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POTENCIAL DE MEMBRANA OU POTENCIAL DE REPOUSO: DEFINIÇÃO: diferença de cargas elétricas entre o meio intra e extracelular DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL DE MEMBRANA: ● íon K+ é 100 vezes mais permeável que o íon Na+ ● íon K+ ao se difundir do meio intra para o meio extracelular, carrega sua carga positiva deixando o meio intracelular negativo em relação ao meio extracelular POTÁSSIO É O PRINCIPAL ÍON RESPONSÁVEL PELO POTENCIAL DE REPOUSO DA CÉLULA Manutenção dessas concentrações: 1. Difusão pela membrana dos íons K+ 2. Ação da bomba ATP, Na e K: bombeamento de 3 Na+ para fora e 2 K+ para dentro = déficit de ion positivo no interior ALTERAÇÃO NAS CONCENTRAÇÕES PLASMÁTICAS DE POTÁSSIO: ↑ → ↓ do potencial de membrana𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎[ ] diminui a diferença de K+ do externo com o interno => gradiente de pressão menor => velocidade de saída de K+ menor => diminui a negatividade do interior da célula ↓ → ↑ do potencial de membrana 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎çã𝑜 𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎[ ] aumenta a diferença de K+ do externo com o interno => gradiente de pressão maior => velocidade de saída de K+ maior => aumenta a negatividade do interior da célula (hiperpolarização interna) Correlações clínicas: 1. Insuficiência Renal: ● perda da capacidade de manter os níveis plasmáticos de K+ dentro dos valores normais ● desenvolvimento de hipercalemia por acúmulo de K+ ● diminuição do potencial de membrana => células mais facilmente excitáveis (limiar de ação mais facilmente alcançado) ● provoca: contrações musculares e câimbras 2. Depleção de potássio (gastroenterite, cólera, diarréia, vômito) ● perda de K+ => diminuição das concentrações plasmáticas ● hipocalemia => lentifica e impede a transmissão de impulsos nervosos ● provoca: fraqueza muscular, franca paralisia ou até anormalidades da função miocárdica *normalmente as patologias alteram as concentrações extracelulares de K+, pois a perda intracelular é dificultada pela presença da membrana plasmática. Tereza Ko - AD 2024 3. Uso crônico de diuréticos (alteração iônica intracelulares) ● eliminação de líquidos corporais juntamente com íons Mg, K, Na ● diminuição de magnésio => diminui eficiência de bomba ATP, Na, K: ○ K+ sairá da célula e não terá meio para voltar ao meio intracelular e será excretado ○ meio extracelular se manterá igual ○ diminuição do gradiente de concentração => diminuição do potencial POTENCIAL DE AÇÃO: DEFINIÇÃO: alteração rápida do potencial de membrana em seu estado de repouso, seguida por sua restauração *para a transmissão de impulsos nervosos, é necessário alteração rápida do potencial de membrana (alteração dos mecanismos de controle do fluxo de Na e K) POTENCIAL DE AÇÃO DA CÉLULA: (nervosa e musculoesquelética) Divisão em fases: 1. Repouso: - potencial de membrana inalterado - potencial de repouso = -90mV 2. Despolarização: - estímulo torna a membrana mais permeável => abertura dos canais de rápidos de Na - quantidade de Na que flui é capaz de despolarizar a célula => eleva o potencial interno a +45 mV - entrada de Na inverte o potencial de membrana (interior +; exterior -) - quando o potencial alcança +45 mV => fechamento das comportas de inativação e canais de Na voltagem-dependente - variação do potencial => age sobre os canais lentos de K+ que se abrem lentamente, ainda não permitindo fluxo na fase de despolarização 3. Repolarização: - atingido o potencial +45 mV => canais de Na fecham-se e canais de K+ abrem-se - enorme fluxo de K+ para o meio extracelular => volta ao potencial de repouso - ação da bomba de Na e K atua para restaurar as concentração iniciais de Na e K no meio intra e extracelular 4. Hiperpolarização: - potencial de membrana mais negativo que o potencial de repouso Tereza Ko - AD 2024 - em decorrência da lentidão dos canais lentos de K+ de se fecharem => permanecendo abertos => K continua saindo do meio intracelular => mais negativo que o repouso POTENCIAL DE AÇÃO NA CÉLULAS CARDÍACAS: 1. Repouso: - potencial de repouso = -90 mV 2. Despolarização: - abertura dos canais rápidos de Na => entrada de Na => inversão do potencial de membrana (interior +; exterior -) 3. Início da repolarização: - não ocorre a repolarização total imediata da membrana como acontece nas células musculoesqueléticas - inativação completa dos canais de Na+ => pequena e rápida repolarização precoce 4. Platô: - potencial de membrana permanece em platô - entrada dos íons Ca++ => desencadeamento do processo contrátil - canais lentos e longos => mantém a célula despolarizada por mais tempo => aumento do tempo de contração muscular - canais de potássio lento => repolarização lenta 5. Repolarização: - abertos os canais lentos de K+ => saída de K+ => restabelecimento do potencial de repouso - bomba de de ATP, Na, K restabelece os gradientes de concentração jogando Na e Ca para fora e trazendo K para dentro POTENCIAL DE AÇÃO NO MÚSCULO LISO: ● despolarização e repolarização mais lenta que as células esqueléticas ○ não apresentam canais rápidos de Na ● despolarização => canais lentos de Na e Ca ○ Ca é essencial para a contração da musculatura lisa ● repolarização => fecha os canais lentos de Na e Ca + abre os canais de K ● potencial de repouso = -60 mV LEI DO TUDO OU NADA: - um estímulo tem que ser suficiente para que a quantidade Na consiga atingir o valor mínimo (liminar) - alcançando o limiar da célula => potencial de ação se desenvolve até o seu máximo - ex: músculo esquelético: limiar -60 mV; máximo +45 mV Tereza Ko - AD 2024 ACOMODAÇÃO DA CÉLULA: - quando a despolarização de forma lenta não consegue provocar potencial de ação mesmo ultrapassando o limiar da célula - aumento gradual do potencial => abertura dos canais de ativação de Na e fechamento dos canais de inativação de Na => abertura dos canais de potássio (“repolarização” antes da despolarização) PERÍODO REFRATÁRIO: - P.R. Absoluto: intervalo de tempo entre a repolarização depois de uma despolarização até uma nova despolarização - uma novo potencial não pode ter transmitido até que o de antes volte ao potencial de repouso - P.R. Relativo: a fibra encontra-se pronta para uma nova despolarização, apesar de o valor do valor do potencial de repouso não ter recuperado totalmente SOMAÇÃO DE ESTÍMULOS LOCAIS: - dois estímulos subliminares podem somar-se e provocar uma resposta local ANESTESIA LOCAL: - drogas que impedem a transmissão de impulsos nervosos - atuam bloqueando os canais de Na dependente ou reduzem a permeabilidade do nervo ao Na e ao K - não é acompanhado de qualquer modificação no potencial de repouso CONDUÇÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO: - despolarização de um local leva a inversão da polaridade da membrana (face interna passa a ser positiva e a externa, negativa) - a diferença de polarização com as áreas vizinhas provoca o fluxo de corrente => despolariza outros segmentos da membrana - Condução saltatória das fibras mielinizadas: - os nódulos de Ranvier são locais onde a mielina não está presente - aumenta gradualmente a velocidade de transmissão neural - mielinizado: axônio diminui as perdas de energia PRINCIPAIS ÍONS QUE ATUAM NO POTENCIAL DE MEMBRANA: 1. Potássio (K+): - íon mais abundante no meio intracelular - importante na manutenção da excitabilidade elétrica Tereza Ko - AD 2024 Hipercalemia: - aumento da taxa de K+ acima de 5,5 mEq/L - causas: aumento da oferta (via oral ou endovenosa), diminuição da excreção renal ou por saída do íon no meio intracelular (traumatismo, uso de drogas) - consequências: condução elétrica demorada e lentificada, bloqueios átrio-ventriculares, fibrilação ventricular, parada cardíaca Hipocalemia: - potássio sérico abaixo de 3,5 mEq/L - causas: diminuição de ingesta (jejum prolongado, anorexia), perdas excessivas (diarréia, vômito, diuréticos), medicamentos diuréticos, antibiótico e anticoagulante - consequências: fadiga muscular, paralisia muscular, hiporreflexia, constipação, retenção urinária, alterações sensoriais, letargia 2. Sódio (Na+): - íon mais abundanteno meio extracelular - responsável por desencadear o potencial de ação - regula a osmolaridade dos líquido extracelulares Hiponatremia: - concentração sérica menor que 135 - causa: excesso de líquido, insuficiência renal, hiperglicemia, carência nutricional, uso de diuréticos - consequências: letargia, confusão, alteração sensorial, estupor e coma, edema cerebral, herniação tentorial Hipernatremia: - concentração maior ou igual a 145 - causa: perda de líquido corporal (desidratação), - consequência: desidratação das células, irritabilidade, agitação psicomotora, espasticidade, convulsão e coma 3. Cálcio (Ca++) - ativação e inativação dos canais de Na e K - determinam o platô na repolarização das células miocárdicas Hipocalcemia: - cálcio sérico menor que 9 mEq/L - abertura dos canais rápidos de Na => Na entra na célula => fibras tornam-se muito excitáveis - despolarização sem estímulo acontece com frequência - quadro clínico: crises convulsivas, contrações musculares, arritmia cardíaca, hipotensão, insuficiência cardíaca - causas: carência de vitamina D, hipoparatireoidismo, insuficiência renal, alcoolismo Hipercalcemia: Tereza Ko - AD 2024 - níveis séricos maior que 11 mEq/L - manifesta-se por anorexia, náuseas, vômito, constipação, poliúria, fraqueza muscular, hiporreflexia, letargia, confusão psicomotora - causas: excesso de vitamina D, hiperparatireoidismo, insuficiência adrenal, síndromes paraneoplásicas, metástases ósseas Bloqueadores dos canais de cálcio no tratamento anti-hipertensivo: - aumento do Ca => aumento da contração do miocárdio - nos hipertensos: bloqueadores dos canais de Ca => reduz o fluxo de Ca para o meio intracelular - efeitos: aumento do fluxo sanguíneo, diminuição da resistência vascular coronariana, bloqueio de espasmos coronarianos, redução da pressão arterial, diminuição da frequência cardíaca e vasodilatação coronariana e sistêmica 4. Magnésio (Mg++): - importância na ação da bomba de ATP, Na e K - hipomagnesia: paralisia parcial da bomba eletrogênica => diminuição do potencial de membrana => geração de potenciais de ação involuntária ou convulsões 5. Lítio (Li+) - tratamento de doenças psíquicas - potente inibidor da enzima intracelular inositomonofosfatase => diminui a resposta celular aos neurotransmissores TRANSMISSÃO SINÁPTICA: SINAPSE: transmissão de um impulso nervoso entre células excitáveis Elementos: - Pré-sináptico: estrutura terminal; axônio - Pós-sináptico: estrutura seguinte; dendrito, corpo, axônio, terminações glandulares ou musculares SINAPSES ELÉTRICAS: - transmissão direta de um potencial de ação de uma célula a outra pelo fluxo direto de corrente - unidas por junções tipo gap - presença de alta frequência na transmissão - não ocorre nenhum retardo sináptico - transmissão bidirecional SINAPSES QUÍMICAS: - possui uma distância entre os elementos pré o pós sináptico - potencial de ação não atravessa a fenda sináptica - o receptor pode ser ionotrópico (canal iônico) ou metabotrópico (proteína G) - transmissão unidirecional - causa a liberação de neurotransmissores que podem ser de natureza excitatória ou inibitória Tereza Ko - AD 2024 - Excitatória: - membrana pós-sináptica é despolarizada - neurotransmissor: acetilcolina, glutamato - entrada de Na ou Ca - Inibitória: - hiperpolarização da membrana pós-sináptica - neurotransmissor: GABA, glicina (ativam canais de Cl-) - saída de K+ ou entrada de Cl- PLACA MOTORA: - neurônio libera na fenda sináptica => acetilcolina => receptores da placa motora => canais iônicos acetilcolina-dependentes => entrada de Na => despolarização => abertura dos canais de Ca => contração muscular - acetilcolina mantém sua ação de ativar dos canais acetilcolina-dependentes enquanto permanecerem na fenda sináptica - remoção rápida => segundo potencial de ação poder agir - acetilcolina é destruída ou inativada pela acetilcolinesterase ou restante da acetilcolina dissipa-se para fora da fenda sináptica PRINCIPAIS NEUROTRANSMISSORES: 1. Acetilcolina: - receptores muscarínicos e nicotínicos - maioria dos casos é excitatória mas também pode ser inibitória - antagonista: a. Antagonista muscarínico: - antropina: competir pelos receptores muscarínicos cessando o efeito inibitório de Ach no músculo cardíaco -> reversão de paradas cardíacas - toxina botulínica: compete pelos receptores de Ach no músculo esquelético -> provoca paralisia muscular localizada temporária (usado para fins estéticos: suavizar as linhas de expressão) b. Antagonista nicotínicos: Curares - competem com a acetilcolina pelos receptores da membrana pós-sináptica -> bloqueia a transmissão do impulso nervoso na placa motora -> paralisia - usado pelos índios nas flechas, nas cirurgias para relaxamento muscular - *não atravessa a barreira hematoencefálica: o paciente só com curare é consciente de tudo, só não se mexe 2. Catecolaminas: dopamina, noradrenalina e adrenalina a. Dopamina: - nas regiões mesencefálicas - controle de movimentos complexos, sistema límbico b. Noradrenalina: - regulação de humor, sono e vigília, excitação e sonhos c. Adrenalina: - situações de estresse Tereza Ko - AD 2024 - aumento do ritmo cardíaco, pressão arterial * Fármacos betabloqueadores: utilizados no tratamento de hipertensão, por bloquear os efeitos adrenérgicos no músculo cardíaco -> redução do trabalho do miocárdio 3. Serotonina: - modulação dos estados de humor, fome, sexo, sono, … - controla a musculatura lisa, excitação nervosa, vasodilatação - capaz de aliviar crises de enxaqueca - fármaco para depressão: bloqueia a recaptação de serotonina -> mantém a serotonina na fenda sináptica 4. Glutamato e aspartato: - transmissores excitatórios no cérebro - glutamato tem efeito tóxico quando liberado em excesso: em casos de falta de aporte sanguíneo ou ação de drogas como cocaína que inibe a recaptação da dopamina -> superexcitabilidade 5. GABA: - atuação inibitória - relacionada ao aumento da condutância de cloro e potássio nas células nervosos - em caso de consumo de álcool: etanol se liga aos receptores ligados a canais de cloro -> influxo do íon cloro -> inibição de vários sistemas 6. Encefalinas e endorfinas: - opióides endógenos - atividade excitatória - regulação da percepção de dor e função cognitiva PATOLOGIAS: 1. Doença de Parkinson: - sintomas de tremor de repouso, rigidez, bradicinesia, instabilidade postural - diminuição de dopamina nos neurônios - medicamentos: causam a diminuição da recaptação de dopamina 2. Miastenia Gravis: - doença autoimune que lesa os receptores de acetilcolina - sintomas como ptose, diplopia, fraqueza em membros - incapacidade da placa motora de transmitir sinais da fibra nervosa para a fibra muscular - medicamentos: substâncias anticolinesterásicas: acúmulo de acetilcolina na goteira sináptica para facilitar a transmissão do impulso 3. Intoxicação por organofosforados: - compostos anticolinesterásicos: fármacos que interrompem a ação da acetilcolinesterase Tereza Ko - AD 2024 - gases paralisadores de nervos - inativação irreversível da acetilcolinesterase -> ativação inibitória de longa duração 4. Esclerose Múltipla: - sem causa conhecida - auto-imune, crônica - doença desmilienizante - distúrbios sensoriais e motores: fraqueza muscular, rigidez articular, perda de equilíbrio, falta de coordenação motora DROGAS: 1. ESTIMULANTE: Cocaína e Anfetaminas - bloqueio da recaptação de catecolaminas (dopamina e noradrenalina) - estímulo para liberação de dopamina - as drogas prolongam e intensificam os efeitos das catecolaminas - mecanismo de dependência: estimulação excessiva -> diminuição de receptores -> tolerância à droga -> precisa de doses cada vez maiores para atingir o efeito desejado. 2. ALUCINÓGENOS: LSD, psilocibina, mescalina, cogumelos - aumento extremo da percepção sensorial - com estrutura semelhante a serotonina 3. Nicotina: - causa tanto a excitação neuronal quanto a dessensibilização dos receptores - causando bloqueio sináptico - aumenta a liberação de dopamina 4.Heroína: - droga opióide - aumento do limiar à dor em áreas corticais - interfere nas vias dopaminérgicas mesolímbicas corticais 5. Etanol: - ação neurodepressor -> potencializa a ação do GABA - inibe efeitos excitatórios do glutamato e interage com as vias dopaminérgicas mesolímbicas - droga dose-dependente - perda de equilíbrio -> grande quantidade de neurônios gabaérgicos no cerebelo 6. Maconha: - ativa receptores gabaérgicos, opióides e canabinoides - produz efeito psicotomiméticos e depressores - provoca inibição de sinapses Tereza Ko - AD 2024
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