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Educação e Diversidade - da pagina1a10

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Impresso por Danubia Alva, CPF 314.112.508-26 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não
pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 21/02/2021 13:07:23
 Tema 01: Multiculturalismo e Educação 
 Atualmente, a escola brasileira vem sendo objeto de uma discussão motivada pela 
 situação difícil em que a instituição se encontra. Diversas razões são citadas para explicar 
essa situação, dentre elas a falta de verbas e o desinteresse das autoridades governamentais 
em proporcionar uma educação de qualidade à população. 
 Uma das discussões de grande importância, que é pouco debatida, trata do 
 multiculturalismo existente na educação brasileira, reflexo de uma sociedade também 
 multicultural. A ideia principal sobre o multiculturalismo na educação seria assumir que 
 hoje a escola é um veículo de , e que deveria padronização de ideias, costumes e valores
ter outra função - a de ser libertária. 
 A autora cita que o multiculturalismo deve estar mais presente Vera Maria Candau 
 nas escolas, para justamente fazer com que o caráter homogeneizador da educação não 
ocorra: 
 Hoje esta consciência do caráter homogeneizador e monocultural da escola é cada vez mais 
 forte, assim como a consciência da necessidade de romper com esta e construir práticas 
 educativas em que a questão da diferença e do multiculturalismo se faça cada vez mais 
 presente. (CANDAU, 2008, p. 15) 
 Para a autora citada, a educação deve levar em conta o multiculturalismo na 
construção da prática educativa. A questão multiculturalista contribui com elementos para 
 se superar a crise pela qual passa a educação brasileira, já que esta deixará de padronizar 
 o ensino e os alunos para se tornar uma escola que atenta nas diferenças e que leva em 
consideração a multiplicidade de costumes e práticas. 
 Para que o multiculturalismo possa realmente fazer parte da noção de educação no 
Brasil, ele deve ser estudado e discutido nos cursos de formação de professores, para que 
 estes adquiram ferramentas para lidar com esta questão na sala de aula. Segundo Candau, 
 só recentemente questões sobre o multiculturalismo têm sido objeto de estudo de 
 educadores em cursos de formação, e mesmo assim de modo pouco aprofundado e 
 sistemático. Ações que visam preparar o educador para lidar com o multiculturalismo têm 
sido basicamente derivadas de atitudes pontuais de alguns profissionais, que acreditam que 
este debate é de grande importância na formação de professores (CANDAU, 2008, p. 19). 
 A questão da formação de professores para lidar com o multiculturalismo mostra-se 
 mais necessária a partir da publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em 
 1997. Como documento oficial elaborado pelo Ministério da Educação, seu texto traz um 
 conjunto de propostas para o currículo das diversas disciplinas brasileiras. A necessidade 
 de se padronizar o ensino nacional em busca de melhor qualificação deste foi a mola 
propulsora da criação dos PCN. 
 Em seu texto, a preocupação com a pluralidade cultural é clara quando cita que a 
 população brasileira possui uma composição bastante heterogênea, ocorrendo, por isso, a 
 formação de diversos estereótipos sobre os grupos existentes dentro da sociedade 
 brasileira, considerados diferentes de outros grupos. Podemos citar, a título de exemplo, 
Impresso por Danubia Alva, CPF 314.112.508-26 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não
pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 21/02/2021 13:07:23
 estereótipos criados sobre considerados - negros, homossexuais, grupos minoritários
indígenas, entre outros (PCN, 1997, v. 10, p. 20). 
 Outros aspectos abordados pelos PCN são o preconceito e a discriminação racial ou 
 étnica. Citados como temas difíceis de serem tratados pela sociedade, sempre foram 
 trabalhados no contexto escolar sob a forma de “mitos”, que não buscavam discutir esses 
 problemas de maneira eficiente. Abordar o preconceito e a discriminação sob a forma de 
 mito significa deixar a discussão de lado, ao assumir que o Brasil seria um país no qual 
ocorre uma “democracia racial”. 
 Vive-se numa realidade na qual a simples menção da palavra discriminação assusta, 
 uma vez que se convencionou aceitar sem discussões a ideia de que no Brasil todos se 
entendem e são cordiais e pacíficos (o “mito da democracia racial”). (PCN, 1997, v 10, p. 41) 
O trecho a seguir demonstra a importância do debate sobre o pluralismo cultural, ou 
multiculturalismo: 
 A temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao conhecimento e à valorização das 
 características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no território 
 nacional, às desigualdades socioeconômicas e à crítica às relações sociais discriminatórias 
 e excludentes que permeiam a sociedade brasileira, oferecendo ao aluno a possibilidade de 
 conhecer o Brasil como um país complexo, multifacetado e algumas vezes paradoxal. (PCN, 
 1997, v 10, p. 19) 
A multiculturalidade na escola - propostas 
 Vera Maria Candau discute algumas propostas para se trabalhar a questão do 
 multiculturalismo na sala de aula, com o objetivo de identificar as diferenças, assumi-las e 
 expô-las como parte integrante do processo ensino-aprendizagem. A diferença é 
fundamental e básica no contexto educativo, e necessita ser valorizad a.
 Assim, alguns elementos são discutidos pela autora, para que o multiculturalismo 
possa de fato ser incorporado na prática pedagógica. 
O primeiro elemento é a criação de “espaços que favoreçam a tomada de consciência 
da construção de nossa própria identidade cultural, no plano pessoal [...]” (CANDAU, 2008, 
 p. 25). A autora confere grande importância à valorização da identidade cultural. Para que 
 isto aconteça, é necessário que cada um realize uma análise pessoal de sua própria 
 identidade, buscando seus referenciais e seus pertencimentos culturais. Ter consciência 
 destes pertencimentos é fundamental, já que é uma atitude que poucas pessoas realizam. 
 Na grande maioria dos casos, os indivíduos tendem a desenvolver uma atitude 
homogeneizada de si mesmos, estereotipando sua identidade cultural. Poucos procedem a 
 um exame cuidadoso dos vários aspectos que envolvem sua identidade, o que contribui 
 para um grande enriquecimento pessoal. Professores que têm consciência das várias 
 facetas de sua identidade cultural seriam mais preparados para lidar com o tema em sala 
de aula, provocando debates e discussões e valorizando as diversas características culturais 
de grupos ou pessoas. 
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Outra proposta de Vera Candau é identificar práticas que têm por objetivo selecionar 
 alguns aspectos culturais em detrimento de outros, pois essas práticas consistem em não 
reconhecer as diferenças culturais ou não evidenciá-las em sala de aula. É selecionar algum 
 aspecto cultural, geralmente relacionado aos grupos dominantes, e não abordar aspectos 
 culturais de grupos minoritários. É, como cita a autora, criar uma espécie de “daltonismo 
 cultural”, em que algumas cores seriam observadas, apreciadas e discutidas, enquanto 
 outras não seriam levadas em conta (CANDAU, 2008, p.27). Simula-se uma abrangência 
 grande de diversos aspectos culturais, quando na verdade pouco ou poucos aspectos são 
 abordados. Algumas explicações podem ser dadas para que a escola trate de poucos 
aspectos culturais: 
 [...] a dificuldade e a falta de preparo para lidar com essas questões, o considerar que a 
 maneira mais adequada de agir é centrar-se no grupo “padrão”, ou, em outros casos, por, 
 convivendo com a multiculturalidade quotidianamente em diversos âmbitos, tender a 
 naturalizá-la [...]. (CANDAU, 2008, p. 28) 
Outro ponto problematizado por Candau refere-se à questão do “outro”. Este outro 
 é pensado aqui como sendo o diferente, o que se opõe ao grupo identitário ao qual 
considero que faço parte. O “outro” tem atitudes, pensamentos, valores, idéias, em resumo, 
maneiras de ser no mundo que entram em conflito com a minha maneira de ser no mundo. 
 Assim, o “outro” é visto como meu oposto, o diferente de mim. Este reconhecimento 
 acerca do outro é essencial na dinâmica das relações sociais, pois nelas ocorre uma 
interação e um relacionamento com este outro, criando e consolidando papéis sociais. Para 
os estudos culturais e filosóficos, a alteridade significa essa relação como o outro. 
 Na educação, essa visão se manifesta quando, por exemplo atribui-se o fracasso , 
 escolar “a dos/as alunos/as”características sociais ou étnicas (CANDAU, 2008, p. 30). É 
 necessário desconstruir as ideias que se possui sobre os “outros”, para que estes possam 
 ser compreendidos e celebrados em sua diferença. O diferente é alvo de discriminação, 
 mesmo no contexto educacional, e cabe ao educador promover um processo de 
 compreensão do diferente, favorecendo o estabelecimento de relações culturais positivas. 
 Uma maneira de o educador trabalhar a compreensão sobre o “outro” é realizar exercícios 
 nos quais os indivíduos se coloquem no lugar deste outro. Um exemplo seria propor aos 
 alunos atividades em que utilizassem uma venda nos olhos, para proporcionar aos 
educandos uma vivência no lugar de pessoas com deficiências visuais. Outro exemplo seria 
abordar a questão da discriminação econômica em sala de aula, propondo situações em que 
 se discutam as reações de pessoas de grupos sociais economicamente privilegiados frente 
 a pessoas de grupos sociais não privilegiados. Situações do dia a dia, que evidenciem a 
 diferença de tratamento que as pessoas de ambos os grupos recebem. Estas atividades 
 contribuem para que o “outro” seja identificado e conhecido, aceito e assimilado como 
“nós”. 
 Finalmente, Candau descreve a incorporação do multiculturalismo na prática 
 pedagógica. A autora parte da noção básica de que as práticas pedagógicas são processos 
de negociação cultural, ou seja, são resultados de relacionamentos entre os diversos grupos 
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 sociais com suas características culturais próprias, tendo como resultado um produto 
cultural unificado. 
 Assim, ela discute a universalidade do conhecimento presente na organização 
 escolar. Os assuntos que os alunos estudam são um conjunto de conceitos e fatos que 
 adquiriram “legitimidade social e se transformaram em verdades inquestionáveis” 
 (CANDAU, 2008, p. 33). A educação tende a universalizar e padronizar o conhecimento, 
 sendo este considerado sempre correto, nunca questionável. A noção multicultural vai 
 contra essa visão, pois considera que nenhum conhecimento é universal, já que o 
 conhecimento é selecionado e construído de acordo com os contextos sociais. 
 Por que ensinar um conhecimento e não outro? Por que privilegiar o estudo da 
história dos Estados Unidos da América em detrimento do estudo da República Popular da 
 China? Os conhecimentos são selecionados por motivos , que muitas históricos e sociais
 vezes representam os desejos de grupos sociais considerados importantes. É necessário, 
portanto, estabelecer currículos que abordem diversos referenciais culturais, contribuindo, 
assim, para que a noção de multiculturalismo esteja presente na sala de aula. 
Outro ponto abordado pela autora refere-se à visão de que a escola é concebida como 
 um espaço de crítica e produção cultural: “Nessa perspectiva, a escola é concebida como um 
 centro cultural em que diferentes linguagens e expressões culturais estão presentes e são 
 produzidas” (CANDAU, 2008, p. 34). A escola deve refletir a sociedade, que está em 
 constante mudança cultural. A escola precisa compreender o jovem, cuja mentalidade é 
 indecifrável para a maioria dos professores e demais atores relacionados ao processo 
 educativo. O aluno deve ser entendido enquanto ator social, que traz uma bagagem 
 histórica e cultural que deve ser valorizada e compartilhada com os demais alunos e 
 professores. Assim, a escola pode acompanhar as mudanças culturais que ocorrem a passos 
largos na sociedade brasileira. 
 Mais do que adquirir e equipar as escolas com recursos tecnológicos é necessário também 
 que os alunos passem por “experiências de produção cultural e de ampliação do 
 horizonte cultural [...], aproveitando os recursos disponíveis na comunidade escolar e na 
 sociedade” (CANDAU, 2008, p. 35). 
 Como dito inicialmente, a perspectiva multicultural é ainda muito pouco trabalhada 
 nos cursos de formação inicial ou continuada de professores, assim como também pouco 
trabalhada nas escolas brasileiras. Mas, trabalhar as questões relativas ao cotidiano escolar 
 e às culturas é condição básica para que a escola se torne aquilo que deve realmente ser, 
 um local especial, onde os educandos possam construir novas mentalidades e identidades. 
 Dessa forma, estes atores sociais poderão construir novas respostas aos desafios 
constantes enfrentados pela sociedade. 
 Tema 02: A Escola como Espaço de Reafirmação de Direitos 
 Por meio de reflexões acerca das condições de vida das minorias sociais e da 
 maneira como estas são vistas e tratadas nas relações sociais, é possível observar a 
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importância da discussão dentro do espaço escolar e a introdução, no currículo, de questões 
para debate nesse sentido. 
 Alguns , que estão diretamente relacionados com a vida em temas em destaque
 sociedade, dizem respeito , , à , à , ao à cidadania à pluralidade identidade cultura
 preconceito discriminação e à . Enfim, existe um grande número de questões a serem 
discutidas que colaboram para a construção do sujeito enquanto ser humano. 
 O princípio que deve permear esse estudo e o debate é o olhar e a escuta críticos. 
 Deve-se procurar despertar dentro de cada um a capacidade de enxergar além, ou seja, 
 buscar o viés, o que está por trás do que se vê, do que se lê e do que se ouve no nosso 
 cotidiano, ao nosso redor. Deve-se procurar compreender o que está por trás de 
 determinada afirmação, desvendar o de um discurso. Esse exercício conteúdo ideológico
 promoverá a busca do esclarecimento, da retirada do véu que muitas vezes não permite 
que se enxergue a realidade com nitidez.Uma ferramenta interessante para facilitar a compreensão das relações de poder e 
 da dominação é a que estuda a linguagem no contexto de sua análise do discurso, 
 produção, os significados que foram firmados considerando o discurso como o meio no qual 
 se dão as relações de poder entre os interlocutores, entendendo a linguagem como 
instrumento social de dominação. 
 A dominação se materializa por meio de relações de poder estruturadas em um 
 sistema assimétrico, que confere poder permanente a um determinado grupo, impedindo 
aos demais o acesso ao poder e tendo como consequência a exclusão social. 
 A sociedade contemporânea ocidental afirma que “ ” e todos são iguais perante à lei
que aos cidadãos e, ao mesmo tempo, discrimina os direitos são “universais” e “acessíveis”
 e promove a exclusão dos cidadãos tanto da esfera pública (participação nas decisões) 
quanto da civil (exercer seus direitos individuais e fazer suas escolhas). 
 Os sistemas de desigualdade e de exclusão que nos envolvem no dia a dia são 
 resultados de uma , de teia de poder grupos hegemônicos, que constroem e impõem 
 linguagens, ideologias e crenças que implicam a rejeição, a marginalização ou o 
silenciamento de tudo que se lhes oponha. 
 Eliminar ou ofuscar o caráter sócio-histórico de fatos ou processos retira a 
 importância destes, já que os considera ocorrências naturais. A discriminação, o 
 antagonismo entre grupos ou a divisão social do trabalho passam a ser aceitas como algo 
 natural ou normal, que não precisam ser alteradas. A esse processo de aceitação dá-se o 
nome de naturalização. 
Conquistas e lutas sociais passam a ser vistas como algo do passado, a ser lembrado, 
porém sem relevância, como se a sociedade não fosse fruto de um processo histórico. Assim, 
desvinculam-se os direitos humanos da luta que foi travada ao longo dos séculos para a sua 
conquista, e deixam-se de lado, banalizam-se, esses direitos. 
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 É no espaço escolar que se encontra um ambiente adequado para se discutir e 
 conhecer a história da conquista e das lutas atuais por direitos. Não se deve esquecer da 
importância dessas conquistas e também da manutenção desses direitos. 
 Sabe-se que desde a , já influenciada pelas revoluções Revolução Francesa
 anteriores e pelas ideias iluministas, busca- a construção desses direitos como elementos se
inerentes ao ser humano, devendo ser respeitados em todo o planeta. 
 A evolução histórica desses direitos deve ser conhecida, desde a conquista dos 
 direitos civis, passando pelos direitos sociais, ambientais, até chegar aos direitos mais 
 contemporâneos, ligados à discussão da genética, da bioética e dos interesses coletivos de 
 preservação do planeta. Fala-se em geração de direitos quando se quer fazer referência às 
várias conquistas de direitos do ser humano a partir do século XVII. 
 A cidadania se realiza na vida concreta, cotidiana, na dinâmica das relações sociais. 
 Para ser possível que diferentes grupos vivam (e convivam), o homem tem lutado por 
 condições justas e dignas de coexistência. A partir dessas lutas e desses conflitos sociais, 
 vêm-se estabelecendo coletivamente essas condições na forma de direitos. Essas 
 conquistas têm sido expressas em declarações, acordos, constituições, estatutos, entre 
outros registros. 
 A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é um dos documentos 
 básicos das Nações Unidas e foi assinada em . A partir dela, tem-se a base dos 1948
 principais direitos humanos reconhecidos. Nela, são enumerados os direitos que todos os 
seres humanos possuem, servindo como guia instrumental na educação para os direitos. 
 A DUDH corresponde a um ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, 
 com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente 
 esta Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a 
 esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e 
 internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efetiva, 
 tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos territórios 
 sob sua jurisdição. (ONU, 2009, p. 4). 
 Para que efetivamente se tornem realidade o reconhecimento dos valores básicos 
 para a vida e o respeito à dignidade humana, é necessário que o espaço escolar passe a ser 
 um local não só de discussão, mas também de exercício e vivência do respeito às diferenças 
 individuais e grupais. E, assim, além de introduzir a disciplina de direitos humanos e 
 trabalhar seu conteúdo na grade curricular, é imprescindível que se possibilite o 
crescimento do indivíduo como ser humano pleno. 
 Conhecer direitos e deveres é essencial na formação do indivíduo, e a própria 
 educação surge como um para a tomada de consciência e direito humano fundamental
 o exercício da cidadania. Entretanto, há necessidade de se ir além do que está escrito e 
 consolidado nas normas e leis para passar para a prática, trazendo para a realidade - ou 
seja, para o cotidiano escolar - a experiência e a troca de informação. 
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 Daí surge a necessidade da formação do docente para incutir essa concepção de 
 direitos humanos como algo inerente ao cotidiano de cada um, que extrapole os ditames 
legais escritos nas normas e regulamentos. É necessário que se entenda que o conteúdo não 
 se limita a ser interdisciplinar ou transversal. Ele deve ultrapassar essa fronteira, devendo 
 fazer parte de todo o processo educativo. Ou seja, os direitos humanos são algo concreto e 
 imprescindível não meramente como uma disciplina constante do programa de ensino, mas 
como um instrumento que serve à prática voltada a uma educação que liberta e questiona. 
 Vale lembrar que a discussão sobre esses direitos vai desembocar num trabalho de 
 conhecimento de nossa legislação maior: a Dentro dela se veem Constituição Brasileira. 
explicitados e reconhecidos os direitos humanos, principalmente nos artigos 5° ao 15, razão 
 pela qual todos devem saber o que nela está escrito, tendo familiaridade com essa 
legislação, através do uso diário. 
A importância da construção de identidades políticas para enfrentar a problemática 
 do silenciamento, por meio da participação política, nos leva a acreditar que o espaço da 
 escola colabora nesse processo: a construção da (manter vínculos de identidade coletiva
 pertencimento a grupos sociais e se integrar em redes de comunicação com outros grupos 
 para não agir isoladamente), e para compreender a lógica da desigualdade e da diferença 
 (identificar como a ideologia opera na sociedade e lutar contra a opressão) e delimitar as 
fronteiras políticas (distinguir os interesses dos diversos grupos políticos e entender quem 
são os grupos que provocam a opressão na sociedade). 
 A sociedade contemporânea divide as pessoas em categorias e atribuições sociais 
 (divisão social do trabalho), a partir disso, estabelece as bases dos preconceitos e dadiscriminação. A partir do entendimento de que a pessoa é um sujeito psicossocial, que se 
 constitui na interação com o outro, abre-se a perspectiva de que ele é capaz de produzir 
 discurso e não apenas ser um receptor passivo do discurso alheio, passando a estabelecer 
uma relação mais equilibrada de poder. 
 A ocupação do espaço escolar como local de exercício da crítica e ao mesmo tempo 
 da tolerância serve como fortalecedor da prática democrática e da necessidade de se dar 
 vez e voz para a formação de atores políticos que serão os cidadãos que não silenciarão 
diante das desigualdades sociais. 
 Tema 03: Formação Docente em uma Perspectiva Multicultural 
 Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o 
 direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a 
 necessidade de uma que reconheça as diferenças e de uma diferença que igualdade
 não produza, alimente ou reproduza as desigualdades. (SANTOS, 2003, p. 56) 
 Este tema se inicia com uma discussão relacionada à questão da educação e da 
 diversidade: a trilha dos caminhos do “ ” do conhecimento nos arco-íris de culturas
 diversos ambientes da instituição escolar. Você já parou para observar um arco-íris? 
 Conseguiu distinguir todas as suas cores? Consegue compreender por que milhões de 
 gotículas em movimento produzem uma imagem sem movimento? Na realidade, um arco-
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 íris é resultado da luz branca do sol interceptada por uma gota d’água da atmosfera. Parte 
dessa luz é retratada para dentro da gota, refletida no interior e novamente retratada para 
 fora da gota. Dessa forma, a luz branca se transforma em um arco-iris composto pelas 
seguintes cores: violeta, anil, azul, verde, amarelo, laranja e vermelho. 
 Fisicamente o arco-íris não existe, sendo, na realidade, uma ilusão de óptica cuja 
posição aparente depende da posição de quem o observa. Traduzindo: você pode observar 
que as gotas de chuva refletem a luz do sol da mesma forma, mas somente a luz de algumas 
delas chega ao olho do observador em várias cores. 
 Historicamente as cores do arco-íris foram usadas como símbolo da paz e da união 
entre os povos. No sentido bíblico, representou a aliança de Deus com os homens, na Idade 
Moderna foi símbolo da paz ao final da Guerra dos Camponeses da Alemanha no século XVI, 
representou ainda a filosofia da paz e do amor do movimento hippie da década de 1970 e a 
luta pela diversidade dos movimentos sociais minoritários. 
 A partir dessas representações e nesse mosaico das cores, você será levado a 
 atravessar um arco-íris de culturas presentes nas pedagogias culturais, na produção de 
identidades refratadas nos ambientes educacionais. 
 Boaventura Souza Santos (2005), por analogia, corrobora os paradigmas do 
 multiculturalismo para que se compreenda a diversidade cultural quando afirma que os 
 estudos culturais são uma nova forma de analisar os processos de globalização, fazendo 
 uma comparação entre os graves problemas de pluralidade cultural e um “arco-íris de 
 culturas”. Nesse sentido, para o autor, algumas pessoas olham para conjunto de cores de 
um arco-íris sem serem capazes de discernir as tonalidades das cores. 
 Dizendo em outras palavras, é possível afirmar que algumas pessoas possuem a 
capacidade reduzida para identificar os graves problemas culturais (as cores) relacionados 
à educação e à diversidade. Ainda que o mundo represente um mosaico de cores, a educação 
 escolarizada ainda continua sendo construída em preto e branco, razão pela qual os 
 educandos têm sido levados à mesmice, fossilizando comportamentos, criatividades, e 
 vetando sentidos pedagógicos do arco-íris das diversas culturas presentes nos ambientes 
educacionais. 
 A pedagogia das cores da educação para diversidade corresponde a uma forma 
 alternativa de estimular os seus sentidos, sensibilizando seu olhar para a escola das cores 
do arco-íris presente nas pedagogias culturais na construção de identidades. 
 Para desvelar sua compreensão, você precisa aprender a reconhecer as cores que 
 interagem em nosso cotidiano quando relacionadas às questões temáticas da educação para 
 diversidade: responsabilidade dos professores na promoção dos direitos humanos e da 
cidadania; o respeito ás diferenças culturais; os conflitos em valores pessoais e o respeito 
ás diversidades e o combate à discriminação preconceito e ao . 
 Temos a convicção de que a escola não pode tudo, mas o pouco que ela pode deve 
contribuir para dar sentido aos diálogos interculturais que dão significado às questões aqui 
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 discutidas. As orientações presentes aqui trazem informações que vão levar você a 
desenvolver estudos e pesquisas de ações que vão lhe ajudar a compreender a necessidade 
 de educação para diversidade cultural. Isso é dado em razão de os estudos culturais 
 voltados para a área de educação e diversidade estarem presentes em diferentes dimensões 
 da organização didática e pedagógica da instituição escolar como: projeto político-
pedagógico, concepções curriculares, função social da escola, entre outros. 
A compreensão das relações existentes entre educação e diversidade numa sociedade 
 multicultural como a brasileira depende de reflexões epistemológicas que mostram como 
 os espaços de ensino e aprendizagem da instituição escolar inserem-se nos contextos das 
inquietações sociopolíticas da educação para a diversidade. 
O Arco-íris Cultural na Educação para Diversidade 
 Como educação escolar é campo híbrido dos estudos culturais, é interessante 
 recorrer ao conhecimento produzido por (2010) para demonstrar a Vera Maria Candau 
 você por que parece consensual a necessidade de se reinventar a educação escolar em 
tempos de aprendizagens significativas voltadas para os contextos sociopolíticos e culturais 
 das inquietações de hoje, as quais envolvem homens e mulheres como partes diversificadas 
de um arco-íris de culturas. 
 Parto da afirmação de que não há educação que não esteja imersa nos processos 
 culturais do contexto em que se situa. Neste sentido, não é possível conceber uma 
 experiência pedagógica “ ”, isto é, desvinculadadesculturizada totalmente das 
 questões culturais da sociedade. Existe uma relação intrínseca entre educação e 
 cultura(s). Estes universos estão profundamente entrelaçados e não podem ser 
 analisados a não ser a partir de sua intima articulação. No entanto, há momentos 
 históricos em que se experimenta um descompasso, um estranhamento e mesmo um 
 confronto intenso nestas relações. Acredito que estamos vivendo um desses 
 momentos. (CANDAU, 2010, p. 14-15). 
 Partindo desse pressuposto apresentado por (2010), é de fundamental Candau 
importância que você reconheça o que há de novo na maneira contemporânea de conceber 
 as relações humanas. E o que isso tem a ver com as relações pedagógicas entre educação e 
 cultura na perspectiva da diversidade cultural, considerando a especificidade que essa 
temática tem na atualidade para educação escolar?Para se fazer uma leitura didática das relações existentes entre educação e 
 diversidade, é preciso reconhecer que os estudos culturais no contexto escolar é uma 
 reivindicação dos que não aceitam os programas educacionais movimentos sociais
 normalizadores que provocam a submissão daquilo que é plural. Como a educação para a 
diversidade é um movimento de conflitos naturais e culturais que causam ordem e caos na 
 unidade das diferenças dos ambientes escolares, entende-se que ela corresponde a um 
 campo de estudo que busca unir o uno ao múltiplo. Nesse sentido, a escola é um ambiente 
que possui um “Arco-íris cultural”, carregado de um mosaico de condições contraditórias 
orientadas pelas cores da modernidade. 
Impresso por Danubia Alva, CPF 314.112.508-26 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos autorais e não
pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 21/02/2021 13:07:23
 Apesar de os diversos programas educacionais possuírem um caráter monocultural 
 cada vez mais forte, observa-se que os estudos culturais presentes nos pressupostos 
 teóricos e práticos da educação para diversidade rompem com as abordagens 
padronizadoras e homogeneizadoras da educação escolar. Isso ocorre porque se percebe 
 que os movimentos pedagógicos críticos da educação para diversidade reconhecem a 
 educação escolar como um espaço de cruzamento de culturas que formam esse arco-íris 
cultural. 
 Nesse sentido compreende-se que a escola possui de ensino e espaços híbridos
 aprendizagem que asseguram processos naturais de formação cultural. Esses espaços se 
 articulam organicamente como ambientes de influências plurais de socialização que 
 possuem autonomia para a construção de identidades dos indivíduos que frequentam os 
 espaços escolares. A mediação pedagógica nesses espaços proporciona reflexões que 
exercem influência sobre a formação das identidades das gerações presentes e futuras. 
 
A Dinâmica Pedagógica do Arco-íris Cultural 
 A dinâmica pedagógica do arco-íris de culturas presente nos ambientes escolares 
 mostra que é necessário construir “rupturas” com as tendências pedagógicas que tentam 
 homogeneizar e padronizar a práticas educativas. Nesse contexto, o professor ou a 
professora são mediadores e organizadores políticos do conhecimento na escola. 
 Para isso você precisa levar o aluno a saber construir e reconstruir o seu 
 conhecimento. Para isso, no entanto, você precisa ser um professor curioso, que busca dar 
 sentido aos conteúdos e aos processos de ensino e aprendizagem dos seus alunos. É preciso 
 que você deixe de ser um professor reprodutor de conteúdos e passe a organizar os 
processos de ensino e aprendizagem para a diversidade cultural. 
 Nessa perspectiva, (2010) alerta que a escola sempre teve dificuldade em Candau 
 lidar com as diferenças. A autora comenta que é mais confortável para escola desenvolver 
práticas que silenciam e padronizam os processos de ensino e aprendizagem. Dessa forma, 
 ela deixa claro que construir programas educacionais voltados para a diversidade cultural 
 é uma pedra no meio do caminho para aqueles que ignoram o arco-íris de cultura 
presente nas escolas. 
 Nessa perspectiva, o desafio na área de educação e diversidade é criar novos 
 caminhos para pluralidade da educação escolar. É preciso substituir o tempo presente do 
 verbo em “tem uma pedra no meio caminho” pelo tempo passado: “tinha uma pedra no 
 meio do caminho”. Essa metáfora tem o objetivo de conscientizar para o fato de que faz 
 parte da função docente tirar as pedras do meio do caminho. Se no meio do caminho 
 existem pedras, também há , racismo, homofobia preconceitos, discriminação, 
humilhação e opressão. No meio do caminho do arco-íris de culturas existem também sol, 
bandido, mocinho e muita gente bonita buscando promover a pedagogias das diferenças.

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