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trabalho de Economia mundial

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¹ Acadêmico do curso de ciências econômicas da UEM. 
² Acadêmico do curso de ciências econômicas da UEM. 
³ Profa. do departamento de Economia da UEM. 
 
IDEOLOGIA NEOLIBERAL E SUA IMPLEMENTAÇÃO NO MUNDO 
 
Jefferson Rodrigues da Silva¹ 
Eduardo Henrique N. Lima² 
Rosalina Lima Izepão³ 
 
 
 
RESUMO 
O presente artigo pretende de maneira simples explicar o surgimento do sistema 
neoliberal econômico e sua implementação nos países da Grã-Bretanha de 
Margareth Thatcher e aos Estados Unidos de Ronald Reagan. Mostrará os métodos 
aplicados e seus resultados. O texto irá apontar cada sistema de determinado 
estado e suas principais ideologias. 
Palavras-chave: Neoliberalismo; Margareth Thatcher; Economia; Ronald Reagan. 
 
ABSTRACT 
This article aims to explain in a simple way the emergence of the economic 
neoliberal system and its implementation in the countries of Great Britain by 
Margareth Thatcher and the United States by Ronald Reagan. It will show the 
applied methods and their results. The text will point out each system of a particular 
state and its main ideologies. 
Keywords: Neoliberalism; Margaret Thatcher; Economy; Ronald Reagan. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 Nesse artigo a primeira seção iremos abordar o neoliberalismo do Governo 
de Margareth Thatcher influenciada pelas ideias de Hayek e lidando com o desafio de 
modificar a estrutura institucional de um país dotado de instituições eficazes – além 
de ser uma das maiores potências militares e econômicas do planeta – mudou o 
paradigma do pensamento econômico vigente. 
Segunda seção abordaremos a implementação do neoliberalismo no Governo 
de Ronald Reagan. Refletindo-se nas contradições contidas no próprio modelo 
neoliberal e no Consenso de Washington, que se transformou no paradigma liberal 
seguido pelos países da América latina para sua inserção na economia mundial e 
combate ao crônico problema de inflação. 
1 
 
5 Ainda haviam vários países pertencentes ao bloco soviético que, embora já apresentassem sinais de decadência 
econômica, ainda inspiravam cientistas sociais de orientação marxista ou socialistas em países desenvolvidos e em 
desenvolvimento. 
6 Tal foi o caso do governo socialista do francês François Miterrand, que em 1981 tentou implantar um modelo econômico 
mais socialista do que social democrata, tento que retroceder já em 1983 
7 O efeito positivo destas receitas sobre as contas públicas desapareceu após o ciclo de privatizações 
8 “Se observarmos a regularidade e a frequência com que os aspirantes ao monopólio obtêm ao auxílio do Estado para 
tornar efetivo o seu controle, nos convenceremos de que o monopólio não é em absoluto inevitável. ” (Hayek, 1944, p.66) 
 
 
 
2 MARGARETH THATCHER (DAMA DE FERRO) 
Margareth Thatcher, odiada pela esquerda e alçada à condição de mito pela 
direta, foi umas das personalidades mais influentes do século XX Ela foi a primeira – 
e até hoje – mulher a chefiar o governo do Reino Unido, reeleita primeira-ministra em 
três mandatos consecutivos de 1979-1990, chegando a ganhar o apelido de “Dama 
de Ferro”. O apelido “Dama de Ferro” foi dado pela imprensa soviética nos anos 1970, 
para caracterizar sua forte oposição aos regimes comunistas, ela conduziu a política 
doméstica com a mesma personalidade intransigente, provocando tanto admiração 
quanto repudio entre os ingleses. 
 
2.1 O ressurgimento do pensamento liberal inglês. 
No começo dos 80, o mundo presenciou um ressurgimento liberal, uma 
reação contraria aos excessos das políticas keynesianas. Tais politicas tinha 
acelerado o nível da taxa de inflação nos países desenvolvidos. No front político o 
movimento liberal4 foi aderido pelas grandes potências econômicas na época Reino-
Unido (Thatcher) e Estados Unidos (Reagan). No front econômico eles se inspiraram 
nas ideias de Hayek e Friedman para o ressurgimento do liberalismo. Simonsen 
(1994, p.280), ele resumiu os objetivos de política econômica do liberalismo na década 
de 80 que foram: (i) combater a inflação; (ii) fortalecer a cooperação internacional; e 
(iii) reduzir o tamanho do Estado. Em suas palavras esse autor detalha sobre esses 
tópicos: 
O combate à inflação seria conseguido pela implantação, pelos bancos 
centrais, de rígida disciplina monetária, o que basicamente foi conseguido, 
tanto nos EUA quanto na Europa ocidental e no Japão. No campo tributário, 
a ordem era simplificar impostos, reduzindo as alíquotas progressivas do 
imposto de renda, que desestimulavam a iniciativa e o trabalho individuais. 
Assim, a incidência máxima do imposto de renda sobre a pessoa física foi 
reduzida para 32% nos EUA e para 40% na Inglaterra. Os controles do 
governo sobre a atividade econômica deviam ser reduzidos drasticamente, 
por um amplo progresso de desregulamentação. Isso significa a supressão 
2 
 
4 Ou “neoliberal”, como alguns economistas e pensadores de esquerda preferem. 
 
do controle de preços, de câmbio e de movimentos de capitais, entre outros. 
As despesas sociais passaram a ser mais cuidadosamente disciplinadas, 
como em tese deveria também acontecer com os gastos militares. As 
empresas estatais passaram a ser caricaturas como dinossauros 
administrados, cabides de empregos para apaniguados políticos, incapazes 
de oferecer qualquer resistência à pressão dos sindicatos. Iniciou-se, assim 
amplo programa de privatização, detonado na Inglaterra por Margareth 
Thatcher e muito bem adaptado na Espanha socialista de Felipe Gonzalez, e 
no chile sob o regime de Pinochet e adotado, já na década de 90, pelo México 
e pela Argentina. Finalmente procurou-se enfrentar o poder dos sindicatos, 
impedindo-os de jogar a inflação contra a ameaça de desemprego. 
(Simonsen, 1994, p.280). 
 
 
Na Inglaterra e nos Estados Unidos, o ressurgimento do liberalismo ocorreu 
dentro de um contexto de fortes embates ideológicos5. No âmbito dos países 
mencionados nesse artigo, a retomada do pensamento liberal servia como uma 
espécie de revanche dos republicanos contra os democratas e dos conservadores 
contra os liberais. Nos governos sociais democratas da Europa, serviu como um 
reparo aos excessos Keynesianos6. 
Todavia, é um tanto é um curioso perceber que os países que mais 
promoveram o surgimento liberal (Estados unidos e na Inglaterra) e que serviram 
como exemplos para críticas dirigidas às bases da política econômica keynesiana, 
não lograram obter uma condição razoável de equilíbrio orçamentário. O grupo 
econômico americano promoveu reduções tributarias bastante agudas e, ao mesmo 
intensificou despesas militares com isso levou um aumento no déficit orçamentário a 
partir de 1981. Enquanto isso do outro lado do Atlântico, Thatcher obteve superávits 
em sua gestão. Mas eles não foram decorrentes da maior eficiência obtida por uma 
melhor coordenação promovida pelo setor privado em mercados mais competitivos e 
livres, tal como pregava Hayek. Na verdade, foram as receitas das vendas dos ativos 
das estais privatizadas que melhoraram as contas públicas britânicas7. 
Influenciadas pelas ideias kayekianas e dotada de forte senso de estar servindo a 
interesses da elite britânica, representada pelo Partido Conservador, Thatcher 
empreendeu reformas profundas que se pautaram pela desregulamentação do setor 
financeiro, pelo combate aos monopólios estatais (por meio das privatizações)8, por 
medidas de flexibilização do mercado de trabalho e pelas posições contrarias ao 
socialismo. 
3 
 
5 Ainda haviam vários países pertencentes ao bloco soviético que, embora já apresentassem sinais de decadência 
econômica, ainda inspiravam cientistas sociais de orientação marxista ou socialistas em países desenvolvidos e em 
desenvolvimento. 
6 Tal foi o caso do governo socialista do francês François Miterrand, que em 1981 tentou implantar um modelo econômico 
mais socialista do que social democrata, tento que retroceder já em 1983 
7 O efeito positivo destas receitas sobre as contas públicas
desapareceu após o ciclo de privatizações 
8 “Se observarmos a regularidade e a frequência com que os aspirantes ao monopólio obtêm ao auxílio do Estado para 
tornar efetivo o seu controle, nos convenceremos de que o monopólio não é em absoluto inevitável. ” (Hayek, 1944, p.66) 
 
 
 
2.3 Redução nos gastos do governo 
O objetivo de reduzir os gastos do governo foi atingindo em termos relativos, 
mas não finalizados completamente. A proporção do Produto Nacional Bruto britânico 
alocada pelo estado caiu cerca de 41% em 1978 para cerca de 39% em 1989 
(Treasury 1989). Dentro de um contexto essa queda ocorreu de um crescimento 
econômico substancial. Em termos reais, os gastos estatais de fato subiram de cerca 
de 137 bilhões de libras em 1979 para 153 bilhões em 1989, a preços de 1989 – teve 
um aumento significativo de 11%. 
Os gastos com bem-estar, constituem mais da metade de todos os gastos 
estatais, seguem um padrão semelhante. O total combinado de gastos com seguro 
social, educação, Serviço Nacional de Saúde (NHS), serviços sociais pessoais e 
moradia subsidiada subiu de cerca de 75 bilhões de libras para 89 bilhões a preços 
de 1989. A proporção do PIB, o total caiu de 23 para 21%. Entretanto esses dados 
podem levar a conclusões equivocadas. 
Os gastos com educação e serviços sociais pessoais subiram ligeiramente, 
em um pouco mais de um terço. Estes aumentos relativos foram causados pelas 
mudanças demográficas e a elevação do desemprego. A queda mais espetacular foi 
a do programa relativamente sem importância de moradias populares – de 7,4 para 
2,1 bilhões de libras durante o período, sendo que estão programadas outras 
reduções substanciais. Os cômputos nacionais consideram o resultado de venda bens 
como gastos negativos. Desde 1979, mais de 1,2 milhão de casas populares foram 
vendidas aos moradores, pelo plano “Direito de compra”, com descontos de até 75% 
do valor avaliado. Em 1989 os rendimentos de capital reduziram o total de gastos com 
habitação em mais de 2,5 bilhões de libras. 
Embora os gastos com serviços tenham se mantido, havia graves problemas 
de insuficiência de fundos. Em 1987, a preocupação com o NHS (Serviço Nacional de 
Saúde) atingiu o ápice. Uma declaração conjunta sem precedentes, feita pelos 
4 
 
4 Ou “neoliberal”, como alguns economistas e pensadores de esquerda preferem. 
 
presidentes de todos os Royal Colleges, afirmou que os serviços “que chegaram ao 
ponto de colapso”, alegação reiterada pelo ex-chefe médico do Departamento de 
Saúde e Previdência Social (DHSS). Com isso houve uma desigualdade cada vez 
maior na área da saúde. Uma revisão feita em 1979 do Black Report conclui-, “de 
modo geral, a taxa de mortalidade declinou mais depressa nas classes ocupacionais 
mais altas do que nas baixas, contribuindo assim para aumentar o abismo entre 
ambos. De fato, em alguns aspectos a saúde das classes ocupacionais mais baixas 
deteriorou, em contraste com a melhora na população geral. 
O impacto das mudanças nos gastos públicos foi o de ampliar as 
desigualdades de cobertura. Houve um aumento na miséria dos grupos mais pobres: 
o número de famílias sem casa dobrou durante a década, chegando a mais de 
200.000 para mais de um milhão (Layard 1987), e o número dos que vivem à beira, 
ou abaixo do nível de assistência público como último recurso aumentou de 6 para 9,4 
(DHSS 1988). O sistema de seguro nacional para desempregados sofreu um colapso 
sob o impacto do desemprego de longo prazo. Além disso as mudanças na estrutura 
dos benefícios retiraram as coberturas por acréscimo de filhos, de modo que o impacto 
das reformas repousa, em grau considerável, sobre a estrutura doméstica. 
Estas mudanças se realizaram num contexto de modificações substancias no 
padrão da distribuição de renda. No ano de 1976, o quinto inferior de todos os 
domicílios (classificados segundo a renda de mercado ganha e não ganha, sem levar 
em consideração o efeito dos impostos e benefícios governamentais) ficava com 0,8% 
do total das rendas, enquanto que o quinto superior ficou com 44,4%. No ano de 1986, 
a parcela tomada pelo quinto inferior tinha caído para 0,3% e a do quinto superior 
subiu para 50,7% do total de rendas. O impacto da intervenção do Estado, através da 
taxação direta e indireta e dos benefícios em dinheiro e espécie, foi o de mitigar, mas 
não reverter, a tendência a uma maior desigualdade. De modo geral, o efeito dessas 
mudanças do governo nos gastos públicos foi o de destinar uma proporção maior dos 
recursos para os mais ricos, de modo que a defasagem aumenta ainda mais. 
 
 
 
5 
 
5 Ainda haviam vários países pertencentes ao bloco soviético que, embora já apresentassem sinais de decadência 
econômica, ainda inspiravam cientistas sociais de orientação marxista ou socialistas em países desenvolvidos e em 
desenvolvimento. 
6 Tal foi o caso do governo socialista do francês François Miterrand, que em 1981 tentou implantar um modelo econômico 
mais socialista do que social democrata, tento que retroceder já em 1983 
7 O efeito positivo destas receitas sobre as contas públicas desapareceu após o ciclo de privatizações 
8 “Se observarmos a regularidade e a frequência com que os aspirantes ao monopólio obtêm ao auxílio do Estado para 
tornar efetivo o seu controle, nos convenceremos de que o monopólio não é em absoluto inevitável. ” (Hayek, 1944, p.66) 
 
 
 
 
 2.3 Privatizações 
A venda dos bens, muitas vezes com descontos substancias, se tornou uma 
importante fonte de renda para o Estado britânico. Desde o ano de 1979, esta renda 
chegou a mais de 17 bilhões de libras, a preços do ano de 1989. O planejamento dos 
gastos abordado nesse quesito foi gerado uma renda de pelo menos 5 bilhões de 
libras nós três anos seguintes (Treasury 1989). Exceto na área de vendas de moradias 
populares, a política de privatização atuou com cautela quanto aos serviços 
previdenciários. Havia projetos menores para a estimulação do controle privado pela 
desregulamentação dos alugueis, pagando as mensalidades escolares de alunos 
brilhantes provenientes da classe trabalhadora (verba que cobre menos de 1% do total 
de alunos das escolas secundarias, e é redirecionada às escolas para alunos da 
“classe média decadente”, e não da origem operaria – Salter et al. 1987) e para 
desregulamentar uma série de serviços, incluindo o transporte de ônibus e dos 
serviços oftálmicos e ópticos. Houve também aumentos substancias nas tarifas das 
receitas médicas do NHS e em outras despesas, como os serviços sociais municipais, 
serviços dentários e em alugueis em moradias populares. 
Mudanças nos contratos com os médicos do NHS em 1980 facilitou o 
exercício das clinicas particulares em regime de meio período. A proporção de 
pessoas que optaram por consultarem sob esse esquema subiu de 45% para 85%. 
Essas novas regras criaram uma poderosa força em favor da ampliação da medicina 
privada. Essas mudanças afetaram certas minorias particulares, ou são triviais em 
relação ao volume de serviços de bem-estar social estatais. 
A políticas de pensões e aposentadorias também estavam sendo planejas 
para expandir-se ao setor privado. Naquele momento a pensão estatal se consistiam 
de duas partes – um piso fixo e um suplemento relacionado com o salário, destinado 
a elevar gradativamente os pagamentos em relação às contribuições, a fim de pagar 
6 
 
4 Ou “neoliberal”, como alguns economistas e pensadores de esquerda preferem. 
 
benefícios adicionais plenos no próximo século. Os empregadores poderiam optar por 
retirar os empregados do esquema de pensões estatais, desde que oferecessem um 
esquema alternativo de benefícios. As pensões ocupacionais se expandiram na 
década de 50 e início da de 60 sob um regime tributário favorável, mas na última 
década não iriam cobrir mais que cerca de 60% da força de trabalho. A lei da 
Previdência Social do ano de 1986 estimulava a transferência das pensões
estatais 
para esquemas privados, através de uma combinação de cortes no esquema estatal 
(que prejudicaram especialmente as mulheres e as viúvas), subsídios de contribuição 
e desregulamentação do fornecimento de benefícios. Até o final do século estas 
mudanças reduziriam os benefícios a cerca de metade do nível planejado. Estimava-
se que cerca de metade das pessoas não cobertas pelos planos particulares optariam 
por esses esquemas, embora a mudança foi mais atraente para os jovens 
trabalhadores. 
Há quatro pontos a notar quanto à ampliação do setor privado. Primeiro, o 
crescimento das dotações particulares para as áreas de bem-estar, excetuando a 
moradia e as pensões. Segundo, praticamente todas as ampliações do setor privado 
envolveram um aumento dos subsídios estatais, à medida que o estado retirava as 
dotações diretas, e frequentemente envolveram também um aumento da atividade 
estatal de regulação. As privatizações não se consistiam simplesmente na retração 
do Estado ou na liberação da livre empresa. Ela é melhor compreendida como um 
redirecionamento da intervenção do Estado –a busca dos objetivos de bem-estar por 
outros meios. Terceiro lugar, o processo de quase privatização, que permite que as 
instituições como escolas e hospitais saiam do regime de planejamento estatal 
operem como entidades autodirigidas subsidiadas pelo estado, é outro aspecto do 
redirecionamento do Estado. E em quarto lugar, o setor privado costuma atender os 
grupos de renda mais elevada: por exemplo, no ano de 1986, 23% dos profissionais 
e executivos estavam cobertos pelo seguro particular, contra 2% dos trabalhadores 
manuais (CSO 1989: 132). 
 
 
 
 
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5 Ainda haviam vários países pertencentes ao bloco soviético que, embora já apresentassem sinais de decadência 
econômica, ainda inspiravam cientistas sociais de orientação marxista ou socialistas em países desenvolvidos e em 
desenvolvimento. 
6 Tal foi o caso do governo socialista do francês François Miterrand, que em 1981 tentou implantar um modelo econômico 
mais socialista do que social democrata, tento que retroceder já em 1983 
7 O efeito positivo destas receitas sobre as contas públicas desapareceu após o ciclo de privatizações 
8 “Se observarmos a regularidade e a frequência com que os aspirantes ao monopólio obtêm ao auxílio do Estado para 
tornar efetivo o seu controle, nos convenceremos de que o monopólio não é em absoluto inevitável. ” (Hayek, 1944, p.66) 
 
 
 
 
 
3 Ronald Reagan 
 
Ronald Reagan (1911-2004) foi um político norte-americano. Foi governador 
da Califórnia e presidente dos Estados Unidos durante dois mandatos. Ingressou na 
política tornou-se membro do Partido Democrata, mas passou para o Partido 
Republicano, em 1962, pois não aprovava as ideias esquerdistas que os democratas 
estavam adotando. Em 1966, foi eleito governador da Califórnia pelo Partido 
Republicano. Governou a Califórnia entre os anos de 1967 e 1974. Foi o presidente 
mais velho da história, com 69 anos. Foi eleito em 1980 e reeleito em 1984, 
permanecendo no poder por oito anos. O desenvolvimento econômico interno ocorrido 
durante seu primeiro governo garantiu-lhe popularidade e permitiu que se reelegesse 
em 1984. Intensificou uma política de corte de gastos públicos, principalmente na área 
de bem-estar social e de desregulamentação da economia, favorecendo o 
desemprego e a concentração da renda pelos mais ricos dentro dos princípios do 
neoliberalismo. 
 
3.1 A política econômica do governo Reagan 
Ao contrário de seus antecessores republicanos, Eisenhower, Nixon e Ford, 
Ronald Reagan não era uma figura do establishment (estabelecimento) político norte 
americano. Reagan era um integrante do “movimento conservador” que havia surgido 
nos anos de 1950. Durante sua campanha eleitoral Reagan dizia que o principal 
problema econômico enfrentado pela economia americana era a elevada taxa de 
inflação. Para Brownlee (2006), o problema da inflação trouxe importantes 
consequências políticas. 
O que a grande Inflação fez politicamente era criar condições que 
permitissem um movimento antigovernamental que tivesse vindo a reunir 
8 
 
4 Ou “neoliberal”, como alguns economistas e pensadores de esquerda preferem. 
 
força apenas desde o início dos anos de 1960 para assumir o controle do 
governo federal na eleição de 1980. (BOWNLEE, 2006: 143) 
 
No contexto econômico, as correntes chamadas de neoliberais ganharam 
espaço em diversos países na década de 80. Além de atribuir a inflação alta à emissão 
de moeda pelos Bancos Centrais, como os monetaristas desde os anos antes 
(FRIEDMAN, 1982), os neoliberais apontavam impostos elevados e regulamentação 
das atividades econômicas como os responsáveis pela estagnação prolongada da 
economia (SLOAN, 2007). As propostas de Reagan para a recuperação econômica 
baseavam-se nas políticas de supply-side (economia ao lado da oferta) que era uma 
ruptura do modelo de inspiração keynesiana de regulação da economia pelo controle 
da demanda efetiva. Tratava-se de apostar no crescimento pelos incentivos à oferta, 
à produção e ao investimento, por meio de corte nos impostos, redução das 
regulações e interferência do Estado na economia e o fim das políticas contracíclicas. 
Os incentivos ao investimento e à produção daí decorrente incentivariam a oferta e a 
recuperação da economia. 
Reagan em 1981 procurou cumprir as suas promessas de campanha e 
colocou em pratica o Economic Recovery Tax (ERTA), o maior corte de impostos da 
história dos Estados Unidos, prioridade política durante o seu primeiro ano de 
mandato. Entretanto, antes dos efeitos do ERTA aparecerem, os sinais de recessão 
e fazendo assim ter um aumento do déficit orçamentário se tornarem evidentes. No 
ano de 1982 foi aprovado no congresso, o Tax Equity and Fiscal Responsabilty Act 
(TEFRA) que previa uma elevação na taxa de impostos. 
 
No ano de 1981 houve aumento da recessão, a taxa de desemprego 
aumentou 10,7%, a receita diminuiu, o déficit orçamentário aumentou de US$ 73,8 
bilhões em 1980 para US$ 207,8 bilhões no ano de 1983 e a inflação continuou 
elevada. A aprovação do governo Reagan caiu para 35% e o Partido Republicano 
perdeu 26 cadeiras nas eleições para o Congresso (SLOAN, 2007). Em 1981, o ERTA 
e o subsequente déficit orçamentário federal norte-americano não geravam apenas 
impactos negativos internos, mas tiveram um impacto profundo e não esperado em 
toda economia mundial. 
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5 Ainda haviam vários países pertencentes ao bloco soviético que, embora já apresentassem sinais de decadência 
econômica, ainda inspiravam cientistas sociais de orientação marxista ou socialistas em países desenvolvidos e em 
desenvolvimento. 
6 Tal foi o caso do governo socialista do francês François Miterrand, que em 1981 tentou implantar um modelo econômico 
mais socialista do que social democrata, tento que retroceder já em 1983 
7 O efeito positivo destas receitas sobre as contas públicas desapareceu após o ciclo de privatizações 
8 “Se observarmos a regularidade e a frequência com que os aspirantes ao monopólio obtêm ao auxílio do Estado para 
tornar efetivo o seu controle, nos convenceremos de que o monopólio não é em absoluto inevitável. ” (Hayek, 1944, p.66) 
 
 
 
Em 1982 o clima político americano estava conturbado devido à recessão, ao 
aumento do desemprego e ao crescimento do déficit público. No mesmo ano, o 
Escritório de Analise Fiscal do Departamento do Tesouro implementou várias 
alterações fiscais, seguindo o que havia sido aprovado na lei norte-americana Tax 
equity and Fiscal Responsability Act (TEFRA), a qual foi desenhada para levantar US$ 
98,3 bilhões em três anos e recuperar parte da receita de impostos perdida (SLOAN, 
2007). Dois anos depois, em 84, o Congresso aprovou o Deficit Reduction Act 
(DEFRA), essa política tinha como objetivo alvo o fechamento de brechas existentes 
no sistema de arrecadação norte-americano, através
das quais muitos conseguiam 
pagar taxas menores. Tanto o TEFRA quanto o DEFRA tinham como objetivo diminuir 
o déficit orçamentário gerado pelo ERTA em 1981. Até o ano de 1990, os programas 
DEFRA e TEFRA arrecadaram conjuntamente cerca de US$ 100 bilhões (SLOAN 
,2007). 
O processo recessivo nos Estados Unidos teve início em julho de 1981 e 
terminou ao final de 1982. O gráfico 1 demonstra o acentuado aumento inflacionário 
durante a segunda metade da década de 1970 e seu declínio a partir do ano de 1981. 
 
 
Gráfico 1: Média anual da taxa de inflação nos EUA calculada a partir do índice de preços 
dos consumidores. Fonte: Bureau of Labor Statistics (BLS); 2013 
10 
 
4 Ou “neoliberal”, como alguns economistas e pensadores de esquerda preferem. 
 
Nesse meio tempo, com o dólar valorizado, a balança comercial dos Estados 
Unidos atingiu enormes déficits comerciais. Simonsen (1995) comenta que essa era 
a contrapartida da mistura “aperto monetário – expansão fiscal – taxas flutuantes de 
câmbio”. A maior parte do déficit público norte americano foi financiada pelo ingresso 
de capitais estrangeiros, sobretudo japoneses e alemães. O secretário do tesouro na 
época entrou em acordo com os ministros das finanças do Grupo dos Cinco (Estados 
Unidos, Japão, Alemanha, Inglaterra e França) para promover uma queda gradual do 
dólar mediante a uma cooperação entre os bancos. Com isso a valorização do dólar 
de 1981 a 1985 desfez nos cinco anos seguintes. A inflação não se acelerou graças 
aos fatores destacados por Simonsen (1995); 1) política monetária bem controlada; 2) 
queda dos preços internacionais do petróleo e de outros produtos primários; 3) dado 
o tamanho do mercado norte-americano, muitos preços são fixados em dólar, 
independente das oscilações da moeda norte americana a outras moedas. 
Em 1984, período da campanha de reeleição de Reagan, o PNB (produto 
nacional bruto) crescia a 6,8% ao ano, e a inflação havia caído para 4,3%. Apesar do 
crash da bolsa em 1987 o boom continuava (GIBBS, 2004). Segundo Simonsen 
(1995) o trunfo do governo Reagan foi ter conseguido aumentar substancialmente o 
prestigio dos Estados Unidos como porto seguro do capitalismo, apesar de ter se 
transformado, em uma década, de maior credor em maior devedor internacional, 
perdendo ativos e acumulando passivos de trilhões de dólares. Segundo Gibbs (2004) 
os ganhos proporcionados pela política econômica do governo Reagan não foram 
distribuídos equitativamente. Pela primeira vez, desde a Grande Depressão o termo 
homeless (sem teto) aparecem nos Estados Unidos. A reestruturação das empresas 
pressionadas pela concorrência resultou numa febre de fusões e reengenharias. 
Segundo Gibbs (2004) foi caótico para as empresas e doloroso para trabalhadores de 
todos os níveis, mas no fim a economia norte americana ficou mais competitiva, com 
empresas mais inovadoras e ágeis para responder os impulsos do mercado, ainda 
que seus trabalhadores se sentissem menos seguros ou fossem menos fieis. 
 
 
 
 
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5 Ainda haviam vários países pertencentes ao bloco soviético que, embora já apresentassem sinais de decadência 
econômica, ainda inspiravam cientistas sociais de orientação marxista ou socialistas em países desenvolvidos e em 
desenvolvimento. 
6 Tal foi o caso do governo socialista do francês François Miterrand, que em 1981 tentou implantar um modelo econômico 
mais socialista do que social democrata, tento que retroceder já em 1983 
7 O efeito positivo destas receitas sobre as contas públicas desapareceu após o ciclo de privatizações 
8 “Se observarmos a regularidade e a frequência com que os aspirantes ao monopólio obtêm ao auxílio do Estado para 
tornar efetivo o seu controle, nos convenceremos de que o monopólio não é em absoluto inevitável. ” (Hayek, 1944, p.66) 
 
 
 
3.2 O consenso de Washington 
O “Consenso de Washington” é a expressão cunhada para resumir um 
decálogo de medidas política econômica consensuais entre as agências norte-
americanas e agências internacionais na capital norte-americana. Seus dez pontos 
principais podem ser considerados como uma síntese das políticas defendida pelo 
neoliberalismo, que se configuraram como solução para a inflação crônica por que 
passavam os países latinos americanos na década de 80, a exemplo do México, Peru, 
Bolívia, Argentina, Venezuela, e Brasil. Este foi o último a aderir políticas liberais, na 
década de 90, coroadas pelo Plano Real em 1994 (governo de Fernando Henrique 
Cardoso). 
O decálogo do Consenso de Washington foi sintetizado por Ferraz et al (2002) 
em: 
1. Disciplina Fiscal – caracterizada por um significativo superávit 
primário e por déficits operacionais de não mais de 2% do PIB. 
2. Priorização dos gastos públicos, através de seu redirecionamento 
de áreas politicamente sensíveis que recebem mais recursos do que seria 
economicamente justificável – como a manutenção da máquina administrativa, 
a defesa ou os gastos como subsídios indiscriminados -, para setores com 
maior retorno econômico e/ ou com potencial para melhorar a distribuição de 
renda, tais como saúde, educação e infraestrutura. 
3. Reforma fiscal, baseada na ampliação da base tributária e na 
redução de alíquotas marginais consideradas excessivamente elevadas. 
4. Liberalização do financiamento, como vistas à formação de taxas 
de juros pelo mercado, ou como objetivo intermediário mais realistas e até 
mesmo mais conveniente no curto e médio prazo – para evitar taxas muito 
elevadas -, procurando o fim de juros privilegiados e visando a obtenção de 
uma taxa de juros real positiva e moderada. 
12 
 
4 Ou “neoliberal”, como alguns economistas e pensadores de esquerda preferem. 
 
5. Unificação da taxa de câmbio em níveis competitivos, como o fim 
de eliminar sistemas de taxa de câmbio múltiplos e assegurar o rápido 
crescimento das exportações. 
6. Liberalização comercial, através da substituição de restrições 
quantitativas por tarifas de importação, que, por sua vez, deveriam ser 
reduzidas para um nível baixo “... de 10% ou, no máximo, perto de 20%. ” 
7. Abolição das barreiras ao investimento externo direto. 
8. Privatização. 
9. Desregulamentação. 
10. Garantia do direito de propriedade, através da melhoria do 
sistema judiciário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
5 Ainda haviam vários países pertencentes ao bloco soviético que, embora já apresentassem sinais de decadência 
econômica, ainda inspiravam cientistas sociais de orientação marxista ou socialistas em países desenvolvidos e em 
desenvolvimento. 
6 Tal foi o caso do governo socialista do francês François Miterrand, que em 1981 tentou implantar um modelo econômico 
mais socialista do que social democrata, tento que retroceder já em 1983 
7 O efeito positivo destas receitas sobre as contas públicas desapareceu após o ciclo de privatizações 
8 “Se observarmos a regularidade e a frequência com que os aspirantes ao monopólio obtêm ao auxílio do Estado para 
tornar efetivo o seu controle, nos convenceremos de que o monopólio não é em absoluto inevitável. ” (Hayek, 1944, p.66) 
 
 
 
CONCLUSÃO 
Concluímos nesse artigo como a política econômica neoliberal foi introduzida 
nos dois países mais importantes do mundo entre os anos de 1980 e sua influência 
na américa latina. 
A vitória de Margareth Thatcher na Inglaterra, assegurou para esse país o 
pioneirismo na Europa na efetivação da receita neoliberal. A Inglaterra foi o primeiro 
país do centro do capitalismo a se empenhar na concretização do neoliberalismo. 
As ações da “Dama de ferro” foram: contração da emissão de moeda 
corrente, elevação da taxa de juros; redução dos impostos dobre os rendimentos 
altos; abolição do controle sobre fluxos financeiros; criação de níveis de desemprego 
massivos; imposição de uma legislação anti-sindical e lançamento de um amplo 
programa de privatização que atingiu a habitação publica entre outros.
Ronald Reagan, marcou o início da pratica neoliberal nos Estados Unidos, a 
qual permaneceu durante toda a década de 1980. O monetarismo de Milton 
Friedman teve uma influência grande no começo, porém a sua rigidez doutrinal criou 
problemas. Por esse motivo foi substituído por formas menos dogmáticas, mas 
sempre originadas da doutrina do laissez faire, do princípio da não intervenção do 
Estado na economia. 
Medidas neoliberais implementadas por Ronald Reagan: elevação das taxas 
de juros e redução dos impostos dos ricos. No entanto, não acatou outra medida da 
cartilha neoliberal, o controle orçamentário. Gastou muito dinheiro numa corrida 
armamentista sem precedentes com a URSS, levando os Estados Unidos ao maior 
déficit público da sua história. 
 
 
 
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4 Ou “neoliberal”, como alguns economistas e pensadores de esquerda preferem. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
PASSOS, Marcelo de oliveira e CAVALIERI, Marco A Ribas. A força da liderança com ideias 
ou Thatcher, Hayek e o Brasil. Revista Economia & Tecnologia, Curitiba, v. 10, n 1, p. 99-
108, Jan/Mar 2014. 
SPÍNOLA, Vera. Neoliberalismo: considerações origem e história de um pensamento único. 
Revista de Desenvolvimento Econômico, Salvador, ano 6, n 9, p. 104-114, Jan 2004. 
CORTEZ, Ana Claudia Salgado; CARVALHO, Carlos Eduardo; CUNHA, Patrícia H 
Fernandes. O período de 1981 a 1985 do governo Reagan e o processo de consolidação 
dos EUA como a principal potência mundial. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTORIA 
ECONÔMICA, 11.,2015, Vitoria. Resumos... Vitória: UFES, 2015 p. 1. 
HAYEK, F. A. O caminho da servidão. Rio de Janeiro: Instituto Liberal, 1984. (Do original 
“Road to Serfdom”, publicado em 1944). 
SIMONSEN, M. H. Ensaios Analíticos. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio 
Vargas, 1994. 
SIMONSEN, M. H. e CYSNE, R. P. Macroeconomia. São Paulo: Editora Atlas, 1995. 
GIBBS, Nancy. The All-American President. Em time magazine, June14, Vol. 163, No. 24, 
2004.

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