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Pâncreas endócrino

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Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 1 
 
Pâncreas 
Introdução 
O pâncreas é uma glândula mista, responsá-
vel tanto pela produção de enzimas digesti-
vas – secretadas na luz do duodeno -, como 
pela produção de hormônios – secretados 
no interstício. O pâncreas exócrino constitui 
80% do órgão, sendo composto por células 
acinares. Tais células são epiteliais pirami-
dais e secretam enzimas. Para isso, possuem 
grânulos ricos em proenzimas (zimogênios), 
como tripsinogênio, quimiotripsinogênio, 
procarboxipeptidase, pró-elastase, cali-
creinogênio e pró-fosfolipase A e B. Após a 
secreção, essas enzimas são conduzidas até 
o duodeno, através de ductos. Lá, são ativa-
dos por clivagem proteolítica no TGI. O pân-
creas endócrino é composto pelas ilhotas 
pancreáticas (de Langerhans), células secre-
toras de insulina, glucagon e somatostatina. 
Essa porção corresponde somente a 1-2% 
do órgão. 
Anatomia 
O pâncreas é uma glândula retroperitoneal, 
situada sobrejacente e transversalmente 
aos corpos das vértebras L1 e L2, na parede 
posterior do abdome. Situa-se atrás do estô-
mago, entre o duodeno (direita) e o baço 
(esquerda). É dividido em 4 partes: 
Cabeça é a parte expandida, circundada 
pela curvatura em “C” do duodeno. Está 
firmemente fixada à face medial das partes 
descendente e horizontal do duodeno. O 
processo uncinado, projeção da parte infe-
rior da cabeça, estende-se medialmente 
para a esquerda, posteriormente à artéria 
mesentérica superior (AMS). Ainda, a ca-
beça está apoiada, posteriormente, na veia 
cava inferior, artéria renal e veias renais di-
reita e esquerda. O ducto colédoco está 
em um sulco na face posterossuperior da 
cabeça. 
Colo é uma curta parte (1,5-2cm) situada 
sobre os vasos mesentéricos superiores, os 
quais deixam um sulco em sua face poste-
rior. A face anterior do colo está coberta 
por peritônio e se situa adjacente ao piloro 
do estômago. 
Corpo se situa à esquerda dos vasos me-
sentéricos superiores, passando sobre a 
aorta e a vértebra L1, posteriormente à 
bolsa omental. A face anterior é coberta 
por peritônio. Já a face posterior não tem 
peritônio e está em contato com a aorte, 
AMS, glândula suprarrenal esquerda, rim 
esquerdo e vasos renais esquerdos. 
Cauda se situa anteriormente ao rim es-
querdo, estando intimamente relacionada 
ao hilo esplênico e à flexura esquerda do 
colo. A cauda é relativamente móvel e 
passa entre as camadas do ligamento es-
plenorrenal, junto com os vasos esplêni-
cos. 
O ducto pancreático principal (ducto de Wir-
sung) começa na cauda e atravessa o parên-
quima até a cabeça, onde se volta inferior-
mente e tem uma íntima relação com o 
ducto colédoco. Tais ductos, geralmente, 
unem-se para formar a ampola hepatopan-
creática (de Vater), que se abre na parte des-
cendente do duodeno. Os músculos esfínc-
ter do ducto pancreático, esfíncter do ducto 
colédoco e esfíncter da ampola hepatopan-
creática (de Oddi) são constituídos por mús-
culo liso e controlam o fluxo de bile e de suco 
pancreático para a ampola, impedindo o re-
fluxo do conteúdo duodenal para a ampola 
hepatopancreática. 
A irrigação arterial se dá, principalmente, por 
ramos da artéria esplênica. As artérias pan-
creaticoduodenais superiores anterior e 
posterior (ramos da artéria gastroduodenal) 
e as artérias pancreaticoduodenais inferio-
res anterior e posterior (ramos da AMS) for-
mam arcos anteriores e posteriores que irri-
gam a cabeça do pâncreas. 
 
 
Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 2 
 
A drenagem venosa ocorre por meio das 
veias pancreáticas correspondentes, tributá-
rias das partes esplênica e mesentérica su-
perior da veia porta: a maioria drena para a 
veia esplênica. Os nervos do pâncreas são 
derivados dos nervos vago e esplâncnico ab-
dominopélvico que atravessam o diafragma. 
As fibras parassimpáticas e simpáticas che-
gam ao pâncreas pelas artérias dos plexos 
celíacos e mesentérico superior. Além de fi-
bras simpáticas para os vasos sanguíneos, há 
fibras simpáticas e parassimpáticas que são 
distribuídas para as células acinares e ilhotas 
pancreáticas. As fibras parassimpáticas são 
secretomotoras, mas a secreção pancreática 
é mediada, principalmente, por secretina e 
colecistocinina – hormônios secretados pe-
las células epiteliais do duodeno e parte pro-
ximal da mucosa intestinal sob o estímulo da 
acidez estomacal. 
Pâncreas Endócrino 
Hormônios Endócrinos 
INSULINA 
1. Síntese 
Inicialmente, há a síntese da pré-pró-insu-
lina, no REG das células B, onde, por uma cli-
vagem enzimática, ela será convertida em 
pró-insulina. Na rede trans-Golgi, a pró-insu-
lina é armazenada em vesículas revestidas 
por clatrina, que perdem esta cobertura à 
medida que se direcionam à membrana 
plasmática. Um segmento da molécula de 
pró-insulina próximo ao centro desta é re-
movido por autoexcisão (peptídeo C, conec-
tor), formando a insulina, constituída por 
duas curtas cadeias polipeptídicas unidas 
por ligações dissulfeto. 
A insulina e o peptídeo C são secretados em 
quantidades equimolares, sendo que 5-10% 
do produto final secretado ainda está sob a 
forma de pró-insulina. O peptídeo C se liga à 
estrutura da membrana, provavelmente a 
um receptor de membrana acoplado à pro-
teína G, e excita dois sistemas enzimáticos: 
sódio-potássio adenosina trifosfatase e 
óxido nítrico sintetase endotelial. 
Os níveis de peptídeo C podem ser 
determinados por radioimunoensaio 
nos pacientes diabéticos tratados com insu-
lina, para determinar quanto de sua insulina 
natural ainda está sendo produzida. 
Quando a insulina é secretada no sangue, ela 
circula quase inteiramente em sua forma li-
vre. Como sua meia vida é curta (aproxima-
damente 6 min.), sua maior parte é elimi-
nada dentro de 10-15 min. Com exceção da 
porção da insulina ligada aos receptores nas 
células-alvo, o restante é degradado pela en-
zima insulinase, em maior parte no fígado e 
em menor parte nos rins e músculos. 
2. Secreção Pancreática 
A insulina é liberada no espaço extracelular 
em resposta a um aumento nos níveis de gli-
cose do sangue. As células B possuem um 
grande número de transportadores de gli-
cose, que permitem o influxo. Uma vez na 
célula, a glicose é fosforilada pela glicocinase 
em glicose-6-fosfato. Essa fosforilação pa-
rece ser a etapa limitante para o metabo-
lismo da glicose nas células B e é conside-
rada o principal sensor de glicose e de ajuste 
da quantidade de insulina secretada, em re-
lação aos níveis de glicose plasmática. 
Em sequência, a glicose-6-fosfato é oxidada, 
de modo a formar ATP, que inibe os canais 
de potássio sensíveis ao ATP celular. O fe-
chamento dos canais de potássio despola-
riza a membrana celular, abrindo conse-
quentemente os canais de cálcio dependen-
tes de voltagem, que são sensíveis às altera-
ções da voltagem da membrana. Isso leva ao 
influxo de cálcio, o qual estimula a fusão das 
vesículas que contêm insulina com a mem-
brana celular e a secreção da insulina, no lí-
quido extracelular por exocitose. 
Outros nutrientes, como aminoácidos, tam-
bém podem ser metabolizados pelas células 
B, aumentando os níveis intracelulares de 
 
 
Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 3 
 
ATP e estimulando a secreção de insulina. Al-
guns hormônios, como o glucagon, o peptí-
deo insulinotrópico dependente de glicose e 
a acetilcolina, elevam os níveis de cálcio in-
tracelular por outras vias de sinalização e au-
mentam o efeito da glicose. Quando não há 
glicose, porém, esses hormônios não apre-
sentem efeitos importantes na secreção de 
insulina.Outros hormônios, como a soma-
tostatina e a norepinefrina (por ativação de 
receptores a-adrenérgicos), inibem a exoci-
tose da insulina. 
Os fármacos do tipo sulfonilureia es-
timulam a secreção da insulina por 
meio da ligação com os canais de potássio 
sensíveis ao ATP, bloqueando sua atividade. 
Isso resulta em efeito despolarizante que 
desencadeia a secreção da insulina, o que 
torna esses fármacos úteis no estímulo da 
secreção de insulina em pacientes portado-
res de diabetes mellitustipo 2. 
3. Ativação dos Receptores das Células-
Alvo 
A insulina se liga a um 
receptor proteico de 
membrana, constitu-
ído de 4 subunidades 
unidas por ligações dis-
sulfeto: duas subuni-
dades α, situadas total-
mente do lado ex-
terno, e duas subuni-
dades β, que penetram 
pela membrana e se 
projetam no cito-
plasma celular. A insu-
lina se acopla às subu-
nidades α do lado externo, porém, como as 
subunidades β se projetam para o interior da 
célula, essas porções do receptor são auto-
fosforiladas. 
Tal autofosforilação ativa uma tirosina ci-
nase local, que, por sua vez, causa fosforila-
ção de diversas outras enzimas intracelula-
res, inclusive do grupo substratos do recep-
tor de insulina (IRS). Diferentes tipos de IRS 
são expressos nos diferentes tecidos. O 
efeito global é a ativação de algumas enzi-
mas e, ao mesmo tempo, a inativação de ou-
tras. Assim, a insulina dirige a maquinaria 
metabólica intracelular, produzindo os efei-
tos desejados no metabolismo de carboidra-
tos, proteínas e lipídeos. 
4. Principais Ações da Insulina e o Efeito no 
Sangue 
→ Segundos depois da insulina ser aco-
plada a seus receptores, as membranas 
de ±80% das células do corpo aumen-
tam a captação de glicose, diminuindo 
os níveis sanguíneos. Isso ocorre de 
modo especial nas células musculares e 
adiposas, mas não na maioria dos neu-
rônios encefálicos. A glicose transpor-
tada para as células e imediatamente 
fosforilada. Acredita-se que o transporte 
aumentado da glicose resulte da trans-
locação de múltiplas vesículas intracelu-
lares. Estas vesículas são ricas em 
GLUTs. 
→ A membrana celular fica mais permeável 
a muitos aminoácidos, íons potássio e 
fosfato, aumentando o transporte des-
sas substâncias para a célula. 
→ Efeitos mais lentos surgem após 10-15 
minutos, para modificar os níveis de ati-
vidade de muitas enzimas metabólicas 
intracelulares. Tais efeitos são resulta-
dos, principalmente, da alteração do es-
tado de fosforilação das enzimas. 
→ Efeitos ainda mais lentos podem surgir 
horas e até dias depois. Isso é decor-
rente da velocidade de tradução dos 
RNAs mensageiros e da variação da 
transcrição do DNA no núcleo celular 
 
 
Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 4 
 
 
GLUCAGON 
É um hormônio polipeptídico produzido pe-
las células α, liberado em resposta aos bai-
xos níveis de glicose do sangue. Apenas 1 
mg/kg de glucagon é capaz de elevar a gli-
cose sanguínea em torno de 20 mg/100 mL 
de sangue (aumento de 25%), em aproxima-
damente 20 minutos. Por esse motivo, o glu-
cagon é também chamado hormônio hiper-
glicêmico. 
1. Síntese 
Assim como a insulina, é produzido incial-
mente um pró-hormônio, que passa por 
uma clivagem proteolítica, formando o hor-
mônio alvo. 
2. Principais ações do glucagon e o efeito 
sanguíneo 
No metabolismo da glicose, os principais 
efeitos são a quebra do glicogênio hepático 
(glicogenólise) e o aumento da glicogênese 
no fígado. Ambos os processos aumentam, e 
muito, a disponibilidade da glicose para os 
outros órgãos do organismo. 
O efeito mais dramático é a glicogenólise no 
fígado. Isso ocorre por uma cascata de even-
tos: glucagon ativa a adenilil ciclase na mem-
brana da célula hepática >> a ativação leva à 
formação de monofosfato cíclico de adeno-
sina >> que ativa a proteína reguladora da 
proteína cinase >> que ativa a proteína ci-
nase >> que ativa a fosforilase cinase b >> 
que converte a glicogênio-fosforilase b em 
glicogênio-fosforilase a >> que promove a 
degradação do glicogênio em glicose-1-fos-
fato >> que é desfosforilada, liberando gli-
cose nas células hepáticas. Vale pontuar que 
nesse sistema cada produto sucessivo é pro-
duzido em quantidade superior ao produto 
precedente. Logo, essa sequência repre-
senta um potente mecanismo de amplifica-
ção. 
Mesmo após o total consumo do glicogênio 
hepático sob a influência do glucagon, a con-
tinuação da infusão desse hormônio ainda 
causa hiperglicemia continuada. Isso resulta 
do efeito do glucagon para aumentar a cap-
tação de aminoácidos pelas células hepáti-
cas e, então, converter muitos dos aminoá-
cidos em glicose por gliconeogênese. Esse 
processo ocorre pela ativação de múltiplas 
enzimas, necessárias para o transporte de 
aminoácidos e gliconeogênese, em especial 
para a ativação do sistema enzimático para 
conversão de piruvato em fosfoenolpi-
ruvato, etapa que limita a gliconeogênese. 
Existem, ainda, outros efeitos do glu-
cagon, que só ocorrem quando a sua 
concentração sobe bem acima do nível má-
ximo, encontrado normalmente no sangue. 
O mais importante é que o glucagon ativa a 
lipase das células adiposas, disponibilizando 
altas quantidades de ácidos graxos. Ele tam-
bém inibe o armazenamento de triglicerí-
deos no fígado, o que impede que esse ór-
gão remova os ácidos graxos do sangue. Isso 
também ajuda na disponibilização de quan-
tidades adicionais de ácidos graxos para ou-
tros tecidos. Em concentrações elevadas, o 
glucagon também: eleva a força do coração; 
 
 
Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 5 
 
aumenta o fluxo de sangue para alguns teci-
dos, especialmente os rins; aumenta a secre-
ção de bile; e inibe a secreção de ácido gás-
trico. 
 
SOMATOSTATINA 
Produzida por um dos dois tipos de células 
D, ela possui tanto efeito parácrino quanto 
endócrino. Consiste em um polipeptídeo 
com 14 aminoácidos e meia-vida curta (3 mi-
nutos). 
Fatores que estimulam a secreção de soma-
tostatina: aumento da glicose sanguínea; 
aminoácidos aumentados; ácidos graxos au-
mentados; concentrações elevadas de diver-
sos hormônios do TGI que são liberados em 
resposta à ingestão de alimentos. 
Efeitos inibitórios apresentados pela soma-
tostatina: 
→ Deprime a secreção de insulina e gluca-
gon nas ilhotas de Langerhans. 
→ Reduz a motilidade do estômago, do du-
odeno e da vesícula biliar. 
→ Diminui a secreção e a absorção no TGI. 
O principal efeito desse hormônio é prolon-
gar o tempo em que os nutrientes alimenta-
res são assimilados pelo sangue. Simultane-
amente, quando a somatostatina deprime a 
secreção de insulina e glucagon, ela reduz a 
utilização dos nutrientes absorvidos pelos 
tecidos, impedindo, assim, o consumo ime-
diato dos alimentos. Isso faz com que eles fi-
quem disponíveis por mais tempo. Vale lem-
brar, também, que a somatostatina é a subs-
tância do hormônio inibidor do hormônio do 
crescimento. 
PEPTÍDEO INTESTINAL VASOATIVO (VIP) 
Produzido pelo segundo tipo de células (D1), 
o VIP induz a glicogenólise e a hiperglicemia, 
além de regular a motilidade intestinal e o 
tônus da musculatura lisa da parede intesti-
nal. Ainda, ele controla a secreção dos íons e 
água pelas células epiteliais intestinais. 
GASTRINA 
Liberada pelas células G, ela estimula a libe-
ração de HC pelo estômago, a motilidade e 
esvaziamento gástrico e a taxa de divisão ce-
lular das células regenerativas do estômago. 
 
PEPTÍDEO PANCREÁTICO 
Produzido pelas células PP, inibe as secre-
ções exócrinas do pâncreas e estiula a libe-
ração de enzimas pelas células principais do 
estômago, enquanto diminui a liberação de 
HCl pelas células parietais do estômago. 
Regulação da GlicemiaNormalmente, uma pessoa em jejum tem 
uma concentração de glicose controlada es-
tritamente entre 80 a 90mg/100 mL de san-
gue. Essa concentração aumenta para 120 a 
140 mg/100 mL durante a primeira hora 
após uma refeição. Entretanto, os sistemas 
de feedback para o controle da glicose res-
tabelecem a concentração de glicose rapida-
mente de volta aos níveis de controle, em 
geral, dentro de 2 horas depois da última ab-
sorção de carboidratos. Quando na ausência 
de alimentação, o próprio corpo produz a 
glicose necessária para manter o nível sérico 
de glicose em jejum, por meio da gliconeo-
gênese do fígado. 
O fígado funciona como um sistema tampão 
da glicose sanguínea. Nesse sentido, quando 
a glicose sobe a uma concentração elevada 
depois de uma refeição, a secreção de insu-
lina também aumenta, armazenando a gli-
cose no fígado sob a forma de glicogênio 
quase imediatamente. Durante as horas se-
guintes, quando a concentração de glicose 
sanguínea e a secreção de insulina caem, o 
fígado libera a glicose de volta ao sangue. As-
sim, o fígado reduz as flutuações da concen-
tração de glicose sanguínea para cerca de 
um terço do que seria na ausência desse me-
canismo. 
 
 
Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 6 
 
A insulina e o glucagon atuam como siste-
mas de controle por feedback para manter a 
concentração de glicose sanguínea normal. 
Quando a concentração de glicose está 
muito elevada, a secreção aumentada de in-
sulina promove a redução. Inversamente, a 
diminuição da glicose sanguínea estimula a 
secreção do glucagon. Este aumenta a quan-
tidade de glicose até o normal. Na maioria 
das condições normais, o feedback da insu-
lina é mais importante que o glucagon, mas, 
nos casos de falta de ingestão/utilização ex-
cessiva da glicose, o mecanismo do glucagon 
é muito importante. 
Na hipoglicemia grave, o efeito direto dos 
baixos níveis de glicose sanguínea no hipotá-
lamo estimula o sistema nervoso simpático. 
A epinefrina secretada pelas glândulas adre-
nais aumenta ainda mais a liberação de gli-
cose pelo fígado, o que ajuda a proteger con-
tra a hipoglicemia grave. 
Durante um período de horas e dias, tanto o 
hormônio do crescimento como o cortisol 
são secretados em resposta à hipoglicemia e 
ambos diminuem a utilização da glicose pela 
maioria das células. Assim, há uma conver-
são para maior utilização das gorduras. Isso 
também ajuda a concentração da glicose 
sanguínea a retornar ao normal. 
Se na ausência de glicose a maioria dos tecidos podem utilizar gorduras e proteínas como 
fontes de energia, por que é importante manter a concentração da glicose? Porque a gli-
cose é o único nutriente que pode ser utilizado pelo encéfalo, pela retina e pelo epitélio germi-
nativo das gônadas, em quantidade suficiente para supri-los idealmente. A maioria da glicose 
formada pela gliconeogênese durante o período interdigestivo é empregada no metabolismo 
neural. É importante, também, que o pâncreas não secrete quantidades aleatórias de insulina, 
pois as escassas reservas de glicose disponíveis seguiriam para os músculos e tecidos periféricos, 
deixando o cérebro sem fonte de nutrição. Do contrário, a concentração de glicose não pode 
aumentar demais, pois: (1) ela contribui para a pressão osmótica no líquido extracelular, de modo 
que um aumento poderia causar desidratação celular; (2) o seu excesso seria eliminado pela 
urina, provocando diurese osmótica pelos rins, o que eliminar mais líquidos e eletrólitos; (3) o 
aumento duradouro de glicose sanguínea pode causar lesões em diversos tecidos, especialmente 
vasos sanguíneos. A lesão vascular associada ao diabetes descontrolado leva a maior risco de 
ataques cardíacos, derrame, doença renal no estágio terminal e cegueira. 
 
Pâncreas Exócrino 
Ocupando mais de 80% do órgão, ele é for-
mado pelas células acinares, que produzem 
e secretam pró-enzimas digestivas, escoa-
das pelas células centroacinares e ductula-
res. As células centroacinares participam do 
metabolismo do bicarbonato, enquanto as 
células colunares ductulares produzem mu-
cina, que reveste todo o sistema de drena-
gem da secreção pancreática, desde os duc-
tos interlobulares até os ductos de Wirsung 
e Santorini. 
A capacidade de síntese proteica do pân-
creas é incomparável: ele produz e secreta 
cerca de 20 tipos de enzimas necessárias 
para a digestão de proteínas, carboidratos e 
lipídeos! A secreção ocorre em resposta à 
estimulação vagal e a dois hormônios produ-
zidos no duodeno e no jejuno: a colecistoci-
nina e a secretina. Enquanto o primeiro en-
riquece o suco pancreático com enzimas; o 
segundo, com bicarbonato. 
De modo geral, as enzimas pancreáticas têm 
atividades amilolítica (amilase), lipolítica (li-
pase e fosfolipase) e proteolítica (tripsina, 
quimiotripsina, carboxipeptidase e amino-
peptidases). A liberação das enzimas pan-
creáticas é induzida pela colecistocinina, 
produzida pelas células SNED do intestino 
delgado (principalmente, duodeno), assim 
 
 
Daniel Carlini – MEDUNEB13 Página | 7 
 
como pela acetilcolina, liberada pelas fibras 
parassimpáticas pós-ganglionares. As enzi-
mas pancreáticas são sintetizadas em forma 
de proenzimas, ficando isoladas em grânulos 
de zimogênio intracelulares. A célula acinar 
se protege da ativação inapropriada de suas 
próprias enzimas digestivas pela produção e 
secreção de inibidores enzimáticos, como o 
PSTI (pancreatic secretory trypsin inhibitor). 
Na luz duodenal, uma enteropeptidase (en-
terocinase) presente na borda em escova 
dos enterócitos cliva o tripsinogênio em trip-
sina, a qual ativa as demais tripsinas. 
As células centroacinosas e os ductos inter-
calares produzem um líquido seroso alca-
lino, rico em bicarbonato, que neutraliza e 
tampona o quimo ácido que chega ao duo-
deno. O mecanismo para a secreção dos íons 
bicarbonato é que ele seja facilitado pela en-
zima anidrase carbônica, que catalisa a for-
mação do ácido carbônico. No meio aquoso 
do citosol, ele se dissocia em íon hidrogênio 
e íon bicarbonato, o qual é ativamente trans-
portado para o lúmen do ducto, enquanto o 
hidrogênio é levado para o tecido conjun-
tivo. Esse líquido seroso alcalino é pobre em 
enzimas e sua liberação é induzida pela se-
cretina. Assim, as secreções ricas em enzi-
mas (provindas das células acinares) e po-
bres em enzimas e ricas em bicarbonato 
(provenientes das células centroacinosas) 
são reguladas separadamente, permitindo 
que ambas possam ser liberadas em mo-
mentos diferentes ou simultâneos. 
Ocasionalmente, as enzimas digesti-
vas pancreáticas tornam-se ativas no 
citoplasma das células acinosas, resultando 
em pancreatite aguda, que é frequente-
mente fatal. As alterações histológicas en-
volvem uma reação inflamatória, necrose 
dos vasos sanguíneos, proteólise do parên-
quima pancreático, e destruição enzimática 
das células adiposas não somente no pân-
creas, mas também na região em torno dele 
na cavidade abdominal.

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