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Ana Luiza Bittencourt INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO Direito natural na visão de Leo Strauss - A filosofia grega (filosofia clássica) tinha uma ideia de enaltecer as virtudes, baseada na ideia de que nosso mundo é algo menor que faz parte de algo maior que existe. Nesse contexto, a dialética foi desenvolvida por Sócrates, um método de alcançar o conhecimento na Grécia Antiga, o qual consiste em três fases: • Tese; • Antítese; • Síntese. - Para Sócrates, cada contribuição em um processo dialético é chamada de opinião (doxa). O processo visa alcançar o conhecimento que é eterno. Ou seja, a dialética junta várias opiniões (cada sistema normativo é uma doxa) para então chegar ao conhecimento por meio dessa síntese de ideias, que dirá o que é eterno. - A existência de diversos sistemas normativos em diferentes locais do mundo e em diferentes épocas é, para Strauss, argumento para mostrar a existência de um direito natural. Jusnaturalismo x Juspositivismo Direito positivo: • Temporal e mutável; • A norma passa por um processo estipulado; • A validade de uma norma jurídica estará garantida se o processo de produção da norma obedecer ao processo pré-estabelecido. A condição para validade é estar de acordo com o ordenamento jurídico. Não há relação obrigatória com a justiça; • A concordância com o sistema normativo dá validade à norma. Direito natural: • Atemporal e imutável; • Strauss não escreve o rol de direitos naturais, pois é um processo de busca incessante e nunca o alcança. “Se encontrar alguém que busca a verdade, junte-se a ela. E se algum dia encontrar alguém que encontrou a verdade, afaste-se dela.” • Deve ser buscado pelo uso da razão; • Uma norma somente será válida se for justa. A ideia de justiça tem que estar associada à norma como condição para que tenha validade. E, portanto, a norma injusta não é válida; • A justiça dá validade à norma. O desprezo do direito natural na criação do ordenamento jurídico leva à conclusão de que o direito é mero instrumento de dominação de quem cria as normas juntamente com quem influencia sua criação sobre aqueles que não detêm esse poder. E essa dominação usa o discurso de democracia para legitimar a dominação e escondê-la. Tese + Antítese = Síntese O desprezo total do jusnaturalismo leva ao niilismo, doutrina segundo a qual nata tem valor em si e tudo é permitido. A importância do direito natural perdurou até a Idade Média, época em que o juspositivismo ganha destaque. Observação: defensores do juspositivismo dizem que o fato das sociedades mudarem, assim como seus costumes, é um meio de “desvalidar” o jusnaturalismo. Entretanto, é por meio da síntese desses diversos costumes ao longo do tempo que se chega ao que é eterno; o que é certo. O direito natural sempre respeita as características de cada lugar. O fato de existir diversas normas nos permite a chegar à verdade. Ainda assim, é impossível encontrar a verdade, mas é o fato de sempre buscá-la que caracteriza o direito natural, como uma busca incessante ao que se é certo fazer.
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