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Prévia do material em texto

Fundamentos de ComércioFundamentos de Comércio
InternacionalInternacional
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
Bem vindo(a)!
Seja muito bem-vindo(a)!
Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o
início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho,
junto com você, construir nosso conhecimento sobre os fundamentos do comércio
internacional. Além de conhecer seus principais conceitos e de�nições, vamos
explorar fatos históricos e as mais diversas situações do comércio internacional
presentes entre as nações.  
Na Unidade I começaremos a nossa jornada pela evolução das teorias do comércio
internacional, partindo do contexto mercantilista. Essa noção é necessária para que
possamos compreender o início das teorias de comércio internacional. E, assim,
podemos trabalhar com a teoria das vantagens absolutas, teoria das vantagens
comparativas e com os fatores especí�cos e modelo de Hecksher-Ohlin.
Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre os blocos econômicos.
Para isso, vamos detalhar as políticas comerciais que podem ser adotadas pelos
países e, por �m, serão apresentados os diferentes tipos de blocos econômicos e sua
taxonomia.
Depois, nas Unidades III e IV, vamos tratar especi�camente das taxas de câmbio,
regimes cambiais e das políticas macroeconômicas internacionais. Ao longo da
Unidade III vamos destacar as diferentes taxas de câmbio, os regimes cambiais e
como isso in�uencia o comércio com os demais países e, por �m, será apresentado o
balanço de pagamentos e sua relação com as políticas comerciais. Na unidade IV
vamos entender o papel da política macroeconômica internacional, das
regulamentações econômicas e dos diferentes tipos de empresas no mundo
globalizado.
Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada
de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados
em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e
pro�ssional.
Muito obrigado e bom estudo!
Unidade 1
Conceitos do Comércio
Internacional
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
Introdução
Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à primeira unidade da apostila.
Vamos dar início ao estudo sobre os fundamentos do comércio internacional. Essa é
uma área do conhecimento que estuda as teorias do comércio internacional. Estas
têm grande importância por compreenderem as decisões de comércio dos países.
No entanto, antes de iniciar o estudo das teorias do comércio internacional, foi
abordado o período que antecede as teorias tradicionais do comércio internacional,
período esse conhecido como Mercantilismo.
Com o propósito de atingir o crescimento econômico da nação, o Mercantilismo foi
um período no qual os países adotavam políticas de comércio internacional que
tentavam proporcionar maiores ganhos com o comércio internacional. Após as
ações veri�cadas no Mercantilismo, foram criadas as teorias desenvolvidas por
autores clássicos. A primeira teoria foi desenvolvida por Adam Smith, a sua teoria foi
chamada de teoria das vantagens absolutas, essa teoria falava basicamente que os
países deveriam produzir o bem mais barato e importar o bem que era mais caro
para produzir.
A partir da teoria de vantagens absolutas, David Ricardo buscou melhorar essa
teoria, criando a teoria das vantagens comparativas. Segundo essa teoria, os países
deveriam se especializar na produção de bens em que possuíam vantagens
comparativas, ou seja, os países deveriam produzir bens em que apresentavam
maior produção ou menor custo relativamente.
Em seguida, serão apresentadas as teorias neoclássicas, ou seja, as teorias mais
modernas do comércio internacional, sendo o Teorema de Hechscher-Ohlin e, por
�m, as extensões da teoria da vantagem comparativa, que foi abordada a economia
de escala e a concorrência imperfeita no mercado internacional.
Desejamos um ótimo estudo!
Conceitos de Comércio
Internacional, Teorias de
Comércio e sua Evolução
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
Olá, caro(a) aluno(a), neste tópico foram abordados conceitos sobre o comércio
internacional e, antes de iniciar o estudo sobre as teorias do comércio internacional,
é importante conhecer o período anterior à criação das teorias tradicionais do
comércio internacional, com o intuito de saber como se deu a origem das teorias de
comércio internacional, esse período é conhecido como Mercantilismo, portanto,
vamos conhecer mais sobre esse período.
A economia internacional teve início juntamente com o começo do Estado nacional
moderno. O movimento de união das regiões e municípios nos Estados nacionais
levou a uma integração política e econômica. A integração política contribuiu para o
surgimento dos Estados absolutistas, ou seja, que centraliza o poder nas mãos de
uma pessoa, assim as decisões eram tomadas pelos monarcas sem considerar a
opinião da população. A união econômica deu início às práticas realizadas entre os
Estados nacionais conhecidas como Mercantilismo (GONÇALVES, 1998).
Segundo Salvatore (2000), o Mercantilismo surgiu entre os séculos XVII e XVIII, por
meio de ensaios e pan�etos que continham um tipo de �loso�a econômica, escrita
por banqueiros, comerciantes, �lósofos e funcionários públicos. Desse modo, o
Mercantilismo foi um período no qual os países praticavam políticas de comércio
internacional na tentativa de obter maiores ganhos com o comércio internacional,
assim, a partir desses preceitos, os Estados buscavam atingir o crescimento
econômico da nação.
Para facilitar o entendimento de como funcionava as normas estabelecidas pelos
mercantilistas, Brue (2006) apresenta algumas de�nições que representam esse
período, sendo: o ouro e a prata como riqueza; a política protecionista; o
nacionalismo; a colonização e a monopolização do comércio; a relevância de contar
com uma grande de mão de obra; eram contrários a impostos ou qualquer outra
restrição interna sobre o transporte de bens.
Portanto, os mercantilistas consideravam que as nações ricas apresentavam uma
grande quantidade de ouro e prata, ou seja, quanto maior o volume de metais
preciosos, maior era a riqueza do Estado nacional. Além disso, adotavam políticas
protecionistas, cobravam taxas de importação de matérias-primas e manufaturas
que poderiam ser produzidos internamente e as importações de matérias primas
que não poderiam ser produzidas internamente eram isentas de taxas.
Para ser uma nação poderosa, deveria acumular riqueza por meio da exportação aos
países próximos, pois, assim, poderiam colonizar outras nações para se tornar uma
nação mais poderosa. Sendo que os benefícios adquiridos pelas colônias eram
propriedade do país colonizador.
Os mercantilistas também não eram a favor de cobranças de taxas internas ou
outras restrições, essas cobranças poderiam prejudicar as empresas, levando ao
aumento de preços das exportações e, consequentemente, a nação se tornaria
menos competitiva no mercado internacional.
Outra característica que os mercantilistas consideravam importante era uma
grande população de trabalhadores, pois quanto maior a população maior era
produção de bens para a exportação e, considerando os baixos salários dos
trabalhadores, a nação apresentava signi�cativos ganhos no comércio internacional
com acumulação de metais preciosos advindo dos superávits que a nação
apresentava devido às condições aqui apresentadas.
Desse modo, conforme Gonçalves (1998), a política mercantilista tem o intuito de
defender a presença de um monarca absoluto e contribuir com a integração
econômica, jurídica e administrativa nacional e procura proteger o Estado nacional
contra as ameaças externas.
Os mercantilistas entendiam que, para uma nação �car rica e poderosa, era
necessário vender mais para outras nações do que comprar, ou seja, a exportação
deveria ser maior que a importação. Com o superávit da balança comercial,
apresentaria maior entrada de ouro e prata na nação, pois acreditavam que quanto
mais acumulassem de metais preciosos (ouro e prata), mais ricae poderosa seria a
nação. Contudo, devido à limitação da existência de ouro e prata, não existiria a
possibilidade de todas as nações apresentarem ganhos no comércio internacional.
Para que uma nação acumulasse metais preciosos, outra nação deveria perder
(SALVATORE, 2000).
REFLITA
O artigo Os Efeitos do Comércio Exterior sobre a Distribuição de Renda,
de Eli Hecksher, apresentou o esboço do que viria a se torna a “teoria
moderna do comércio internacional”. Como essa teoria pode contribuir
para o comércio internacional hoje?
Fonte: Salvatore (2000, p. 69).
Vantagens Absolutas
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
Considerando as políticas econômicas adotadas pelos mercantilistas, que tinham o
propósito de aumentar o saldo da balança comercial, aumentando as exportações e
diminuindo as importações, surgem questionamentos se o comércio internacional
deveria se limitar a isso. Assim, conforme Salvatore (2000), a obra que marca o início
da ciência econômica é intitulada de A Riqueza das Nações, de 1776, de Adam
Smith.
A partir dessa publicação, surge a teoria de comércio internacional. O argumento de
Adam Smith para o comércio internacional é de que, para que duas nações
comercializem produtos é necessário que as duas apresentem algum benefício. Se
uma nação perdesse ou não apresentasse nenhum ganho, não haveria motivo para
comercializar no mercado internacional (SALVATORE, 2000).
O autor sugere, então, que, para existir o comércio internacional entre os países, é
preciso que esse comércio seja mutuamente bené�co. Portanto foi criada a teoria
das vantagens absolutas, que se refere ao comércio mutuamente bené�co, sendo
que o país deve exportar o bem que apresentar maior vantagem absoluta e
importar o bem que possuir menor vantagem absoluta.
Desse modo, a análise pode ser realizada pela produtividade e pelo custo. Para a
análise pela produtividade, para o produto que o país apresentar maior produção
por unidade de trabalhador, o mesmo deve ser exportado e, o produto que o país
apresentar menor produção deve importar. Para a análise do custo, o produto que
apresentar menor custo de produção o país deve exportar, e o bem que for mais
caro a termos absolutos para produzir o país deve importar, haja vista que o
comércio de duas nações nessas condições é mutuamente bené�co.
A seguir é possível observar um exemplo numérico para a análise, em que será
considerada a teoria das vantagens absolutas para a melhor compreensão dessa
teoria. A Tabela 1 apresenta a produtividade e o custo de produzir soja e trigo no
Brasil (BR) e nos Estados Unidos (EUA) para a análise de qual bem cada país deve
exportar e importar conforme a teoria das vantagens absolutas.
Pela análise da produtividade, a produção de soja por horas de trabalho é de 2 no
Brasil, sendo que o custo de trabalho necessário para produzir 1 kg de soja é de 2,
enquanto nos Estados Unidos a produção de soja por horas de trabalho é de 1, sendo
que o custo de trabalho necessário para produzir 1 kg de soja é de 4. A produção de
trigo por horas de trabalho é de 1 no Brasil, sendo que o custo de trabalho necessário
para produzir 1 kg de soja é de 4, enquanto nos Estados Unidos a produção de trigo
por horas de trabalho é de 2, sendo que o custo de trabalho necessário para produzir
1 kg de trigo é de 2.
Como o custo de produzir soja no Brasil é menor e o custo de produzir trigo é menor
nos Estados Unidos, Brasil e Estados Unidos deveriam se especializar na produção
de soja e trigo, respectivamente. Assim, o Brasil deveria exportar soja e importar
trigo e os Estados Unidos devem exportar trigo e importar soja.
Tabela 1 - Teoria das vantagens absolutas
  Bens
  Produtividade (produção porhoras de trabalho)
Custo (horas de trabalho
necessário para produzir 1kg)
Países Soja Trigo Soja Trigo
BR 2 1 2 4
EUA 1 2 4 2
Fonte: adaptado de Salvatore (2000).
Vantagens Comparativas
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
A contribuição da teoria do comércio internacional de Adam Smith é de grande
importância. No entanto, a comercialização de dois bens entre dois países
apresentará benefícios absolutos para ambos. Diante disso, é de suma importância a
contribuição de David Ricardo com a teoria das vantagens comparativas. De acordo
com Salvatore (2000), a teoria das vantagens comparativas é uma das mais
relevantes teorias da economia até os dias de hoje, com aplicações empíricas.
Podem ser veri�cadas, na teoria das vantagens comparativas de David Ricardo,
algumas características, no qual devem ser levadas em consideração para a melhor
compreensão da teoria, sendo:
a) O comércio de duas economias com diferenças em suas estruturas de produção.
b) O único fator de produção é o trabalho.
c) As duas nações produzem dois produtos.
d) As economias apresentam diferenças no nível de tecnologia.
e) São considerados rendimentos constantes de escala.
f) Não é considerado custo de transporte.
Para a melhor compreensão das características associadas à teoria das vantagens
comparativas, foi veri�cado mais a fundo cada uma delas. Conforme Gonçalves
(1998), a primeira característica destaca que o comércio entre dois países é
mutuamente bené�co, ou seja, é preferível uma nação comercializar bens com
outros países do que ser uma economia fechada, devido à diferença de
produtividade do trabalho nas diferentes nações.
A segunda e a terceira características apresentadas estão relacionadas, pois a
segunda pressupõe que existe apenas o fator de produção trabalho, sendo
necessário para a produção de dois bens em dois países (terceira característica).
Desse modo, os países alocam uma quantidade de trabalho para a produção de
cada bem e, a partir disso, realizar a análise (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005).
A quarta característica está relacionada às tecnologias das economias. De acordo
com Krugman e Obstfeld (2005), o nível de tecnologia de cada nação é determinado
pela produtividade do trabalho das indústrias, sendo que a produção é medida pela
necessidade de cada unidade de trabalho.
Outra característica diz respeito aos rendimentos constantes de escala, ela
apresenta que a produção não é alterada para cada hora de trabalho por
trabalhador, ou seja, a produção de cada hora de trabalho será a mesma em todo o
período (SALVATORE, 2000).
Por �m, a sexta e última característica não considera o custo com transporte.
Portanto, é pressuposto que a circulação de bens entre os países não apresenta
taxas ou custos relacionados ao transporte das mercadorias entre os países, é
considerado apenas o custo relacionado à quantidade de horas de trabalho por
unidade de trabalho (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005).
Agora, a partir das características apresentadas, é possível de�nir o que seria a teoria
das vantagens comparativas. Conforme Gonçalves (1998), a teoria ricardiana pode
ser de�nida como a especialização de cada país no bem em que possui vantagens
comparativas, ou seja, o país deve se especializar na produção de bens em que é
mais e�ciente. Desse modo, os países apresentam ganhos com o comércio
internacional, com exceção de casos em que os países apresentarem custos relativos
iguais entre os produtos.
Essa teoria é um avanço da teoria das vantagens absolutas, pois dois países que
apresentam dois bens devem apresentar para cada bem uma vantagem absoluta,
caso não aconteça, pela teoria das vantagens absolutas não será bené�co. A teoria
das vantagens comparativas mostra que, mesmo um país não apresentando
vantagem absoluta em algum bem, o comércio pode ser bené�co. O comércio pode
ser bené�co por meio da especialização de bens em que o país apresente vantagem
comparativa, ou seja, maior vantagem absoluta e importe bens em que não
apresente vantagem relativa, ou seja, com menor vantagem absoluta.
Para veri�car a teoria das vantagens comparativas em exemplos numéricos, existem
duas maneiras. Uma delas é por meio da produtividade de dois bens entre dois
países, no qual utilizam a mesma quantidade de trabalho. Outro modo muito
utilizado é pelo custo de produção, nesse caso, são analisados os custos paraa
mesma quantidade de produção em cada bem.
É possível veri�car no Quadro 1 um exemplo prático das vantagens comparativas
pela produção, em que os bens são soja e trigo, sendo os países, A e B.
Quando é veri�cada a quantidade que cada país produz de cada bem, deve ser
calculada a produtividade relativa de cada bem para cada país. Para a soja, a
produtividade relativa do país A (PRSA) é a relação entre a produção de soja por
trabalho hora do país A (PSA) e a produção de soja por trabalho hora do país B (PSB).
Para o trigo, a produtividade relativa do país A (PTA) é a relação entre a produção de
trigo por trabalho hora do país A (PTA) e a produção de trigo por trabalho hora do
país B (PTB). Para o país B é o inverso. Portanto, o procedimento foi apresentado a
seguir.
Para o bem soja:
Para o bem trigo:
Quadro 1 – Produção de soja e trigo nos países A e B
    Países
    A B Total
Produção por trabalho hora
Soja 10 5 15
Trigo 8 2 9
Total 13 11 24
Fonte: adaptado de Salvatore (2000, p. 20).
PRSA = PSA / PSB PRSB = PSB / PSA
PRSA = 10 / 5 PRSB = 5 / 10
PRSA = 2 PRSB = 0,5
PRTA = PTA / PTB PRTB = PTB / PTA
PRTA = 8 / 2 PRTB = 2 / 8
PRTA = 4 PRTB = 0,25
Diante das estimações realizadas, percebemos que a maior produção relativa do
país A é de trigo e a maior produção relativa do país B é de soja. Portanto, os países A
e B devem se especializar na produção de trigo e soja, respectivamente. Sendo
assim, foi apresentada no Quadro 2 a produção de cada país com as suas respectivas
especializações na produção dos bens.
Conforme as produções apresentadas, o país A deve produzir 16 unidades de trigo e
o país B deve produzir 10 unidades de soja. Quando comparado a produção total das
duas economias, percebe-se que há um aumento da produção total dos bens, a
produção das nações, sem a especialização, produz 24 unidades, enquanto a
produção com especialização dos países, considerando suas vantagens
comparativas, é de 26 unidades. A seguir foi apresentado, no Quadro 3, um exemplo
prático para análise de custos da produção, em que foram apresentados os custos
de algodão e tecido para os países Alfa e Beta.
Quadro 2 – Produção de soja e trigo nos países A e B considerando suas
especializações
    Países
    A B Total
Produção por trabalho hora
Soja - 10 10
Trigo 16 - 16
Total 16 10 26
Fonte: o autor.
Em relação à análise dos custos relativos, foram identi�cados os custos de produção
de cada país para cada bem, em seguida deve ser calculado o custo relativo de cada
bem para cada país. Para o algodão, o custo relativo do país Alfa (CRAA) é a relação
entre o custo em trabalho hora de produzir uma unidade de algodão no país Alfa
(CAA) e o custo em trabalho hora de produzir uma unidade de algodão no país Beta
(CAB). Para o trigo, o custo relativo do país Beta (CRTA) é a relação entre o custo em
trabalho hora de produzir uma unidade de tecido no país Alfa (CTA) e o custo em
trabalho hora de produzir uma unidade de tecido no país Beta (CTB). Para o país B é
o inverso. Desse modo, segue o procedimento:
Para o bem algodão:
Para o bem tecido:
Quadro 3 – Custo para a produção de algodão e tecido nos países Alfa e Beta
    Países
    Alfa Beta Total
Trabalho hora necessário para a
produção de uma unidade
Algodão 8 4 12
Tecido 15 6 21
Total 23 10 33
Fonte: adaptado de Salvatore (2000, p. 22).
>CRAA = CAA / CAB >CRAB = CAB / CAA
>CRAA = 8 / 4 >CRAB = 4 / 8
>CRAA = 2 >CRAB = 0,5
A partir das estimações realizadas, veri�camos que o menor custo relativo do país
Alfa é de tecido e o menor custo relativo do país Beta, consequentemente, é de
algodão. Portanto, os países Alfa e Beta devem se especializar na produção de tecido
e algodão, respectivamente. Sendo assim, no Quadro 4 foram apresentados os
custos de produção de cada país, com as suas respectivas especializações nos custos
de produção dos bens.
Conforme os custos apresentados, para o país A, o custo para produzir uma unidade
de algodão é de 16 horas de trabalho e para o país B o custo para produzir uma
unidade de tecido é de 12 horas de trabalho. Se comparar com o custo total das duas
economias, percebe-se que ocorre uma redução do custo total dos bens. O custo
das nações sem a especialização é de 33 horas de trabalho, enquanto o custo com
especialização dos países considerando suas vantagens comparativas é de 28 horas
de trabalho.
Portanto, conforme os exemplos apresentados, a teoria das vantagens comparativas
pode apresentar duas formas de análise, pela produtividade e pelo custo, mas que
apresentam o mesmo objetivo: veri�car quais produtos os países devem se
especializar, levando em conta a produção do bem que cada nação é mais e�ciente.
CRTA = CTA / CTB CRTB = CTB / CTA
CRTA = 15 / 6 CRTB = 6 / 15
CRTA = 2,5 CRTB = 0,4
Quadro 4 – Produção de soja e trigo nos países A e B considerando suas
especializações
    Países
    A B Total
Trabalho hora necessário para a produção
de uma unidade
Algodão 16 - 12
Tecido - 12 16
Total 16 12 28
Fonte: o autor.
Fatores Especí�cos e
Modelo de Hecksher-Ohlin
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
Vimos o modelo das vantagens comparativas que considerava como fator de
produção apenas o trabalho. Agora vamos conhecer o modelo conhecido como
modelo de Hecksher-Ohlin, em que considera dois fatores de produção, trabalho (L)
e terra (T). Nesse modelo é veri�cada a relação entre os fatores de produção nos
países e a proporção em que são utilizados para a fabricação de diferentes bens,
sendo assim, também é conhecido como teoria da proporção dos fatores.
Desse modo, o modelo de Hecksher-Ohlin pode ser exposto da seguinte maneira:
Uma nação exportará a commodity cuja produção exija a utilização
intensiva do seu fator relativamente abundante e barato e importará a
commodity cuja produção exija a utilização intensiva do seu fator
relativamente escasso e raro. Em resumo, a nação relativamente rica
em mão de obra exporta a commodity relativamente intensiva em mão
de obra e importa a commodity relativamente intensiva em capital
(SALVATORE, 2000, p. 96).
Segundo Krugman e Obstfeld (2005), o modelo de Hecksher-Ohlin pode ser
abordado a partir de sete pressupostos:
1. Os bens produzidos por uma nação são alimentos e roupas.
2. Para produzir os bens, são considerados dois fatores de produção que são
escassos, sendo trabalho (L) e terra (T).
3. É considerada a concorrência perfeita nos mercados.
4. Para as nações pode ser constatado que a fabricação de alimentos é terra-
intensiva e a fabricação de tecidos é trabalho-intensiva.
5. Os países possuem os mesmos gostos e o mesmo nível de tecnologia.
6. As nações apresentam a mesma capacidade de produção com dois fatores de
produção.
7. Foi considerado que o país local apresenta a relação entre trabalho e terra mais
alta do que o país estrangeiro.
Diante dos pressupostos apresentados, é possível obter uma melhor compreensão
do modelo. A seguir é possível visualizar a quantidade de fatores de produção,
trabalho e terra, empregadas, em que irá depender da quantidade disponível pela
nação. Sendo que cada país escolhe se especializar na produção do bem em que o
fator de produção é intensivo, nesse caso, foram apresentados os fatores de
produção necessários para produzir alimento (Figura 1).
As informações da Figura 1 se referem à quantidade de cada fator de produção para
a produção de uma unidade de alimento em uma economia. Conforme Krugman e
Obstfeld (2005), em relação à diferença do modelo das vantagens comparativas, a
respeito dos fatores de produção, ressalta-se que, com esse modelo, o produtor tem
a possibilidade de alocar os fatores de produção da forma que preferir. Por exemplo,
o produtor pode utilizar uma quantidade maior do insumo trabalho para produzir
alimento, devido à necessidade de mais trabalhadores para a preparação do plantio
de alimentos.
Contudo, em uma análise da razão salário-renda da terra (w/r) em relação à razão
terra-trabalho (T/L), é possível compreender melhor o quarto pressuposto
apresentado do modelo de Hecksher-Ohlin.Assim sendo, foi apresentada na Figura
2 essa relação, considerando a produção de tecidos e a produção de alimentos,
representada pelas curvas TT e AA, respectivamente.
Figura 1 - Possibilidades de insumos na produção de alimentos
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2005, p. 50).
Na Figura 2 a curva TT representa a produção de tecidos, enquanto a curva AA
representa a produção de alimentos, dado pela relação entre a razão salário-renda
da terra e razão terra-trabalho. Pode ser observado que para qualquer nível de
preços, para a produção de alimentos sempre a relação terra-trabalho será maior
que na produção de tecidos. Desse modo, veri�camos a validade do quarto
pressuposto do modelo, pois como a relação terra-trabalho é maior na produção de
alimentos, a produção de alimentos é terra-intensiva e como a produção de tecidos
é menor, a produção de tecidos é trabalho-intensiva.
Considerando como funciona o comportamento da produção de cada economia,
vamos avaliar como os países devem decidir em quais bens se especializarem, dado
que podem escolher como alocar dois fatores de produção. Portanto, no modelo de
Hecksher-Ohlin, as nações apresentaram enfoque na produção de bens que contém
maior abundância de fatores de produção (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005).
Observe que a produção de alimentos é terra-intensiva e a produção de tecidos é
trabalho-intensiva. Diante disso, o país que apresentar abundância no fator de
produção terra deve se especializar na produção de alimento, exportar alimento e
importar tecido. Por outro lado, os países que apresentarem abundância no fator de
produção trabalho, deve se especializar na produção de tecido, exportar tecido e
importar alimento.
Figura 2 - Preço de fatores e escolhas de insumos
Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2005, p. 51).
De um modo geral, o modelo Hecksher-Ohlin apresenta informações para a melhor
compreensão para cada nação e, posteriormente, para o comércio internacional.
Sendo que possui aplicações para ambos os casos.
SAIBA MAIS
Na literatura cientí�ca existem aplicações de teorias econômicas como
do modelo de Hechscher-Ohlin, um exemplo é o artigo intitulado
Liberalização comercial, salários reais e emprego: uma aplicação do
modelo de fatores especí�cos para o Brasil, de autoria de Frederico
Hartmann de Souza, que apresenta o impacto da liberalização
comercial no Brasil, usando o modelo de fatores especí�cos que se
refere ao modelo de Hechscher-Ohlin.
O artigo está disponibilizado nos anais do Encontro Nacional de
Economia.
ACESSAR
http://www.anpec.org.br/novosite/br/encontro-2010
Caro(a) aluno(a), chegamos ao �nal da unidade. Vimos os conceitos, a teoria e a
evolução do comércio internacional, como se deu a origem das teorias de comércio
internacional. O período anterior ao Mercantilismo e, assim, foi possível avaliar os fatos
que ocorreram nesse período e como isso acarretou no início das teorias de comércio
internacional.
O início das teorias de comércio internacional se deu por meio de Adam Smith, com a
teoria das vantagens absolutas. Segundo o autor, as nações deveriam produzir bens
em que tinham custos de produção mais barato, ou seja, as nações devem
exportações produtos que são mais baratos para produzir e importar produtos mais
caros para produzir.
Outro autor da escola clássica, David Ricardo, apresentou também uma importante
contribuição para a teoria do comércio internacional com uma nova teoria que seria
um avanço da teoria de Adam Smith, ele desenvolveu a teoria das vantagens
comparativas. Segundo David Ricardo, os países deveriam se especializar na
produção de bens em que possuíam maior vantagem relativa. Desse modo, as nações
deveriam exportar bens que possuem maiores vantagens relativas e importar bens
que possuem menores vantagens relativas.
E, por �m, o modelo de Heckscher-Ohlin da escola neoclássica, que apresentou uma
teoria mais moderna em relação às teorias apresentadas anteriormente. Essa teoria
não considera apenas o fator de produção trabalho na produção de bens dos países,
ela considera também a terra. Dessa forma, é possível avaliar como os produtores
escolhem a alocação dos fatores produtivos internamente e para o comércio
internacional.
Assim, chegamos ao �nal da unidade. Esperamos que tenha gostado.
Ótimo estudo!
Conclusão - Unidade 1
FICA A DICA
Leitura
MOREIRA, U. Teorias do comércio internacional: um debate sobre a
relação entre crescimento econômico e inserção externa. Revista de
Economia Política, v. 32, n. 2, p. 213-228, 2012.
Livro
Filme
Unidade 2
Blocos Econômicos
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
Introdução
Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) a esta unidade da apostila.
Nesta unidade será estudado sobre as políticas comerciais e a formação dos blocos
econômicos internacionais e sua taxonomia. Essa é uma área do conhecimento que
aborda sobre como os países se comportam no comércio internacional e quais suas
decisões.
Inicialmente, foram estudados os diferentes tipos de instrumentos de política
comercial, sendo as tarifas de importação, as cotas de importação, os subsídios às
exportações e as restrições voluntárias às exportações. Cada uma das políticas
possui suas especi�cidades, porém todas apresentam o mesmo objetivo: proteger a
indústria nacional por meio da restrição de importações para o doméstico.
Em seguida, será apresentado como se deu a abertura econômica nos países em
desenvolvimento e sua relação com as políticas comerciais. Passando pelo período
das economias primário-exportadoras, seguindo para o Processo por Substituição
de Importações até chegar ao período de abertura comercial dos países em
desenvolvimento.
Por �m, vamos estudar sobre os blocos econômicos e sua taxonomia. Sendo que as
estratégias comerciais realizadas pelos países podem ser divididas em regionalismo,
integração econômica e multilateralismo. Serão abordadas as especi�cações de
cada um dos diferentes tipos de blocos econômicos.
Desejamos um ótimo estudo!
Políticas Comerciais
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
Nesta unidade foram abordados os instrumentos das políticas comerciais e sua
adoção em países em desenvolvimento. Além disso, também foram apresentadas as
estratégias comerciais por meio da formação de blocos econômicos, que ocorreram
principalmente com a abertura comercial.
Instrumentos de Política Comercial
As políticas comerciais são ações que os países adotam em relação ao comércio
internacional. Sendo que podem ser utilizados diferentes instrumentos nesse
sentido, como as tarifas ou impostos de importação, os subsídios às exportações, as
cotas de importação e as restrições voluntárias às exportações.
Inicialmente, vamos falar das tarifas de importação, mais especi�camente da tarifa
aduaneira, que é considerada a mais simples das políticas comerciais. As tarifas
aduaneiras se referem a uma tarifa cobrada na importação de alguma mercadoria
(KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). Essa tarifa pode apresentar duas formas,
apresentadas a seguir:
Tarifas especí�cas: para as tarifas especí�cas, como o nome diz, é cobrado um
valor especí�co, �xo, para cada unidade da mercadoria importada. Por
exemplo, para cada saca de milho importada é cobrado o valor de US$ 5,00.
Tarifas ad valorem: para as tarifas ad valorem, o importador deve pagar um
percentual do valor total de mercadorias importadas. Por exemplo: é cobrado
um percentual de 15% do valor total de importação de notebooks.
Entre os instrumentos de políticas comerciais, a tarifa aduaneira, de acordo com
Krugman e Obstfeld (2005), além de ser o mais simples, é a política comercial mais
velha adotada pelos países. A principal motivação das nações adotarem esse tipo de
política é que, além de ser uma fonte de receita para o governo, contribuía para
proteger a indústria de alguns setores importantes na economia, devido à elevação
do preço de produtos das indústrias que fosse objetivo do governo proteger.
A seguir é possível avaliar os efeitos de uma política de tarifas aduaneiras para o país
doméstico, que adota a política, para o país estrangeiroe para o mercado mundial.
Inicialmente vamos veri�car a derivação da curva de demanda por importações e da
curva de oferta de exportações (Figuras 1 e 2).
Analisando a Figura 1, conforme as curvas de oferta e demanda de determinado
bem, veri�camos que um aumento do preço desse bem leva a uma redução da
quantidade demandada, enquanto os produtores elevam a quantidade ofertada do
bem. Diante desse cenário, a quantidade demandada de importação também
apresenta queda.
Portanto, o preço de determinado bem apresenta relação inversa com a quantidade
demandada do bem do próprio país e com a quantidade demandada do país
estrangeiro (importação). A seguir, na Figura 2, foi apresentada a derivação da curva
de oferta de exportação do país estrangeiro.
Figura 1 – Derivando a curva de demanda por importações do país local
Fonte: adaptada de Krugman e Obstfeld (2005).
Figura 2 – Derivando a curva de oferta de exportações do país estrangeiro
Fonte: adaptada de Krugman e Obstfeld (2005).
Considerando a Figura 2, conforme as curvas de oferta e demanda de determinado
bem, veri�camos que uma redução do preço desse bem leva a um aumento da
quantidade demandada do país externo, enquanto os produtores do país
estrangeiro reduzem a quantidade ofertada do bem. Quanto às exportações do país
estrangeiro, ocorre uma redução da quantidade ofertada para exportação.
A partir da derivação das curvas é possível veri�car o preço de equilíbrio mundial,
em que poderá ser apresentado no ponto em que ocorre o cruzamento das curvas
de demanda por importações do país doméstico e de oferta de exportações do país
estrangeiro.
Portanto, a política de tarifas de importação tem como propósito a proteção de
determinados setores da economia doméstica. Pois com a adoção da política, os
preços para importação �cam mais caros e desestimulam a importação para o país
doméstico, fazendo com o preço dos bens nacionais �quem mais atrativos para o
consumo interno.
Sendo assim, foram apresentados na Figura 3 os efeitos de uma política de tarifa no
país doméstico, no país estrangeiro e no mercado mundial. Os efeitos são
apresentados diante de uma condição inicial de equilíbrio mundial em que a
demanda por importações do país doméstico é igual a oferta de exportações do país
estrangeiro
Supondo uma política de tarifas sobre a soja no país doméstico, um aumento dos
preços de P¹ para P² (preço com a tarifa) leva há uma queda da quantidade
demandada e estimula os produtores a aumentar a oferta. A partir disso, as
importações sofrem redução. As consequências para o mercado mundial é que com
o aumento do preço da soja, há uma queda da quantidade de Q¹ para Q².
Figura 3 - Efeitos de uma política de tarifa
Fonte: adaptada de Krugman e Obstfeld (2005).
Além disso, a adoção da política contribui não apenas para o aumento do preço do
país doméstico, mas também para a redução do preço no país estrangeiro. Assim, há
um aumento das exportações e uma redução das importações. Nesse cenário, a
Figura 4 mostra os custos e os benefícios que a política de tarifa causa para os
consumidores e produtores da economia doméstica.
Figura 4 - Excedente do consumidor e do produtor
Fonte: adaptada de Krugman e Obstfeld (2005).
O excedente do consumidor, apresentado na Figura 4 pela área da letra a,
representa quanto o consumidor obteve de prejuízo ao realizar a importação. Desse
modo, deve ser veri�cado, primeiro, a diferença entre o preço que ele estaria
disposto a pagar e o preço que realmente ele pagou e posteriormente a quantidade.
Para uma melhor compreensão, vamos considerar um exemplo, suponha que um
país estaria disposto a pagar por cada computador $ 1.000,00, sendo que ele
compraria 100 unidades de computador. Porém ele pagou $ 1.100,00 e comprou 80
unidades de computador.
A diferença entre o preço que o consumidor pagaria e o preço pago foi de $ 100,00,
sabendo disso, deve ser considerada a quantidade que realmente foi importada.
Portanto, calculamos a área que apresenta o custo do excedente do consumidor,
que uma parte foi de $ 80.000,00, na outra parte, que vai até a curva de demanda,
deve ser multiplicada a diferença do preço, já mencionada, e a diferença na
demanda pelo bem, sendo de 20 unidades, e o resultado divide por dois, sendo o
valor de $ 2.000,00, somando com $ 80.000,00, assim, a perda do excedente do
consumidor apresenta o valor de $ 82.000,00.
Quanto ao excedente do produtor, que foi apresentado pela letra b, representa o
ganho do produtor ao realizar a importação. Inicialmente, também deve ser
considerada a diferença entre o preço que ele estaria disposto a pagar e o preço que
realmente ele pagou e, em seguida, a quantidade. Seguindo com o exemplo citado,
e considerando que a quantidade ofertada aumentou de 100 para 120 unidades de
computador, deve ser veri�cado o valor do ganho do produtor até a quantidade
inicial de exportação, obtido por meio da multiplicação de 1.000 por 100, sendo de $
100.000,00.
Em seguida, na outra parte, que vai até a curva de oferta, deve ser multiplicada a
diferença do preço com a diferença na quantidade ofertada pelo bem, sendo de 20
unidades, e dividir o resultado por dois, sendo o valor de $ 2.000,00, somando com $
100.000,00, portanto, o ganho do excedente do produtor apresenta o valor de $
102.000,00.
A Figura 5 apresenta o grá�co com os custos e benefícios da política de tarifa. A área
da letra a representa o ganho do excedente do produtor. As áreas das letras a, b, c e
d representam a perda de excedente do consumidor. As áreas das letras c e e
representam o ganho da receita do governo.
Figura 5 – Custos e benefícios das tarifas para o país doméstico
Fonte: adaptada de Krugman e Obstfeld (2005).
Desse modo, identi�camos que a utilização de uma política de tarifas de importação
resulta no aumento do preço do bem, aumento da produção interna e redução do
consumo interno. O custo para a economia é a perda do excedente do consumidor
e, em relação aos benefícios, eleva o excedente do produtor e o ganho do governo
com arrecadação.
Contudo, atualmente esse instrumento de política comercial não é a principal
medida adotada pelos países. Também são utilizadas outras políticas comerciais,
como a de cotas de importação e restrições voluntárias às exportações. No qual
depende dos objetivos do governo para o comércio internacional.
Em relação aos subsídios às exportações, representam uma política voltada para
estimular as exportações no país. Um subsídio à exportação se refere a um
pagamento a uma empresa ou indivíduo que exporta. Sendo que esse valor
também pode ser especí�co ou ad valorem. Com a adoção da política de subsídios
às exportações, os exportadores exportam o bem até o ponto em que o preço
doméstico excede o preço estrangeiro no valor do subsídio.
Em relação às consequências da política de subsídios às exportações, foram
identi�cadas as mesmas consequências das políticas de tarifas de importação,
resultando no aumento do preço do bem, aumento da produção interna e redução
do consumo interno. Quanto ao custo para a economia, também há perda do
excedente do consumidor e o governo perde com os gastos com subsídios; em
relação aos benefícios, eleva o excedente do produtor. Portanto, a diferença em
relação às tarifas de importação é que, nesse caso, o governo não ganha, mas
apresenta prejuízo, pois deve arcar com os subsídios aos agentes exportadores.
Outra política muito utilizada é a de cotas de importação. Na política de cotas de
importação há uma restrição sobre a quantidade importada. Assim como na política
de tarifa de importação, também pode ser elevado o preço do bem importado no
país doméstico.
Além disso, uma elevação dos preços no mesmo montante de uma tarifa limita as
importações ao mesmo nível. A grande diferença dessa política em relação às tarifas
de importação é que, nesse caso, o governo não arrecada com a política. O valor que
seria arrecadado pelo governo é recolhido por quem recebe as licenças para
importar.
Por �m, temos a política de restrição voluntária às exportações.Essa política é uma
cota sobre o comércio imposta pelo país exportador, sendo que, em geral, essa
política é imposta a pedido do país importador. Assim sendo, equivale a uma cota de
importação com mais custos, sendo maiores que as tarifas. Portanto, a receita
arrecadada é de posse do país estrangeiro.
A política de restrição voluntária às exportações, diferente das demais políticas, essa
política não é adotada pelo país doméstico, porém, como foi mencionado, ela é
adotada pelo país estrangeiro a pedido do país doméstico, a �m de limitar as
importações do país doméstico. Apesar das diferentes especi�cações dos
instrumentos de políticas comerciais estudados até aqui, todos possuem o mesmo
objetivo: reduzir as importações.
Abertura Econômica para
Países em
Desenvolvimento
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
Até esse momento estudamos sobre os instrumentos de políticas comerciais e
como eles funcionam, porém, é preciso entender também quais as nações que
utilizam e quais seus motivos. No mundo existem economias mais ricas e as mais
pobres, para de�nir é utilizado o valor do Produto Interno Bruto (PIB).
Contudo, devemos diferenciar a análise das maiores economias e das economias
mais ricas. Quando apresentamos as maiores economias, estamos apresentando os
maiores valores do PIB total, enquanto que, quando falamos em economia mais
ricas, a análise apresenta os maiores valores do PIB per capita (que é o valor total do
PIB dividido pela população) conforme foram apresentados na Tabela 1 para o ano
de 2017.
Contudo, devemos diferenciar a análise das maiores economias e das economias
mais ricas. Quando apresentamos as maiores economias, estamos apresentando os
maiores valores do PIB total, enquanto que, quando falamos em economia mais
ricas, a análise apresenta os maiores valores do PIB per capita (que é o valor total do
PIB dividido pela população) conforme foram apresentados na Tabela 1 para o ano
de 2017.
Tabela 1 – Produto Interno Bruto e Produto Interno Bruto per capita, 2017
MAIORES ECONOMIAS ECONOMIAS MAIS RICAS
País
PIB (em
bilhões
$)
PIB per
capita
($)
País
PIB
(em
bilhões
$)
PIB per
capita
($)
Estados
Unidos 19.485,2
60.054,9
(12º) Liechtenstein
6,1
(153º) 166.021,7
China 12039,0 8.682,2(90º) Mônaco
6,4
(151º) 165.421,0
Japão 4.838,1 38.219,7(31º) Luxemburgo
56,5
(75º) 106.805,8
Alemanha 3.333,0 44.976,4(22º) Bermuda
6,5
(150º) 102.192,1
Reino
Unido 2.346,9
39.757,7
(28º) Suíça
657,8
(20º) 801.01,2
Índia 2.331,4 1.923,3(162º) Noruega
354,2
(30º) 75.295,3
França 2.301.2 38414,9(30º) Islândia
21,4
(109º) 73.060,2
Brasil 1.771,8 9821,4(85º) Irlanda
311,0
(35º) 69.603,9
Fonte: IBGE, 2019.
Podem ser observadas na Tabela 1 as oito maiores economias do mundo no ano de
2017, no qual a maior economia do mundo era os Estados Unidos, seguido pela
China, Japão, Alemanha, Reino Unido, Índia, França e Brasil. No entanto, essas
economias não são necessariamente ricas ou desenvolvidas, podemos destacar o
Brasil e a Índia, que são economias em desenvolvimento, porém estão na posição de
85º e 162º maiores economias do mundo, respectivamente. Um fator que pode ser
determinante para a grande produção de bens e serviços �nais nessas economias é
sua extensão territorial e da população.
Por outro lado, as economias mais ricas apresentam o maior PIB per capita, ou seja,
considera a produção medida por pessoa, uma comparação mais viável de riqueza
entre as nações. A economia mais rica do mundo, em 2017, era Liechtenstein,
seguida de Mônaco, Luxemburgo, Bermuda, Suíça, Noruega, Islândia e Irlanda.
Podemos notar que as quatro economias mais ricas possuem o valor total do PIB
relativamente pequeno, quando observado sua posição, dentre os 211 países que
foram extraídos os dados. Isso pode ser explicado pelo baixo número de pessoas
residentes no país.
Deve ser destacado que muitos países desenvolvidos não estão entre as economias
mais ricas. Quanto aos países em desenvolvimento, mesmo que seja uma grande
economia, não pode ser considerada rica ou desenvolvida. Nesse sentido, a tentativa
de alcançar o patamar das economias mais avançadas tem sido uma preocupação
central da política comercial dos países em desenvolvimento.
Segundo Fritsch (2014), até o �nal da década de 1920 as economias em
desenvolvimento apostavam na produção de produtos primários, como o Brasil, em
que seu principal produto de exportação era o café. No entanto, no início do século
XX, as grandes economias passavam por sucessivos choques externos, que iniciaram
em 1914 e foram até a primeira metade da década de 1920. Sendo que o ápice foi em
1929, com a Grande Depressão, que acarretou prejuízos para muitas economias.
No Brasil, que tinha como principal produto exportador o café, o governo teve que
adotar uma política extrema de defesa do preço do café, comprando os estoques de
café, devido à queda da oferta mundial. No entanto, houve, naquele período, uma
superprodução de café que agravou ainda mais a situação. Diante desse cenário, o
governo guardou uma parte do estoque de café e chegou até queimar outra parte
do café (FRITSCH, 2014).
Segundo Krugman e Obstfeld (2005), a partir da década de 1930 houve uma
mudança na adoção de políticas comerciais de muitas economias em
desenvolvimento. Essas economias procuraram adotar políticas comerciais para
barrar a importação de produtos manufaturados, para que pudessem incentivar a
indústria nacional, essa mudança �cou conhecida como industrialização pela
substituição de importações.
O motivo principal pelo qual houve essa mudança para proteger as economias em
desenvolvimento é conhecido como argumento da indústria nascente. Esse
argumento diz que países em desenvolvimento apresentam uma vantagem
comparativa potencial na manufatura, no entanto, as novas indústrias
manufatureiras não podem concorrer com as já estruturadas manufaturas dos
países desenvolvidos (SALVATORE, 2000).
Portanto, muitas economias em desenvolvimento acreditavam que alguns dos seus
setores industriais poderiam se desenvolver com o tempo e se tornarem
competitivos no comércio internacional. No entanto, para que isso ocorra, no início
elas devem ser protegidas por meio de políticas comerciais, com a adoção de
políticas que criam barreiras às importações.
De acordo com Krugman e Obstfeld (2005), apesar de ser um argumento
convincente, sendo utilizado por muitos países em desenvolvimento até a década
de 1970, os economistas identi�caram nessa estratégia algumas armadilhas, tendo
de ser usado com cuidado. Não é sempre que a indústria, que possivelmente será
competitiva, terá que ser protegida. Por exemplo, temos o caso da Coréia do Sul, um
país que, na década de 1980, foi um grande exportador de automóveis, porém tudo
indica que não surtiria resultados desenvolver essa indústria na década de 1960,
devido à escassez de capital e de trabalho quali�cado.
Portanto, para uma nação adotar políticas que favorecem a industrialização
nacional, deve apresentar condições favoráveis, como a abundância dos fatores de
produção. Além dos fatores de produção existem as chamadas falhas de mercado
SAIBA MAIS
Existem muitos trabalhos na literatura cientí�ca que falam sobre
políticas e/ou estratégias comerciais, um exemplo é o artigo intitulado
de A Rodada Doha, as mudanças no regime do comércio internacional
e a política comercial brasileira, de autoria de Susan Elizabethth
Martins Cesar e Eiiti Sato, em que discutem os atuais desa�os do
multilateralismo tradicional no comércio, presentes nos impasses da
Rodada Doha, diante das novas realidades do comércio internacional
globalizado.
O artigo está disponibilizado nos anais do Encontro Nacional de
Economia.
ACESSAR
https://www.redalyc.org/pdf/358/35823357011.pdf
que prejudicam a industrialização doméstica. As falhas de mercado são
representadas por dois argumentos: mercados imperfeitos de capitais e o problema
de apropriabilidade.
A falha de mercado dos mercados imperfeitos de capitais se refere a um país não
possuir instituições �nanceiras que permitam que a poupançade setores
tradicionais seja utilizada para �nanciar novos investimentos. Os lucros iniciais
baixos dos setores manufatureiros serão um obstáculo ao investimento, mesmo que
os retornos de longo prazo desse investimento sejam elevados. Portanto, os setores
industriais precisam da poupança adquirida dos setores tradicionais para que
possam se desenvolver.
A falha de mercado do problema de apropriabilidade pode assumir diferentes
formas, porém todas possuem a ideia em comum de que em uma indústria
manufatureira nascente gera benefícios sociais pelos quais não são compensadas.
As empresas que entram primeiro em uma indústria podem ter que arcar com
custos iniciais de adaptação, de tecnologia ou de abertura de novos mercados.
Enquanto outras �rmas podem seguir as líderes sem incorrer nesses custos iniciais,
assim, as �rmas pioneiras não recebem quaisquer retornos desses reembolsos.
Diante disso, não existem incentivos para a criação de uma nova indústria por parte
das empresas que seriam pioneiras.
Conforme Krugman e Obstfeld (2005), apesar do desenvolvimento das nações
estarem em função das políticas comerciais adotadas, há outro fator que di�culta o
desenvolvimento do país, o desenvolvimento desigual dos setores. Os países que
têm esse desenvolvimento desigual são caracterizados com uma economia dual. Ou
seja, são nações em que o setor manufatureiro apresenta um desenvolvimento
muito maior que o desenvolvimento do setor tradicional.
Para identi�car o dualismo econômico em uma economia, podem ser veri�cados
alguns sintomas:
O valor do produto por trabalhador é muito maior no setor moderno do que no
resto da economia.
Além do produto por trabalhador, o salário também é mais elevado.
Retornos do capital não são necessariamente maiores.
Maior intensidade de capital no setor manufatureiro do que na agricultura.
Além disso, existem duas políticas que podem contribuir para o dualismo
econômico, salários elevados na indústria e de cotas de importação. Com a política
de salários, as empresas oferecem salários elevados na indústria para reduzir a
rotatividade e aumentar o esforço no trabalho, colaborando para a desigualdade dos
setores. Em relação à adoção de cotas de importação, com o comércio mais livre os
salários seriam menores, assim, não contribuiria tanto para a desigualdade dos
salários entre os setores.
A partir da década de 1980, especialmente na década de 1990, houve uma mudança
no ponto de vista do desenvolvimento econômico e política comercial. As nações
em desenvolvimento procuraram se especializar na produção de bens relativamente
e�cientes, ou seja, especialmente nos setores tradicionais.
Os fatores que podem ter contribuído foram, principalmente, aos avanços
tecnológicos e pesquisas para a produção no campo. Diferente do que acontecia até
a década de 1930, em que se especializavam na produção concentrada, no caso do
Brasil, por exemplo, o café, agora procurariam se especializar em uma diversidade
de produtos.
Além disso, com os avanços tecnológicos que ocorreram, houve o fortalecimento da
agroindústria, agora os países em desenvolvimento não só exportavam as
commodities, mas também produtos industrializados que tinham como matéria-
prima os produtos agrícolas.
O Brasil, que apresenta condições favoráveis para a agricultura, é um exemplo
desses avanços que ocorreram. Podem ser citadas algumas ações que aconteceram
no país que foram consequências desses avanços, como o desenvolvimento de
cooperativas agroindustriais e políticas do governo para o fortalecimento de
agricultores familiares com a criação do Programa Nacional do Fortalecimento da
Agricultura Familiar (PRONAF) em 1995.
Formação de Blocos
Econômicos e sua
Taxonomia
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
Devido às mudanças nas políticas comerciais ocorridas nas últimas décadas, a
globalização dos mercados e avanços tecnológicos, transformando a estrutura do
comércio internacional, foi possível observar uma abertura do comércio
internacional, além da adoção de estratégias de comércio internacional que
impacta diretamente nos diversos setores da economia.
Desse modo, foram criadas novas formas de estratégias de comércio internacional,
sendo conhecidas como: regionalismo, integração econômica e multilateralismo.
Cada uma dessas estratégias apresenta suas especi�cidades e são conhecidas como
blocos econômicos.
O regionalismo é uma forma de integração econômica ou política de uma
determinada região, originando os blocos regionais. Um exemplo é a Comissão
Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Um dos fatores que motivam
os países para o regionalismo é a insatisfação com as negociações multilaterais
junto ao órgão internacional do comércio. Esse fator é considerado a principal
motivação, pois as rodadas de negociações realizadas pelo Acordo Geral de Tarifas e
Comércio (GATT) não eram capazes de impedir os aumentos tanto de barreiras
tarifárias como não tarifárias.
Outro fator se refere ao tratamento diferenciado dos produtos agrícolas ou produtos
manufaturados intensivos em mão de obra. O que se percebia eram ações
consideradas bem sucedidas na redução de barreiras para os setores
manufatureiros, ou seja, para os setores industriais. Nesse sentido, os países em
desenvolvimento, nos quais as produções eram em produtos primários, eram
motivados a realizar esse tipo de estratégia de comércio internacional para auferir
ganhos, já que as transações favoráveis seriam para os setores industriais.
Podem ser encontrados três formas de acontecer o regionalismo: blocos regionais;
regionalismo; e polarização. Os blocos regionais se referem à formação dos blocos
regionais, ou seja, consiste na �nalidade de concentrar o comércio internacional
entre os países de um determinado acordo bilateral ou acordo formal de integração
econômica. O regionalismo apresenta elementos de proximidade geográ�ca.
A �nalidade, basicamente, é a mesma de concentrar o comércio internacional entre
os países que fazem parte do bloco. A polarização é uma modalidade que possui
características mais especí�cas, ou seja, visa a concentração do comércio
internacional entre grupos de países em desenvolvimento com um grupo de países
industrializados.
A estratégia comercial mais comum é conhecida como integração econômica. A
integração economia é a união de economias que ultrapassa as fronteiras
geográ�cas, com o intuito de reduzir as barreiras ao comércio. Temos como exemplo
a União Europeia (EU) e o Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul).
As motivações para o processo de integração são de natureza econômica e
incentivam os países à formação de blocos que garantam benefícios aos países
membros do acordo. A integração econômica é composta por fases no seu processo,
em que os países que fazem o acordo devem passar. Essas fases são apresentadas a
seguir:
A. A zona preferencial de comércio: essa fase é conhecida como acordos de
cooperação comercial e caracteriza-se pela eliminação parcial das tarifas em geral,
sob a forma de concessões mútuas (ou não) de redução de tarifas, com ou sem
�xação de cotas de importação. Tendo como exemplo a Associação Latino-
Americana de Integração (ALADI).
B. A zona de livre comércio: essa segunda fase da integração é caracterizada pela
extinção de tarifas aduaneiras e outras restrições ao comércio entre os países
participantes do acordo. A vantagem desse acordo é que cada país preserva sua
autonomia na política comercial em relação aos países fora do acordo, ou seja,
possuem liberdade para práticas de tarifas aduaneiras diferenciadas. Um exemplo
dessa fase é o Tratado de Livre Comércio das Américas (NAFTA).
C. A união aduaneira: essa fase se caracteriza pela ausência de barreiras ao comércio
entre os países participantes do acordo. Além disso, os países membros devem
adotar a prática de uma tarifa externa comum a ser aplicada a países fora do bloco.
Um exemplo é o Mercosul.
D. O mercado comum: é a fase que ocorre a eliminação de barreiras às trocas de
mercadorias e fatores de produção. Portanto, os países desse mercadodevem se
estimular a utilizar os instrumentos de suas políticas em conjunto. O exemplo dessa
fase é a União Europeia.
E. A união econômica: se refere à fase de integração que envolve perda de soberania
nacional para gerir determinadas políticas. É uma fase em que se estabelece uma
autoridade supranacional com aplicação das políticas comuns entre os países
partícipes da união e o exemplo para essa fase é a União Europeia.
F. A união política: é a fase que constituiu a formação de uma confederação de
estados que discutem apenas as áreas acordadas entre esses estados. Trata-se de
uma união política que deve ter práticas de cooperação no âmbito da política
externa e de defesa. Ou seja, é uma fase em que os países não apenas adotam
políticas em comum, mas tem uma cooperação nas políticas de defesa de setores
estratégicos para os países do acordo, sendo que a União Europeia também é o
único bloco que chegou nessa fase de integração. Assim, a União Europeia é o bloco
econômico que apresenta a fase mais avançada de integração econômica.
G. A integração econômica total: considerado o estágio mais avançado de
integração econômica sendo caracterizado pela criação de uma moeda única
comum e de um banco central regional independente, em que se con�gura a
formação de uma união monetária. Esse estágio pressupõe a perda total de
autonomia dos estados nacionais na gestão da política monetária. Ainda não
chegamos nessa etapa de integração, por isso não há exemplos para citar.
O multilateralismo se refere à participação de vários países que se esforçam para
atingir um objetivo comum. Seria necessário adequar as regras do comércio
mundial ao chamado livre comércio e aos benefícios para o bem-estar econômico,
garantindo o livre comércio em escala mundial. Portanto, o multilateralismo visa
bene�ciar o comércio entre os países em todo o mundo, para gerar ganhos não
apenas para um grupo de países, mas para o máximo de países no mundo por meio
das regras do comércio mundial.
REFLITA
A presente unidade mostrou as relações comerciais que cada país pode
ter com o resto do mundo, com diferentes políticas e estratégias
comerciais. Pautado nos conhecimentos adquiridos, o Brasil poderia
adotar alguma ação diferente em relação ao comércio internacional
para contribuir com a retomada do crescimento econômico?
Caro(a) aluno(a), chegamos ao �nal desta unidade conhecendo sobre as políticas
comerciais e as estratégias do comércio internacional. Foi estudado na unidade sobre
os instrumentos de política comercial, que acarretam um aumento do preço dos
produtos importados para o favorecimento da indústria nacional.
Foi veri�cado que existem custos e benefícios da política comercial, os custos podem
ser medidos pela perda do excedente do consumidor e os benefícios podem ser
medidos pelos ganhos do excedente do produtor. Pois, com o aumento dos preços, o
produtor apresenta ganhos, enquanto os consumidores apresentam prejuízos, visto
que devem pagar os bens mais caros. Além disso, o governo também ganha com a
arrecadação.
Os outros instrumentos de política comercial também resultam no aumento de
preços das importações, porém existem outras diferenças. As cotas de importações
apenas limitavam as importações no país doméstico, assim, diferente do que ocorria
com a política de tarifa, o governo não arrecadava. Na política de subsídios às
exportações, além do governo não arrecadar, ainda arcava com os pagamentos de
subsídios às empresas. E a política de restrições voluntárias às exportações, diferente
das demais, não era adotada pelo país doméstico, era realizada pelo país estrangeiro.
No entanto, geralmente essa política era adotada a pedido do país doméstico, desse
modo, a arrecadação era destinada ao país estrangeiro.
Por último, foi estudo sobre a criação dos blocos econômicos e suas especi�cações.
Sendo que os blocos podem ser classi�cados em regionalismo, integração econômica
e multilateralismo. Além disso, foi veri�cado que a integração econômica mais
avançada que existe é a União Europeia.
Assim, chegamos ao �nal da unidade, esperamos que tenha gostado.
Ótimo estudo!
Conclusão - Unidade 2
FICA A DICA
Leitura
PIANI, G.; KUME, H. Fluxos bilaterais de comércio e blocos regionais:
uma aplicação do modelo gravitacional. Rio de Janeiro: IPEA, 2000. 17 p.
(Texto para Discussão, n. 749).
Livro
Filme
Unidade 3
Taxas de Câmbio e
Regimes Cambiais
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
Introdução
Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à terceira unidade da apostila.
Nesta unidade vamos conhecer mais alguns aspectos relevantes sobre a economia 
internacional. Nesse contexto, será abordado mais afundo sobre as transações entre 
os países no comércio internacional e como são contabilizadas essas transações.
Como já vimos, o comércio gera ganhos para a economia mundial. No entanto, 
algumas economias podem se bene�ciar, enquanto outras podem apresentar 
prejuízos no comércio internacional. Inicialmente, foram apresentados os conceitos 
e de�nições das taxas de câmbio, como interfere nas transações no comércio 
internacional, quais os tipos de taxas de câmbio e quais suas utilidades.
Em seguida, será abordado o que são e como funcionam os regimes cambiais nas 
nações, sendo que são adotados como um tipo de política econômica, em que 
depende dos objetivos do governo. Além disso, foi veri�cado como os regimes 
cambiais impactam na economia e quais os impactos para a economia mundial.
Por �m, vamos conhecer a estrutura do Balanço de Pagamentos que representa um 
registro contábil de todas as transações internacionais realizadas de um país com o 
resto do mundo, ou seja, as transações entre residentes e não residentes. E, ainda, 
qual a importância de conhecer essas contas e identi�car qual a real situação 
�nanceira de uma nação no comércio internacional, para que, assim, o governo 
tome as melhores decisões em termos de políticas comerciais.
Desejamos um ótimo estudo a todos!
Taxas de Câmbio
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
O câmbio é considerado um dos preços mais importantes em uma economia
aberta, pois o valor das transações comerciais entre os países é dado por meio desse
preço. Sendo assim, o câmbio possui um papel fundamental na economia, sendo
utilizado por todos, de forma direta ou indireta.
De acordo com Krugman e Obstfeld (2005), a taxa de câmbio pode ser de�nida
como o valor pago de uma moeda para adquirir outra. Portanto, a taxa de câmbio
entre dois países pode ser obtida de duas formas, uma para cada país, sendo que a
valor da taxa de câmbio é dado pelo preço em unidades monetárias do país
doméstico, para adquirir uma unidade monetária do país estrangeiro.
Considere dois países, Brasil e Estados Unidos, sabemos que R$ 4,00 vale US$ 1,00.
Considerando o Brasil como país doméstico, o valor da taxa de câmbio é de R$ 4,00 /
US$ 1,00. Para achar a taxa de câmbio em que, os Estados Unidos é o país doméstico,
devemos veri�car quantos dólares são necessários para comprar um real, sabemos
que US$ 1 vale R$ 4,00, portanto, dividimos 1 / 4, então, a taxa de câmbio para os
Estados Unidos é de US$ 0,25 / R$ 1,00.
De acordo com Ratti (1997), a variação na taxa de câmbio é dada pela oferta e
demanda por moeda estrangeira. Com um aumento da demanda por moeda
estrangeira, ocorre uma depreciação cambial, ou seja, há uma elevação da taxa de
câmbio, pois são necessárias mais unidades de moeda doméstica para comprar
uma unidade de moeda estrangeira. Por outro lado, um aumento da oferta de
moeda provoca uma apreciação cambial, ou seja, uma redução na taxa de câmbio,
assim, é necessário menos unidades de moeda doméstica para comprar uma
unidade de moeda estrangeira.
Consequentemente, como a taxa de câmbio se refere à relação dos preços entre o
país doméstico e o país estrangeiro, uma depreciação cambial no país doméstico,
provoca uma apreciação cambial no país estrangeiro, enquanto a apreciação no país
doméstico resulta em uma depreciação cambial no país estrangeiro (SALVATORE,
2000).
Para as transações comerciais entre asnações, a moeda com maior aceitação é o
dólar, com isso, os bens e serviços negociados no comércio internacional devem ser
comercializados nessa moeda. Além dessa moeda, o Euro (€) e a Libra Esterlina (£)
também apresentam grande aceitação. Com uma alteração no valor da taxa de
câmbio, o preço de bens e serviços no comércio internacional pode �car mais caro
ou mais barato.
Sabendo o valor da taxa de câmbio entre euro e dólar, podemos veri�car qual o valor
das exportações da Espanha para os Estados Unidos. Sendo o valor ganho em euros
para a Espanha e o valor gasto para os Estados Unidos; sendo o valor do câmbio de
€ 1,00 / US$ 1,00 e o valor total das exportações de computadores de US$ 100.000,00,
dado por 100 unidades desta mercadoria, temos que o valor gasto para os Estados
Unidos é de US$100.000,00, enquanto o valor ganho da Espanha era de €
100.000,00.
Considerando as mesmas informações apresentadas no parágrafo anterior, uma
depreciação cambial da Espanha, onde eleva a taxa de € 1,00 / US$ 1,00 para € 2,00 /
US$ 1,00, provoca alterações nos gastos dos Estados Unidos e nos ganhos dos
Estados Unidos para essa comercialização. Para os Estados Unidos a taxa de câmbio
é de US$ 0,50 / € 1,00, assim, o valor gasto dos Estados Unidos é de US$ 50.000,00,
enquanto o ganho das exportações da Espanha é de € 100.000,00.
Isso mostra que houve uma depreciação cambial para a Espanha e, com isso, houve
um benefício para as exportações. Para os Estados Unidos, enquanto importador,
essa mudança no câmbio representou uma apreciação cambial, portanto, também
acarretou em um benefício, pois o custo de importação dos computadores �cou
menor. Por outro lado, essa alteração na taxa de câmbio não é bené�ca para a
importação na Espanha e para os exportadores nos Estados Unidos.
Nesse sentido, podemos destacar as vantagens e desvantagens da depreciação
cambial e da apreciação cambial. Podemos citar como vantagens da depreciação
cambial o incentivo às exportações no país, pois o país �ca mais competitivo no
comércio internacional, gerando, assim, melhores saldos na balança comercial. Por
outro lado, prejudica os importadores, com o aumento dos preços dos produtos
importados, e em uma situação de alta in�ação, pode agravar mais a situação,
levando esse aumento de preços aos consumidores.
Quanto à apreciação cambial, traz incentivos aos importadores, com o preço de
bens e serviços mais baratos, e pode contribuir para barra da in�ação. No entanto, a
apreciação cambial não é bené�ca para os exportadores, com a redução do ganho
no comércio internacional, pois a nação �ca menos competitiva no comércio
internacional.
Conforme Gonçalves (1998), existem dois tipos de taxa de câmbio, a taxa nominal de
câmbio e a taxa real de câmbio. Até agora vimos a taxa nominal de câmbio, que se
refere a quantas unidades monetárias do país doméstico são necessárias para
adquirir uma unidade monetária do país estrangeiro. Formalmente, esse tipo de
taxa de câmbio pode ser expresso por:
Em que,
: representa a taxa nominal de câmbio;
: representa o preço do país doméstico;
: representa o preço do país estrangeiro.
Em relação à taxa real de câmbio: é a taxa em que se podem realizar trocas de bens
e serviços de um país pelos bens e serviços de outro país. Portanto, a taxa de câmbio
real compara os preços de bens domésticos e importados na economia doméstica,
e =
P
P
∗
e
P
P
∗
ou seja, em moeda local. A taxa real de câmbio depende da taxa nominal de câmbio
estrangeiro e dos preços dos bens nos dois países medidos em moedas locais.
Assim, a equação da taxa real de câmbio pode ser expressa por:
No qual,
: representa a taxa real de câmbio;
: representa a taxa nominal de câmbio estrangeiro;
: representa o preço do país doméstico;
: representa o preço do país estrangeiro.
A taxa real câmbio, diferente da taxa nominal, ela compara o preço de bens e
serviços entre dois países na moeda do país local. Enquanto a taxa nominal de
câmbio apresenta o preço em unidades de moeda doméstica em relação a uma
unidade da moeda estrangeira. Para uma melhor compreensão, segue uma
aplicação prática.
No comércio de notebooks entre Brasil e Estados Unidos, sabendo que o Brasil é o
país doméstico, vamos considerar que um notebook custa R$ 3.000,00 no Brasil e
nos Estados Unidos esse mesmo notebook custa US$ 1.500, sendo que a taxa
nominal de câmbio para os Estados Unidos é de R$ 0,25 US$/R$. Vamos identi�car
qual a taxa mais depreciada para o país doméstico, ou seja, para o Brasil.
Inicialmente, devemos identi�car qual a taxa nominal de câmbio. Sabe-se que a taxa
nominal de câmbio para os Estados Unidos é R$ 0,25 US$/R$, portanto, sabemos
que, enquanto o preço local (P) é R$ 1,00, o preço do país estrangeiro é US$ 0,25,
então temos que a taxa nominal de câmbio é:
Sabemos o preço da taxa nominal de câmbio, agora podemos calcular o preço da
taxa real de câmbio para o notebook. Como a taxa real de câmbio é referente aos
bens e serviços, vamos utilizar o preço do notebook nos países:
Diante desse cenário, veri�camos que a taxa real de câmbio é mais apreciada que a
taxa nominal de câmbio. O que in�uencia a taxa real de câmbio é o nível de preços
dos bens e serviços de uma economia em relação à outra. Considerando Brasil e
Estados Unidos, quanto maior a in�ação no Brasil, ceteris paribus, mais depreciada
�ca a taxa real de câmbio e, assim, os bens e serviços brasileiros �cam mais baratos
que os bens e serviços nos Estados Unidos, desestimulando as importações.
eR =
E .  P ∗
P
eR
E
P
P
∗
Xe = = = R$ 4, 00/US$
P
P
∗
1, 00
0, 25
eR = = = R$ 2, 00/US$
e .  P ∗
P
4, 00 .  1500
3000
Ao mesmo tempo em que há uma apreciação da taxa real de câmbio nos Estados
Unidos, sendo que para eles é mais vantajoso importar do Brasil que consumir os
bens e serviços no seu país, visto que os bens e serviços �cam mais caros nos
Estados Unidos. Com um aumento de preços no país estrangeiro (Estados Unidos)
ocorre o efeito contrário.
CONCEITUANDO
Ceteris paribus é uma expressão do latim que signi�ca “tudo o mais é
constante”, ou seja, as demais variáveis permanecem inalteradas.
REFLITA
Dada a importância da taxa de câmbio para o comércio internacional
entre os países, qual a melhor estratégia para uma nação:
desvalorizar/depreciar ou valorizar/apreciar a taxa de câmbio?
Regimes Cambiais e sua
In�uência no Fluxo
Comercial e na Economia
como um Todo
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
Neste tópico será abordado acerca dos regimes cambiais. Como já foi visto no tópico
anterior, podemos veri�car como realizamos a conversão de uma moeda para outra,
a �m de realizar uma compra ou mesmo para comprar moeda estrangeira. Além
disso, aprendemos como comparar os preços de bens e serviços entre dois países.
As nações possuem estratégias para atender suas necessidades econômicas, sendo
uma das mais importantes, a política externa, especialmente em economias abertas.
A política cambial apresenta impacto direto na taxa de câmbio, in�uenciando os
agentes econômicos que participam do comércio internacional.
Segundo Gonçalves (1998), os três principais tipos de regimes cambiais são o regime
de câmbio �xo, o regime de câmbio �utuante e o regime de bandas cambiais,
também conhecido como �utuação suja. No regime de câmbio �xo, a taxa de
câmbio é de�nida pelo governo, e o Banco Central deve mantê-la por meio de
intervenções no mercado de divisas, comprando ou vendendo divisas.
Como já foi estudado anteriormente, o que determina a taxa de câmbio é a oferta e
demanda por moeda estrangeira. Desse modo, o Banco Central utiliza as reservas
internacionais para manter a taxa de câmbio inalterada. Quando há uma
depreciação cambial, os agentes estão demandando mais moeda estrangeira, então
o governo vende divisas. Com o aumento da oferta de divisas o câmbio se aprecia.
Caso houver uma apreciação cambial, o governo deve comprar moeda estrangeira,
assim haverá um aumento da demanda por divisas, fazendo com que a taxa de
câmbio volte ao seu patamar �xado por meio da depreciação cambial.Diante desse
cenário, o governo não pode alterar a oferta de moeda doméstica.
Desse modo, podemos perceber que uma das desvantagens do regime de câmbio
�xo é a perda de política monetária. Além disso, com um câmbio apreciado, as
empresas se tornam menos competitivas no comércio internacional com o menor
ganho, pois os bens e serviços �cam mais baratos.
Por outro lado, quanto às vantagens do comércio internacional, as empresas que
importam matéria-prima contam com preços mais atrativos. E ainda, com o câmbio
�xado, pode contribuir para o controle da in�ação por meio de uma âncora cambial.
CONCEITUANDO
Divisas se refere à moeda estrangeira.
Com o preço de bens e serviços do exterior mais competitivo no mercado
doméstico, as empresas nacionais tendem a reduzir os preços, resultando em um
controle do nível de preços.
Um exemplo do controle do nível de preços é o caso do Brasil na implementação do
Plano Real, em 1994. Um real valia um dólar dos Estados Unidos. Isso também foi
possível pela abundante quantidade de reservas internacionais. No primeiro
semestre deste ano, a in�ação estava em torno de 40% e 50% ao mês, sendo que no
primeiro mês com a nova moeda, a in�ação foi de 10% e no �nal do ano chegou a 1%,
mostrando o resultado dessa política naquele momento (ABREU; WERNECK, 2014).
Quanto ao regime de câmbio �utuante, a taxa de câmbio é de�nida pelo mercado
de divisas, sem a intervenção do governo, ou seja, é dado pela oferta e demanda de
divisas. Sendo assim, a taxa de câmbio �utua de acordo com os movimentos do
mercado, um aumento da demanda por divisas aumenta a taxa de câmbio, ou seja,
ocorre uma depreciação da taxa de câmbio. Enquanto o aumento da oferta de
divisas resulta em uma apreciação da taxa de câmbio.
Esse regime cambial também apresenta vantagens e desvantagens para uma
economia. Com a moeda nacional desvalorizada, os agentes exportadores se
bene�ciam com a maior competitividade no comércio internacional. Além disso, o
governo não intervém no mercado de divisas, �cando livre para direcionar as
políticas monetárias para atender outros objetivos, como estimular a atividade
econômica.
A desvantagem do regime de câmbio �utuante é que a taxa de câmbio pode se
tornar muito volátil, apresentando oscilações bruscas. Desvalorizações elevadas
podem interferir no nível de preço do país e, ainda, prejudica os importadores com o
aumento de preços de bens e serviços.
Em relação ao regime de bandas cambiais, pode-se dizer que está entre o regime de
câmbio �xo e o regime de câmbio �utuante. As alterações da taxa de câmbio, assim
como no regime de câmbio �utuante, são determinadas pelo mercado de divisas,
porém é determinado um limite máximo e mínimo em que a taxa de câmbio pode
�utuar. Caso ocorra uma situação de ultrapassar esse limite, o governo pode intervir
no mercado cambial, comprando ou vendendo divisas para que a taxa de câmbio
retorne ao intervalo estabelecido.
O Balanço de Pagamentos e
sua Relação com as
Políticas Comerciais
AUTORIA
Marcos Aurélio Brambilla
O Balanço de Pagamentos apresenta os registros das mais variadas formas de
transações comerciais de um país com o resto do mundo, sendo que, de acordo com
Krugman e Obstfeld (2005), podem ser classi�cadas em três grandes contas:
exportações e importações de bens e serviços; compra e venda de ativos �nanceiros;
e outras atividades que resultam em transferência de riqueza entre as nações.
Além da importância de controlar todas as contas que apresentam transações
comerciais, é possível realizar comparações entre os países devido à forma uni�cada
que as nações adotam para realizar esses registros. Essa forma se refere ao Manual
de Balanço de Pagamentos e Posição de Investimento Internacional (BPM), que, no
decorrer dos anos, sofreu algumas alterações, vamos estudar a edição mais recente
(6ª edição).
O comércio internacional tem grande in�uência sobre as economias. Desse modo, a
partir das informações obtidas no Balanço de Pagamentos é possível realizar
algumas análises estatísticas, que servem como base para a tomada de decisão
acerca do comércio internacional; assim, o governo procura adotar as melhores
políticas comerciais. Além disso, esses dados são de interesse do público em geral,
dado o modo que é divulgado pelos meios de comunicação (KRUGMAN; OBSTFELD,
2005).
Para entender como funcionam as transações comerciais de um país com o resto do
mundo, primeiro, é necessário saber a classi�cação dessas transações. De acordo
com Salvatore (2000), as transações devem ser classi�cadas como débitos e créditos.
A moeda utilizada hoje é o dólar, que apresenta maior hegemonia mundial, aceita
pelas nações.
Os créditos se referem ao recebimento em valores monetários de países
estrangeiros, portanto, no Balanço de Pagamentos os créditos devem ser lançados
com valor positivo (+) por estarem entrando recursos �nanceiros no país. Por outro
lado, os débitos são as transações relativas aos pagamentos às outras economias,
assim, essas transações são lançadas com sinal negativo (-) no Balanço de
Pagamentos, nesse caso, estão saindo recursos �nanceiros do país.
Vale ressaltar que todas as contas contabilizadas no Balanço de Pagamentos
seguem o princípio das partidas dobradas, vindo da contabilidade. Conforme esse
princípio, cada conta é lançado duas vezes no Balanço de Pagamentos, um
lançamento é realizado como crédito e outro é realizado como débito no mesmo
valor, sendo que no �nal o valor dos débitos deve ser igual ao valor dos créditos no
Balanço de Pagamentos (SALVATORE, 2000).
Segundo Krugman e Obstfeld (2005), o Balanço de Pagamentos é dividido em três
contas gerais que apresentam as diferentes formas de transações entre residentes e
não residentes, sendo:
1. Conta Corrente (CC): essa conta registra as transações comerciais de bens e
serviços de rendas de capital e do trabalho e as transferências unilaterais de
renda entre o país e o resto do mundo.
2. Conta Capital (CK): nessa conta são registrados os �uxos de capitais entre o
país e o resto do mundo.
3. Conta Financeira (CF): essa conta registra as transações de ativos �nanceiros,
reais e intangíveis entre residentes e não residentes.
Os lançamentos de transações com outros países são realizados nessas três contas.
Para a melhor compreensão da estrutura do Balanço de Pagamentos, foram
apresentadas, no Quadro 1, contas mais especi�cas referente a 6ª Edição do Manual
de Balanço de Pagamentos e Posição de Investimento Internacional (BPM6).
Quadro 1 – Resumo da estrutura do Balanço de Pagamentos (BPM6)
1 CONTA CORRENTE (CC)
1.1 Balança Comercial (BC)
Exportações (X)
Importações (M)
1.2 Balança de Serviços (BS)
Transportes
Seguros
Royalties
Viagens
Aluguel de equipamentos
Serviços empresariais, pro�ssionais e técnicos
Outros serviços
1.3. Renda Primária (Balança de Rendas) – (PR ou BR)
Salários
Lucros e dividendos
Juros
1.4. Renda Secundária (Transferências Unilaterais) – (RS ou TU)
Doações
Ajuda humanitária
Na Conta Corrente (CC), a primeira conta apresentada é a Balança Comercial (BC),
nessa conta será realizado o registro das mercadorias, ou seja, dos bens tangíveis.
Seu saldo é dado por meio da diferença entre Exportações (X) e Importações (M).
Quando o valor das Exportações supera o valor das Importações, temos um
superávit na BC. Caso contrário, quando as Importações superam o valor das
Exportações, a BC apresentará um dé�cit.
1.5. Saldo em Transações Correntes (1.5 = 1.1 + 1.2 + 1.3 + 1.4)
2 CONTA CAPITAL (CK)
Patentes
Propriedade intelectual
Direitos autorais
3 CONTA FINANCEIRA (CF)
Investimento Estrangeiro Direto (IED)
Ações
Títulos Públicos
Empréstimos e Financiamentos
Amortizações
4 ERROS E OMISSÕES
5 SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (SBP) (5 = 1 + 2 + 3 + 4)
6 HAVERES DA AUTORIDADE MONETÁRIA (HAM) (6 = -5))
Ouro
Reservas internacionais
Fonte: adaptado do Banco Central do Brasil (2019).
Em seguida é apresenta a Balança de Serviços (BS), nessa conta serão agregadas as
transações de serviços, ou seja, de bens intangíveis.

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