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Análise de Conjuntura

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Disciplina: Sociologia I
Docente: Prof.ª. Dr.ª Sílvia Maria dos Santos Stering
Discente: Müller Camilo Coelho
Referência Bibliográfica: SOUZA, Herbert J. de. Como se faz Análise de Conjuntura. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 1985.
ANÁLISE DE CONJUNTURA
	A obra de autoria de Hebert José de Souza, renomado sociólogo e cientista político data precisamente do ano de 1984, mas no entanto seu conteúdo continua muito relevante para a sociedade contemporânea. O autor define análise de conjuntura como uma leitura de uma determinada situação utilizando alguns elementos que te ajudam a compreender o que está acontecendo. Segundo ele, esta análise é algo rotineiro e a fazemos todo tempo, muitas vezes sem ter ciência disso. Para tanto é preciso fazer uma avaliação sobre os interesses e as necessidades de decisão antes que a mesma seja tomada.
	Neste contexto, a análise de conjuntura denota grande importância perante o cenário político e econômico do nosso país, visto que o que presenciamos na atualidade é fruto de algo estruturado no passado. Como a análise de conjuntura compreende uma atualização da estrutura, a estrutura ainda continua sendo o fator determinante para que se compreenda a lógica dos acontecimentos.
	Segundo o autor, ao analisar a conjuntura é preciso não somente conhecer os fatos e os acontecimentos, mas concomitantemente desvendá-los, pois só assim podemos fazer uma leitura real, compreender as necessidades e/ou interesses das partes envolvidas e assim chegar à melhor solução.
	O autor apresenta em seguida as categorias necessárias para que se faça a análise de conjuntura e ressalta que cada uma de forma particular possui sua importância. A primeira delas compreende uma análise minuciosa dos acontecimentos (ocorrência que por sua dimensão e efeitos afetam a sociedade como um todo) que se sobrepõem aos fatos e precisam ser averiguados no momento oportuno e podem assim indicar ou revelar uma realidade. É de suma importância que possa se diferenciar os acontecimentos dos fatos. A importância da análise a partir dos acontecimentos é que eles indicam sempre certos "sentidos" e revelam também a percepção que uma sociedade ou grupo social, ou classe tem da realidade e de si mesmos. Para encontrá-los geralmente usa-se a pergunta: “O que?”
	Em seguida temos os cenários onde nos questionamos “Onde? Quando?” As ações da trama social e política se desenvolvem em determinados espaços que podem ser considerados como cenários. São fatores que precisam ser identificados visto que suas particularidades e mudanças podem vir a se tornar fatores determinantes. 
	Posteriormente dá a definição aos atores sociais que são os indivíduos ou grupo, a classe ou entidade que diante da realidade representam, idealizam, prometem ou reivindicam. São os protagonistas que saem em defesa da causa.
	Há também o que o autor define como relação de forças. Os diferentes atores sociais estão em relação uns com os outros. Essas relações podem ser de confronto, de coexistência, de cooperação e estarão sempre revelando uma relação de força, de domínio, igualdade ou subordinação. Nestas relações, o detentor do poder possui grande alternância o que torna estas relações mutáveis e imprevisíveis.
	Segundo o autor, por trás de um acontecimento há toda uma estrutura correlacionada, sendo que este gera uma situação que consequentemente, logo se traça bem facilmente uma conjuntura como definição.
	Em seguida, é abordada a temática do sistema do capital mundial como elemento estruturante e fundamental para analisar a conjuntura de todo um processo econômico, social e político. O capital possui vocação universal e necessita da aprovação do poder público nacional. Vale ainda ressaltar que a transnacionalização capitalista é fator determinante da desigualdade social e econômica. O estado quando submetido a tal sistema faz uso de políticas sociais indesejadas, afastando-se cada vez mais da sociedade, bem como da conquista democrática de direitos.
	Dentro deste raciocínio o autor nos convida a refletirmos sobre as formas de controle político, trazendo a tona a discussão do poder econômico do Estado e dos setores privados, onde há a real necessidade de submissão, ao qual resta claramente o comprovado o poder e controle exercido através da coerção econômica. O autor destaca também a questão dos mecanismos ideológicos de resignação e medo, onde a resignação, a aceitação, o conformismo, tornam suas vítimas inertes, incapazes de quaisquer mudanças e o medo é fundamentado nas situações de perigos e ameaças que geralmente constituem situações temporárias.
As estratégias em jogo servem para identificar as intenções dos grupos e classes sociais e tentar descobrir os sentidos mais globais dos acontecimentos e da ação de diferentes atores. Estão presentes nos grupos dirigentes, na oposição e nos movimentos populares.
No capítulo seguinte, o autor trata da realidade contemporânea e nos demonstra que para a análise de conjuntura há uma real necessidade de se analisar as questões centralizadoras em destaque nesta luta social e política. São inúmeras as preocupações, centrais, operárias, agrárias e políticas. O diálogo entre a Igreja e o Estado deve ser mantido e restabelecido.
No pensamento do autor existe um campo de batalha o qual ele chama de “campo de confronto”, no qual são identificados os principais conflitos existentes em nossa realidade atual, em que a força e o poder são disputados pelo Estado em detrimento dos partidos políticos, das forças políticas internacionais, dos movimentos populares, da Igreja, dos empresários, dos militares e da sociedade em geral. Cada confronto traz sempre uma consequência que nem sempre é maléfica e nem sempre é benéfica.
Na obra o autor sugere um método dinâmico e eficaz para que seja feita a análise de conjuntura através de uma reunião social na qual cada um tenha o direito de levantar suas questões pertinentes identificando e selecionando as forças sociais envolvidas e quem as representa e que posteriormente serão debatidas, de forma pública e aberta sem a intervenção ou influência de terceiros. 
Em suma pode-se concluir que fazer análise de conjuntura não é algo simples como apenas descrever os fatos ocorridos, mas sim de um desvelar profundo, dinâmico e sistemático da realidade. É uma mistura de conhecimento e descoberta que por vezes pode ser complexa pois exige uma grande sensibilidade, uma grande perspicácia a partir dos dados coletados, uma capacidade de compreender os sentidos e as informações e de perceber as tendências e as relações.
	Um dos tópicos que mais me chamou a atenção enquanto lia o livro foi o tópico de número quatro que fala sobre as “Formas de Controle Político”. Pensar em participação e controle social significa tratar da relação entre Estado e sociedade civil. O Estado, dessa forma é a expressão das relações sociais de produção existentes na sociedade capitalista. O Estado, assim, representa a dominação de classe presente na sociedade civil, para garantir a manutenção e a reprodução das relações sociais estabelecidas pela ordem do capital. Dessa forma, o Estado não expressa o interesse geral e nem está voltado para o bem comum, simplesmente ele também atua atendendo a determinados interesses das classes subalternas, na medida da necessidade de garantia da estrutura de dominação fundada na propriedade privada. Em outras palavras, uma sociedade estruturada em classes sociais não há como haver interesse geral, pois os interesses estão vinculados às estruturas de classe. Além da coerção econômica, da interferência nos meios de organização social, dos mecanismos ideológicos de resignação e medo, o controle da informação talvez seja um dos mais notórios meios através dos quais a sociedade sofre grande controle por parte do Estado. Dentro da dinâmica do advento tecnológico e das redes sociais, o âmbito das Fake News ganha grande notoriedade como forma de controle social em massa. Essa dinâmica da comunicação não passou despercebida pelos grupos políticos, que, nos últimos anos, investiram massivamente napropagação de feitos favoráveis aos seus candidatos e desfavoráveis aos que se opõe. Tal característica ficou evidenciada e exposta ao mundo com as eleições presidenciais americanas de 2016 e as eleições brasileiras de 2018. Correlacionando isso com o pensamento de Durkheim, o Estado pode ser considerado uma instituição social. Para ele, instituição social é um mecanismo de organização da sociedade, é o conjunto de regras e procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, aceitos e sancionados pela sociedade, cuja importância estratégica é manter a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos que dele participam. As instituições são, portanto, conservadoras por essência, quer seja família, escola, governo, religião, ou qualquer outra, elas agem contra as mudanças, pela manutenção da ordem vigente. Durkheim registra, em sua obra, o quanto acredita que essas instituições são valorosas e parte em sua defesa. Sua defesa das instituições se baseia num ponto fundamental, o ser humano necessita se sentir seguro, protegido e respaldado. Uma sociedade sem regras claras ("em estado de anomia"), sem valores, sem limites leva o ser humano ao desespero. Uma rápida observação do contexto histórico do século XIX nos permite perceber que as instituições sociais se encontravam enfraquecidas, havia muito questionamento, valores tradicionais eram rompidos e novos surgiam, muita gente vivia em condições miseráveis, desempregados, doentes e marginalizados, algo bem próximo do que se observa na atualidade.

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