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LIVRO_3_Economia

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Unidade 3
Aspectos gerais de 
macroeconomia
Flávio Benilton da Silva Medeiros
© 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
2020
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Imagens
Adaptadas de Shutterstock.
Todos os esforços foram empregados para localizar os detentores dos direitos autorais das 
imagens reproduzidas neste livro; qualquer eventual omissão será corrigida em futuras edições. 
Conteúdo em websites
Os endereços de websites listados neste livro podem ser alterados ou desativados a qualquer momento 
pelos seus mantenedores. Sendo assim, a Editora não se responsabiliza pelo conteúdo de terceiros.
Sumário
Unidade 3
Aspectos gerais de macroeconomia ............................................................ 5
Seção 1
Economia externa ............................................................................... 6
Seção 2
Liberalismo econômico x keynesianismo .....................................22
Seção 3
Governo e o mercado .......................................................................37
Unidade 3
Flávio Benilton da Silva Medeiros
Aspectos gerais de macroeconomia
Convite ao estudo
Olá, seja bem-vindo a mais um encontro; é um grande prazer ter 
novamente a sua companhia. Você consegue lembrar de situações em que 
uma empresa que parecia estar com tudo em ordem foi surpreendida por 
alguma alteração no ambiente econômico que trouxe impactos tão severos 
que a perpetuação dela foi comprometida? Então, você já se deu conta de 
que, por mais que uma empresa possa ser bem administrada, conhecer o 
ambiente econômico onde ela está inserida é fundamental.
Por isso, vamos conhecer a macroeconomia, que procura ter uma visão 
ampla do funcionamento da economia, que estuda temas como: cresci-
mento econômico, inflação, comércio exterior, desemprego, déficit público 
etc. Começaremos aqui conhecendo como a economia analisa as relações 
econômicas de um país com o exterior por meio do registro do seu balanço 
de pagamentos; em seguida, vamos aprender como o câmbio é um aspecto 
fundamental das relações entre os países e, por fim, nos atualizaremos em 
relação aos processos de formação de blocos econômicos (tudo isso na Seção 
3.1). Na sequência, você irá conhecer um dos debates mais importantes da 
economia: qual deve ser o tamanho do Estado e quanto ele deve intervir 
na atividade econômica, acompanhando duas correntes de pensamento: o 
liberalismo econômico e o keynesianismo. Você, então, entenderá o conceito 
da mão invisível do mercado e as outras ideias originalmente propostas por 
Adam Smith. Conhecerá também as ideias de Keynes, o principal crítico da 
abordagem clássica, que defendeu a intervenção econômica do governo na 
economia, e perceberá como sua influência perdura até os dias atuais (tudo 
isso na Seção 3.2). Por fim, dada a importância da política econômica, é 
preciso que você conheça, na Seção 3.3, as funções do governo, os mercados 
econômicos, as metas econômicas e as políticas utilizadas para atingi-las. 
Pronto para essa jornada?
6
Seção 1
Economia externa
Diálogo aberto
Olá, aluno. Temos certeza de que você já ouviu falar sobre exportações, 
importações e câmbio, uma vez que esses assuntos frequentemente estão 
presentes nas principais notícias de vários jornais. Mas, você sabe o quanto 
eles afetam a economia em geral e a nossa qualidade de vida, em particular? 
Será que esses temas afetam o desempenho econômico das empresas? E os 
empregos oferecidos por elas? Talvez a empresa para a qual você esteja traba-
lhando, atualmente, faça parte de um setor que esteja ligado ao comércio 
internacional e você nem tenha se atentado a isso! 
Para lhe ajudar a entender a dimensão e a abrangência desses aspectos, 
nós analisaremos a situação enfrentada por Ricardo, que é o responsável 
pelas vendas de um abatedouro de frangos que está em processo de expansão. 
O abatedouro recebeu, recentemente, o credenciamento do Ministério da 
Agricultura para exportação e está muito próximo de fechar um grande 
contrato com um grupo do Oriente Médio para enviar um lote de várias 
toneladas de carne. Com o avanço das negociações, o dono da empresa 
chamou Ricardo para uma conversa e pediu sua opinião a respeito de ideia 
de ampliar as instalações para tentar exportar mais. Considerando que as 
perspectivas para o futuro da economia são de desvalorização do Real, você 
acredita que Ricardo deva recomendar a ampliação? 
Ao estudar os conceitos necessários para responder à pergunta, você 
compreenderá a importância das questões relativas à economia externa e 
sua influência sobre a atividade econômica e o desenvolvimento de um país. 
Além disso, irá adquirir conhecimentos que podem lhe trazer um diferencial 
competitivo no mercado de trabalho.
Lembre-se: você é o responsável pela gestão de sua própria carreira e sua 
dedicação será recompensada. Mantenha o alto nível de comprometimento, 
ok? Vai valer a pena.
Não pode faltar
Que bom ter você aqui novamente, seja bem-vindo! Deixe-me fazer uma 
pergunta: você já parou pra analisar o quanto as profissões estão cada dia 
mais especializadas? Você consegue ver isso até em atividades mais tradi-
cionais como a de pedreiro, em que é possível ver especialistas em nichos 
7
específicos –como acabamento, fundação etc. E isso se dá porque as pessoas 
estão percebendo que a especialização é vantajosa para todos, pois ela está 
diretamente ligada ao aumento da produtividade. Se você analisar com 
atenção, nas sociedades de renda mais elevada esse fenômeno é percebido 
em todas as atividades. 
Essa constatação é fundamental para responder uma questão que 
normalmente desperta muitas controvérsias: qual é a melhor estratégia para 
um país: produzir tudo internamente ou realizar trocas com outros países? 
Em algumas situações, a resposta é clara: se um país consegue comprar um 
produto de outro país por um preço inferior ao custo que teria para produ-
zi-lo ou consegue vender outro produto por um preço menor do que o custo 
que esse outro país teria para produzi-lo, os dois saem ganhando com uma 
transação internacional. Esse é o conceito das vantagens absolutas proposto 
por Adam Smith.
Exemplificando
O Brasil produz apenas parte do trigo que consome, importando grande 
parte desse trigo da Argentina. Ao mesmo tempo, boa parte do minério 
de ferro consumido pela Argentina tem origem no Brasil. Com isso, 
tanto os consumidores argentinos quanto brasileiros têm acesso a trigo 
e minério de ferro a preços menores se comparados a um cenário em 
que os países não realizassem comércio entre si.
Contudo, em muitas situações, um país pode ser melhor do que outro 
em diversos produtos (alcançando custo de produção menor ou maior quali-
dade, por exemplo), podendo parecer que ele não teria vantagem em realizar 
comércio. Como ficaria essa situação? Para responder a esse desafio, preci-
samos lembrar do conceito do custo de oportunidade, que é basicamente o 
que um país deixaria de ganhar ao decidir produzir determinado produto 
ao invés de outro. Podemos expressar esse conceito com uma situação 
simples: imagine um neurocirurgião que também é um excelente jardineiro. 
Se ele precisar desmarcar uma consulta para cuidar do seu jardim, simples-
mente porque poderia fazer um trabalho melhor do que o jardineiro de 
sua vizinhança, estaria tomando uma boa decisão? Certamente que não! O 
mesmo raciocínio se aplica aos países: eles devem se concentrar em produzir 
os produtos nos quais são mais competentes, pois seusrecursos de produção 
são limitados (MANKIW, 2013).
Para os países de menos recursos, poder oferecer produtos e serviços de 
menor custo para sua população resultará em uma melhora na qualidade de 
vida. É por isso que a maior parte dos economistas defende a redução das 
8
barreiras comerciais entres os países como instrumento para melhoria da 
qualidade de vida da população. Nas palavras de Mankiw (2013, p. 53), “o 
comércio pode beneficiar todos os membros da sociedade porque permite 
que as pessoas se especializem em atividades nas quais têm uma vantagem 
comparativa”. 
Além disso, vale destacar que os países não conseguem produzir inter-
namente tudo o que precisam (existe a possibilidade, por exemplo, de se 
produzir uma fruta tropical na Islândia ou extrair ferro em um país que não 
tem esse metal em seu subsolo?). Com isso, o comércio internacional sempre 
teve grande importância nas transações econômicas dos países, sendo que, 
inclusive, ao longo dos anos, foram criadas outras estratégias para facilitar 
as trocas internacionais, como a formação de blocos econômicos (ou blocos 
comerciais). Cabe destacar que alianças econômicas entre países sempre 
existiram, contudo, uma das marcas do final do século passado foi a multipli-
cação dos blocos econômicos pelo mundo. 
Atualmente, há distintos tipos de blocos econômicos, cujas diferentes 
denominações refletem os níveis de integração entre os seus países-membros. 
Vamos entendê-los? O marco inicial dos blocos comerciais foi a Comunidade 
Europeia do Carvão e do Aço, criada em 1951, com o objetivo principal de 
superar as rivalidades centenárias entre alguns países europeus (que culmi-
naram com a Segunda Guerra Mundial). O acordo foi uma evolução do 
Montanunion, um plano proposto por Robert Schuman (ministro francês das 
Relações Exteriores do pós-guerra e considerado o “pai da União Europeia”) 
de uma comunidade que integrasse a produção franco-alemã de carvão e 
aço. Os membros iniciais (Alemanha, França, Itália, Bélgica, Luxemburgo e 
Holanda) se comprometeram a garantir um mercado livre de taxações para 
exportação e importação de aço e carvão, de forma a não prejudicar o livre 
comércio (WAGNER, 2020).
Reflita
As penalidades econômicas impostas à Alemanha no final da Primeira 
Guerra Mundial impulsionaram o ambiente de revolta que abriu espaço 
para o nazismo. Já no final da Segunda Guerra, os Estados Unidos 
fizeram com que Alemanha, Itália e o Japão, em especial, se tornassem 
seus parceiros comerciais. Você acha que parcerias comerciais que 
proporcionem ganhos para todos os participantes podem funcionar 
como inibidoras de guerras? Reflita sobre o assunto!
A eliminação (ou diminuição significativa) das tarifas alfandegárias dos 
produtos comercializados entre os países-membros caracterizam a Zona 
9
de livre comércio, o primeiro dos diferentes arranjos dos blocos comerciais 
(o NAFTA – North American Free Trade Agreement é um exemplo de zona 
de livre comércio em que Estados Unidos, Canadá e México fazem transa-
ções comerciais entre si, livres (ou quase totalmente livres) de tarifação. Por 
sua vez, na União Aduaneira, além de ter as mesmas características de uma 
Zona de Livre Comércio, os países-membros adotam uma Tarifa Externa 
Comum (TEC) aplicada aos produtos advindos de países não membros dos 
blocos. Atualmente, o Mercosul (Mercado Comum do Sul), que entrou em 
vigor em 1995, tendo como membros efetivos Argentina, Brasil, Paraguai e 
o Uruguai, estabeleceu uma TEC para diversos produtos (PIANI; KUME, 
2005). Contudo, a situação de União Aduaneira nunca se efetivou plena-
mente nesse bloco, pois fatores como as disparidades de industrialização e 
de política econômica, entre outros, aliados ao grande número de exceções 
na Tarifa Externa Comum e nas tarifas no comércio entre os membros têm 
impedido sua efetivação como União Aduaneira (FURTADO, 2017). 
Para passar de União Aduaneira para Mercado Comum (outro tipo de 
bloco econômico), é necessário um grande avanço, pois, além dele apresentar 
todas as características de uma União Aduaneira, as fronteiras entre os seus 
membros tornam-se quase inexistentes, em termos comerciais e de mobili-
dade populacional, pois produtos, pessoas, bens, capital e trabalho podem 
circular livremente. Se você gosta de futebol, sabe que alguns campeonatos 
europeus aceitam uma quantidade limitada de jogadores estrangeiros em 
cada equipe. Dentro dessa realidade, atletas italianos não são vistos como 
estrangeiros em uma equipe alemã, por exemplo, já que Itália e Alemanha 
fazem parte da União Europeia (UE), um bloco econômico que tem caracte-
rísticas de Mercado Comum, permitindo a livre circulação de pessoas dentro 
dos países-membros (vale dizer que, pelo mesmo motivo, futebolistas brasi-
leiros buscam obter cidadania europeia, para que não entrem na quota de um 
jogador estrangeiro em sua equipe). 
Por fim, a forma mais ampla (completa) de os países se unirem em blocos 
econômicos é a União Econômica e Monetária, em que, além de todas as 
características de um Mercado Comum, há uma moeda comum que substitui 
as moedas locais ou passa a valer comercialmente em todos os países-mem-
bros. Também é criado um Banco Central do bloco, que passa a adotar uma 
política econômica comum para todos os integrantes. No mundo, o único 
exemplo tanto de Mercado Comum quanto de União Econômica e Monetária 
é a União Europeia (UE), que foi elevada a esse patamar, em 1993, após a 
assinatura, no ano anterior, do Tratado de Maastricht.
Apesar das vantagens comprovadas dos processos de integração e de 
abertura comercial, a existência de barreiras comerciais ainda é a realidade 
mundial. Em muitas situações, a preservação de empresas e setores estratégicos 
10
é apresentada como justificativa para impedir a queda de barreiras. Ainda 
que possam ser identificadas algumas situações que justificariam exceções 
(e o fato de que o país precisa estimular o aumento da produtividade dos 
seus diferentes setores), experiências como a da indústria de computadores 
do Brasil, nos anos 1990, o protecionismo europeu em relação aos produtos 
agrícolas de países em desenvolvimento e as barreiras impostas pelo governo 
americano em relação ao aço mostram que, na maioria das vezes, os consu-
midores acabam sendo os mais prejudicados nessas situações.
Mas, quando um país faz uma transação econômica com outra nação, 
onde esse registro é feito? Que parâmetros são usados? Antes de dar a 
resposta para essas perguntas, é importante que você entenda que para 
se efetuar qualquer análise é preciso ter indicadores de referência, que só 
existirão se os processos forem medidos com os mesmos padrões. É por isso 
que as regras contábeis são fundamentais, pois elas estabelecem indicadores 
de resultado que podem ser utilizados como elementos de comparação. Esse 
raciocínio serve tanto para organizações quanto para países: se as regras 
forem diferentes, a comparação será difícil e, às vezes, impossível, concorda?
Dessa forma, os indicadores mais importantes das contas externas são 
as reservas internacionais, a dívida externa e o balanço de pagamentos (BP). 
No Brasil, o responsável pelo registro e a divulgação mensal desses indica-
dores é o Banco Central (BC), que segue a metodologia estabelecida pelo 
Fundo Monetário Internacional (FMI), elaborada com o intuito de garantir 
a uniformidade e comparabilidade entre as diferentes economias do mundo 
(ALVIM et al., 2017). 
Nosso foco, aqui, será o balanço de pagamentos. Entre janeiro de 2001 e 
maio de 2015, o Brasil seguia a metodologia recomendada na 5ª edição do 
Manual do Balanço de Pagamentos, editada pelo FMI, em 1993. Em 2015, o 
BC atualizou a metodologia de acordo com a 6ª edição do Manual de Balanço 
de Pagamentos e Posição Internacional de Investimentos (BPM6), publicada 
em 2009 (VECCHI, 2017).
Assimile
O balanço de pagamentos é a conta onde se registram todas as transa-
ções econômicas de um país com o resto do mundo. Sempre que uma 
transação internacionaltrouxer moeda estrangeira para o país (como a 
venda de uma mercadoria ao exterior, chamada de exportação), ela é 
lançada com o sinal positivo para cálculo do saldo do BP. Por outro lado, 
quando uma transação econômica internacional gerar a saída de moeda 
estrangeira do país (como a compra de uma mercadoria estrangeira do 
exterior, chamada de importação), ela é lançada com o sinal negativo 
para o cálculo do saldo do BP.
11
Assim, quando as entradas de moeda estrangeira no país (por expor-
tações, turismo internacional no país, empréstimos internacionais ao 
país etc.) superam as saídas (por importações, turismo de residentes no 
exterior, envio de lucro de filiais no país à sede no exterior etc.), dizemos 
que houve um superávit no BP (BP > 0). No caso contrário (saídas de 
moeda estrangeira maiores do que entradas de moedas estrangeiras no 
país), dizemos que houve déficit no BP (BP < 0).
A divulgação do balanço de pagamentos apresenta três componentes 
fundamentais: a conta corrente (ou transações correntes), a conta de capital e 
a conta financeira. Vamos conhecê-las? A conta corrente registra o comércio 
de bens e serviços, os pagamentos e recebimentos de rendas de capital e 
trabalho e as transferências unilaterais de renda entre um país e o resto do 
mundo. Ela é composta por 4 subcontas: 
• A balança comercial, que registra as transações internacionais de 
compra e venda de bens (importações e exportações).
• A balança de serviços, que registra as receitas e despesas internacio-
nais relativas à prestação de serviços (transportes, viagens, seguros, 
computação e royalties, além de outros tipos de serviços).
• A renda primária, que registra receitas e despesas associadas às rendas 
do trabalho (contratos de curta duração ou sazonais) e do capital 
(lucros, dividendos e juros).
• A renda secundária vista quando um valor é transferido sem ter tido 
como contrapartida à aquisição de um bem, à prestação de um serviço 
ou à utilização de um fator de produção (como acontece quando há 
uma doação internacional, por exemplo). 
O segundo componente do balanço de pagamentos é a conta capital, 
que registra as transferências de patrimônio (ativos reais e financeiros, além 
de transferências de bens não financeiros não produzidos), quando, por 
exemplo, uma pessoa se muda de país, levando seu patrimônio para a outra 
nação. Por fim, formando o BP, existe a conta financeira que registra todos 
os fluxos de capital ligados aos investimentos (tanto na produção, chamados 
de investimentos diretos, como financeiros, chamados de investimentos 
indiretos) e aos empréstimos/financiamentos internacionais. O investimento 
direto é aplicado na abertura ou ampliação de empresas em outras nações 
(quando uma multinacional abre uma filial em outro país, por exemplo) 
enquanto o investimento indireto é feito em ativos financeiros (aquisição de 
títulos públicos de outros países, por exemplo).
12
O somatório de cada uma dessas contas é analisado em separado e também 
de forma agrupada. Esses resultados são importantes, já que um déficit no 
balanço de pagamentos reduzirá o seu volume de divisas (as reservas inter-
nacionais), podendo comprometer a capacidade do país de honrar os seus 
compromissos internacionais.
Exemplificando
Todas as transações internacionais são pagas em moedas aceitas em 
todo o mundo (como o dólar, por exemplo). Assim, se uma empresa 
brasileira exporta seu produto para o Marrocos, ela vai receber em 
dólar por essa venda. Já se uma empresa no Brasil importa matéria-
-prima do México, ela não vai pagar em reais (moeda brasileira) por essa 
operação comercial, mas em dólar.
Assim, imagine, inicialmente, que um país só faça duas transações 
comerciais com o exterior: exportações para o Marrocos no montante 
de 200 dólares e importações do México no valor de 100 dólares. Isso 
vai fazer as reservas em moeda estrangeira do Brasil (chamadas de 
reservas internacionais) aumentarem em 100 dólares. 
Agora, pense em uma outra situação: as exportações para o Marrocos 
caírem para 100 dólares e as importações do México subirem para 180 
dólares. Esse déficit no balanço de pagamentos de 80 dólares precisa 
ser pago em moeda aceita internacionalmente, não poderá ser pago 
em reais, concorda? Por isso, será necessário retirar 80 dólares das 
reservas internacionais do Brasil. Caso não existisse reserva interna-
cional suficiente (no caso, os 80 dólares), o Brasil teria de pegar dólar 
emprestado com o FMI para honrar esses compromissos em moeda 
estrangeira.
Para finalizarmos nossa abordagem da economia externa, vamos falar 
de um tema indispensável: a taxa de câmbio. A palavra câmbio quer dizer 
mudança, e esse sentido é mantido na análise econômica: podemos consi-
derar a moeda estrangeira (também chamada de divisa, como o dólar, euro 
etc.) uma mercadoria e o preço para trocá-la por moeda nacional (a taxa de 
câmbio) é definido pelas forças de oferta e demanda.
Outro aspecto importante é que, apesar de ser muito comum as pessoas 
falarem que o dólar subiu ou desceu, essa forma não é a mais adequada. A 
análise deve ser feita sempre tendo como referência o comportamento da 
moeda do país em relação à moeda estrangeira, ok?
13
Vocabulário
Taxa de câmbio é o preço pago em moeda nacional por uma unidade de 
moeda estrangeira. Assim, se você ouve que a taxa de câmbio do real 
em relação ao dólar está em 4,10, isso significa dizer que são necessá-
rios R$ 4,10 (quatro reais e dez centavos) para a aquisição de US$ 1,00 
(um dólar).
Por isso, todas as vezes em que houver uma demanda por dólares maior 
do que oferta (por exemplo, de forma simplificada, quando tem mais gente 
importando mercadorias – que precisarão ser pagas em dólar – do que expor-
tando – que traria dólar ao país), o seu preço (cotação) irá aumentar. Com 
isso, serão necessárias mais unidades de real para comprar uma unidade de 
dólar, o que significa que o real se desvalorizou frente ao dólar. No sentido 
inverso, todas as vezes que o oferta de dólares for maior do que a demanda 
(por exemplo, de forma simplificada, quando tem mais gente exportando 
mercadorias – quem exportou recebe em dólar, mas troca essa moeda por 
reais para fazer suas transações econômicas dentro do Brasil – do que impor-
tando – que fará com que haja demanda por dólares para o seu pagamento), 
serão necessárias menos unidades de real para adquirir uma unidade de 
dólar, ou seja, o real se valorizou. 
Mudanças na taxa de câmbio afetam diversos setores econômicos, em 
especial importadores e exportadores. Vamos entender isso? Com a valori-
zação da moeda nacional, a quantidade de reais para comprar os produtos 
importados cairá. Essa redução de custo será transmitida pelos importadores 
aos preços dos produtos no Brasil, pressionando os produtores nacionais 
a reduzirem os seus preços (o que colabora para a redução da inflação do 
país). Ao mesmo tempo, as exportações ficarão mais caras para o comprador 
internacional, o que reduzirá a competitividade das empresas brasileiras que 
vendem mercadorias no exterior, fazendo com que que a produção diminua 
e o desemprego cresça.
Por sua vez, quando a moeda nacional se desvaloriza, as exportações 
ficarão mais baratas (para o comprador internacional) e as importações 
ficarão mais caras para os brasileiros. O resultado é que as exportações irão 
crescer, o que irá aumentar a atividade econômica e o nível de emprego. 
Contudo, os produtos importados ficarão mais caros, o que irá pressionar a 
inflação do país.
14
Exemplificando
Situação 1 (desvalorização da moeda nacional causando impacto 
sobre exportações): 
• Câmbio hoje: R$ 1,00 = US$ 1,00:
Uma empresa situada no Brasil vende um chaveiro por R$ 1,00 (um real). 
Se alguém nos EUA quiser comprar 1 unidade deste chaveiro, precisará 
gastar US$ 1,00 (um dólar), pois, pelo câmbio de hoje, US$ 1,00 (um 
dólar) é trocado por R$ 1,00 (um real).
• Câmbio amanhã: R$ 2,00 = US$ 1,00 (moeda nacional se desva-
lorizou):
A empresa situada no Brasil continuaa vender um chaveiro por R$ 1,00 
(um real). Se alguém nos EUA quiser comprar 1 unidade deste chaveiro, 
precisará gastar apenas US$ 0,50 (cinquenta centavos de dólar), pois, 
pelo câmbio de amanhã, US$ 1,00 (um dólar) é trocado por R$ 2,00 
(dois reais) e o valor de venda do chaveiro é de apenas de R$ 1,00 (um 
real). Ou seja, para o comprador norte-americano, o chaveiro ficou mais 
barato pela alteração do câmbio.
Ou seja, sempre que a moeda nacional se desvaloriza, há uma tendência 
ao aumento do volume das exportações (pois elas ficam mais baratas ao 
comprador estrangeiro).
Situação 2 (desvalorização da moeda nacional causando impacto 
sobre importações): 
• Câmbio hoje: R$ 1,00 = US$ 1,00:
Uma empresa situada nos EUA vende um chaveiro por US$ 1,00 (um 
dólar). Se alguém no Brasil quiser comprar 1 unidade deste chaveiro, 
precisará gastar R$ 1,00, pois, pelo câmbio de hoje, R$ 1,00 (um real) 
é trocado por US$ 1,00 (um dólar), que é o preço do chaveiro nos EUA.
• Câmbio amanhã: R$ 2,00 = US$ 1,00 (a moeda nacional se desva-
lorizou):
A empresa situada nos EUA continua a vender um chaveiro por US$ 
1,00 (um dólar). Se alguém no Brasil quiser comprar 1 unidade deste 
chaveiro, precisará gastar R$ 2,00, pois, pelo câmbio de amanhã, para 
ter US$ 1,00 (um dólar), que é o preço do chaveiro nos EUA, o brasileiro 
terá que desembolsar R$ 2,00 (dois reais). Ou seja, para o comprador 
brasileiro, o chaveiro ficou mais caro pela alteração do câmbio.
Dessa forma, sempre que a moeda nacional se desvaloriza há uma 
tendência de diminuição do volume das importações (pois elas ficam 
mais caras ao comprador brasileiro).
Situação 3 (valorização da moeda nacional causando impacto sobre 
exportações): 
• Câmbio hoje: R$ 1,00 = US$ 1,00:
15
Uma empresa situada no Brasil vende um chaveiro por R$ 1,00 (um real). 
Se alguém nos EUA quiser comprar 1 unidade deste chaveiro, precisará 
gastar US$ 1,00 (um dólar), já que US$ 1,00 (um dólar) é trocado por R$ 
1,00 (um real), que é o preço do chaveiro.
• Câmbio amanhã: R$ 0,50 = US$ 1,00 (moeda nacional se valorizou):
A empresa situada no Brasil continua a vender um chaveiro por R$ 1,00 
(um real). Se alguém nos EUA quiser comprar 1 unidade deste chaveiro, 
precisará gastar US$ 2,00 (dois dólares), pois, com apenas US$ 1,00 
(um dólar), ele só conseguirá trocar por R$ 0,50 (cinquenta centavos de 
real), mas o preço do chaveiro é de R$ 1,00 (um real). Ou seja, para o 
comprador norte-americano, o chaveiro ficou mais caro pela alteração 
do câmbio.
Dessa forma, com moeda nacional valorizada há uma tendência de 
diminuição do volume das exportações do país (pois elas ficam mais 
caras ao comprador estrangeiro). 
Situação 4 (valorização da moeda nacional causando impacto sobre 
importações): 
• Câmbio hoje: R$ 1,00 = US$ 1,00:
Uma empresa situada nos EUA vende um chaveiro por US$ 1,00 (um 
dólar). Se alguém no Brasil quiser comprar 1 unidade deste chaveiro, 
precisará gastar R$ 1,00 (um real), pois, pelo câmbio, R$ 1,00 (um real) 
é trocado por US$ 1,00 (um dólar), que é o preço de venda do chaveiro 
nos EUA.
• Câmbio amanhã: R$ 0,50 = US$ 1,00 (moeda nacional se valorizou)
A empresa situada nos EUA continua a vender um chaveiro por US$ 
1,00 (um dólar). Se alguém no Brasil quiser comprar 1 unidade deste 
chaveiro, precisará gastar apenas R$ 0,50 (cinquenta centavos de real), 
pois pelo câmbio, R$ 0,50 (cinquenta centavos de real) é trocado por 
US$ 1,00 (um dólar), que é o preço de venda do chaveiro nos EUA. Ou 
seja, para o comprador brasileiro, o chaveiro ficou mais barato pela 
alteração do câmbio.
Dessa forma, quando a moeda nacional se valoriza há uma tendência 
de aumento do volume das importações no país (pois elas ficam mais 
baratas ao comprador brasileiro).
Assimile
Produtos importados ficam mais baratos com a valorização da moeda 
nacional (o que ajuda a controlar a inflação do país), mas as exporta-
ções ficam mais caras (o que prejudica o crescimento da produção e do 
emprego no país). Por outro lado, a desvalorização da moeda nacional 
tende a aumentar a atividade econômica e o nível de emprego (por 
16
causa do aumento das exportações), apesar de ela dificultar o combate 
à inflação (já que, com esse cenário, as importações ficam mais caras).
Considerando a intensidade da influência do câmbio sobre a atividade 
econômica, você poderá estar pensando se não seria adequado manter a 
taxa de câmbio sob o controle do governo. Vamos entender isso? Em uma 
situação extrema, o governo pode, por exemplo, congelar a taxa de câmbio 
em um determinado patamar (o chamado regime de câmbio fixo). Nesse tipo 
de regime cambial, para manter o câmbio fixo, o governo precisa intervir 
constantemente no mercado cambial, comprando dólar (quando há uma 
entrada de divisas maior do que uma saída de divisas no país), ou vendendo 
dólar (quando há uma saída de divisas maior do que uma entrada de divisas 
no país). Esse modelo cambial traz uma grande segurança para investidores 
estrangeiros e para as empresas que atuam no mercado internacional, impor-
tando ou exportando, já que eles sabem, exatamente, qual será a taxa de 
câmbio a ser usada em cada transação (pois a taxa de câmbio é a mesma, dia 
após dia). No entanto, o câmbio fixo traz a necessidade de um volume muito 
grande de reservas internacionais, o que pode ser um problema para muitos 
países. 
Em uma perspectiva totalmente oposta ao câmbio fixo, temos o câmbio 
flutuante (também chamado de livre ou flexível), em que o governo não 
intervém, em momento algum, no mercado cambial. Nesse tipo de regime 
cambial, a relação demanda versus oferta de moeda internacional vai 
alterando a taxa de câmbio. Assim, quando há um aumento da demanda por 
dólar (isso acontece sempre que há uma saída de divisa maior do que uma 
entrada de divisa no país), o preço do dólar sobe, ou seja, a moeda nacional 
se desvaloriza. Por outro lado, quando há um aumento da demanda por 
real (isso acontece sempre que há uma entrada de divisa maior do que uma 
saída do país), o preço do real sobe, isto é, a moeda nacional se valoriza. O 
regime de câmbio flutuante traz insegurança para investidores estrangeiros e 
agentes que atuam diretamente no comércio exterior, pois a cotação do dólar 
é alterada a todo momento. No entanto, ele deixa que o próprio mercado 
regule a taxa de câmbio, fazendo com que o país não tenha de usar suas 
reservas internacionais em intervenções cambiais por parte do governo.
Há também outros regimes cambiais que misturam as características de 
câmbio fixo (com intervenções cambiais por parte do governo) e câmbio 
flexível (quando o governo deixa o câmbio flutuar livremente). Recentemente, 
no Brasil, foram usados dois tipos de câmbio híbridos: as bandas cambiais e 
a flutuação suja. Vamos entendê-los? O regime de bandas cambiais foi utili-
zado no Brasil, do início do Plano Real, em 1994, até 1999. Nesse regime, o 
17
governo estipula um valor mínimo (chamado de piso cambial) e um valor 
máximo (chamado de teto cambial) que ele aceita que a taxa de câmbio do 
país atinja. Assim, dentro desse intervalo (ou seja, dentro dessa banda), o 
governo permite que a taxa de câmbio flutue livremente (como acontece em 
um câmbio flutuante). No entanto, quando um excesso de saída de divisas do 
país força a taxa de câmbio a ficar em um patamar acima do teto cambial, o 
governo, através do Banco Central, intervém nesse mercado (característica 
de um câmbio fixo), vendendo dólar. Já quando um excesso de entrada de 
divisa pressiona a taxa de câmbio para um nível abaixo do piso cambial, o 
governo também intervém, mas, nesse caso, comprando dólar. As bandas 
cambiais trazem uma certa segurança aos agentes que atuam no mercado 
internacional (o que é uma vantagem desse regime cambial), pois todos eles 
sabem quais os valores cambiais, mínimos e máximos, em que serão feitas as 
transações econômicas internacionais. No entanto, como todos os agentes 
conhecem o intervalo de valores que o governo vai aceitar que o câmbio 
atinja,esse regime cambial é suscetível a ataques especulativos (o que é uma 
desvantagem dele). 
A flutuação suja (também chamada de dirty float), por sua vez, segue o 
mesmo princípio do regime de bandas cambiais, mas sem as pré estipulações 
dos valores mínimo (piso cambial) e máximo (teto cambial) que o governo 
vai aceitar para a taxa de câmbio, minimizando o risco de ataques especula-
tivos contra a moeda do país, mas ampliando as incertezas para os agentes 
que atuam no mercado internacional. 
Atualmente, no Brasil e em boa parte das economias do mundo, é utili-
zado o regime de flutuação suja. Moedas como o dólar representam um ativo 
buscado por quem procura segurança. Consequentemente, a demanda por 
dólar aumenta sempre que há alguma insegurança política ou econômica (o 
que traz desvalorizações para a moeda nacional). Em contrapartida, expec-
tativas positivas dos agentes internacionais em relação ao Brasil traduzem-se 
em aumento da entrada de dólares, tanto por investimentos diretos em 
atividades produtivas quanto em investimentos no mercado financeiro e de 
capitais, o que colabora com a valorização da moeda nacional. Quando esse 
“jogo” de entrada e saída de divisas do país foge do controle (valorizando 
ou desvalorizando a moeda nacional, além daquilo que o governo percebe 
como positivo para nossa economia), o Banco Central interfere no mercado 
cambial, ou vendendo dólar (quando nossa moeda se desvaloriza muito, 
comprometendo metas inflacionárias), ou comprando dólar (quando o real 
fica muito valorizado, comprometendo metas produtivas). 
Com isso, encerramos nossa seção dedicada à economia externa. Espero 
que você tenha gostado e percebido o quanto nosso dia a dia é influenciado 
18
pelas questões econômicas. Vamos continuar discutindo temas ligados ao 
nosso dia a dia nos próximos encontros, espero você lá, ok?
Sem medo de errar
A nossa situação-problema apresenta um aspecto muito frequente na 
questão cambial: em que medida a cotação da nossa moeda frente ao dólar 
afeta diferentes agentes. Você lembra da questão enfrentada pelo Ricardo, o 
responsável pelas vendas de um abatedouro de frangos que está em processo 
de expansão e que foi, recentemente, credenciado pelo Ministério da 
Agricultura para exportação. O abatedouro está em negociações avançadas 
para enviar um lote de várias toneladas de carne para um grupo do Oriente 
Médio e o dono da empresa pediu a opinião do Ricardo a respeito de uma 
ampliação das instalações para tentar exportar mais. Ricardo deve levar em 
consideração que as perspectivas para o futuro são de desvalorização do real 
frente ao dólar. Qual deve ser a recomendação dele para o dono da empresa?
Ricardo deve dizer ao dono do abatedouro que a desvalorização do real traz 
grandes vantagens para os exportadores, pois eles passam a vender mais para 
o exterior, já que as exportações ficam mais baratas para os compradores inter-
nacionais. Para entender isso, imagine que o quilo da carne de frango é vendido 
por R$ 8,00 e a taxa de câmbio é R$ 4,00 = US$ 1,00. Com essa taxa de câmbio, 
para comprar um quilo de carne, o grupo do Oriente Médio vai gastar US$ 2,00 
(dois dólares). No entanto, caso a moeda nacional se desvalorize (conforme as 
expectativas) e a taxa de câmbio mude, por exemplo, para R$ 4,21 = US$ 1,00, 
para comprar a mesma quantidade de frango (um quilo), o grupo do Oriente 
Médio precisaria desembolsar apenas US$ 1,90 (um dólar e noventa centavos). 
Por causa disso, se a empresa está credenciada para exportar, encontrou um 
comprador no exterior e a perspectiva é de desvalorização da moeda nacional, 
o cenário futuro dela é muito positivo, e Ricardo deve dizer ao dono da abate-
douro que ele deve, sim, investir na ampliação de suas instalações, pois, prova-
velmente, haverá um aumento da demanda internacional por frango (causada 
pela desvalorização da moeda nacional).
Avançando na prática
Mudança de foco
Selma é franqueada em uma rede de agências de viagens, situada em uma 
cidade do interior de Minas Gerais. Ao longo dos últimos anos, ela teve uma 
19
demanda constante de viagens para diversos destinos dentro do Brasil e pouca 
procura para os Estados Unidos e a Europa. Contudo, ela está pensando em 
aumentar parcerias com outras agências no exterior, buscando aumentar a 
oferta de opções turísticas fora do Brasil. Em um cenário de valorização da 
moeda nacional, essa é uma estratégia recomendada?
Resolução da situação-problema
O custo de viagens para o exterior está diretamente relacionado à cotação 
da taxa de câmbio. Sempre que o real se valoriza (conforme o cenário 
apresentado), as viagens para o exterior tornam-se mais baratas em relação às 
viagens dentro do Brasil. Por isso, se a perspectiva é de valorização da moeda 
nacional, é importante que Selma se prepare para um aumento na demanda 
de viagens para o exterior.
Para comprovar isso, imagine que uma viagem de sete dias para os Estados 
Unidos seja vendida pela agência de viagens de Selma por US$ 2.000,00. Se a 
taxa de câmbio for de R$ 4,00 = US$ 1,00, um brasileiro que quiser fazer essa 
viagem internacional precisa desembolsar R$ 8.000,00. Já, se houver uma 
valorização da moeda nacional e a taxa de câmbio mudar para R$ 3,50 = 
US$ 1,00, para comprar a mesma viagem para os EUA, que é vendida a US$ 
2.000,00, o cliente de Selma teria de gastar apenas R$ 7.000,00. 
Faça valer a pena
1. Um exportador brasileiro está tentando vender pedras preciosas para um 
joalheiro suíço. Simultaneamente, um importador brasileiro tem intenção de 
adquirir peças deste mesmo joalheiro suíço para vender aqui no Brasil. Logo 
após o fechamento do contrato, um aumento nas tensões no Oriente Médio 
fez com o que ocorresse uma desvalorização do real frente ao dólar.
Nesse novo cenário, qual das afirmações a seguir é verdadeira?
a. O exportador será prejudicado e o importador será beneficiado.
b. O exportador será beneficiado e o importador será prejudicado.
c. O exportador e o importador serão prejudicados.
d. O exportador e o importador serão beneficiados.
e. O exportador e o importador não serão afetados.
20
2. Apesar de globalismo e globalização serem temas bastante controversos, a 
melhoria das condições de vida em geral ao redor do mundo é apontada por 
boa parte dos economistas como um dos benefícios do aumento do comércio 
internacional nas últimas décadas. Todas essas transações econômicas inter-
nacionais que foram ampliadas pela globalização são registradas no balanço 
de pagamento do país.
Tomando como referência o balanço de pagamentos, classifique as afirma-
tivas a seguir em (V) verdadeiras ou (F) falsas.
( ) Ao seguir a metodologia do FMI no cálculo do balanço de pagamentos, 
o Banco Central garante que os dados possam ser comparados com os de 
outros países.
( ) A conta Corrente é um dos componentes fundamentais do balanço de 
pagamentos e registra todos os fluxos de capital ligados aos investimentos 
estrangeiros.
( ) Déficits no balanço de pagamentos podem comprometer a capacidade do 
país de honrar os seus compromissos internacionais.
( ) O resultado da balança comercial é fortemente influenciado pela taxa de 
câmbio: desvalorizações da moeda tendem a reduzi-lo e valorizações tendem 
a aumentá-lo.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de classificação (de 
cima para baixo):
a. F – V – V – F.
b. V – F – V – F.
c. V – V – F – V.
d. F – F – V – F.
e. V – F – F – V.
3. O Tratado de Maastricht ou Tratado da União Europeia foi firmado em 
7 de fevereiro de 1992 com representantes dos doze países-membros das 
“Comunidades Europeias”, isto é, Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Espanha, 
França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal e Reino 
Unido. Mais tarde, aderiram ao Tratado: Áustria, Finlândia e Suécia. Atual-
mente, a União Europeia é um exemplo de União Econômica e Monetária.
Com base nos blocos econômicos, avalie as seguintes asserções e a relação 
proposta entre elas.
21
I. Por ter uma tarifa externacomum (TEC), o NAFTA é um exemplo 
de zona de livre comércio
PORQUE
II. Nos países-membro do NAFTA (Argentina, Brasil, Paraguai e 
Uruguai) são cobradas as mesmas tarifas sobre produtos importados 
de outras nações.
A respeito dessas asserções e da relação entre elas, assinale a alternativa 
correta:
a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I.
b. As asserções I e II são proposições verdadeiras e a II justifica a I.
c. A asserção I é uma proposição verdadeira e a II, falsa.
d. A asserção I é uma proposição falsa e a II, verdadeira. 
e. As asserções I e II são proposições falsas. 
22
Seção 2
Liberalismo econômico x keynesianismo
Diálogo aberto
Olá! Você é do time que adora um bom papo sobre política ou daquele 
que passa longe desse assunto? Ainda que, infelizmente, no Brasil e em 
outros lugares, política e polícia acabem sendo citados juntos, entender de 
economia pode nos levar a ter uma posição de menos paixão e de mais racio-
nalismo em muitas das questões políticas, pois grande parte das divisões das 
agremiações políticas do mundo tem a ver com a visão econômica dos seus 
associados, você sabia disso? 
Eu quero lhe convidar, então, a conhecer as duas principais correntes 
econômicas, o liberalismo e o keynesianismo, e como eles enxergam a forma 
que o governo deve atuar para promover o crescimento econômico. 
Para isso, conheceremos João, que trabalha na área de planejamento 
financeiro de uma empresa do ramo automobilístico. No último biênio, o 
governo brasileiro reduziu as alíquotas de alguns tributos incidentes sobre a 
produção de automóveis, ajudando o setor a ter uma alavancagem em suas 
vendas (já que os carros eram vendidos a preços menores, devido a essa 
redução de custo tributário). No final desse ano, há eleições presidenciais no 
Brasil e os dois candidatos com maior intenção de votos, segundo recentes 
pesquisas, têm ideias opostas sobre como comandar a economia do país: um 
deles, o candidato A, segue a linha do liberalismo econômico, e o outro, o 
candidato B, se aproxima dos ideais keynesianos. 
Ao fazer o planejamento financeiro da empresa para o próximo ano, 
João precisa construir dois cenários opostos: um em que o candidato A, 
liberal, vença, e outro em que o candidato B, defensor do keynesianismo, saia 
vencedor. Se você fosse assistente de João na construção do planejamento 
financeiro, de que forma a tributação do setor automobilístico poderia ser 
impactada com a vitória do candidato A? E se o candidato B vencesse as 
eleições, o que poderia acontecer com a tributação no setor automobilístico?
Para responder a esses questionamentos, você terá que identificar as 
principais diferenças dessas duas correntes de pensamento econômico: o 
liberalismo e o keynesianismo. Bons estudos! 
23
Não pode faltar
Olá! Nesta aula, acompanharemos uma pergunta fundamental para a 
economia e para as sociedades: qual é o tamanho ideal do Estado (governo)? 
Para termos condições de respondê-la, precisamos retroceder no tempo. 
Na história da humanidade, nem sempre os regimes democráticos foram 
predominantes. Se colocada em perspectiva, a democracia é algo relativa-
mente recente, pois podemos tomar a Revolução Francesa e a Independência 
Americana, no final dos anos 1700, como referências do início da hegemonia 
da democracia no mundo. 
É importante que você tenha essa perspectiva para entender que, desde 
então, na maioria dos países onde ocorrem eleições livres, acontece uma 
alternância de poder entre duas forças políticas: aqueles que defendem 
uma maior intervenção do Estado na economia, e os que defendem que ele 
tenha menor participação direta nos assuntos econômicos. Por exemplo, 
nos Estados Unidos, há os Republicanos e os Democratas. Na Inglaterra, 
os Conservadores e os Trabalhistas. Na Alemanha, a União Democrata 
Cristã e os Social Democratas. Em outros países, podem ocorrer arranjos 
mais complexos, mas a maior ou menor presença do Estado costuma ser um 
elemento fundamental na estruturação das forças políticas dos países. 
Essa divisão tem origem na economia, pois a maior ou menor presença 
do Estado como promotor do desenvolvimento econômico está por trás das 
duas principais correntes econômicas, associadas a dois dos maiores econo-
mistas de todos os tempos: John Maynard Keynes e Adam Smith. É certo 
que antes deles já havia discussões a respeito do papel do estado, nível de 
impostos, etc., mas ainda muito focadas na questão política. Contudo, a 
publicação, em 1776, de Uma investigação sobre a natureza e as causas da 
riqueza das nações (ou simplesmente, A riqueza das nações – como ficou 
conhecido) fez com que Adam Smith (1723-1790) passasse a ser considerado 
o pai da economia moderna. É fundamental perceber que a sua defesa pela 
liberdade econômica pode ser associada às demandas por liberdade política 
(a Revolução Americana ocorreu no mesmo ano, e a Revolução Francesa 
aconteceu pouco tempo depois), liberdade religiosa (a Europa ainda lidava 
com os efeitos da Reforma Protestante) e, consequentemente, liberdade de 
pensamento. 
Além disso, a efervescência da Revolução Industrial e a criação de riqueza 
em grande escala aumentaram a força de suas ideias. Assim, nesse momento, 
você pode estar se perguntando: quais seriam, então, as ideias defendidas por 
Adam Smith? Muito bem, vamos conhecê-las!
24
Adam Smith foi o primeiro a apresentar a ideia de que a busca dos indiví-
duos de satisfazer seus próprios interesses traria benefícios para toda a socie-
dade. Ao resumir suas ideias, Smith usou uma expressão que ficou famosa, a 
qual dizia mais ou menos o seguinte: não é pela benevolência do padeiro que 
eu como o meu pão quentinho todo dia de manhã, mas pelo interesse dele de 
ter lucro. Mas, o que ele quis dizer com isso?
Adam Smith quis ressaltar que, no processo produtivo, ao focar na redução 
dos seus custos, na melhoria de sua margem de lucro, etc., o vendedor acabará 
beneficiando toda a sociedade, pois ele oferecerá produtos cada vez melhores 
e de menor custo aos clientes. Da mesma forma, o consumidor, que também 
agirá movido pelo egoísmo, premiará os melhores produtos e serviços. 
Essa ideia é expressa por meio da figura de uma “mão invisível” que 
conduziria o mercado ao preço e à quantidade ideais, ou seja, se os mercados 
funcionarem livremente (sem a intervenção governamental), será melhor 
para todo mundo, pois o egoísmo dos agentes acaba ajudando a economia a 
ser mais eficiente e justa, maximizando o bem-estar geral. Para Adam Smith, 
tentativas de intervenção do governo no mercado, como tabelamento de 
preços ou ações similares, podem acabar levando a desequilíbrios, como a 
falta de mercadorias disponíveis no mercado. 
Smith também se dedicou a analisar as causas da riqueza das nações, 
apontando a produtividade como o elemento fundamental desse processo, 
sendo que o aumento da produtividade, por sua vez, está diretamente ligado 
à especialização trazida pela divisão do trabalho.
Exemplificando
Adam Smith utilizou o processo de fabricação de alfinetes para demons-
trar a importância da especialização do trabalho. Ele exemplificou a 
fabricação de um alfinete, que envolvia os seguintes processos: desen-
rolar, endireitar e cortar o arame, fazer a ponta, esmerilhar, ajustar a 
cabeça, pratear e colocar o alfinete finalizado na embalagem. Nessa 
produção, se um único trabalhador fizesse, sozinho, todas essas etapas 
que compunham a produção do alfinete, ele teria uma produção diária 
muito menor do que se a produção fosse dividida por vários trabalha-
dores, cada um se especializando em uma etapa do processo (uma 
pessoa só desenrolaria o arame, outro funcionário só endireitaria o 
arame, outro só cortaria o arame, e assim por diante). Esse aumento de 
produtividade apareceria por três motivos: 
1. A especialização faria cada funcionário ficar com maior destreza 
em sua função. 
25
2. Seria perdido menos tempo na produção (essa perda é maior 
quando a mesma pessoa passade uma atividade para outra).
3. Seria inventado um grande número de ferramentas e máquinas 
especializadas que abreviariam o trabalho.
Essa abordagem é a razão do título do seu livro, já que o enriquecimento 
das nações está ligado à especialização, e é preciso haver liberdade para que 
os agentes escolham em que se especializarão. A liberdade de escolha e, 
consequentemente, o livre comércio, assumiu um papel tão fundamental na 
abordagem de Adam Smith que ele passou a ser conhecido como o fundador 
do liberalismo econômico. A abordagem microeconômica de oferta, 
demanda e preço de equilíbrio baseia-se no conceito de que um mercado sem 
intervenção alcançará a alocação de recursos mais eficientes para a sociedade
Assimile
Para o liberalismo econômico, os mercados devem funcionar livre-
mente, sem a intervenção do governo, pois, assim, serão mais eficientes 
e o benefício para a população será maior.
Ao ampliar essa abordagem para o mercado de trabalho, o liberalismo 
econômico (também chamado de teoria clássica) aponta que haveria um nível 
de equilíbrio de pleno emprego, que corresponderia ao ponto de encontro das 
funções de oferta e demanda de mão-de-obra, ou seja, o desemprego seria 
uma situação de desequilíbrio. Para os clássicos, o desemprego seria volun-
tário, pois teria origem em alguma tentativa dos trabalhadores de impor uma 
condição diferente daquela que seria a determinada pelo mercado (como 
um salário diferente do valor de equilíbrio), o que levaria ao aparecimento 
do desemprego. Ou seja, na abordagem clássica, a economia estaria sempre 
no pleno emprego do trabalho e também dos outros fatores de produção 
(se o trabalhador aceitasse receber o salário de equilíbrio do mercado, ele 
encontraria trabalho, sendo que o nível (valor) desse salário mudaria de 
acordo com a oferta de trabalho (quem oferece trabalho, é o trabalhador) e a 
demanda por trabalho (quem demanda trabalho é o empresário)).
Por isso, qualquer desemprego que surgisse seria um problema de curto 
prazo e passageiro, pois seria eliminado pelos mecanismos automáticos do 
mercado (nível do salário) rapidamente, a não ser que estes fossem impedidos 
de funcionar também por forças exógenas, como a determinação de salários 
mínimos pelo governo (DATHEIN, 2005).
26
Ao longo do século XIX, o liberalismo econômico foi implementado em 
boa parte dos países mais importantes do mundo e, em especial, nos Estados 
Unidos, após sua independência. Os ganhos de produtividade da Revolução 
Industrial foram multiplicados pela incorporação das ideias de Ford e Taylor, 
e as condições de vida da população em geral melhoravam. 
Após o final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, e ao longo da década 
de 1920, os Estados Unidos, já o país mais rico do mundo, passaram a suprir 
a devastada Europa com manufaturas e alimentos, além de conquistarem 
outros mercados, como a América Latina. O aumento da produção trouxe 
crescimento e prosperidade ao país. O governo, seguindo os preceitos do 
liberalismo, reduzia impostos e regulamentos (VAN DEURSEN, 2018). 
Empréstimos e vendas a crédito se popularizaram para ajudar as pessoas 
a comprarem cada vez mais produtos, como carros e eletrodomésticos, além 
do surgimento de uma nova moda: investir em ações, que se valorizavam de 
forma irreal, estimulando a especulação. Por exemplo, uma ação da Radio 
Corporation of America, a qual, em 1921, custava 1,5 dólar, valia 57 vezes mais 
em 1928. Os boatos sobre riquezas fabulosas ganhas no mercado acionário 
por motoristas, vaqueiros e atrizes se espalhavam (VAN DEURSEN, 2018). 
Esse processo, entretanto, foi interrompido em 1929, com o início da 
Grande Depressão, considerada o pior e o mais longo período de recessão 
econômica do século XX. Ainda não há um consenso entre os economistas 
sobre as causas determinantes da crise, mas o fato é que, a partir da quebra 
da Bolsa de Nova Iorque, em 24 de outubro de 1929, milhares de acionistas 
perderam grandes somas em dinheiro em poucos de dias. A questão principal, 
contudo, é que os danos não se limitaram aos investidores do mercado finan-
ceiro, pois iniciou-se uma enorme redução na atividade econômica em todo 
o país, com queda nas vendas e deflação, que, combinadas, levaram ao fecha-
mento de inúmeras empresas, tanto no comércio quanto na indústria. 
Além disso, com a queda no faturamento, muitas empresas da cidade 
e fazendas no campo não conseguiram pagar os empréstimos que haviam 
levantado junto aos bancos e tiveram que entregar seu patrimônio e fechar 
suas portas. Para a população, o pior efeito da recessão foi o drástico aumento 
nas taxas de desemprego, que se manteve elevado durante anos, levando 
muitas famílias a perderem tudo o que tinham. O sofrimento dessa época 
conseguiu ser magistralmente registrado por Dorothea Lange, em uma foto 
de março de 1936, intitulada Migrant Mother (mãe imigrante). É uma das 
fotografias mais reproduzidas da história, tendo aparecido em milhares de 
publicações (SMITHSONIAN, [s.d.]).
27
Figura 3.1 | Migrant Mother
Fonte: Smithsonian ([s.d; s.p]).
Essa foto, escolhida pela Revista Life como uma das 100 fotografias que 
mudaram o mundo, retrata Florence Owens Thompson, de 32 anos e mãe de 
sete crianças, que estava em busca de um emprego ou de ajuda social para 
sustentar sua família, pois seu marido havia perdido seu trabalho, em 1931, 
e morrera no mesmo ano.
Reflita
A economia vai muito além de números e teorias, pois lida com a reali-
dade das pessoas, os danos e benefícios que elas sofrem, bem como 
suas reações. Em que medida o entendimento das razões e dos efeitos 
de questões econômicas ajuda a compreender melhor os processos 
históricos? Reflita sobre o assunto!
A Figura 3.2 também é uma foto entre as muitas imagens tristemente 
icônicas da década de 1930: uma enorme fila de desempregados e sem-teto 
diante de um restaurante que promete “sopa, café e rosquinhas grátis para 
os desempregados”. Só tem um detalhe: esse restaurante gratuito fora criado 
pelo mafioso Al Capone, após o crash da Bolsa de Valores, em 1929, que 
se gabava em atender 5 mil pessoas por dia. Em 1931, de acordo com as 
28
contas do jornal Chicago Tribune, ele já havia servido 120 mil refeições (VAN 
DEURSEN, 2018). 
Figura 3.2 | Fila de desempregados para refeições gratuitas em um restaurante de Al Capone
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Unemployed_men_queued_outside_a_depression_soup_
kitchen_opened_in_Chicago_by_Al_Capone,_02-1931_-_NARA_-_541927.jpg#/media/File:Unemployed_
men_queued_outside_a_depression_soup_kitchen_opened_in_Chicago_by_Al_Capone,_02-1931_-_
NARA_-_541927.jpg. Acesso em: 20 dez. 2019.
Os danos dessa recessão foram tão avassaladores que se espalharam pelo 
mundo, influenciando tanto a crise do café no Brasil (que abriu espaço para 
a chegada de Getúlio Vargas ao poder, em 1930) quanto a ascensão de Hitler 
na Alemanha. 
A lentidão da recuperação da oferta de empregos, em oposição ao que 
era defendido pelos clássicos, trouxe contestação ao conceito de que a inter-
venção do Estado na economia seria sempre negativa (os clássicos e o libera-
lismo econômico estavam em xeque). O economista de maior destaque desse 
movimento foi o britânico John Maynard Keynes, que ressaltava o papel 
fundamental das expectativas (que ele chamou de animal spirit) para a ativi-
dade econômica. Para ele, quando as empresas se mostravam inseguras em 
relação ao futuro, elas passavam a investir menos, o que dava início a um 
processo de retração econômica, que poderia resultar no estabelecimento 
de uma crise. Nesse ambiente, mesmo que os trabalhadores se dispusessem 
a receber salários menores, as empresas não estariam dispostas a contratar 
mais (ou seja, havia desemprego involuntário).
29
Na sua obra fundamental, Teoria Geral do Emprego, do Juro e do Dinheiro, 
Keynes apresentou, como premissa fundamental para o desenvolvimento 
econômico, a necessidade de manutenção dos níveis de consumo e inves-
timento do governo, das empresas e dospróprios consumidores. Partindo 
desse princípio, a doutrina keynesiana afirma que o pleno emprego não é 
uma situação natural, na medida em que, em muitas situações, os trabalha-
dores desempregados não conseguirão emprego, mesmo se oferecendo para 
trabalhar por menores salários, pois o desemprego pode também ser gerado 
por uma demanda efetiva muito baixa, não pelo salário real elevado. 
Nessas condições, o desemprego involuntário pode se estender por longos 
períodos, o que justificaria ações governamentais para tirar a economia dessa 
situação indesejada. 
Com isso, ele se coloca frontalmente contra o argumento clássico 
fundamental de que o livre mercado levaria automaticamente ao pleno 
emprego, argumentando que as políticas públicas contra o desemprego 
eram indispensáveis.
A campanha presidencial de 1932, nos Estados Unidos, teve como pano 
de fundo uma taxa de desemprego estimada em 23,6% (INFOPLEASE, [s. 
d.]), a qual gerou uma elevada rejeição para o então presidente, Herbert 
Hoover, que acabou perdendo as eleições para o Democrata Franklin 
Roosevelt, que se usou das ideias de Keynes (que já haviam se espalhado pelo 
meio acadêmico) para estabelecer seu ambicioso programa denominado de 
New Deal, o qual pode ser traduzido como um novo pacto (no sentido de um 
compromisso do governo, das empresas e dos consumidores para retomarem 
o crescimento econômico). 
A partir das ideias de um grupo de renomados economistas inspirados 
em Keynes, foram articulados planos de ação estatais e privados associados 
a um conjunto de medidas, como: empréstimos aos bancos, criação do 
sistema de seguridade social (que incluía seguro desemprego), estímulo à 
produção agrícola e realização de uma grande quantidade de obras públicas, 
entre outras.
Essas medidas tiveram como objetivo ocupar a população economica-
mente ativa e estimular o consumo da população, aquecendo a produção 
industrial, agrícola e de serviços, em todos os níveis. O sucesso das medidas 
trouxe novo vigor à economia norte-americana, ao ponto de estudos 
afirmarem que, dez anos após a implantação do New Deal, os EUA se aproxi-
maram dos patamares econômicos em que se encontravam em 1929 (VAN 
DEURSEN, 2018).
30
Para os keynesianos, a necessidade da intervenção governamental decorria 
do fato de o capitalismo ser visto como um modo de produção integrado, no 
qual o desenvolvimento de todos os setores econômicos derivava do aumento 
do consumo, principalmente, dos trabalhadores (CARVALHO, 2008). 
O sucesso econômico do New Deal foi a referência para a implementação 
do Welfare State (um conjunto de políticas de bem-estar social) na Europa 
devastada no pós-guerra: o Estado assumia a responsabilidade de reduzir as 
desigualdades e criar as infraestruturas necessárias para uma vida digna para 
a maioria da população. O maciço investimento em saúde, educação, infraes-
trutura, etc. colaborou para um grande crescimento econômico na Europa e 
nos Estados Unidos nas décadas seguintes.
Esse sucesso ressaltou um dos pilares do keynesianismo, o efeito multi-
plicador: para Keynes, era possível identificar o aumento na atividade econô-
mica gerado por uma despesa adicional do governo. Ou seja, o aumento nos 
gastos seria justificado pela criação de novos empregos e pelo aumento nos 
investimentos de outras empresas privadas.
Exemplificando
Considere uma situação em que haja uma estagnação da economia 
associada a um elevado desemprego e o governo decida elevar o gasto 
público, por meio da realização de obras de construção civil. Para realizar 
essas obras, o Estado comprará máquinas e equipamentos e contratará 
novos funcionários. Dessa forma, as empresas que produzem máquinas 
e equipamentos precisarão adquirir os fatores de produção necessários 
e remunerá-los (pagando lucro e salários).
Os salários recebidos pelos empregados contratados pelo governo e 
pelas empresas fornecedoras de máquinas e equipamentos (bem como 
o lucro distribuído entre os proprietários das empresas fornecedoras) 
serão utilizados para adquirir bens e serviços variados (móveis, automó-
veis, eletrodomésticos, vestuário, alimentação, etc.). 
A produção desses bens e serviços variados (que serão adquiridos) 
gerará uma nova renda pelo uso dos fatores de produção (as empresas 
de móveis, vestuário, etc. precisarão contratar novos funcionários e 
adquirir novas máquinas para conseguirem atender a essa demanda), 
repetindo o ciclo. Com isso, perceba que há uma expansão do gasto 
total – e, consequentemente, da atividade econômica – a partir da 
decisão do governo de ampliar seus gastos (com as obras públicas). A 
intensidade dessa expansão é o efeito multiplicador de renda: o ciclo 
expansivo de consumo derivado de um aumento do gasto público. Note 
que, quanto maior essa expansão, maior será a contratação de novos 
funcionários, o que reduzirá o desemprego involuntário 
31
Contudo, na década de 1970, o mundo testemunhou uma inversão de 
papéis, ainda que de forma menos intensa: uma grave crise em diversos países 
que adotavam políticas keynesianas não conseguiu ser superada por meio dos 
mecanismos tradicionais. Como consequência, a década de 1980 foi marcada 
pela substituição da linha de pensamento econômico hegemônico (do keyne-
sianismo pelo neoliberalismo econômico), com destaque para os Estados 
Unidos (com Ronald Reagan como presidente entre 1981 a 1989) e a Inglaterra 
(com Margaret Thatcher como primeira ministra entre 1979 e 1990).
Os conceitos principais do neoliberalismo podem ser resumidos no 
Consenso de Washington, um conjunto de dez regras formuladas por econo-
mistas de instituições, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o 
Banco Mundial e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, em 
novembro de 1989, e que constituíram o receituário a ser seguido pelos países 
que buscavam recursos junto ao FMI para cobrir os seus déficits públicos 
(SILVEIRA, 2019):
1. Disciplina Fiscal – o Estado não deve gastar mais do que arrecada 
com os tributos, eliminando o déficit público.
2. Redução dos gastos públicos.
3. Reforma fiscal e tributária, para viabilizar o equilíbrio nas 
contas públicas.
4. Abertura comercial e econômica, eliminando o protecionismo e 
atraindo investimento estrangeiro.
5. Taxa de câmbio de mercado competitivo.
6. Liberalização do comércio exterior.
7. Eliminação das restrições ao investimento estrangeiro direto.
8. Privatização, com a venda das empresas estatais.
9. Desregulamentação, com afrouxamento das leis de controle econô-
mico e das relações trabalhistas.
10. Direito à propriedade intelectual.
Depois de décadas de predominância de políticas neoliberais, o mundo 
enfrentou nova crise, em 2009, a partir da queda do Banco Lemann Brothers, 
nos Estados Unidos. A reação do governo norte-americano foi claramente 
keynesiana, a ponto de comprar ações de empresas tradicionais para impedir 
a falência delas e, assim, impedir o aumento do desemprego. 
32
Para concluir, vale a pena considerar as palavras de um dos expoentes do 
pensamento liberal brasileiro que não poupa elogios a Keynes (FRANCO, 
2008, [s. p.]): 
Vale lembrar que as crises financeiras existem desde 
sempre, e que invariavelmente são combatidas por inter-
venções salvadoras dos governos, que terminam fazendo o 
sistema mais robusto. John Maynard Keynes, tão lembrado 
recentemente, foi um dos heróis na vitória sobre uma 
grande crise e estava muito longe de ser hostil ao que hoje 
se chama de neoliberalismo. [...]
Na verdade, para os que acreditam em mercados e no 
capitalismo, o pragmatismo se chama Keynes. É dele que 
as pessoas falam quando é preciso inovar e produzir uma 
‘resposta criadora’ diante de uma urgência grave e inespe-
rada. [...]
Fica-se com a impressão de que ‘intervenções do Estado 
no domínio econômico’ têm mais chances de funcionar 
quando feitas por gente que acredita em mercados e que 
vê a intervenção como exceção, não como regra. 
Agora é o momento de você complementar seu estudo, fazendo as leituras 
adicionais e osexercícios, pois ainda tem muita coisa legal por vir. Um abraço 
e até a próxima!
Sem medo de errar
Chegou o momento de aplicarmos os conhecimentos adquiridos na 
resolução de uma questão prática. Vamos relembrá-la? 
Haverá eleições presidenciais no Brasil no final desse ano e, segundo as 
pesquisas mais recentes, os dois candidatos com maior intenção de votos 
seguem linhas econômicas distintas: o candidato A é adepto do liberalismo 
econômico, enquanto o candidato B já manifestou apreço pela abordagem 
keynesiana. 
Frente a esse cenário, para o próximo ano, João precisa construir o plane-
jamento financeiro da empresa do ramo automobilístico onde trabalha. 
Para isso, ele precisa analisar como a vitória na eleição de cada candidato 
poderia impactar na tributação do setor automobilístico, considerando que, 
no último biênio, o ramo automobilístico obteve redução, pelo governo 
brasileiro, de algumas alíquotas de tributos incidentes sobre a produção de 
33
automóveis, ajudando o setor a ter um crescimento nas suas vendas, por 
conta da redução nos preços (decorrente da redução do custo tributário). Se 
você fosse assistente de João na construção do planejamento financeiro, de 
que forma a tributação do setor automobilístico poderia ser impactada com a 
vitória do candidato A? E se o candidato B vencesse as eleições, o que poderia 
acontecer com a tributação no setor automobilístico?
Vamos pensar juntos: se o candidato A, liberal, vencer as eleições, é de se 
esperar que a redução de tributos específica para o setor não se mantenha, 
pois a teoria clássica prevê uma intervenção mínima do governo no mercado, 
ou seja, os setores devem competir entre si pela escolha do consumidor em 
igualdade de condições. Com isso, a ação dos agentes levará ao melhor uso 
dos fatores de produção disponível (a chamada mão invisível), melhorando a 
economia como um todo. Além disso, subsídios podem trazer desequilíbrio 
fiscal, o que é indesejável para um candidato liberal. Assim, com esse cenário, 
você deve aconselhar João a fazer um planejamento que vislumbre essa possi-
bilidade de redução tributária ao setor automotivo.
Por outro lado, se o candidato B, keynesiano, vencer as eleições, a possi-
bilidade do setor automobilístico continuar recebendo apoio governamental 
na forma de alíquotas mais baixas dos tributos deve ser considerada como 
altamente provável (isso deve aparecer no planejamento financeiro de João), 
pois o keynesianismo defende uma maior participação do governo na 
economia, como forma de estimular a geração de empregos, ainda que, no 
médio prazo, o equilíbrio fiscal possa ser comprometido.
Avançando na prática
O governo deve intervir?
Francisco é assessor do Secretário de Desenvolvimento de uma cidade 
do interior de Minas que passou por uma tragédia terrível de rompimento 
de uma barragem, a qual matou algumas pessoas, causou grandes prejuízos e 
gerou uma estagnação econômica na cidade. 
Após um processo na justiça, a empresa realizou um acordo e se dispôs 
a efetuar pagamentos individuais às famílias e às empresas que foram preju-
dicadas, contudo, alegou que não haveria necessidade de disponibilizar 
recursos para a prefeitura, pois os pagamentos aos agentes seriam suficientes 
para recuperar a economia do município. 
34
Francisco recebeu a incumbência de apresentar ao juiz as razões para 
que a prefeitura também receba recursos destinados à recuperação da 
economia da cidade. Com base na teoria keynesiana, quais argumentos ele 
deve apresentar?
Resolução da situação-problema
Francisco deve recorrer ao exemplo da recuperação econômica norte-a-
mericana, por meio do New Deal, para argumentar que, mesmo que haja 
recursos disponíveis para consumo e investimento, se as expectativas não 
forem positivas, nem os consumidores nem as empresas tomarão decisões de 
consumo e investimento.
O argumento deve ser de que a prefeitura deve receber recursos que serão 
utilizados para garantir aos agentes que a retomada econômica do município 
acontecerá: a prefeitura poderá encomendar obras, contratar pessoas, abrir 
licitações, etc. que rompam a inércia e iniciem um ciclo de investimentos no 
município. Além disso, se os recursos forem direcionados aos setores corretos, 
os ciclos subsequentes poderão trazer um grande crescimento na produção e 
no emprego, de acordo com o multiplicador keynesiano. Importante ressaltar 
que o governo deve ter o cuidado de ir se retirando do papel de protagonista, 
à medida que a economia se recupere. 
Faça valer a pena
1. Ao longo dos séculos, os economistas têm se dividido entre duas escolas 
distintas: uma que defende uma presença maior do Estado na economia (pois 
é responsabilidade deste a manutenção da atividade econômica), e outra que 
argumenta que, quanto menor o tamanho do Estado, melhor (pois os agentes 
otimizam suas decisões, sem a intervenção do governo).
Essas duas escolas econômicas são, respectivamente:
a. O socialismo e o capitalismo.
b. O comunismo e o keynesianismo.
c. O keynesianismo e o liberalismo.
d. O liberalismo e o socialismo.
e. O keynesianismo e o socialismo. 
35
2. Uma das discussões mais antigas da ciência econômica refere-se ao 
papel do governo como promotor do crescimento econômico. Existem duas 
vertentes principais antagônicas a respeito do nível ideal de intervenção do 
governo na economia: o keynesiano e o liberalismo. 
Com base nas diferenças fundamentais entre essas duas abordagens, avalie as 
seguintes asserções e a relação proposta entre elas:
I. Para os clássicos, o governo deve ser o motor da economia, enquanto, 
para os keynesianos, o governo deve evitar intervenções no mercado.
PORQUE
II. Para os clássicos, as intervenções do governo, na maioria das vezes, 
causam mais soluções do que problemas.
A respeito dessas asserções e da relação entre elas, assinale a alternativa 
correta:
a. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II, falsa.
b. As asserções I e II são proposições falsas.
c. A asserção I é uma proposição falsa, e a II, verdadeira.
d. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II justifica a I.
e. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não justifica a I. 
3. As diferentes linhas de pensamento econômico divergiram, ao longo dos 
séculos, basicamente, em quanto o Estado deve intervir no governo para 
proporcionar melhores condições para a sociedade. 
Tomando como referência as linhas de pensamento econômico, classifique as 
afirmativas a seguir em verdadeiras (V) ou falsas (F):
( ) Para Adam Smith, a produtividade é a causa fundamental da riqueza 
das nações, que devem estimular a especialização do trabalho para que esse 
processo seja mais intenso.
( ) O sucesso da recuperação econômica norte-americana, após a crise de 
1929, por meio do New Deal, estimulou a adoção das ideias de Keynes em 
vários outros países nas décadas seguintes.
( ) As principais correntes políticas estão ligadas a uma divisão econômica: 
os keynesianos (defensores de uma menor presença do Estado) e os liberais 
(que afirmam que o pleno emprego não é alcançado automaticamente).
36
( ) A predominância das políticas keynesianas no mundo durou até meados 
da década de 1970, quando sua incapacidade de superar uma nova crise 
mundial fez com que o neoliberalismo assumisse o protagonismo.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de classificação, de 
cima pra baixo:
a. V – V – F – V.
b. F – F – V – V.
c. F – F – V – F.
d. V – F – V – V.
e. V – V – F – F. 
37
Seção 3
Governo e o mercado
Diálogo aberto
Olá! Você já participou de alguma conversa sobre política? Nem sempre 
é um assunto tranquilo, não é verdade? Contudo, a política tem muito a 
ver com a macroeconomia, pois a intervenção do governo está diretamente 
ligada a essa questão. Além das questões partidárias, as decisões do governo 
podem afetar a economia como um todo e alguns setores ou empresas em 
particular. 
É sob essa perspectiva que iremos conhecer o Luís e o Otávio,que são 
sócios na Empresa X, que é especializada em fornecer treinamento para novos 
servidores aprovados em concursos públicos. A empresa passou bastante 
tempo recebendo muitos contratos de treinamento, mas, nos últimos tempos, 
tem notado uma redução na demanda por serviços. Além disso, os sócios 
receberam uma notícia que os levou a um questionamento sobre o futuro 
da empresa. A questão é que, após um período de constante crescimento 
na atividade econômica, a inflação cresceu muito e o governo anunciou que 
tomará medidas para controlá-la. A partir dessa informação proveniente 
do governo, Luís e Otávio precisam definir se, nesse momento, investem na 
aquisição de um terreno para a nova sede da empresa ou se assumem uma 
posição estratégia mais conservadora, de aguardar antes de realizar novos 
investimentos. Se você fosse consultado a opinar sobre o assunto, frente a 
esse novo cenário, qual deveria ser a estratégia a ser adotada pela empresa?
Para responder a essa pergunta, você precisará entender os motivos que 
levam o governo a interferir na economia, os instrumentos que dispõe para 
isso, os objetivos que são buscados e os riscos envolvidos quando erros são 
cometidos. Você terá que compreender também o quanto essas políticas 
afetam o mercado em geral e os setores específicos em particular. Portanto, 
bom aprendizado! 
Não pode faltar
Seja bem-vindo! Creio que você já percebeu o quanto a atuação gover-
namental é um elemento fundamental para o comportamento dos indica-
dores macroeconômicos do país, não é mesmo? Como o objeto de análise 
fundamental da macroeconomia são as relações entre os agregados econô-
micos (taxas de juros, inflação, crescimento econômico, desemprego, etc.), os 
38
ciclos econômicos e a influência da atuação do governo sobre os resultados 
econômicos, existe uma intensa interface entre as decisões econômicas do 
governo e as questões políticas. É importante separar as preferências pessoais 
das questões econômicas e, além do mais, quanto mais você conhecer de um 
determinado assunto, mais segurança terá para se posicionar, não é verdade? 
Por isso, precisamos, agora, estudar algumas questões básicas relativas 
à macroeconomia. Conheceremos, então, os mercados macroeconômicos, 
as funções do governo, as metas e políticas macroeconômicas e alguns 
agregados fundamentais. Você está pronto? 
Da mesma forma que o preço e a quantidade de equilíbrio de um deter-
minado produto podem ser encontrados por meio da interação das forças de 
oferta e demanda, foram estabelecidos cinco mercados macroeconômicos: 
i. de bens e serviços; ii. de trabalho – esses dois primeiros compõem a parte 
“real” da economia –; iii. monetário; iv. de títulos; e v. de divisas – esses três 
últimos compõem a parte monetária da economia. 
Figura 3.3 | Mercados macroeconômicos
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Bens e serviços
Monetário
De títulos
De divisas 
Trabalho
Fonte: elaborada pelo autor.
No mercado de bens e serviços, são determinados o nível de preços e o 
nível de produção do país, e o equilíbrio ocorre quando a oferta (intenção de 
produção de todas as empresas do país) e a demanda (intenção de compra de 
bens e serviços de todos os agentes econômicos) agregadas se igualam. Nesse 
mercado, são determinadas variáveis, como o Produto Interno Bruto (PIB), 
a inflação e os agregados macroeconômicos (consumo, poupança, gastos 
governamentais, investimentos, exportações e importações).
39
Atenção
No estudo da macroeconomia, ao falarmos de oferta e demanda, temos 
que ter em mente que nos referimos à produção de todas as empresas 
e à intenção de compra de todos os consumidores do país, que acabam 
influenciando o nível médio de preços de todas as mercadorias e 
serviços, ou seja, a análise macroeconômica não é feita sobre apenas 
uma empresa, um consumidor, ou uma mercadoria, mas sobre tudo 
o que compõe a economia do país. Essa visão de totalidade vale para 
todos os mercados que serão estudados nesta seção.
Já no mercado de trabalho, o equilíbrio ocorre quando a oferta e a demanda 
de trabalho se igualam, sendo o nível de emprego e o valor dos salários as 
variáveis determinadas nesse mercado. Nele, as empresas demandam traba-
lhadores para produzirem bens e serviços, ou seja, demandam trabalho, 
enquanto os trabalhadores (os detentores do fator de produção “trabalho”) 
oferecem sua mão de obra. Para os empresários, quanto menor for o salário, 
mais trabalhadores serão demandados e, quanto maior for o salário, menor 
será o interesse em contratar funcionários. Já em relação aos trabalhadores, 
quanto maior for o salário, mais pessoas se disporão a trabalhar e, quanto 
menor for o salário, menos gente terá interesse em trabalhar. Com isso, 
haverá um valor de salário que igualará o número de trabalhadores deman-
dados pelas empresas com a quantidade de funcionários dispostos a traba-
lhar. Esse é o chamado salário de equilíbrio do mercado. Sempre que a oferta 
de trabalho for maior do que a demanda por trabalho (ou seja, sempre que 
houver mais gente disposta a trabalhar do que emprego sendo oferecido pelos 
empresários), a tendência é que haja uma diminuição no valor do salário de 
equilíbrio pago nessa economia (e vice-versa).
Se você analisar o que acontece no mercado de trabalho, perceberá que 
existem fatores que podem afetar esse equilíbrio. Menores níveis de tributação 
sobre a folha de pagamento e melhores expectativas para a economia do país, 
por exemplo, ampliarão a demanda por trabalho por parte dos empresários 
e, consequentemente, diminuirão o nível de desemprego, ampliando o valor 
dos salários pagos no país.
A oferta e a demanda por moeda determinam a taxa de juros no mercado 
monetário, a qual afetará a produção, os preços e os investimentos externos. 
Por sua vez, o mercado de títulos (que é analisado em conjunto com o mercado 
monetário) existe porque a transferência de recursos dos agentes econômicos 
superavitários para os deficitários ocorre por meio de títulos.
40
Exemplificando
Você sabe como o governo financia boa parte dos problemas finan-
ceiros nas contas públicas? Por meio da venda de títulos públicos. Para 
entender isso, imagine que, neste mês, o governo tenha arrecadado R$ 
5.000.000,00 com a cobrança de tributos, mas gastou R$ 5.800.000,00 
com diversos pagamentos (funcionários públicos, reforma de rodovias, 
construção de universidades, etc.), ou seja, ele tem um resultado público 
deficitário de R$ 800.000,00 que precisa ser pago. Para solucionar 
esse problema financeiro atual, o governo tomará dinheiro empres-
tado na sociedade, vendendo “papéis” (chamados de títulos públicos) 
no montante de R$ 800.000,00. Quem compra esse título público 
(que pode ser eu, você, uma empresa, um banco, outro governo, etc.) 
espera reaver o dinheiro gasto com ele, no futuro (em 5, 10, 20 anos...), 
com o acréscimo de juros. Ou seja, com a venda dos títulos públicos 
a R$ 800.000,00, entra dinheiro, imediatamente, no caixa do governo, 
permitindo que ele pague funcionários, obras públicas, etc. que venciam 
naquele mês.
No entanto, quando os títulos públicos vencerem (em 5, 10, 20 anos...), 
o governo precisará devolver o dinheiro para quem comprou esses 
papéis, acrescidos de juros, ou seja, o financiamento da dívida pública 
via venda de títulos posterga uma dívida presente do governo, que 
precisará ser quitada no futuro (é como se você, como pessoa física, 
tivesse uma dívida no Banco A, que vence hoje, e pegasse dinheiro 
emprestado no Banco B, que só será paga no próximo mês: a dívida 
continua existindo, mas seu prazo de quitação foi postergado).
Por fim, o mercado de divisas (moedas estrangeiras) resulta das transações 
de cada país com o resto do mundo. Seu equilíbrio ocorre quando a oferta 
e a demanda de divisas se igualam. A variável determinada nesse mercado é 
a taxa de câmbio, que sobe ou desce de acordo com a demanda e a oferta de 
divisas no mercado.
A participação dos governos nesses cinco mercados pode ser maior

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