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FASB = FACULDADE DO SUL DA BAHIA COLEGIADO DE DIREITO DIREITO EMPRESARIAL II PROF. JACQUES GUARINO ALUNO: HELLOYSA MATOS MOREIRA ATIVIDADE 1) O título de crédito é o documento formal e necessário ao exercício do seu direito literal e autônomo nele mencionado, sendo o documento que representa uma obrigação pecuniária. Conforme o CPC em seu art. 585: “São títulos executivos extrajudiciais: I – a letra de câmbio, a nota promissória, a duplicata, a debênture e o cheque.” Vivante enriqueceu o conceito de título de crédito, destacando os elementos autonomia e literalidade. O novo Código Civil acatou o conceito de Vivante ao afirmar que o título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos de lei. Diante da introdução acima, elabore um texto que contenha a ideia consagrada no Código Civil, evidenciando as características principais dos títulos de créditos, que são a literalidade, a abstração, a autonomia, respondendo qual destas características, e porque, garante a inoponibilidade das exceções ao terceiro de boa-fé. Para sabermos o que é titulos de créditos devemos analisar o que é previsto no art. 887 do Código Civil, o qual dispõe que título de crédito é o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele contido e somente produz efeito quando preenche os requisitos da lei. Os títulos de crédito representam um crédito relacionado a uma transação no mercado, facilitando e impulsionando a economia, pois substituem a moeda corrente ou o dinheiro em espécie e dão segurança ao negócio realizado. É um documento destinado a reportar um fato, onde ele é a prova de que foi estabelecida uma relação jurídica, a relação de crédito. Logo, o título de crédito gera uma obrigação do devedor e um direito do credor. São títulos executivos extrajudiciais que possibilitam a execução imediata do valor devido. É instrumento representativo de uma obrigação. Para haver os títulos de crédito a confiança é necessária, pois o crédito se assegura numa promessa de pagamento, e como tal deve haver entre o credor e o devedor uma relação de confiança, observando o princípo da boa fé, e a temporalidade é fundamental, visto que se subentende que o sentido do crédito é, justamente, o pagamento futuro combinado, pois se fosse à vista, perderia a idéia de utilização para devolução posterior. Sendo assim, existem duas estruturas de funcionamento dos títulos de crédito que são ordem de pagamento e a promessa de pagamento. A ordem de pagamento acontece quando o sacador ou emitente entrega à ordem para que outro agente pague conhecido como sacado e quem recebe por escrito e que deve receber o dinheiro, fica conhecido como o beneficiário. É o caso dos cheques e das letras de câmbio e a promessa de pagamento envolve o promitente e o beneficiário, ou seja, aquele que emite uma promessa de pagamento e o credor que receberá a dívida posteriormente. Este é o caso, das notas promissórias. Além dessas, existem outras características em cada título de crédito que configuram seu funcionamento, conhecidas como saque, aceite, endosso e aval. Os titulos de créditos têm princípios que são norteadores para sua existência, que são eles: princípio da literalidade, princípio da autonomia, princípio da abstração e o princípio da cartularidade. O princípio da literalidade determina que o conteúdo do título de crédito deva estar expresso nele, segundo o qual, o que não está contido no título, expressamente, não terá eficácia. Sendo assim, no caso de um aval ser outorgado por um instrumento privado, este não terá nenhuma eficácia, pois não gera vínculo jurídico com o título de crédito, já que como foi dito, seria necessário que o seu conteúdo estivesse contido no próprio título. Este princípio garante a facilidade da circulação do crédito incorporado ao título. O princípio da automia determina que as relações jurídicas que nascem de um título de crédito são autônomas, pois o título pode ser desvinculado da obrigação que o originou. Wille Duarte afirma que o princípio da autonomia parte do Direito quando se refere à boa fé objetiva e não tem sub-rogação. O direito é autônomo e não derivado. Com relação ao Título, este é considerado: autônomo; circula através do endosso; desvincula-se da causa (é abstrato); e não tem nada a ver com o motivo que levou à emissão do mesmo. E o jurista, quando se refere às obrigações, diz respeito às pessoas que assinam os títulos, que aceitam, avalizam, endossam, emitem e sacam. Através deste princípio, o que se almeja é afastar o devedor da exoneração de suas obrigações cambiárias, protegendo terceiros de boa-fé, evitando atos ilícitos ou viciados que possam a vir contaminar a relação principal. Sendo este sub-princípio fundamental para que haja o desligamento da cambial ao negócio que a originou. O princípio da abstração é o princípio dos títulos de crédito através do qual se torna desnecessário a verificação do negócio jurídico que originou o título, a duplicata não possui esta característica, pois fica vinculada ao negócio mercantil que lhe deu origem. Autonomia e abstração não devem ser confundidas, a primeira torna as obrigações assumidas nos títulos independentes; enquanto que a segunda decorre pelo fato dos direitos representados no título serem abstratos, não tendo vínculo com a causa concreta motivadora do nascimento desse. É o princípio da cartularidade é a característica pela qual o crédito se incorpora ao documento, ou seja, se materializa no título, assim, por exemplo, o direito de crédito de um cheque está incorporado nele próprio, portanto basta apresentá-lo no banco sacado para exercer o direito, que nos dizeres de Fábio Ulhoa “é a garantia de que o sujeito que postula a satisfação do direito é mesmo o seu titular, sendo, desse modo, o postulado que evita o enriquecimento indevido de quem, tenha sido credor de um título de crédito, o negociou com terceiros (descontou num banco, por exemplo)”. Sendo assim, os títulos de crédito constituem, na atualidade, fator importante para circulação de valores no Brasil e no mundo. 2) Christian Bale adquiriu, em 11/09/2020, produtos da Distribuidora de Medicamentos Gotham City S/A, emitindo cheque no valor de R$ 38.000,00 (trinta e oito mil reais) e acordando com o vendedor que a apresentação do cheque ao sacado se faria a partir de 22/12/2020. Houve extração de fatura de compra e venda pelo vendedor, mas não houve saque da correspondente duplicata. Sobre o caso narrado, responda aos itens a seguir: a) Há nulidade da emissão de cheque por Christian Bale em razão da ausência de saque de duplicata pelo vendedor? R: Não, pois o saque da duplicata da fatura pelo vendedor é optativo e a proibição de utilização de outro título de crédito envolvido à compra e venda é dirigida ao vendedor e não ao comprador, sendo assim a emissão do cheque é válida, de acordo com o Art. 2º, caput, da Lei nº 5.474/68. ‘Art. 2º No ato da emissão da fatura, dela poderá ser extraída uma duplicata para circulação como efeito comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de título de crédito para documentar o saque do vendedor pela importância faturada ao comprador. ’ b) Em relação à apresentação ao sacado, qual o efeito da inserção de data futura em relação à de emissão do cheque? R: Por se tratar de um cheque a título à vista, o sacado deverá efetuar seu pagamento na data de apresentação, ainda que essa seja anterior à data indicada no título como de emissão, de acordo com o Art. 32, parágrafo único, da Lei nº 7.357/85. ‘’Art. 32 O cheque é pagável à vista. Considera-se não estrita qualquer menção em contrário. Parágrafo único - O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação. ’’ 3) Peter emite nota promissóriapara o beneficiário John, com o aval de Scarlett. Antes do vencimento, John endossa a respectiva nota promissória para Jack. Na data de vencimento, Jack cobra o título de Peter, mas esse não realiza o pagamento, sob a alegação de que sua assinatura foi falsificada. Após realizar o protesto da nota promissória, Jack lhe procura com as seguintes indagações: a) Tendo em vista que a obrigação de Peter é nula, o aval dado por Scarlett é válido? R: Sim, o aval é valido, pois se trata de uma obrigagação autônoma e independente, e em razão do princípio da autonomia das obrigações cambiais a obrigação do avalista se mantém mesmo no caso de a obrigação que ele garantiu ser nula por qualquer razão que não seja vício de forma. b) Contra qual(is) devedor(es) cambiário(s) Jack poderia cobrar sua nota promissória? R: Jack poderá cobrar o título do avalista, que assumira a obrigação como devedora principal do crédito a Scarlett e de John, que fora endossante do título, garantindo a existência e o pagamento do mesmo, de acordo com o decreto Decreto nº 57.663 de 24/01/1966 Art.15. 4) Hugh teve seu nome negativado pela emissão de cheque sem suficiente provisão de fundos, apresentado pelo portador ao sacado por duas vezes e em ambas devolvido. O nome do devedor foi inscrito no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF), sem que tenha havido notificação prévia do devedor, acerca de sua inscrição no aludido cadastro, por parte do Banco. Sentindo-se prejudicado pelos danos morais e materiais advindos da inscrição no CCF, Hugh lhe consulta para que você esclareça as questões a seguir. a) Houve conduta ilícita por parte do Banco? R: Quando uma pessoa emite um cheque sem fundos, ela pode ser incluída em um cadastro negativo chamado de Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CCF). A inclusão no CCF ocorre automaticamente quando o cheque é devolvido por: falta de provisão de fundos (motivo 12), na segunda apresentação; conta encerrada (motivo 13); e prática espúria (motivo 14). Sendo assim, não houve conduta ilícita por parte do Banco do Brasil S/A, porque a instituição não tem a responsabilidade de notificar previamente o devedor acerca da sua inscrição no Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos, de acordo com o entendimento pacificado no STJ, contido na Súmula 572. Dessa forma, o responsável pela inclusão do emitente do cheque no CCF é o banco sacado, ou seja, o banco ao qual estava vinculado o cheque que não pode ser pago, logo ele é que tem responsabilidade pela notificação prévia do emitente e, caso não cumpra essa obrigação, terá o dever de indenizar o lesado. b) A devolução do cheque por duas vezes impede o credor de realizar a sua cobrança judicial? R: Não. A devolução do cheque por duas vezes não impede sua cobrança judicial, pois é possível ao credor promover a execução ou ajuizar ação de execução em face do emitente, já que esse é responsável pelo pagamento perante o portador, de acordo com o Art. 15 da Lei nº 7.357/85 OU Art. 47, I, da Lei nº 7.357/85.
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