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GOVERNANÇA CORPORATIVA Jefferson Augusto Colombo Os pilares de sustentação da governança corporativa Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Identificar os pilares básicos de sustentação da governança corporativa. � Entender a função e a importância de cada pilar em um sistema de boa governança corporativa. � Conhecer os efeitos da adoção de boas práticas de governança para o valor das firmas. Introdução Governança corporativa é um sistema de valores que rege as empresas, tanto em suas relações internas como externas (ASSAF NETO, 2014). Em um sentido mais amplo, ela determina como as empresas e demais orga- nizações são geridas e monitoradas, visando o alinhamento permanente de interesses entre sócios, diretoria, conselho de administração, órgãos de fiscalização e demais partes interessadas. Independentemente do sentido amplo ou restrito do termo gover- nança corporativa, todo sistema eficaz de governança é alicerçado em um conjunto de pilares ou princípios. São esses pilares que, de forma integrada e complementar, irão balizar as ações dos agentes de gover- nança e permitirão a introdução de mecanismos e práticas de governança corporativa que preservem a sobrevivência da instituição e maximizem seu valor de longo prazo. Neste texto, você estudará cada um dos pilares de sustentação e verá como eles podem transformar princípios básicos de boa governança em recomendações objetivas no ambiente empresarial. Entenderá ainda como os mecanismos de controle atuam no alinhamento de interesses e como as boas práticas de governança derivadas desses pilares impactam positivamente o valor e o desempenho financeiro das organizações. Os pilares de sustentação da governança corporativa Com a complexidade das diferentes estruturas de negócios e da própria eco- nomia como um todo, além dos avanços tecnológicos e da disponibilidade de informações cada vez maiores, torna-se imprescindível discutir temáticas que envolvem o tema governança corporativa (LEAL, 2014). Mesmo que a governança corporativa já seja objeto de estudo no Brasil há pelo menos duas décadas, recentes episódios corporativos – muitos deles ligados à operação Lava Jato e seus desdobramentos – trouxeram à tona a necessidade de se repensar algumas práticas de governança nas organizações brasileiras. Casos de corrupção e negligência de alguns atores de governança não apenas ex- põem as organizações da qual são parte, mas também afetam negativamente a credibilidade de todo o mercado de capitais. Por isso, os princípios funda- mentais que regem qualquer manual de boas práticas de governança devem ser cuidadosamente analisados. É importante destacar que todo sistema eficaz de governança corporativa, seja em organizações públicas ou privadas, deve ser norteado por pilares básicos de sustentação, os quais objetivam mitigar conflitos de interesses, otimizar o valor e priorizar a perenidade das organizações. É claro que um estatuto social que remeta a esses princípios não é condição suficiente para que a empresa tenha efetivamente um bom sistema de governança. Trata-se, portanto, de um esforço continuado, que envolve necessariamente todos os agentes de governança, e que busca minimizar a ocorrência de práticas noci- vas à longevidade da empresa. Um efetivo comprometimento da alta gestão com práticas eficazes de governança corporativa aumenta a credibilidade da empresa e atrai novos investidores. Com isso, o acesso ao capital se torna menos restrito e, em geral, tem um custo mais baixo. Conforme o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (INSTITUTO..., 2015), os pilares ou princípios básicos de sustentação de um sistema de go- vernança corporativa (Figura 1) são quatro: 1. transparência; 2. equidade; Os pilares de sustentação da governança corporativa226 3. prestação de contas (accountability); 4. responsabilidade corporativa. Esses princípios, por serem concepções gerais, irão orientar as ações e os mecanismos de governança corporativa em diferentes estruturas organizacio- nais, como micro e pequenas empresas, empresas de controle familiar, órgãos públicos, empresas públicas e empresas de capital aberto. Embora as peculiaridades e as preocupações maiores da atuação do sistema de governança variem conforme o contexto, a ideia geral é que os pilares bá- sicos forneçam os alicerces, as fundações para que a implementação de boas práticas atinja a sua finalidade essencial: maximizar o valor econômico de longo prazo e preservar a organização (INSTITUTO, 2015). Se bem imple- mentadas e executadas pelas empresas e órgãos de fiscalização, as práticas de governança lastreadas nesses princípios fundamentais têm a capacidade de reduzir significativamente a ocorrência de escândalos corporativos. A seguir, você verá detalhes sobre cada um desses pilares básicos para entender como, em conjunto, eles devem servir de base para a concepção de qualquer sistema eficaz de governança corporativa. Figura 1. Visualização de como os pilares, de maneira conjunta e integrada, sustentam um sistema eficaz de governança corporativa. Fonte: o autor. Equidade Transparência Prestação de contas Responsabilidade corporativa Governança corporativa 227Os pilares de sustentação da governança corporativa A qualidade das práticas de governança corporativa afeta positivamente o valor e o desempenho da empresa? As evidências empíricas no Brasil apontam que sim (LEAL, 2014). Mesmo que seja difícil evidenciar que uma variável efetivamente cause a outra, o resultado de diversos estudos indica que a qualidade das práticas de governança corporativa de uma empresa leva a um aumento economicamente e estatisticamente significativo de seu valor de mercado ou seu desempenho financeiro. Função e importância de cada pilar em um sistema eficaz de governança corporativa Um sistema eficaz de governança corporativa deve ser equilibrado e harmônico. A importância dos pilares ou princípios básicos reside no fato de que eles sustentam todas as ações e mecanismos de governança adotados pelos agentes dentro das organizações. São pilares gerais que norteiam em um primeiro momento as ações e, em um segundo momento, o próprio valor e a perenidade da organização ao longo do tempo. Os quatro pilares básicos de sustentação da governança corporativa, de acordo com a definição do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2015), são listados abaixo. Pilar I: transparência Transparência diz respeito à disponibilização para as partes interessadas – não apenas para os acionistas, mas também para colaboradores, clientes, forne- cedores ou credores – de informações completas, relevantes para o contexto em que a empresa se insere. Conforme o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2015), a transparência envolve a divulgação de informações que vão muito além daquelas exigidas por disposições de leis ou regulamento. Por exemplo, quando uma empresa anuncia a aquisição ou compra de outra empresa, deve informar ao mercado não apenas a ocorrência do evento em si, mas como ele se encaixa dentro do planejamento estratégico e das ações que visam a preservação e a otimização do valor da organização. Transparência, neste caso, sinaliza que os atos de gestão estão alinhados aos desejos e expec- tativas dos acionistas; representa o desejo genuíno da empresa em informar Os pilares de sustentação da governança corporativa228 tudo o que for relevante para as partes interessadas, reduzindo a assimetria de informações entre os agentes internos e externos à empresa. Em 09 de junho de 2017, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) publicou a Instrução 586, que altera a Instrução 480/2009 e inclui o dever de as companhias listadas na categoria A divulgarem informações sobre a adoção das práticas de governança corporativa. A divulgação das práticas pelas companhias será realizada por meio de um novo documento eletrônico, o Informe sobre o Código Brasileirode Governança Corporativa, em até sete meses após a data de encerramento do exercício social. Essa mudança institucional tem embasamento nos pilares de sustentação da governança corporativa, em especial o pilar da transparência. Pilar II: equidade O pilar da equidade diz respeito ao tratamento justo e isonômico de todos os sócios e demais partes interessadas (stakeholders), levando em consideração seus direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas (INSTITUTO..., 2015, p. 21). Por exemplo, se o acionista controlador de uma empresa costuma realizar transações com outras empresas das quais também é sócio, pode fazê-lo pela prática de preços acima dos da concorrência, de forma a cana- lizar recursos da empresa investida para si. A literatura sobre governança corporativa cunhou o termo tunneling para adjetivar situações como essa, em que o acionista controlador expropria acionistas minoritários por meio da transferência de ativos e lucros da firma investida para beneficiar a si mesmo (JOHNSON et al., 2000). No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão que nor- matiza, fiscaliza e disciplina o mercado de valores mobiliários, o que envolve, por exemplo, a fiscalização de transações com partes relacionadas. Conforme a Instrução CVM nº 586/2017, as companhias abertas devem definir em seu estatuto social quais transações com partes relacionadas devem ser aprovadas pelo conselho de administração, situação em que seriam excluídos da análise membros que possuírem interesses potencialmente conflitantes. Além disso, a instrução também estabelece, dentre outras, que o conselho de adminis- tração solicite à diretoria alternativas de mercado à transação com partes 229Os pilares de sustentação da governança corporativa relacionadas, sendo avaliados também fatores como o risco envolvido; e que as transações com partes relacionadas devem ser embasadas por laudos de avaliação independentes, elaborados por terceiros, com a ressalva de que não tenham qualquer tipo de participação nas empresas envolvidas. Você sabia que, em mercados emergentes, onde a estrutura de controle é geralmente concentrada (um acionista detém grande parte das ações com direito a voto da em- presa), o princípio da equidade é muito importante para a boa relação entre acionista(s) majoritário(s) e acionistas minoritários? Na ausência de equidade no processo decisório, os acionistas minoritários ficam expostos às decisões dos acionistas controladores, cujos interesses podem ser bastante diferentes dos seus. Esse conflito de agência é bastante diferente daquele que ocorre nos mercados de capitais anglo-saxões (Estados Unidos e Reino Unido), onde o conflito de interesses clássico é aquele oriundo da separação entre propriedade e controle, ou seja, entre os acionistas (proprietários) e os executivos (administradores). Pilar III: prestação de contas (accountability) Conforme o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2015), prestação de contas diz respeito à necessidade de os agentes de governança prestarem contas de suas ações de modo claro, conciso, compreensível e tempestivo. Além disso, devem os gestores assumir integralmente as consequências de seus atos e omissões, agindo de maneira zelosa no que diz respeito à responsabilidade inerente a seus cargos ou ocupações no contexto da organização. Nas recomendações da CVM sobre governança corporativa (COMISSÃO..., 2002), estão expostas algumas exigências legais e orientações que visam a aumentar a prestação de contas da empresa com seus acionistas e demais partes interessadas. São elas: discussão e análise da administração (envolve, trimes- tralmente, junto com as demonstrações financeiras, a divulgação de relatório com discussão e análise dos fatores que influenciaram preponderantemente o resultado, fatores de risco, etc.); composição e funcionamento do conselho fiscal; acesso a informações; informações contábeis. Mais recentemente, a Instrução CVM nº 586/2017 trouxe a exigência de novas informações no formulário referente à governança corporativa das companhias, em especial Os pilares de sustentação da governança corporativa230 no que se refere à prestação de contas. A companhia deve informar ao público seu programa de integridade, políticas e regimentos internos, avaliação de administradores e metodologia de remuneração. Pilar IV: responsabilidade corporativa Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (2015), mais do que zelar pela viabilidade econômico-financeira das organizações, os agentes de governança devem evitar externalidades negativas de seus negócios e incentivar ações que tenham externalidades positivas. Externalidades, em economia, são os efeitos colaterais (benéficos ou maléficos) de uma decisão sobre aqueles que não estão envolvidos nela. Por exemplo, quando uma determinada indústria gera poluição, ela afeta não só a si e a seus sócios, mas também à população local, pelas consequências sobre a qualidade do ar ou da água. No outro extremo, um exemplo de externalidade positiva ocorre quando uma empresa executa um projeto de reciclagem de resíduos sólidos: o resultado do projeto transcende a reutilização dos resíduos como insumos no processo produtivo, uma vez que reduz a quantidade de lixo depositado e melhora a qualidade de vida das comunidades que residem próximas ao local. Como consequência desse pilar, a empresa deve considerar, no seu modelo de negócios, não apenas o capital financeiro, mas também outros capitais (intelectual, humano, social, ambiental, etc.), de modo a fortalecer a institui- ção. Outro aspecto relacionado à ideia de responsabilidade corporativa é o de que as políticas e estratégias adotadas devem ter foco também no médio e no longo prazos, e não apenas no curto prazo, quando a empresa pode obter bons resultados às custas de piores resultados no futuro. A responsabilidade corporativa é o pilar que incentiva a perenidade da instituição, melhorando sua imagem e fortalecendo políticas que priorizam a geração de valor ao longo do tempo. Efeitos da adoção de boas práticas de governança para o valor das firmas Você deve estar se perguntando: se os pilares básicos de sustentação da go- vernança corporativa e as ações e deliberações que deles decorrem trazem tantos benefícios às empresas, a adoção de boas práticas traz reflexos positivos 231Os pilares de sustentação da governança corporativa sobre o valor e o desempenho das organizações? Diversos estudos já tentaram responder a essa pergunta. Para dimensionar o efeito das boas práticas de governança, duas estratégias empíricas são comumente utilizadas por pesqui- sadores acadêmicos. A primeira é criar uma espécie de nota para as empresas, baseada em diferentes aspectos de governança corporativa, como transparência, direitos dos acionistas minoritários, atuação do conselho de administração, etc. A ideia é comparar a eficiência operacional ou o valor de empresas que, idealmente, sejam muito parecidas, mas que tenham notas de governança diferentes. A segunda forma comum de avaliar o impacto da adoção de boas práticas de governança corporativa sobre as empresas de capital aberto são os estudos de evento: calcular os retornos acumulados médios das empresas que anunciaram a adesão a níveis diferenciados de governança corporativa da Brasil, Bolsa e Balcão – B3 – em diferentes janelas de tempo e compará-los ao retorno da carteira de mercado (geralmente medido pelo Índice Bovespa). Com isso, observa-se o impacto do evento sobre os preços, expurgando-se o efeito da variação nos preços do mercado como um todo. Tendo esses aspectos teóricos em vista, Leal (2014) faz um apanhado desses estudos empíricos no Brasil e identifica que sim, a qualidade das práticas de governança corporativa de uma empresa leva a um aumento no seu valor de mercado ou no desempenho financeiro. Mais do que isso, esse aumento no valor ou no desempenho parece significativo não só do ponto de vista estatístico,mas também econômico – o efeito é relevante em termos de valor agregado, e por isso tais práticas devem ser perseguidas pelos gestores e demais agentes de uma determinada organização. De maneira análoga, Silveira (2015) compara alguns estudos que buscam mensurar o quanto a adoção de boas práticas de governança agrega em termos de valor relativo (ações negociadas com prêmio em relação a seus pares) e desempenho financeiro. O Quadro 1 sintetiza o resultado geral de alguns dos estudos empíricos expostos na literatura. Brasil, Bolsa e Balcão (ou simplesmente B3) é o nome que suplantou a antiga nomen- clatura BM&FBovespa. Este novo nome para a bolsa de valores brasileira surgiu em 2017 após a fusão entre a BM&FBovespa e a Cetip. Os pilares de sustentação da governança corporativa232 Estudo Detalhes da amostra analisada Conclusões principais Corporate Governance and firm performance Bhagat e Bolton (2011) 11.736 observações (firma-ano) de índices de qualidade de governança em empresas americanas, entre 1992 e 2004. Melhor governança é correlacionada com melhor desempenho operacional das firmas tanto no presente quanto em períodos subsequentes. No entanto, não foram encontradas evidências de que a melhor governança está associada a aumento no preço das ações em períodos futuros. Corporate Governance and firm value: international evidence Ammann, Oesch e Schmidt (2011) 6.623 observações de empresas de 22 países desenvolvidos, de 2003 a 2007. Associação fortemente positiva entre governança e valor. Estimativa de que uma empresa que elevasse sua nota de governança do extremo inferior (2,5%) para o extremo superior aumentaria o seu valor de mercado em cerca de 15%. Corporate Governance and firm value: the impact of corporate social responsibility Jo e Harjoto (2011) 13.389 observações (firma-ano) de 2.952 firmas, no período de 1993 a 2004. Engajamento em práticas de responsabilidade social corporativa (diversidade de empregados, relações entre firma e seus colaboradores, qualidade do produto) influencia positivamente o valor das firmas comparado a seus pares em um mesmo setor de atividade econômica. Quadro 1. Resumo de estudos recentes sobre o impacto da adoção de boas práticas de governança corporativa sobre as empresas. (Continua) 233Os pilares de sustentação da governança corporativa Observa-se, no Quadro 1, que a maior parte dos estudos evidencia asso- ciação positiva entre a adoção de boas práticas de governança corporativa e o valor relativo ou desempenho das firmas. Esse resultado está alinhado com os argumentos teóricos de que a adoção de práticas de governança corporativa alicerçadas nos pilares básicos aumenta a confiança dos agentes sobre a empresa e torna-a mais atrativa aos investidores. Perseguir boas práticas de governança corporativa, portanto, parece uma prática que gera recompensas às empresas. Apesar das evidências concretas no mercado acionário mundial e brasi- leiro, algumas limitações devem ser destacadas. Conforme Leal (2014), em ciências sociais, os resultados empíricos naturalmente apresentam algum nível de precariedade. As evidências apresentadas pelos artigos científicos consultados podem ter sido condicionadas pelo período de análise escolhido, pela escolha das variáveis, pelas limitações do método econométrico e também pela dificuldade inerente em se mensurar boa governança. Também há uma Estudo Detalhes da amostra analisada Conclusões principais Does transparency pay off? Evidence from stock Market segment switches Moura (2017) 55 empresas de capital aberto brasileiras que migraram para algum dos segmentos especiais de governança corporativa da B3 (Nível I, Nível 2 ou Novo Mercado) Adesões ao Novo Mercado, que exige aderência a regras adicionais de transparência em relação aos outros segmentos, estão relacionadas a retornos anormais positivos nos preços em uma janela de 10 dias ao redor da data de anúncio do evento. No entanto, para janelas de tempo maiores, não foram encontradas evidências de que a adesão afeta positivamente o preço das ações. (Continuação) Fonte: Lewis (1997). Os pilares de sustentação da governança corporativa234 questão de cunho econométrico, relacionada à ideia de causa e efeito: será que as boas práticas de governança corporativa causam efeito positivo sobre o valor ou o desempenho financeiro das empresas, ou então são as empresas mais eficientes e de maior valor de mercado que adotam melhores práticas de governança corporativa? Embora essa discussão possa parecer secundária, ela é importante para entender o que causa o quê. As conclusões de Leal (2014) são lastreadas em estudos que utilizaram técnicas de estimação que buscaram minimizar o problema referido acima, conhecido na literatura como o problema da “causalidade reversa”. Por isso, mesmo que feita essa ressalva, parece bastante provável que as empresas realmente se beneficiam da adoção de boas práticas de governança corporativa. Como são calculados os Índices de Práticas de Governança Corporativa? Para obter uma medida síntese das práticas de governança corporativa, alguns autores propuseram a criação de índices que sintetizam tais rotinas em uma empresa. Leal e Carvalhal da Silva (2007) criaram o Índice de Práticas de Governança Corporativa (IPGC), indicador que utiliza informações de relatórios e formulários da CVM e vem sendo apurado desde 1998. As perguntas sobre as práticas de governança, que totalizam 20 questões, estão agrupadas em quatro dimensões: 1. disclosure (transparência); 2. composição e funcionamento do conselho; 3. ética e conflitos de interesse; 4. direitos dos acionistas. Para mais detalhes, ver Leal e Carvalhal da Silva (2007, p. 39-40). 235Os pilares de sustentação da governança corporativa Os pilares de sustentação da governança corporativa236 AMMANN, M.; OESCH, D.;SCHMID, M. M. Corporate governance and firm value: Inter- national evidence. Journal of Empirical Finance, V. 18, n. 1, p. 36-55, 2011. ASSAF NETO, A. Mercado Financeiro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2014. BHAGAT, S.; BOLTON, B. Corporate Governance and firm performance. Journal of Corporate Finance, v. 13, p. 257-273, Jun. 2008. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Cartilha de Governança: recomendações da CVM sobre governança corporativa. Rio de Janeiro: CVM, 2002. COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS. Instrução CVM nº 586, de 8 de junho de 2017. 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