativa, perseverança, determinação e coragem para correr riscos. Não fique parado. Se esperar muito, a oportunidade passa. Estima-se, segundo dados do GEM (2014, p. 6), que há no Brasil 45 milhões de empreendedores iniciais e estabelecidos entre 18 e 64 anos. Isso representa 34,5% da população brasileira, nesta faixa etária, estimada em 130,7 milhões de indivíduos3. Do total de empreendedores brasileiros, 70,6% o foram por oportunidade, a razão entre oportunidades e necessidade alcançou 2,4. Isso indica que para cada empreendedor que iniciou suas atividades por necessidade 2,4 o fizeram por oportunidade. 3 Projeção PNDA para 2014. (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 7 Imagine um comparativo das características de um empreendedor iniciante e o já estabelecido (Adaptado de GEM, 2014): De um lado temos os empreendedores iniciantes: homens e mulheres são igualmente ativos em termos de atividade empreendedora inicial; indivíduos na faixa etária de 25 a 34 anos são mais ativos em termos de atividade empreendedora inicial; indivíduo com escolaridade entre o primeiro grau incompleto e o nível superior completo são igualmente ativos no que se refere à atividade empreendedora inicial; indivíduo com escolaridade inferior ao primeiro grau incompleto são os menos ativos no empreendedorismo inicial; indivíduos com renda familiar acima de três salários mínimos são os que apresentam maior atividade em termos de empreendedorismo inicial. Do outro lado, temos os empreendedores já estabelecidos: homens são mais ativos do que as mulheres em termos de atividade empreendedora em estágio estabelecido; indivíduos com escolaridade até o segundo grau incompleto são os mais ativos no que se refere à atividade empreendedora em estágio estabelecido; indivíduos com escolaridade superior ao segundo grau completo são os que apresentam menor atividade no que se refere ao empreendedorismo estabelecido; indivíduos com renda familiar acima de seis salários mínimos apresentam maior atividade empreendedora em estágio estabelecido. Percebeu as diferenças? Para conhecer o relatório completo sobre o Empreendedorismo no Brasil, visite a Midiateca da disciplina. Em todos os segmentos ou áreas, temos exemplos de empreendedores, alguns são conhecidos pelo público, através da mídia, pelos seus serviços ou produtos inovadores. Há outros, porém, que não têm grande repercussão pública, mas desenvolvem um trabalho bastante interessante que vale ser destacado. Seguem alguns exemplos: • Caio Maia, aos 36 anos comanda uma rede de 130 pontos de venda, da rede Chili Beans. “Percebi que as pessoas usavam óculos, cada um ao seu estilo, e geralmente compravam de vendedores de praia, em quiosques, a um preço bem baixo. Foi quando senti que podia trazer o conceito para cá”. • Mesiara desenvolve o projeto Quadros Vivos. Criou técnicas de plantio vertical, com fibra de coco, com um sistema especial de impermeabilização e de irrigação. “Quando criei os quadros vivos, sabia que poderia vendê-los no mundo inteiro -todos querem ter plantas e não ter trabalho. Por ter nascido pobre e ter conhecido o outro lado da moeda, quero ajudar outras pessoas a romper com sua realidade” Fonte: Adaptado de Sampaio (2007). Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 8 3 O empreendedor social Os conceitos e o termo empreendedorismo social foram desenvolvidos por Bill Drayton, fundador da Ashoka4, ao estudar indivíduos que combinam pragmatismo, compromisso, resultados e visão de futuro com a intenção de profundas transformações sociais. Segundo Sampaio (2014), o Empreendedor Social é uma pessoa visionária, criativa, prática e pragmática, que sabe como ultrapassar obstáculos para criar mudanças sociais significativas e sistêmicas. Possui uma proposta verdadeiramente inovadora, já com resultados de impacto social positivo na região onde atua, e demonstra estratégias concretas para disseminação desta ideia nacionalmente e/ou internacionalmente. O Empreendedor Social não tem a intenção de ajudar os mais sensíveis e vulneráveis em recursos com a doação de materiais e até dinheiro. Ele acredita que isto não resolve nada, é apenas uma ação de curto prazo. Como ele é visionário, aponta tendências e fornece soluções inovadoras para os problemas sociais e ambientais sob uma ótica diferenciada. Com isso, acelera o processo de mudanças e inspira outros atores a se engajarem em torno de uma causa comum. Para entender melhor precisamos falar um pouco de negócios sociais, segundo ICE-Move (2013, p. 5), dois grandes conceitos levam à definição de negócios sociais, marcados por uma distinção da distribuição dos dividendos: Primeiro: de acordo com a proposta de Muhamed Yunnus, prêmio Nobel da Paz e fundador do Grammen Bank, iniciativa pioneira de investimentos dessa natureza, os negócios sociais devem gerar impacto para populações de baixa renda, e excedentes financeiros (dividendos) reinvestidos na organização, sem possibilidade de distribuição de lucros para os sócios. Segundo: outro segmento dos fundos de investimento de impacto defende que os dividendos podem ser remetidos para os responsáveis pela iniciativa. Entende-se que articular apenas uma definição para negócios sociais não se torna uma barreira para o desenvolvimento desse campo. Entretanto, é importante construir mecanismos capazes de informar o impacto social gerado. Conhecer a capacidade de um negócio gerar impacto social é aspecto determinante para a constituição de sua identidade. Para além das tradicionais categorias de análise de um portfólio de um fundo, que se centram no “retorno” e no “risco”, os negócios sociais incorporam uma terceira dimensão que exige atenção e apresentação de resultados: impacto. 4 A Ashoka é uma organização mundial, sem fins lucrativos, pioneira no campo da inovação social, trabalho e apoio aos Empreendedores Sociais – pessoas com ideias criativas e inovadoras capazes de provocar transformações com amplo impacto social. Veja http://brasil.ashoka. org/conceito Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 9 Exemplos de empreendedor social • Criadora do Projeto “Recicla Jeans”, formando artesãos para a reciclagem de jeans. “São 40 artesãos da favela que, através da orientação de estilistas, redesenham, transformam, apõem apliques e retrabalham roupas produzidas com jeans e resíduos têxteis, que a entidade recebe como doação de fabricantes, lojas e pessoas físicas.” • Rodrigo Baggio, Fundador e diretor executivo do Comitê para a Democratização da Informática. Iniciou uma campanha junto a empresas de computadores para criar escolas de informática em favelas. Após uma palestra em Seatlle, Estados Unidos, conseguiu o apoio do pai de Bill Gates. Um dos seus lemas define suas ideias inovadoras:É preciso diminuir o apartheid digital”. Fonte: Adaptado de Sampaio (2007). O Empreendedor Social, como pessoa ou empresa, não é uma instituição de caridade, uma ONG, o conceito é mais abrangente. Para entender melhor e se aprofundar na temática de negócios sociais, existe o manual do ICE-MOVE, Métricas em negócios de impacto social. Para acessar o link, visite a Midiateca da disciplina. E um caso que repercutiu pelo mundo é do Muhammad Yunus, ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 2006. Sugerimos o filme Empresas Sociais – Danone – Grameen, que narra uma história interessante. 4 O intraempreendedor Segundo a 5IBIE, “Intra-empreeendedores ou empreendedores corporativos são funcionários e/ou colaboradores que se comportam como empreendedores em benefício próprio e da empresa”. Nenhuma empresa ostenta alto desempenho perpétuo: a mesma empresa pode brilhar hoje e ser desastrosa amanhã, os setores se encontram em processo de constante recriação e expansão ao longo do tempo. Os trabalhos de Fleury e Plonski (2004) explicam o porquê da necessidade de um intraempreendedor. 5 IBIE- Instituto brasileiro de intraempreendedorismo www.ibie.com.br http://www.ibie.com.br Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 10 Figura 1 – Evolução da competição Fonte: Adaptada de Fleury e Pionski (2004). A resposta pode ser percebida pela evolução da competição. Ainda há muitas empresas que competem por custo, com produtos baratos. Entretanto, sempre teremos aqueles mais baratos, como os dos concorrentes desleais que não pagam impostos ou aqueles que trazem produtos de outros países em que a mão de obra é duvidosa, sempre no sentido de baratear os custos. No segundo degrau temos a qualidade. Nesta palavra existe vários pontos de vista e o mais importante é aquele dito pelo cliente: qualidade não pode ser um diferencial, ela é obrigação. Compro algo e quero que funcione e que as promessas do fabricante sejam atendidas. O próprio mercado foi limpando as empresas que não produzem qualidade, há uma seleção natural, ficam os bons. No terceiro degrau temos a rapidez. Empresas rápidas, com tecnologias de entrega de ponta, isto tem uma limitação, pela própria logística e administração de materiais e os custos podem subir e serem repassados aos cliente, inclusive a qualidade pode ficar comprometida com toda essa rapidez. No quarto degrau temos a flexibilidade. Produtos personalizados, customizados para cada tipo de cliente, dificultando a administração de produção, estoques, o custeamento, será que todos são lucrativos e os tempos de fabricação como ficam? Imagine você fazendo um pedido na pizzaria: meia mussarela com massa fina e meia portuguesa com massa grossa, e borda de catupiry apenas na pizza portuguesa! Será que as empresas têm essa capacidade para serem flexíveis em seus produtos e serviços? E por último o quinto degrau é a inovação. As empresas competem através da inovação, parece uma febre, todos na atualidade dizem que seus produtos e serviços são inovadores, Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 11 que seus processos são mais eficientes e sustentáveis, exclusivos. Entretanto, para fazer isso é necessário funcionários com comportamento empreendedor, ou seja, visionários, com iniciativa, que identifiquem oportunidades, arrisquem e ofereçam soluções inovadoras. Veja, em detalhes, o comparativo do quadro abaixo entre um empreendedor e um intraempreendedor atuando nestas empresas com foco de inovação: Quadro 1 – Comparativo do empreendedor x intraempreendedor Empreendedor Usa capital próprio ou de terceiros Cria toda a estrutura operacional Maior poder de ação sobre o ambiente Fracasso parcial significa perda de $$ Fracasso total significa falência Ele é o chefe Monta sua própria equipe 99 não e 1 sim: Oportunidade de sucesso!!! Salário? Depende... Intraempreendedor Usa o capital da empresa Usa a estrutura operacional da empresa Maior dependência das características da cultura corporativa Fracasso parcial significa apenas erro e realinhamento do projeto Fracasso total significa aborto do projeto e, no máximo, demissão Ele se reporta a um (ou mais!) chefe(s) É obrigado a se relacionar com quem já está na empresa 99 sins e 1 não; fracasso!!! Salário? Depende... Fonte: Adaptado de IBIE (2013). Exemplos de intraempreendedor • José Eduardo Querido é o primeiro brasileiro a presidir a Singer do Brasil. Foi contratado para gerente de engenharia na Singer, foi encarregado da montagem da manufatura da Singer Xangai, na China, da montagem da fábrica, retornou ao Brasil para dirigir a área industrial do grupo em 2005, assumiu a presidência, a reforma que duplicou a unidade nordestina foi concluída e fixaram a meta de aumentar a produção em 50%. “Sou um empreendedor, não nos moldes tradicionais, sou o que se chama de intra-empreendedor”. • Antonio Maciel Neto, engenheiro paranaense, dirigiu o Grupo Itamarati, a Ferronorte, a Ferropasa e a Cecrisa. Foi contratado para dirigir a filial brasileira da Ford em um momento em que a marca definhava no País. Ele foi responsável pela reestruturação da companhia que teve um aumento de 178% em relação ao resultado de 2004. Em 2006 deixa a Ford para tornar CEO da Suzano Papel e Celulose. “Eu vim à Ford para fazer parte de uma das mais exitosas viradas da indústria automotiva brasileira, que está concluída”. Fonte: Sampaio (2007) • Como exemplo de intraempreendedora temos a Chieko Aoki, fundadora e presidente da rede Blue Tree Hotels. Hoje, ela é uma das empresárias mais Senac São Paulo - Todos os Direitos Reservados Empreendedorismo, Inovação e Economia Criativa 12 respeitadas do país – em 2013 foi eleita pela revista Forbes a segunda mulher de negócios mais poderosa do Brasil. Seus 22 hotéis estão distribuídos por 17 cidades e empregam mais de 2.300 pessoas. Fonte: Adaptado da Fundação Estudar (2015) Visite a Midiateca da disciplina e conheça a dica de Chieko Aoki para oportunidades na carreira! 5 Empreendendo sua carreira A Empreender Endeavor (2010, p. 3) cita que atualmente existe alguns motivos limitantes quando o assunto é a escolha do futuro caminho profissional: • Não há tantos bons empregos com ótimos salários assim – com certeza existem muitos bons empregos com ótimas remunerações, mas em número limitado, • As condições de emprego estão se alterando rapidamente – lealdade e tempo de casa continuam importantes para os empregadores, mas desempenho individual torna-se cada vez mais relevante na manutenção do emprego, • A competição pelas melhores ocupações sempre aumenta – há cada vez mais candidatos por vaga, isto acontece não só no momento da conquista do emprego, mas durante o crescimento profissional dentro da empresa. As novas gerações chegam ao mercado mais preparadas, desafiando os funcionários antigos que muitas vezes são os mais caros da empresa. Por isso não importa a sua área de formação e atuação, a essência do seu sucesso é a criatividade, o espirito empreendedor, o desejo de mudança, a aceitação de desafios, aceitar correr riscos. O mais interessante disso tudo é que as empresas inovadoras ou aquelas constituidas de intraempreendedores sabem como lidar com eles e motivá-los. Veja o gráfico abaixo que mostra os fatores que motivam o desempenho de intraempreendedore. Observe que os três fatores que mais motivam o intraempreendedor são: satisfação pessoal, contribuição para a imagem e crescimento da empresa e intenção de melhorar ou facilitar a execução do próprio trabalho. Vamos explicar um pouco mais: a satisfação pessoal vem em primeiro lugar, trabalhar no que gosta é imprescindível, fazer com que a ida ao trabalho seja prazerosa e envolvente.
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