Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Infectologia Morgana Fernandes Febre tifoide Doença bacteriana relacionada a condições precárias de higiene e saneamento básico. Causada pelo bacilo gram-negativo Salmonella entérica e possui como reservatório o homem. Transmissão É transmitida pelo contato com mãos de doentes ou portadores (via direta) e através de água e alimentos contaminados pelas fezes ou urina de doentes ou portadores (via indireta). A transmissão ocorre enquanto os bacilos estão sendo eliminados. Alguns pacientes permanecem eliminando os bacilos por até 3 meses após o início da doença ou podem se tornar portadores crônicos. O bacilo é resistente a baixas temperaturas, dessa forma, alimentos congelados podem ser veículos de transmissão. Classificação dos alimentos de acordo com o risco de transmissão: ➢ Alto risco: – alimentos crus, frutas não lavadas e água não potável. ➢ Médio risco: alimentos manipulados após o cozimento ou requentados e massas. ➢ Baixo risco: alimentos consumidos logo após o cozimento. Manifestações clínicas ➢ Febre alta ➢ Cefaleia ➢ Mal-estar geral ➢ Dor abdominal ➢ Anorexia ➢ Dissociação pulso/temperatura ➢ Constipação ou diarreia ➢ Tosse seca ➢ Roséolas tíficas ➢ Hepatoesplenomegalia PERÍODO DE INCUBAÇÃO: primeira semana de doença, manifestando um quadro febril progressivo. PERÍODO DE ESTADO: corresponde à segunda e terceira semanas de evolução. Neste período, ocorre intensificação da sintomatologia anterior, especialmente a febre e as manifestações digestivas. PERÍODO DE CONVALESCENÇA OU DECLÍNIO: corresponde à quarta semana de evolução. O quadro febril tende a diminuir progressivamente, bem como os demais sintomas, e o paciente entra na fase de recuperação clínica. Complicações ➢ Enterorragia Perda de sangue nas fezes de origem do trato gastrointestinal baixo. Apresenta coloração vermelho viva. Pode ocorrer na terceira semana após a infecção. A quantidade de sangue é variável. Perda maciça pode desencadear sinais de choque hipovolêmico, como queda de temperatura, palidez e sede intensa. ➢ Perfuração intestinal Complicação mais grave Pode ocorrer por volta do 20° dia da doença. Dor súbita na fossa ilíaca direita, seguida por distensão e hiperestesia abdominal. Os ruídos peristálticos diminuem ou desaparecem, a temperatura decresce rapidamente, o pulso acelera, podendo surgir vômitos. O doente apresenta-se ansioso e pálido. Em poucas horas, surgem sinais e sintomas de peritonite. Desaparece a macicez hepática. Infectologia Morgana Fernandes ➢ Pode acometer o sistema cardiovascular, sistema nervoso, rins, ossos e articulações. Diagnóstico ➢ Clínico-epidemiológico ➢ Laboratorial: isolamento e identificação do agente etiológico, nas diferentes fases clínicas. 1. • Hemograma: • Hemocultura • Coprocultura • Mielocultura • Urocultura ➢ Diagnóstico diferencial Tratamento ➢ Hidratação ➢ Probióticos ➢ Zinco ➢ Cloranfenicol • Adultos − 50mg/kg/dia, de 6 em 6 horas, até a dose máxima de 4g/dia. • Crianças − 50mg/kg/dia, de 6 em 6 horas, até a dose máxima de 3g/dia. A via de administração preferencial é a oral. • Pacientes que não apresentam febre devem ter a dose reduzida para 2g/dia para adultos e 30mg/dia para crianças • O tratamento deve ser realizado por até 15 dias após o último dia de febre, podendo ser mantido por no máximo 21 dias. Efeitos adversos: – há possibilidade de toxicidade medular, que pode se manifestar sob a forma de anemia (dose dependente) ou, raramente, de anemia aplástica (reação idiossincrásica). ➢ Ampicilina: via oral de 6/6h por 14 dias. • Adultos − 1.000 a 1.500mg • Crianças − 100mg/kg/dia ➢ Amoxicilina: via oral de 8/8h por 14 dias. • Adultos − 3g/dia • Crianças − 100mg/kg/dia ➢ Quinolonas: ciprofloxacino e a ofloxacina. • São contraindicadas para crianças e gestantes. Ciprofloxacino • Adultos − 500mg/dose, via oral, de 12 em 12 horas, durante 10 dias. Ofloxacina • Adultos − 400mg/dose, via oral, de 12 em 12 horas ou 200 a 400mg/dose, via oral, de 8 em 8 horas. A duração do tratamento é de 10 a 14 dias. Ceftriaxona 1 a 2g via intramuscular ou endovenosa em dose única. ➢ Após 7 dias do término do tratamento, iniciar a coleta de 3 coproculturas, com intervalos de 30 dias entre elas. Se o portador for manipulador de alimentos, realizar coprocultura uma vez por semana, durante 3 semanas. Se os resultados forem positivos o indivíduo deve ser novamente tratado. ➢ Na salmonelose septicêmica prolongada deve-se realizar o tratamento antiesquistossomótico, devido a associação entre as patologias. Notificação A febre tifoide é uma doença de notificação compulsória Infectologia Morgana Fernandes Deve ser notificado em até 7 dias e registrado no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), utilizando- se a Ficha de Investigação da Febre Tifoide. Prevenção e controle ➢ Saneamento básico ➢ Imunização: esquema vacinal em 3 doses em dias alternados. Vacina de bactéria viva atenuada Uma dose (3 cápsulas) Via oral, a partir dos 5 anos Em dias alternados: 1º, 3º e 5° dias. Reforço: uma dose a cada 5 anos Vacina polissacarídica Uma dose (0,5mL), subcutânea, a partir dos 2 anos de idade Reforço: Nas situações de exposição contínua, revacinar a cada 2 anos. ➢ Educação em saúde: higiene pessoal e manipulação de alimentos.
Compartilhar