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Direito Eleitoral


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SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4 
1 NOÇÕES FUNDAMENTAIS ....................................................................... 5 
1.1 Conceito ............................................................................................... 5 
1.2 Fontes do Direito Eleitoral .................................................................... 6 
2 CLASSIFICAÇÕES ..................................................................................... 8 
2.1 Democracia .......................................................................................... 8 
2.2.1 Espécies ............................................................................................. 12 
2.2 Soberania popular .............................................................................. 13 
2.2.1. Plebiscito e referendo ........................................................................ 15 
3 JUSTIÇA ELEITORAL .............................................................................. 17 
3.1 A composição da justiça eleitoral ....................................................... 24 
4 REFORMA ELEITORAL 2015: PRINCIPAIS PONTOS ALTERADOS NO 
CÓDIGO ELEITORAL ............................................................................................... 26 
4.1 Cassação de registro.......................................................................... 27 
4.2 Registro de candidatura ..................................................................... 28 
4.3 Convenções partidárias ...................................................................... 28 
4.4 Cálculo dos eleitos no pleito proporcional .......................................... 29 
4.5 Novas eleições ................................................................................... 29 
4.6 Voto em trânsito ................................................................................. 30 
4.7 Propaganda eleitoral .......................................................................... 31 
4.8 Novo passaporte ................................................................................ 32 
4.9 Registro partidário .............................................................................. 33 
4.10 Mudança de partido ........................................................................ 34 
4.11 Prestação de contas ....................................................................... 35 
4.12 Doações .......................................................................................... 36 
4.13 Fundo Partidário .............................................................................. 37 
 
3 
5 SISTEMAS ELEITORAIS .......................................................................... 38 
5.1 Conceito e espécies ........................................................................... 38 
5.2 Sistema majoritário ............................................................................. 38 
5.3 Sistema proporcional e o coeficiente eleitoral: ................................... 41 
5.4 Distritos de média magnitude ............................................................. 47 
5.5 Sistema distrital misto......................................................................... 48 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 50 
 
 
 
4 
INTRODUÇÃO 
Prezado aluno, 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que 
lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
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1 NOÇÕES FUNDAMENTAIS1 
1.1 Conceito 
Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público (Direito Constitucional) que visa o 
direito ao sufrágio, a saber, o direito público subjetivo de natureza política que confere 
ao cidadão a capacidade eleitoral ativa (de eleger outrem — direito de votar — 
alistabilidade) e capacidade eleitoral passiva (de ser eleito — elegibilidade), bem como 
o direito de participar do governo e sujeitar-se à filiação, à organização partidária e 
aos procedimentos criminais e cíveis (inclusive regras de votação, apuração etc.) e, 
em especial, à preparação, regulamentação, organização e apuração das eleições. 
 
 
Fonte: noticiahoje.net 
A partir daí, entendemos que a finalidade do Direito Eleitoral é iluminar os 
caminhos escuros da democracia e dar esperança ao povo, cujo poder é inerente, de 
forma que, portanto, o Direito Eleitoral é o ramo do Direito Público que mais sofre 
mudanças legislativas, que mais se aperfeiçoa na seara tecnológica, o que dificulta 
uma sistematização legal e um estudo mais aprofundado, exigindo da doutrina e da 
jurisprudência uma mudança valorativa radical, para efeito de acompanhar as 
mudanças sociais, políticas e econômicas de uma sociedade. 
 
1 Extraído do livro Direito Eleitoral Esquematizado, de Thales Tácito Cerqueira e Camila 
Albuquerque Cerqueira 
 
6 
Importante frisar que o Código Eleitoral foi recepcionado pela CF/88 e, pelo 
fenômeno constitucional da adequação, acolhido como se fosse lei complementar, 
para atender ao art. 121 da Carta Política de 1988. 
Dessa forma, alguns conceitos se tornaram peculiares, tal como o conceito de 
crime eleitoral, que é todo aquele tipificado em lei eleitoral, seja no Código Eleitoral ou 
nas leis especiais, cabendo à União legislar sobre Direito Eleitoral (art. 22, I, da 
CF/88), visto que, por força do art. 121 da Carta Magna, somente lei complementar 
pode disciplinar a estrutura da Justiça Eleitoral (organização e funcionamento) e, por 
força do art. 14, § 9º, da mesma Carta, apenas lei complementar pode prever 
inelegibilidades, além do prazo do art. 16 da CF/88 no tocante ao conflito de leis no 
tempo (antinomia). 
Porém, como visto, a CF/88 (art. 121) não exigiu dos crimes eleitorais que 
fossem previstos em lei complementar; logo, podem ser criados por lei ordinária, 
podendo os tipos serem revogados por lei ordinária sem necessidade de edição de lei 
complementar para esse fim. 
1.2 Fontes do Direito Eleitoral 
As principais fontes formais do Direito Eleitoral são: 
a) CF/88 (arts. 14 a 17 e 118 a 121) — fonte primária; 
As demais fontes formais são secundárias. 
b) Código Eleitoral (Lei n. 4.737/65). 
c) Lei das Eleições (Lei n. 9.504/97 e Lei n. 12.034/2009). 
d) Lei das Inelegibilidades (LC 64/90). 
e) Lei dos Partidos Políticos (Lei n. 9.096/95). 
f) Minirreforma Eleitoral - Lei n. 11.300/2006 e Lei 13.165/2015. 
g) Consultas (atribuição restrita do TSE e dos TREs para responderem a 
questionamentos sobre o direito, em tese, por parte de legitimados — partidos 
políticos e autoridades, posto que a consulta não possui caráter vinculante, não tem 
efeito erga omnes — cf. relatório da Resolução 23.308/2010 e art. 45 da “A 
Constituição e o STF”: “Resposta do TSE a consulta eleitoral não tem efeito 
jurisdicional nem efeito vinculante”). 
 
7 
h) Resoluções do TSE — competência exclusiva do TSE em âmbito nacional e 
exclusiva dos TREs emâmbito regional, desde que não afronte resoluções do TSE — 
art. 105 da Lei n. 9.504/97. 
 
 
Fonte:.intra-ead.com.br 
Notas: 
 Medida Provisória não pode veicular regras de Direito Eleitoral ou Partidário — 
art. 62, I, a, CF/88. 
 A competência para editar normas de Direito Eleitoral é privativa da União 
Federal — art. 22, I, CF/88. Porém, esta não exclui a dos Estados, sobre 
matéria específica e de âmbito regional, a teor do art. 22, parágrafo único da 
CF/88. 
 Com relação à inelegibilidade, no direito brasileiro, é correto afirmar que 
decorre exclusivamente da Constituição Federal e de Lei Complementar — art. 
14, § 9º, CF/88. 
 
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2 CLASSIFICAÇÕES 
2.1 Democracia 
 
Fonte:pabloyglesias.com 
Em sentido amplo, política corresponde a todo jogo de influência dentro das 
relações humanas. Diante do pacto social, ao vivermos na sociedade, ora 
influenciamos determinadas pessoas, ora somos por estas influenciados. Esse jogo 
de influências é inevitável, corresponde à própria essência humana e, na maioria das 
vezes, opera-se de forma inconsciente. Por isso, Aristóteles dizia que “todo homem é 
um ser essencialmente político”, pois o simples fato de uma pessoa existir em 
determinado grupo provoca a transformação deste, uma vez que a presença dela, 
independentemente de vontade dela, o influência de alguma forma. 
Mas a política pode estar em um estágio consciente, ou seja, exercício 
consciente do jogo de influências, quando se busca alcançar determinados objetivos, 
traçando estratégias e procurando convencer nossos semelhantes da importância do 
que desejamos. Essa forma de política consciente pode ser exercida tanto em um 
microcosmo, como família, amigos, colégio ou faculdade, quanto em um macrocosmo, 
ou seja, em nossa sociedade. Dependendo da forma como será a influência no 
macrocosmo, temos determinado regime político. E, quando todos podem participar 
livremente dos jogos de influência da nossa sociedade, temos a figura da democracia. 
Democracia vem do grego, demos (povo) + kratia ou kratos (governo). 
 
9 
Democracia, como se sabe, na lapidar e histórica definição do maior Presidente 
dos EUA, Abraham Lincoln (16º Presidente — 1861/1865 — Partido Republicano), “é 
o governo do povo, pelo povo e para o povo”. 
Democracia, primeiro, é o poder do povo de se autogovernar. Mas quem é o 
“povo” na democracia? A maioria. Assim, as decisões da maioria devem determinar 
os rumos da organização da própria sociedade, enquanto as minorias devem sujeitar-
se a tais decisões. Porém, isso não significa uma ditadura da maioria, pois a maioria 
deve ter tolerância para que as minorias exerçam o direito de divulgar suas ideias e 
tenham a chance, algum dia, de se tornar maioria. Essa possibilidade leva à outra 
dimensão da democracia, qual seja, dever ser exercida para o povo, leia-se, para o 
bem comum (supremacia do interesse público). 
Assim, independentemente de crenças, sexo, ideologia, raça, religião ou 
opções políticas, os representantes do povo devem criar condições para que todo ser 
humano possa se desenvolver como pessoa. Contudo, isso somente é possível 
quando vivenciamos o que se denomina de “democracia participativa”, ou seja, a 
democracia deve ser exercida pelo povo, não somente participando de uma eleição 
mas também fiscalizando os políticos, “denunciando” ilicitudes ao Ministério Público, 
cobrando plataformas eleitorais e promessas de campanha, ajuizando ação popular, 
participando do orçamento (orçamento participativo), etc. 
A democracia é uma forma de regime político, em que se permite a participação 
do povo no processo decisório e sua influência na gestão dos empreendimentos do 
Estado, consubstanciada em valores fundamentais que a norteiam (maioria — o que 
a maioria do povo decidir está decidido; igualdade — todos os membros da sociedade 
têm a mesma condição (igualdade perante a lei) — e liberdade — livre-arbítrio de 
escolha, de voto, de consciência, de pensamento, de ir e vir, etc.) e princípios 
(soberania — a vontade do povo é a que decide; e participação direta ou indireta — o 
povo decidindo direta ou indiretamente, por seus representantes, o regime político a 
ser traçado e seguido). 
As primeiras eleições gerais do Brasil-Colônia — em 1821, caracterizadas pelo 
voto aberto, em listas — destinaram-se à escolha dos Deputados que seriam 
responsáveis pela redação e aprovação, em Lisboa, da primeira Constituição da 
Monarquia Portuguesa. Surge, então, um esboço de democracia, ainda longe dos 
reclames populares. 
 
10 
Com a proclamação da República, em 1889, foi eleita, em 1890, a primeira 
Assembleia Nacional Constituinte, inaugurando a “política dos Governadores”, 
segundo a qual o governador central mantinha acirrado controle sobre os pleitos por 
meio de esquema fraudulento de manipulação dos resultados, visando à eliminação 
da oposição. 
 
 
Fonte: midiamax.com.br 
Com a Revolução de 1930, a segunda República nasce, e o primeiro Código 
Eleitoral brasileiro, instituído em 1932, consagra o voto secreto, o voto feminino e o 
sistema de representação proporcional. Todas essas conquistas foram encampadas 
pela Constituição de 1934, que durou pouco. 
Nos anos seguintes, o Brasil presenciou transformações institucionais, e, em 
1937, o Estado Novo extinguiu a Justiça Eleitoral, abolindo os partidos políticos 
existentes, suspendendo as eleições livres e estabelecendo eleição indireta para 
Presidente da República com mandato de seis anos. 
A tentativa de resgate da democracia inicia-se no final do Estado Novo, durante 
o governo do general Eurico Gaspar Dutra, que, em 29.10.1945, participou da 
articulação entre oposição e cúpula militar para destituir o Presidente Getúlio Vargas. 
A luta pela redemocratização intensificou-se no início de 1945, após o lançamento, 
por um grupo de intelectuais, do Manifesto Mineiro. 
No entanto, a redemocratização falha e as décadas seguintes são marcadas 
por um novo ciclo autoritário dos militares, iniciado em 1964 com o golpe de Estado 
que destituiu João Goulart. 
 
11 
A legislação eleitoral no período compreendido entre a deposição de João 
Goulart e a eleição indireta de Tancredo Neves, em 1985, foi marcada por uma 
sucessão de atos institucionais e emendas constitucionais, leis e decretos-leis, com 
os quais o regime militar conduziu o processo eleitoral de maneira a ajustá-lo ao 
estabelecimento da ordem preconizada pela Lei de Segurança Nacional. 
Visando obter a maioria favorável, o regime militar alterou a duração dos 
mandatos, cassou direitos políticos, decretou eleição indireta para Presidente da 
República, Governadores e Prefeitos dos municípios considerados de interesse da 
segurança nacional, ou seja, aqueles em que se vislumbrava o sucesso eleitoral da 
oposição. 
Nesse período militar, foram instituídas as candidaturas natas, o voto vinculado, 
as sublegendas e alterado o cálculo para o número de Deputados na Câmara, com 
base ora na população, ora no eleitorado, privilegiando Estados politicamente 
incipientes em detrimento daqueles tradicionalmente mais expressivos, reforçando 
assim o poder discricionário do Governo. 
A partir do processo da reabertura negociada, em 1982, foi eliminado da 
legislação eleitoral o voto vinculado. Três anos mais tarde, a Lei n. 7.444 disciplinou a 
implantação do processamento eletrônico de dados, do alistamento eleitoral e da 
revisão do eleitorado, possibilitando, em 1986, o recadastramento, em todo o território 
nacional, de 69,3 milhões de eleitores sob a supervisão e orientação do TSE, 
chegando, em 2002, a mais de 115 milhões de eleitores. 
A Constituição de 1988 impôs a realização de plebiscito para definir a forma 
(República ou Monarquia constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou 
presidencialismo). Previu que Presidente, Governadores, bem como os Prefeitos dos 
municípios com mais de 200 mil eleitores fossem eleitospor maioria absoluta (metade 
mais um dos votos) ou em dois turnos, se nenhum candidato alcançasse a maioria 
absoluta (metade mais um dos votos) na primeira votação. Nos municípios com menos 
de 200 mil eleitores, os Prefeitos seriam eleitos em turno único, por maioria simples. 
Para evitar casuísmos, a Emenda Constitucional n. 4, de 1993, estabeleceu 
que a lei que alterasse o processo eleitoral somente seria aplicada um ano após a sua 
vigência. Mas o casuísmo era feito dentro do prazo legal — até que a Lei n. 9.504/97 
deu estabilidade nas relações jurídico-eleitorais, fortalecendo a democracia com a 
sedimentação das resoluções, jurisprudências e súmulas dos Areópagos eleitorais. 
 
12 
A Emenda Constitucional n. 16/97 permitiu a reeleição dos chefes do Poder 
Executivo para um único período subsequente, beneficiando o então Presidente em 
primeiro mandato, Fernando Henrique Cardoso, e propiciando ao TSE uma releitura 
do art. 14, § 5º, da CF/88. 
 
 
Fonte: acervacandanga.com 
Portanto, a democracia brasileira, com o hiato que sofreu em períodos 
intercalados da história, caminha para a juventude, não tendo ainda se firmado em 
sua fase adulta. 
2.2.1 Espécies 
As espécies de democracia são: 
a) Democracia direta 
O povo exerce, por si, os poderes de Governo, fazendo leis, administrando e 
julgando. 
b) Democracia indireta ou representativa 
A fonte primária de poder (povo) não dirige diretamente os negócios 
governamentais, em razão de diversos fatores (complexidade dos problemas sociais, 
explosão demográfica, extensão territorial/geográfica), e sim os outorga a seus 
representantes, eleitos periodicamente e com mandato temporário. 
Sinônimo de democracia indireta ou representativa é mandato (dos eleitores 
para um eleito, para que o poder seja exercido em seu nome). 
 
13 
Assim, concluímos: 
1. o mandato no Direito Eleitoral não pode ser revogável, mas é temporário; 
2. o eleitor não pode exigir diretamente do mandatário uma responsabilidade 
pelos atos; 
3. há transferência do exercício do poder, ou seja, o eleitor torna-se “cumpridor 
das leis”, e o eleito torna-se feitor das regras e leis a serem cumpridas pelos “donos” 
do poder/democracia (povo). 
c) Democracia semidireta 
Consubstancia-se na democracia representativa, com alguns institutos da 
democracia direta, ou seja, um sistema eclético ou misto. 
2.2 Soberania popular 
As formas de exercício da soberania popular, previstas na CF/88, são: 
a) Sufrágio universal; 
b) Voto direto; 
c) Voto secreto; 
d) Valor igual para todos; 
e) Eleições periódicas para o Legislativo e Executivo (formas indiretas de 
soberania). 
Existe eleição para o Poder Judiciário? Não, apenas há previsão de membros 
da sociedade participarem do Tribunal do Júri; 
f) Mediante plebiscito (forma direta de soberania — Lei n. 9.709/98, art. 1º, inc. 
I); 
g) ,Mediante referendo (forma direta de soberania — Lei n. 9.709/98, art. 1º, inc. 
II); 
h) Iniciativa popular pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei 
subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, distribuído em, pelo 
menos, cinco Estados-membros, com não menos de três décimos por cento de 
eleitores em cada um deles (forma direta de soberania — Lei n. 9.709/98, art. 
1º, inc. III). 
Inexistência material da soberania popular: dois casos famosos: Caso Daniela 
Perez — foi iniciativa parlamentar, por ausência do número mínimo de assinaturas — 
e Lei n. 9.840/99 — esta conhecida como de iniciativa popular, mas foi iniciativa 
 
14 
parlamentar, eis que conseguiu o número mínimo de assinaturas, mas não teve como 
efetuar na Câmara a conferência de títulos por sistema eletrônico. 
 
 
Fonte: images.glaciermedia.ca 
Em primeiro lugar, é importante destacar que a democracia brasileira, vedação 
implícita ao poder constituinte derivado reformador, é semidireta, ou seja, segundo o 
art. 1º da CF/88, o poder do povo é exercido mediante representantes no Poder 
Legislativo e Executivo (democracia indireta ou representativa) ou de forma direta 
(democracia direta), por meio de três mecanismos: 
a) Plebiscito; 
b) Referendo; 
c) Iniciativa popular. 
Dessa forma, o direito de sufrágio (direito público subjetivo), por meio do voto, 
se realiza mediante plebiscito e referendo; além disso, a iniciativa popular em projeto 
de lei tem em si a consagração da democracia semidireta, consoante comando 
constitucional dos arts. 1º e 14, I, II e III. 
A regulamentação de tais mecanismos diretos de participação popular no 
sufrágio ou iniciativa de leis ocorre, no plano infraconstitucional, pela Lei Federal n. 
9.709, de 18.11.1998. 
 
15 
2.2.1. Plebiscito e referendo 
O art. 2º, caput, da Lei Federal n. 9.709/98 define plebiscito e referendo com o 
“consultas formuladas ao povo para que delibere sobre matéria de acentuada 
relevância, de natureza constitucional, legislativa ou administrativa”. 
O primeiro (plebiscito) deve ser “convocado com anterioridade a ato legislativo 
ou administrativo, cabendo ao povo, pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha 
sido submetido” (cf. art. 2º, § 1º). 
Já o segundo (referendo), dever ser “convocado com posterioridade a ato 
legislativo ou administrativo, cumprindo ao povo a respectiva ratificação ou rejeição” 
(cf. art. 2º, § 2º). 
Portanto, o referendo é uma consulta popular direta, em que o povo diz sim ou 
não para confirmar ou rejeitar uma lei. 
Nota: Em verdade, tanto o plebiscito como o referendo não são consultas 
formuladas ao povo, e sim ao cidadão, pois somente quem possui título eleitoral pode 
votar. Se fosse realmente do povo, todos poderiam votar. Se fôssemos analisar o art. 
1º da CF/88, teríamos que ler que “todo poder é do cidadão” (e não do povo). 
 Características 
No plebiscito e no referendo: 
a) O voto, como nas eleições, é obrigatório. Todos os cidadãos com mais de 18 
anos e menos de 70 deverão comparecer às urnas; 
b) O voto é facultativo (opcional) apenas para quem tem entre 16 e 18 anos ou 
pessoas com mais de 70 anos; 
c) Cada eleitor vota em sua seção eleitoral; 
d) Brasileiros residentes no exterior não votam; 
e) Residentes no Brasil em viagem ao exterior precisam justificar o voto, ao 
retornarem, na sua zona eleitoral. 
A Lei prevê que as datas para a realização de referendos e plebiscitos sejam 
estabelecidas pela Justiça Eleitoral. 
 
 
16 
 
Fonte: pt.org.br 
 Iniciativa popular 
Segundo a redação do art. 13, caput, da Lei n. 9.709/98, a iniciativa popular 
“consiste na apresentação de projeto de lei à Câmara dos Deputados, 
subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo 
menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos 
eleitores de cada um deles”. 
Ainda sobre a iniciativa popular, cumpre salientar que: 
a) O projeto “deverá circunscrever-se a um só assunto” (art. 13, § 1º); 
b) “Não poderá ser rejeitado por vício de forma, cabendo à Câmara dos 
Deputados, por seu órgão competente, providenciar a correção de eventuais 
impropriedades de técnica legislativa ou de redação” (art. 13, § 2º); 
c) Cumpridas as exigências do art. 13, o projeto seguirá o processo legislativo, 
em seus ulteriores termos, consoante as normas do Regimento Interno da 
Casa; 
d) Diante da Federação e autonomia das Casas Legislativas, é possível à 
Constituição Estadual (Poder Constituinte Derivado Decorrente) e à Lei 
Orgânica Municipal também preverem em seus diplomas legislativos a 
oportunidade de iniciativa popular, respectivamente, no tocante às leis 
estaduais e municipais, seguindo as normas gerais da CF/88. 
 
17 
3 JUSTIÇA ELEITORAL 
A Justiça Eleitoral é o instrumento de garantia da seriedade do processo 
eleitoral, seja no comando das eleições, evitando abusos e fraudes, seja na 
preservação de direitos e garantias por meio da fixação e fiel observância de diretrizes 
claras e firmes, fundamentadas em lei. 
O surgimento da JustiçaEleitoral remonta a 1930, com a revolução que originou 
o Código Eleitoral de 1932. 
José Francisco de Assis Brasil sustentou aos revolucionários de 1930 que as 
funções eleitorais ficassem a cargo da Justiça Eleitoral. A questão era: dever-se-ia 
criar um ramo federal da União para criar a Justiça Eleitoral ou se aproveitaria a 
estrutura menos densa da Justiça Comum Federal ou, ainda, a mais densa da Justiça 
Comum Estadual? 
A decisão política dos revolucionários de 1930 foi ficar com a Justiça Comum 
Estadual, evitando a permanência dos Juízes Eleitorais em quadro próprio e trazendo 
o princípio da temporariedade das funções. Portanto, a Justiça Eleitoral, além de 
jurisdicional, tem função de “agência produtora de eleições” (gerencia e administra as 
eleições brasileiras). Isso justifica o motivo dos rodízios entre Juízes Eleitorais e 
mandato fixado para os órgãos regionais (TRE) ou nacional (TSE). 
O Código Eleitoral de 1932 instituiu o voto universal, secreto e obrigatório e 
criou a Justiça Eleitoral, com competência para o alistamento, organização das 
mesas, apuração dos votos, reconhecimento e proclamação dos eleitos, incorporando 
as mulheres e os religiosos, mas ainda excluindo os analfabetos, mendigos e praças 
de pré. O Decreto ainda regulou as eleições federais, estaduais e municipais, bem 
como instituiu a representação proporcional. 
Com o advento deste Código, em 24.02.1932, foi criado o Tribunal Superior da 
Justiça Eleitoral, instalado a 20 de maio do mesmo ano, em cerimônia presidida pelo 
Ministro Hermenegildo Rodrigues de Barros. 
Em 1934, a Justiça Eleitoral foi incluída entre os órgãos do Poder Judiciário 
(art. 63 da CF/34), tendo competência privativa para o processo das eleições federais, 
estaduais e municipais, com início a partir do alistamento dos eleitores até a 
proclamação dos candidatos eleitos. A Constituição de 1934, promulgada, 
constitucionalizou a Justiça Eleitoral e consagrou a competência exclusiva da União 
 
18 
para legislar sobre matéria eleitoral; além disso, cuidou dos eleitores e das 
inelegibilidades. 
 
Fonte: ovigilanteonline.com 
Havia, na época, um Tribunal Superior na Capital da República; um Tribunal 
Regional na capital de cada Estado-Membro, no Acre — à época território — e no 
Distrito Federal; e juízes singulares nas sedes e Juntas Especiais. 
A Lei n. 48, de 04.05.1935, dispôs sobre “Modificações do Código Eleitoral” e, 
para muitos, foi o segundo Código Eleitoral. 
Uma época sombria para a história da Justiça Eleitoral brasileira foi a partir de 
1937, com o conhecido período ditatorial do Estado Novo ou Nova Ordem, que com 
este rótulo sofista extinguiu tacitamente a Justiça Eleitoral, pois nem sequer fazia 
referência a ela em seu Texto Magno (art. 90 da CF/37) quando disciplinava os órgãos 
do Poder Judiciário, bem como proibiu as eleições. Assim, com a Constituição de 1937 
outorgada por Getúlio Vargas, foi atribuído à União, privativamente, o poder de legislar 
sobre matéria eleitoral da União, dos Estados e dos municípios. 
Como se não bastasse, o período obnubilante da história teve a coragem de 
dissolver todas as Casas Legislativas em cada ente da federação, adiando as eleições 
para depois de um plebiscito a que seria submetida a nação, restaurando o sufrágio 
indireto, e a ditadura reinou e governou com interventores nos Estados. Para se ter 
uma ideia dos abusos, a condenação dos irmãos Naves, em Araguari/MG, ocorreu 
nesse período, quando um delegado era o chefe do Estado-maior e, sob o pretexto 
 
19 
de Justiça, forçou confissões, torturou os irmãos réus e suas famílias, física e 
psicologicamente, induzindo a Justiça Mineira ao maior erro judiciário que o Brasil já 
conheceu. Isso na Justiça Comum, sem contar os abusos pela extinção da Justiça 
Eleitoral. 
Esse regime durou até 1945, quando a Emenda Constitucional n. 09, de 
28.02.1945, suprimiu o plebiscito alhures e revogou o art. 187 da Carta Magna, 
determinando que, em 90 dias, uma lei deveria prever a data das eleições para o 
segundo período presidencial, de Governadores de Estados, e as primeiras eleições 
para o Parlamento e as Assembleias Legislativas, ficando eleitos e habilitados os 
cidadãos diplomados pelos órgãos incumbidos de apurar as eleições. 
No dia 02.12.1945, as eleições para Presidente e para as Assembleias 
ocorreram. Proclamados os eleitos, fluiu na atmosfera a sensação de liberdade e 
esperança, típica do regime democrático, após sufocação de regimes impostos. 
Assim, a Constituição Federal de 1946 repristinou expressamente a Justiça 
Eleitoral como integrante do Poder Judiciário, com a mesma organização da 
Constituição Federal de 1934. 
O Tribunal Superior Eleitoral foi novamente criado, já com a denominação atual, 
pelo Decreto-Lei n. 7.586, de 28.05.1945, instalando-se no dia 1º de junho, sob a 
presidência do Ministro José Linhares, no Palácio Monroe, Rio de Janeiro, onde 
funcionou até 1946, quando foi transferido para a sede da Rua 1º de março. 
Na qualidade de desembargador da Corte de Apelação do Rio de Janeiro, José 
Linhares foi Ministro do Tribunal Superior Eleitoral em sua primeira fase e permaneceu 
até o golpe que implantou o Estado Novo no País, em novembro de 1937. 
Nessa nova fase, foi como Ministro Presidente do Supremo Tribunal Federal 
que José Linhares instalou o TSE; e, nessa condição, assumiu a Presidência da 
República em 29.10.1945, afastando-se do STF e do TSE, quando foi substituído pelo 
Ministro Waldemar Falcão na presidência dessa Corte. 
Em 31.01.1946, transmitiu ao General Eurico Gaspar Dutra a Presidência da 
República, retornando ao STF em 02.02.1946 e ao TSE em 25.05.1946. 
Terminou o mandato em 03.07.1947, sendo substituído pelo Ministro Álvaro 
Moutinho Ribeiro da Costa. 
Em abril de 1960, a sede do TSE foi transferida para Brasília, em virtude da 
mudança da capital federal. 
 
20 
A mudança da Corte para a sede definitiva, na Praça dos Tribunais Superiores, 
data de 1972. 
Assim, os órgãos da Justiça Eleitoral estão previstos nos arts. 92, V, 118 e 121 
da CF/88, bem como nos Códigos Eleitorais. 
No ápice da estrutura hierárquica piramidal, encontra-se o Tribunal Superior 
Eleitoral (TSE), com sede na capital federal e jurisdição em todo o território nacional; 
após, os Tribunais Regionais Eleitorais (TRE), distribuídos pelas capitais dos Estados 
e no Distrito Federal — tanto o TSE quanto os TREs são Tribunais Federais. 
Na base piramidal, encontram-se os Juízes Eleitorais e as Juntas Eleitorais, 
atuando em suas respectivas zonas, em função federal. 
O Supremo Tribunal Federal não integra a estrutura piramidal da Justiça 
Eleitoral, mas conhece de matérias eleitorais na condição de Corte Constitucional, 
além de resolver conflito de competência entre o TSE e outro Tribunal Superior ou 
entre estes e quaisquer tribunais nos termos do art. 102, I, o, da CF/88. Na seara 
criminal, o STF, por força do art. 102, I, b, c, d e i, da CF/88, possui competência de 
natureza funcional (ratione personae). Por fim, o STF detém ainda a competência 
recursal em matéria eleitoral (art. 102, III, a — decisões do TSE que contrariem 
dispositivos constitucionais). 
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), apesar de também não integrar a 
estrutura piramidal da Justiça Eleitoral, conhece de matéria eleitoral quando julga 
crimes cometidos por pessoas que detenham foro pela prerrogativa de função (ratione 
personae), previsto no art. 105, I, a, da CF/88; por exemplo, crime eleitoral cometido 
por Governador de Estado. Também lhe cabe resolver os conflitos de competência, 
ainda que versando sobre matéria eleitoral, nas hipóteses da alínea d do inc. I do art. 
105 da CF/88. 
 
Fonte: Direito eleitoral esquematizado, Pedro Lenza, pg. 80. 
 
21 
As principais características institucionais da Justiça Eleitoral são: 
a) Adoção do sistema jurisdicional: O controle do processo eleitoral é 
judicial, nasua integralidade, ou seja, a fiscalização das eleições e 
proclamação dos eleitos não são outorgadas a órgãos do Legislativo e 
Executivo. No Brasil, durante o Império e mesmo com a proclamação da 
República, em 1889, o sistema reinante era o da “verificação dos poderes”, 
ficando a cargo das assembleias políticas as atribuições de controle da 
validade das eleições e proclamação dos eleitos, com resultados 
catastróficos (abusos, fraudes, distorções da vontade popular, abuso do 
poder político e econômico). Nos EUA, o sistema é o da “verificação de 
poderes”, em que a aferição da legalidade e legitimidade das eleições é feita 
pelo Poder Legislativo. Já em Portugal, Itália, França, Espanha, Argentina e 
Uruguai, essa tarefa é outorgada a órgãos integrados por membros 
pertencentes não somente ao Legislativo mas também ao Executivo e à 
própria sociedade, sendo esse sistema conhecido como “eclético”. 
b) Justiça especializada: A Justiça Eleitoral integra o Poder Judiciário 
brasileiro, mas dentro de uma especialidade em razão da matéria, de cunho 
federal, tendo competência, em suma, para questões relativas ao processo 
eleitoral (salvo questões internas de partidos) e seus incidentes, bem como 
para crimes cometidos nessa esfera (princípio da especialidade). 
c) Estrutura piramidal e hierárquica: Como vimos, os órgãos da Justiça 
Eleitoral seguem uma estrutura piramidal; a composição tem níveis 
hierárquicos distintos, a saber: no ápice da pirâmide encontra-se o TSE, 
seguido pelos TREs, Juízes e Juntas Eleitorais. O STF e o STJ, como visto, 
detêm competência de julgamento em matéria eleitoral, em que pese não 
integrarem os órgãos da Justiça Eleitoral. 
d) Inexistência de magistratura própria na Justiça Eleitoral: José 
Francisco de Assis Brasil sustentou aos revolucionários de 1930 que as 
funções eleitorais ficassem a cargo da Justiça Eleitoral. A questão era: 
dever-se-ia criar um ramo federal da União para criar a Justiça Eleitoral ou 
se aproveitaria a estrutura menos densa da Justiça Comum Federal ou a 
mais densa da Justiça Comum Estadual? A decisão política dos 
revolucionários de 1930 foi ficar com a Justiça Comum Estadual, evitando a 
permanência dos Juízes Eleitorais em quadro próprio. Com essa origem, 
 
22 
veremos a seguir que a Justiça Eleitoral não possui quadro próprio de 
magistrados a exercer as funções previstas na CF/88 e nas leis eleitorais, 
sendo composta atualmente de juízes oriundos de várias carreiras da 
magistratura, bem como de diferenciados graus hierárquicos: Ministros do 
STF, Ministros do STJ, desembargadores do TJ; juízes federais, juízes 
estaduais e advogados (juristas de idoneidade moral e notável saber 
jurídico). Portanto, a composição é heterogênea, apesar de centrada no 
próprio judiciário, que indicará os que funcionarão como juízes e os que são 
oriundos da advocacia, para que, com base nessas listas, o Presidente da 
República proceda à nomeação. Curioso é o fato de que, diferentemente do 
quinto constitucional aplicável aos Tribunais Estaduais, a legislação não 
permite que um membro do Ministério Público componha os Tribunais 
Eleitorais, apenas advogado, o que é criticado por vários setores 
doutrinários. 
e) Periodicidade da investidura dos juízes: José Francisco de Assis 
Brasil sustentou aos revolucionários de 1930, ainda, que as funções 
eleitorais possuíssem o princípio da temporariedade das funções. Assim, 
esses magistrados advindos de vários setores do próprio judiciário e da 
advocacia exercem suas funções em mandatos periódicos, para que o 
poder e o contato político não enfraqueçam seus membros ou os tornem 
parciais. Se, por um lado, isso é salutar; por outro, retira a especialização 
dos membros, pois, como a matéria eleitoral é complexa e difusa, quando 
um magistrado eleitoral se especializa, termina seu mandato. Mas ainda 
assim o arejamento é salutar. Cumpre esclarecer que, nas zonas eleitorais 
em que há comarcas com mais de uma Vara, há rodízio no mandato 
eleitoral, enquanto, nas zonas eleitorais que abarcam comarca com apenas 
um juízo, este juiz exercerá as funções eleitorais até que seja destituído, ou 
promovido, ou se aposente; este é o único caso registrado em que o 
princípio da periodicidade da investidura dos Juízes Eleitorais não é 
absoluto. 
f) Funcionamento permanente da Justiça Eleitoral: Como regra, vimos que 
os Juízes Eleitorais atuam de forma periódica; porém, a instituição — 
Justiça Eleitoral — é permanente, funcionando tanto em período eleitoral 
 
23 
como antes deste, alistando eleitores e movimentando a estrutura 
administrativa. 
g) Competência somente definida por lei complementar: A CF/88, art. 
121, exigiu lei complementar para disciplinar e alterar a composição da 
Justiça Eleitoral. O Código Eleitoral foi adequado pela CF/88 como lei 
complementar. 
 
 
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br 
h) Divisão territorial para fins eleitorais: O Brasil foi dividido territorialmente 
para fins eleitorais: 
1. circunscrições eleitorais: os Estados da Federação e o Distrito Federal 
constituem-se em circunscrições eleitorais. Nestas, o TSE tem jurisdição em todo o 
território nacional (leia-se, em todas as circunscrições eleitorais), enquanto os 
Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) possuem jurisdição apenas na circunscrição 
eleitoral respectiva (leia-se, no Estado da Federação ou no DF em que estiver 
localizado); 
2. zonas eleitorais: as circunscrições eleitorais são divididas em zonas 
eleitorais de competência jurisdicional (que podem ou não coincidir com comarca — 
divisão territorial da Justiça Eleitoral). Nestas, os Juízes Eleitorais possuem jurisdição; 
3. seções eleitorais: as zonas eleitorais detêm competência jurisdicional, 
porém, para funções administrativas no dia das eleições e para votação, além de 
possuírem várias seções eleitorais (geralmente localizadas em escolas, clubes etc.). 
 
24 
Quanto à competência criminal, os Juízes Eleitorais têm-na como regra para 
resolução dos crimes eleitorais, salvo se a pessoa possuir foro pela prerrogativa de 
função. 
Na seara cível-eleitoral, em visão geral, os Juízes Eleitorais têm competência 
para eleições municipais (Prefeitos e Vereadores); os TREs para as chamadas 
eleições gerais (Deputado Estadual, Federal, Distrital, Senador e Governador); e o 
TSE para eleição presidencial (Presidência da República). 
3.1 A composição da justiça eleitoral 
 
Fonte: slideplayer.com.br 
A Justiça Eleitoral, por sua importância no cenário nacional, já que responsável 
pela efetivação dos mandatários que darão o destino da nação, deve ser estudada 
com muito cuidado. 
No Brasil, segundo a Constituição Federal de 1988, art. 118, a Justiça Eleitoral 
compõe-se dos seguintes órgãos, cada qual com sua atribuição, composição e 
localização: 
a) Tribunal Superior Eleitoral (TSE); 
b) Tribunais Regionais Eleitorais (TRE); 
c) Juízes Eleitorais; 
 
25 
d) Juntas Eleitorais. 
 
ÓRGÃOS COMPOSIÇÃO 
TSE - 3 Ministros eleitos entre os membros 
do STF. 
- 2 Ministros eleitos entre os membros 
do STJ. 
- 2 Ministros nomeados pelo 
Presidente da República, TSE 
escolhidos entre duas listas de três 
nomes de advogados de notável 
saber jurídico e ilibada reputação, 
indicados pelo STF. 
TRE - 2 desembargadores do TJ (mediante 
TER eleição pelo voto secreto). 
- 2 juízes de direito (mediante 
eleição), escolhidos pelo Plenário do 
Tribunal de Justiça. 
- 1 juiz do TRF com sede na capital ou 
no Distrito Federal, ou, não havendo 
sede na capital, um juiz federal 
escolhido pelo Presidente do TRF. 
- 2 advogados, dotados de notável 
saber jurídico e ilibada reputação, 
entre duas listas de 3 nomes 
elaboradas pelo Tribunal de Justiça. 
Juiz Eleitoral - São os juízes de direito do Poder 
Judiciário Estadual, agindo por 
delegação de cunho federal. 
- “Nas comarcas em que houver mais 
de uma Vara da Justiça Comum, o 
respectivo TERdesignará aquela ou 
aquelas em que serão realizados os 
 
26 
serviços eleitorais, bem como o 
respectivo Juiz Eleitoral a compor a 
zona eleitoral”. 
Junta Eleitoral Composta por um Juiz Eleitoral 
(Presidente) e de 2 ou 4 cidadãos de 
notória idoneidade (para que, com o 
Presidente, formem número ímpar de 
integrantes), indicados pelo Juiz 
Presidente da Junta e nomeados pelo 
Presidente do respectivo TER 60 dias 
antes da eleição (arts. 36/41 do CE). 
4 REFORMA ELEITORAL 2015: PRINCIPAIS PONTOS ALTERADOS NO 
CÓDIGO ELEITORAL2 
A Lei 13.165/2015, também conhecida como Reforma Eleitoral 2015, alterou 
diversos pontos da legislação eleitoral. Como a norma foi sancionada um ano antes 
do pleito municipal de 2016, no dia 27 de outubro, já foi aplicada, no que coube, às 
eleições do ano próximo. Confira abaixo as principais mudanças e inovações 
promovidas pela Reforma Eleitoral 2015 no Código Eleitoral. 
 
2 Extraído do link: http://www.tse.jus.br/imprensa/noticias-tse/2015/Outubro/serie-reforma-
eleitoral-2015-regras-para-mudanca-de-partido-ficam-mais-rigidas. 
 
27 
4.1 Cassação de registro 
 
Fonte:politize.com.br 
A primeira alteração destacada como “importante” pelo ministro do Tribunal 
Superior Eleitoral (TSE) Henrique Neves é a prevista em parágrafo incluído no artigo 
28 do Código (parágrafo 4º). O dispositivo determina que, a partir de agora, as 
decisões dos Tribunais Regionais sobre quaisquer ações que resultem em cassação 
de registro, anulação geral de eleições ou perda de diplomas somente poderão ser 
tomadas com a presença de todos os integrantes. E o parágrafo 5º do artigo 28 prevê 
que, no caso de ocorrer impedimento de algum juiz, será convocado o suplente da 
mesma classe. 
Segundo o ministro Henrique Neves, a regra do quórum completo para julgar 
esses tipos de processos sempre existiu para o TSE. Já nos TREs, conta ele, muitas 
decisões observavam o quórum mínimo e eram tomadas por 3 votos a 2. Para o 
ministro, a regra é fundamental, uma vez que “o tema tratado pela Justiça Eleitoral 
quase sempre é muito importante. Estamos tratando da soberania e da democracia”. 
Outra inovação no Código Eleitoral é que, a partir de então, o recurso ordinário 
interposto contra decisão proferida por juiz eleitoral ou por Tribunal Regional Eleitoral 
que resulte em cassação de registro, afastamento do titular ou perda de mandato 
eletivo será recebido pelo Tribunal competente com efeito suspensivo (parágrafo 2º 
do artigo 257). 
Para o ministro Henrique Neves, “é bom” que essa regra esteja, agora, 
expressa na lei. Ele afirma que a inovação trará “uma responsabilidade à Justiça 
 
28 
Eleitoral para que esses processos, por terem efeito suspensivo automático, já 
previsto em lei, sejam examinados e decididos o mais rápido possível”. 
4.2 Registro de candidatura 
 
Fonte: klickart-prod.s3.amazonaws.com 
A nova redação do artigo 93 do Código Eleitoral determina que o prazo de 
entrada em cartório ou na Secretaria do Tribunal do requerimento de registro de 
candidato a cargo eletivo terminará, improrrogavelmente, às 19h do dia 15 de agosto 
do ano em que se realizarem as eleições. A redação anterior do dispositivo previa 
como prazo final o nonagésimo dia anterior à data das eleições. 
A data para o julgamento do requerimento de registro também foi alterada. 
Conforme o parágrafo 1º do artigo 93 do Código Eleitoral, todos os requerimentos, 
inclusive os que tiverem sido impugnados, devem ser julgados pelas instâncias 
ordinárias, e estar com suas respectivas decisões publicadas, até 20 dias antes da 
data das eleições. A redação anterior do dispositivo tinha como marco temporal o 
septuagésimo dia anterior à data marcada para a eleição. 
4.3 Convenções partidárias 
A nova redação do parágrafo 2º do artigo 93 do Código prevê, agora, que as 
convenções partidárias para a escolha dos candidatos serão realizadas, no máximo, 
até 5 de agosto do ano em que se realizarem as eleições. 
 
29 
4.4 Cálculo dos eleitos no pleito proporcional 
A Reforma Eleitoral 2015 alterou as regras de cálculo dos candidatos eleitos 
nos pleitos proporcionais, que inclui as eleições para deputado federal, deputado 
estadual, deputado distrital e vereador. A partir de então (artigo 108 do Código 
Eleitoral), entre os candidatos registrados por um partido ou coligação, estarão eleitos 
os que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% do quociente eleitoral, 
tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na ordem da votação nominal 
que cada um tenha recebido. 
Conforme explica o ministro Henrique Neves, no Brasil, os candidatos 
chamados de puxadores de votos, aqueles políticos que obtém uma votação mais 
expressiva, podem utilizar esses votos em favor do partido. “Mas a pessoa que está 
sendo eleita pelo partido tem que ter o mínimo de representatividade popular e, por 
isso, se estabeleceu esses 10%”, afirma o ministro. 
A partir do momento que se verifica quem são as pessoas que obtiveram esse 
quociente individual, ou seja, votos em número igual ou superior a 10% do quociente 
eleitoral, serão feitos os demais cálculos para se verificar a quais partidos serão 
destinadas as sobras. Segundo o parágrafo único do artigo 108, os lugares não 
preenchidos em razão da exigência da votação nominal mínima serão distribuídos de 
acordo com as novas regras do artigo 109. 
4.5 Novas eleições 
No capítulo do Código Eleitoral que trata sobre as nulidades da votação, foram 
acrescentados dois novos parágrafos ao artigo 224. O parágrafo 3º determina que a 
decisão da Justiça Eleitoral que resulte no indeferimento do registro, a cassação do 
diploma ou a perda do mandato de candidato eleito em pleito majoritário acarreta, 
após o trânsito em julgado, a realização de novas eleições, independentemente do 
número de votos anulados. O parágrafo 4º, por sua vez, diz que essa eleição será 
custeada pela Justiça Eleitoral e será indireta, se a vacância do cargo ocorrer a menos 
de seis meses do final do mandato, e direta, nos demais casos. 
 
30 
4.6 Voto em trânsito 
 
Fonte: michelteixeira.com.br 
A Reforma Eleitoral 2015 também ampliou as possibilidades do voto em 
trânsito. Até as eleições 2014, essa forma de exercer o direito de voto valia 
exclusivamente para os cargos de presidente da República, nos municípios com mais 
de 200 mil eleitores. Agora, o artigo 233-A do Código Eleitoral assegura aos eleitores 
em trânsito no território nacional o direito de votar para diversos cargos nos municípios 
com mais de cem mil eleitores. 
“Esperamos, no futuro, poder reduzir [esse número de total de eleitores por 
município] ainda mais”, afirma o ministro Henrique Neves. Ele informa que “o voto em 
trânsito foi ampliado por sugestão da própria Justiça Eleitoral, que espera poder 
implantá-lo, no futuro, em todas as cidades”. 
Os eleitores que se encontrarem fora o estado de seu domicílio eleitoral 
poderão votar em trânsito somente para o cargo de presidente da República. Já os 
eleitores em trânsito dentro do estado em que tiverem domicílio eleitoral poderão 
exercer o direito de voto para presidente e vice-presidente da República, para 
governador, senador, deputado federal, deputado estadual e distrital (artigo 233-A do 
Código Eleitoral). 
Outra novidade é o parágrafo 2º do artigo 233-A, que assegura aos membros 
das Forças Armadas, aos integrantes dos órgãos de segurança pública e aos 
integrantes das guardas municipais o voto em trânsito caso estejam a serviço das 
eleições. Segundo o ministro Henrique Neves, 
 
31 
houve uma proposta muito interessante do Congresso Nacional, muito bem 
pensada, que visa garantir algo que sempre foi uma preocupação da Justiça 
Eleitoral, que [é o direito de voto] das pessoas que estão trabalhando 
obrigatoriamente no dia das eleições. Principalmente os guardas, a Polícia 
Militar, a Polícia Civil e oCorpo de Bombeiros, que têm como obrigação 
trabalhar para garantir a segurança e a tranquilidade que são necessárias no 
dia do pleito. 
Ele explicou que essas pessoas ficavam impedidas de votar por terem que 
trabalhar em áreas muito distantes do seu local de votação. Com a nova norma, disse 
o ministro, as chefias ou comandos dos órgãos a que esses profissionais estiverem 
subordinados deverão enviar com antecedência à Justiça Eleitoral (até quarenta e 
cinco dias da data das eleições) a listagem dos profissionais que estarão em serviço 
no dia da eleição com indicação das seções eleitorais de origem e destino. 
De acordo com o ministro, a Justiça Eleitoral fará uma transferência provisória 
do título de eleitor desse profissional para uma seção perto do local onde ele prestará 
seu serviço. “Se o profissional está em uma determina localidade para dar segurança 
àquele lugar, que se permita que ele possa também exercer o seu direito ao sufrágio”, 
pondera o ministro Henrique Neves. 
4.7 Propaganda eleitoral 
Segundo a nova regra do artigo 240 do Código Eleitoral, a propaganda de 
candidatos a cargos eletivos somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano da 
eleição. Antes, essa propaganda podia ser iniciada após a escolha dos candidatos em 
convenção. 
A Reforma Eleitoral 2015 reduziu o tempo de propaganda partidária gratuita, 
tanto no que se refere aos programas, quanto às inserções. Conforme o novo texto 
do artigo 49 da Lei 9.096, as legendas com pelo menos um representante em qualquer 
das casas do Congresso Nacional têm assegurada a realização de um programa a 
cada semestre, em cadeia nacional, com duração de cinco minutos cada para os 
partidos que tenham elegido até quatro deputados federais, e com duração de dez 
minutos cada, para aqueles com cinco ou mais deputados. O texto anterior apenas 
previa a realização de um programa, em cadeia nacional, e de um programa, em 
cadeia estadual, em cada semestre, com a duração de 20 minutos cada. 
 
 
32 
 
Fonte: dcvitti.files.wordpress.com 
Agora, as agremiações que tiverem pelo menos um representante em qualquer 
das casas do Congresso também têm garantida a utilização, por semestre, para 
inserções de 30 segundos ou um minuto nas redes nacionais, e de igual tempo nas 
emissoras estaduais, do tempo total de: dez minutos, para os partidos que tenham 
elegido até nove deputados federais; e 20 minutos para aqueles que tenham elegido 
dez ou mais deputados. Antes, a legislação reservava o tempo total de 40 minutos, 
por semestre, para inserções de 30 segundos ou um minuto nas redes nacionais, e 
de igual tempo nas emissoras estaduais. 
4.8 Novo passaporte 
A legislação prevê que os eleitores que não votaram, não apresentaram 
justificativa posteriormente ou não pagaram a multa devida ficam impedidos, entre 
outras coisas, de tirar passaporte. Com a inclusão do parágrafo 4º no artigo 7º no 
Código Eleitoral, essa penalidade não mais se aplica ao eleitor no exterior que 
requeira novo passaporte para identificação e retorno ao Brasil. 
 
 
33 
 
Fonte: cidadeverde.com 
4.9 Registro partidário 
A nova lei modificou o parágrafo 1º, artigo 7º, da Lei dos Partidos Políticos, ao 
definir um prazo de dois anos para comprovar o apoiamento de eleitores não filiados 
para a criação de novas agremiações. Os demais requisitos permaneceram intactos, 
ou seja, a Justiça Eleitoral continuará admitindo somente o registro do estatuto das 
legendas que tenham caráter nacional, após a “comprovação do apoiamento de 
eleitores não filiados a partido político, correspondente a, pelo menos, 0,5% dos votos 
dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados, não computados os 
votos em branco e os nulos, distribuídos por um terço, ou mais, dos estados, com um 
mínimo de 0,1% do eleitorado que haja votado em cada um deles”. 
“Nós examinamos alguns processos aqui no TSE nos quais havia apoios 
dados há oito, nove anos. Será que aquele apoio é contemporâneo? Será 
que a pessoa que há oito anos apoiou a criação de um partido político, nesse 
período, não se filiou a outro, não mudou de ideia? Se você mantém a mesma 
ideia, afirme novamente seu apoio, assine novamente a ficha de filiação”, 
destaca o ministro do TSE Henrique Neves, ressaltando que essas questões serão, 
em breve, reunidas e regulamentadas por nova resolução do Tribunal acerca do 
assunto. 
 
34 
4.10 Mudança de partido 
A Reforma Eleitoral 2015 introduziu o artigo 22-A na Lei dos Partidos Políticos. 
O dispositivo trata da possibilidade de perda do mandato no caso de desfiliação 
partidária sem justa causa e detalha as situações que serão consideradas como justa 
causa para se desfiliar. Segundo o novo artigo, “perderá o mandato o detentor de 
cargo eletivo que se desfiliar, sem justa causa, do partido pelo qual foi eleito”. 
O ministro Henrique Neves lembra que o STF, no julgamento de três mandados 
de segurança, firmou o entendimento de que os mandatos pertencem aos partidos e 
que, dessa forma, como o candidato é eleito como filiado de uma agremiação, ele não 
pode mudar para outra legenda, simplesmente porque quer, e levar consigo o 
mandato. Em seguida, o TSE editou a Resolução nº 22.610/2007, que estabeleceu 
quatro hipóteses consideradas como justa causa para a desfiliação partidária sem a 
consequente perda do cargo: incorporação ou fusão do partido; criação de novo 
partido; mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; e grave 
discriminação pessoal. 
No entanto, com a Lei 13.165, as situações de justa causa para a desfiliação 
partidária passam a ser apenas três, conforme o parágrafo único do artigo 22-A: 
mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário; grave discriminação 
política pessoal; e mudança de partido efetuada durante o período de 30 dias que 
antecede o prazo de filiação exigido em lei (seis meses) para concorrer à eleição, 
majoritária ou proporcional, ao término do mandato vigente. 
Segundo o ministro, a nova hipótese introduzida pela Reforma Eleitoral, a 
chamada “hipótese da janela”, não prevê um fato que gere justa causa para a saída 
do partido, mas estabelece um momento no qual o candidato poderá mudar de 
agremiação sem sofrer consequências no exercício do cargo para o qual foi eleito. 
Henrique Neves explica que, em uma primeira leitura do novo dispositivo, no caso dos 
deputados, por exemplo, a oportunidade de mudança do partido só poderá ser 
exercida quando tiverem cumprido cerca de três anos e três meses do seu mandato, 
ou seja, nos 30 dias que antecedem o início do mês de abril (seis meses antes do 
pleito). 
 
35 
4.11 Prestação de contas 
 
Fonte: redeto.com.br 
No que se refere às contas anuais dos partidos e às de campanha, a nova lei 
alterou o texto do artigo 34 da Lei 9.096, suprimindo a exigência de fiscalização sobre 
a escrituração contábil das legendas. Com a alteração, a Justiça Eleitoral fica obrigada 
apenas a fiscalizar a prestação de contas do partido e as despesas de campanha 
eleitoral. Além disso, segundo o novo texto do inciso I, as agremiações não mais estão 
obrigadas a constituir comitês para a movimentação de recursos financeiros nas 
campanhas eleitorais, devendo apenas designar dirigentes partidários específicos 
para tal atribuição. 
Com relação à eventual desaprovação das contas, a Reforma Eleitoral 2015 
introduziu o parágrafo 5º ao artigo 32 da Lei dos Partidos Políticos, que tem o seguinte 
texto: “A desaprovação da prestação de contas do partido não ensejará sanção 
alguma que o impeça de participar do pleito eleitoral”. 
Já o artigo 37, cujo texto foi alterado pela nova lei, taxou como única sanção 
para a desaprovação das contas partidárias a devolução da importância apontada 
como irregular, acrescida de multa de até 20%. Com a alteração, as legendas não 
mais serão punidas com a suspensão das cotas do Fundo Partidário por 
desaprovação das contas, como previsto anteriormente.Isso só ocorrerá no caso de 
não apresentação das contas, enquanto perdurar a inadimplência (artigo 37-A, 
introduzido pela nova lei). 
 
36 
Para o ministro Henrique Neves, é preciso destacar que em relação à prestação 
de contas partidária há duas situações diferentes. A primeira é quando a legenda não 
apresenta suas contas. Neste caso, a agremiação não permite que a Justiça Eleitoral 
exerça fiscalização, não possibilitando saber se o dinheiro público que foi 
disponibilizado ao partido foi bem ou mal utilizado. “Essa situação é drástica, porque 
o partido passa a ter suas cotas do Fundo Partidário suspensas. Se a União entrega 
o dinheiro aos partidos e estabelece que ele deve ser aplicado em determinadas 
situações e o partido não presta contas desse dinheiro que ele recebeu, não seria 
lógico continuar disponibilizando dinheiro para o partido. Então, as cotas do Fundo 
Partidário são suspensas até que o partido regularize sua situação”, explica. 
O outro cenário, de acordo com o ministro, se configura quando o partido 
político apresenta suas contas à Justiça Eleitoral, mas durante a análise da prestação 
de contas são identificadas algumas irregularidades, como, por exemplo, um depósito 
na conta do partido efetuado por uma fonte vedada ou um recurso de origem não 
identificada. “Neste caso, estamos falando de uma situação que pode levar à 
desaprovação das contas e ao pagamento de uma multa, que se dará por meio de 
desconto. Apresentar e ter suas contas reprovadas não é motivo para impedir alguém 
de concorrer às eleições; situação diversa, porém, é a daquele partido que não presta 
contas, que não atende ao comando constitucional [artigo 17 da CF]”, observa. 
4.12 Doações 
 
Fonte: doacaoeleitoralegal.com.br 
 
37 
O artigo 39 da Lei 9.096 também sofreu alterações com a Reforma Eleitoral 
2015. O parágrafo 3º agora estabelece que as doações aos partidos em recursos 
financeiros poderão ser feitas de três formas: por meio de cheques cruzados e 
nominais ou de transferência eletrônica de depósitos; mediante depósitos em espécie 
devidamente identificados; e por mecanismo disponível no site do partido, que permita 
o uso de cartão de crédito ou de débito, a identificação do doador e a emissão 
obrigatória de recibo eleitoral para cada doação realizada. 
4.13 Fundo Partidário 
A nova lei também promoveu algumas mudanças no que se refere à aplicação 
do Fundo Partidário e sua destinação como forma de incentivo à participação feminina 
na política. 
Dentre as principais alterações, estão a do artigo 44, inciso V, da Lei 9.096. 
Segundo o novo texto, os recursos do Fundo Partidário deverão ser aplicados: “na 
criação e manutenção de programas de promoção e difusão da participação política 
das mulheres, criados e mantidos pela secretaria da mulher do respectivo partido 
político ou, inexistindo a secretaria, pelo instituto ou fundação de pesquisa e de 
doutrinação e educação política de que trata o inciso IV, conforme percentual que será 
fixado pelo órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 5% do total”. 
O parágrafo 7º do mesmo artigo, incluído pela Reforma Eleitoral 2015, trouxe 
outra novidade. Os recursos do Fundo Partidário poderão, a partir de agora, a critério 
da secretaria da mulher ou da fundação de pesquisa e de doutrinação e educação 
política, ser acumulados em diferentes exercícios financeiros, desde que mantidos em 
contas bancárias específicas, para utilização futura em campanhas eleitorais de 
candidatas do partido. Na opinião do ministro Henrique Neves, esta é a mais 
importante mudança na legislação no que se refere à promoção da participação das 
mulheres na política. 
De acordo com o ministro, a destinação histórica de 5% do Fundo Partidário 
para ações e programas de incentivo à participação feminina na política se justifica 
porque embora as mulheres sejam a maioria da população do país, elas representam 
a grande minoria dos cargos públicos eletivos. “Há ainda, sim, em alguns locais, certo 
preconceito com a participação feminina. Nós temos que lutar contra isso. E não há 
nada que incentive mais a participação feminina do que financiar a campanha de 
 
38 
mulheres, para promover a igualdade entre os candidatos. Essa alteração me parece 
que é a mais significativa para o incentivo da participação feminina nas eleições”, 
conclui. 
Além disso, o artigo 9º da própria Lei 13.165, especifica que nas próximas três 
eleições à época (2016, 2018 e 2020), as legendas deverão reservar, em contas 
bancárias específicas, no mínimo 5% e no máximo 15% dos recursos do Fundo 
Partidário destinados ao “financiamento das campanhas eleitorais para aplicação nas 
campanhas de suas candidatas, incluídos nesse valor os recursos a que se refere o 
inciso V do art. 44 da Lei no 9.096, de 19 de setembro de 1995”. 
5 SISTEMAS ELEITORAIS 
5.1 Conceito e espécies 
Sistemas eleitorais consistem no conjunto de regras para organizar as eleições 
ou técnicas e procedimentos pelos quais estas se realizam. 
As espécies de sistemas eleitorais são: 
1.majoritário (de maioria simples ou maioria absoluta); 
2.proporcional (listas abertas, listas fechadas e listas fechadas flexíveis); 
3.distritos de média magnitude; 
4.distrital misto (majoritário e proporcional) ou distrital puro (apenas majoritário). 
5.2 Sistema majoritário 
Vence a eleição o candidato que obtiver a maioria dos votos, podendo ser 
simples, quando em um único turno de votação proclama-se o candidato que tiver 
obtido maioria simples ou relativa, ou seja, mais da metade dos votos válidos dos 
eleitores que compareceram à votação, por exemplo, as eleições para Senador. Além 
disso, pode ser por maioria absoluta, isto é, mais da metade dos votos válidos dos 
eleitores da circunscrição. O sistema majoritário por maioria absoluta, no primeiro ou 
segundo turno de votação, é acolhido para eleição de Presidente e Vice (art. 77 da 
CF/88), Governador e Vice (art. 28 da CF/88), Prefeito e Vice (art. 29, II, da CF/88). 
Sistema eleitoral consistente na divisão das regiões eleitorais em tantas 
circunscrições quantos forem os lugares a preencher. 
 
39 
Existem dois critérios neste sistema, os quais serão descritos a seguir. 
Pelo primeiro critério, a eleição majoritária é realizada mediante escrutínio de 
um turno apenas, sendo eleito o candidato que conseguir o maior número de votos. 
Então, a maioria simples ou relativa é suficiente para o candidato se eleger. 
Pelo segundo, temos um escrutínio em dois turnos, em caso de nenhum 
candidato obter maioria absoluta (mais da metade dos votos), quando apela-se para 
um segundo turno, decisivo, considerando-se eleito o candidato que, nesta segunda 
votação, obtiver maioria simples. É o sistema adotado pelo art. 77, §§ 2º e 3º, da 
CF/88, para a eleição do Presidente da República. O sistema majoritário apresenta 
algumas vantagens de relevo: enseja governos estáveis, evita a proliferação de 
partidos e aproxima o eleitor do candidato. 
Quanto ao sistema majoritário de dois turnos, apresenta o inconveniente da 
multiplicação de partidos em um sistema instável de coalizões efêmeras, que 
sobrevivem ao sabor dos interesses momentâneos. 
Portanto, o sistema majoritário identifica-se pela necessidade de os candidatos 
obterem a maioria dos votos de uma circunscrição ou distrito eleitoral para serem 
eleitos. Nesse sentido, esse sistema adapta-se tanto aos distritos unipessoais ou 
uninominais, ou seja, aqueles em que cada partido indica seu candidato para a 
escolha do eleitorado, como aos pluripessoais ou plurinominais, também chamados 
de “sistemas de listas”, ou seja, aqueles em que cada partido apresenta aos eleitores 
sua lista de candidatos. 
 
 
Fonte: alanortenoticias.com.br 
 
40 
O sistema majoritário por maioria simples (em um único turno de votação) foi 
acolhido para a eleição de Senadores Federais. 
No tocante ao sistema majoritário, algumasconsiderações: 
a) A União tem como representante o Presidente da República, eleito para o 
mandato de quatro anos, permitida a reeleição, sem desincompatibilização (Emenda 
Constitucional n. 16/97). A idade mínima é de trinta e cinco anos. 
b) Os Estados-Membros e o Distrito Federal têm como representantes os 
Governadores, eleitos para o mandato de quatro anos, permitida a reeleição, sem 
desincompatibilização (Emenda Constitucional n. 16/97). A idade mínima é de trinta 
anos. 
c) Os municípios têm como representantes os Prefeitos, eleitos para o mandato 
de quatro anos, permitida a reeleição, sem desincompatibilização (Emenda 
Constitucional n. 16/97). A idade mínima é de vinte e um anos. 
Nota: Haverá segundo turno no caso de eleições para Prefeito nos municípios 
com mais de 200 mil eleitores; o município com menos de 200 mil eleitores não terá 
segundo turno para escolha de Prefeitos (salvo no caso de candidato único, em que 
este não conseguir maioria absoluta — posição doutrinária nossa nesta exceção). 
d) Conforme regra insculpida no art. 2º, § 4º, e art. 3º, § 1º, da Lei n. 9.504/97, 
a eleição do Presidente da República, do Governador de Estado e do Distrito Federal 
e do Prefeito importará a dos respectivos vices que com eles foram registrados. Trata-
se do princípio da plurissubjetividade e da indivisibilidade da chapa para esses cargos 
eletivos. Esse princípio também se aplica aos candidatos ao cargo de Senador, uma 
vez que a chapa somente pode ser registrada com dois suplentes que, em caso de 
vitória, serão proclamados eleitos e diplomados com o titular. 
e) O Senado Federal é composto de Senadores, que representam os Estados-
Membros e o Distrito Federal, em número de 3 para cada ente da federação 
mencionado, com 2 suplentes cada Senador (segundo o TSE e o art. 36, § 4º, da Lei 
n. 12.034/2009, na propaganda de Senador devem constar os nomes dos suplentes 
de modo claro e legível, em tamanho não inferior a 10% do nome do titular, além de 
constar na urna eletrônica). 
Como no Brasil há 26 Estados-Membros e um Distrito Federal, se 
multiplicarmos por três Senadores, chegaremos à conclusão de que haverá 81 
Senadores. 
 
41 
A representação de cada Estado-Membro e do Distrito Federal no Senado é 
renovada de quatro em quatro anos, alternadamente, por 1/3 ou 2/3, a saber, todos 
os Senadores ficam oito anos no cargo. 
Note-se que somente os Estados-Membros e o Distrito Federal elegem 
Senador, posto que o município não elege, e, como o Senado representa os Estados, 
há quem sustente que os municípios não fazem parte da Federação, pois não têm 
representação no Senado Federal. Todavia, discordamos desse entendimento, pois o 
modelo Federativo da CF/88 foi taxativo ao impor o município como ente da 
Federação, tanto que assim expressamente o fez no art. 1º: “A República Federativa 
do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e municípios e do Distrito 
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos...”. 
A idade mínima para ser Senador é de 35 anos. 
5.3 Sistema proporcional e o quociente eleitoral: 
Nesse sistema, a representação se dá na mesma proporção da preferência do 
eleitorado pelos partidos políticos. 
No Direito Eleitoral e no dizer de Marcel Prélot, “o sistema proporcional tem por 
objetivo garantir às diversas opiniões — entre as quais se repartem os eleitores — um 
número de lugares proporcional às suas respectivas forças”. 
O sistema proporcional de eleição apresenta duas técnicas de divisão dos 
votos: a do quociente eleitoral e a do quociente fixo. 
A técnica do quociente eleitoral consiste na divisão do número de votos válidos 
na circunscrição (quociente local) ou no país (quociente nacional) pelo de mandatos 
a serem conferidos, de modo que cada partido elegerá tantos representantes quantas 
vezes a totalidade de seus votos contenha o quociente eleitoral. 
No tocante ao quociente fixo, este procura, sobretudo, garantir absoluta 
igualdade entre os eleitos. Antes do pleito, a lei prescreve um quociente fixo, pelo qual 
se dividirá a totalidade dos votos válidos atribuídos a uma legenda. 
O sistema proporcional ocasiona, porém, um entrave de tormentosa solução, 
qual seja, o das sobras eleitorais, vale dizer, os votos que não conseguiram atingir o 
quociente previsto para a eleição de um representante. 
Sistema Eleitoral proporcional, é aquele que será adequado para determinado 
cargos, como os representantes do legislativo, exceto o Senador, pois o mesmo será 
 
42 
eleito pelo sistema eleitoral majoritário, assim como os governadores e o Presidente 
da República, esse sistema foi acolhido para eleição de Deputados Federais, 
Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores Municipais. 
Para que se possa calcular quantas vagas cada partido político ou coligação 
terá direito dentro de uma eleição, deverá ser feito o cálculo do quociente eleitoral 
quociente partidário, ressalta-se que a coligação é a junção de dois partidos ou mais 
partidos, mas que no processo eleitoral funciona apenas como um partido. O 
quociente eleitoral é determinado dividindo-se o número de votos válidos apenas, 
apurados pela quantidade de vagas a preencher em cada circunscrição eleitoral, 
sendo assim, serão excluídos os votos não válidos, que são os votos nulos e brancos. 
Quando se trata de quociente eleitoral, 
VOTOS VÁLIDOS / CADEIRAS EM DISPUTA = De acordo com esse cálculo 
a fração se igual ou inferior a meio, equivalente a um, se superior. 
Quociente Partidário – Informações 
O quociente partidário definirá quantas as vagas caberão a cada partido ou 
coligação. Nesse cálculo também será dividido os números de votos válidos (partido 
ou coligação) pelo quociente eleitoral anteriormente definido. Aqui despreza-se a 
fração. 
Art. 108. Estarão eleitos, entre os candidatos registrados por um partido ou 
coligação que tenham obtido votos em número igual ou superior a 10% (dez por cento) 
do quociente eleitoral, tantos quantos o respectivo quociente partidário indicar, na 
ordem da votação nominal que cada um tenha recebido. (Redação dada pela Lei nº 
13.165, de 2015) 
Parágrafo único. Os lugares não preenchidos em razão da exigência de 
votação nominal mínima a que se refere o caput serão distribuídos de acordo com as 
regras do art. 109. (Incluído pela Lei nº 13.165, de 2015). 
Sendo assim, para o cálculo será 
NÚMEROS DE VOTOS DE PARTIDO / QUOCIENTE ELEITORAL = 
SOBRAS: Números de votos válidos (nominais e de legenda) dados os partidos 
ou coligação divididos pelo número de candidatos a que tem direito + 1. 
“Consulta. Coordenação – Geral de Informática – TSE. Sistema de 
totalização. Pleito de 3.10.90. Reforma Afirmativa” NE: Para o cálculo da 
média deverá ser considerada a fração, até a 14º casa decimal. No caso de 
empate considerar-se-á o partido com maior votação. (Res. nº16.844, de 
18.9.90, rel. Min. Vilas Boas.) 
 
 
43 
Portanto, é de suma importância saber o número de cadeiras existentes em 
cada um dos órgãos legislativos, pois este determinará o número de candidatos que 
cada partido ou coligação poderá escolher em convenção para disputa das eleições 
proporcionais (art. 10, § 2º, da Lei n. 9.504/97). 
Nesse sentido, a Lei n. 9.504/97: 
“Art. 5º Nas eleições proporcionais, contam-se como válidos apenas os votos 
dados a candidatos regularmente inscritos e às legendas partidárias”. 
No tocante ao sistema proporcional, algumas noções: 
a) Como é cediço, os membros da Câmara dos Deputados (Deputados 
Federais) são eleitos nos Estados-Membros e no Distrito Federal, podendo ainda ser 
eleitos nos Territórios, o que não mais acontece pelo desaparecimento jurídico destes. 
Os Deputados Federais representam o povo. O sistema é o proporcional, uma vez 
que a CF/88 estabelece que o número de Deputados Federais será fixado em lei 
complementar, mas com uma regra geral: não pode ser inferior a oito DeputadosFederais nem superior a 70 Deputados Federais em cada Estado-Membro. 
 
 
Fonte: montanhasrn.files.wordpress.com 
O bom-senso leva à conclusão de que o menor Estado deverá possuir oito 
Deputados, e o maior, 70, visto que a variação de oito a 70, nos demais Estados-
Membros, deve observar a extensão territorial e o crescimento dos eleitores. O 
mandato de um Deputado Federal é de quatro anos, e atualmente a Câmara dos 
Deputados possui 513 Deputados Federais (a Lei Complementar n. 78, de 
30.12.1993, fixa o número de Deputados Federais). 
 
44 
No entanto, esta LC não fixou o número de cadeiras por Estado e Distrito 
Federal, apenas determinou o número máximo de 513 Deputados Federais na 
Câmara Federal, observado o mínimo de oito e o máximo de 70 para cada Estado-
Membro. Assim, compete ao TSE, via resolução, fornecer aos Tribunais Regionais 
Eleitorais e aos partidos políticos o número exato de Cadeiras, para cada Estado-
Membro e Distrito Federal, de acordo com cálculos do IBGE, observado o limite 
constitucional. A idade mínima para ser Deputado Federal é de 21 anos. 
b) Em cada Estado-Membro haverá uma Assembleia Legislativa, composta de 
Deputados Estaduais, eleitos pelo voto proporcional, para mandato de quatro anos, 
fixado o número por lei. O número de Deputados à Assembleia Legislativa 
corresponderá ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados e, 
atingido o número de 36 (trinta e seis), será acrescido de tantos quantos forem os 
Deputados Federais acima de 12 (art. 27 da CF/88). 
Exemplo: Em primeiro lugar, é preciso saber, junto ao TSE, o número de 
cadeiras atribuídas a cada Estado-Membro na Câmara dos Deputados. 
O Estado de Minas Gerais tem representação, na Câmara dos Deputados, com 
53 lugares (dados do TSE, via resolução, diante da LC 78/93 — art. 2º da Resolução 
n. 16.347/90). 
Assim, usando da fórmula constitucional: 
 53 (representação na Câmara dos Deputados) – 12 = 41 
 41 + 36 = 77 
Conclusão: O Estado de Minas Gerais tem 77 Deputados Estaduais. Isso 
porque os 53 lugares na representação deste Estado na Câmara Federal 
ultrapassaram o limite de 36 lugares estipulados no art. 27 da CF/88, bastando subtrair 
de 12 para, com o resultado, somar com o número fixado pela CF/88, de 36. 
A idade mínima para ser Deputado Estadual é de 21 anos. 
c) No Distrito Federal haverá uma Câmara Legislativa, composta de Deputados 
Distritais, para mandato de quatro anos, pelo voto proporcional. O número de 
Deputados Distritais à Câmara Legislativa corresponderá ao triplo da representação 
do Distrito Federal na Câmara dos Deputados e, atingido o número de 36, será 
acrescido de tantos quantos forem os Deputados Federais acima de 12 (art. 32, § 3º, 
da CF/88 c/c art. 27 da Carta Magna). 
Curioso é o fato de que o Distrito Federal tem competência de Estado e 
município, e mais curioso ainda é saber que sua Casa leva exatamente à mistura 
 
45 
desta dupla competência: herdou o nome “Câmara”, como vaga lembrança da 
competência municipal (cuja Casa se denomina “Câmara de Vereadores”), e 
“Legislativa”, como vaga lembrança da competência estadual (cuja Casa se denomina 
“Assembleia Legislativa”). 
A idade mínima para ser Deputado Distrital é de 21 anos. 
d) Por fim, no tocante aos municípios, a Casa Legislativa é denominada 
Câmara de Vereadores ou Câmara Municipal, composta de Vereadores, eleitos pelo 
sistema proporcional, posto que o número de Vereadores deve ser proporcional à 
população do município, observados os limites fixados no art. 29, IV, da CF/88 com a 
nova redação dada pela EC 58/2009 que aumentou o número de Vereadores dos 
atuais 51.924 para 59.267, recriando 7.343 cargos de Vereadores que haviam sido 
extintos em 2004, pelo TSE, 3 que estabeleceu o número de Vereadores de cada 
município com base em 36 faixas. A EC 58/2009 foi redigida com base em duas 
propostas: uma aumenta o número de Vereadores do País (PEC 336/2009) e outra 
reduz os percentuais máximos de receita que os municípios podem gastar com a 
Câmara de Vereadores (PEC 379/2009). 
O texto promulgado no dia 23.09.2009 altera o inc. IV do caput do art. 29 da 
CF/88, instituindo 24 faixas de composição das câmaras de Vereadores. A primeira 
fixa o número de nove representantes para municípios de até 15 mil habitantes, 
enquanto a última prevê o número máximo de 55 Vereadores para cidades com mais 
de oito milhões de moradores. 
Já para o aumento dos gastos com as câmaras dos Vereadores, permanecerá 
o texto aprovado pelo Senado, mantendo-se a regra atual prevista no art. 29-A da 
CF/88, que usa a população como referência para a aplicação dos percentuais. O 
primeiro texto aprovado pela Câmara, em 2008, mudava a fórmula de cálculo das 
despesas, que passaria a ser com base na receita anual dos municípios. 
No entanto, em vez das atuais quatro faixas percentuais previstas na CF/88, a 
emenda promulgada divide a população em seis faixas, para ajustar a redução de 
gastos para o legislativo municipal. 
Dos aproximadamente 5.564 municípios brasileiros existentes, a maioria tem 
até 100 mil habitantes. Pela regra atual, podem ser gastos até 8% da receita anual 
com o legislativo local, que terá, a partir de agora, que limitar suas despesas a 7% das 
receitas. 
 
46 
A EC prevê ainda efeitos retroativos para a composição das câmaras, que 
passa a valer a partir do processo eleitoral de 2008 (em relação ao aumento do 
número de Vereadores); em contrapartida, os efeitos da EC 58/2009 sobre os gastos 
só valerão a partir de 01.01.2010. 
Nota: Em relação à produção de efeito de aumento de Vereadores na 
legislatura do processo eleitoral de 2008 (legislatura 2009-2012), não é possível 
aplicar efeito retroativo, por ferir os princípios da “anualidade e um dia” e “ato jurídico 
perfeito”, que são cláusulas pétreas. Posteriormente, o STF, na ADI n. 4307/2009, Rel. 
Min. Cármen Lúcia, deu liminar, que foi referendada pelo Plenário, em 11.11.2009, 
para suspender a eficácia do art. 3º, I, da EC 58/2009, o qual determinava que a 
alteração do cálculo do número de Vereadores deveria valer para as eleições de 2008. 
O STF entendeu que esse dispositivo é inconstitucional por ferir o art. 16 da CF/88 e 
o ato jurídico perfeito (art. 5º, XXXVI, da CF/88). 
O Ministério Público (MP) deve fiscalizar o quociente eleitoral; este, por sua 
vez, somente existe nas eleições proporcionais. 
Nem sempre os candidatos mais votados vencerão, pois o quociente eleitoral 
leva em conta os votos do partido ou coligação, que deverão ter um número mínimo 
de votação, e, portanto, em síntese, os candidatos mais votados de cada partido nem 
sempre serão eleitos. 
É possível, assim, diante de uma coligação em uma capital brasileira para 
disputa de Vereadores, que está atinja o quociente eleitoral e um candidato seu se 
eleja com 2.000 votos, enquanto outro partido, não coligado, cujo Vereador tenha 
7.000 votos, mas, por não atingir o quociente eleitoral, por exemplo, de 7.100 votos, 
não se eleja. 
É a chamada “coligação-proporcional”, cujo repúdio de muitos se justifica pela 
ausência de preferência da vontade popular, sendo um critério matemático pelo qual 
coligações bem fortes superam a vontade da maioria dos eleitores. 
Curiosamente, com a origem do Código Eleitoral, o voto nulo não era 
aproveitado para nenhum partido, e os votos brancos eram computados no cálculo do 
quociente eleitoral, nas eleições proporcionais. 
Todavia, a Lei n. 9.504/97 acabou com essa possibilidade, de sorte que os 
votos brancos e nulos passaram a ser equivalentes, ou seja, não servirão para efeito 
algum, tampouco para a inclusão de quociente eleitoral. 
 
47 
Mas como funciona esse quociente eleitoral (art. 106 do Código Eleitoral)? De 
forma didática, vejamos duas hipóteses distintas: 
1ª hipótese — Para facilitar o entendimento do leitor, imaginemos uma eleição 
para a Câmara dos Deputados, sem coligações. 
Imagine que