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Ana Clara Silva Freitas. Problema 3: fechamento Objetivos: 1. Descrever como ocorre o desenvolvimento do sistema imune da criança até sua completa maturação. 2. Explanar a respeito das principais IVAS infantis, abordando etiologia, patologia e diagnóstico. 3. Elucidar as indicações, contraindicações e efeitos adversos da vacina, além do calendário vacinal tanto do MS quanto dos complementares (SBP e SBIm). 4. Discorrer sobre o desenvolvimento cognitivo na fase pré -escolar, abrangendo o contexto emocional infantil e as escalas de acompanhamento. Sistema imune infantil I. Durante os primeiros três meses de vida, o sistema imune inato, incluindo fagócitos, células Natural killer, células apresentadoras de antígenos e o sistema complemento, fornecem defesa contra patógenos. Com o avançar da idade e das exposições, o sistema imunológico adquirido se desenvolve e assume um papel mais proeminente na defesa do hospedeiro. A diminuição da função dos neutrófilos e baixas concentrações de imunoglobulinas aumentam a suscetibilidade de crianças prematuras à infecção invasiva. Estreptococos do Grupo B, Escherichia coli, vírus herpes simples (HSV), CMV, vírus varicela-zóster (VVZ), vírus sincicial respiratório (VSR), enterovírus e espécies de Candida são patógenos importantes no período neonatal inicial. II. Imunidade inata: o A imunidade inata é a primeira linha de defesa na exposição a um agente infeccioso e é ativada independente do contato prévio com antígenos. Ela é composta de barreiras epiteliais (pele e mucosas), citocinas, proteínas do sistema complemento e das células circulantes (fagócitos e células natural killer). o A pele do recém-nascido é imatura e tem mais permeabilidade, possivelmente em consequência à produção inadequada de ácidos-graxos livres e pH alcalino. O que facilita a entrada de agentes patogênicos. o A produção de IgA secretória está ausente nos primeiros dias de vida, levando a maior vulnerabilidade das mucosas dos tratos respiratório e gastrintestinal a invasões por microrganismos patogênicos. o As citocinas são proteínas de baixo peso molecular, secretadas em resposta a um antígeno, que modulam a intensidade e a duração da resposta imune e inflamatória. o As proteínas do sistema complemento ativam-se em cascata e têm como função a opsonização de antígenos e a lise celular a partir de formação do complexo de ataque à membrana. Elas se encontram reduzidas nos recém-nascidos. Os níveis Ana Clara Silva Freitas. semelhantes aos dos adultos somente são atingidos após um ano de idade. o A célula NK é um tipo de linfócito que destrói células infectadas por vírus, microrganismos intracelulares e células neoplásicas com base na produção do interferon γ (INF γ). As células NK dos recém-nascidos apresentam função reduzida com menos ação citotóxica contra vírus, embora sejam equivalentes em números às dos adultos. o As células mononucleares inflamatórias, especialmente mastócitos e macrófagos, são as sentinelas do sistema de defesa contra os patógenos que vencem a barreira epitelial. Elas produzem fator de necrose tumoral α (TNF α) que recruta células do sistema inato (neutrófilos, monócitos e células dendríticas) e modula a apresentação de antígenos aos linfócitos T. O recém-nascido apresenta função reduzida de monócitos e macrófagos, com prejuízo na fagocitose. o Os neutrófilos são as últimas células a aparecerem no feto e somente são produzidos em grande número após o nascimento. No recém-nascido estão reduzidos em número e efetividade. Sua concentração aumenta dramaticamente entre 12 e 24 horas após o nascimento. o Outros mediadores inflamatórios importantes como fibronectina, fatores da coagulação e sistema cinina também se encontram reduzidos ao nascimento. Todos esses déficits são parcialmente responsáveis pela reduzida capacidade de opsonização, reduzida capacidade em lisar bactérias Gram-negativas e alguns vírus, pouca geração de processo inflamatório, assim como reduzida quimiotaxia de polimorfonucleares e monócitos. III. Imunidade adaptativa: o O déficit na imunidade inata acarreta redução da ativação do sistema adaptativo, já que esses dois componentes estão interligados. A resposta imune adaptativa divide-se em resposta mediada por células e resposta mediada por anticorpos. Os linfócitos são suas células efetoras. o Imunidade celular: Os precursores das células T são identificados no fígado fetal na sétima semana de gravidez, mas ainda não expressam CD3 em sua superfície. Migram para o timo, onde completam sua proliferação. Entre 18 e 24 semanas, os linfócitos T já se encontram em número semelhante ao do adulto. É no timo que ocorre a formação do receptor de célula T, conferindo a essas células especificidade e capacidade de reconhecimento do que lhes é próprio. Embora apresente número maior de células T na circulação ao nascimento que os adultos, a maioria são células imaturas e poucas são células de memória, fato explicado pela pequena exposição intraútero a antígenos. A imunidade celular é exercida pelos linfócitos T com seus subtipos T helper (CD3+ e CD4+) e T citotóxicos (CD3+ e CD8+). Os linfócitos T helper apresentam ainda dois subtipos, conforme seu padrão de produção de citocinas: Th1, que modula a imunidade celular, e Th2, que estimula a imunidade humoral. As propriedades fundamentais da imunidade celular são a produção de citocinas e a atividade citotóxica. As citocinas mais importantes da imunidade adaptativa são IL-2, 4, 5, 10 e 13 e INF γ β e TGF β. o Imunidade humoral: A imunidade humoral é exercida por linfócitos B, os quais, estimulados por antígenos, diferenciam-se em plasmócitos Ana Clara Silva Freitas. produtores de anticorpos. Eles são reconhecidos por apresentarem em sua superfície os marcadores CD19 e CD20. Os precursores dos linfócitos B estão no fígado com oito semanas, onde já iniciam sua diferenciação. Após o nascimento, a maturação das células B se verifica na medula óssea. A produção de imunoglobulinas fetais já se inicia desde a 10ª semana de gestação, atingindo pico com 26 semanas. A partir de então, cai drasticamente até o nascimento. Isso ocorre devido à baixa exposição intrauterina a antígenos e aos altos níveis de imunoglobulinas maternas transferidas passivamente ao feto. Dessa forma, ao nascimento a criança apresenta baixos níveis de imunoglobulinas (IgM, IgA e IgE), sendo a grande maioria da IgG de origem materna. Após o nascimento, inicia-se a produção própria de imunoglobulinas em resposta a antígenos alimentares e ambientais. O período compreendido entre a queda dos anticorpos maternos e a produção sustentada de anticorpos próprios é chamado hipogamaglobulinemia transitória ou fisiológica. Ocorre entre o terceiro e o quinto meses de vida, com resolução completa entre dois e cinco anos. IV. Resposta específica a patógenos no período neonatal o Estreptococo do grupo B (EGB): A colonização por estreptococos patogênicos do grupo B é facilitada pela grande capacidade de adesão às células da mucosa epitelial de neonatos e pela ausência de IgA secretora na primeira semana de vida.6 Além disso, a falta de anticorpos maternos específicos contra os polissacarídeos da cápsula da bactéria aliada à falha na síntese neonatal de anticorpos específicos é importante fator contribuinte para a alta mortalidade. o E. Coli: é uma das principais bactérias Gram-negativas causadoras de meningite e sepse no período neonatal. Sabe-se que a IgG não consegue se ligar de forma eficiente à superfície da bactéria, permitindo, dessa forma, que a mesma escape ao mecanismo de reconhecimento do sistemaimune. A deficiência na cascata de complemento observada no sangue de cordão de recém-nascidos contribui também para o defeito de opsonização dos neonatos contra a E. coli. o Lysteria monocytogenes: ocorre mais em RN e crianças. A infecção perinatal é causada normalmente pela colonização ou infecção proveniente da mãe. A bactéria inicialmente induz uma resposta imune humoral, que consiste na síntese e liberação de anticorpos no sangue circulante a partir de células plasmáticas, os quais neutralizam as exotoxinas dessa bactéria e favorecem sua fagocitose. Já a resposta celular que se segue é mais importante nesse tipo de bactéria, que tem multiplicação intracelular. o Citomegalovírus (CMV): O CMV é a principal causa de infecção intraútero, afetando 0,3 a 2,2% dos recém-nascidos vivos. Estudos mostram que a grande suscetibilidade do feto à infecção pelo CMV pode estar relacionada a problemas na imunidade celular, tanto inata (células natural killer) quanto adaptativa (linfócitos T). o Vírus varicela-zoster: a varicela no recém- nascido pode resultar de infecção vertical ou horizontal. A varicela no recém-nascido adquirida no período perinatal (cinco dias antes a dois dias após o parto) ocorre em decorrência da viremia materna, havendo transmissão do vírus sem que haja tempo para a transmissão de anticorpos Ana Clara Silva Freitas. maternos. O envolvimento visceral e a alta mortalidade são características dessa apresentação da doença. Dessa forma, a imunidade inata durante o período em que a criança encontra-se sem anticorpos maternos é crítica para o controle da infecção. o Vírus respiratório sincicial (VRS): uma das doenças mais comuns no mundo e estima-se que toda criança esteja infectada até o terceiro ano de vida. O vírus não se replica fora da árvore respiratória, sendo a infecção restrita à mucosa respiratória. O espectro clínico da doença é extremamente variável de uma infecção leve do trato respiratório à pneumonia grave.O recém-nascido nos primeiros dias de vida é capaz de desenvolver a resposta inata ao vírus, no entanto, devido à falta de estímulos antigênicos intraútero, a resposta adaptativa se faz necessária para o adequado controle da infecção. o Toxoplasma gondii: Como se verifica em outras doenças congênitas, a gravidade da infecção adquirida na gestação se relaciona à capacidade de os parasitas intracelulares lesarem os órgãos do feto em formação, assim como à imaturidade imunológica do feto e à barreira placentária que separa a resposta humoral materna e fetal.7 O equilíbrio entre as respostas Th1 e Th2 influenciam a presença ou não de manifestações clínicas. o Candidíase: A Candida albicans é a principal espécie causadora de infecção fúngica em recém-nascidos, sendo responsável por 40 a 70% dos casos de candidemia nessas crianças. A pele é colonizada ao nascimento por espécies de Candida que residem no canal do parto e a proliferação do fungo leva à doença mucosa ou mucocutânea. A incapacidade em localizar, controlar e erradicar infecções pela Candida albicans é característica nessa faixa etária e decorre da deficiência relativa dos mecanismos de defesa específicos e inespecíficos que predispõem às infecções invasivas por fungos. o Mycobacterium tuberculosis: A infecção tuberculosa em neonatos geralmente manifesta-se de forma disseminada e resulta em quadros graves como a tuberculose miliar ou a meningite tuberculosa. Tais manifestações são acompanhadas da reposta imunológica deficitária das células T, observada nas respostas negativas aos testes cutâneos de sensibilidade. Infecções de vias aéreas superiores (IVAS) 1. As infecções das vias aéreas superiores (IVAS) são um dos problemas mais comuns encontrados em serviços de atendimento médico pediátricos, resultando em morbidade significativa em todo o mundo. I. Rinofaringite aguda o Este termo abrange quadros como o do resfriado comum e ainda outros englobados sob a denominação de rinite viral aguda. o É a doença infecciosa de vias aéreas superiores mais comum da infância. Crianças menores de cinco anos podem ter de cinco a oito episódios por ano. o Esta situação é causada quase que exclusivamente por vírus. Entre as centenas deles, os mais frequentes são Ana Clara Silva Freitas. rinovírus, coronavírus, vírus sincicial respiratório (VSR), parainfluenza, influenza, coxsackie, adenovírus e outros mais raros; o Sinais e sintomas: A rinofaringite pode iniciar com dor de garganta, coriza, obstrução nasal, espirros, tosse seca e febre de intensidade variável, podendo ser mais alta em menores de cinco anos. Durante a evolução, pode surgir em lactentes: inquietação, choro fácil, recusa alimentar, vômitos, alteração do sono e dificuldade respiratória por obstrução nasal em lactentes mais jovens; em crianças maiores: cefaleia, mialgias, calafrios o Tratamento geral: Repouso no período febril; Hidratação e dieta conforme aceitação; Higiene e desobstrução nasal; Umidificação do ambiente; Antitérmico e analgésico. o Diagnóstico: e é essencialmente clínico. O diagnóstico diferencial deve ser feito com manifestações iniciais de várias doenças: sarampo, coqueluche, infecção meningocócica ou gonocócica, faringite estreptocócica, hepatite A e mononucleose infecciosa. o Complicações: Algumas complicações bacterianas podem ocorrer durante infecções respiratórias virais. Sugerem a ocorrência de alguma delas: persistência de febre além de 72 horas, recorrência de hipertermia após este período, ou prostração mais acentuada. Além disto, o surgimento de dificuldade respiratória (taquipnéia, retrações ou gemência) indicam a possibilidade de bronquiolite aguda, pneumonia ou laringite. o Tratamento específico: Para a maioria dos vírus, não existe nenhum tratamento específico. Entretanto, no caso da gripe causada pelo vírus da influenza, já existem algumas medicações disponíveis16-18, como a utilização de amantadina ou rimantadina que pode prevenir aproximadamente 70-80% das doenças causadas por influenza A. o Medidas preventivas: Lavagem das mãos e cuidados com secreções e fômites provenientes do paciente, prevenção primária, etc. II. Sinusite aguda o Pode ser definida como infecção bacteriana dos seios paranasais, com duração menor de 30 dias, no qual os sintomas desaparecem completamente o Os seios mais frequentemente comprometidos são o maxilar e etmoidal. A etmoidite costuma aparecer após os seis meses de idade. A infecção maxilar produz manifestações clínicas após o primeiro ano de vida. o Sinais e sintomas: O início pode ser lento ou súbito. Nas formas leves de sinusite, as manifestações iniciais de IVAS passam a se prolongar por mais de 10 dias ou, após período de melhora clínica, há persistência ou retorno dos sintomas nasais (obstrução e secreção nasal purulenta). Esse quadro pode ser acompanhado de halitose. Costuma haver tosse diurna, com piora à noite. Em alguns casos, pode ocorrer febre. Nas formas moderadas a graves, ou em crianças maiores, as manifestações citadas podem ser mais intensas, acompanhando-se, eventualmente, de edema palpebral, cefaleia, prostração, desconforto ou dor, espontâneos ou provocados, no local do(s) seio(s) afetado(s) ou nos dentes. A celulite periorbitária é um sinal de etmoidite o Tratamento geral: repouso inicial, umidificação do ar em lugares muitos secos, analgésicos e antitérmicos, descongestionantes tópicos ou sistêmicos. Ana Clara Silva Freitas. o Diagnóstico: O diagnóstico de sinusite aguda é clínico. A história clínica, associada aos achados de exame físico anteriormente mencionados, permite a realização do diagnóstico de sinusite na criança. O estudo radiológico de seiosda face é raramente necessário. O diagnóstico diferencial deve ser realizado com prolongamento da infecção viral não complicada, rinite alérgica, corpo estranho nasal e adenoidite. o Complicações: sinusite crônica, osteíte frontal, osteomielite maxilar, celulite periorbitária, abscesso orbitário e subperiosteal, meningite, trombose de seio cavernoso e sagital superior, abscesso epidural, empiema subdural e abscesso cerebral. o Tratamento específico: Antimicrobianos: vários antibióticos de amplo espectro podem ser utilizados no tratamento da sinusite aguda25. As alternativas mais frequentemente recomendadas são: Amoxicilina: é ainda a droga de primeira escolha. Dose: 60-80mg/kg/dia, VO, 8/8h, por 14-21 dias. Está indicada a substituição do antimicrobiano inicial, se não houver atenuação das manifestações em 72 horas. Casos graves devem ser hospitalizados e tratados com antibióticos intravenosos. o Prognóstico: Em crianças normais, o prognóstico é bom, quando o tratamento utilizado foi adequado. Crianças com rinite alérgica, ou outros fatores de risco têm maior propensão a episódios recorrentes ou crônicos de sinusite. Garbutt et al. demonstraram que crianças com sinusite aguda, tratadas com placebo, apresentaram um índice de melhora clínica (79%) semelhante àquelas tratadas com antibacterianos apropriados (79% e 81%). o Medidas preventivas: Tratar rinite alérgica, quando presente (profilaxia); Evitar mergulhos durante IVAS; Evitar tabagismo (ativo e passivo); Correção cirúrgica de fatores predisponentes. III. Faringoamigdalite aguda estreptocócica o É uma infecção aguda da orofaringe, na maioria das vezes, produzida por um estreptococo beta-hemolítico, o Streptococcus pyogenes do grupo A. Acompanha-se, em geral, de manifestações sistêmicas. Acomete com maior frequência crianças após os cinco anos de vida, mas pode ocorrer, não raramente, em menores de três anos. o Sinais e sintomas: O início é mais ou menos súbito, com febre alta, dor de garganta, prostração, cefaleia, calafrios, vômitos e dor abdominal. Na inspeção da orofaringe, há congestão intensa e aumento de amígdalas, com presença de exsudato purulento e petéquias no palato. Ainda pode estar presente adenite cervical bilateral. o Tratamento geral: repouso no período febril, estimular a ingestão de alimentos não ácidos e não gaseificados; analgésico e antitérmico, irrigação da faringe com solução salina isotônica morna. o Diagnóstico: o diagnóstico diferencial deve ser feito com: Faringites virais: coriza, tosse, rouquidão e vesículas ou ulcerações na orofaringe; Faringite por micoplasma e clamídia: mais comum em adolescentes; Mononucleose, citomegalovirose, toxoplasmose (com suas manifestações próprias, incluindo comprometimento de órgãos e estruturas a distância); Ana Clara Silva Freitas. Faringite meningocócica ou gonocócica (história e dado epidemiológico); Difteria: placas branco- acinzentadas aderentes na orofaringe, invasão eventual da úvula, comprometimento larígeo; Faringites por outros estreptococos, hemófilos ou moraxela: raras Outras afecções: tumor de orofaringe e angina da agranulocitos. o Complicações: Abscesso de linfonodo cervical: eritema, edema e flutuação; Abscesso periamigdaliano: dor e dificuldade para engolir mais intensas, voz abafada ou anasalada, proeminência da amígdala e do pilar anterior da faringe, deslocamento da úvula para o lado não afetado; Sepse: toxemia e choque, etc. o Tratamento específico: Antimicrobianos: encurtam a fase aguda e reduzem complicações. Os antibióticos de primeira escolha são a penicilina G ou a amoxicilina Fenoximetilpenicilina (Penicilina V Oral) Doses: 27 kg: 800.000 U (500 mg), 8/8 horas, por 10 dias; Penicilina G benzatina: garante o tratamento em casos de suspeita de má adesão ao tratamento. Doses: 27kg: 1.200.000 U, IM, dose única. A injeção torna-se menos dolorosa se o frasco for previamente aquecido à temperatura corporal. Observação: a penicilina G benzatina deve ser considerada como primeira escolha no tratamento da FAE, em casos de potencial não adesão ao tratamento. o Prognóstico: Casos de FAE adequadamente tratados têm bom prognóstico, com encurtamento da fase aguda e redução das complicações supurativas e não supurativas, como FR. o Medidas preventivas: evitar contato com doentes com FAE até 24 horas de uso de AM adequado por parte destes. Calendário vacinal do MS, SBP e SBIm 1- BCG – Tuberculose: Deve ser aplicada em dose única o mais precocemente possível. Não se recomenda mais a revacinação de crianças que não apresentem cicatriz no local da aplicação após 6 meses. Comunicantes domiciliares de podem receber uma segunda dose da vacina BCG (ver norma específica). Em recém- nascidos filhos de mãe que utilizaram imunossupressores na gestação, ou com história familiar de imunossupressão, a vacinação poderá ser adiada ou contraindicada. 2. Hepatite B – A primeira dose da vacina Hepatite B deve ser aplicada idealmente nas primeiras 12 horas de vida. A segunda dose está indicada com um ou dois meses de idade e a terceira dose é realizada aos seis meses. Desde 2012, no Programa Nacional de Imunizações (PNI), a vacina combinada DTP/Hib/ HB (denominada pelo Ministério da Saúde de Penta) foi incorporada no calendário aos 2, 4 e 6 meses de vida. Dessa forma, os lactentes que fazem uso desta vacina recebem quatro doses da vacina. 3. DTP/DTPa – Difteria, Tétano e Pertussis (tríplice bacteriana). A vacina DTPa (acelular), quando possível, deve substituir a DTP (células inteiras), pois tem eficácia similar e é menos reatogênica. O esquema é de 5 doses, aos 2, 4 e 6 meses com reforço aos 15 meses. Um segundo reforço deve ser aplicado entre quatro e seis anos de idade e na adolescência, uma dose entre 14-15 anos. Ana Clara Silva Freitas. 4. dT/dTpa – Adolescentes com esquema primário de DTP ou DTPa completo devem receber um reforço com dT ou dTpa, preferencialmente com a formulação tríplice acelular, aos 14 anos de idade. 5. Hib – A vacina penta do PNI é uma vacina combi nada contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e Haemophilus influenza tipo B (conjugada). A vacina é recomendada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses de idade. Quando utilizada pelo menos uma dose de vacina combinada com componente pertussis acelular (DTPa/Hib/IPV, DTPa/Hib, DTPa/ Hib/IPV,HB, etc.), disponíveis em clínicas privadas, uma quarta dose da Hib deve ser aplicada aos 15 meses de vida. Essa quarta dose contribui para diminuir o risco de ressurgimento das doenças invasivas causadas pelo Hib em longo prazo. 6. VIP/VOP – As três primeiras doses, aos 2, 4 e 6 meses, devem ser feitas obrigatoriamente com a vacina pólio inativada (VIP). A recomendação para as doses subsequentes é que sejam feitas preferencialmente também com a vacina inativada (VIP). Nesta fase de transição da vacina pólio oral atenuada (VOP) para a vacina pólio inativada (VIP) é aceitável o esquema atual recomendado pelo PNI que oferece três doses iniciais de VIP (2, 4 e 6 meses de idade) seguidas de duas doses de VOP (15 meses e 4 anos de idade). Desde 2016 a vacina VOP é bivalente, contendo os tipos 1 e 3 do poliovírus, podendo ser utilizada nas doses de reforço ou nas Campanhas Nacionais de Vacinação. Evitar VOP em todas as crianças imunocomprometidas e nos seus contatos domiciliares. Nestas circunstâncias utilizar a VIP. 7. Pneumocócica conjugada – Está indicada para todas as crianças até 5 anos de idade. O PNI utiliza a vacina pneumocócica conjugada 10- valente no esquema de duas doses, administradas aos 2 e 4 meses, seguidas de um reforço aos 12 meses, podendo ser aplicada até os 4 anos e11 meses de idade. A SBP recomenda, sempre que possível, o uso da vacina conjugada 13-valente, pelo seu maior espectro de proteção, no esquema de três doses no primeiro ano (2, 4, e 6 meses) e uma dose de reforço entre 12 e 15 meses de vida. Crianças saudáveis com esquema completo com a vacina 10-valente podem receber dose(s) adicional(is) da vacina 13-valente, até os cinco anos de idade, com o intuito de ampliar a proteção para os sorotipos adicionais. Crianças com risco aumentado para doença pneumocócica invasiva devem receber também, a partir de 2 anos de idade, a vacina polissacarídica 23-valente, com intervalo mínimo de dois meses entre elas (vide recomendações no manual do CRIE – Centro de Referência de Imunobiológicos Especiai. 8. Meningocócica C/ACWY – Recomenda-se o uso rotineiro das vacinas meningocócicas conjugadas para lactentes maiores de 2 meses de idade, crianças e adolescentes. Sempre que possível utilizar preferencialmente a vacina MenACWY pelo maior espectro de proteção, inclusive para os reforços de crianças previamente vacinadas com MenC. Crianças com esquema vacinal completo com a vacina MenC podem se beneficiar com dose(s) adicional(is) da vacina MenACWY a qualquer momento, respeitando-se um intervalo mínimo de 1 mês entre as doses. No Brasil estão licenciadas as vacinas: MenC, MenACWY-CRM e MenACWY-TT a partir de 2 meses e a vacina MenACWY-D a partir de 9 meses de vida. O esquema de doses varia conforme a vacina utilizada. MenC: duas doses, aos 3 e 5 meses de idade e reforço entre 12-15 meses. Iniciando após 1 ano de idade: dose única. MenACWY-CRM: duas doses aos 3 e 5 meses de idade e reforço entre 12-15 meses. Iniciando entre 7 e 23 meses de idade: 2 doses, sendo que a segunda dose deve ser obrigatoriamente aplicada após a idade de 1 ano (mínimo 2 meses de intervalo). Iniciando após os 24 meses de idade: dose única. MenACWY-TT: duas doses, aos 3 e 5 meses de idade e reforço entre 12-15 meses. Iniciando após 1 ano de idade: dose única. MenACWY-D: licenciada a partir de 9 meses de idade no esquema de duas doses entre 9 e 23 meses Ana Clara Silva Freitas. com 3 meses de intervalo entre elas; acima de dois anos dose única. A recomendação de doses de reforço 5 anos após (entre 5 e 6 anos de idade para os vacinados no primeiro ano de vida) e na adolescência (a partir dos 11 anos de idade) é baseada na rápida diminuição dos títulos de anticorpos associados à proteção, evidenciada com todas as vacinas meningocócicas conjugadas. O PNI utiliza a vacina MenC no esquema de duas doses aos 3 e 5 meses, com reforço aos 15 meses, além de uma dose adicional da vacina para adolescentes entre 11 a 14 anos. Vacinação do adolescente: entre 10-15 anos aplicar uma dose da vacina conjugada C ou ACWY e um reforço após 5 anos. Entre 16-18 anos administrar somente uma dose da vacina. 9. Meningocócica B recombinante – Recomenda- se o uso da vacina meningocócica B recombinante para lactentes, crianças e adolescentes. Para aqueles que iniciam a vacinação entre 3 e 12 meses de idade, são recomendadas duas doses com intervalo mínimo de 2 meses entre elas, além de uma dose de reforço no segundo ano de vida. Aqueles que iniciam a vacinação entre 12 e 23 meses devem também receber o esquema de duas doses, com dois meses de intervalo entre elas, além de uma dose de reforço. Finalmente, para crianças que iniciam a vacinação após os dois anos, são indicadas duas doses com intervalo de 2 meses entre elas. Não se conhece, até o momento, a duração da proteção conferida pela vacina e a eventual necessidade de doses adicionais de reforço. Para adolescentes não vacinados previamente estão recomendadas duas doses com intervalo de um a dois meses. 10. Rotavírus – Existem duas vacinas licenciadas. A vacina monovalente incluída no PNI, indicada em duas doses, seguindo os limites de faixa etária: primeira dose aos 2 meses (limites de 1 mês e 15 dias até, no máximo, 3 meses e 15 dias) e a segunda dose aos 4 meses (limites de 3 meses e 15 dias até no máximo 7 meses e 29 dias). A vacina pentavalente, disponível somente na rede privada, é recomendada em três doses, aos 2, 4 e 6 meses. A primeira dose deverá ser administrada no máximo até 3 meses e 15 dias e a terceira dose deverá ser administrada até 7 meses e 29 dias. O intervalo entre as doses deve ser de 2 meses, podendo ser de, no mínimo, quatro semanas. Iniciada a vacinação, recomenda-se completar o esquema com a vacina do mesmo laboratório produtor. 11. Influenza – Está indicada para todas as crianças e adolescentes a partir dos 6 meses de idade. A primeira vacinação de crianças com idade inferior a 9 anos deve ser feita com duas doses, com intervalo de 1 mês entre elas. A dose para aqueles com idade entre 6 a 35 meses pode variar conforme o fabricante, e a partir de 3 anos é de 0,5 mL. Existem disponíveis duas vacinas influenza: tri e quadrivalente, sendo que a segunda contempla uma segunda variante da cepa B. A vacina deve ser feita anualmente e, como a influenza é uma doença sazonal, a vacina deve ser aplicada idealmente antes do período de maior circulação do vírus. Sempre que possível utilizar preferencialmente vacinas quadrivalentes, pelo maior espectro de proteção. 12. Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela (vacinas tríplice viral – SCR; tetraviral – SCRV; varicela – V). Aos 12 meses de idade: devem ser feitas, na mesma visita, as primeiras doses das vacinas tríplice viral (SCR) e varicela (V), em administrações separa das, ou a vacina tetraviral (SCRV). A vacina SCRV se mostrou associada a uma maior frequência de febre em lactentes que recebem a primeira dose com esta vacina quando comparada às vacinas varicela e tríplice viral em injeções separadas. Aos 15 meses de idade deverá ser feita uma segunda dose, preferencialmente com a vacina SCRV, com intervalo mínimo de três meses da última dose de varicela e SCR ou SCRV. Em situações de risco como, por exemplo, surtos ou exposição domiciliar ao sarampo, é possível vacinar crianças imunocompetentes de 6 a 12 meses com a vacina SCR. Em casos de surtos ou contato íntimo com caso de varicela, a vacina varicela Ana Clara Silva Freitas. pode ser utilizada a partir de 9 meses de vida. Nesses casos, doses aplicadas antes dos 12 meses de idade, não são consideradas válidas, e a aplicação de mais duas doses após a idade de um ano é necessária. O PNI introduziu a segunda dose da vacina varicela aos 4 anos de idade em 2018. A vacina varicela pode ser indicada na profilaxia pós-exposição dentro de cinco dias após o contato, preferencialmente nas primeiras 72 horas. Adolescentes não vacinados deverão receber duas doses de ambas as vacinas, com intervalo mínimo de 4 semanas entre cada dose de SCR e de 3 meses entre as doses de V nos menores de 13 anos e de 1-2 meses nos maiores de 13 anos. A idade máxima para o uso da vacina combinada SCRV é de 12 anos. 13. Hepatite A – A vacina deve ser administrada em duas doses, a partir dos 12 meses de idade. O PNI oferece a vacina em dose única aos 15 meses de idade. Adolescentes podem receber a 2 doses da vacina de Hepatite A com intervalo de 6 meses ou vacina combinada HepA e HepB, como uma série de 3 doses (0, 1 e 6 meses). 14. Febre amarela – Indicada atualmente para toda a população brasileira e também para pessoas que se deslocam para países que exigem a comprovação de vacinação. O PNI oferece duas doses da vacina para crianças menores de 5 anos de idade, aos 9 meses e 4 anos. Acima de 5 anos o esquema preconizado é de dose única. A aplicação de uma segunda dose para crianças e adolescentes que iniciaram o esquema acima de 5 anos de idade é desejável, com o intuito de prevenir falhas vacinais. Para viagens internacionaisprevalecem as recomendações da OMS com comprovação de apenas uma dose. Lactantes de bebês menores de 6 meses de idade, quando vacinadas, devem ser orientadas para a suspensão do aleitamento materno por 10 dias após a vacinação. Deve ser evitada a aplicação da vacina febre amarela no mesmo dia que a vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) em crianças menores de dois anos, devido à possível interferência na resposta imune, sendo ideal guardar um intervalo de 30 dias entre a aplicação das duas vacinas. 15. HPV – Existem duas vacinas disponíveis no Brasil contra o HPV (Papilomavírus humano): a vacina com as VLPs (partículas semelhantes aos vírus – “vírus- -like particle”) dos tipos 16 e 18 (HPV2) e a vacina com as VLPs dos tipos 6, 11, 16 e 18 (HPV4), que são recomendadas em duas doses com intervalo de 6 meses entre elas para indivíduos entre 9 e 14 anos, e em três doses (0, 1 a 2 e 6 meses) para maiores de 15 anos. A HPV4 é a vacina disponível no PNI. Imunodeprimidos por doença ou tratamento devem receber o esquema de três doses. 16. Dengue – A vacina dengue foi licenciada em nosso país no esquema de três doses (0, 6 e 12 meses) e está recomendada para crianças e adolescentes a partir de 9 anos até no máximo 45 anos de idade que já tiveram infecção prévia confirmada pelo vírus da dengue (soropositivos). Está contraindicada para gestantes, mulheres que amamentam e portadores de imunodeficiências. A vacina não deve ser administrada simultaneamente com outras vacinas do calendário. 17. Vacinação de adultos – A vacinação de adultos contribui para a redução de casos de doenças imunopreveníveis na criança. Levar sempre em conta o histórico vacinal prévio. Desenvolvimento cognitivo I. Teoria dos estágios cognitivos de Jean Piaget Ana Clara Silva Freitas. Piaget sugeriu que quando o desenvolvimento cognitivo começa, ele inicialmente se baseia em atividades motoras, tais como os reflexos Organização: criação de categorias ou sistemas de conhecimento. Esquemas: padrões organizados de pensamento e comportamento usados em determinadas situações. Adaptação: ajustamento a novas informações sobre o ambiente. Assimilação: incorporação de novas informações a uma estrutura cognitiva existente. Acomodação: mudanças em uma estrutura cognitiva para incluir novas informações. Equilibração: tendência de buscar um equilíbrio estável entre elementos cognitivos, alcançado por meio de um equilíbrio entre assimilação e acomodação. Etapas: 1. Etapa Sensório-Motor: surge em crianças de 0 a 2 anos. Durante essa etapa a criança começa a experimentar e conhecer os objetos que estão a sua volta através dos seus sentidos e capacidades motoras. Dessa forma, consegue aprender o que se conhece como permanência do objeto. 2. Etapa Pré-Operatória: começa a se apresentar em crianças cuja idade está compreendia desde os 2 anos até os 7 anos. Ela se caracteriza porque as crianças geralmente manifestam egocentrismo, o que as incapacita para conseguir adotar as perspectivas de outras pessoas. Por outro lado, as crianças podem manifestar e utilizar o pensamento simbólico, ou seja, podem falar. 3. Etapa de operações concretas: começa a partir dos 7 anos e se estende até os 12 anos. Nela a criança pode começar a aplicar os princípios e a lógica. 4. Etapa de operações formais: começa a se manifestar a partir dos 12 anos em diante. Nessa idade já se é capaz de administrar o pensamento abstrato. Graças a isso, o indivíduo pode começar gerar hipóteses. II. Teoria sociocultural de Lev Vygotsky O psicólogo russo Lev Semyonovich Vygotsky (1896-1934) concentrou-se nos processos sociais e culturais que orientam o desempenho cognitivo das crianças. Vygotsky via o crescimento cognitivo como um processo colaborativo. Zona de desenvolvimento proximal (ZDP): diferença entre o que uma criança pode fazer sozinha e o que pode fazer com ajuda. Abordagem do processamento de informações: abordagem de estudo do desenvolvimento cognitivo por observação e análise dos processos mentais envolvidos na percepção e no manuseio da informação. Perspectiva contextual: visão do desenvolvimento infantil que vê o indivíduo como parte inseparável do contexto social. Teoria bioecológica: abordagem de Bronfenbrenner de compreensão dos processos e contextos do desenvolvimento infantil que identifica cinco níveis de influência do ambiente. https://soumamae.com.br/12-brincadeiras-aos-4-anos-de-idade/ https://amenteemaravilhosa.com.br/padroes-pensamento-provocam-estresse-ansiedade/
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