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1. Conceito Apresentações morfológica que diferem da pele normal, podendo ser induzidas por causas físicas, químicas ou animadas, sendo classificadas em: • Modificação da cor • Formação sólida • Lesão de conteúdo líquido • Alterações de espessura • Solução de continuidade da pele • Lesões caducas • Sequelas 2. Modificação da cor Representam uma alteração circunscrita da cor da pele, sem modificações da textura ou relevo. Podem ser máculas (<0,5cm) ou manchas (>0,5cm). Pode estar relacionado aos pigmentos endógenos (bilirrubina, caroteno, melanina) e exógenos (antimalárico, prata, clofazamina, amiodarona, corantes). • Manchas pigmentares – discrômicas Se forem relacionadas à melanina são denominadas melanodérmicas e podem ser hipercrômicas, hipocrômicas ou acrômicas. • Icterícia Aumento da concentração de bilirrubina, pigmento endógeno. • Tatuagem Deposição de pigmento exógeno. • Manchas vasculossanguíneas São denominadas eritemas e podem ser transitórios ou permanentes. Os transitórios apresentam rubor, cianose (hgb red > g%) e podem ser de alguns tipos: ✓ Figurado: eritemas desenhados, podem ter aspectos característicos como no crônico migratório na doença de Lyme ou marginatum observado na febre reumática. ✓ Enantema: eritema com acometimento de mucosa. Semiologia da pele – lesões elementares Clínica Integrada de Dermatologia – aula 2 Nicole Sarmento Queiroga Figura 1. Hipercromia: mácula café com leite da neurofibromatose. Figura 2. Hipocromia: máculas de pitiríase versicolor localizadas no braço. Figura 3. Acromia: mácula acrômica de vitiligo na pálpebra. Figura 6. Eritema crônico migratório. Figura 4. Criança com icterícia. Figura 5. Tatuagem em antebraço. ✓ Exantema: aparecimento súbito e com tendência à generalização. Pode ser morbiliforme ou rubeoliforme, apresenta eritema entremeado com áreas de pele sã, característico da rubéola e forma frequente de farmacodermia. A forma escarlatiniforme é difusa e uniforme. ✓ Mancha anêmica: aumento local da sensibilidade às catecolaminas, levando à diminuição do aporte sanguíneo. Os tipos permanentes podem se manifestar de duas formas: ✓ Manchas angiomatosas: aumento do número de capilares. Com o acometimento da região de inervação do N. Trigêmio – ramo oftálmico – deve- se lembrar da associação com a síndrome de sturge- Weber. ✓ Telangiectasia: dilatação permanente do calibre dos vasos. Pode ser manifestação da insuficiência hepática adquirida. Ao acometer a mucosa labial e extremidades, pode ser um quadro hemorrágico hereditário. • Púrpura Extravasamento de hemácias e não desaparece com a vitropressão. ✓ Petéquisas: puntiformes, ao ganhar volume (palpáveis), podem ser encontradas nas vasculites ✓ Víbice: petéquias lineares. ✓ Equimose: rompimento de vasos mais superficiais, formando manchas arroxeadas, sem romper a porção epidérmica, possuem caráter plano, não modificam cor sob vitropressão. Figura 7. Enantema de palato mole, úvula e amigdalas. Figura 8. Exantema rubeoliforme. Figura 9. Mancha angiomatosa da síndrome de Sturge-Weber. Figura 10. Telangiectasia múltipla em face. Figura 11. Petéquias. Figura 13. Equimose em região posterior da coxa esquerda. Figura 12. Víbice. Figura 21. Vegetação condilomatosa. ✓ Hematoma: os vasos rompidos são mais profundos que os da equimose, também não rompem a epiderme, mas a manifestação não é plana. 3. Formações sólidas • Pápula Elevação circunscrita palpável menor que 0,5cm. • Placa Lesão em forma de disco, por extensão ou coalescência de pápulas ou nódulos. Superfície em platô. • Tubérculo Lesão de consistência dura, elevada, com mais de 0,5cm que deixa a cicatriz ao involuir. Pode ser manifestação da doença granulomatosa como sarcoidose e hanseníase. • Nódulo Lesão mais palpável que visível, maior que 1cm. • Tumoração Lesão maior que 3cm. Pode estar a relacionada com doença de deposito como no tofo gotoso. • Goma Nódulo que sofre evolução em quatro fases: endurecimento (infiltração celular da hipoderme), amolecimento (necrose central), esvaziamento (fistulização-úlcera), reparação (fibrose com cicatriz). • Vegetação Crescimento exofítico pela hipertrofia das papilas dérmicas. Pode ser do tipo verrugosa ou condilomatosa. Figura 14. Hematoma em primeiro polidáctilo. Figura 15. Pápula acastanhada do tronco anterior. Figura 16. Placa – lesão eritematoescamosa, como na psoríase invertida. Figura 17. Tubérculo característico da hanseníase tuberculoide. Figura 18. Nódulos característicos do edema nodoso. Figura 19. Tumoração no dorso de uma paciente com lipoma. Figura 20. Lesão gomosa da esporotricose. 4. Lesões de conteúdo líquido • Vesícula Conteúdo claro com menos de 0,5cm e intra-epidérmicas. Múltiplas vesículas agrupadas em base eritematosa são características da infecção herpética. • Bolha Em abóboda e com mais de 0,5cm. • Pústula Lesão de conteúdo prurulento de até 1cm. Pode ser séptica ou asséptica, como na psoríase pustulosa, sendo foliculares ou interfoliculares. • Abscesso Coleção purulenta, proeminente e circunscrita, com tamanho variável, flutuante, dermo-hipodérmico ou subcutâneo, apresentando rubor, dor e calor ou frio. • Edema Aumento depressivo da espessura da pele por aumento de líquido. 5. Alteração da espessura • Ceratose Espessamento da epiderme por aumento da camada córnea. • Liquenificação Aumento dos sulcos e saliência por atrito. Figura 22. Vegetação verrucosa. Figura 23. Múltiplas vesículas, como na herpes simples. Figura 24. Bolha tensa e brilhante, como no penfigoso bolhoso. Figura 25. Acne. Figura 26. Abscesso eritematoso, flutuante, purulento na região cervical. Figura 28. Ceratose em planta do pé direito. Figura 29. Liquenificação em articulação do punho. Figura 27. Edema em MMII. • Infiltração Espessamento difuso por infiltrado inflamatório, tumoral, infeccioso ou por doenças de deposito. Um exemplo relevante é a infiltração de áreas frias como o pavilhão auricular na hanseníase. • Esclerose Endurecimento da pele por proliferação do tecido colagenoso ou do subcutâneo, tornando difícil o pregueamento. • Atrofia Diminuição da espessura. Pode ser superficial (apergaminhada) ou profunda. 6. Solução de continuidade da pele • Escoriação Lesão superficial linear traumática. • Erosão Acomete apenas a epiderme. • Exulceração Acomete até a derme papilar. • Úlceração ou úlcera Acomete toda a derme e/ou hipoderme. • Fissura Linear e estreita. • Fístula Trajeto linear sinuoso e profundo com eliminação de substâncias. 7. Lesões caducas • Escamas Figura 30. Infiltração do pavilhão auditivo na Hanseníase. Figura 31. Esclerodermia. Figura 32. Atrofia do dorso da mão. Figura 332. Escoriação em região cervical. Figura 34. Ulceração. Figura 35. Fissura promovida por ceratose. Figura 36. Fístula. Lâminas epidérmicas secas pelo exagero de ceratina normal ou defeituosa que se desprendem e/ou se acumulam na superfície cutânea. Podem ser furfuráceas/pitiriásicas ou laminares. • Crostas Ressecamento de exsudato, pode ser serosa, purulenta/melicérica (cor de mel – aspecto do impetigo), hemática. • Escara Ocorre por necrose tecidual, podendo acometer diversos planos. • Úlcera de decúbito Úlcera secundária à necrose. 8. Sequelas • Cicatriz Reparação conjuntiva e epitelial da pele traumatizada. ✓ Atrófica ✓ Hipertrófica (acompanha margem do insulto traumático) ✓ Queloide (lesão prolonga-se além da margem) 9. Classificação das lesões • Tipo de lesão ✓ Primária– inicial ✓ Secundária – decorrente da manipulação ou infecção da primária (sequelas, lesões caducas, soluções de continuidade e alterações de espessura) • Número ✓ Única ✓ Múltiplas • Configuração ✓ Anular ✓ Arciforme ✓ Circinadas ✓ Discoides ✓ Linear • Organização ✓ Localizada ✓ Generalizada • Distribuição ✓ Face ✓ Tronco ✓ Extremidades Figura 37. Descamação pelo estiramento. Figura 41. Cicatriz atrófica. Figura 42. Queloide. Figura 38. Crostas. Figura 39. Escara. Figura 40. Úlcera de decúbito.