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Energia, movimento browniano e difusão O movimento de qualquer partícula microscópica num gás ou solução realiza um caminho aleatório (random-walk ou movimento browniano, descoberto em 1827). Num gás ideal, foi obtido que a energia cinética translacional média é calculada por 𝐸𝑐 = 3 2 𝑘𝐵. 𝑇, onde kB é a constante de Boltzmann, igual a 1,38 × 10- 23 J/K. Vê-se que a energia cinética translacional, não depende da massa da partícula e depende do número de graus de liberdade (cada grau de liberdade vale 1 2 𝑘𝐵. 𝑇. Ou seja, para uma dimensão, 1 2 𝑘𝐵. 𝑇; para duas dimensões, 2 2 𝑘𝐵. 𝑇 e para três dimensões, 3 2 𝑘𝐵. 𝑇. Ainda, sabemos pela mecânica newtoniana que 𝐸𝑐 = 1 2 𝑚. 𝑣², onde m é a velocidade da partícula e v é a velocidade desta. Igualando essas duas equações, podemos obter uma expressão a velocidade média v: 3 2 𝑘𝐵. 𝑇 = 1 2 𝑚. 𝑣² 𝑣 = √3𝑘𝐵. 𝑇 √𝑚 A velocidade v é diretamente proporcional à T (K) e inversamente proporcional à massa da partícula. Para um pequeno conjunto de partículas, o movimento dessas é aleatório, entretanto, para muitas partículas, o movimento se transforma em difusão (movimento determinístico). A difusão nada mais é do que o movimento de partículas de regiões de alta concentração para regiões de baixa concentração de partículas. Podemos calcular o fluxo de partículas, esse fluxo é o número de partículas que atravessam a linha imaginária em um determinado tempo. 𝑓 = 𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 A densidade de fluxo é o número de partículas que atravessam a linha imaginária dividida por determinado intervalo de tempo, vezes a área de determinada superfície A atravessada por essas partículas. 𝑑𝑒𝑛 = 𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 . 𝐴 A distância que uma partícula percorre a partir de sua origem é dada pela equação de Einstein: 𝑑 = √2𝐷𝑡 Onde t é tempo e D é o coeficiente de difusão da partícula. Difusão: estado estacionário Seja um conjunto de partículas movendo-se dentro de um tubo cilíndrico de raio R com velocidade constante. O fluxo é definido como o volume de solvente por unidade de tempo ou o número de partículas do soluto por unidade de tempo. 𝑓 = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 ou 𝑓 = 𝑝𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎𝑠 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 A densidade de fluxo J é definido como a razão entre a vazão e a seção transversal do tubo por onde passa a partícula. Para solvente (m/s): 𝐽𝑣 = 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 á𝑟𝑒𝑎 . 𝑡 Volume do solvente que atravessa uma dada região; Área da seção transversal do tubo. Para soluto (m²s)-1: 𝐽𝑠 = 𝑚𝑜𝑙𝑠 á𝑟𝑒𝑎 . 𝑡 Número de mols que atravessam essa região; Área da seção transversal. Usando essas duas soluções e sabendo que a concentração do soluto é a razão entre o número de mols de soluto por unidade de volume de solvente, 𝐶 = 𝑚𝑜𝑙𝑠 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 podemos obter essa relação em que: 𝐽𝑠 = 𝐶. 𝐽𝑣 J não muda com o tempo! 1ª Lei da difusão de Fick e a permeabilidade Primeira lei de difusão de Fick: 𝐽 = −𝐷 . 𝑑𝐶 𝑑𝑥 D é a constante de proporcionalidade, chamada de coeficiente de difusão. 𝑑𝐶 𝑑𝑥 é o gradiente de concentração. Sinal negativo indica que o fluxo se dá na direção decrescente do gradiente de concentração. Essa lei foi obtida experimentalmente e vale apenas para perfis lineares de concentração, em que a concentração varia pouco. Além disso, essa expressão é válida para apenas um único meio e não diferentes meios. Por exemplo, podemos avaliar a difusão de partículas no meio intracelular, extracelular ou dentro da própria membrana. Einstein estudou o movimento browniano (movimento da partícula) através da lei de Stokes e concluiu que o coeficiente de difusão D é: 𝐷 = 𝑘𝐵𝑇 6𝜋𝜂𝛼 kB é a constante de Boltzmann; T é a temperatura; 𝜂 é a viscosidade do meio; 𝛼 é o raio da partícula. Constantes de difusão de moléculas no ar à pressão atmosférica: Se aplicarmos a 1ª Lei de Difusão de Fick para o interior da membrana, devemos inserir a constante β. 𝐽 = 𝐷𝛽 𝑥𝑎 − 𝑥𝑏 . (𝐶𝐴 − 𝐶𝐵) Onde β é a solubilidade da molécula na membrana e 𝐷𝛽 𝑥𝑎−𝑥𝑏 é a permeabilidade. Termodinâmica de um gás Vimos que para uma molécula de um gás ou solução se movimentar é necessário energia. Em um gás ou solução a energia interna U é a soma de todas as energias: cinética, potencial, de ligação e nuclear. No caso de um gás ideal, U corresponde à sua energia cinética. 1ª Lei da termodinâmica A variação da energia interna (U) de um gás é equivalente à diferença entre a quantidade de calor absorvido (Q) pelo gás e o trabalho (W) por ele realizado, ou seja: Δ𝑈 = 𝑄 − 𝑊 Se n (número de mols) e a temperatura não variam e a parede é adiabática, então 𝑝𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 é o mesmo nos dois casos. 2ª Lei da termodinâmica A entropia S (relacionada à quantidade de calor absorvido) de qualquer sistema físico tende a aumentar até atingir o equilíbrio. 𝑆 = 𝑘𝐵𝑙𝑛𝑁 kB é a constante de Boltzmann; N é o número de microestados ou configurações. Toda transferência de energia aumentará a entropia S do universo e reduzirá a quantidade de energia utilizável disponível para realizar trabalho. O número de microestados (configurações) é máximo na situação de equilíbrio do sistema. Energia livre de Gibbs (G) Está relacionada à expansão livre de um gás. É a máxima energia que pode ser extraída da expansão livre de um gás. Seja um gás com n mols a 300 K confinado na metade de um cilindro aberto preso por um êmbolo. 𝑝. 𝑉 = 𝑝𝑜. 𝑉𝑜 Ao abrir a trava do êmbolo, a energia interna do gás será utilizada para elevar o êmbolo, diminuindo a temperatura do sistema para 290 K. 𝑝. 𝑉 < 𝑝𝑜. 𝑉𝑜 A fim de 𝑝. 𝑉 = 𝑝𝑜. 𝑉𝑜 novamente, nesta situação, deve-se fornecer calor Q para o gás, até atingir 300 K. Nessa situação, de expansão livre do gás, a variação da pressão como função do volume é dada pela curva vermelha tracejada. Ou seja, ocorreu perda de energia do gás para elevar o êmbolo. A condição Ideal e reversível é dada pela curva preta em linha cheia. A energia livre de Gibbs (G) é dada pela equação: 𝐺 = 𝑈 + 𝑝𝑉 − 𝑇𝑆 U é a energia interna; P é a pressão; V é o volume ocupado pelo gás; T é a temperatura do sistema; S é a entropia. No caso de uma expansão gradual, onde colocamos uma série de pesos sobre o embolo e retirarmos um de cada vez, até atingir o equilíbrio, nesta situação, obtemos a máxima energia que pode ser extraída pela expansão do gás. Cada retângulo representa uma etapa da expansão do gás: Se calcularmos a área abaixo da curva, podemos obter o trabalho obtido na expansão térmica. Nesse caso, o trabalho será maior do que o trabalho da expansão livre do gás (expansão abrupta). R = 8,31 J/mol.K Após algumas contas matemátimas, chegamos que a energia livre de Gibbs (G) é igual a 𝑛. 𝑅. 𝑇. 𝑙𝑛𝐶𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙. Dividindo G por n, temos o que chamamos de potencial químico, que nada mais é do que energia por mol. 𝑃𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑞𝑢í𝑚𝑖𝑐𝑜 = 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑚𝑜𝑙 = 𝑛. 𝑅. 𝑇. 𝑙𝑛𝐶𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 O potencial químico, que é a energia livre de Gibbs molar é 𝜇. Ga é a energia livre molar de um gás; Ga0 a sua energia livre padrão; R é a constante dos gases; T é a temperatura; [A] é a concentração da molécula. Para uma molécula eletricamente neutra separada por uma membrana com concentrações intra Ain e extracelular Aout, a diferença de potencial químico Δ𝜇 é: Para moléculas eletricamente carregadas separadas por uma membrana, a energia livre molar é chamada de potencial eletroquímico Δ𝜇: Za é o número de valência da molécula; F é a constante de Faraday (F=96485 C/mol); Δ𝑉 é a diferença de potencial elétrico através da membrana. Estado deequilíbrio Potencial químico 𝜇 é um parâmetro muito importante para analizar o movimento de uma molécula agtraves de uma membrana. Se o potencial químico de uma molécula qualquer dentro de uma célula for maior que o potencial químico fora, então haverá o movimento de particulas atraves da membrana até que o potencial quimico seja o mesmo em ambos os lados, onde a diferença de potencial quimico Δ𝜇 é zero. Por exemplo, a presença de soluto em um lado da membrana diminui o potencial quimico da água no outro lado. Potencial eletroquímico: Para partículas carregadas, é adicionado mais um termo. Neste caso, o estado de equilbrio será alterado devido ao termo decorrente da energia potencial eletrica, resultante da diferença de concentração de íons dentro e fora da célula. Se analizarmos a difereça de potencial eletroquimico no equilibrio, quando Δ𝜇 é zero, temos: Isolando Δ𝑉, temos: Vn é o potencial de Nernst, que é a diferença de potencial elétrico criada pela diferença da concentração da substancia A, eletricamente carregada, entre ambos os lados da membrana. R é a constante dos gases e vale 8,31 J/mol.K; T é a temperatura em Kelvin; Za é o número de valência (carga) do íon; F é o número de Faraday e vale 96485 C/mol; (A) é a concentração da substância. Composição iônica da membrana do músculo cardíaco O potencial elétrico Vm medido para esta membrana (também chamado de potencial de repouso) é de -90 mV. Sabendo-se as concntrações iônicas intra e extra celular e a temperatura em K, temos os potenciais de Nerst. Somando-se todos esses potenciais Vn, chegamos no total de 11,16 mV. Entretanto, o valoer obtido experimentalmente para essa membrana é de - 90 mV. Qual a razão para a diferença entre o valor calculado e o valor experimentalmente observado? Equação de Goldman-Hodgkin-Katz (GHK) A aplicação da equação de Nernst, para determinar o poencial de repouso devido à presença de diversos ions é inadequada, pois a membrana celular apresenta permeabilidade distinta para cada íon, devido aos diferentes tipos de canais presentes na membrana celular. A análise da permeabilidade levou a uma equação mais realística. Na equação, os termos PNa, PK e PCl são as permeabilidades dos íons Na, K e Cl respectivamente. Como a permeabilidade para os outros íons é desprezível, comparadas às do Na, K e Cl, para as condições do potencial de repouso, os termos referentes aos outros íons não são incluídos na equação. Aplicando agora a equação GHK, que leva em consideração a permeabilidade dos íons monovalentes Cl- , Na+ e K+, obtemos um valor de potencial de membrana igual a 𝑉𝑚 = −88,47 𝑚𝑉, bem próximo ao valor obtido experimentalmente. Circuito elétrico equivalente Outra forma de se calcular o potencial de membrana é através do circuito elétrico equivalente, utilizando a Lei de Ohm. Relembrando, 𝑉 = 𝑅. 𝑖 V é o potencial elétrico; R é a resistência; i é a corrente. 𝑅 = 1 𝐺 G é a condutância. Portanto, 𝑉 = 1 𝐺 . 𝑖 𝑉 = 𝑖 𝐺 Neste modelo, os canais são representados por baterias ligadas em série com resistências, onde o valor dessas baterias é igual ao potencial de Nernst. O sinal da força eletromotriz dessas baterias é o mesmo do sentido do movimento das partículas através dos canais iônicos. Sendo, para os íons negativos, a sua força eletromotriz invertida. Se tentarmos calcular o potencial elétrico de repouso da membrana Vm do neurônio. Representando os canais com um circuito elétrico equivalente, fazemos um circuito elétrico fechado e nesse circuito observamos que o sinal da corrente do Na é oposto ao do K. Ou seja, manipulando matematicamente, −𝑖𝑁𝑎 = 𝑖𝐾 𝑖𝑁𝑎 + 𝑖𝐾 = 0 Se quisermos calcular Vm em cada ramo, temos: 𝑉𝑚 = 𝐸𝑁𝑎 + 𝑖𝑁𝑎 𝑔𝑁𝑎 , onde 𝑖𝑁𝑎 𝑔𝑁𝑎 é a diferença de potencial na resistência do canal de sódio. Da mesma forma, calculamos o Vm para o canal de potássio. 𝑉𝑚 = 𝐸𝐾 + 𝑖𝐾 𝑔𝐾 , onde 𝑖𝐾 𝑔𝐾 é a diferença de potencial na resistência do canal de potássio. Isolando as correntes para essas equações e substituindo em 𝑖𝑁𝑎 + 𝑖𝐾 = 0 e novamente isolando o valor de Vm, obtemos uma expressão para o potencial de repouso na membrana: 𝑉𝑚 = (𝐸𝑁𝑎 𝑥 𝑔𝑁𝑎) 𝑔𝑁𝑎 𝑥 𝑔𝐾 + (𝐸𝐾 𝑥 𝑔𝐾) 𝑔𝑁𝑎 𝑥 𝑔𝐾 Um neurônio é estimulado por um sinal – em geral de outro neurônio – transferido a um sítio localizado em sua superfície. Esse sinal inicia uma mudança no potencial de membrana naquele local. Para transmitir o sinal adiante, essa mudança local no potencial de membrana deve se espalhar a partir deste ponto, que costuma ser em um dendrito ou no corpo celular, para os terminais axonais, que transmitem o sinal para as próximas células na via – formando um circuito neuronal. A mudança local no potencial de membrana gerada por um sinal pode se espalhar passivamente ao longo de um axônio ou um dendrito para regiões adjacentes da membrana plasmática. Tal sinal passivamente distribuído, entretanto, rapidamente enfraquece com o aumento da distância da sua fonte. Em distâncias curtas, esse enfraquecimento não é importante. No entanto, na comunicação a longa distância, tal propagação passiva é inadequada. Os neurônios resolveram esse problema de comunicação a longa distância empregando um mecanismo de sinalização ativa. Aqui, um estímulo elétrico local com força suficiente desencadeia uma explosão de atividade elétrica na membrana plasmática que se propaga rapidamente ao longo da membrana de um axônio, renovando-se continuamente ao longo da via. Essa onda itinerante de excitação elétrica, conhecida como potencial de ação ou impulso nervoso, pode carregar uma mensagem, sem o enfraquecimento do sinal, de uma extremidade de um neurônio para a outra a velocidades que chegam a 100 metros por segundo. Quando um neurônio é estimulado, o potencial de membrana da membrana plasmática alterna para um valor menos negativo (i.e., em direção a zero). Se essa despolarização for grande o suficiente, ela fará com que canais de Na+ controlados por voltagem se abram na membrana transitoriamente nesse local. Quando esses canais abrem-se rapidamente, eles permitem que uma pequena quantidade de Na+ entre na célula de acordo com o seu acentuado gradiente eletroquímico. O influxo de carga positiva despolariza mais a membrana (i.e., torna o potencial de membrana ainda menos negativo), abrindo, dessa maneira, canais de Na+ controlados por voltagem adicionais e causando ainda mais despolarização. Esse processo continua de uma forma explosiva e autoamplificadora até que, dentro de aproximadamente um milissegundo, o potencial de membrana na região localizada da membrana plasmática do neurônio tenha alternado do seu valor de repouso de cerca de –60 mV para +40 mV. A voltagem de +40 mV é próxima do potencial de membrana no qual a força motriz eletroquímica para a movimentação do Na+ através da membrana é zero – ou seja, na qual os efeitos do potencial de membrana e o gradiente de concentração do Na+ são iguais e opostos, de modo que o Na+ não possui mais tendência a entrar na célula ou sair dela. Se os canais continuassem a responder ao potencial de membrana alterado, a célula ficaria trancada com a maioria dos canais de Na+ controlados por voltagem abertos. A célula é salva desse destino porque os canais de Na+ possuem um mecanismo de inativação automático – uma espécie de “cronômetro” que os leva a rapidamente adotar (em cerca de um milissegundo) uma conformação inativada especial, na qual o canal é fechado, mesmo que a membrana ainda esteja despolarizada. Os canais de Na+ permanecem nesse estado inativado até que o potencial de membrana retorne ao seu valor negativo inicial. Um potencial de ação é desencadeado por uma despolarização da membrana plasmáticade um neurônio. O potencial de repouso da membrana neste neurônio é – 60 mV, e um estímulo que despolariza a membrana plasmática para cerca de –40 mV (limiar do potencial) é suficiente para abrir os canais de Na+ controlados por voltagem na membrana e assim desencadear um potencial de ação. A membrana rapidamente despolariza ainda mais, e o potencial de membrana (curva vermelha) oscila acima de zero, alcançando +40 mV antes que retorne ao seu valor de repouso negativo quando o potencial de ação termina. A curva verde mostra como o potencial de membrana teria simplesmente diminuído de volta ao valor de repouso após o estímulo inicial de despolarização, se não houvesse amplificação pelos canais iônicos controlados por voltagem na membrana plasmática. Quando a membrana está em repouso e altamente polarizada, aminoácidos carregados positivamente nos seus sensores de voltagem (barras vermelhas) estão orientados pelo potencial de membrana de um modo que mantém o canal na sua conformação fechada. Quando a membrana é despolarizada, os sensores de voltagem alternam, mudando a conformação do canal de maneira que o canal tenha alta probabilidade de abertura. Entretanto, na membrana despolarizada, a conformação inativada é ainda mais estável que a conformação aberta, e assim, depois de um rápido período na conformação aberta, o canal se torna temporariamente inativado e não pode se abrir. As setas vermelhas indicam a sequência que se segue a uma despolarização súbita, e as setas pretas indicam o retorno à conformação original após a repolarização da membrana. Os canais de Na+ controlados por voltagem mudam sua conformação durante um potencial de ação. Neste exemplo, o potencial de ação é desencadeado por um pulso rápido de corrente elétrica (A), que parcialmente despolariza a membrana, como mostrado no gráfico do potencial de membrana contra o tempo em (B). (B) Curso do potencial de ação (curva vermelha), que reflete a abertura e subsequente inativação dos canais de Na+ controlados por voltagem, cujos estados estão mostrados em (C). Mesmo se reestimulada, a membrana plasmática não pode produzir um segundo potencial de ação até que os canais de Na+ tenham retornado de sua conformação inativada para a fechada. Até então, a membrana é resistente, ou refratária, à estimulação. Seja um neurônio onde são introduzidos 2 microeletrodos: um para aplicar corrente elétrica e outro para medir o potencial na membrana. A injeção da corrente dispara um potencial chamado de potencial de ação. A liberação desse potencial de ação só ocorre quando a corrente ultrapassa um valor limite (threshold), chamado potencial limiar. Ao aplicar um estímulo elétrico que varia acima do potencial limiar, canais de sódio abrem-se, permitindo um fluxo de íons Na e elevando o potencial na membrana (despolarização). Ao atingir um valor positivo de potencial, canais de K abrem-se, permitindo agora um efluxo de íons K e diminuindo o potencial na membrana (repolarização) a valores mais baixos que o potencial de repouso (hiperpolarização). Permeabilidade durante o potencial de ação A permeabilidade (condutividade) dos íons Na e K durante a abertura dos seus respectivos canais se altera. O rápido aumento da permeabilidade ao íon Na é responsável pela fase de despolarização do potencial de ação. Propagação do potencial de ação O potencial de ação viaja ao longo do axônio. Seja um neurônio onde um estímulo elétrico aplicado em um determinado ponto. Para isso, utilizamos eletrodos para avaliar o sinal nesses pontos. Após algum tempo de aplicação do estímulo, observamos no ponto 1 o surgimento de um potencial de ação. Decorrido mais tempo, observa-se novamente o aparecimento do potencial de ação no ponto 2. A propagação do estímulo é resultante das correntes iônicas transversais e longitudinais ao longo do axônio. Em neurônios de invertebrados é lançado mão do mecanismo de aumento do diâmetro do axônio, para acelerar a propagação do potencial de ação. Em vertebrados, utiliza-se um mecanismo alternativo para aumentar a propagação do potencial de ação. Existe um tipo de especialização de célula, chamado de célula de Schwann, que reveste os axônios com uma camada de mielina e impedindo a abertura dos canais iônicos. O resultado líquido é o aumento da velocidade de propagação do potencial de ação. As partes não revestidas por mielina são chamadas de nodos de Ranvier. Dessa forma, o estímulo nervoso é transmitido em uma condução saltatória pelo axônio. Eletrodo 1 Eletrodo 2
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