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2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4 1 NOÇÕES FUNDAMENTAIS ....................................................................... 5 1.1 Conceito ............................................................................................... 5 1.2 Fontes do Direito Eleitoral .................................................................... 6 2 CLASSIFICAÇÕES ..................................................................................... 8 2.1 Democracia .......................................................................................... 8 2.2.1 Espécies ............................................................................................. 12 2.2 Soberania popular .............................................................................. 13 2.2.1. Plebiscito e referendo ........................................................................ 15 3 JUSTIÇA ELEITORAL .............................................................................. 17 3.1 A composição da justiça eleitoral ....................................................... 24 4 REFORMA ELEITORAL 2015: PRINCIPAIS PONTOS ALTERADOS NO CÓDIGO ELEITORAL ............................................................................................... 26 4.1 Cassação de registro.......................................................................... 27 4.2 Registro de candidatura ..................................................................... 28 4.3 Convenções partidárias ...................................................................... 28 4.4 Cálculo dos eleitos no pleito proporcional .......................................... 29 4.5 Novas eleições ................................................................................... 29 4.6 Voto em trânsito ................................................................................. 30 4.7 Propaganda eleitoral .......................................................................... 31 4.8 Novo passaporte ................................................................................ 32 4.9 Registro partidário .............................................................................. 33 4.10 Mudança de partido ........................................................................ 34 4.11 Prestação de contas ....................................................................... 35 4.12 Doações .......................................................................................... 36 4.13 Fundo Partidário .............................................................................. 37 3 5 SISTEMAS ELEITORAIS .......................................................................... 38 5.1 Conceito e espécies ........................................................................... 38 5.2 Sistema majoritário ............................................................................. 38 5.3 Sistema proporcional e o coeficiente eleitoral: ................................... 41 5.4 Distritos de média magnitude ............................................................. 47 5.5 Sistema distrital misto......................................................................... 48 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 50 4 INTRODUÇÃO Prezado aluno, O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 1 NOÇÕES FUNDAMENTAIS1 1.1 Conceito Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público (Direito Constitucional) que visa o direito ao sufrágio, a saber, o direito público subjetivo de natureza política que confere ao cidadão a capacidade eleitoral ativa (de eleger outrem — direito de votar — alistabilidade) e capacidade eleitoral passiva (de ser eleito — elegibilidade), bem como o direito de participar do governo e sujeitar-se à filiação, à organização partidária e aos procedimentos criminais e cíveis (inclusive regras de votação, apuração etc.) e, em especial, à preparação, regulamentação, organização e apuração das eleições. Fonte: noticiahoje.net A partir daí, entendemos que a finalidade do Direito Eleitoral é iluminar os caminhos escuros da democracia e dar esperança ao povo, cujo poder é inerente, de forma que, portanto, o Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público que mais sofre mudanças legislativas, que mais se aperfeiçoa na seara tecnológica, o que dificulta uma sistematização legal e um estudo mais aprofundado, exigindo da doutrina e da jurisprudência uma mudança valorativa radical, para efeito de acompanhar as mudanças sociais, políticas e econômicas de uma sociedade. 1 Extraído do livro Direito Eleitoral Esquematizado, de Thales Tácito Cerqueira e Camila Albuquerque Cerqueira 6 Importante frisar que o Código Eleitoral foi recepcionado pela CF/88 e, pelo fenômeno constitucional da adequação, acolhido como se fosse lei complementar, para atender ao art. 121 da Carta Política de 1988. Dessa forma, alguns conceitos se tornaram peculiares, tal como o conceito de crime eleitoral, que é todo aquele tipificado em lei eleitoral, seja no Código Eleitoral ou nas leis especiais, cabendo à União legislar sobre Direito Eleitoral (art. 22, I, da CF/88), visto que, por força do art. 121 da Carta Magna, somente lei complementar pode disciplinar a estrutura da Justiça Eleitoral (organização e funcionamento) e, por força do art. 14, § 9º, da mesma Carta, apenas lei complementar pode prever inelegibilidades, além do prazo do art. 16 da CF/88 no tocante ao conflito de leis no tempo (antinomia). Porém, como visto, a CF/88 (art. 121) não exigiu dos crimes eleitorais que fossem previstos em lei complementar; logo, podem ser criados por lei ordinária, podendo os tipos serem revogados por lei ordinária sem necessidade de edição de lei complementar para esse fim. 1.2 Fontes do Direito Eleitoral As principais fontes formais do Direito Eleitoral são: a) CF/88 (arts. 14 a 17 e 118 a 121) — fonte primária; As demais fontes formais são secundárias. b) Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65). c) Lei das Eleições (Lei n. 9.504/97 e Lei n. 12.034/2009). d) Lei das Inelegibilidades (LC 64/90). e) Lei dos Partidos Políticos (Lei n. 9.096/95). f) Minirreforma Eleitoral - Lei n. 11.300/2006 e Lei 13.165/2015. g) Consultas (atribuição restrita do TSE e dos TREs para responderem a questionamentos sobre o direito, em tese, por parte de legitimados — partidos políticos e autoridades, posto que a consulta não possui caráter vinculante, não tem efeito erga omnes — cf. relatório da Resolução 23.308/2010 e art. 45 da “A Constituição e o STF”: “Resposta do TSE a consulta eleitoral não tem efeito jurisdicional nem efeito vinculante”). 7 h) Resoluções do TSE — competência exclusiva do TSE em âmbito nacional e exclusiva dos TREs emâmbito regional, desde que não afronte resoluções do TSE — art. 105 da Lei n. 9.504/97. Fonte:.intra-ead.com.br Notas: Medida Provisória não pode veicular regras de Direito Eleitoral ou Partidário — art. 62, I, a, CF/88. A competência para editar normas de Direito Eleitoral é privativa da União Federal — art. 22, I, CF/88. Porém, esta não exclui a dos Estados, sobre matéria específica e de âmbito regional, a teor do art. 22, parágrafo único da CF/88. Com relação à inelegibilidade, no direito brasileiro, é correto afirmar que decorre exclusivamente da Constituição Federal e de Lei Complementar — art. 14, § 9º, CF/88. 8 2 CLASSIFICAÇÕES 2.1 Democracia Fonte:pabloyglesias.com Em sentido amplo, política corresponde a todo jogo de influência dentro das relações humanas. Diante do pacto social, ao vivermos na sociedade, ora influenciamos determinadas pessoas, ora somos por estas influenciados. Esse jogo de influências é inevitável, corresponde à própria essência humana e, na maioria das vezes, opera-se de forma inconsciente. Por isso, Aristóteles dizia que “todo homem é um ser essencialmente político”, pois o simples fato de uma pessoa existir em determinado grupo provoca a transformação deste, uma vez que a presença dela, independentemente de vontade dela, o influência de alguma forma. Mas a política pode estar em um estágio consciente, ou seja, exercício consciente do jogo de influências, quando se busca alcançar determinados objetivos, traçando estratégias e procurando convencer nossos semelhantes da importância do que desejamos. Essa forma de política consciente pode ser exercida tanto em um microcosmo, como família, amigos, colégio ou faculdade, quanto em um macrocosmo, ou seja, em nossa sociedade. Dependendo da forma como será a influência no macrocosmo, temos determinado regime político. E, quando todos podem participar livremente dos jogos de influência da nossa sociedade, temos a figura da democracia. Democracia vem do grego, demos (povo) + kratia ou kratos (governo). 9 Democracia, como se sabe, na lapidar e histórica definição do maior Presidente dos EUA, Abraham Lincoln (16º Presidente — 1861/1865 — Partido Republicano), “é o governo do povo, pelo povo e para o povo”. Democracia, primeiro, é o poder do povo de se autogovernar. Mas quem é o “povo” na democracia? A maioria. Assim, as decisões da maioria devem determinar os rumos da organização da própria sociedade, enquanto as minorias devem sujeitar- se a tais decisões. Porém, isso não significa uma ditadura da maioria, pois a maioria deve ter tolerância para que as minorias exerçam o direito de divulgar suas ideias e tenham a chance, algum dia, de se tornar maioria. Essa possibilidade leva à outra dimensão da democracia, qual seja, dever ser exercida para o povo, leia-se, para o bem comum (supremacia do interesse público). Assim, independentemente de crenças, sexo, ideologia, raça, religião ou opções políticas, os representantes do povo devem criar condições para que todo ser humano possa se desenvolver como pessoa. Contudo, isso somente é possível quando vivenciamos o que se denomina de “democracia participativa”, ou seja, a democracia deve ser exercida pelo povo, não somente participando de uma eleição mas também fiscalizando os políticos, “denunciando” ilicitudes ao Ministério Público, cobrando plataformas eleitorais e promessas de campanha, ajuizando ação popular, participando do orçamento (orçamento participativo), etc. A democracia é uma forma de regime político, em que se permite a participação do povo no processo decisório e sua influência na gestão dos empreendimentos do Estado, consubstanciada em valores fundamentais que a norteiam (maioria — o que a maioria do povo decidir está decidido; igualdade — todos os membros da sociedade têm a mesma condição (igualdade perante a lei) — e liberdade — livre-arbítrio de escolha, de voto, de consciência, de pensamento, de ir e vir, etc.) e princípios (soberania — a vontade do povo é a que decide; e participação direta ou indireta — o povo decidindo direta ou indiretamente, por seus representantes, o regime político a ser traçado e seguido). As primeiras eleições gerais do Brasil-Colônia — em 1821, caracterizadas pelo voto aberto, em listas — destinaram-se à escolha dos Deputados que seriam responsáveis pela redação e aprovação, em Lisboa, da primeira Constituição da Monarquia Portuguesa. Surge, então, um esboço de democracia, ainda longe dos reclames populares. 10 Com a proclamação da República, em 1889, foi eleita, em 1890, a primeira Assembleia Nacional Constituinte, inaugurando a “política dos Governadores”, segundo a qual o governador central mantinha acirrado controle sobre os pleitos por meio de esquema fraudulento de manipulação dos resultados, visando à eliminação da oposição. Fonte: midiamax.com.br Com a Revolução de 1930, a segunda República nasce, e o primeiro Código Eleitoral brasileiro, instituído em 1932, consagra o voto secreto, o voto feminino e o sistema de representação proporcional. Todas essas conquistas foram encampadas pela Constituição de 1934, que durou pouco. Nos anos seguintes, o Brasil presenciou transformações institucionais, e, em 1937, o Estado Novo extinguiu a Justiça Eleitoral, abolindo os partidos políticos existentes, suspendendo as eleições livres e estabelecendo eleição indireta para Presidente da República com mandato de seis anos. A tentativa de resgate da democracia inicia-se no final do Estado Novo, durante o governo do general Eurico Gaspar Dutra, que, em 29.10.1945, participou da articulação entre oposição e cúpula militar para destituir o Presidente Getúlio Vargas. A luta pela redemocratização intensificou-se no início de 1945, após o lançamento, por um grupo de intelectuais, do Manifesto Mineiro. No entanto, a redemocratização falha e as décadas seguintes são marcadas por um novo ciclo autoritário dos militares, iniciado em 1964 com o golpe de Estado que destituiu João Goulart. 11 A legislação eleitoral no período compreendido entre a deposição de João Goulart e a eleição indireta de Tancredo Neves, em 1985, foi marcada por uma sucessão de atos institucionais e emendas constitucionais, leis e decretos-leis, com os quais o regime militar conduziu o processo eleitoral de maneira a ajustá-lo ao estabelecimento da ordem preconizada pela Lei de Segurança Nacional. Visando obter a maioria favorável, o regime militar alterou a duração dos mandatos, cassou direitos políticos, decretou eleição indireta para Presidente da República, Governadores e Prefeitos dos municípios considerados de interesse da segurança nacional, ou seja, aqueles em que se vislumbrava o sucesso eleitoral da oposição. Nesse período militar, foram instituídas as candidaturas natas, o voto vinculado, as sublegendas e alterado o cálculo para o número de Deputados na Câmara, com base ora na população, ora no eleitorado, privilegiando Estados politicamente incipientes em detrimento daqueles tradicionalmente mais expressivos, reforçando assim o poder discricionário do Governo. A partir do processo da reabertura negociada, em 1982, foi eliminado da legislação eleitoral o voto vinculado. Três anos mais tarde, a Lei n. 7.444 disciplinou a implantação do processamento eletrônico de dados, do alistamento eleitoral e da revisão do eleitorado, possibilitando, em 1986, o recadastramento, em todo o território nacional, de 69,3 milhões de eleitores sob a supervisão e orientação do TSE, chegando, em 2002, a mais de 115 milhões de eleitores. A Constituição de 1988 impôs a realização de plebiscito para definir a forma (República ou Monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo). Previu que Presidente, Governadores, bem como os Prefeitos dos municípios com mais de 200 mil eleitores fossem eleitospor maioria absoluta (metade mais um dos votos) ou em dois turnos, se nenhum candidato alcançasse a maioria absoluta (metade mais um dos votos) na primeira votação. Nos municípios com menos de 200 mil eleitores, os Prefeitos seriam eleitos em turno único, por maioria simples. Para evitar casuísmos, a Emenda Constitucional n. 4, de 1993, estabeleceu que a lei que alterasse o processo eleitoral somente seria aplicada um ano após a sua vigência. Mas o casuísmo era feito dentro do prazo legal — até que a Lei n. 9.504/97 deu estabilidade nas relações jurídico-eleitorais, fortalecendo a democracia com a sedimentação das resoluções, jurisprudências e súmulas dos Areópagos eleitorais. 12 A Emenda Constitucional n. 16/97 permitiu a reeleição dos chefes do Poder Executivo para um único período subsequente, beneficiando o então Presidente em primeiro mandato, Fernando Henrique Cardoso, e propiciando ao TSE uma releitura do art. 14, § 5º, da CF/88. Fonte: acervacandanga.com Portanto, a democracia brasileira, com o hiato que sofreu em períodos intercalados da história, caminha para a juventude, não tendo ainda se firmado em sua fase adulta. 2.2.1 Espécies As espécies de democracia são: a) Democracia direta O povo exerce, por si, os poderes de Governo, fazendo leis, administrando e julgando. b) Democracia indireta ou representativa A fonte primária de poder (povo) não dirige diretamente os negócios governamentais, em razão de diversos fatores (complexidade dos problemas sociais, explosão demográfica, extensão territorial/geográfica), e sim os outorga a seus representantes, eleitos periodicamente e com mandato temporário. Sinônimo de democracia indireta ou representativa é mandato (dos eleitores para um eleito, para que o poder seja exercido em seu nome). 13 Assim, concluímos: 1. o mandato no Direito Eleitoral não pode ser revogável, mas é temporário; 2. o eleitor não pode exigir diretamente do mandatário uma responsabilidade pelos atos; 3. há transferência do exercício do poder, ou seja, o eleitor torna-se “cumpridor das leis”, e o eleito torna-se feitor das regras e leis a serem cumpridas pelos “donos” do poder/democracia (povo). c) Democracia semidireta Consubstancia-se na democracia representativa, com alguns institutos da democracia direta, ou seja, um sistema eclético ou misto. 2.2 Soberania popular As formas de exercício da soberania popular, previstas na CF/88, são: a) Sufrágio universal; b) Voto direto; c) Voto secreto; d) Valor igual para todos; e) Eleições periódicas para o Legislativo e Executivo (formas indiretas de soberania). Existe eleição para o Poder Judiciário? Não, apenas há previsão de membros da sociedade participarem do Tribunal do Júri; f) Mediante plebiscito (forma direta de soberania — Lei n. 9.709/98, art. 1º, inc. I); g) ,Mediante referendo (forma direta de soberania — Lei n. 9.709/98, art. 1º, inc. II); h) Iniciativa popular pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído em, pelo menos, cinco Estados-membros, com não menos de três décimos por cento de eleitores em cada um deles (forma direta de soberania — Lei n. 9.709/98, art. 1º, inc. III). Inexistência material da soberania popular: dois casos famosos: Caso Daniela Perez — foi iniciativa parlamentar, por ausência do número mínimo de assinaturas — e Lei n. 9.840/99 — esta conhecida como de iniciativa popular, mas foi iniciativa 14 parlamentar, eis que conseguiu o número mínimo de assinaturas, mas não teve como efetuar na Câmara a conferência de títulos por sistema eletrônico. Fonte: images.glaciermedia.ca Em primeiro lugar, é importante destacar que a democracia brasileira, vedação implícita ao poder constituinte derivado reformador, é semidireta, ou seja, segundo o art. 1º da CF/88, o poder do povo é exercido mediante representantes no Poder Legislativo e Executivo (democracia indireta ou representativa) ou de forma direta (democracia direta), por meio de três mecanismos: a) Plebiscito; b) Referendo; c) Iniciativa popular. Dessa forma, o direito de sufrágio (direito público subjetivo), por meio do voto, se realiza mediante plebiscito e referendo; além disso, a iniciativa popular em projeto de lei tem em si a consagração da democracia semidireta, consoante comando constitucional dos arts. 1º e 14, I, II e III. A regulamentação de tais mecanismos diretos de participação popular no sufrágio ou iniciativa de leis ocorre, no plano infraconstitucional, pela Lei Federal n. 9.709, de 18.11.1998. 15 2.2.1. Plebiscito e referendo O art. 2º, caput, da Lei Federal n. 9.709/98 define plebiscito e referendo com o “consultas formuladas ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa”. O primeiro (plebiscito) deve ser “convocado com anterioridade a ato legislativo ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido” (cf. art. 2º, § 1º). Já o segundo (referendo), dever ser “convocado com posterioridade a ato legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição” (cf. art. 2º, § 2º). Portanto, o referendo é uma consulta popular direta, em que o povo diz sim ou não para confirmar ou rejeitar uma lei. Nota: Em verdade, tanto o plebiscito como o referendo não são consultas formuladas ao povo, e sim ao cidadão, pois somente quem possui título eleitoral pode votar. Se fosse realmente do povo, todos poderiam votar. Se fôssemos analisar o art. 1º da CF/88, teríamos que ler que “todo poder é do cidadão” (e não do povo). Características No plebiscito e no referendo: a) O voto, como nas eleições, é obrigatório. Todos os cidadãos com mais de 18 anos e menos de 70 deverão comparecer às urnas; b) O voto é facultativo (opcional) apenas para quem tem entre 16 e 18 anos ou pessoas com mais de 70 anos; c) Cada eleitor vota em sua seção eleitoral; d) Brasileiros residentes no exterior não votam; e) Residentes no Brasil em viagem ao exterior precisam justificar o voto, ao retornarem, na sua zona eleitoral. A Lei prevê que as datas para a realização de referendos e plebiscitos sejam estabelecidas pela Justiça Eleitoral. 16 Fonte: pt.org.br Iniciativa popular Segundo a redação do art. 13, caput, da Lei n. 9.709/98, a iniciativa popular “consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles”. Ainda sobre a iniciativa popular, cumpre salientar que: a) O projeto “deverá circunscrever-se a um só assunto” (art. 13, § 1º); b) “Não poderá ser rejeitado por vício de forma, cabendo à Câmara dos Deputados, por seu órgão competente, providenciar a correção de eventuais impropriedades de técnica legislativa ou de redação” (art. 13, § 2º); c) Cumpridas as exigências do art. 13, o projeto seguirá o processo legislativo, em seus ulteriores termos, consoante as normas do Regimento Interno da Casa; d) Diante da Federação e autonomia das Casas Legislativas, é possível à Constituição Estadual (Poder Constituinte Derivado Decorrente) e à Lei Orgânica Municipal também preverem em seus diplomas legislativos a oportunidade de iniciativa popular, respectivamente, no tocante às leis estaduais e municipais, seguindo as normas gerais da CF/88. 17 3 JUSTIÇA ELEITORAL A Justiça Eleitoral é o instrumento de garantia da seriedade do processo eleitoral, seja no comando das eleições, evitando abusos e fraudes, seja na preservação de direitos e garantias por meio da fixação e fiel observância de diretrizes claras e firmes, fundamentadas em lei. O surgimento da JustiçaEleitoral remonta a 1930, com a revolução que originou o Código Eleitoral de 1932. José Francisco de Assis Brasil sustentou aos revolucionários de 1930 que as funções eleitorais ficassem a cargo da Justiça Eleitoral. A questão era: dever-se-ia criar um ramo federal da União para criar a Justiça Eleitoral ou se aproveitaria a estrutura menos densa da Justiça Comum Federal ou, ainda, a mais densa da Justiça Comum Estadual? A decisão política dos revolucionários de 1930 foi ficar com a Justiça Comum Estadual, evitando a permanência dos Juízes Eleitorais em quadro próprio e trazendo o princípio da temporariedade das funções. Portanto, a Justiça Eleitoral, além de jurisdicional, tem função de “agência produtora de eleições” (gerencia e administra as eleições brasileiras). Isso justifica o motivo dos rodízios entre Juízes Eleitorais e mandato fixado para os órgãos regionais (TRE) ou nacional (TSE). O Código Eleitoral de 1932 instituiu o voto universal, secreto e obrigatório e criou a Justiça Eleitoral, com competência para o alistamento, organização das mesas, apuração dos votos, reconhecimento e proclamação dos eleitos, incorporando as mulheres e os religiosos, mas ainda excluindo os analfabetos, mendigos e praças de pré. O Decreto ainda regulou as eleições federais, estaduais e municipais, bem como instituiu a representação proporcional. Com o advento deste Código, em 24.02.1932, foi criado o Tribunal Superior da Justiça Eleitoral, instalado a 20 de maio do mesmo ano, em cerimônia presidida pelo Ministro Hermenegildo Rodrigues de Barros. Em 1934, a Justiça Eleitoral foi incluída entre os órgãos do Poder Judiciário (art. 63 da CF/34), tendo competência privativa para o processo das eleições federais, estaduais e municipais, com início a partir do alistamento dos eleitores até a proclamação dos candidatos eleitos. A Constituição de 1934, promulgada, constitucionalizou a Justiça Eleitoral e consagrou a competência exclusiva da União 18 para legislar sobre matéria eleitoral; além disso, cuidou dos eleitores e das inelegibilidades. Fonte: ovigilanteonline.com Havia, na época, um Tribunal Superior na Capital da República; um Tribunal Regional na capital de cada Estado-Membro, no Acre — à época território — e no Distrito Federal; e juízes singulares nas sedes e Juntas Especiais. A Lei n. 48, de 04.05.1935, dispôs sobre “Modificações do Código Eleitoral” e, para muitos, foi o segundo Código Eleitoral. Uma época sombria para a história da Justiça Eleitoral brasileira foi a partir de 1937, com o conhecido período ditatorial do Estado Novo ou Nova Ordem, que com este rótulo sofista extinguiu tacitamente a Justiça Eleitoral, pois nem sequer fazia referência a ela em seu Texto Magno (art. 90 da CF/37) quando disciplinava os órgãos do Poder Judiciário, bem como proibiu as eleições. Assim, com a Constituição de 1937 outorgada por Getúlio Vargas, foi atribuído à União, privativamente, o poder de legislar sobre matéria eleitoral da União, dos Estados e dos municípios. Como se não bastasse, o período obnubilante da história teve a coragem de dissolver todas as Casas Legislativas em cada ente da federação, adiando as eleições para depois de um plebiscito a que seria submetida a nação, restaurando o sufrágio indireto, e a ditadura reinou e governou com interventores nos Estados. Para se ter uma ideia dos abusos, a condenação dos irmãos Naves, em Araguari/MG, ocorreu nesse período, quando um delegado era o chefe do Estado-maior e, sob o pretexto 19 de Justiça, forçou confissões, torturou os irmãos réus e suas famílias, física e psicologicamente, induzindo a Justiça Mineira ao maior erro judiciário que o Brasil já conheceu. Isso na Justiça Comum, sem contar os abusos pela extinção da Justiça Eleitoral. Esse regime durou até 1945, quando a Emenda Constitucional n. 09, de 28.02.1945, suprimiu o plebiscito alhures e revogou o art. 187 da Carta Magna, determinando que, em 90 dias, uma lei deveria prever a data das eleições para o segundo período presidencial, de Governadores de Estados, e as primeiras eleições para o Parlamento e as Assembleias Legislativas, ficando eleitos e habilitados os cidadãos diplomados pelos órgãos incumbidos de apurar as eleições. No dia 02.12.1945, as eleições para Presidente e para as Assembleias ocorreram. Proclamados os eleitos, fluiu na atmosfera a sensação de liberdade e esperança, típica do regime democrático, após sufocação de regimes impostos. Assim, a Constituição Federal de 1946 repristinou expressamente a Justiça Eleitoral como integrante do Poder Judiciário, com a mesma organização da Constituição Federal de 1934. O Tribunal Superior Eleitoral foi novamente criado, já com a denominação atual, pelo Decreto-Lei n. 7.586, de 28.05.1945, instalando-se no dia 1º de junho, sob a presidência do Ministro José Linhares, no Palácio Monroe, Rio de Janeiro, onde funcionou até 1946, quando foi transferido para a sede da Rua 1º de março. Na qualidade de desembargador da Corte de Apelação do Rio de Janeiro, José Linhares foi Ministro do Tribunal Superior Eleitoral em sua primeira fase e permaneceu até o golpe que implantou o Estado Novo no País, em novembro de 1937. Nessa nova fase, foi como Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal que José Linhares instalou o TSE; e, nessa condição, assumiu a Presidência da República em 29.10.1945, afastando-se do STF e do TSE, quando foi substituído pelo Ministro Waldemar Falcão na presidência dessa Corte. Em 31.01.1946, transmitiu ao General Eurico Gaspar Dutra a Presidência da República, retornando ao STF em 02.02.1946 e ao TSE em 25.05.1946. Terminou o mandato em 03.07.1947, sendo substituído pelo Ministro Álvaro Moutinho Ribeiro da Costa. Em abril de 1960, a sede do TSE foi transferida para Brasília, em virtude da mudança da capital federal. 20 A mudança da Corte para a sede definitiva, na Praça dos Tribunais Superiores, data de 1972. Assim, os órgãos da Justiça Eleitoral estão previstos nos arts. 92, V, 118 e 121 da CF/88, bem como nos Códigos Eleitorais. No ápice da estrutura hierárquica piramidal, encontra-se o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com sede na capital federal e jurisdição em todo o território nacional; após, os Tribunais Regionais Eleitorais (TRE), distribuídos pelas capitais dos Estados e no Distrito Federal — tanto o TSE quanto os TREs são Tribunais Federais. Na base piramidal, encontram-se os Juízes Eleitorais e as Juntas Eleitorais, atuando em suas respectivas zonas, em função federal. O Supremo Tribunal Federal não integra a estrutura piramidal da Justiça Eleitoral, mas conhece de matérias eleitorais na condição de Corte Constitucional, além de resolver conflito de competência entre o TSE e outro Tribunal Superior ou entre estes e quaisquer tribunais nos termos do art. 102, I, o, da CF/88. Na seara criminal, o STF, por força do art. 102, I, b, c, d e i, da CF/88, possui competência de natureza funcional (ratione personae). Por fim, o STF detém ainda a competência recursal em matéria eleitoral (art. 102, III, a — decisões do TSE que contrariem dispositivos constitucionais). O Superior Tribunal de Justiça (STJ), apesar de também não integrar a estrutura piramidal da Justiça Eleitoral, conhece de matéria eleitoral quando julga crimes cometidos por pessoas que detenham foro pela prerrogativa de função (ratione personae), previsto no art. 105, I, a, da CF/88; por exemplo, crime eleitoral cometido por Governador de Estado. Também lhe cabe resolver os conflitos de competência, ainda que versando sobre matéria eleitoral, nas hipóteses da alínea d do inc. I do art. 105 da CF/88. Fonte: Direito eleitoral esquematizado, Pedro Lenza, pg. 80. 21 As principais características institucionais da Justiça Eleitoral são: a) Adoção do sistema jurisdicional: O controle do processo eleitoral é judicial, nasua integralidade, ou seja, a fiscalização das eleições e proclamação dos eleitos não são outorgadas a órgãos do Legislativo e Executivo. No Brasil, durante o Império e mesmo com a proclamação da República, em 1889, o sistema reinante era o da “verificação dos poderes”, ficando a cargo das assembleias políticas as atribuições de controle da validade das eleições e proclamação dos eleitos, com resultados catastróficos (abusos, fraudes, distorções da vontade popular, abuso do poder político e econômico). Nos EUA, o sistema é o da “verificação de poderes”, em que a aferição da legalidade e legitimidade das eleições é feita pelo Poder Legislativo. Já em Portugal, Itália, França, Espanha, Argentina e Uruguai, essa tarefa é outorgada a órgãos integrados por membros pertencentes não somente ao Legislativo mas também ao Executivo e à própria sociedade, sendo esse sistema conhecido como “eclético”. b) Justiça especializada: A Justiça Eleitoral integra o Poder Judiciário brasileiro, mas dentro de uma especialidade em razão da matéria, de cunho federal, tendo competência, em suma, para questões relativas ao processo eleitoral (salvo questões internas de partidos) e seus incidentes, bem como para crimes cometidos nessa esfera (princípio da especialidade). c) Estrutura piramidal e hierárquica: Como vimos, os órgãos da Justiça Eleitoral seguem uma estrutura piramidal; a composição tem níveis hierárquicos distintos, a saber: no ápice da pirâmide encontra-se o TSE, seguido pelos TREs, Juízes e Juntas Eleitorais. O STF e o STJ, como visto, detêm competência de julgamento em matéria eleitoral, em que pese não integrarem os órgãos da Justiça Eleitoral. d) Inexistência de magistratura própria na Justiça Eleitoral: José Francisco de Assis Brasil sustentou aos revolucionários de 1930 que as funções eleitorais ficassem a cargo da Justiça Eleitoral. A questão era: dever-se-ia criar um ramo federal da União para criar a Justiça Eleitoral ou se aproveitaria a estrutura menos densa da Justiça Comum Federal ou a mais densa da Justiça Comum Estadual? A decisão política dos revolucionários de 1930 foi ficar com a Justiça Comum Estadual, evitando a permanência dos Juízes Eleitorais em quadro próprio. Com essa origem, 22 veremos a seguir que a Justiça Eleitoral não possui quadro próprio de magistrados a exercer as funções previstas na CF/88 e nas leis eleitorais, sendo composta atualmente de juízes oriundos de várias carreiras da magistratura, bem como de diferenciados graus hierárquicos: Ministros do STF, Ministros do STJ, desembargadores do TJ; juízes federais, juízes estaduais e advogados (juristas de idoneidade moral e notável saber jurídico). Portanto, a composição é heterogênea, apesar de centrada no próprio judiciário, que indicará os que funcionarão como juízes e os que são oriundos da advocacia, para que, com base nessas listas, o Presidente da República proceda à nomeação. Curioso é o fato de que, diferentemente do quinto constitucional aplicável aos Tribunais Estaduais, a legislação não permite que um membro do Ministério Público componha os Tribunais Eleitorais, apenas advogado, o que é criticado por vários setores doutrinários. e) Periodicidade da investidura dos juízes: José Francisco de Assis Brasil sustentou aos revolucionários de 1930, ainda, que as funções eleitorais possuíssem o princípio da temporariedade das funções. Assim, esses magistrados advindos de vários setores do próprio judiciário e da advocacia exercem suas funções em mandatos periódicos, para que o poder e o contato político não enfraqueçam seus membros ou os tornem parciais. Se, por um lado, isso é salutar; por outro, retira a especialização dos membros, pois, como a matéria eleitoral é complexa e difusa, quando um magistrado eleitoral se especializa, termina seu mandato. Mas ainda assim o arejamento é salutar. Cumpre esclarecer que, nas zonas eleitorais em que há comarcas com mais de uma Vara, há rodízio no mandato eleitoral, enquanto, nas zonas eleitorais que abarcam comarca com apenas um juízo, este juiz exercerá as funções eleitorais até que seja destituído, ou promovido, ou se aposente; este é o único caso registrado em que o princípio da periodicidade da investidura dos Juízes Eleitorais não é absoluto. f) Funcionamento permanente da Justiça Eleitoral: Como regra, vimos que os Juízes Eleitorais atuam de forma periódica; porém, a instituição — Justiça Eleitoral — é permanente, funcionando tanto em período eleitoral 23 como antes deste, alistando eleitores e movimentando a estrutura administrativa. g) Competência somente definida por lei complementar: A CF/88, art. 121, exigiu lei complementar para disciplinar e alterar a composição da Justiça Eleitoral. O Código Eleitoral foi adequado pela CF/88 como lei complementar. Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br h) Divisão territorial para fins eleitorais: O Brasil foi dividido territorialmente para fins eleitorais: 1. circunscrições eleitorais: os Estados da Federação e o Distrito Federal constituem-se em circunscrições eleitorais. Nestas, o TSE tem jurisdição em todo o território nacional (leia-se, em todas as circunscrições eleitorais), enquanto os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) possuem jurisdição apenas na circunscrição eleitoral respectiva (leia-se, no Estado da Federação ou no DF em que estiver localizado); 2. zonas eleitorais: as circunscrições eleitorais são divididas em zonas eleitorais de competência jurisdicional (que podem ou não coincidir com comarca — divisão territorial da Justiça Eleitoral). Nestas, os Juízes Eleitorais possuem jurisdição; 3. seções eleitorais: as zonas eleitorais detêm competência jurisdicional, porém, para funções administrativas no dia das eleições e para votação, além de possuírem várias seções eleitorais (geralmente localizadas em escolas, clubes etc.). 24 Quanto à competência criminal, os Juízes Eleitorais têm-na como regra para resolução dos crimes eleitorais, salvo se a pessoa possuir foro pela prerrogativa de função. Na seara cível-eleitoral, em visão geral, os Juízes Eleitorais têm competência para eleições municipais (Prefeitos e Vereadores); os TREs para as chamadas eleições gerais (Deputado Estadual, Federal, Distrital, Senador e Governador); e o TSE para eleição presidencial (Presidência da República). 3.1 A composição da justiça eleitoral Fonte: slideplayer.com.br A Justiça Eleitoral, por sua importância no cenário nacional, já que responsável pela efetivação dos mandatários que darão o destino da nação, deve ser estudada com muito cuidado. No Brasil, segundo a Constituição Federal de 1988, art. 118, a Justiça Eleitoral compõe-se dos seguintes órgãos, cada qual com sua atribuição, composição e localização: a) Tribunal Superior Eleitoral (TSE); b) Tribunais Regionais Eleitorais (TRE); c) Juízes Eleitorais; 25 d) Juntas Eleitorais. ÓRGÃOS COMPOSIÇÃO TSE - 3 Ministros eleitos entre os membros do STF. - 2 Ministros eleitos entre os membros do STJ. - 2 Ministros nomeados pelo Presidente da República, TSE escolhidos entre duas listas de três nomes de advogados de notável saber jurídico e ilibada reputação, indicados pelo STF. TRE - 2 desembargadores do TJ (mediante TER eleição pelo voto secreto). - 2 juízes de direito (mediante eleição), escolhidos pelo Plenário do Tribunal de Justiça. - 1 juiz do TRF com sede na capital ou no Distrito Federal, ou, não havendo sede na capital, um juiz federal escolhido pelo Presidente do TRF. - 2 advogados, dotados de notável saber jurídico e ilibada reputação, entre duas listas de 3 nomes elaboradas pelo Tribunal de Justiça. Juiz Eleitoral - São os juízes de direito do Poder Judiciário Estadual, agindo por delegação de cunho federal. - “Nas comarcas em que houver mais de uma Vara da Justiça Comum, o respectivo TERdesignará aquela ou aquelas em que serão realizados os 26 serviços eleitorais, bem como o respectivo Juiz Eleitoral a compor a zona eleitoral”. Junta Eleitoral Composta por um Juiz Eleitoral (Presidente) e de 2 ou 4 cidadãos de notória idoneidade (para que, com o Presidente, formem número ímpar de integrantes), indicados pelo Juiz Presidente da Junta e nomeados pelo Presidente do respectivo TER 60 dias antes da eleição (arts. 36/41 do CE). 4 REFORMA ELEITORAL 2015: PRINCIPAIS PONTOS ALTERADOS NO CÓDIGO ELEITORAL2 A Lei 13.165/2015, também conhecida como Reforma Eleitoral 2015, alterou diversos pontos da legislação eleitoral. Como a norma foi sancionada um ano antes do pleito municipal de 2016, no dia 27 de outubro, já foi aplicada, no que coube, às eleições do ano próximo. Confira abaixo as principais mudanças e inovações promovidas pela Reforma Eleitoral 2015 no Código Eleitoral. 2 Extraído do link: http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2015/Outubro/serie-reforma- eleitoral-2015-regras-para-mudanca-de-partido-ficam-mais-rigidas. 27 4.1 Cassação de registro Fonte:politize.com.br A primeira alteração destacada como “importante” pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Henrique Neves é a prevista em parágrafo incluído no artigo 28 do Código (parágrafo 4º). O dispositivo determina que, a partir de agora, as decisões dos Tribunais Regionais sobre quaisquer ações que resultem em cassação de registro, anulação geral de eleições ou perda de diplomas somente poderão ser tomadas com a presença de todos os integrantes. E o parágrafo 5º do artigo 28 prevê que, no caso de ocorrer impedimento de algum juiz, será convocado o suplente da mesma classe. Segundo o ministro Henrique Neves, a regra do quórum completo para julgar esses tipos de processos sempre existiu para o TSE. Já nos TREs, conta ele, muitas decisões observavam o quórum mínimo e eram tomadas por 3 votos a 2. Para o ministro, a regra é fundamental, uma vez que “o tema tratado pela Justiça Eleitoral quase sempre é muito importante. Estamos tratando da soberania e da democracia”. Outra inovação no Código Eleitoral é que, a partir de então, o recurso ordinário interposto contra decisão proferida por juiz eleitoral ou por Tribunal Regional Eleitoral que resulte em cassação de registro, afastamento do titular ou perda de mandato eletivo será recebido pelo Tribunal competente com efeito suspensivo (parágrafo 2º do artigo 257). Para o ministro Henrique Neves, “é bom” que essa regra esteja, agora, expressa na lei. Ele afirma que a inovação trará “uma responsabilidade à Justiça 28 Eleitoral para que esses processos, por terem efeito suspensivo automático, já previsto em lei, sejam examinados e decididos o mais rápido possível”. 4.2 Registro de candidatura Fonte: klickart-prod.s3.amazonaws.com A nova redação do artigo 93 do Código Eleitoral determina que o prazo de entrada em cartório ou na Secretaria do Tribunal do requerimento de registro de candidato a cargo eletivo terminará, improrrogavelmente, às 19h do dia 15 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. A redação anterior do dispositivo previa como prazo final o nonagésimo dia anterior à data das eleições. A data para o julgamento do requerimento de registro também foi alterada. Conforme o parágrafo 1º do artigo 93 do Código Eleitoral, todos os requerimentos, inclusive os que tiverem sido impugnados, devem ser julgados pelas instâncias ordinárias, e estar com suas respectivas decisões publicadas, até 20 dias antes da data das eleições. A redação anterior do dispositivo tinha como marco temporal o septuagésimo dia anterior à data marcada para a eleição. 4.3 Convenções partidárias A nova redação do parágrafo 2º do artigo 93 do Código prevê, agora, que as convenções partidárias para a escolha dos candidatos serão realizadas, no máximo, até 5 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. 29 4.4 Cálculo dos eleitos no pleito proporcional A Reforma Eleitoral 2015 alterou as regras de cálculo dos candidatos eleitos nos pleitos proporcionais, que inclui as eleições para deputado federal, deputado estadual, deputado distrital e vereador. A partir de então (artigo 108 do Código Eleitoral), entre os candidatos registrados por um partido ou coligação, estarão eleitos os que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha recebido. Conforme explica o ministro Henrique Neves, no Brasil, os candidatos chamados de puxadores de votos, aqueles políticos que obtém uma votação mais expressiva, podem utilizar esses votos em favor do partido. “Mas a pessoa que está sendo eleita pelo partido tem que ter o mínimo de representatividade popular e, por isso, se estabeleceu esses 10%”, afirma o ministro. A partir do momento que se verifica quem são as pessoas que obtiveram esse quociente individual, ou seja, votos em número igual ou superior a 10% do quociente eleitoral, serão feitos os demais cálculos para se verificar a quais partidos serão destinadas as sobras. Segundo o parágrafo único do artigo 108, os lugares não preenchidos em razão da exigência da votação nominal mínima serão distribuídos de acordo com as novas regras do artigo 109. 4.5 Novas eleições No capítulo do Código Eleitoral que trata sobre as nulidades da votação, foram acrescentados dois novos parágrafos ao artigo 224. O parágrafo 3º determina que a decisão da Justiça Eleitoral que resulte no indeferimento do registro, a cassação do diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário acarreta, após o trânsito em julgado, a realização de novas eleições, independentemente do número de votos anulados. O parágrafo 4º, por sua vez, diz que essa eleição será custeada pela Justiça Eleitoral e será indireta, se a vacância do cargo ocorrer a menos de seis meses do final do mandato, e direta, nos demais casos. 30 4.6 Voto em trânsito Fonte: michelteixeira.com.br A Reforma Eleitoral 2015 também ampliou as possibilidades do voto em trânsito. Até as eleições 2014, essa forma de exercer o direito de voto valia exclusivamente para os cargos de presidente da República, nos municípios com mais de 200 mil eleitores. Agora, o artigo 233-A do Código Eleitoral assegura aos eleitores em trânsito no território nacional o direito de votar para diversos cargos nos municípios com mais de cem mil eleitores. “Esperamos, no futuro, poder reduzir [esse número de total de eleitores por município] ainda mais”, afirma o ministro Henrique Neves. Ele informa que “o voto em trânsito foi ampliado por sugestão da própria Justiça Eleitoral, que espera poder implantá-lo, no futuro, em todas as cidades”. Os eleitores que se encontrarem fora o estado de seu domicílio eleitoral poderão votar em trânsito somente para o cargo de presidente da República. Já os eleitores em trânsito dentro do estado em que tiverem domicílio eleitoral poderão exercer o direito de voto para presidente e vice-presidente da República, para governador, senador, deputado federal, deputado estadual e distrital (artigo 233-A do Código Eleitoral). Outra novidade é o parágrafo 2º do artigo 233-A, que assegura aos membros das Forças Armadas, aos integrantes dos órgãos de segurança pública e aos integrantes das guardas municipais o voto em trânsito caso estejam a serviço das eleições. Segundo o ministro Henrique Neves, 31 houve uma proposta muito interessante do Congresso Nacional, muito bem pensada, que visa garantir algo que sempre foi uma preocupação da Justiça Eleitoral, que [é o direito de voto] das pessoas que estão trabalhando obrigatoriamente no dia das eleições. Principalmente os guardas, a Polícia Militar, a Polícia Civil e oCorpo de Bombeiros, que têm como obrigação trabalhar para garantir a segurança e a tranquilidade que são necessárias no dia do pleito. Ele explicou que essas pessoas ficavam impedidas de votar por terem que trabalhar em áreas muito distantes do seu local de votação. Com a nova norma, disse o ministro, as chefias ou comandos dos órgãos a que esses profissionais estiverem subordinados deverão enviar com antecedência à Justiça Eleitoral (até quarenta e cinco dias da data das eleições) a listagem dos profissionais que estarão em serviço no dia da eleição com indicação das seções eleitorais de origem e destino. De acordo com o ministro, a Justiça Eleitoral fará uma transferência provisória do título de eleitor desse profissional para uma seção perto do local onde ele prestará seu serviço. “Se o profissional está em uma determina localidade para dar segurança àquele lugar, que se permita que ele possa também exercer o seu direito ao sufrágio”, pondera o ministro Henrique Neves. 4.7 Propaganda eleitoral Segundo a nova regra do artigo 240 do Código Eleitoral, a propaganda de candidatos a cargos eletivos somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano da eleição. Antes, essa propaganda podia ser iniciada após a escolha dos candidatos em convenção. A Reforma Eleitoral 2015 reduziu o tempo de propaganda partidária gratuita, tanto no que se refere aos programas, quanto às inserções. Conforme o novo texto do artigo 49 da Lei 9.096, as legendas com pelo menos um representante em qualquer das casas do Congresso Nacional têm assegurada a realização de um programa a cada semestre, em cadeia nacional, com duração de cinco minutos cada para os partidos que tenham elegido até quatro deputados federais, e com duração de dez minutos cada, para aqueles com cinco ou mais deputados. O texto anterior apenas previa a realização de um programa, em cadeia nacional, e de um programa, em cadeia estadual, em cada semestre, com a duração de 20 minutos cada. 32 Fonte: dcvitti.files.wordpress.com Agora, as agremiações que tiverem pelo menos um representante em qualquer das casas do Congresso também têm garantida a utilização, por semestre, para inserções de 30 segundos ou um minuto nas redes nacionais, e de igual tempo nas emissoras estaduais, do tempo total de: dez minutos, para os partidos que tenham elegido até nove deputados federais; e 20 minutos para aqueles que tenham elegido dez ou mais deputados. Antes, a legislação reservava o tempo total de 40 minutos, por semestre, para inserções de 30 segundos ou um minuto nas redes nacionais, e de igual tempo nas emissoras estaduais. 4.8 Novo passaporte A legislação prevê que os eleitores que não votaram, não apresentaram justificativa posteriormente ou não pagaram a multa devida ficam impedidos, entre outras coisas, de tirar passaporte. Com a inclusão do parágrafo 4º no artigo 7º no Código Eleitoral, essa penalidade não mais se aplica ao eleitor no exterior que requeira novo passaporte para identificação e retorno ao Brasil. 33 Fonte: cidadeverde.com 4.9 Registro partidário A nova lei modificou o parágrafo 1º, artigo 7º, da Lei dos Partidos Políticos, ao definir um prazo de dois anos para comprovar o apoiamento de eleitores não filiados para a criação de novas agremiações. Os demais requisitos permaneceram intactos, ou seja, a Justiça Eleitoral continuará admitindo somente o registro do estatuto das legendas que tenham caráter nacional, após a “comprovação do apoiamento de eleitores não filiados a partido político, correspondente a, pelo menos, 0,5% dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados os votos em branco e os nulos, distribuídos por um terço, ou mais, dos estados, com um mínimo de 0,1% do eleitorado que haja votado em cada um deles”. “Nós examinamos alguns processos aqui no TSE nos quais havia apoios dados há oito, nove anos. Será que aquele apoio é contemporâneo? Será que a pessoa que há oito anos apoiou a criação de um partido político, nesse período, não se filiou a outro, não mudou de ideia? Se você mantém a mesma ideia, afirme novamente seu apoio, assine novamente a ficha de filiação”, destaca o ministro do TSE Henrique Neves, ressaltando que essas questões serão, em breve, reunidas e regulamentadas por nova resolução do Tribunal acerca do assunto. 34 4.10 Mudança de partido A Reforma Eleitoral 2015 introduziu o artigo 22-A na Lei dos Partidos Políticos. O dispositivo trata da possibilidade de perda do mandato no caso de desfiliação partidária sem justa causa e detalha as situações que serão consideradas como justa causa para se desfiliar. Segundo o novo artigo, “perderá o mandato o detentor de cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito”. O ministro Henrique Neves lembra que o STF, no julgamento de três mandados de segurança, firmou o entendimento de que os mandatos pertencem aos partidos e que, dessa forma, como o candidato é eleito como filiado de uma agremiação, ele não pode mudar para outra legenda, simplesmente porque quer, e levar consigo o mandato. Em seguida, o TSE editou a Resolução nº 22.610/2007, que estabeleceu quatro hipóteses consideradas como justa causa para a desfiliação partidária sem a consequente perda do cargo: incorporação ou fusão do partido; criação de novo partido; mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; e grave discriminação pessoal. No entanto, com a Lei 13.165, as situações de justa causa para a desfiliação partidária passam a ser apenas três, conforme o parágrafo único do artigo 22-A: mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; grave discriminação política pessoal; e mudança de partido efetuada durante o período de 30 dias que antecede o prazo de filiação exigido em lei (seis meses) para concorrer à eleição, majoritária ou proporcional, ao término do mandato vigente. Segundo o ministro, a nova hipótese introduzida pela Reforma Eleitoral, a chamada “hipótese da janela”, não prevê um fato que gere justa causa para a saída do partido, mas estabelece um momento no qual o candidato poderá mudar de agremiação sem sofrer consequências no exercício do cargo para o qual foi eleito. Henrique Neves explica que, em uma primeira leitura do novo dispositivo, no caso dos deputados, por exemplo, a oportunidade de mudança do partido só poderá ser exercida quando tiverem cumprido cerca de três anos e três meses do seu mandato, ou seja, nos 30 dias que antecedem o início do mês de abril (seis meses antes do pleito). 35 4.11 Prestação de contas Fonte: redeto.com.br No que se refere às contas anuais dos partidos e às de campanha, a nova lei alterou o texto do artigo 34 da Lei 9.096, suprimindo a exigência de fiscalização sobre a escrituração contábil das legendas. Com a alteração, a Justiça Eleitoral fica obrigada apenas a fiscalizar a prestação de contas do partido e as despesas de campanha eleitoral. Além disso, segundo o novo texto do inciso I, as agremiações não mais estão obrigadas a constituir comitês para a movimentação de recursos financeiros nas campanhas eleitorais, devendo apenas designar dirigentes partidários específicos para tal atribuição. Com relação à eventual desaprovação das contas, a Reforma Eleitoral 2015 introduziu o parágrafo 5º ao artigo 32 da Lei dos Partidos Políticos, que tem o seguinte texto: “A desaprovação da prestação de contas do partido não ensejará sanção alguma que o impeça de participar do pleito eleitoral”. Já o artigo 37, cujo texto foi alterado pela nova lei, taxou como única sanção para a desaprovação das contas partidárias a devolução da importância apontada como irregular, acrescida de multa de até 20%. Com a alteração, as legendas não mais serão punidas com a suspensão das cotas do Fundo Partidário por desaprovação das contas, como previsto anteriormente.Isso só ocorrerá no caso de não apresentação das contas, enquanto perdurar a inadimplência (artigo 37-A, introduzido pela nova lei). 36 Para o ministro Henrique Neves, é preciso destacar que em relação à prestação de contas partidária há duas situações diferentes. A primeira é quando a legenda não apresenta suas contas. Neste caso, a agremiação não permite que a Justiça Eleitoral exerça fiscalização, não possibilitando saber se o dinheiro público que foi disponibilizado ao partido foi bem ou mal utilizado. “Essa situação é drástica, porque o partido passa a ter suas cotas do Fundo Partidário suspensas. Se a União entrega o dinheiro aos partidos e estabelece que ele deve ser aplicado em determinadas situações e o partido não presta contas desse dinheiro que ele recebeu, não seria lógico continuar disponibilizando dinheiro para o partido. Então, as cotas do Fundo Partidário são suspensas até que o partido regularize sua situação”, explica. O outro cenário, de acordo com o ministro, se configura quando o partido político apresenta suas contas à Justiça Eleitoral, mas durante a análise da prestação de contas são identificadas algumas irregularidades, como, por exemplo, um depósito na conta do partido efetuado por uma fonte vedada ou um recurso de origem não identificada. “Neste caso, estamos falando de uma situação que pode levar à desaprovação das contas e ao pagamento de uma multa, que se dará por meio de desconto. Apresentar e ter suas contas reprovadas não é motivo para impedir alguém de concorrer às eleições; situação diversa, porém, é a daquele partido que não presta contas, que não atende ao comando constitucional [artigo 17 da CF]”, observa. 4.12 Doações Fonte: doacaoeleitoralegal.com.br 37 O artigo 39 da Lei 9.096 também sofreu alterações com a Reforma Eleitoral 2015. O parágrafo 3º agora estabelece que as doações aos partidos em recursos financeiros poderão ser feitas de três formas: por meio de cheques cruzados e nominais ou de transferência eletrônica de depósitos; mediante depósitos em espécie devidamente identificados; e por mecanismo disponível no site do partido, que permita o uso de cartão de crédito ou de débito, a identificação do doador e a emissão obrigatória de recibo eleitoral para cada doação realizada. 4.13 Fundo Partidário A nova lei também promoveu algumas mudanças no que se refere à aplicação do Fundo Partidário e sua destinação como forma de incentivo à participação feminina na política. Dentre as principais alterações, estão a do artigo 44, inciso V, da Lei 9.096. Segundo o novo texto, os recursos do Fundo Partidário deverão ser aplicados: “na criação e manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres, criados e mantidos pela secretaria da mulher do respectivo partido político ou, inexistindo a secretaria, pelo instituto ou fundação de pesquisa e de doutrinação e educação política de que trata o inciso IV, conforme percentual que será fixado pelo órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 5% do total”. O parágrafo 7º do mesmo artigo, incluído pela Reforma Eleitoral 2015, trouxe outra novidade. Os recursos do Fundo Partidário poderão, a partir de agora, a critério da secretaria da mulher ou da fundação de pesquisa e de doutrinação e educação política, ser acumulados em diferentes exercícios financeiros, desde que mantidos em contas bancárias específicas, para utilização futura em campanhas eleitorais de candidatas do partido. Na opinião do ministro Henrique Neves, esta é a mais importante mudança na legislação no que se refere à promoção da participação das mulheres na política. De acordo com o ministro, a destinação histórica de 5% do Fundo Partidário para ações e programas de incentivo à participação feminina na política se justifica porque embora as mulheres sejam a maioria da população do país, elas representam a grande minoria dos cargos públicos eletivos. “Há ainda, sim, em alguns locais, certo preconceito com a participação feminina. Nós temos que lutar contra isso. E não há nada que incentive mais a participação feminina do que financiar a campanha de 38 mulheres, para promover a igualdade entre os candidatos. Essa alteração me parece que é a mais significativa para o incentivo da participação feminina nas eleições”, conclui. Além disso, o artigo 9º da própria Lei 13.165, especifica que nas próximas três eleições à época (2016, 2018 e 2020), as legendas deverão reservar, em contas bancárias específicas, no mínimo 5% e no máximo 15% dos recursos do Fundo Partidário destinados ao “financiamento das campanhas eleitorais para aplicação nas campanhas de suas candidatas, incluídos nesse valor os recursos a que se refere o inciso V do art. 44 da Lei no 9.096, de 19 de setembro de 1995”. 5 SISTEMAS ELEITORAIS 5.1 Conceito e espécies Sistemas eleitorais consistem no conjunto de regras para organizar as eleições ou técnicas e procedimentos pelos quais estas se realizam. As espécies de sistemas eleitorais são: 1.majoritário (de maioria simples ou maioria absoluta); 2.proporcional (listas abertas, listas fechadas e listas fechadas flexíveis); 3.distritos de média magnitude; 4.distrital misto (majoritário e proporcional) ou distrital puro (apenas majoritário). 5.2 Sistema majoritário Vence a eleição o candidato que obtiver a maioria dos votos, podendo ser simples, quando em um único turno de votação proclama-se o candidato que tiver obtido maioria simples ou relativa, ou seja, mais da metade dos votos válidos dos eleitores que compareceram à votação, por exemplo, as eleições para Senador. Além disso, pode ser por maioria absoluta, isto é, mais da metade dos votos válidos dos eleitores da circunscrição. O sistema majoritário por maioria absoluta, no primeiro ou segundo turno de votação, é acolhido para eleição de Presidente e Vice (art. 77 da CF/88), Governador e Vice (art. 28 da CF/88), Prefeito e Vice (art. 29, II, da CF/88). Sistema eleitoral consistente na divisão das regiões eleitorais em tantas circunscrições quantos forem os lugares a preencher. 39 Existem dois critérios neste sistema, os quais serão descritos a seguir. Pelo primeiro critério, a eleição majoritária é realizada mediante escrutínio de um turno apenas, sendo eleito o candidato que conseguir o maior número de votos. Então, a maioria simples ou relativa é suficiente para o candidato se eleger. Pelo segundo, temos um escrutínio em dois turnos, em caso de nenhum candidato obter maioria absoluta (mais da metade dos votos), quando apela-se para um segundo turno, decisivo, considerando-se eleito o candidato que, nesta segunda votação, obtiver maioria simples. É o sistema adotado pelo art. 77, §§ 2º e 3º, da CF/88, para a eleição do Presidente da República. O sistema majoritário apresenta algumas vantagens de relevo: enseja governos estáveis, evita a proliferação de partidos e aproxima o eleitor do candidato. Quanto ao sistema majoritário de dois turnos, apresenta o inconveniente da multiplicação de partidos em um sistema instável de coalizões efêmeras, que sobrevivem ao sabor dos interesses momentâneos. Portanto, o sistema majoritário identifica-se pela necessidade de os candidatos obterem a maioria dos votos de uma circunscrição ou distrito eleitoral para serem eleitos. Nesse sentido, esse sistema adapta-se tanto aos distritos unipessoais ou uninominais, ou seja, aqueles em que cada partido indica seu candidato para a escolha do eleitorado, como aos pluripessoais ou plurinominais, também chamados de “sistemas de listas”, ou seja, aqueles em que cada partido apresenta aos eleitores sua lista de candidatos. Fonte: alanortenoticias.com.br 40 O sistema majoritário por maioria simples (em um único turno de votação) foi acolhido para a eleição de Senadores Federais. No tocante ao sistema majoritário, algumasconsiderações: a) A União tem como representante o Presidente da República, eleito para o mandato de quatro anos, permitida a reeleição, sem desincompatibilização (Emenda Constitucional n. 16/97). A idade mínima é de trinta e cinco anos. b) Os Estados-Membros e o Distrito Federal têm como representantes os Governadores, eleitos para o mandato de quatro anos, permitida a reeleição, sem desincompatibilização (Emenda Constitucional n. 16/97). A idade mínima é de trinta anos. c) Os municípios têm como representantes os Prefeitos, eleitos para o mandato de quatro anos, permitida a reeleição, sem desincompatibilização (Emenda Constitucional n. 16/97). A idade mínima é de vinte e um anos. Nota: Haverá segundo turno no caso de eleições para Prefeito nos municípios com mais de 200 mil eleitores; o município com menos de 200 mil eleitores não terá segundo turno para escolha de Prefeitos (salvo no caso de candidato único, em que este não conseguir maioria absoluta — posição doutrinária nossa nesta exceção). d) Conforme regra insculpida no art. 2º, § 4º, e art. 3º, § 1º, da Lei n. 9.504/97, a eleição do Presidente da República, do Governador de Estado e do Distrito Federal e do Prefeito importará a dos respectivos vices que com eles foram registrados. Trata- se do princípio da plurissubjetividade e da indivisibilidade da chapa para esses cargos eletivos. Esse princípio também se aplica aos candidatos ao cargo de Senador, uma vez que a chapa somente pode ser registrada com dois suplentes que, em caso de vitória, serão proclamados eleitos e diplomados com o titular. e) O Senado Federal é composto de Senadores, que representam os Estados- Membros e o Distrito Federal, em número de 3 para cada ente da federação mencionado, com 2 suplentes cada Senador (segundo o TSE e o art. 36, § 4º, da Lei n. 12.034/2009, na propaganda de Senador devem constar os nomes dos suplentes de modo claro e legível, em tamanho não inferior a 10% do nome do titular, além de constar na urna eletrônica). Como no Brasil há 26 Estados-Membros e um Distrito Federal, se multiplicarmos por três Senadores, chegaremos à conclusão de que haverá 81 Senadores. 41 A representação de cada Estado-Membro e do Distrito Federal no Senado é renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por 1/3 ou 2/3, a saber, todos os Senadores ficam oito anos no cargo. Note-se que somente os Estados-Membros e o Distrito Federal elegem Senador, posto que o município não elege, e, como o Senado representa os Estados, há quem sustente que os municípios não fazem parte da Federação, pois não têm representação no Senado Federal. Todavia, discordamos desse entendimento, pois o modelo Federativo da CF/88 foi taxativo ao impor o município como ente da Federação, tanto que assim expressamente o fez no art. 1º: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos...”. A idade mínima para ser Senador é de 35 anos. 5.3 Sistema proporcional e o quociente eleitoral: Nesse sistema, a representação se dá na mesma proporção da preferência do eleitorado pelos partidos políticos. No Direito Eleitoral e no dizer de Marcel Prélot, “o sistema proporcional tem por objetivo garantir às diversas opiniões — entre as quais se repartem os eleitores — um número de lugares proporcional às suas respectivas forças”. O sistema proporcional de eleição apresenta duas técnicas de divisão dos votos: a do quociente eleitoral e a do quociente fixo. A técnica do quociente eleitoral consiste na divisão do número de votos válidos na circunscrição (quociente local) ou no país (quociente nacional) pelo de mandatos a serem conferidos, de modo que cada partido elegerá tantos representantes quantas vezes a totalidade de seus votos contenha o quociente eleitoral. No tocante ao quociente fixo, este procura, sobretudo, garantir absoluta igualdade entre os eleitos. Antes do pleito, a lei prescreve um quociente fixo, pelo qual se dividirá a totalidade dos votos válidos atribuídos a uma legenda. O sistema proporcional ocasiona, porém, um entrave de tormentosa solução, qual seja, o das sobras eleitorais, vale dizer, os votos que não conseguiram atingir o quociente previsto para a eleição de um representante. Sistema Eleitoral proporcional, é aquele que será adequado para determinado cargos, como os representantes do legislativo, exceto o Senador, pois o mesmo será 42 eleito pelo sistema eleitoral majoritário, assim como os governadores e o Presidente da República, esse sistema foi acolhido para eleição de Deputados Federais, Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores Municipais. Para que se possa calcular quantas vagas cada partido político ou coligação terá direito dentro de uma eleição, deverá ser feito o cálculo do quociente eleitoral quociente partidário, ressalta-se que a coligação é a junção de dois partidos ou mais partidos, mas que no processo eleitoral funciona apenas como um partido. O quociente eleitoral é determinado dividindo-se o número de votos válidos apenas, apurados pela quantidade de vagas a preencher em cada circunscrição eleitoral, sendo assim, serão excluídos os votos não válidos, que são os votos nulos e brancos. Quando se trata de quociente eleitoral, VOTOS VÁLIDOS / CADEIRAS EM DISPUTA = De acordo com esse cálculo a fração se igual ou inferior a meio, equivalente a um, se superior. Quociente Partidário – Informações O quociente partidário definirá quantas as vagas caberão a cada partido ou coligação. Nesse cálculo também será dividido os números de votos válidos (partido ou coligação) pelo quociente eleitoral anteriormente definido. Aqui despreza-se a fração. Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido ou coligação que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal que cada um tenha recebido. (Redação dada pela Lei nº 13.165, de 2015) Parágrafo único. Os lugares não preenchidos em razão da exigência de votação nominal mínima a que se refere o caput serão distribuídos de acordo com as regras do art. 109. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015). Sendo assim, para o cálculo será NÚMEROS DE VOTOS DE PARTIDO / QUOCIENTE ELEITORAL = SOBRAS: Números de votos válidos (nominais e de legenda) dados os partidos ou coligação divididos pelo número de candidatos a que tem direito + 1. “Consulta. Coordenação – Geral de Informática – TSE. Sistema de totalização. Pleito de 3.10.90. Reforma Afirmativa” NE: Para o cálculo da média deverá ser considerada a fração, até a 14º casa decimal. No caso de empate considerar-se-á o partido com maior votação. (Res. nº16.844, de 18.9.90, rel. Min. Vilas Boas.) 43 Portanto, é de suma importância saber o número de cadeiras existentes em cada um dos órgãos legislativos, pois este determinará o número de candidatos que cada partido ou coligação poderá escolher em convenção para disputa das eleições proporcionais (art. 10, § 2º, da Lei n. 9.504/97). Nesse sentido, a Lei n. 9.504/97: “Art. 5º Nas eleições proporcionais, contam-se como válidos apenas os votos dados a candidatos regularmente inscritos e às legendas partidárias”. No tocante ao sistema proporcional, algumas noções: a) Como é cediço, os membros da Câmara dos Deputados (Deputados Federais) são eleitos nos Estados-Membros e no Distrito Federal, podendo ainda ser eleitos nos Territórios, o que não mais acontece pelo desaparecimento jurídico destes. Os Deputados Federais representam o povo. O sistema é o proporcional, uma vez que a CF/88 estabelece que o número de Deputados Federais será fixado em lei complementar, mas com uma regra geral: não pode ser inferior a oito DeputadosFederais nem superior a 70 Deputados Federais em cada Estado-Membro. Fonte: montanhasrn.files.wordpress.com O bom-senso leva à conclusão de que o menor Estado deverá possuir oito Deputados, e o maior, 70, visto que a variação de oito a 70, nos demais Estados- Membros, deve observar a extensão territorial e o crescimento dos eleitores. O mandato de um Deputado Federal é de quatro anos, e atualmente a Câmara dos Deputados possui 513 Deputados Federais (a Lei Complementar n. 78, de 30.12.1993, fixa o número de Deputados Federais). 44 No entanto, esta LC não fixou o número de cadeiras por Estado e Distrito Federal, apenas determinou o número máximo de 513 Deputados Federais na Câmara Federal, observado o mínimo de oito e o máximo de 70 para cada Estado- Membro. Assim, compete ao TSE, via resolução, fornecer aos Tribunais Regionais Eleitorais e aos partidos políticos o número exato de Cadeiras, para cada Estado- Membro e Distrito Federal, de acordo com cálculos do IBGE, observado o limite constitucional. A idade mínima para ser Deputado Federal é de 21 anos. b) Em cada Estado-Membro haverá uma Assembleia Legislativa, composta de Deputados Estaduais, eleitos pelo voto proporcional, para mandato de quatro anos, fixado o número por lei. O número de Deputados à Assembleia Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de 36 (trinta e seis), será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de 12 (art. 27 da CF/88). Exemplo: Em primeiro lugar, é preciso saber, junto ao TSE, o número de cadeiras atribuídas a cada Estado-Membro na Câmara dos Deputados. O Estado de Minas Gerais tem representação, na Câmara dos Deputados, com 53 lugares (dados do TSE, via resolução, diante da LC 78/93 — art. 2º da Resolução n. 16.347/90). Assim, usando da fórmula constitucional: 53 (representação na Câmara dos Deputados) – 12 = 41 41 + 36 = 77 Conclusão: O Estado de Minas Gerais tem 77 Deputados Estaduais. Isso porque os 53 lugares na representação deste Estado na Câmara Federal ultrapassaram o limite de 36 lugares estipulados no art. 27 da CF/88, bastando subtrair de 12 para, com o resultado, somar com o número fixado pela CF/88, de 36. A idade mínima para ser Deputado Estadual é de 21 anos. c) No Distrito Federal haverá uma Câmara Legislativa, composta de Deputados Distritais, para mandato de quatro anos, pelo voto proporcional. O número de Deputados Distritais à Câmara Legislativa corresponderá ao triplo da representação do Distrito Federal na Câmara dos Deputados e, atingido o número de 36, será acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de 12 (art. 32, § 3º, da CF/88 c/c art. 27 da Carta Magna). Curioso é o fato de que o Distrito Federal tem competência de Estado e município, e mais curioso ainda é saber que sua Casa leva exatamente à mistura 45 desta dupla competência: herdou o nome “Câmara”, como vaga lembrança da competência municipal (cuja Casa se denomina “Câmara de Vereadores”), e “Legislativa”, como vaga lembrança da competência estadual (cuja Casa se denomina “Assembleia Legislativa”). A idade mínima para ser Deputado Distrital é de 21 anos. d) Por fim, no tocante aos municípios, a Casa Legislativa é denominada Câmara de Vereadores ou Câmara Municipal, composta de Vereadores, eleitos pelo sistema proporcional, posto que o número de Vereadores deve ser proporcional à população do município, observados os limites fixados no art. 29, IV, da CF/88 com a nova redação dada pela EC 58/2009 que aumentou o número de Vereadores dos atuais 51.924 para 59.267, recriando 7.343 cargos de Vereadores que haviam sido extintos em 2004, pelo TSE, 3 que estabeleceu o número de Vereadores de cada município com base em 36 faixas. A EC 58/2009 foi redigida com base em duas propostas: uma aumenta o número de Vereadores do País (PEC 336/2009) e outra reduz os percentuais máximos de receita que os municípios podem gastar com a Câmara de Vereadores (PEC 379/2009). O texto promulgado no dia 23.09.2009 altera o inc. IV do caput do art. 29 da CF/88, instituindo 24 faixas de composição das câmaras de Vereadores. A primeira fixa o número de nove representantes para municípios de até 15 mil habitantes, enquanto a última prevê o número máximo de 55 Vereadores para cidades com mais de oito milhões de moradores. Já para o aumento dos gastos com as câmaras dos Vereadores, permanecerá o texto aprovado pelo Senado, mantendo-se a regra atual prevista no art. 29-A da CF/88, que usa a população como referência para a aplicação dos percentuais. O primeiro texto aprovado pela Câmara, em 2008, mudava a fórmula de cálculo das despesas, que passaria a ser com base na receita anual dos municípios. No entanto, em vez das atuais quatro faixas percentuais previstas na CF/88, a emenda promulgada divide a população em seis faixas, para ajustar a redução de gastos para o legislativo municipal. Dos aproximadamente 5.564 municípios brasileiros existentes, a maioria tem até 100 mil habitantes. Pela regra atual, podem ser gastos até 8% da receita anual com o legislativo local, que terá, a partir de agora, que limitar suas despesas a 7% das receitas. 46 A EC prevê ainda efeitos retroativos para a composição das câmaras, que passa a valer a partir do processo eleitoral de 2008 (em relação ao aumento do número de Vereadores); em contrapartida, os efeitos da EC 58/2009 sobre os gastos só valerão a partir de 01.01.2010. Nota: Em relação à produção de efeito de aumento de Vereadores na legislatura do processo eleitoral de 2008 (legislatura 2009-2012), não é possível aplicar efeito retroativo, por ferir os princípios da “anualidade e um dia” e “ato jurídico perfeito”, que são cláusulas pétreas. Posteriormente, o STF, na ADI n. 4307/2009, Rel. Min. Cármen Lúcia, deu liminar, que foi referendada pelo Plenário, em 11.11.2009, para suspender a eficácia do art. 3º, I, da EC 58/2009, o qual determinava que a alteração do cálculo do número de Vereadores deveria valer para as eleições de 2008. O STF entendeu que esse dispositivo é inconstitucional por ferir o art. 16 da CF/88 e o ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CF/88). O Ministério Público (MP) deve fiscalizar o quociente eleitoral; este, por sua vez, somente existe nas eleições proporcionais. Nem sempre os candidatos mais votados vencerão, pois o quociente eleitoral leva em conta os votos do partido ou coligação, que deverão ter um número mínimo de votação, e, portanto, em síntese, os candidatos mais votados de cada partido nem sempre serão eleitos. É possível, assim, diante de uma coligação em uma capital brasileira para disputa de Vereadores, que está atinja o quociente eleitoral e um candidato seu se eleja com 2.000 votos, enquanto outro partido, não coligado, cujo Vereador tenha 7.000 votos, mas, por não atingir o quociente eleitoral, por exemplo, de 7.100 votos, não se eleja. É a chamada “coligação-proporcional”, cujo repúdio de muitos se justifica pela ausência de preferência da vontade popular, sendo um critério matemático pelo qual coligações bem fortes superam a vontade da maioria dos eleitores. Curiosamente, com a origem do Código Eleitoral, o voto nulo não era aproveitado para nenhum partido, e os votos brancos eram computados no cálculo do quociente eleitoral, nas eleições proporcionais. Todavia, a Lei n. 9.504/97 acabou com essa possibilidade, de sorte que os votos brancos e nulos passaram a ser equivalentes, ou seja, não servirão para efeito algum, tampouco para a inclusão de quociente eleitoral. 47 Mas como funciona esse quociente eleitoral (art. 106 do Código Eleitoral)? De forma didática, vejamos duas hipóteses distintas: 1ª hipótese — Para facilitar o entendimento do leitor, imaginemos uma eleição para a Câmara dos Deputados, sem coligações. Imagine que