Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fundamentos de ComércioFundamentos de Comércio InternacionalInternacional AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla Bem vindo(a)! Seja muito bem-vindo(a)! Prezado(a) aluno(a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto com você, construir nosso conhecimento sobre os fundamentos do comércio internacional. Além de conhecer seus principais conceitos e de�nições, vamos explorar fatos históricos e as mais diversas situações do comércio internacional presentes entre as nações. Na Unidade I começaremos a nossa jornada pela evolução das teorias do comércio internacional, partindo do contexto mercantilista. Essa noção é necessária para que possamos compreender o início das teorias de comércio internacional. E, assim, podemos trabalhar com a teoria das vantagens absolutas, teoria das vantagens comparativas e com os fatores especí�cos e modelo de Hecksher-Ohlin. Já na Unidade II vamos ampliar nossos conhecimentos sobre os blocos econômicos. Para isso, vamos detalhar as políticas comerciais que podem ser adotadas pelos países e, por �m, serão apresentados os diferentes tipos de blocos econômicos e sua taxonomia. Depois, nas Unidades III e IV, vamos tratar especi�camente das taxas de câmbio, regimes cambiais e das políticas macroeconômicas internacionais. Ao longo da Unidade III vamos destacar as diferentes taxas de câmbio, os regimes cambiais e como isso in�uencia o comércio com os demais países e, por �m, será apresentado o balanço de pagamentos e sua relação com as políticas comerciais. Na unidade IV vamos entender o papel da política macroeconômica internacional, das regulamentações econômicas e dos diferentes tipos de empresas no mundo globalizado. Aproveito para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material. Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal e pro�ssional. Muito obrigado e bom estudo! Unidade 1 Conceitos do Comércio Internacional AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla Introdução Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à primeira unidade da apostila. Vamos dar início ao estudo sobre os fundamentos do comércio internacional. Essa é uma área do conhecimento que estuda as teorias do comércio internacional. Estas têm grande importância por compreenderem as decisões de comércio dos países. No entanto, antes de iniciar o estudo das teorias do comércio internacional, foi abordado o período que antecede as teorias tradicionais do comércio internacional, período esse conhecido como Mercantilismo. Com o propósito de atingir o crescimento econômico da nação, o Mercantilismo foi um período no qual os países adotavam políticas de comércio internacional que tentavam proporcionar maiores ganhos com o comércio internacional. Após as ações veri�cadas no Mercantilismo, foram criadas as teorias desenvolvidas por autores clássicos. A primeira teoria foi desenvolvida por Adam Smith, a sua teoria foi chamada de teoria das vantagens absolutas, essa teoria falava basicamente que os países deveriam produzir o bem mais barato e importar o bem que era mais caro para produzir. A partir da teoria de vantagens absolutas, David Ricardo buscou melhorar essa teoria, criando a teoria das vantagens comparativas. Segundo essa teoria, os países deveriam se especializar na produção de bens em que possuíam vantagens comparativas, ou seja, os países deveriam produzir bens em que apresentavam maior produção ou menor custo relativamente. Em seguida, serão apresentadas as teorias neoclássicas, ou seja, as teorias mais modernas do comércio internacional, sendo o Teorema de Hechscher-Ohlin e, por �m, as extensões da teoria da vantagem comparativa, que foi abordada a economia de escala e a concorrência imperfeita no mercado internacional. Desejamos um ótimo estudo! Conceitos de Comércio Internacional, Teorias de Comércio e sua Evolução AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla Olá, caro(a) aluno(a), neste tópico foram abordados conceitos sobre o comércio internacional e, antes de iniciar o estudo sobre as teorias do comércio internacional, é importante conhecer o período anterior à criação das teorias tradicionais do comércio internacional, com o intuito de saber como se deu a origem das teorias de comércio internacional, esse período é conhecido como Mercantilismo, portanto, vamos conhecer mais sobre esse período. A economia internacional teve início juntamente com o começo do Estado nacional moderno. O movimento de união das regiões e municípios nos Estados nacionais levou a uma integração política e econômica. A integração política contribuiu para o surgimento dos Estados absolutistas, ou seja, que centraliza o poder nas mãos de uma pessoa, assim as decisões eram tomadas pelos monarcas sem considerar a opinião da população. A união econômica deu início às práticas realizadas entre os Estados nacionais conhecidas como Mercantilismo (GONÇALVES, 1998). Segundo Salvatore (2000), o Mercantilismo surgiu entre os séculos XVII e XVIII, por meio de ensaios e pan�etos que continham um tipo de �loso�a econômica, escrita por banqueiros, comerciantes, �lósofos e funcionários públicos. Desse modo, o Mercantilismo foi um período no qual os países praticavam políticas de comércio internacional na tentativa de obter maiores ganhos com o comércio internacional, assim, a partir desses preceitos, os Estados buscavam atingir o crescimento econômico da nação. Para facilitar o entendimento de como funcionava as normas estabelecidas pelos mercantilistas, Brue (2006) apresenta algumas de�nições que representam esse período, sendo: o ouro e a prata como riqueza; a política protecionista; o nacionalismo; a colonização e a monopolização do comércio; a relevância de contar com uma grande de mão de obra; eram contrários a impostos ou qualquer outra restrição interna sobre o transporte de bens. Portanto, os mercantilistas consideravam que as nações ricas apresentavam uma grande quantidade de ouro e prata, ou seja, quanto maior o volume de metais preciosos, maior era a riqueza do Estado nacional. Além disso, adotavam políticas protecionistas, cobravam taxas de importação de matérias-primas e manufaturas que poderiam ser produzidos internamente e as importações de matérias primas que não poderiam ser produzidas internamente eram isentas de taxas. Para ser uma nação poderosa, deveria acumular riqueza por meio da exportação aos países próximos, pois, assim, poderiam colonizar outras nações para se tornar uma nação mais poderosa. Sendo que os benefícios adquiridos pelas colônias eram propriedade do país colonizador. Os mercantilistas também não eram a favor de cobranças de taxas internas ou outras restrições, essas cobranças poderiam prejudicar as empresas, levando ao aumento de preços das exportações e, consequentemente, a nação se tornaria menos competitiva no mercado internacional. Outra característica que os mercantilistas consideravam importante era uma grande população de trabalhadores, pois quanto maior a população maior era produção de bens para a exportação e, considerando os baixos salários dos trabalhadores, a nação apresentava signi�cativos ganhos no comércio internacional com acumulação de metais preciosos advindo dos superávits que a nação apresentava devido às condições aqui apresentadas. Desse modo, conforme Gonçalves (1998), a política mercantilista tem o intuito de defender a presença de um monarca absoluto e contribuir com a integração econômica, jurídica e administrativa nacional e procura proteger o Estado nacional contra as ameaças externas. Os mercantilistas entendiam que, para uma nação �car rica e poderosa, era necessário vender mais para outras nações do que comprar, ou seja, a exportação deveria ser maior que a importação. Com o superávit da balança comercial, apresentaria maior entrada de ouro e prata na nação, pois acreditavam que quanto mais acumulassem de metais preciosos (ouro e prata), mais ricae poderosa seria a nação. Contudo, devido à limitação da existência de ouro e prata, não existiria a possibilidade de todas as nações apresentarem ganhos no comércio internacional. Para que uma nação acumulasse metais preciosos, outra nação deveria perder (SALVATORE, 2000). REFLITA O artigo Os Efeitos do Comércio Exterior sobre a Distribuição de Renda, de Eli Hecksher, apresentou o esboço do que viria a se torna a “teoria moderna do comércio internacional”. Como essa teoria pode contribuir para o comércio internacional hoje? Fonte: Salvatore (2000, p. 69). Vantagens Absolutas AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla Considerando as políticas econômicas adotadas pelos mercantilistas, que tinham o propósito de aumentar o saldo da balança comercial, aumentando as exportações e diminuindo as importações, surgem questionamentos se o comércio internacional deveria se limitar a isso. Assim, conforme Salvatore (2000), a obra que marca o início da ciência econômica é intitulada de A Riqueza das Nações, de 1776, de Adam Smith. A partir dessa publicação, surge a teoria de comércio internacional. O argumento de Adam Smith para o comércio internacional é de que, para que duas nações comercializem produtos é necessário que as duas apresentem algum benefício. Se uma nação perdesse ou não apresentasse nenhum ganho, não haveria motivo para comercializar no mercado internacional (SALVATORE, 2000). O autor sugere, então, que, para existir o comércio internacional entre os países, é preciso que esse comércio seja mutuamente bené�co. Portanto foi criada a teoria das vantagens absolutas, que se refere ao comércio mutuamente bené�co, sendo que o país deve exportar o bem que apresentar maior vantagem absoluta e importar o bem que possuir menor vantagem absoluta. Desse modo, a análise pode ser realizada pela produtividade e pelo custo. Para a análise pela produtividade, para o produto que o país apresentar maior produção por unidade de trabalhador, o mesmo deve ser exportado e, o produto que o país apresentar menor produção deve importar. Para a análise do custo, o produto que apresentar menor custo de produção o país deve exportar, e o bem que for mais caro a termos absolutos para produzir o país deve importar, haja vista que o comércio de duas nações nessas condições é mutuamente bené�co. A seguir é possível observar um exemplo numérico para a análise, em que será considerada a teoria das vantagens absolutas para a melhor compreensão dessa teoria. A Tabela 1 apresenta a produtividade e o custo de produzir soja e trigo no Brasil (BR) e nos Estados Unidos (EUA) para a análise de qual bem cada país deve exportar e importar conforme a teoria das vantagens absolutas. Pela análise da produtividade, a produção de soja por horas de trabalho é de 2 no Brasil, sendo que o custo de trabalho necessário para produzir 1 kg de soja é de 2, enquanto nos Estados Unidos a produção de soja por horas de trabalho é de 1, sendo que o custo de trabalho necessário para produzir 1 kg de soja é de 4. A produção de trigo por horas de trabalho é de 1 no Brasil, sendo que o custo de trabalho necessário para produzir 1 kg de soja é de 4, enquanto nos Estados Unidos a produção de trigo por horas de trabalho é de 2, sendo que o custo de trabalho necessário para produzir 1 kg de trigo é de 2. Como o custo de produzir soja no Brasil é menor e o custo de produzir trigo é menor nos Estados Unidos, Brasil e Estados Unidos deveriam se especializar na produção de soja e trigo, respectivamente. Assim, o Brasil deveria exportar soja e importar trigo e os Estados Unidos devem exportar trigo e importar soja. Tabela 1 - Teoria das vantagens absolutas Bens Produtividade (produção porhoras de trabalho) Custo (horas de trabalho necessário para produzir 1kg) Países Soja Trigo Soja Trigo BR 2 1 2 4 EUA 1 2 4 2 Fonte: adaptado de Salvatore (2000). Vantagens Comparativas AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla A contribuição da teoria do comércio internacional de Adam Smith é de grande importância. No entanto, a comercialização de dois bens entre dois países apresentará benefícios absolutos para ambos. Diante disso, é de suma importância a contribuição de David Ricardo com a teoria das vantagens comparativas. De acordo com Salvatore (2000), a teoria das vantagens comparativas é uma das mais relevantes teorias da economia até os dias de hoje, com aplicações empíricas. Podem ser veri�cadas, na teoria das vantagens comparativas de David Ricardo, algumas características, no qual devem ser levadas em consideração para a melhor compreensão da teoria, sendo: a) O comércio de duas economias com diferenças em suas estruturas de produção. b) O único fator de produção é o trabalho. c) As duas nações produzem dois produtos. d) As economias apresentam diferenças no nível de tecnologia. e) São considerados rendimentos constantes de escala. f) Não é considerado custo de transporte. Para a melhor compreensão das características associadas à teoria das vantagens comparativas, foi veri�cado mais a fundo cada uma delas. Conforme Gonçalves (1998), a primeira característica destaca que o comércio entre dois países é mutuamente bené�co, ou seja, é preferível uma nação comercializar bens com outros países do que ser uma economia fechada, devido à diferença de produtividade do trabalho nas diferentes nações. A segunda e a terceira características apresentadas estão relacionadas, pois a segunda pressupõe que existe apenas o fator de produção trabalho, sendo necessário para a produção de dois bens em dois países (terceira característica). Desse modo, os países alocam uma quantidade de trabalho para a produção de cada bem e, a partir disso, realizar a análise (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). A quarta característica está relacionada às tecnologias das economias. De acordo com Krugman e Obstfeld (2005), o nível de tecnologia de cada nação é determinado pela produtividade do trabalho das indústrias, sendo que a produção é medida pela necessidade de cada unidade de trabalho. Outra característica diz respeito aos rendimentos constantes de escala, ela apresenta que a produção não é alterada para cada hora de trabalho por trabalhador, ou seja, a produção de cada hora de trabalho será a mesma em todo o período (SALVATORE, 2000). Por �m, a sexta e última característica não considera o custo com transporte. Portanto, é pressuposto que a circulação de bens entre os países não apresenta taxas ou custos relacionados ao transporte das mercadorias entre os países, é considerado apenas o custo relacionado à quantidade de horas de trabalho por unidade de trabalho (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). Agora, a partir das características apresentadas, é possível de�nir o que seria a teoria das vantagens comparativas. Conforme Gonçalves (1998), a teoria ricardiana pode ser de�nida como a especialização de cada país no bem em que possui vantagens comparativas, ou seja, o país deve se especializar na produção de bens em que é mais e�ciente. Desse modo, os países apresentam ganhos com o comércio internacional, com exceção de casos em que os países apresentarem custos relativos iguais entre os produtos. Essa teoria é um avanço da teoria das vantagens absolutas, pois dois países que apresentam dois bens devem apresentar para cada bem uma vantagem absoluta, caso não aconteça, pela teoria das vantagens absolutas não será bené�co. A teoria das vantagens comparativas mostra que, mesmo um país não apresentando vantagem absoluta em algum bem, o comércio pode ser bené�co. O comércio pode ser bené�co por meio da especialização de bens em que o país apresente vantagem comparativa, ou seja, maior vantagem absoluta e importe bens em que não apresente vantagem relativa, ou seja, com menor vantagem absoluta. Para veri�car a teoria das vantagens comparativas em exemplos numéricos, existem duas maneiras. Uma delas é por meio da produtividade de dois bens entre dois países, no qual utilizam a mesma quantidade de trabalho. Outro modo muito utilizado é pelo custo de produção, nesse caso, são analisados os custos paraa mesma quantidade de produção em cada bem. É possível veri�car no Quadro 1 um exemplo prático das vantagens comparativas pela produção, em que os bens são soja e trigo, sendo os países, A e B. Quando é veri�cada a quantidade que cada país produz de cada bem, deve ser calculada a produtividade relativa de cada bem para cada país. Para a soja, a produtividade relativa do país A (PRSA) é a relação entre a produção de soja por trabalho hora do país A (PSA) e a produção de soja por trabalho hora do país B (PSB). Para o trigo, a produtividade relativa do país A (PTA) é a relação entre a produção de trigo por trabalho hora do país A (PTA) e a produção de trigo por trabalho hora do país B (PTB). Para o país B é o inverso. Portanto, o procedimento foi apresentado a seguir. Para o bem soja: Para o bem trigo: Quadro 1 – Produção de soja e trigo nos países A e B Países A B Total Produção por trabalho hora Soja 10 5 15 Trigo 8 2 9 Total 13 11 24 Fonte: adaptado de Salvatore (2000, p. 20). PRSA = PSA / PSB PRSB = PSB / PSA PRSA = 10 / 5 PRSB = 5 / 10 PRSA = 2 PRSB = 0,5 PRTA = PTA / PTB PRTB = PTB / PTA PRTA = 8 / 2 PRTB = 2 / 8 PRTA = 4 PRTB = 0,25 Diante das estimações realizadas, percebemos que a maior produção relativa do país A é de trigo e a maior produção relativa do país B é de soja. Portanto, os países A e B devem se especializar na produção de trigo e soja, respectivamente. Sendo assim, foi apresentada no Quadro 2 a produção de cada país com as suas respectivas especializações na produção dos bens. Conforme as produções apresentadas, o país A deve produzir 16 unidades de trigo e o país B deve produzir 10 unidades de soja. Quando comparado a produção total das duas economias, percebe-se que há um aumento da produção total dos bens, a produção das nações, sem a especialização, produz 24 unidades, enquanto a produção com especialização dos países, considerando suas vantagens comparativas, é de 26 unidades. A seguir foi apresentado, no Quadro 3, um exemplo prático para análise de custos da produção, em que foram apresentados os custos de algodão e tecido para os países Alfa e Beta. Quadro 2 – Produção de soja e trigo nos países A e B considerando suas especializações Países A B Total Produção por trabalho hora Soja - 10 10 Trigo 16 - 16 Total 16 10 26 Fonte: o autor. Em relação à análise dos custos relativos, foram identi�cados os custos de produção de cada país para cada bem, em seguida deve ser calculado o custo relativo de cada bem para cada país. Para o algodão, o custo relativo do país Alfa (CRAA) é a relação entre o custo em trabalho hora de produzir uma unidade de algodão no país Alfa (CAA) e o custo em trabalho hora de produzir uma unidade de algodão no país Beta (CAB). Para o trigo, o custo relativo do país Beta (CRTA) é a relação entre o custo em trabalho hora de produzir uma unidade de tecido no país Alfa (CTA) e o custo em trabalho hora de produzir uma unidade de tecido no país Beta (CTB). Para o país B é o inverso. Desse modo, segue o procedimento: Para o bem algodão: Para o bem tecido: Quadro 3 – Custo para a produção de algodão e tecido nos países Alfa e Beta Países Alfa Beta Total Trabalho hora necessário para a produção de uma unidade Algodão 8 4 12 Tecido 15 6 21 Total 23 10 33 Fonte: adaptado de Salvatore (2000, p. 22). >CRAA = CAA / CAB >CRAB = CAB / CAA >CRAA = 8 / 4 >CRAB = 4 / 8 >CRAA = 2 >CRAB = 0,5 A partir das estimações realizadas, veri�camos que o menor custo relativo do país Alfa é de tecido e o menor custo relativo do país Beta, consequentemente, é de algodão. Portanto, os países Alfa e Beta devem se especializar na produção de tecido e algodão, respectivamente. Sendo assim, no Quadro 4 foram apresentados os custos de produção de cada país, com as suas respectivas especializações nos custos de produção dos bens. Conforme os custos apresentados, para o país A, o custo para produzir uma unidade de algodão é de 16 horas de trabalho e para o país B o custo para produzir uma unidade de tecido é de 12 horas de trabalho. Se comparar com o custo total das duas economias, percebe-se que ocorre uma redução do custo total dos bens. O custo das nações sem a especialização é de 33 horas de trabalho, enquanto o custo com especialização dos países considerando suas vantagens comparativas é de 28 horas de trabalho. Portanto, conforme os exemplos apresentados, a teoria das vantagens comparativas pode apresentar duas formas de análise, pela produtividade e pelo custo, mas que apresentam o mesmo objetivo: veri�car quais produtos os países devem se especializar, levando em conta a produção do bem que cada nação é mais e�ciente. CRTA = CTA / CTB CRTB = CTB / CTA CRTA = 15 / 6 CRTB = 6 / 15 CRTA = 2,5 CRTB = 0,4 Quadro 4 – Produção de soja e trigo nos países A e B considerando suas especializações Países A B Total Trabalho hora necessário para a produção de uma unidade Algodão 16 - 12 Tecido - 12 16 Total 16 12 28 Fonte: o autor. Fatores Especí�cos e Modelo de Hecksher-Ohlin AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla Vimos o modelo das vantagens comparativas que considerava como fator de produção apenas o trabalho. Agora vamos conhecer o modelo conhecido como modelo de Hecksher-Ohlin, em que considera dois fatores de produção, trabalho (L) e terra (T). Nesse modelo é veri�cada a relação entre os fatores de produção nos países e a proporção em que são utilizados para a fabricação de diferentes bens, sendo assim, também é conhecido como teoria da proporção dos fatores. Desse modo, o modelo de Hecksher-Ohlin pode ser exposto da seguinte maneira: Uma nação exportará a commodity cuja produção exija a utilização intensiva do seu fator relativamente abundante e barato e importará a commodity cuja produção exija a utilização intensiva do seu fator relativamente escasso e raro. Em resumo, a nação relativamente rica em mão de obra exporta a commodity relativamente intensiva em mão de obra e importa a commodity relativamente intensiva em capital (SALVATORE, 2000, p. 96). Segundo Krugman e Obstfeld (2005), o modelo de Hecksher-Ohlin pode ser abordado a partir de sete pressupostos: 1. Os bens produzidos por uma nação são alimentos e roupas. 2. Para produzir os bens, são considerados dois fatores de produção que são escassos, sendo trabalho (L) e terra (T). 3. É considerada a concorrência perfeita nos mercados. 4. Para as nações pode ser constatado que a fabricação de alimentos é terra- intensiva e a fabricação de tecidos é trabalho-intensiva. 5. Os países possuem os mesmos gostos e o mesmo nível de tecnologia. 6. As nações apresentam a mesma capacidade de produção com dois fatores de produção. 7. Foi considerado que o país local apresenta a relação entre trabalho e terra mais alta do que o país estrangeiro. Diante dos pressupostos apresentados, é possível obter uma melhor compreensão do modelo. A seguir é possível visualizar a quantidade de fatores de produção, trabalho e terra, empregadas, em que irá depender da quantidade disponível pela nação. Sendo que cada país escolhe se especializar na produção do bem em que o fator de produção é intensivo, nesse caso, foram apresentados os fatores de produção necessários para produzir alimento (Figura 1). As informações da Figura 1 se referem à quantidade de cada fator de produção para a produção de uma unidade de alimento em uma economia. Conforme Krugman e Obstfeld (2005), em relação à diferença do modelo das vantagens comparativas, a respeito dos fatores de produção, ressalta-se que, com esse modelo, o produtor tem a possibilidade de alocar os fatores de produção da forma que preferir. Por exemplo, o produtor pode utilizar uma quantidade maior do insumo trabalho para produzir alimento, devido à necessidade de mais trabalhadores para a preparação do plantio de alimentos. Contudo, em uma análise da razão salário-renda da terra (w/r) em relação à razão terra-trabalho (T/L), é possível compreender melhor o quarto pressuposto apresentado do modelo de Hecksher-Ohlin.Assim sendo, foi apresentada na Figura 2 essa relação, considerando a produção de tecidos e a produção de alimentos, representada pelas curvas TT e AA, respectivamente. Figura 1 - Possibilidades de insumos na produção de alimentos Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2005, p. 50). Na Figura 2 a curva TT representa a produção de tecidos, enquanto a curva AA representa a produção de alimentos, dado pela relação entre a razão salário-renda da terra e razão terra-trabalho. Pode ser observado que para qualquer nível de preços, para a produção de alimentos sempre a relação terra-trabalho será maior que na produção de tecidos. Desse modo, veri�camos a validade do quarto pressuposto do modelo, pois como a relação terra-trabalho é maior na produção de alimentos, a produção de alimentos é terra-intensiva e como a produção de tecidos é menor, a produção de tecidos é trabalho-intensiva. Considerando como funciona o comportamento da produção de cada economia, vamos avaliar como os países devem decidir em quais bens se especializarem, dado que podem escolher como alocar dois fatores de produção. Portanto, no modelo de Hecksher-Ohlin, as nações apresentaram enfoque na produção de bens que contém maior abundância de fatores de produção (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). Observe que a produção de alimentos é terra-intensiva e a produção de tecidos é trabalho-intensiva. Diante disso, o país que apresentar abundância no fator de produção terra deve se especializar na produção de alimento, exportar alimento e importar tecido. Por outro lado, os países que apresentarem abundância no fator de produção trabalho, deve se especializar na produção de tecido, exportar tecido e importar alimento. Figura 2 - Preço de fatores e escolhas de insumos Fonte: adaptado de Krugman e Obstfeld (2005, p. 51). De um modo geral, o modelo Hecksher-Ohlin apresenta informações para a melhor compreensão para cada nação e, posteriormente, para o comércio internacional. Sendo que possui aplicações para ambos os casos. SAIBA MAIS Na literatura cientí�ca existem aplicações de teorias econômicas como do modelo de Hechscher-Ohlin, um exemplo é o artigo intitulado Liberalização comercial, salários reais e emprego: uma aplicação do modelo de fatores especí�cos para o Brasil, de autoria de Frederico Hartmann de Souza, que apresenta o impacto da liberalização comercial no Brasil, usando o modelo de fatores especí�cos que se refere ao modelo de Hechscher-Ohlin. O artigo está disponibilizado nos anais do Encontro Nacional de Economia. ACESSAR http://www.anpec.org.br/novosite/br/encontro-2010 Caro(a) aluno(a), chegamos ao �nal da unidade. Vimos os conceitos, a teoria e a evolução do comércio internacional, como se deu a origem das teorias de comércio internacional. O período anterior ao Mercantilismo e, assim, foi possível avaliar os fatos que ocorreram nesse período e como isso acarretou no início das teorias de comércio internacional. O início das teorias de comércio internacional se deu por meio de Adam Smith, com a teoria das vantagens absolutas. Segundo o autor, as nações deveriam produzir bens em que tinham custos de produção mais barato, ou seja, as nações devem exportações produtos que são mais baratos para produzir e importar produtos mais caros para produzir. Outro autor da escola clássica, David Ricardo, apresentou também uma importante contribuição para a teoria do comércio internacional com uma nova teoria que seria um avanço da teoria de Adam Smith, ele desenvolveu a teoria das vantagens comparativas. Segundo David Ricardo, os países deveriam se especializar na produção de bens em que possuíam maior vantagem relativa. Desse modo, as nações deveriam exportar bens que possuem maiores vantagens relativas e importar bens que possuem menores vantagens relativas. E, por �m, o modelo de Heckscher-Ohlin da escola neoclássica, que apresentou uma teoria mais moderna em relação às teorias apresentadas anteriormente. Essa teoria não considera apenas o fator de produção trabalho na produção de bens dos países, ela considera também a terra. Dessa forma, é possível avaliar como os produtores escolhem a alocação dos fatores produtivos internamente e para o comércio internacional. Assim, chegamos ao �nal da unidade. Esperamos que tenha gostado. Ótimo estudo! Conclusão - Unidade 1 FICA A DICA Leitura MOREIRA, U. Teorias do comércio internacional: um debate sobre a relação entre crescimento econômico e inserção externa. Revista de Economia Política, v. 32, n. 2, p. 213-228, 2012. Livro Filme Unidade 2 Blocos Econômicos AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla Introdução Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) a esta unidade da apostila. Nesta unidade será estudado sobre as políticas comerciais e a formação dos blocos econômicos internacionais e sua taxonomia. Essa é uma área do conhecimento que aborda sobre como os países se comportam no comércio internacional e quais suas decisões. Inicialmente, foram estudados os diferentes tipos de instrumentos de política comercial, sendo as tarifas de importação, as cotas de importação, os subsídios às exportações e as restrições voluntárias às exportações. Cada uma das políticas possui suas especi�cidades, porém todas apresentam o mesmo objetivo: proteger a indústria nacional por meio da restrição de importações para o doméstico. Em seguida, será apresentado como se deu a abertura econômica nos países em desenvolvimento e sua relação com as políticas comerciais. Passando pelo período das economias primário-exportadoras, seguindo para o Processo por Substituição de Importações até chegar ao período de abertura comercial dos países em desenvolvimento. Por �m, vamos estudar sobre os blocos econômicos e sua taxonomia. Sendo que as estratégias comerciais realizadas pelos países podem ser divididas em regionalismo, integração econômica e multilateralismo. Serão abordadas as especi�cações de cada um dos diferentes tipos de blocos econômicos. Desejamos um ótimo estudo! Políticas Comerciais AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla Nesta unidade foram abordados os instrumentos das políticas comerciais e sua adoção em países em desenvolvimento. Além disso, também foram apresentadas as estratégias comerciais por meio da formação de blocos econômicos, que ocorreram principalmente com a abertura comercial. Instrumentos de Política Comercial As políticas comerciais são ações que os países adotam em relação ao comércio internacional. Sendo que podem ser utilizados diferentes instrumentos nesse sentido, como as tarifas ou impostos de importação, os subsídios às exportações, as cotas de importação e as restrições voluntárias às exportações. Inicialmente, vamos falar das tarifas de importação, mais especi�camente da tarifa aduaneira, que é considerada a mais simples das políticas comerciais. As tarifas aduaneiras se referem a uma tarifa cobrada na importação de alguma mercadoria (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). Essa tarifa pode apresentar duas formas, apresentadas a seguir: Tarifas especí�cas: para as tarifas especí�cas, como o nome diz, é cobrado um valor especí�co, �xo, para cada unidade da mercadoria importada. Por exemplo, para cada saca de milho importada é cobrado o valor de US$ 5,00. Tarifas ad valorem: para as tarifas ad valorem, o importador deve pagar um percentual do valor total de mercadorias importadas. Por exemplo: é cobrado um percentual de 15% do valor total de importação de notebooks. Entre os instrumentos de políticas comerciais, a tarifa aduaneira, de acordo com Krugman e Obstfeld (2005), além de ser o mais simples, é a política comercial mais velha adotada pelos países. A principal motivação das nações adotarem esse tipo de política é que, além de ser uma fonte de receita para o governo, contribuía para proteger a indústria de alguns setores importantes na economia, devido à elevação do preço de produtos das indústrias que fosse objetivo do governo proteger. A seguir é possível avaliar os efeitos de uma política de tarifas aduaneiras para o país doméstico, que adota a política, para o país estrangeiroe para o mercado mundial. Inicialmente vamos veri�car a derivação da curva de demanda por importações e da curva de oferta de exportações (Figuras 1 e 2). Analisando a Figura 1, conforme as curvas de oferta e demanda de determinado bem, veri�camos que um aumento do preço desse bem leva a uma redução da quantidade demandada, enquanto os produtores elevam a quantidade ofertada do bem. Diante desse cenário, a quantidade demandada de importação também apresenta queda. Portanto, o preço de determinado bem apresenta relação inversa com a quantidade demandada do bem do próprio país e com a quantidade demandada do país estrangeiro (importação). A seguir, na Figura 2, foi apresentada a derivação da curva de oferta de exportação do país estrangeiro. Figura 1 – Derivando a curva de demanda por importações do país local Fonte: adaptada de Krugman e Obstfeld (2005). Figura 2 – Derivando a curva de oferta de exportações do país estrangeiro Fonte: adaptada de Krugman e Obstfeld (2005). Considerando a Figura 2, conforme as curvas de oferta e demanda de determinado bem, veri�camos que uma redução do preço desse bem leva a um aumento da quantidade demandada do país externo, enquanto os produtores do país estrangeiro reduzem a quantidade ofertada do bem. Quanto às exportações do país estrangeiro, ocorre uma redução da quantidade ofertada para exportação. A partir da derivação das curvas é possível veri�car o preço de equilíbrio mundial, em que poderá ser apresentado no ponto em que ocorre o cruzamento das curvas de demanda por importações do país doméstico e de oferta de exportações do país estrangeiro. Portanto, a política de tarifas de importação tem como propósito a proteção de determinados setores da economia doméstica. Pois com a adoção da política, os preços para importação �cam mais caros e desestimulam a importação para o país doméstico, fazendo com o preço dos bens nacionais �quem mais atrativos para o consumo interno. Sendo assim, foram apresentados na Figura 3 os efeitos de uma política de tarifa no país doméstico, no país estrangeiro e no mercado mundial. Os efeitos são apresentados diante de uma condição inicial de equilíbrio mundial em que a demanda por importações do país doméstico é igual a oferta de exportações do país estrangeiro Supondo uma política de tarifas sobre a soja no país doméstico, um aumento dos preços de P¹ para P² (preço com a tarifa) leva há uma queda da quantidade demandada e estimula os produtores a aumentar a oferta. A partir disso, as importações sofrem redução. As consequências para o mercado mundial é que com o aumento do preço da soja, há uma queda da quantidade de Q¹ para Q². Figura 3 - Efeitos de uma política de tarifa Fonte: adaptada de Krugman e Obstfeld (2005). Além disso, a adoção da política contribui não apenas para o aumento do preço do país doméstico, mas também para a redução do preço no país estrangeiro. Assim, há um aumento das exportações e uma redução das importações. Nesse cenário, a Figura 4 mostra os custos e os benefícios que a política de tarifa causa para os consumidores e produtores da economia doméstica. Figura 4 - Excedente do consumidor e do produtor Fonte: adaptada de Krugman e Obstfeld (2005). O excedente do consumidor, apresentado na Figura 4 pela área da letra a, representa quanto o consumidor obteve de prejuízo ao realizar a importação. Desse modo, deve ser veri�cado, primeiro, a diferença entre o preço que ele estaria disposto a pagar e o preço que realmente ele pagou e posteriormente a quantidade. Para uma melhor compreensão, vamos considerar um exemplo, suponha que um país estaria disposto a pagar por cada computador $ 1.000,00, sendo que ele compraria 100 unidades de computador. Porém ele pagou $ 1.100,00 e comprou 80 unidades de computador. A diferença entre o preço que o consumidor pagaria e o preço pago foi de $ 100,00, sabendo disso, deve ser considerada a quantidade que realmente foi importada. Portanto, calculamos a área que apresenta o custo do excedente do consumidor, que uma parte foi de $ 80.000,00, na outra parte, que vai até a curva de demanda, deve ser multiplicada a diferença do preço, já mencionada, e a diferença na demanda pelo bem, sendo de 20 unidades, e o resultado divide por dois, sendo o valor de $ 2.000,00, somando com $ 80.000,00, assim, a perda do excedente do consumidor apresenta o valor de $ 82.000,00. Quanto ao excedente do produtor, que foi apresentado pela letra b, representa o ganho do produtor ao realizar a importação. Inicialmente, também deve ser considerada a diferença entre o preço que ele estaria disposto a pagar e o preço que realmente ele pagou e, em seguida, a quantidade. Seguindo com o exemplo citado, e considerando que a quantidade ofertada aumentou de 100 para 120 unidades de computador, deve ser veri�cado o valor do ganho do produtor até a quantidade inicial de exportação, obtido por meio da multiplicação de 1.000 por 100, sendo de $ 100.000,00. Em seguida, na outra parte, que vai até a curva de oferta, deve ser multiplicada a diferença do preço com a diferença na quantidade ofertada pelo bem, sendo de 20 unidades, e dividir o resultado por dois, sendo o valor de $ 2.000,00, somando com $ 100.000,00, portanto, o ganho do excedente do produtor apresenta o valor de $ 102.000,00. A Figura 5 apresenta o grá�co com os custos e benefícios da política de tarifa. A área da letra a representa o ganho do excedente do produtor. As áreas das letras a, b, c e d representam a perda de excedente do consumidor. As áreas das letras c e e representam o ganho da receita do governo. Figura 5 – Custos e benefícios das tarifas para o país doméstico Fonte: adaptada de Krugman e Obstfeld (2005). Desse modo, identi�camos que a utilização de uma política de tarifas de importação resulta no aumento do preço do bem, aumento da produção interna e redução do consumo interno. O custo para a economia é a perda do excedente do consumidor e, em relação aos benefícios, eleva o excedente do produtor e o ganho do governo com arrecadação. Contudo, atualmente esse instrumento de política comercial não é a principal medida adotada pelos países. Também são utilizadas outras políticas comerciais, como a de cotas de importação e restrições voluntárias às exportações. No qual depende dos objetivos do governo para o comércio internacional. Em relação aos subsídios às exportações, representam uma política voltada para estimular as exportações no país. Um subsídio à exportação se refere a um pagamento a uma empresa ou indivíduo que exporta. Sendo que esse valor também pode ser especí�co ou ad valorem. Com a adoção da política de subsídios às exportações, os exportadores exportam o bem até o ponto em que o preço doméstico excede o preço estrangeiro no valor do subsídio. Em relação às consequências da política de subsídios às exportações, foram identi�cadas as mesmas consequências das políticas de tarifas de importação, resultando no aumento do preço do bem, aumento da produção interna e redução do consumo interno. Quanto ao custo para a economia, também há perda do excedente do consumidor e o governo perde com os gastos com subsídios; em relação aos benefícios, eleva o excedente do produtor. Portanto, a diferença em relação às tarifas de importação é que, nesse caso, o governo não ganha, mas apresenta prejuízo, pois deve arcar com os subsídios aos agentes exportadores. Outra política muito utilizada é a de cotas de importação. Na política de cotas de importação há uma restrição sobre a quantidade importada. Assim como na política de tarifa de importação, também pode ser elevado o preço do bem importado no país doméstico. Além disso, uma elevação dos preços no mesmo montante de uma tarifa limita as importações ao mesmo nível. A grande diferença dessa política em relação às tarifas de importação é que, nesse caso, o governo não arrecada com a política. O valor que seria arrecadado pelo governo é recolhido por quem recebe as licenças para importar. Por �m, temos a política de restrição voluntária às exportações.Essa política é uma cota sobre o comércio imposta pelo país exportador, sendo que, em geral, essa política é imposta a pedido do país importador. Assim sendo, equivale a uma cota de importação com mais custos, sendo maiores que as tarifas. Portanto, a receita arrecadada é de posse do país estrangeiro. A política de restrição voluntária às exportações, diferente das demais políticas, essa política não é adotada pelo país doméstico, porém, como foi mencionado, ela é adotada pelo país estrangeiro a pedido do país doméstico, a �m de limitar as importações do país doméstico. Apesar das diferentes especi�cações dos instrumentos de políticas comerciais estudados até aqui, todos possuem o mesmo objetivo: reduzir as importações. Abertura Econômica para Países em Desenvolvimento AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla Até esse momento estudamos sobre os instrumentos de políticas comerciais e como eles funcionam, porém, é preciso entender também quais as nações que utilizam e quais seus motivos. No mundo existem economias mais ricas e as mais pobres, para de�nir é utilizado o valor do Produto Interno Bruto (PIB). Contudo, devemos diferenciar a análise das maiores economias e das economias mais ricas. Quando apresentamos as maiores economias, estamos apresentando os maiores valores do PIB total, enquanto que, quando falamos em economia mais ricas, a análise apresenta os maiores valores do PIB per capita (que é o valor total do PIB dividido pela população) conforme foram apresentados na Tabela 1 para o ano de 2017. Contudo, devemos diferenciar a análise das maiores economias e das economias mais ricas. Quando apresentamos as maiores economias, estamos apresentando os maiores valores do PIB total, enquanto que, quando falamos em economia mais ricas, a análise apresenta os maiores valores do PIB per capita (que é o valor total do PIB dividido pela população) conforme foram apresentados na Tabela 1 para o ano de 2017. Tabela 1 – Produto Interno Bruto e Produto Interno Bruto per capita, 2017 MAIORES ECONOMIAS ECONOMIAS MAIS RICAS País PIB (em bilhões $) PIB per capita ($) País PIB (em bilhões $) PIB per capita ($) Estados Unidos 19.485,2 60.054,9 (12º) Liechtenstein 6,1 (153º) 166.021,7 China 12039,0 8.682,2(90º) Mônaco 6,4 (151º) 165.421,0 Japão 4.838,1 38.219,7(31º) Luxemburgo 56,5 (75º) 106.805,8 Alemanha 3.333,0 44.976,4(22º) Bermuda 6,5 (150º) 102.192,1 Reino Unido 2.346,9 39.757,7 (28º) Suíça 657,8 (20º) 801.01,2 Índia 2.331,4 1.923,3(162º) Noruega 354,2 (30º) 75.295,3 França 2.301.2 38414,9(30º) Islândia 21,4 (109º) 73.060,2 Brasil 1.771,8 9821,4(85º) Irlanda 311,0 (35º) 69.603,9 Fonte: IBGE, 2019. Podem ser observadas na Tabela 1 as oito maiores economias do mundo no ano de 2017, no qual a maior economia do mundo era os Estados Unidos, seguido pela China, Japão, Alemanha, Reino Unido, Índia, França e Brasil. No entanto, essas economias não são necessariamente ricas ou desenvolvidas, podemos destacar o Brasil e a Índia, que são economias em desenvolvimento, porém estão na posição de 85º e 162º maiores economias do mundo, respectivamente. Um fator que pode ser determinante para a grande produção de bens e serviços �nais nessas economias é sua extensão territorial e da população. Por outro lado, as economias mais ricas apresentam o maior PIB per capita, ou seja, considera a produção medida por pessoa, uma comparação mais viável de riqueza entre as nações. A economia mais rica do mundo, em 2017, era Liechtenstein, seguida de Mônaco, Luxemburgo, Bermuda, Suíça, Noruega, Islândia e Irlanda. Podemos notar que as quatro economias mais ricas possuem o valor total do PIB relativamente pequeno, quando observado sua posição, dentre os 211 países que foram extraídos os dados. Isso pode ser explicado pelo baixo número de pessoas residentes no país. Deve ser destacado que muitos países desenvolvidos não estão entre as economias mais ricas. Quanto aos países em desenvolvimento, mesmo que seja uma grande economia, não pode ser considerada rica ou desenvolvida. Nesse sentido, a tentativa de alcançar o patamar das economias mais avançadas tem sido uma preocupação central da política comercial dos países em desenvolvimento. Segundo Fritsch (2014), até o �nal da década de 1920 as economias em desenvolvimento apostavam na produção de produtos primários, como o Brasil, em que seu principal produto de exportação era o café. No entanto, no início do século XX, as grandes economias passavam por sucessivos choques externos, que iniciaram em 1914 e foram até a primeira metade da década de 1920. Sendo que o ápice foi em 1929, com a Grande Depressão, que acarretou prejuízos para muitas economias. No Brasil, que tinha como principal produto exportador o café, o governo teve que adotar uma política extrema de defesa do preço do café, comprando os estoques de café, devido à queda da oferta mundial. No entanto, houve, naquele período, uma superprodução de café que agravou ainda mais a situação. Diante desse cenário, o governo guardou uma parte do estoque de café e chegou até queimar outra parte do café (FRITSCH, 2014). Segundo Krugman e Obstfeld (2005), a partir da década de 1930 houve uma mudança na adoção de políticas comerciais de muitas economias em desenvolvimento. Essas economias procuraram adotar políticas comerciais para barrar a importação de produtos manufaturados, para que pudessem incentivar a indústria nacional, essa mudança �cou conhecida como industrialização pela substituição de importações. O motivo principal pelo qual houve essa mudança para proteger as economias em desenvolvimento é conhecido como argumento da indústria nascente. Esse argumento diz que países em desenvolvimento apresentam uma vantagem comparativa potencial na manufatura, no entanto, as novas indústrias manufatureiras não podem concorrer com as já estruturadas manufaturas dos países desenvolvidos (SALVATORE, 2000). Portanto, muitas economias em desenvolvimento acreditavam que alguns dos seus setores industriais poderiam se desenvolver com o tempo e se tornarem competitivos no comércio internacional. No entanto, para que isso ocorra, no início elas devem ser protegidas por meio de políticas comerciais, com a adoção de políticas que criam barreiras às importações. De acordo com Krugman e Obstfeld (2005), apesar de ser um argumento convincente, sendo utilizado por muitos países em desenvolvimento até a década de 1970, os economistas identi�caram nessa estratégia algumas armadilhas, tendo de ser usado com cuidado. Não é sempre que a indústria, que possivelmente será competitiva, terá que ser protegida. Por exemplo, temos o caso da Coréia do Sul, um país que, na década de 1980, foi um grande exportador de automóveis, porém tudo indica que não surtiria resultados desenvolver essa indústria na década de 1960, devido à escassez de capital e de trabalho quali�cado. Portanto, para uma nação adotar políticas que favorecem a industrialização nacional, deve apresentar condições favoráveis, como a abundância dos fatores de produção. Além dos fatores de produção existem as chamadas falhas de mercado SAIBA MAIS Existem muitos trabalhos na literatura cientí�ca que falam sobre políticas e/ou estratégias comerciais, um exemplo é o artigo intitulado de A Rodada Doha, as mudanças no regime do comércio internacional e a política comercial brasileira, de autoria de Susan Elizabethth Martins Cesar e Eiiti Sato, em que discutem os atuais desa�os do multilateralismo tradicional no comércio, presentes nos impasses da Rodada Doha, diante das novas realidades do comércio internacional globalizado. O artigo está disponibilizado nos anais do Encontro Nacional de Economia. ACESSAR https://www.redalyc.org/pdf/358/35823357011.pdf que prejudicam a industrialização doméstica. As falhas de mercado são representadas por dois argumentos: mercados imperfeitos de capitais e o problema de apropriabilidade. A falha de mercado dos mercados imperfeitos de capitais se refere a um país não possuir instituições �nanceiras que permitam que a poupançade setores tradicionais seja utilizada para �nanciar novos investimentos. Os lucros iniciais baixos dos setores manufatureiros serão um obstáculo ao investimento, mesmo que os retornos de longo prazo desse investimento sejam elevados. Portanto, os setores industriais precisam da poupança adquirida dos setores tradicionais para que possam se desenvolver. A falha de mercado do problema de apropriabilidade pode assumir diferentes formas, porém todas possuem a ideia em comum de que em uma indústria manufatureira nascente gera benefícios sociais pelos quais não são compensadas. As empresas que entram primeiro em uma indústria podem ter que arcar com custos iniciais de adaptação, de tecnologia ou de abertura de novos mercados. Enquanto outras �rmas podem seguir as líderes sem incorrer nesses custos iniciais, assim, as �rmas pioneiras não recebem quaisquer retornos desses reembolsos. Diante disso, não existem incentivos para a criação de uma nova indústria por parte das empresas que seriam pioneiras. Conforme Krugman e Obstfeld (2005), apesar do desenvolvimento das nações estarem em função das políticas comerciais adotadas, há outro fator que di�culta o desenvolvimento do país, o desenvolvimento desigual dos setores. Os países que têm esse desenvolvimento desigual são caracterizados com uma economia dual. Ou seja, são nações em que o setor manufatureiro apresenta um desenvolvimento muito maior que o desenvolvimento do setor tradicional. Para identi�car o dualismo econômico em uma economia, podem ser veri�cados alguns sintomas: O valor do produto por trabalhador é muito maior no setor moderno do que no resto da economia. Além do produto por trabalhador, o salário também é mais elevado. Retornos do capital não são necessariamente maiores. Maior intensidade de capital no setor manufatureiro do que na agricultura. Além disso, existem duas políticas que podem contribuir para o dualismo econômico, salários elevados na indústria e de cotas de importação. Com a política de salários, as empresas oferecem salários elevados na indústria para reduzir a rotatividade e aumentar o esforço no trabalho, colaborando para a desigualdade dos setores. Em relação à adoção de cotas de importação, com o comércio mais livre os salários seriam menores, assim, não contribuiria tanto para a desigualdade dos salários entre os setores. A partir da década de 1980, especialmente na década de 1990, houve uma mudança no ponto de vista do desenvolvimento econômico e política comercial. As nações em desenvolvimento procuraram se especializar na produção de bens relativamente e�cientes, ou seja, especialmente nos setores tradicionais. Os fatores que podem ter contribuído foram, principalmente, aos avanços tecnológicos e pesquisas para a produção no campo. Diferente do que acontecia até a década de 1930, em que se especializavam na produção concentrada, no caso do Brasil, por exemplo, o café, agora procurariam se especializar em uma diversidade de produtos. Além disso, com os avanços tecnológicos que ocorreram, houve o fortalecimento da agroindústria, agora os países em desenvolvimento não só exportavam as commodities, mas também produtos industrializados que tinham como matéria- prima os produtos agrícolas. O Brasil, que apresenta condições favoráveis para a agricultura, é um exemplo desses avanços que ocorreram. Podem ser citadas algumas ações que aconteceram no país que foram consequências desses avanços, como o desenvolvimento de cooperativas agroindustriais e políticas do governo para o fortalecimento de agricultores familiares com a criação do Programa Nacional do Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) em 1995. Formação de Blocos Econômicos e sua Taxonomia AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla Devido às mudanças nas políticas comerciais ocorridas nas últimas décadas, a globalização dos mercados e avanços tecnológicos, transformando a estrutura do comércio internacional, foi possível observar uma abertura do comércio internacional, além da adoção de estratégias de comércio internacional que impacta diretamente nos diversos setores da economia. Desse modo, foram criadas novas formas de estratégias de comércio internacional, sendo conhecidas como: regionalismo, integração econômica e multilateralismo. Cada uma dessas estratégias apresenta suas especi�cidades e são conhecidas como blocos econômicos. O regionalismo é uma forma de integração econômica ou política de uma determinada região, originando os blocos regionais. Um exemplo é a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL). Um dos fatores que motivam os países para o regionalismo é a insatisfação com as negociações multilaterais junto ao órgão internacional do comércio. Esse fator é considerado a principal motivação, pois as rodadas de negociações realizadas pelo Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) não eram capazes de impedir os aumentos tanto de barreiras tarifárias como não tarifárias. Outro fator se refere ao tratamento diferenciado dos produtos agrícolas ou produtos manufaturados intensivos em mão de obra. O que se percebia eram ações consideradas bem sucedidas na redução de barreiras para os setores manufatureiros, ou seja, para os setores industriais. Nesse sentido, os países em desenvolvimento, nos quais as produções eram em produtos primários, eram motivados a realizar esse tipo de estratégia de comércio internacional para auferir ganhos, já que as transações favoráveis seriam para os setores industriais. Podem ser encontrados três formas de acontecer o regionalismo: blocos regionais; regionalismo; e polarização. Os blocos regionais se referem à formação dos blocos regionais, ou seja, consiste na �nalidade de concentrar o comércio internacional entre os países de um determinado acordo bilateral ou acordo formal de integração econômica. O regionalismo apresenta elementos de proximidade geográ�ca. A �nalidade, basicamente, é a mesma de concentrar o comércio internacional entre os países que fazem parte do bloco. A polarização é uma modalidade que possui características mais especí�cas, ou seja, visa a concentração do comércio internacional entre grupos de países em desenvolvimento com um grupo de países industrializados. A estratégia comercial mais comum é conhecida como integração econômica. A integração economia é a união de economias que ultrapassa as fronteiras geográ�cas, com o intuito de reduzir as barreiras ao comércio. Temos como exemplo a União Europeia (EU) e o Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul). As motivações para o processo de integração são de natureza econômica e incentivam os países à formação de blocos que garantam benefícios aos países membros do acordo. A integração econômica é composta por fases no seu processo, em que os países que fazem o acordo devem passar. Essas fases são apresentadas a seguir: A. A zona preferencial de comércio: essa fase é conhecida como acordos de cooperação comercial e caracteriza-se pela eliminação parcial das tarifas em geral, sob a forma de concessões mútuas (ou não) de redução de tarifas, com ou sem �xação de cotas de importação. Tendo como exemplo a Associação Latino- Americana de Integração (ALADI). B. A zona de livre comércio: essa segunda fase da integração é caracterizada pela extinção de tarifas aduaneiras e outras restrições ao comércio entre os países participantes do acordo. A vantagem desse acordo é que cada país preserva sua autonomia na política comercial em relação aos países fora do acordo, ou seja, possuem liberdade para práticas de tarifas aduaneiras diferenciadas. Um exemplo dessa fase é o Tratado de Livre Comércio das Américas (NAFTA). C. A união aduaneira: essa fase se caracteriza pela ausência de barreiras ao comércio entre os países participantes do acordo. Além disso, os países membros devem adotar a prática de uma tarifa externa comum a ser aplicada a países fora do bloco. Um exemplo é o Mercosul. D. O mercado comum: é a fase que ocorre a eliminação de barreiras às trocas de mercadorias e fatores de produção. Portanto, os países desse mercadodevem se estimular a utilizar os instrumentos de suas políticas em conjunto. O exemplo dessa fase é a União Europeia. E. A união econômica: se refere à fase de integração que envolve perda de soberania nacional para gerir determinadas políticas. É uma fase em que se estabelece uma autoridade supranacional com aplicação das políticas comuns entre os países partícipes da união e o exemplo para essa fase é a União Europeia. F. A união política: é a fase que constituiu a formação de uma confederação de estados que discutem apenas as áreas acordadas entre esses estados. Trata-se de uma união política que deve ter práticas de cooperação no âmbito da política externa e de defesa. Ou seja, é uma fase em que os países não apenas adotam políticas em comum, mas tem uma cooperação nas políticas de defesa de setores estratégicos para os países do acordo, sendo que a União Europeia também é o único bloco que chegou nessa fase de integração. Assim, a União Europeia é o bloco econômico que apresenta a fase mais avançada de integração econômica. G. A integração econômica total: considerado o estágio mais avançado de integração econômica sendo caracterizado pela criação de uma moeda única comum e de um banco central regional independente, em que se con�gura a formação de uma união monetária. Esse estágio pressupõe a perda total de autonomia dos estados nacionais na gestão da política monetária. Ainda não chegamos nessa etapa de integração, por isso não há exemplos para citar. O multilateralismo se refere à participação de vários países que se esforçam para atingir um objetivo comum. Seria necessário adequar as regras do comércio mundial ao chamado livre comércio e aos benefícios para o bem-estar econômico, garantindo o livre comércio em escala mundial. Portanto, o multilateralismo visa bene�ciar o comércio entre os países em todo o mundo, para gerar ganhos não apenas para um grupo de países, mas para o máximo de países no mundo por meio das regras do comércio mundial. REFLITA A presente unidade mostrou as relações comerciais que cada país pode ter com o resto do mundo, com diferentes políticas e estratégias comerciais. Pautado nos conhecimentos adquiridos, o Brasil poderia adotar alguma ação diferente em relação ao comércio internacional para contribuir com a retomada do crescimento econômico? Caro(a) aluno(a), chegamos ao �nal desta unidade conhecendo sobre as políticas comerciais e as estratégias do comércio internacional. Foi estudado na unidade sobre os instrumentos de política comercial, que acarretam um aumento do preço dos produtos importados para o favorecimento da indústria nacional. Foi veri�cado que existem custos e benefícios da política comercial, os custos podem ser medidos pela perda do excedente do consumidor e os benefícios podem ser medidos pelos ganhos do excedente do produtor. Pois, com o aumento dos preços, o produtor apresenta ganhos, enquanto os consumidores apresentam prejuízos, visto que devem pagar os bens mais caros. Além disso, o governo também ganha com a arrecadação. Os outros instrumentos de política comercial também resultam no aumento de preços das importações, porém existem outras diferenças. As cotas de importações apenas limitavam as importações no país doméstico, assim, diferente do que ocorria com a política de tarifa, o governo não arrecadava. Na política de subsídios às exportações, além do governo não arrecadar, ainda arcava com os pagamentos de subsídios às empresas. E a política de restrições voluntárias às exportações, diferente das demais, não era adotada pelo país doméstico, era realizada pelo país estrangeiro. No entanto, geralmente essa política era adotada a pedido do país doméstico, desse modo, a arrecadação era destinada ao país estrangeiro. Por último, foi estudo sobre a criação dos blocos econômicos e suas especi�cações. Sendo que os blocos podem ser classi�cados em regionalismo, integração econômica e multilateralismo. Além disso, foi veri�cado que a integração econômica mais avançada que existe é a União Europeia. Assim, chegamos ao �nal da unidade, esperamos que tenha gostado. Ótimo estudo! Conclusão - Unidade 2 FICA A DICA Leitura PIANI, G.; KUME, H. Fluxos bilaterais de comércio e blocos regionais: uma aplicação do modelo gravitacional. Rio de Janeiro: IPEA, 2000. 17 p. (Texto para Discussão, n. 749). Livro Filme Unidade 3 Taxas de Câmbio e Regimes Cambiais AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla Introdução Caro(a) aluno(a), bem-vindo(a) à terceira unidade da apostila. Nesta unidade vamos conhecer mais alguns aspectos relevantes sobre a economia internacional. Nesse contexto, será abordado mais afundo sobre as transações entre os países no comércio internacional e como são contabilizadas essas transações. Como já vimos, o comércio gera ganhos para a economia mundial. No entanto, algumas economias podem se bene�ciar, enquanto outras podem apresentar prejuízos no comércio internacional. Inicialmente, foram apresentados os conceitos e de�nições das taxas de câmbio, como interfere nas transações no comércio internacional, quais os tipos de taxas de câmbio e quais suas utilidades. Em seguida, será abordado o que são e como funcionam os regimes cambiais nas nações, sendo que são adotados como um tipo de política econômica, em que depende dos objetivos do governo. Além disso, foi veri�cado como os regimes cambiais impactam na economia e quais os impactos para a economia mundial. Por �m, vamos conhecer a estrutura do Balanço de Pagamentos que representa um registro contábil de todas as transações internacionais realizadas de um país com o resto do mundo, ou seja, as transações entre residentes e não residentes. E, ainda, qual a importância de conhecer essas contas e identi�car qual a real situação �nanceira de uma nação no comércio internacional, para que, assim, o governo tome as melhores decisões em termos de políticas comerciais. Desejamos um ótimo estudo a todos! Taxas de Câmbio AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla O câmbio é considerado um dos preços mais importantes em uma economia aberta, pois o valor das transações comerciais entre os países é dado por meio desse preço. Sendo assim, o câmbio possui um papel fundamental na economia, sendo utilizado por todos, de forma direta ou indireta. De acordo com Krugman e Obstfeld (2005), a taxa de câmbio pode ser de�nida como o valor pago de uma moeda para adquirir outra. Portanto, a taxa de câmbio entre dois países pode ser obtida de duas formas, uma para cada país, sendo que a valor da taxa de câmbio é dado pelo preço em unidades monetárias do país doméstico, para adquirir uma unidade monetária do país estrangeiro. Considere dois países, Brasil e Estados Unidos, sabemos que R$ 4,00 vale US$ 1,00. Considerando o Brasil como país doméstico, o valor da taxa de câmbio é de R$ 4,00 / US$ 1,00. Para achar a taxa de câmbio em que, os Estados Unidos é o país doméstico, devemos veri�car quantos dólares são necessários para comprar um real, sabemos que US$ 1 vale R$ 4,00, portanto, dividimos 1 / 4, então, a taxa de câmbio para os Estados Unidos é de US$ 0,25 / R$ 1,00. De acordo com Ratti (1997), a variação na taxa de câmbio é dada pela oferta e demanda por moeda estrangeira. Com um aumento da demanda por moeda estrangeira, ocorre uma depreciação cambial, ou seja, há uma elevação da taxa de câmbio, pois são necessárias mais unidades de moeda doméstica para comprar uma unidade de moeda estrangeira. Por outro lado, um aumento da oferta de moeda provoca uma apreciação cambial, ou seja, uma redução na taxa de câmbio, assim, é necessário menos unidades de moeda doméstica para comprar uma unidade de moeda estrangeira. Consequentemente, como a taxa de câmbio se refere à relação dos preços entre o país doméstico e o país estrangeiro, uma depreciação cambial no país doméstico, provoca uma apreciação cambial no país estrangeiro, enquanto a apreciação no país doméstico resulta em uma depreciação cambial no país estrangeiro (SALVATORE, 2000). Para as transações comerciais entre asnações, a moeda com maior aceitação é o dólar, com isso, os bens e serviços negociados no comércio internacional devem ser comercializados nessa moeda. Além dessa moeda, o Euro (€) e a Libra Esterlina (£) também apresentam grande aceitação. Com uma alteração no valor da taxa de câmbio, o preço de bens e serviços no comércio internacional pode �car mais caro ou mais barato. Sabendo o valor da taxa de câmbio entre euro e dólar, podemos veri�car qual o valor das exportações da Espanha para os Estados Unidos. Sendo o valor ganho em euros para a Espanha e o valor gasto para os Estados Unidos; sendo o valor do câmbio de € 1,00 / US$ 1,00 e o valor total das exportações de computadores de US$ 100.000,00, dado por 100 unidades desta mercadoria, temos que o valor gasto para os Estados Unidos é de US$100.000,00, enquanto o valor ganho da Espanha era de € 100.000,00. Considerando as mesmas informações apresentadas no parágrafo anterior, uma depreciação cambial da Espanha, onde eleva a taxa de € 1,00 / US$ 1,00 para € 2,00 / US$ 1,00, provoca alterações nos gastos dos Estados Unidos e nos ganhos dos Estados Unidos para essa comercialização. Para os Estados Unidos a taxa de câmbio é de US$ 0,50 / € 1,00, assim, o valor gasto dos Estados Unidos é de US$ 50.000,00, enquanto o ganho das exportações da Espanha é de € 100.000,00. Isso mostra que houve uma depreciação cambial para a Espanha e, com isso, houve um benefício para as exportações. Para os Estados Unidos, enquanto importador, essa mudança no câmbio representou uma apreciação cambial, portanto, também acarretou em um benefício, pois o custo de importação dos computadores �cou menor. Por outro lado, essa alteração na taxa de câmbio não é bené�ca para a importação na Espanha e para os exportadores nos Estados Unidos. Nesse sentido, podemos destacar as vantagens e desvantagens da depreciação cambial e da apreciação cambial. Podemos citar como vantagens da depreciação cambial o incentivo às exportações no país, pois o país �ca mais competitivo no comércio internacional, gerando, assim, melhores saldos na balança comercial. Por outro lado, prejudica os importadores, com o aumento dos preços dos produtos importados, e em uma situação de alta in�ação, pode agravar mais a situação, levando esse aumento de preços aos consumidores. Quanto à apreciação cambial, traz incentivos aos importadores, com o preço de bens e serviços mais baratos, e pode contribuir para barra da in�ação. No entanto, a apreciação cambial não é bené�ca para os exportadores, com a redução do ganho no comércio internacional, pois a nação �ca menos competitiva no comércio internacional. Conforme Gonçalves (1998), existem dois tipos de taxa de câmbio, a taxa nominal de câmbio e a taxa real de câmbio. Até agora vimos a taxa nominal de câmbio, que se refere a quantas unidades monetárias do país doméstico são necessárias para adquirir uma unidade monetária do país estrangeiro. Formalmente, esse tipo de taxa de câmbio pode ser expresso por: Em que, : representa a taxa nominal de câmbio; : representa o preço do país doméstico; : representa o preço do país estrangeiro. Em relação à taxa real de câmbio: é a taxa em que se podem realizar trocas de bens e serviços de um país pelos bens e serviços de outro país. Portanto, a taxa de câmbio real compara os preços de bens domésticos e importados na economia doméstica, e = P P ∗ e P P ∗ ou seja, em moeda local. A taxa real de câmbio depende da taxa nominal de câmbio estrangeiro e dos preços dos bens nos dois países medidos em moedas locais. Assim, a equação da taxa real de câmbio pode ser expressa por: No qual, : representa a taxa real de câmbio; : representa a taxa nominal de câmbio estrangeiro; : representa o preço do país doméstico; : representa o preço do país estrangeiro. A taxa real câmbio, diferente da taxa nominal, ela compara o preço de bens e serviços entre dois países na moeda do país local. Enquanto a taxa nominal de câmbio apresenta o preço em unidades de moeda doméstica em relação a uma unidade da moeda estrangeira. Para uma melhor compreensão, segue uma aplicação prática. No comércio de notebooks entre Brasil e Estados Unidos, sabendo que o Brasil é o país doméstico, vamos considerar que um notebook custa R$ 3.000,00 no Brasil e nos Estados Unidos esse mesmo notebook custa US$ 1.500, sendo que a taxa nominal de câmbio para os Estados Unidos é de R$ 0,25 US$/R$. Vamos identi�car qual a taxa mais depreciada para o país doméstico, ou seja, para o Brasil. Inicialmente, devemos identi�car qual a taxa nominal de câmbio. Sabe-se que a taxa nominal de câmbio para os Estados Unidos é R$ 0,25 US$/R$, portanto, sabemos que, enquanto o preço local (P) é R$ 1,00, o preço do país estrangeiro é US$ 0,25, então temos que a taxa nominal de câmbio é: Sabemos o preço da taxa nominal de câmbio, agora podemos calcular o preço da taxa real de câmbio para o notebook. Como a taxa real de câmbio é referente aos bens e serviços, vamos utilizar o preço do notebook nos países: Diante desse cenário, veri�camos que a taxa real de câmbio é mais apreciada que a taxa nominal de câmbio. O que in�uencia a taxa real de câmbio é o nível de preços dos bens e serviços de uma economia em relação à outra. Considerando Brasil e Estados Unidos, quanto maior a in�ação no Brasil, ceteris paribus, mais depreciada �ca a taxa real de câmbio e, assim, os bens e serviços brasileiros �cam mais baratos que os bens e serviços nos Estados Unidos, desestimulando as importações. eR = E . P ∗ P eR E P P ∗ Xe = = = R$ 4, 00/US$ P P ∗ 1, 00 0, 25 eR = = = R$ 2, 00/US$ e . P ∗ P 4, 00 . 1500 3000 Ao mesmo tempo em que há uma apreciação da taxa real de câmbio nos Estados Unidos, sendo que para eles é mais vantajoso importar do Brasil que consumir os bens e serviços no seu país, visto que os bens e serviços �cam mais caros nos Estados Unidos. Com um aumento de preços no país estrangeiro (Estados Unidos) ocorre o efeito contrário. CONCEITUANDO Ceteris paribus é uma expressão do latim que signi�ca “tudo o mais é constante”, ou seja, as demais variáveis permanecem inalteradas. REFLITA Dada a importância da taxa de câmbio para o comércio internacional entre os países, qual a melhor estratégia para uma nação: desvalorizar/depreciar ou valorizar/apreciar a taxa de câmbio? Regimes Cambiais e sua In�uência no Fluxo Comercial e na Economia como um Todo AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla Neste tópico será abordado acerca dos regimes cambiais. Como já foi visto no tópico anterior, podemos veri�car como realizamos a conversão de uma moeda para outra, a �m de realizar uma compra ou mesmo para comprar moeda estrangeira. Além disso, aprendemos como comparar os preços de bens e serviços entre dois países. As nações possuem estratégias para atender suas necessidades econômicas, sendo uma das mais importantes, a política externa, especialmente em economias abertas. A política cambial apresenta impacto direto na taxa de câmbio, in�uenciando os agentes econômicos que participam do comércio internacional. Segundo Gonçalves (1998), os três principais tipos de regimes cambiais são o regime de câmbio �xo, o regime de câmbio �utuante e o regime de bandas cambiais, também conhecido como �utuação suja. No regime de câmbio �xo, a taxa de câmbio é de�nida pelo governo, e o Banco Central deve mantê-la por meio de intervenções no mercado de divisas, comprando ou vendendo divisas. Como já foi estudado anteriormente, o que determina a taxa de câmbio é a oferta e demanda por moeda estrangeira. Desse modo, o Banco Central utiliza as reservas internacionais para manter a taxa de câmbio inalterada. Quando há uma depreciação cambial, os agentes estão demandando mais moeda estrangeira, então o governo vende divisas. Com o aumento da oferta de divisas o câmbio se aprecia. Caso houver uma apreciação cambial, o governo deve comprar moeda estrangeira, assim haverá um aumento da demanda por divisas, fazendo com que a taxa de câmbio volte ao seu patamar �xado por meio da depreciação cambial.Diante desse cenário, o governo não pode alterar a oferta de moeda doméstica. Desse modo, podemos perceber que uma das desvantagens do regime de câmbio �xo é a perda de política monetária. Além disso, com um câmbio apreciado, as empresas se tornam menos competitivas no comércio internacional com o menor ganho, pois os bens e serviços �cam mais baratos. Por outro lado, quanto às vantagens do comércio internacional, as empresas que importam matéria-prima contam com preços mais atrativos. E ainda, com o câmbio �xado, pode contribuir para o controle da in�ação por meio de uma âncora cambial. CONCEITUANDO Divisas se refere à moeda estrangeira. Com o preço de bens e serviços do exterior mais competitivo no mercado doméstico, as empresas nacionais tendem a reduzir os preços, resultando em um controle do nível de preços. Um exemplo do controle do nível de preços é o caso do Brasil na implementação do Plano Real, em 1994. Um real valia um dólar dos Estados Unidos. Isso também foi possível pela abundante quantidade de reservas internacionais. No primeiro semestre deste ano, a in�ação estava em torno de 40% e 50% ao mês, sendo que no primeiro mês com a nova moeda, a in�ação foi de 10% e no �nal do ano chegou a 1%, mostrando o resultado dessa política naquele momento (ABREU; WERNECK, 2014). Quanto ao regime de câmbio �utuante, a taxa de câmbio é de�nida pelo mercado de divisas, sem a intervenção do governo, ou seja, é dado pela oferta e demanda de divisas. Sendo assim, a taxa de câmbio �utua de acordo com os movimentos do mercado, um aumento da demanda por divisas aumenta a taxa de câmbio, ou seja, ocorre uma depreciação da taxa de câmbio. Enquanto o aumento da oferta de divisas resulta em uma apreciação da taxa de câmbio. Esse regime cambial também apresenta vantagens e desvantagens para uma economia. Com a moeda nacional desvalorizada, os agentes exportadores se bene�ciam com a maior competitividade no comércio internacional. Além disso, o governo não intervém no mercado de divisas, �cando livre para direcionar as políticas monetárias para atender outros objetivos, como estimular a atividade econômica. A desvantagem do regime de câmbio �utuante é que a taxa de câmbio pode se tornar muito volátil, apresentando oscilações bruscas. Desvalorizações elevadas podem interferir no nível de preço do país e, ainda, prejudica os importadores com o aumento de preços de bens e serviços. Em relação ao regime de bandas cambiais, pode-se dizer que está entre o regime de câmbio �xo e o regime de câmbio �utuante. As alterações da taxa de câmbio, assim como no regime de câmbio �utuante, são determinadas pelo mercado de divisas, porém é determinado um limite máximo e mínimo em que a taxa de câmbio pode �utuar. Caso ocorra uma situação de ultrapassar esse limite, o governo pode intervir no mercado cambial, comprando ou vendendo divisas para que a taxa de câmbio retorne ao intervalo estabelecido. O Balanço de Pagamentos e sua Relação com as Políticas Comerciais AUTORIA Marcos Aurélio Brambilla O Balanço de Pagamentos apresenta os registros das mais variadas formas de transações comerciais de um país com o resto do mundo, sendo que, de acordo com Krugman e Obstfeld (2005), podem ser classi�cadas em três grandes contas: exportações e importações de bens e serviços; compra e venda de ativos �nanceiros; e outras atividades que resultam em transferência de riqueza entre as nações. Além da importância de controlar todas as contas que apresentam transações comerciais, é possível realizar comparações entre os países devido à forma uni�cada que as nações adotam para realizar esses registros. Essa forma se refere ao Manual de Balanço de Pagamentos e Posição de Investimento Internacional (BPM), que, no decorrer dos anos, sofreu algumas alterações, vamos estudar a edição mais recente (6ª edição). O comércio internacional tem grande in�uência sobre as economias. Desse modo, a partir das informações obtidas no Balanço de Pagamentos é possível realizar algumas análises estatísticas, que servem como base para a tomada de decisão acerca do comércio internacional; assim, o governo procura adotar as melhores políticas comerciais. Além disso, esses dados são de interesse do público em geral, dado o modo que é divulgado pelos meios de comunicação (KRUGMAN; OBSTFELD, 2005). Para entender como funcionam as transações comerciais de um país com o resto do mundo, primeiro, é necessário saber a classi�cação dessas transações. De acordo com Salvatore (2000), as transações devem ser classi�cadas como débitos e créditos. A moeda utilizada hoje é o dólar, que apresenta maior hegemonia mundial, aceita pelas nações. Os créditos se referem ao recebimento em valores monetários de países estrangeiros, portanto, no Balanço de Pagamentos os créditos devem ser lançados com valor positivo (+) por estarem entrando recursos �nanceiros no país. Por outro lado, os débitos são as transações relativas aos pagamentos às outras economias, assim, essas transações são lançadas com sinal negativo (-) no Balanço de Pagamentos, nesse caso, estão saindo recursos �nanceiros do país. Vale ressaltar que todas as contas contabilizadas no Balanço de Pagamentos seguem o princípio das partidas dobradas, vindo da contabilidade. Conforme esse princípio, cada conta é lançado duas vezes no Balanço de Pagamentos, um lançamento é realizado como crédito e outro é realizado como débito no mesmo valor, sendo que no �nal o valor dos débitos deve ser igual ao valor dos créditos no Balanço de Pagamentos (SALVATORE, 2000). Segundo Krugman e Obstfeld (2005), o Balanço de Pagamentos é dividido em três contas gerais que apresentam as diferentes formas de transações entre residentes e não residentes, sendo: 1. Conta Corrente (CC): essa conta registra as transações comerciais de bens e serviços de rendas de capital e do trabalho e as transferências unilaterais de renda entre o país e o resto do mundo. 2. Conta Capital (CK): nessa conta são registrados os �uxos de capitais entre o país e o resto do mundo. 3. Conta Financeira (CF): essa conta registra as transações de ativos �nanceiros, reais e intangíveis entre residentes e não residentes. Os lançamentos de transações com outros países são realizados nessas três contas. Para a melhor compreensão da estrutura do Balanço de Pagamentos, foram apresentadas, no Quadro 1, contas mais especi�cas referente a 6ª Edição do Manual de Balanço de Pagamentos e Posição de Investimento Internacional (BPM6). Quadro 1 – Resumo da estrutura do Balanço de Pagamentos (BPM6) 1 CONTA CORRENTE (CC) 1.1 Balança Comercial (BC) Exportações (X) Importações (M) 1.2 Balança de Serviços (BS) Transportes Seguros Royalties Viagens Aluguel de equipamentos Serviços empresariais, pro�ssionais e técnicos Outros serviços 1.3. Renda Primária (Balança de Rendas) – (PR ou BR) Salários Lucros e dividendos Juros 1.4. Renda Secundária (Transferências Unilaterais) – (RS ou TU) Doações Ajuda humanitária Na Conta Corrente (CC), a primeira conta apresentada é a Balança Comercial (BC), nessa conta será realizado o registro das mercadorias, ou seja, dos bens tangíveis. Seu saldo é dado por meio da diferença entre Exportações (X) e Importações (M). Quando o valor das Exportações supera o valor das Importações, temos um superávit na BC. Caso contrário, quando as Importações superam o valor das Exportações, a BC apresentará um dé�cit. 1.5. Saldo em Transações Correntes (1.5 = 1.1 + 1.2 + 1.3 + 1.4) 2 CONTA CAPITAL (CK) Patentes Propriedade intelectual Direitos autorais 3 CONTA FINANCEIRA (CF) Investimento Estrangeiro Direto (IED) Ações Títulos Públicos Empréstimos e Financiamentos Amortizações 4 ERROS E OMISSÕES 5 SALDO DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (SBP) (5 = 1 + 2 + 3 + 4) 6 HAVERES DA AUTORIDADE MONETÁRIA (HAM) (6 = -5)) Ouro Reservas internacionais Fonte: adaptado do Banco Central do Brasil (2019). Em seguida é apresenta a Balança de Serviços (BS), nessa conta serão agregadas as transações de serviços, ou seja, de bens intangíveis.
Compartilhar