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Apostila VSCCA - Unidade 3

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POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS 
ACADEMIA DE POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS 
 
 
 
 
 
 
 
PEDOFILIA: 
DEFINIÇÕES E PROTEÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS 
ACADEMIA DE POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PEDOFILIA: 
DEFINIÇÕES E PROTEÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Administração: Dra. Cinara Maria Moreira Liberal 
Belo Horizonte – 2020
 
 
PEDOFILIA: 
DEFINIÇÕES E PROTEÇÃO 
 
 
Coordenação Geral 
Dra. Cinara Maria Moreira Liberal 
 
Subcoordenação Geral 
Dr. Marcelo Carvalho Ferreira 
 
Coordenação Didático-Pedagógica 
Rita Rosa Nobre Mizerani 
 
Coordenação Técnica 
Dr. Helbert Alexandre do Carmo 
 
 
Conteudista: 
Dr. Guilherme da Costa Oliveira Santos 
Dra. Isabela Franca Oliveira 
Larissa Dias Paranhos 
 
Produção do Material: 
Polícia Civil de Minas Gerais 
 
Revisão e Edição: 
Divisão Psicopedagógica – Academia de Polícia Civil de Minas Gerais 
 
 
 
 
 
 
 
Reprodução Proibida
 
 
SUMÁRIO 
 
1 AS FORMAS DE ATUAÇÃO DO ABUSADOR ..................................................... 3 
1.1 A abordagem tradicional ........................................................................ 3 
1.2 A abordagem virtual ............................................................................... 6 
2 COMO RECONHECER QUE UMA CRIANÇA OU ADOLESCENTE PODE ESTAR 
SOFRENDO ALGUM TIPO DE VIOLÊNCIA? ....................................................... 9 
2.1 Os sinais da violência sexual ................................................................ 9 
2.2 As consequências advindas após a violência sexual ....................... 14 
2.3 A Síndrome do silêncio ........................................................................ 16 
 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 18 
3 
 
1 AS FORMAS DE ATUAÇÃO DO ABUSADOR 
 
A violência sexual contra crianças e adolescentes tem uma longa história no 
Brasil e no mundo, como visto neste curso. Cada vez mais, somos bombardeados 
com notícias de menores sofrendo as mais variadas formas de abusos e exploração 
sexual em muitos lugares e ocasiões. Inúmeros criminosos (muitas vezes, pessoas 
que antes não levantavam qualquer suspeita) são presos por delitos dessa natureza. 
Mesmo quando os meios tecnológicos não eram suficientes para permitir a 
aproximação de autores e suas vítimas, criminosos sexuais já existiam e utilizavam 
suas próprias técnicas para alcançar os seus objetivos. Hoje, sobretudo, diante do 
fácil acesso à internet e recursos tecnológicos, como smartphones, tablets e outros, 
as formas e meios para praticar a violência sexual são ainda mais amplas. 
Considerando isso, neste capítulo, serão apresentados os dois principais tipos 
de abordagens realizadas pelos criminosos sexuais para alcançar novas vítimas. 
 
1.1 A abordagem tradicional 
 
Antes da criação da internet e da popularização dos mais diversos meios de 
comunicação hoje existentes, os criminosos sexuais de crianças e adolescentes 
limitavam-se apenas à região em que viviam. Nesse tipo de abordagem – denominada 
‘Abordagem Tradicional’ –, os criminosos, geralmente, utilizam a estratégia de ser um 
“amigo secreto”, aquele cuja existência as vítimas não podiam contar para ninguém. 
Na visão de meninos e meninas, essa atuação dos criminosos pode não passar 
de uma simples “brincadeirinha”, uma aventura secreta. Conforme explicam Polastro 
e Eleutério (2016, p. 249), esse tipo de abordagem 
pode ocorrer “na frente da escola, em um shopping 
ou no parquinho, ou seja, geralmente em lugares 
públicos e aparentemente seguros”. É possível, 
também, que a abordagem (e o próprio abuso) ocorra 
em consultórios médicos, transportes públicos e 
particulares. Neste caso, fala-se em abordagem extrafamiliar, isto é, praticada por 
pessoas fora do contexto familiar do menor. 
Para se aproximarem das vítimas e ganharem a sua confiança, os criminosos 
passam a agir conforme a necessidade delas, oferecendo-lhes aquilo que querem, 
gostam e precisam. Em regra, para facilitar a aproximação das vítimas, os agressores 
sexuais fabricam interesses comuns (brincadeiras e jogos, o gosto por determinados 
4 
 
tipos de filmes e músicas); dão presentes (doces, brinquedos, roupas) sem qualquer 
motivo; oferecem passeios sem a companhia dos pais; e, aos poucos, criam laços de 
amizade e confiança. Nessas abordagens, os criminosos apresentam-se como adultos 
alegres, participativos e cooperativos, sempre dispostos a atender as necessidades e 
desejos das vítimas, o que, muitas vezes, não é notado pelos pais (MPMG, 2010). 
Com o passar do tempo, os abusadores sexuais passam a fazer parte da vida 
das crianças e adolescentes, diminuindo a chance de eles se defenderem das 
situações de abuso e, até mesmo, de negar seus pedidos, uma vez que passam a se 
sentir devedores de toda a ajuda e agrados recebidos. 
Depois que conseguem obter a confiança das vítimas, os criminosos sexuais 
buscam ficar sozinhos com elas. Muitas vezes, são necessários vários “encontros” 
para que eles toquem no assunto desejado, pois somente o fazem depois que os 
menores se acostumam com o local para onde 
são levados e sentem-se seguros quando 
sozinhos com os novos “amigos”. Em dado 
momento, o abuso acaba sendo concretizado 
(POLASTRO; ELEUTÉRIO, 2016). Nessas 
situações em que o agressor é uma pessoa 
conhecida da vítima, os atos de violência sexual podem ser acompanhados de 
“ameaças verbais e/ou de sedução, fazendo com que a criança ou adolescente 
mantenha o silêncio por medo, vergonha ou para se proteger, ou mesmo para proteger 
a família ou o próprio agressor” (SÃO PAULO, 2007, p. 16). 
Há ocasiões, ainda, em que o agressor é uma pessoa totalmente desconhecida 
da vítima do menor. Neste caso, a violência sexual, em regra, ocorre uma única vez, 
de forma abrupta e, em regra, o abuso é acompanhado de violência física. 
 
Como há ausência de qualquer vínculo com o agressor, a quebra do silêncio por parte da criança ou do 
adolescente e de sua família é impulsionada e, por isso, a denúncia acontece mais facilmente. Acomete mais 
frequentemente adolescentes do sexo feminino e a maioria dos casos acontece fora do ambiente doméstico, 
sendo comuns as situações em que ocorre penetração vaginal, anal ou oral (SÃO PAULO, 2007). 
 
Somado a isso, infelizmente, esse tipo de 
abordagem também ocorre no âmbito intrafamiliar, 
ou seja, dentro da própria família da criança ou 
adolescente e, nesses casos, a aproximação entre 
o abusador e o menor é ainda mais fácil e rápida. 
Tradicionalmente, em sociedades patriarcais e 
conservadoras, pessoas mais novas são educadas 
5 
 
a respeitar os mais velhos, não se limitando a seus pais ou irmãos, mas, também, os 
avós, tios e primos. Por este motivo, a aproximação entre agressores e vítimas revela-
se quase imediata e a conquista da confiança dos menores é muito mais fácil. Nesses 
casos, o local em que ocorrem os abusos é, geralmente, a própria residência da vítima 
ou do parente (POLASTRO; ELEUTÉRIO, 2016). 
Os abusadores e agressores sexuais, em regra, não se contentam com apenas 
um “encontro”. Em quase todos os casos, eles anseiam continuar encontrando-se com 
os menores até quando for possível, sempre com o objetivo de repetir os atos sexuais 
e, em troca, oferecem-lhes mais e mais recompensas e presentes. Esses “encontros”, 
normalmente, são registrados em fotos e vídeos, que passam a representar “troféus” 
para os criminosos (POLASTRO; ELEUTÉRIO, 2016). Geralmente, as situações de 
abuso infantojuvenil “começam lentamente, apenas com a prática de “carinhos”, 
trocas de presente, brincadeiras íntimas que raramente deixam lesões físicas, 
passando mais tarde para outros níveis mais íntimos de contato” (ARCARI, 2016). 
As estatísticas brasileiras apontam que a 
‘Abordagem Tradicional’ é praticada,com mais 
frequência, por adultos do sexo masculino de convívio 
da criança ou adolescente, como o pai, padrasto, avô, 
um tio, um irmão mais velho, um amigo da família ou 
um vizinho, apesar de existirem situações em que os 
agressores são mulheres (ROVINSKI; PELISOLI, 
2020). Nesses casos, a resistência para a quebra do silêncio é maior. 
Diariamente vemos notícias de crianças e adolescentes abusados pelos 
próprios familiares, e, quando meninas, em muitas situações, acabam engravidando 
e arriscando as próprias vidas em uma gravidez de risco. Há pouco tempo, vimos a 
história de uma criança, de 10 anos, que foi abusada durante anos pelo tio, na cidade 
de São Mateus, no Espírito Santo. Depois de sentir fortes dores abdominais, a menina, 
no dia 07 de agosto deste ano, procurou atendimento em uma unidade médica, onde 
foi constatada a gravidez; uma gestação já com pouco mais de 22 semanas. A criança 
foi levada para Recife/PE, onde passou por um aborto. O autor foi preso em Betim / 
MG (FOLHAPRESS, 2020). Este é um dos muitos casos que, diariamente, chocam a 
sociedade brasileira e precisa ser exemplarmente combatido. 
 
< 
 
O Código Penal, no art. 128, II, autoriza o aborto quando a gravidez resultar de estupro, sendo necessário 
o consentimento da gestante ou, quando incapaz (como as crianças e adolescentes), do seu representante legal. 
6 
 
Infelizmente, grande parte dos abusos sexuais 
intrafamiliares ainda se destacam como prevalentes 
quando comparados àqueles praticados por pessoas 
fora da família e sem vínculos com o menor. 
Hoje, o acesso de pessoas não autorizadas e 
desconhecidas em escolas está cada vez mais difícil, 
sobretudo devido às fiscalizações voltadas para o combate ao comércio de álcool e 
drogas e, isso, acaba também inibindo a atuação de criminosos sexuais, que optam 
por não abordar as crianças e adolescentes pessoalmente. 
Diante desses fatores, aliados à facilidade de acesso à internet e aos novos 
meios de comunicação, tem se tornado cada vez mais comum a ‘Abordagem Virtual’. 
 
1.2 A abordagem virtual 
 
A internet, hoje, faz parte do nosso cotidiano. Diariamente, desenvolvemos 
inúmeras atividades que estão, de alguma forma, interligadas à Rede Mundial de 
Computadores. No entanto, como já apontado neste curso, a internet vem sendo 
utilizada para o cometimento de muitas práticas criminosas e, dentre elas, crimes 
relacionados à violência sexual contra crianças e adolescentes. 
Com a popularização da internet e a implementação de várias facilidades, os 
criminosos sexuais depararam-se com uma vantagem: a possibilidade de manterem-
se anônimos nos primeiros contatos com as vítimas. A atuação desses criminosos no 
meio virtual, através da ‘Abordagem Virtual’, possibilita que eles alcancem um número 
incalculável de vítimas simultaneamente e em quaisquer lugares, inclusive em outros 
países, diferente dos criminosos que atuam com base na ‘Abordagem Tradicional’, 
que se limitam, basicamente, à sua cidade/região. E, nesse período de distanciamento 
social, muitas crianças e adolescentes revelam-se vítimas em potencial. 
 
Durante o distanciamento social, as crianças permanecem mais tempo conectadas, com acesso a aplicativos 
com criptografia ponto a ponto, redes sociais, plataformas de live streaming e inúmeras ferramentas que, 
sem mecanismos adequados de proteção online, poderá dificultar o controle parental (BARRETO; FONSECA, 
2020). 
 
Essas pessoas mal-intencionadas usam todas as artimanhas disponíveis para 
conseguir novas vítimas. O primeiro passo, é conquistar a confiança dos menores, 
tornando-se, para tanto, seus “amigos virtuais”. Criminosos sexuais utilizam chats e 
redes sociais para se aproximarem de suas vítimas e, neste cenário, salta aos olhos 
a facilidade propiciada pelos smartphones. Hoje, inúmeras crianças com pouca idade 
7 
 
já têm acesso a esses aparelhos e utilizam diversos aplicativos de comunicação 
instantânea, como o WhatsApp, Skype, Telegram, Facebook, Likee, TikTok, entre 
outros, além das funcionalidades SMS, MMS e telefonia. Tudo isso abre uma gama 
de possibilidades de acesso fácil e direto do agressor e abusador com suas vítimas. 
Recentemente, a BBC News Brasil publicou uma matéria com o título “Likee: a 
rede social ‘moda’ entre crianças que virou alvo de pedófilos”. Na reportagem, afirma-
se que a rede social Likee tornou-se um “refúgio” para crianças brincarem com filtros 
divertidos e músicas e, também, um terreno fértil para aproximações suspeitas de 
desconhecidos. Segundo consta, é comum encontrar comentários, como “Linda”, 
“mora onde?”, “delícia” em vídeos de meninas de 12, 13 anos na rede. Assustadas 
com essa situação, familiares têm se utilizado de redes sociais e lojas de aplicativos 
para fazerem alertas. Diante das várias situações envolvendo menores, foi adicionado 
ao aplicativo, no final de 2019, a função ‘controle dos pais’, que permite que eles 
acessem o aplicativo no próprio celular, deixem algum conteúdo postado como 
“privado” e o bloqueio de mensagens privadas com desconhecidos (TAVARES, 2020). 
 
 
As redes sociais em geral são um terreno fértil para a atuação de criminosos 
sexuais e trazem-lhes uma vantagem: os perfis das vítimas têm informações preciosas 
sobre suas preferências, como filmes, comidas e passeios favoritos (POLASTRO; 
ELEUTÉRIO, 2016). Muitos abusadores aproveitam-se dessas informações para se 
aproximarem de crianças e adolescentes, fingindo possuírem gostos em comum. 
Durante investigações criminais envolvendo esse tipo de crime, o que se verifica é 
que os criminosos sexuais podem estar em todos os lugares: seja em uma rede social 
ou salas de bate-papo, acessando jogos online, aplicativos para troca de mensagens 
ou quaisquer outros ambientes virtuais que permitam a interação e o relacionamento. 
Para a prática dos delitos, os criminosos sexuais enviam mensagens com teor 
erótico (texting), solicitam fotos e vídeos que, já no início, podem conter indícios de 
erotismo e sexualidade, inclusive mostrando as 
partes íntimas (sexting). É comum, também, que os 
criminosos solicitem às crianças e adolescentes que 
ativem suas webcams ou câmeras do celular para 
que suas imagens sejam capturadas. Em outras 
< 
Lei a reportagem na íntegra em <https://www.bbc.com/portuguese/geral-53871669> e veja o relato de 
algumas crianças, adolescentes e pais sobre os fatos ocorridos. 
 
8 
 
situações, os criminosos, através de conversas com os menores, conseguem obter 
informações particulares sobre suas famílias (endereço, nome dos pais e onde 
trabalham, se têm irmãos, a escola em que estudam); enviam presentes; e, depois, 
sob ameaças de matá-los ou causar-lhes algum mal grave (ou à família), obrigam-nos 
a enviar conteúdo pornográfico. Há casos em que os criminosos marcam encontros 
pessoais depois da escola, no cinema ou parque. Esses encontros, infelizmente, são 
uma oportunidade para a prática de abusos sexuais e, até mesmo, sequestros. 
Esses criminosos sexuais, geralmente, são adultos que utilizam perfis falsos, 
passando-se por crianças e adolescentes; conhecem seus hábitos e gostos; sabem 
elogiar e agradar; jogam os mesmos jogos e assistem os mesmos filmes e desenhos; 
tudo para se aproximarem e ganharem a confiança dos 
menores até chegar o momento de seduzi-los, convencê-
los e/ou chantageá-los para que forneçam imagens e 
vídeos eróticos e sexuais e inclusive, encontros pessoais. 
A violência sexual contra crianças e adolescentes, 
como se vê, pode ocorrer de diversas formas, seja mediante contato físico – através 
de atos sexuais (oral, anal, vaginal), beijos, carícias nos órgãos sexuais –, ou sem 
esse contato – quando há “cantadas” obscenas, exibição dos órgãos sexuais com fim 
erótico, pornografia infantojuvenil (poses, fotos e vídeos pornográficos ou contendo 
sexo explícito com crianças e adolescentes). É possível que os abusos ocorram com 
o emprego de violênciafísica ou graves ameaças ou sem, quando os criminosos 
sexuais se utilizam da sedução, persuasão, aliciamento, oferecimento de presentes e 
outros agrados. Tratando-se de exploração sexual, os criminosos pedem ou obrigam 
os menores a participarem de atos sexuais em troca de dinheiro ou outra forma de 
pagamento, como moradia, comida, passeios e presentes (MPMG, 2010). 
Diante do exposto, em resumo, as formas de abordagem ‘Tradicional’ e ‘Virtual’ 
podem ser comparadas no seguinte quadro: 
 
Quadro 1 – Comparação entre as formas de abordagem dos abusadores 
FORMA DE ATUAÇÃO ABORDAGEM TRADICIONAL ABORDAGEM VIRTUAL 
O abusador já conhece a vítima? Geralmente sim Geralmente não 
Tipos de abusadores mais comuns 
Parentes próximos e distantes, padrastos 
/ madrastas e vizinhos 
Qualquer pessoa 
Local de atuação dos abusadores Região/Cidade em que mora Qualquer lugar 
Local mais comum dos abusos sexuais presenciais Residência da criança Qualquer lugar privado 
Tipos de abordagem inicial 
Pessoal, com o uso de presentes, doces e 
outras formas de recompensa 
Anônima, com a utilização de ferramentas 
de comunicação 
Troca de material como arquivos de foto e vídeos Não Sim 
Número de vítimas alcançadas Geralmente uma Várias 
Fonte: POLASTRO; ELEUTÉRIO, 2016, p. 251. 
9 
 
2 COMO RECONHECER QUE UMA CRIANÇA OU ADOLESCENTE PODE ESTAR 
SOFRENDO ALGUM TIPO DE VIOLÊNCIA? 
 
Depois de estudar os tipos de violência sexual contra crianças e adolescentes, 
os diversos crimes previstos na legislação brasileira, conhecer um pouco mais sobre 
a pedofilia e entender as formas de abordagem realizadas pelos criminosos sexuais, 
neste capítulo, serão abordados os sinais que indicam a possibilidade de uma criança 
ou adolescente estar sofrendo ou ter sofrido algum tipo de violência, as consequências 
advindas após a violência sexual e a chamada Síndrome do Silêncio. 
Reconhecer que a criança ou adolescente está sofrendo algum tipo de violência 
é essencial para protegê-la, afastá-la da convivência com o agressor, impedir que 
novos atos aconteçam, encaminhá-la para o Sistema de Garantia de Direitos e 
atendimento com equipes multidisciplinares e realizar a denúncia, que permitirá a 
responsabilização do autor pelo crime praticado. 
Toda a sociedade deve saber quais sinais servem como alerta de que algum 
tipo violência pode estar ocorrendo. Alguns serviços, como assistência social, saúde 
e educação, têm um papel ainda mais importante na identificação destas situações. 
 
2.1 Os sinais da violência sexual 
 
Como já estudamos, as maiores vítimas da violência sexual são crianças e 
adolescentes do sexo feminino e os autores, em regra, são do sexo masculino e 
familiares ou pessoas próximas à vítima. Em razão da representatividade do agressor 
na vida desse menor, em muitos casos, a vítima possui uma grande dificuldade de 
relatar a violência que sofreu para outra pessoa. 
Há situações em que, devido à sua imaturidade 
psíquica, a vítima não compreende a violação que 
sofrera e demora anos para relatar os fatos a alguém. 
Muitas vezes, o agressor apresenta aquele ato sexual 
como um ato de carinho e cuidado para com a vítima, 
que não tem o discernimento necessário para entender a sua finalidade. 
Desta forma, é necessário conhecer e reconhecer sinais que alertam de que 
algo não está bem com a criança ou adolescente. As vítimas geralmente apresentam 
um conjunto de indicadores e, quase sempre, tentam se manifestar da sua própria 
maneira. A avaliação por profissional especializado é essencial para a confirmação da 
violência, caso o menor apresente alguns dos sinais que serão objeto de estudo. 
10 
 
 
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SPB) traz diversos indicadores de que a 
criança ou adolescente pode estar sofrendo algum tipo de violência sexual. São eles: 
 
Mudança de comportamento 
O primeiro sinal a ser observado é uma possível mudança no padrão de comportamento das 
crianças/adolescentes e costuma ocorrer de maneira repentina e brusca, que também pode se 
apresentar com relação a uma pessoa específica, o possível abusador, portanto, de fácil percepção. 
Por exemplo, se a criança/adolescente nunca agiu de determinada forma e, de repente, passa a agir; 
se começa a apresentar medos que não tinha antes (do escuro, de ficar sozinha ou perto de 
determinadas pessoas); ou, então, mudanças extremas no humor (era ‘super extrovertida’ e passa a 
ser muito introvertida; ‘era super calma e passa a ser agressiva’). Como a maioria dos abusos 
acontece com pessoas da família, às vezes, apresentam rejeição a essa pessoa, ficando em pânico 
quando está perto dela, e a família estranha: ‘Por que você não vai cumprimentar fulano? Vá lá!’. São 
formas que as vítimas encontram para pedir socorro e a família necessita ficar atenta e identificar 
esta situação. Em outros casos, a rejeição não se dá em relação a uma pessoa específica, mas a uma atividade. A criança/adolescente não quer 
ir a uma atividade extracurricular, visitar um parente ou vizinho ou mesmo voltar para casa depois da escola ou frequentar a própria escola ou 
determinado esporte que tanto gosta (SPB, 2020). 
 
Proximidade excessiva 
Apesar de, em muitos casos, a vítima demonstrar rejeição em relação ao abusador, é preciso usar o bom senso para identificar quando uma 
proximidade excessiva também pode ser um sinal. A violência costuma ser praticada por pessoas da família na maioria dos casos . Assim, por 
exemplo, se, ao chegar à casa de familiares ou conhecidos, a criança/adolescente desaparece por horas brincando com um primo(a) mais 
velho(a)/tio(a)/padrinho(a) ou se é alvo de um interesse incomum de membros mais velhos da família em situações em que ficam sozinhos sem 
supervisão, é preciso estar atento ao que possa estar ocorrendo. Nessas relações, muitas vezes, o abusador manipula emocionalmente a vítima 
que nem sequer percebe estar sendo vítima naquela etapa da vida, o que pode levar ao silêncio por sensação de culpa. Essa culpa pode se 
manifestar em comportamentos graves no futuro como autolesões e até ideias suicidas ou o próprio suicídio (SPB, 2020). 
 
Regressão 
Outro indicativo de possível violência sexual é o de recorrer a comportamentos infantis, que a criança/adolescente já havia abandonado, mas 
volta a apresentar de repente. Coisas simples, como fazer xixi na cama ou voltar a chupar o dedo, ou, ainda, começar a chorar sem motivo 
aparente. Se isolar com medo, não ficar perto de amigos, não confiar em ninguém, não 
sorrir ou usar roupas incompatíveis com o clima, como mangas longas, capuz (pode ser 
sinal de autolesão) ou fugir de qualquer contato físico. A criança e o adolescente sempre 
avisam, mas, na maioria das vezes, não de maneira verbal (SPB, 2020). 
 
Segredos 
Para manter o silêncio da vítima, o abusador pode fazer ameaças de violência física 
e promover chantagens para não expor fotos ou segredos compartilhados pela vítima. É 
comum também que usem presentes, dinheiro ou outro tipo de benefício material para 
construir a relação com a vítima. É preciso explicar para os filhos que nenhum adulto ou criança mais velha deve manter segredos com ela que 
não possam ser compartilhados com adultos de confiança, como a mãe ou o pai (SPB, 2020). 
 
Hábitos 
Uma vítima de abuso também apresenta alterações de hábito repentinas. Pode ser desde um mau desempenho escolar, falta de concentração 
ou uma recusa a participar de atividades, até mudanças na alimentação (anorexia, bulimia) ou distúrbio do sono, como pesadelos, insônias ou 
medo de ficar sozinha ou no modo de se vestir. A mudança na aparência pode ser também uma forma de proteção encontrada pela criança, como 
uma menina se vestir como um menino na adolescência para fugir de possíveis violências (SPB, 2020). 
 
 
ATENÇÃO! 
 
Embora exames médicos e psicológicos específicos possam detectar sinais compatíveis com a violência sexual, 
este tipo de violência é um fenômeno de difícil constatação, uma vez que o usode violência física associado ao 
abuso sexual está presente em uma parte pequena dos casos notificados e “o impacto psicológico que tal experiência pode causar nas 
vítimas envolve uma dimensão muito particular, variável e subjetiva” (WELTER; et al, 2010). 
 
11 
 
Questões de sexualidade 
As vítimas podem reproduzir o comportamento do abusador em outras crianças/adolescentes. Como, por exemplo, chamar os amiguinhos 
para brincadeiras que têm algum cunho sexual ou algo do tipo; ou, a vítima que nunca falou de sexualidade e começa a fazer desenhos em que 
aparecem genitais, podendo ser um indicador. Especialmente crianças que, ainda muito novas, passam a apresentar curiosidades excessivas ou 
comportamentos como: “Quando ela, em vez de abraçar um familiar, dá beijo, acaricia onde não deveria, ou quando faz uma brincadeira muito 
para esse lado da sexualidade”. O uso de palavras diferentes das aprendidas em casa para se 
referir às partes íntimas também é motivo para se perguntar onde seu(sua) filho(a) aprendeu 
tal expressão (SPB, 2020). 
 
Questões físicas 
Há também os sinais mais óbvios de violência sexual que deixam marcas físicas, as quais, 
inclusive, podem ser usadas como provas à Justiça. Existem situações em que a 
criança/adolescente acaba até mesmo contraindo infecções sexualmente transmissíveis ou 
gravidez. Deve-se ficar atento a possíveis traumatismos físicos, lesões que possam aparecer, 
roxos ou dores e inchaços nas regiões genitais ou anal, roupas rasgadas, vestígios de sangue ou esperma, dores ao evacuar ou urinar. Dores 
inespecíficas como abdominal, cefaleia, em membros, torácica (afastadas as hipóteses biológicas) podem indicar sinais de aler ta (SPB, 2020). 
 
Negligência 
Muitas vezes, o abuso sexual vem acompanhado de outros tipos de maus tratos que a vítima sofre em casa, como a negligência. Filhos que 
passam horas sem supervisão ou que não tem o apoio emocional da família, com o diálogo aberto com os pais, estará em situação de maior 
vulnerabilidade a este tipo de abuso ou outros. Crianças e adolescentes que permanecem muito tempo acessando a internet também podem ser 
vítimas de apelos sexuais (SPB, 2020). 
 
Sobre esses sinais, a psicóloga clínica Raquel Veloso, em entrevista ao site 
Vida e Ação, explica que: 
 
A estratégia é observar, pois os sinais de sofrimento psíquico poderão ser expressos em distúrbios de sono 
(terrores noturnos) e alimentação (como anorexia e bulimia), agressividade, crises de choro constantes, 
episódios de xixi na cama mesmo após superado anteriormente, baixa autoestima, queda no rendimento 
escolar ou dificuldades importantes de aprendizado, isolamento social, além de somatizações no corpo como 
constantes dores de cabeça. A criança ainda pode possuir uma importante inquietação ou querer evitar o 
contato de determinado sujeito ou situação, como, por exemplo, ir à casa de determinada pessoa. Além disso, 
a manifestação de comportamentos hipersexualizados precocemente poderão ser assinaladores que o 
infante esteja sendo exposto à violência sexual (COMO..., 2019). 
 
Nesse sentido, o documento Protocolo de Atenção Integral a crianças e 
adolescentes vítimas de violência: uma abordagem interdisciplinar na Saúde (PARÁ, 
2010, p. 30-33), destinado a profissionais da saúde, traz importantíssimas orientações 
para o atendimento de crianças e adolescentes que têm seus direitos violados das 
mais diversas formas. Em relação à violência 
sexual, o documento divide os sinais em corporais, 
comportamentais, quanto aos hábitos, cuidados 
corporais e higiênicos, e no relacionamento social, 
conforme a seguir: 
 
Sinais Corporais 
a) Enfermidades psicossomáticas que consistem em uma série de problemas de saúde 
sem causa clínica aparente, como: dor de cabeça, erupções na pele, vômitos e outras 
dificuldades digestivas, que têm, na realidade, fundo psicológico e emocional; 
12 
 
b) Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST’s, incluindo Aids), diagnosticadas em coceira na área genital, infecções urinárias , odor vaginal, 
corrimento ou outras secreções vaginais e penianas e cólicas intestinais; 
c) Dificuldade de engolir devido à inflamação causada por gonorréia na garganta (amídalas) ou reflexo de engasgo hiperativo e vômitos (por sexo 
oral); 
d) Dor, inchaço, lesão ou sangramento nas áreas da vagina ou ânus a ponto de causar, inclusive, dificuldade de caminhar e de sentar; 
e) Canal da vagina alargado, hímen rompido e pênis ou reto edemaciados ou hiperemiados; 
f) Baixo controle dos esfíncteres, constipação ou incontinência fecal; 
g) Sêmen na boca, nos genitais ou na roupa; 
h) Gravidez precoce ou aborto; 
i) Traumatismo físico ou lesões corporais por uso de violência física (PARÁ, 2010, p. 30-31). 
 
Sinais Comportamentais 
a) Medo, ou mesmo pânico, de certa pessoa ou sentimento generalizado de desagrado quando é deixada sozinha, em algum lugar, com alguém; 
b) Medo do escuro ou de lugares fechados; 
c) Mudanças extremas, súbitas e inexplicadas no comportamento, como oscilações no 
humor entre retraída e extrovertida; 
d) Mal-estar pela sensação de modificação do corpo e confusão de idade; 
e) Regressão a comportamentos infantis, como: choro excessivo, sem causa aparente, 
enurese, chupar dedos; 
f) Tristeza, abatimento profundo ou depressão crônica. Fraco controle de impulsos e 
comportamento autodestrutivo ou suicida; 
g) Baixo nível de autoestima e excessiva preocupação em agradar os outros; 
h) Vergonha excessiva, inclusive de mudar de roupa na frente de outras pessoas; 
i) Culpa e autoflagelação; 
j) Ansiedade generalizada, comportamento tenso, sempre em estado de alerta, fadiga; 
k) Comportamento disruptivo, agressivo, raivoso, principalmente dirigido contra irmãos e um dos pais não incestuoso; 
l) Alguns podem ter transtornos dissociativos na forma de personalidade múltipla (DSMIV – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders 
– Fourth Edition); 
m) Interesse ou conhecimento súbitos e não usuais sobre questões sexuais; 
n) Expressão de afeto sensualizada ou mesmo certo grau de provocação erótica, inapropriado para uma criança; 
o) Desenvolvimento de brincadeiras sexuais persistentes com amigos, animais e brinquedos; 
p) Masturbar-se compulsivamente; 
q) Relato de avanços sexuais por parentes, responsáveis ou outros adultos; 
r) Desenhar órgãos genitais com detalhes e características além de sua capacidade etária (PARÁ, 2010, p. 31-32). 
 
Sinais quanto a hábitos, cuidados corporais e higiênicos 
a) Mudança de hábito alimentar: perda de apetite (anorexia) ou excesso de alimentação (obesidade); 
b) Padrão de sono perturbado por pesadelos frequentes, agitação noturna, gritos, suores, provocados pelo terror de adormecer e sofrer abuso; 
c) Aparência descuidada e suja pela relutância em trocar de roupa; 
d) Resistência em participar de atividades físicas; 
e) Frequentes fugas de casa; 
f) Prática de delitos; 
g) Envolvimento em situação de abuso e exploração infanto-juvenil; 
h) Uso e abuso de substâncias como álcool, drogas lícitas e ilícitas (PARÁ, 2010, p. 32-33). 
 
Sinais no relacionamento social 
a)Tendência ao isolamento social, isto é, poucas relações com colegas e 
companheiros; 
b) Relacionamento entre crianças e adultos com ares de segredo e exclusão 
dos demais; 
c) Dificuldade de confiar nas pessoas a sua volta; 
d) Fuga de contato físico (PARÁ, 2010, p. 32-33). 
 
13 
 
Verifica-se que as crianças e adolescentes podem demonstrar de diversas 
formas que algo de errado está acontecendo e estão sofrendo ou sofreram algum tipo 
de violência. Por diversas vezes, não conseguem verbalizar e contar o que aconteceu 
de forma clara. Cabe aos pais, familiares, professores, profissionais da saúde e outras 
pessoas que convivem com aquela criança ou adolescente conseguir identificar estes 
sinais e, junto de profissionais qualificados, apurar o que está, de fato, ocorrendo. 
Professores devem ficar atentos nos casos de alunos que apresentam queda 
injustificadana frequência escolar ou baixo rendimento causado por dificuldade de 
concentração e aprendizagem. Outro comportamento importante que deve ser 
analisado é a pouca participação em atividades escolares e a tendência de isolamento 
social. Sabidamente, a escola é um lugar onde crianças e adolescentes passam boa 
parte do dia; têm, em regra, uma relação próxima e de confiança com os professores 
e demais funcionários, além de se sentirem seguros para relatar diversas formas de 
violência e pedir ajuda. Várias investigações de crimes sexuais praticados contra 
crianças e adolescentes tiveram início após a escola notar alterações de 
comportamentos de forma atenta e realizar os encaminhamentos necessários. 
A criança sempre tem muita dificuldade em falar e, por isso, o seu depoimento 
deve ser tomado de forma cautelosa e paciente, sobretudo para que não seja mais 
um trauma. Também é importante ressaltar que a criança muitas vezes se expressa 
através de brinquedos e/ou desenhos, como os exemplos abaixo (MPMG, 2010): 
 
 
Observe-se que, no primeiro desenho, a criança representou o abusador 
como um monstro (que era mesmo, em sua visão) e, no segundo, distanciado da 
família (como ela desejava) e com expressão agressiva. Desenhos como esses são 
fortes indícios de que está ocorrendo o abuso sexual e revelam a necessidade de 
buscar um profissional de psicologia para investigação do fato (MPMG, 2010). 
14 
 
É de suma importância estar sempre atento a todos esses sinais, de modo a 
assegurar a proteção de meninos e meninas possíveis vítimas de violência sexual. 
 
 
2.2 As consequências advindas após a violência sexual 
 
A maior preocupação que todos os profissionais devem possuir em relação ao 
combate à violência sexual contra crianças e adolescentes é o fato de ela comprometer 
o crescimento e desenvolvimento do menor, deixando sequelas duradouras. 
Cada vítima reage à violência de uma forma diferente, visto que algumas 
apresentam sequelas mínimas e outras, muito severas. Em geral, o dano psicológico 
no abuso sexual da criança pode estar relacionado aos fatores como idade do início 
do abuso, duração do abuso, grau de violência ou ameaça de violência, diferença de 
idade entre a pessoa que cometeu o abuso e a criança que sofreu o abuso, quão 
estreitamente a pessoa que cometeu o abuso e a criança eram relacionadas, a 
ausência de figuras parentais protetoras e o grau 
de segredo (FURNISS, 1993). 
O menor que sofreu algum tipo de violência 
sexual pode ter sequelas por toda a vida. As 
vítimas podem ter distúrbios do sono, distúrbios 
alimentares e problemas com urina e fezes. Baixa 
autoestima, depressão, baixa imunidade, dificuldade de socialização, atraso no 
desenvolvimento, sentimento de culpa, repulsa pelo corpo, automutilação e até 
mesmo tentativas de suicídio são outras consequências que poderão acompanhar a 
vítima de violência sexual. 
< 
SINTETIZANDO... 
 
Os principais sinais que crianças e adolescentes vítimas de violência sexual podem revelar e ser observados pelos 
pais e educadores são comportamentais. São exemplos os seguintes: 
 Pesadelos, medos inexplicáveis de pessoas ou lugares, mudanças bruscas de humor (extroversão ou agressividade), apatia e 
afastamento dos amigos; 
 Negação para ir/permanecer em determinado lugar (casas de vizinhos e parentes ou a própria casa) ou até fuga de casa; 
 Perda dos antigos hábitos de brincar; 
 Permanecer muito tempo sozinho e sem supervisão com um familiar ou conhecido; 
 Regressão a comportamentos já abandonados (voltar a chupar o dedo, fazer xixi na cama ou cocô nas calças); 
 Manter segredos com parentes ou conhecidos e receber presentes, dinheiro ou outro benefício sem motivo aparente; 
 Perda do apetite ou compulsão alimentar; 
 Diminuição do rendimento escolar, dificuldades de aprendizagem; 
 Conhecimento ou comportamento sexual fora do esperado (exceto conceitos básicos e saudáveis de educação sexual); 
 Comportamento erotizado; 
 Irritação, sangramento, inchaço, dor, coceira, cortes ou machucados na região genital ou anal; 
 Doenças sexualmente transmitidas. 
 
15 
 
O Guia de Referência: Construindo uma Cultura de Prevenção à Violência 
Sexual, da Childhood, elenca algumas consequências que as crianças e adolescentes 
podem apresentar após serem submetidos a situações de violência sexual: 
 
 Sequelas dos problemas físicos gerados pela violência sexual. Lesões, hematomas e doenças sexualmente 
transmissíveis (DSTs) podem interferir na capacidade reprodutiva. As gestações podem ser 
problemáticas, aparecendo complicações orgânicas, cujas causas podem ser psicossociais. Esses 
problemas são capazes de levar a uma maior morbidade materna e fetal. 
 Dificuldade de ligação afetiva e amorosa, originada no profundo sentimento de desconfiança pelo ser 
humano em geral, por temor de reedição de experiência traumática ou, ainda, por dissociação entre sexo 
e afeto, gerando sentimentos de baixa autoestima, culpa, e depressão prolongada por medo da intimidade. 
 Dificuldades em manter uma vida sexual saudável. A dificuldade em estabelecer ligações afetivas pode 
estar associada com a questão da sexualidade ou interferindo nela. As pessoas podem evitar todo e 
qualquer relacionamento sexual por traumas e/ou fatores fóbicos que bloqueiam o desejo. Podem ainda 
vivenciar baixa qualidade nas relações sexuais, com incapacidade de atingir o orgasmo ou demorar 
demais para atingi-lo. 
 Tendência a sexualizar demais os relacionamentos sociais. Algumas pessoas podem ter reações opostas, 
geradas por fatores como incapacidade de distinguir sexo do afeto; confusão entre o amor parental e 
manifestações sexuais; compulsivo interesse sexual para provar que são amadas e para se sentirem 
adequadas. Isso pode gerar também trocas sucessivas de parceiros. 
 Engajamento em trabalho sexual (prostituição). Muitos profissionais do sexo foram abusados quando 
crianças. Porém, não se deve estabelecer nenhuma relação mecânica entre abuso sexual e prostituição. 
Milhares de crianças abusadas não se tornam trabalhadores do sexo quando adultas. A conexão que 
algumas trabalhadoras sexuais fazem entre uma coisa e outra é o fato de que, com a experiência de 
abuso, elas aprenderam que a única coisa – ou a mais importante – que as pessoas queriam delas era 
sexo. Provendo sexo, elas encontram, paradoxalmente, certo sentimento de valor, uma forma de 
mediação. Posteriormente, essa atividade se transforma em estratégia de sobrevivência. 
 Dependência em substâncias lícitas e ilícitas. Aqui, vale também ressaltar que qualquer associação 
mecânica entre abuso sexual e uso de drogas mais atrapalha do que ajuda. Apesar disso, algumas pessoas 
confessam que inicialmente usaram drogas para cuidar de sentimentos, esquecer a dor, a baixa 
autoestima e, mais tarde, o uso se tornou um vício incontrolável (SANTOS, 2009, p. 44-47). 
 
Além disso, as vítimas de violência sexual podem apresentar um quadro de 
transtorno de estresse pós-traumático, que se manifesta por meio de lembranças, 
sonhos traumáticos, comportamento de reconstituição e angústia nas lembranças 
traumáticas. A criança pode evitar a lembrança do trauma, apresentando amnésia 
psicogênica e desligamento, que é outro sintoma característico do transtorno. As 
vítimas podem apresentar excitação aumentada, ou 
seja, transtornos do sono, irritabilidade, dificuldades 
de concentração e hipervigilância. 
No mesmo sentido, o Protocolo de Proteção à 
Mulher, Criança e Adolescente Vítimas de Violência 
Sexual cita algumas consequências como prováveis 
nas relações afetivo-sexuais de crianças e adolescentes que sofreram violência 
sexual. São elas: 
 
 Distúrbios ou impossibilidade de assumir uma vida sexual adulta saudável: ausência de desejo sexual, 
anorgasmia, frigidez, impotência, ejaculação precoce; 
 Dificuldades no desenvolvimento sexual: tendências para a assexualidade ou hipersexualidade; 
16 
 
 Desvio do comportamentosexual: promiscuidade, perversões, fetichismo, exibicionismo, voyeurismo, 
parafilias – pedofilia (MARINGÁ, 2012, p. 9). 
 
A violência sexual sofrida por uma criança ou adolescente, de acordo com a 
psicóloga Veloso (COMO..., 2019), provoca vivências traumáticas e a família tem 
papel de extrema importância para o restabelecimento emocional do menor. Somado 
a isso, a responsabilização do autor é uma questão que beneficia a evolução da 
vítima, contribuindo para que esta seja acreditada em seu sofrimento. 
Analisando as possíveis sequelas que crianças e adolescentes podem ter em 
razão da violência sexual, é imprescindível o acompanhamento da vítima por 
profissionais qualificados, com atendimento médico e psicológico, entre outros, além 
do apoio dos familiares e de toda a sociedade, com o intuito de minimizar as 
consequências sofridas. Urge mencionar que uma criança que sofreu abuso sexual 
deve ser sempre considerada em situação de risco para desenvolvimento de sequelas 
a qualquer tempo. 
 
2.3 A Síndrome do silêncio 
 
Neste contexto das consequências advindas da violência sexual praticada 
contra crianças e adolescentes, uma das questões que também merece destaque é a 
chamada Síndrome do Silêncio, que, em linhas 
gerais, é exatamente o fato de não se falar sobre o 
que está acontecendo e, dessa forma, contribuir 
para que a situação se perpetue. 
A principal dificuldade de a criança e/ou 
adolescente relatar a violação de direito sofrida 
decorre da representatividade da figura do agressor e consequente coerção que 
oferece à vítima constantemente, já que, em geral, integra a sua rotina, fazendo com 
que a mesma não tenha coragem de narrar o ocorrido. 
A ocultação da verdade dos fatos pode ocorrer, também, por parte dos próprios 
familiares da vítima (quando cientes), com o intuito velado de manter inalterada a 
rotina doméstica. A não revelação, muitas vezes, por grande espaço de tempo, dá-se 
pelas mais diversas motivações. Infelizmente, na maioria das vezes, a criança guarda 
segredo de tais abusos e o agressor consegue dela isso mencionando a irritação de 
outra pessoa (“se você contar isso à mamãe, ela vai ficar muito irritada ou brava com 
você”), insinuando que ninguém acreditará nela, usando ameaças e suscitando 
sentimentos de culpa (“você arruinará a família se contar a alguém”, “ninguém vai 
17 
 
acreditar em você”...), distorcendo a realidade do abuso (como, sugerir que isso faz 
parte de um “jogo”, “isso é normal”...), mencionando a separação (“se você contar isso 
para alguém vão te mandar embora de casa”). Além da vítima manter o silêncio na 
maioria das vezes, também há casos em que a criança ou adolescente noticia a 
violação de direito que sofreu, porém, não encontra apoio na família, que mantém o 
fato em segredo. Observa-se que é mais fácil a família acreditar no relato da vítima 
quando o agressor não é um parente, uma vez que, quando se trata de pessoa da 
família, o relato da criança ou adolescente abala a estrutura daquele lar. O silêncio, 
além de evitar conflitos e não expor a vítima, mantém o núcleo familiar integrado. 
Manter a violência sexual em silêncio traz diversas consequências, dentre elas 
o fato de a vítima continuar convivendo com o agressor e pode voltar a ser violentada, 
passando a concordar com o abuso, que é transformado em uma situação normal, ou 
seja, ela se adapta à vitimização sexual, caso não receba ajuda externa. 
Sobre eventuais fatores externos que podem acarretar a Síndrome do Segredo, 
é possível listar: a inexistência de evidência médica (a falta de evidência médica do 
abuso, em determinados casos, leva a família a não revelá-lo por falta de elementos 
para comprová-lo, principalmente quando a 
vítima é muito pequena); ameaças contra a 
criança abusada e suborno (a vítima ameaçada, 
física ou psicologicamente, não revela o abuso 
porque teme por si, por sua família e pelo 
próprio abusador – que pode ser pessoa de 
quem ela gosta –; muitas vezes, a ameaça vem acompanhada de suborno, que 
consiste em um tratamento especial dado à criança); a falta de credibilidade da criança 
(a crença dos adultos de que as crianças mentem as leva a não relatar o abuso com 
medo de serem castigadas pela ‘mentira’); e as consequências da revelação (as 
crianças temem as consequências da revelação, pois ameaçadas e com sentimento 
de culpa e responsabilidade pelo abuso, que lhes é atribuído pelo abusador, concluem 
que o mal prometido irá se concretizar e, por isso, não revelam) (LEITE, 2014). 
Diante do exposto, verifica-se que a criança ou adolescente demonstra de 
alguma forma que está sendo vítima de violência sexual, cabendo à família e à 
sociedade identificar estes sinais, sempre acreditando na palavra do menor, e oferecer 
todo o suporte possível, com o objetivo de impedir que novas violências aconteçam e 
que a vítima consiga superar o trauma em razão da violação sofrida com o mínimo de 
sequelas possível. 
 
 
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violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da 
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, 
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados 
de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo 
Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. 
 
 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11340.htm>. Acesso em: 13 set. 2020. 
 
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