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Seguro Social e Redistribuição

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/
DEFINIÇÃO
Motivações individuais para a contratação de seguro: risco e proteção. Problemas associados
ao mercado de seguro. Assimetria informacional. Intervenção governamental. Seguro social.
Redistribuição.
PROPÓSITO
Compreender o mercado de seguros, suas falhas, e o papel da política pública. Trata-se de
algo central para estudar a atuação dos governos em todas as sociedades. A provisão de
seguro é a motivação por trás da maioria das políticas públicas.
OBJETIVOS
/
MÓDULO 1
Descrever os motivos que levam as pessoas a fazer um seguro
MÓDULO 2
Identificar os problemas associados ao mercado de seguro
MÓDULO 3
Identificar os motivos para a intervenção do governo no mercado de seguros, com destaque
para seu aspecto redistributivo
INTRODUÇÃO
Fonte: Andrii Yalanskyi/Shutterstock
Peter Fisher, funcionário do governo americano no início dos anos 2000, cunhou uma
expressão famosa. Segundo ele, o governo dos Estados Unidos é:
/
[...] “UMA GIGANTESCA COMPANHIA DE SEGUROS
COM ATUAÇÃO SECUNDÁRIA NA ÁREA DE DEFESA E
SEGURANÇA”.
De fato, a maior parte das políticas públicas, em qualquer país do mundo, tem a ver com
seguro para a sociedade, ou seja, com proteção contra os mais diversos riscos. Neste tema,
veremos por que as pessoas demandam um seguro e por que a provisão privada de seguro,
através do mercado, pode ser insuficiente.
Estudaremos, então, as políticas públicas que o governo coloca em prática para lidar com essa
insuficiência.
MÓDULO 1
 Descrever os motivos que levam as pessoas a fazer um seguro
COMPREENDENDO O QUE É SEGURO
Sabemos que o futuro é incerto e, diante disso, buscamos alternativas para garantir que não
estejamos desprevenidos em casos de ocorrência de uma situação adversa. Muitas vezes,
buscamos tomar precauções para evitar que surpresas desagradáveis aconteçam.
 EXEMPLO
Por exemplo, podemos dizer que buscamos nos qualificar mais para conquistar melhores
condições de emprego e de salário no mercado de trabalho; optamos por colocar grades nas
/
janelas de nossas casas para nos deixar mais seguros, ou, ainda, que nos preocupamos com a
nossa saúde e, por isso, adotamos uma alimentação saudável.
Todas essas ações representam uma maneira indireta que as pessoas encontram para se
proteger de um futuro desconhecido. Além dessas ações de precauções, podemos adotar
medidas que também fornecerão algum tipo de segurança em caso de ocorrência de uma
situação não muito agradável.
Pare por um instante e analise as seguintes situações:
Fonte: Tommaso79/Shutterstock
1
Você acabou de comprar um carro e está dirigindo pela cidade. Um motorista se distrai e bate
no seu veículo. Ele fica constrangido, pede desculpas a você e fala que o seguro dele vai arcar
com os seus prejuízos.
/
Fonte: Paulaphoto/Shutterstock
2
Você está em casa com a família e, durante o café da manhã, seu pai diz: “Hoje é o meu último
dia de trabalho. Após anos de contribuição para a previdência social do governo, vou me
aposentar”.
/
Fonte: Africa Studio/Shutterstock
3
Você está com muita febre, e seus pais, preocupados com sua saúde, levam-no ao hospital. Ao
chegar lá, eles apresentam a sua carteirinha do plano de saúde, e o recepcionista o direciona
ao atendimento.
/
Fonte: Gabriel_Ramos/Shutterstock
4
Seu tio foi demitido da empresa em que trabalhou por 20 anos. Ele disse que está ansioso para
conseguir um novo emprego, mas que, enquanto isso não acontece, está pensando em dar
entrada para receber o seguro-desemprego do governo.
/
Fonte: Rawpixel/Shutterstock
5
Sua bisavó morreu, e você ficou sabendo que seus familiares receberão uma quantia de um
seguro de vida que ela havia contratado.
Todas as cinco situações hipotéticas remetem a formas de seguro. No primeiro caso, temos o
seguro de automóveis, seguido pelo exemplo de aposentadoria e do plano de saúde. Na quarta
situação, temos o caso do seguro-desemprego e, por último, o seguro de vida. Talvez você
possa achar que a aposentadoria seja o exemplo que mais destoa dos demais, mas, ao longo
do tema, compreenderá que ela também se enquadra como uma forma de seguro.
AO LONGO DESTE MÓDULO, O OBJETIVO PRINCIPAL
É COMPREENDER COMO PESSOAS E EMPRESAS
INTERAGEM NO MERCADO DE SEGUROS, ALÉM DE
ASSIMILAR QUAIS SÃO OS FATORES ASSOCIADOS À
PREFERÊNCIA DOS INDIVÍDUOS EM RECORRER AO
/
SEGURO.
VAMOS ESTUDAR EM QUAIS ASPECTOS AS
CARACTERÍSTICAS DOS INDIVÍDUOS – QUE ESTÃO
RELACIONADAS ÀS SUAS REAÇÕES FRENTE À
POSSIBILIDADE DE OCORRÊNCIA DE SITUAÇÕES
ADVERSAS – PODEM LEVAR AS PESSOAS A
BUSCAREM UM SEGURO. DESSA MANEIRA, AO FINAL
DO MÓDULO, SERÁ POSSÍVEL DESENVOLVER UMA
TEORIA PARA ENTENDER A DEMANDA DAS PESSOAS
POR ESSE TIPO DE PROTEÇÃO.
A necessidade de “se sentir seguro” tem várias implicações econômicas. Começaremos o
nosso estudo analisando como os agentes interagem no âmbito do mercado de seguro.
Apesar de haver muitas possibilidades e formas de delineamento de um seguro, há uma
estrutura comum a todos: indivíduos contratam seguros que podem ser gerenciados por
empresas privadas ou pelo governo.
A partir daqui, para ambos os casos, falaremos de maneira geral em Seguradores:
Fonte: DStarky/Shutterstock
/
Os pagamentos pelo seguro são chamados de prêmios do seguro, ou seja, dinheiro pago por
um contratante para obter benefícios no caso de ocorrência de eventos adversos.

Fonte: Mustafa Arain/Shutterstock
Em contrapartida, o segurador (quem recebe o valor pago) tem a obrigação de realizar
pagamentos para o assegurado ou para outros beneficiários previstos no plano.
Suponha que você contratou um plano de saúde: o prêmio de seguro é o valor que você (ou a
sua família) pagará mensalmente ao plano, o assegurado é você, e o segurador é a empresa
que oferece o serviço de assistência médica (médicos, laboratórios, clínicas e demais
atendimentos que, porventura, serão pagos pelo plano de saúde de acordo com as obrigações
previstas no momento da contratação).
Vamos voltar às situações hipotéticas previamente apresentadas, buscando identificar o prêmio
do seguro, assegurado e segurador.
O assegurado é a pessoa que bateu no seu carro, o prêmio de seguro é o valor que esta
pessoa paga mensalmente, e o segurador é a empresa que fornece esse seguro.
/
O assegurado é o seu pai, o segurador é o governo, e o prêmio de seguro é o valor da
contribuição para aposentadoria que ele pagou ao longo dos anos.
O assegurado é você, o prêmio de seguro é o prêmio que você (ou seus pais) paga
mensalmente pelo plano de saúde, e o segurador é a empresa que oferece o plano de
saúde.
O assegurado é o seu tio, o segurador é o governo, e o prêmio de seguro é a contribuição
que ele realizou para o governo enquanto estava empregado.
O assegurado é a sua bisavó, o segurador é a empresa que ofereceu o seguro, e o
prêmio do seguro é o valor que ela pagou para ter direito ao seguro de vida.
Para cada situação apresentada, há particularidades referentes ao prêmio do seguro e ao
segurador.
Fonte: G-Stock Studio/Shutterstock
 ATENÇÃO
O prêmio do seguro pode ser um valor pago mensalmente via boleto, por exemplo, ou até um
tipo de taxação do governo sobre os salários. Nessa parte inicial, é importante entender três
aspectos básicos do seguro: sempre haverá alguém a ser beneficiado pelo seguro; um agente
que proverá as condições para que o contratante se beneficie; e custos financeiros.
/
Até o momento, compreendemos as características básicas de um seguro, mas você pode se
perguntar por que as pessoas recorrem a esse serviço. Para tanto, vamos considerar um
exemplo hipotético a fim de ilustrar conceitos econômicos importantes:
 EXEMPLO
Você está na sua pizzaria predileta. Ao comer o primeiro pedaço de pizza, a sua felicidade é
muito grande. Você percebe que, à medida que vai comendo mais pedaços, aquela felicidade
que você sentiu inicialmente não é mais a mesma. Se felicidade pudesse ser medida e
variasse de 1 a 10 (sendo 10 a situação de maior felicidade), seria como se o primeiro pedaçode pizza proporcionasse uma felicidade 10, o segundo, 9, o terceiro, 8, e assim por diante.
DEFININDO CONCEITOS ECONÔMICOS
BÁSICOS PARA O ESTUDO DE SEGUROS
Fonte: Fizkes/Shutterstock
Pense nessa escala de felicidade como uma forma de representar a sua preferência, refletindo
diretamente no seu bem-estar. Esse seu nível de bem-estar pode ser chamado de utilidade, e
está intimamente associado à quantidade dos seus bens de consumo e à satisfação que isso
proporciona.
/
 VOCÊ SABIA
O conceito de utilidade pode ser representado como uma função matemática que tem como
objetivo mapear as escolhas de cada indivíduo – isto é, a quantidade escolhida dos bens que
serão consumidos – e transformá-las em uma medida de satisfação pessoal. Em outras
palavras, associamos um nível de bem-estar a cada cesta de bens e serviços consumidos por
uma pessoa.
A possibilidade de utilizar essa representação matemática para estabelecer a relação positiva
entre o nível de bem-estar associado ao consumo e à quantidade de recursos disponíveis tem
diversas aplicações. No entanto, neste módulo, é necessário apenas que se compreenda que
esse conceito de utilidade pode ser representado matematicamente, ou seja, é possível
associar um valor ao bem-estar.
Voltando ao nosso exemplo, à medida que aumenta a quantidade de pedaços de pizza, o seu
nível de felicidade para cada novo pedaço é menor. Embora a sua utilidade aumente, o seu
ganho de utilidade decresce: a primeira fatia vale mais que a décima.
Essa observação é traduzida no chamado princípio da utilidade marginal decrescente, em
que o incremento em uma unidade de um bem faz com que a sua utilidade diminua (utilidade
marginal é apenas a utilidade de uma fatia de pizza a mais). No nosso exemplo, a cada
unidade de pizza consumida, a satisfação desse novo pedaço diminui em comparação com a
utilidade do pedaço de pizza consumido anteriormente. Para compreender a utilidade marginal
decrescente, sempre tenha em mente a seguinte relação:
A CADA UNIDADE ADICIONADA, MENOR É O GANHO
DE UTILIDADE. ESSES TERMOS FICARÃO MAIS
INTUITIVOS NO PRÓXIMO EXEMPLO.
 EXEMPLO
Imagine que, em um belo dia, você ganha um carro de presente. Pense na sua felicidade em
sair do status de pessoa que não tinha carro. O tempo vai passando, e você ganha um
/
segundo carro em um sorteio, com a ressalva de não poder vendê-lo por cinco anos. O seu
nível de felicidade ainda é grande, mas compare com o nível de felicidade no seu primeiro
carro. É perceptível que o grau de utilidade diminui à medida que você vai ganhando mais
veículos! Se você continuar ganhando carros até, digamos, um total de cinco, o quinto
provavelmente será muito menos relevante que o primeiro, ou que qualquer um dos quatro
anteriores.
Vamos olhar para outro exemplo:
 EXEMPLO
Por um momento, imagine que, ao longo do próximo ano, você pode contrair uma pneumonia
muito forte e, como resultado, terá de gastar muito dinheiro com medicamentos, hospitais,
médicos etc. Dessa forma, no próximo ano, existem duas possibilidades: você pode contrair
pneumonia ou pode se manter saudável.
Logicamente, você não deseja ficar doente, mas é necessário ser precavido e, para isso, diante
de cada uma dessas duas possibilidades de acontecimentos futuros (pneumonia ou ausência
de pneumonia), você deve fazer uma escolha hoje que afetará o seu consumo e seu bem-
estar. Nesse caso, considere como consumo a quantidade de dinheiro máximo que você pode
gastar no mês, mesmo se tiver de arcar com todas aquelas despesas médicas. Como vimos no
exemplo anterior, é melhor ter um consumo constante, que traz mais utilidade.
ESSA RELAÇÃO ENTRE A NECESSIDADE DE TER UM
CONSUMO SUAVIZADO E A POSSIBILIDADE DE
/
ACONTECER ALGUM EVENTO ADVERSO FAZ COM
QUE SURJAM OS SEGUROS.
Fonte: Vadym Nechyporenko/MD. Delwar hossain/Shutterstock
Ao contratar o seguro, as pessoas comprometem-se a efetuar um pagamento
independentemente de qual foi o evento ocorrido. Considerando o exemplo do plano de saúde,
você paga o plano mesmo se não utilizar nenhum serviço médico. No caso do seguro de carro,
você paga o seguro mesmo se não o acionar. Assim, o prêmio do seguro é pago
independentemente do evento que ocorreu (acidente ou ausência de acidente; pneumonia ou
ausência de pneumonia).
Com o conceito de utilidade marginal decrescente, podemos explicar por que as pessoas
desejam ter um consumo suavizado em diferentes períodos, ou seja, por que desejam
transferir consumo dos períodos de bonança (o que significa ter baixa utilidade marginal)
para períodos de escassez (que possuem alta utilidade marginal). Com essa relação, a
intuição que se segue é sempre a mesma:
 RESPOSTA
É melhor ter um consumo suavizado entre todas as possibilidades de eventos (bons ou ruins,
sem pneumonia ou com pneumonia) do que ter um consumo alto em um cenário positivo
(saudável, sem pneumonia) e baixo em um cenário negativo (pneumonia forte, com todos os
impactos sobre bem-estar e despesas médicas).
A ideia de suavização de consumo vale tanto para períodos do tempo quanto para diferentes
cenários possíveis!
/
O PAPEL DA AVERSÃO AO RISCO NA
DECISÃO POR SEGURO
SERÁ QUE TODAS AS PESSOAS AGIRÃO DA MESMA
FORMA EM RELAÇÃO À UTILIDADE MARGINAL
DECRESCENTE?
Vamos ver que a resposta para essa pergunta é não. Uma diferença importante entre os
indivíduos é com relação à aversão ao risco, que indica se uma pessoa é mais ou menos
tolerante em relação aos riscos que podem afetá-la.
 EXEMPLO
Por exemplo, uma pessoa pode comprar um carro e dirigir por alguns dias até fechar um
seguro. Porém, outra só tira o carro da revendedora com o seguro já assinado.
Isso significa que é possível avaliar até que ponto as pessoas são propensas a arcar com os
riscos. Uma definição que podemos utilizar de aversão ao risco é a propensão de um
indivíduo em aceitar arcar com os riscos de uma ocorrência incerta. Como já ressaltamos
que o futuro é incerto, indivíduos com alto grau de aversão ao risco buscarão alternativas para
se protegerem com a finalidade de minimizar as chances de ocorrer situações particularmente
ruins.
Vamos relacionar aversão a risco e utilidade marginal.
/
Fonte: Fizkes/Shutterstock
SABEMOS QUE A UTILIDADE MARGINAL DIMINUI À
MEDIDA QUE O CONSUMO AUMENTA, MAS EM QUE
VELOCIDADE ESSA DIMINUIÇÃO SE DÁ? ESSE
PROCESSO SERÁ RÁPIDO OU LENTO?
Indivíduos com alto grau de aversão ao risco são mais temerosos com a ideia de queda de
consumo. Assim, eles ficarão satisfeitos em sacrificar parte do seu consumo para garantir um
mínimo nos cenários ruins, caso ocorra um evento adverso. Como são mais sensíveis a
qualquer variação nos seus níveis de consumo, o evento adverso surtirá um efeito negativo
mais intenso.
Indivíduos avessos ao risco experimentam rápida variação na utilidade marginal: a primeira
unidade de consumo vale muito mais que a segunda, que vale muito mais que a terceira, e
assim por diante. Dessa forma, a pessoa estará disposta a abrir mão, digamos, da terceira
unidade nos cenários bons, se, com isso, garantir ao menos uma unidade no cenário ruim. É a
pessoa que tem muito medo de ter o carro roubado: a utilidade dela será muito baixa nesse
caso – ou seja, a redução de um para zero carro terá grande impacto na utilidade.
/

Em contrapartida, indivíduos que possuem baixo nível de aversão ao risco são aqueles que
possuem diminuição na utilidade marginal mais lenta: a primeira unidade de consumo vale um
pouco mais que a segunda, que vale um pouco mais que a terceira. Esse grupo de pessoas
não deseja sacrificar muito o seu consumo presente para se sentirem seguras no caso de
acontecer algum evento adverso, o que gera perda de utilidade relativamente pequena.
Neste módulo, buscamos compreender o motivo que faz com que os indivíduos recorram ao
mercado de seguro. Percebemos que existe preferência inata para que os indivíduos possuam
um consumo suavizado, o que possui uma relação direta com a utilidade marginal decrescente.
Assim, a situaçãode muito consumo hoje e pouco consumo amanhã não é desejável, uma vez
que a utilidade por unidade diminui à medida que o consumo aumenta.
 ATENÇÃO
Por essa razão, os indivíduos desejam que seus níveis de consumo não sofram grandes
alterações. Porém, como não sabem de que forma será o futuro, recorrem a mecanismos que
proporcionarão alguma estabilidade. Estudamos que esse mecanismo pode ser associado ao
mercado de seguro.
Poderíamos argumentar que essa teoria seria muito bem aplicada apenas em um contexto em
que todo mundo dispõe de recursos suficientes para buscar um seguro por conta própria, o que
não pode ocorrer no mundo real. Apesar disso, imagine por um instante que todo mundo
dispõe de recursos suficientes para contratar um seguro que atenda perfeitamente suas
necessidades.
O QUE DEVERIA SER LEVADO EM CONSIDERAÇÃO
PARA DETERMINAR QUAL O PRÊMIO DO SEGURO
QUE É JUSTO PARA CADA PESSOA? ALÉM DISSO,
VOCÊ CONSEGUE APONTAR QUAIS SÃO OS
/
PROBLEMAS QUE AINDA PODERIAM EXISTIR MESMO
EM CONTEXTO DE MUNDO NO QUAL TODO MUNDO
DISPÕE DE RECURSO SUFICIENTE PARA PAGAR UM
PRÊMIO JUSTO?
Todos esses levantamentos serão estudados no próximo módulo.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A AFIRMATIVA QUE EXEMPLIFICA CORRETAMENTE A
DIMINUIÇÃO DA UTILIDADE MARGINAL QUE OCORRE À MEDIDA QUE O
CONSUMO AUMENTA.
A) A cada xícara de café que tomo, eu consigo ficar mais disposto a estudar.
B) O primeiro filme que eu assisti durante as minhas férias foi o melhor da vida. O segundo
filme foi péssimo, mas o terceiro foi excelente, superando minhas expectativas.
C) Meus amigos fizeram uma aposta de quem conseguia maratonar uma série e ser o primeiro
a acabar de assistir a todos os episódios. Confesso que, a cada episódio que eu via, minha
vontade de maratonar a série diminuía.
D) Estou fazendo um curso de gastronomia e percebi que, a cada prato que faço, eu me torno
mais confiante e hábil no preparo de receitas.
2. LEIA ATENTAMENTE AS TRÊS SITUAÇÕES ABAIXO E ASSINALE A
ALTERNATIVA CORRETA. 
• I) ANA RECEBEU UMA PROPOSTA DE SEGURO DE VIDA DA EMPRESA
FIQUE TRANQUILO: FOI OFERECIDA A OPÇÃO DE PAGAR R$20,00 POR
MÊS E, EM CASO DE MORTE DE ANA, CADA UM DE SEUS FILHOS
RECEBERIA O VALOR DE R$200.000,00. 
/
• II) JOÃO ERA UM EMPRESÁRIO VISIONÁRIO E PERCEBEU QUE DAR
UM DESCONTO PARA CADA CLIENTE QUE RENOVASSE O SEGURO DO
CARRO ERA A MELHOR OPÇÃO PARA CONQUISTAR A FIDELIDADE DOS
CLIENTES. 
• III) TEREZA TEVE A SUA CASA COMPLETAMENTE INCENDIADA
DEVIDO A UM CURTO-CIRCUITO. AINDA BEM QUE ELA POSSUI SEGURO
CONTRA INCÊNDIOS.
A) Fique Tranquilo é uma seguradora, e o prêmio de seguro é R$200.000.
B) João e Tereza são assegurados.
C) Tereza não precisa pagar prêmio de seguro.
D) Ana paga um prêmio de seguro de R$20 por mês.
GABARITO
1. Assinale a afirmativa que exemplifica corretamente a diminuição da utilidade marginal
que ocorre à medida que o consumo aumenta.
A alternativa "C " está correta.
A diminuição da utilidade marginal prevê que o nível de utilidade (felicidade) com a primeira
unidade é sempre maior do que a próxima. Assim, assistir ao primeiro episódio da série produz
uma utilidade maior, que vai se reduzindo.
2. Leia atentamente as três situações abaixo e assinale a alternativa correta. 
• i) Ana recebeu uma proposta de seguro de vida da empresa Fique Tranquilo: foi
oferecida a opção de pagar R$20,00 por mês e, em caso de morte de Ana, cada um de
seus filhos receberia o valor de R$200.000,00. 
• ii) João era um empresário visionário e percebeu que dar um desconto para cada
cliente que renovasse o seguro do carro era a melhor opção para conquistar a fidelidade
dos clientes. 
/
• iii) Tereza teve a sua casa completamente incendiada devido a um curto-circuito. Ainda
bem que ela possui seguro contra incêndios.
A alternativa "D " está correta.
Ana é a assegurada, a empresa Fique Tranquilo é a seguradora, e o prêmio de seguro é de
R$20 por mês – é o pagamento da assegurada à seguradora.
MÓDULO 2
 Identificar os problemas associados ao mercado de seguro
INTRODUÇÃO
Fonte: Shutter_MS/Shutterstock
No módulo 1, entendemos que os indivíduos optam por contratar um seguro devido ao desejo
de suavizar o consumo ao longo do tempo e entre diferentes cenários possíveis, já que
não podemos controlar os acontecimentos futuros. Como o aumento da utilidade propiciada
nos períodos de maior consumo não compensa a redução da utilidade nos períodos de
escassez, os indivíduos buscam o seguro como forma de se prevenir contra essa instabilidade.
/
Se o mundo funcionasse do jeito que estudamos no módulo 1, não haveria nenhum tipo de
problema, já que os indivíduos buscariam formas de se resguardar contra eventos adversos
contratando seguro. Porém, esse encontro perfeito entre quem quer contratar um seguro e o
ofertante de seguro pode não acontecer por alguns motivos.
Diante disso, o intuito é que, ao longo do módulo 2, possamos compreender quais são os
problemas inerentes ao mercado de seguro e se existe alguma forma de contorná-los. Além
disso, vamos avaliar se o governo pode intervir no mercado de seguro de forma a ajudar a
resolver esses problemas.
ASSIMETRIA INFORMACIONAL
Comecemos por um problema central do mercado de seguros: a assimetria de informação,
ou assimetria informacional. Essa situação ocorre em uma transação em que uma parte
possui alguma informação relevante que a outra parte não tem.
Essa venda não concluída pode ser vista como um tipo de distorção, que é um exemplo típico
de falha de mercado. Podemos definir a ocorrência de uma falha de mercado como um
problema que faz com que o mercado não entregue o resultado mais eficiente:
TRANSAÇÕES BENÉFICAS PARA TODAS AS PARTES
NÃO SÃO REALIZADAS. EXISTEM VÁRIOS TIPOS DE
FALHA DE MERCADO, E A ASSIMETRIA
INFORMACIONAL É UMA DELAS.
/
No mercado de carros usados, a imperfeição de mercado é atrelada ao fato de que os
vendedores sabem mais do que os compradores em potencial, o que torna os compradores
receosos com esse mercado.

No mercado de seguros, a assimetria informacional é reversa, ou seja, o comprador do seguro
(assegurado) sabe mais sobre os próprios riscos do que o vendedor (segurador).
Nesse caso, o segurador é mais relutante em vender seguros, porque está preocupado com o
fato de que apenas indivíduos com problemas relacionados ao tipo específico de seguros
procurarão estar cobertos. A seguradora teme que apenas os doentes desejem seguro de
saúde, por exemplo, ou apenas aqueles que estão prestes a perder o emprego busquem por
um seguro de desemprego privado. Como resultado, as seguradoras cobrarão prêmios mais
altos do que os valores justos, ou poderão não vender seguros se suspeitarem do status de
risco de alguém.
Para ilustrar, considere o seguinte exemplo, adaptado de Gruber (2015):
Imagine que existam dois grupos de pessoas: as que prestam atenção ao atravessar a rua
(cuidadosos) e os que atravessam a rua totalmente despreocupados (descuidados).

Como é possível imaginar, a chance de alguém descuidado ser atropelado é maior do que
alguém que é cuidadoso. Dessa forma, suponha que cada descuidado tem 5% de chance de
ser atropelado por ano, enquanto cada cuidadoso tem 0.5%.
QUAL SERIA O EFEITO DESSES DOIS GRUPOS TÃO
DIFERENTES SOBRE O MERCADO DE SEGUROS?
Como vimos anteriormente com o exemplo dos carros usados, a disponibilidade de informação
é algo crucial na hora de se efetuar uma venda/compra, e não seria diferente em um contexto
/
de mercado de seguros. Assim, os efeitos da informação nesse mercado serão dependentes
de quais informações as seguradoras possuem sobre o indivíduo, impactando nos prêmios e
até na disponibilidade de oferta do seguro.
Suponha que a informação de quem é cuidadoso ou quem é descuidado é totalmente pública,
de forma que a empresa de seguro e os pedestres saibam quem é cuidadoso ao atravessar a
rua e quem não é. A disponibilidade de informação permite que a empresa de seguro aplique
preços diferenciados para cada grupo de indivíduos.
Fonte:Jan H Andersen/Shutterstock
Considere que a seguradora paga R$50.000,00 em caso de atropelamento. Como os membros
do grupo dos descuidados possuem maior probabilidade (5%) de serem atropelados, eles
deverão pagar R$50.000,00 x 0.05 = R$ 2.500,00 anualmente de prêmio pela cobertura de
seguro.

/
Fonte: Megaflopp/Shutterstock
Em contrapartida, o grupo dos cuidadosos, com probabilidade 0,5% de serem atropelados,
pagarão R$ 50.000,00 x 0.005 = R$ 250,00 de prêmio anualmente.
No caso de ambos os grupos contratarem o seguro, com um prêmio que se baseia nas
características de cada um, a sociedade conseguiria o melhor resultado: todo mundo possui
seguro e está coberto em caso de acontecimentos adversos. Perceba que, ao sabermos a qual
grupo cada indivíduo pertence, foi possível calcular o prêmio do seguro considerando as
características de cada um.
OS EFEITOS DA ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO
NO MERCADO DE SEGUROS
Suponha agora que a empresa de seguro saiba apenas que existem dois grupos, o dos
descuidados e o dos cuidadosos, mas não sabe se uma pessoa pertence a um grupo ou a
outro. Inicialmente, a empresa poderia perguntar individualmente a qual grupo cada pessoa
pertence e, assim, aplicar prêmios diferenciados.
Com essa possibilidade, é mais provável que os indivíduos afirmem que pertencem ao grupo
dos cuidadosos. Afinal de contas, estar no outro grupo dos descuidados representaria pagar
anualmente 10x mais de prêmio de seguro. Do ponto de vista do indivíduo, dizer que pertence
/
ao grupo dos cuidadosos sempre seria a melhor solução. Como resultado, toda a sociedade
estaria coberta pelo seguro.
Fonte: Jirsak/Shutterstock
 VOCÊ SABIA
Isso significaria que alguns estariam pagando o preço justo (os cuidadosos) e o outros
pagando um prêmio baixo (os descuidados), mas todos estariam assegurados em caso de
acidente.
VAMOS IMAGINAR QUE, PARA CADA CUIDADOSO,
EXISTA UM DESCUIDADO:
Cada par de pessoas tem, portanto, em média, um cuidadoso, que deve pagar R$250, e um
descuidado, que deve pagar R$2.500. Logo, cada par de pessoas deveria pagar, em média,
R$2.750. Como ambos se declaram cuidadosos, cada um paga apenas R$250, e a dupla paga
R$500: ou seja, muito menos que os R$2.750 necessários. A seguradora tem um prejuízo de
R$ 2.250,00 para cada par de indivíduos! Com esse prejuízo, nenhuma seguradora terá
interesse em oferecer os seus serviços de seguro, resultando na pior situação possível:
nenhum indivíduo conseguirá obter o seguro porque não existem empresas que ofertarão seus
serviços.
Uma alternativa para que todos tenham chances de contratar o seguro é a empresa reconhecer
que não existe a possibilidade de saber quem é cuidadoso ou não e ofertar um preço médio
para o prêmio. Como a probabilidade de os indivíduos do grupo dos descuidados serem
atropelados é de 5% e a do outro grupo é de 0,5%, cada pessoa tem uma probabilidade média
/
de ser atropelada de 2,75% (a média entre 5% e 0,5%). Diante disso, o prêmio do seguro para
cada pessoa poderia ser de R$50.000 x 2,75% = R$ 1.375,00 anuais. Como as seguradoras
não estariam operando mais no prejuízo, podemos pensar que elas oferecerão o seguro a esse
preço, e, dessa forma, não haverá mais problemas. Porém, a história não acaba assim.
Vamos olhar pela perspectiva de uma pessoa cuidadosa. Ao ter de pagar um valor (R$1.375)
bem acima do que ela deveria pagar (R$250), contratar o seguro torna-se menos atrativo.
Assim, o grupo de pessoas cuidadosas poderá abrir mão do seguro, uma vez que conhece
suas próprias características e sabe que esse valor está bem acima do valor justo.
Agora, sem o grupo dos cuidadosos, a empresa ficará novamente no prejuízo! Como só sobrou
o grupo dos que deveriam pagar R$ 2.500,00, mas pagam R$ 1.375,00, devido à estratégia de
prêmio médio, a seguradora operaria no prejuízo mais uma vez, e optará por não oferecer seus
serviços. Novamente, o mercado falhou em prover a quantidade ideal de seguro para os dois
tipos de consumidores.
ESSE TIPO DE ASSIMETRIA INFORMACIONAL É
CHAMADO DE SELEÇÃO ADVERSA. QUANDO OS
INDIVÍDUOS ASSEGURADOS SABEM MAIS SOBRE OS
SEUS RISCOS DO QUE O SEGURADOR, AQUELES
INDIVÍDUOS MAIS PROPENSOS A SITUAÇÕES
ADVERSAS CONTRATAM O SEGURO, LEVANDO AS
EMPRESAS A OPERAREM NO PREJUÍZO.
Voltando ao caso do nosso exemplo, apenas aqueles que consideram que o seguro está sendo
oferecido a um prêmio justo ou atrativo optarão por contratá-lo. Como vimos, apenas os
descuidados desejarão contratar o seguro, já que o prêmio está abaixo do que seria justo.
A seleção adversa pode levar a uma falha no mercado de seguro, mas esse resultado não é
inevitável. A decisão individual sobre a contratação de um seguro está relacionada à sua
aversão ao risco, ou seja, quanto o indivíduo gostaria de evitar flutuações na sua renda (ou no
seu consumo, ou no bem-estar, de forma mais ampla). Os indivíduos com algum grau de
aversão ao risco em geral desejam contratar um seguro quando o prêmio é justo. A maioria
dos indivíduos é avessa ao risco e valoriza a cobertura contra situações adversas. Eles estarão
dispostos a pagar um “prêmio de risco”, ou seja, um valor que está acima do prêmio justo.
/
Voltando ao nosso exemplo, talvez eles estejam dispostos a pagar os R$1.375,00, mesmo que
saibam que o preço justo é R$250,00.
ESSA SITUAÇÃO É CHAMADA DE EQUILÍBRIO
AGREGADOR, OU SEJA, UMA SITUAÇÃO DE
MERCADO EM QUE TODOS CONTRATAM O SEGURO,
AINDA QUE O PRÊMIO NÃO SEJA JUSTO PARA TODO
MUNDO. NESSE CASO, TODOS OS TIPOS DE
INDIVÍDUOS ESTÃO COBERTOS PELO SEGURO, E O
SEGURADOR ESTÁ DISPOSTO A OFERTAR A
COBERTURA.
Outra forma de contornar a seleção adversa é a possibilidade de oferecer às pessoas produtos
com preços diferenciados.
 ATENÇÃO
Lembre-se de que a origem do problema da seleção adversa é o fato de que os indivíduos
descuidados podem se dizer cuidadosos, com o intuito de contratarem um seguro a um prêmio
menor do que o justo. Mesmo se as empresas pedirem aos indivíduos que revelem a que
grupo pertencem (cuidadoso ou descuidado), tipicamente não se obterá uma resposta
verdadeira. Assim, uma alternativa é ofertar seguros diferentes, tentando atrair cada tipo de
pessoa para um seguro distinto, ou seja, a escolha individual revelará a que grupo pertence um
indivíduo.
Esse tipo de estratégia no mercado de seguro é chamado de equilíbrio separador.
Vamos supor que a empresa de seguro ofereça duas opções: excelente cobertura contra
acidentes ao preço de R$2.500,00 e uma cobertura simples, ao preço de R$250,00. Quando
essas duas opções são postas perante um indivíduo descuidado, é provável que ele opte pela
opção que lhe confere excelente cobertura de custos contra acidentes. Assim, ele pagará o
maior prêmio de seguro, R$2.500,00. Em contrapartida, os membros do grupo dos cuidadosos
/
optarão pela cobertura simples com o prêmio de R$250,00. Essa escolha acontece porque o
descuidado não tem nenhum interesse em ter uma cobertura simples por causa da alta
probabilidade de sofrer um acidente. Como, em média, os indivíduos são avessos a risco, é
preferível pagar um alto preço, mas ter a garantia de poder contar com uma excelente
cobertura.
Essa oferta de produtos de seguro diferenciados levou os consumidores a revelarem os seus
verdadeiros grupos. Quando ambos os grupos respondem a essa diferenciação de preço,
temos o equilíbrio separador.
Vamos retornar ao início e avaliar a situação em que cada um paga o valor justo: R$250,00
para os cuidadosos e R$2.500,00 para os descuidados. Considere que os cuidadosos, após
contratar o seguro, sintam-se mais protegidos por estarem cobertos e mudem seu
comportamento, passando a se comportar de maneira descuidada. Essa alteração de
comportamento é chamada de risco moral. O mau comportamento é decorrente da existência
do seguro, uma vez que o indivíduo está assegurado de um evento adverso (para simplificar a
exposição, considere aqui que o atropelamento tem apenas o impacto financeiro das despesas
médicas, sem impacto direto sobrebem-estar.).
PARA ILUSTRAR ESSA SITUAÇÃO, CONSIDERE O SEGUINTE EXEMPLO:
A diferença entre o risco moral e a seleção adversa pode ser descrita de acordo com o
momento da assimetria da informação: antes ou depois da assinatura do contrato de seguro.
O risco moral está associado a situações que ocorrerão depois da contratação do seguro,
como, por exemplo, uma pessoa que passou a dirigir de forma agressiva depois de contratar o
seguro de carro. Dessa maneira, o risco moral pode ser entendido como uma assimetria de
informação pós-contratual, pois a seguradora não tem como monitorar o comportamento do
segurado.

A seleção adversa será associada a características do indivíduo anteriores à assinatura do
contrato: por exemplo, condições médicas pré-existentes que só o segurado conhece ao
contratar um seguro-saúde. Assim, a assimetria de informação no caso da seleção adversa é
de caráter pré-contratual.
O risco moral pode ter várias dimensões, como a redução de precauções contra eventos
adversos. Para ilustrar, considere alguns exemplos:
/
A contratação de um seguro contra incêndio pode fazer as pessoas se preocuparem menos em
verificar a data de validade dos extintores de incêndio. Após contratar um seguro de carro, os
motoristas podem estacionar em qualquer lugar. Outro ponto é relacionado ao aumento de
gastos quando ocorre o evento adverso: ter o seguro de saúde, por exemplo, pode significar
visitas ao médico com frequência exagerada, e até mesmo o médico pode pedir exames não
essenciais ao saber que o paciente não terá custo.
Existem algumas maneiras de contornar o risco moral. Uma estratégia amplamente adotada é
a concessão de descontos ou cobranças extras no período pós-contratação. Em algumas
situações, a seguradora fornece um desconto no segundo ano de contrato, se o seguro não for
acionado no primeiro ano. Outra forma utilizada para contornar o risco moral é cobrar um valor
extra caso ocorra o acionamento do seguro. Esse exemplo é comum nos seguros de
automóveis, que preveem uma franquia se houver acidentes.
A EXISTÊNCIA DE FALHAS DE MERCADO SUGERE
QUE HÁ ESPAÇO PARA INTERVENÇÃO
GOVERNAMENTAL NO MERCADO DE SEGUROS,
COMO VEREMOS NO PRÓXIMO MÓDULO.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. LEIA COM ATENÇÃO AS QUATRO SITUAÇÕES HIPOTÉTICAS. 
I. UMA SEGURADORA VENDE UM PLANO DE SAÚDE PARA UMA
PESSOA. NO ENTANTO, NÃO É CONHECIDO SE ESSE INDIVÍDUO
POSSUI DOENÇA PRÉVIA OU NÃO. 
II. O VALOR DO PRÊMIO DO PLANO DE SAÚDE, A PARTIR DO SEGUNDO
ANO, TEM DESCONTO PARA OS ASSEGURADOS QUE PERMITEM QUE A
SEGURADORA TENHA ACESSO AOS DADOS DO APP INSTALADO NO
/
CELULAR DO ASSEGURADO, QUE MONITORA AS ATIVIDADES FÍSICAS
NO DIA. 
III. A SEGURADORA CRIA UMA FRANQUIA DE SEGURO COM A
FINALIDADE DE FAZER COM QUE O ASSEGURADO ARQUE COM PARTE
DOS CUSTOS EM CASO DE ACIDENTE. 
IV. AO CONTRATAR UM SEGURO DE AUTOMÓVEL, O VALOR DO PRÊMIO
DO SEGURO É CALCULADO COM BASE NA PONTUAÇÃO QUE O
MOTORISTA POSSUI NA SUA CARTEIRA DE HABILITAÇÃO. A CADA
PONTO DE INFRAÇÃO COMETIDA, É ADICIONADO R$50,00 AO PRÊMIO
DO SEGURO. 
DEPOIS DE LER ATENTAMENTE AS QUATRO SITUAÇÕES HIPOTÉTICAS,
ESCOLHA UMA ALTERNATIVA QUE CLASSIFIQUE CADA UMA DAS
SITUAÇÕES COMO SENDO UM EXEMPLO DE SELEÇÃO ADVERSA OU
DE RISCO MORAL.
A) i) Seleção adversa; ii) risco moral; iii) risco moral; iv) risco moral.
B) i) Risco moral; ii) seleção adversa; iii) seleção adversa; iv) seleção adversa.
C) i) Seleção adversa; ii) risco moral; iii) risco moral; iv) seleção adversa.
D) i) Risco moral; ii) seleção adversa; iii) risco moral; iv) risco moral.
2. LEIA ATENTAMENTE O TEXTO ABAIXO. 
UMA EMPRESA SABE QUE ALGUNS DE SEUS EMPREGADOS TÊM UMA
CAPACIDADE ACIMA DA MÉDIA, MAS NÃO CONSEGUE IDENTIFICÁ-LOS.
PARA CONHECER O TIPO DO TRABALHADOR, A EMPRESA OFERECEU
DUAS OPÇÕES: REALIZAR UM CURSO MUITO DIFÍCIL QUE DARÁ AOS
APROVADOS UM CERTIFICADO DE EXCELÊNCIA, COM ALTO SALÁRIO,
OU ACEITAR UM SALÁRIO MAIS BAIXO. 
APÓS LER O TEXTO, ESCOLHA UMA OPÇÃO QUE DESCREVE
CORRETAMENTE O EXEMPLO.
/
A) Esse é um exemplo de risco moral, em que o trabalhador sabe se pertence ao grupo dos
trabalhadores excelentes.
B) Há um problema de seleção adversa. Se apenas parte dos funcionários fizer o curso e tiver
sucesso, teremos um exemplo de equilíbrio separador.
C) A assimetria informacional é inexistente nesse exemplo.
D) Se metade dos funcionários fizer o curso com sucesso, teremos um equilíbrio agregador.
GABARITO
1. Leia com atenção as quatro situações hipotéticas. 
I. Uma seguradora vende um plano de saúde para uma pessoa. No entanto, não é
conhecido se esse indivíduo possui doença prévia ou não. 
II. O valor do prêmio do plano de saúde, a partir do segundo ano, tem desconto para os
assegurados que permitem que a seguradora tenha acesso aos dados do app instalado
no celular do assegurado, que monitora as atividades físicas no dia. 
III. A seguradora cria uma franquia de seguro com a finalidade de fazer com que o
assegurado arque com parte dos custos em caso de acidente. 
IV. Ao contratar um seguro de automóvel, o valor do prêmio do seguro é calculado com
base na pontuação que o motorista possui na sua carteira de habilitação. A cada ponto
de infração cometida, é adicionado R$50,00 ao prêmio do seguro. 
Depois de ler atentamente as quatro situações hipotéticas, escolha UMA alternativa que
classifique cada uma das situações como sendo um exemplo de seleção adversa ou de
risco moral.
A alternativa "C " está correta.
A situação i) é um exemplo de seleção adversa, em que a pessoa pode ter buscado contratar o
plano de saúde só porque possui uma doença e precisa de cuidados médicos. A situação ii) é
uma alternativa para contornar o risco moral, uma vez que está cientificamente comprovado
que a prática de atividades físicas regulares traz benefícios à saúde, o que,
/
consequentemente, tornaria o indivíduo menos propenso a acionar o plano de saúde. A
situação iii) demonstra a obrigatoriedade do assegurado de arcar com parte dos custos em
caso de acidente, remetendo a uma maneira de mitigar o risco moral. A motivação por trás do
compartilhamento dos custos é prevenir que o indivíduo se torne propenso a mudar seus
comportamentos, agindo de maneira mais irresponsável ao dirigir em virtude da isenção dos
custos de um possível acidente do assegurado. Ou seja, no risco moral, as pessoas podem
mudar seus comportamentos após a contratação do seguro, a exemplo de passar a dirigir de
modo agressivo. A imposição contratual de que o indivíduo arque com parcelas do custo de um
acidente torna-o menos suscetível a ter uma conduta imprudente no trânsito com o fim de
evitar acidentes, dado que estes implicariam em perdas financeiras. A última situação iv) é uma
forma de eliminar a seleção adversa; poderia partir do pressuposto de que indivíduos que
cometem mais infrações de trânsito possuem maior probabilidade de sofrerem/cometerem
acidentes, então, dessa maneira, poderia cobrar deles um prêmio maior.
2. Leia atentamente o texto abaixo. 
Uma empresa sabe que alguns de seus empregados têm uma capacidade acima da
média, mas não consegue identificá-los. Para conhecer o tipo do trabalhador, a empresa
ofereceu duas opções: realizar um curso muito difícil que dará aos aprovados um
certificado de excelência, com alto salário, ou aceitar um salário mais baixo. 
Após ler o texto, escolha UMA opção que descreve corretamente o exemplo.
A alternativa "B " está correta.
Temos um problema de seleção adversa, pois a empresa não conhece uma característica
relevante dos seus empregados. Lembre-se de que o equilíbrio separador ocorre quando
usamos algum artifício para induzir pessoas diferentes a revelar suas características – nesse
caso, a empresa usa o curso.
MÓDULO 3
 Identificar os motivos para a intervenção do governo no mercado de 
seguros, com destaque para seu aspecto redistributivo
/
INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL,
SEGURO SOCIAL E A REDISTRIBUIÇÃO
Nos módulos 1 e 2, estudamos que o fundamento básico para a existência do mercado de
seguros é o desejodas pessoas de suavizar o consumo ao longo do tempo e entre diferentes
cenários. No entanto, muitos problemas podem ocorrer, impossibilitando a contratação ou a
oferta do seguro.
Vamos considerar algumas ferramentas de política pública específicas para lidar com o
problema de seleção adversa. Para isso, continuaremos com o exemplo dos grupos dos
cuidadosos e descuidados.
A primeira opção de intervenção governamental para contornar o problema da seleção adversa
é a obrigatoriedade de que todos contratassem o plano de assistência completa ao preço
médio de R$1.375,00 ao ano. Essa estratégia governamental levaria a um resultado ineficiente
do ponto de vista individual. Como vimos antes, o grupo de pessoas cuidadosas pagaria caro
demais. Em contrapartida, os dois tipos de pedestres estariam completamente seguros no caso
de sofrerem acidentes.

A segunda opção é dar completa assistência aos dois tipos de grupos de indivíduo: ambos
seriam financiados pelo governo. Assim, toda a sociedade conseguiria ter um nível ideal de
seguro, que seria financiado através de impostos. Como terceira opção, o governo pode prover
subsídios a todos os que decidissem contratar o seguro.
A assimetria informacional, porém, é apenas um dos motivos que levam o governo a atuar
através da política pública. Vamos ver agora que existem outros motivos que fazem com que o
governo interfira no mercado de seguros, como a presença de externalidades, a busca por
redistribuição de recursos e o paternalismo.
EXTERNALIDADES NEGATIVAS:
Um motivo clássico para a intervenção em mercado de seguros é a presença de externalidades
negativas. Podemos definir externalidade quando as ações de um indivíduo afetam diretamente
o bem-estar de outra pessoa. Para o caso da externalidade negativa, essas ações possuem
efeitos adversos em terceiros, como se a pessoa não considerasse todos os custos de suas
/
ações. Por exemplo, uma firma que lança poluição no meio ambiente não leva em
consideração o custo que gera sobre a saúde das pessoas. Pode acontecer algo semelhante
no mercado de seguros. Imagine que alguém contraiu uma gripe e não se cuidou: talvez ele
não tenha seguro-saúde para o tratamento, não conte com uma forma de seguro ligada ao seu
trabalho e não pode ficar em casa com alguma remuneração (pense em trabalhadores
informais, por exemplo). Essa pessoa continuará trabalhando e circulando, e contaminará
outros ao redor.
O governo pode intervir de forma a eliminar ou minimizar as consequências negativas
propiciadas por aquela ação. No nosso exemplo da gripe, uma possível ação governamental
para contornar essa externalidade negativa é o incentivo ou até a exigência de que pessoas
com esses sintomas fiquem em isolamento ou usem máscaras, o que diminuiria a chance de
contágio. O governo também pode oferecer seguro-saúde para que o indivíduo se trate e se
recupere rapidamente, e um auxílio de renda para que fique em casa enquanto estiver doente,
o que também é um seguro contra o risco financeiro.
REDISTRIBUIÇÃO DE RECURSOS:
É frequente que a política pública busque também a redistribuição de recursos de forma a
reduzir a desigualdade. O governo pode cobrar impostos diferentes de pessoas distintas ou
redistribuir recursos diretamente, como nos programas de transferência de renda (por exemplo,
o Bolsa Família). Relembrando: quando discutimos o exemplo de diferentes pessoas
atravessando a rua, concluímos que os descuidados deveriam pagar dez vezes mais que os
cuidadosos. Esse resultado é claramente problemático: alguns podem não ser capazes de
pagar o prêmio e ficarão sem cobertura. Esse problema é particularmente importante para o
seguro-saúde: algumas pessoas representam um risco maior para a seguradora por terem
condições pré-existentes e, frequentemente, não podem pagar o prêmio.
Como alternativa, os governos podem intervir nos mercados de seguros, talvez tributando os
indivíduos de baixo risco e usando as receitas para subsidiar os prêmios pagos por indivíduos
de alto risco, conseguindo, assim, uma distribuição mais uniforme dos custos de seguro. Com
isso, o governo opta pela redistribuição.
PATERNALISTA:
A terceira intervenção é do tipo paternalista, que ocorre quando o governo avalia que os
indivíduos não fazem escolhas razoáveis para se proteger de riscos. Podemos simplesmente
forçar as pessoas a contratar algum tipo de seguro: o pagamento é obrigatório através dos
impostos, e o serviço é disponibilizado como política pública. Esse tipo de política pode ser
adotado mesmo quando não há problema informacional relevante.
/
O CASO BRASILEIRO
A Constituição Federal de 1988 prevê a instituição de um estado democrático e, para isso, são
definidas as responsabilidades do Estado para com a população. Essa agenda de
responsabilidade se reflete nos gastos governamentais. Definiu-se que uma das
funcionalidades do estado democrático é legislar sobre a seguridade social.
 ATENÇÃO
Ficou acordado que seria criado um conjunto de ações “destinadas a assegurar os direitos
relativos à saúde, à previdência e à assistência social.” (Art. 194 CFBR).
O termo seguridade social não se iniciou com a constituição: é um conceito amplo, e sua
característica principal é o esforço na garantia universal da prestação de benefícios e serviços
de proteção social pelo Estado.
Com isso, estipularam-se as três esferas associadas à seguridade social:
Fonte: Turtle_stock/Shutterstock
/
SAÚDE:
Definiu-se que seria universalista. É esperado que todos tenham acesso a serviços
relacionados à saúde.
Fonte: Art work/Shutterstock
PREVIDÊNCIA:
Teria um caráter contributivo. Representaria que, para ter direito à Previdência Social, era
esperado que fossem realizadas contribuições (impostos pagos) por parte dos trabalhadores,
patrões e do governo.
/
Fonte: Erta/Shutterstock
ASSISTÊNCIA SOCIAL:
Seria seletiva. Significa que somente os necessitados estariam cobertos por um tipo de ajuda
governamental.
RESUMINDO
Em linhas gerais, compreendemos que a saúde, com o caráter universalista, está associada ao
Sistema Único de Saúde (SUS), que deve, obrigatoriamente, ser contemplado no orçamento
público. O SUS, além de ser responsável por atendimentos de saúde para a população,
também realiza campanhas de vacinação e ações de prevenção de vigilância sanitária, como a
fiscalização de alimentos e o registro de medicamentos. Observe a presença de vários fatores
que já estudamos ao longo deste tema: a vacinação ajuda a evitar externalidades negativas,
pois protege não apenas o indivíduo vacinado, mas aqueles à sua volta; e a vigilância sanitária
lida com o risco moral que ocorre quando, por exemplo, um restaurante não cuida
adequadamente dos seus alimentos. O SUS, por ser gratuito, busca evitar problemas de
exclusão causados por seleção adversa: o governo simplesmente subsidia os serviços de
saúde para a população.
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/
A assistência social seletiva é responsável por ações que visam proteger pessoas em situação
de necessidade. Talvez o exemplo mais famoso no Brasil de assistência social seja o Bolsa
Família, um programa de transferência condicional de renda do governo federal para famílias
muito pobres: ou seja, só recebe quem tem uma renda muito baixa, a partir de um critério
objetivo.
Por fim, a Previdência Social contributiva significa que, em um primeiro momento, as pessoas
vão contribuir com parte dos seus salários para que, quando puderem se aposentar, recebam
do governo alguma renda. Esse programa de Previdência Social representa um tipo de seguro
em que as pessoas são obrigadas a destinar parte de seus salários para que estejam cobertas
no futuro, quando estiverem fora do mercado de trabalho. É importante ressaltar que a
Previdência Social envolve outras formas de seguro, como o seguro-desemprego, o seguro-
doença e outros benefícios.
SERÁ QUE AS TRÊS FORMAS DE SEGURO QUE
FORAM ESTABELECIDAS NA CONSTITUIÇÃO TÊM
ALGUM OUTRO IMPACTO, ALÉM DE ASSEGURAR AS
PESSOAS?
Vimosque uma das razões para a interferência do governo no mercado de seguros está
relacionada à redistribuição de renda, que consiste em fazer com que alguém pague a mais
para que outro possa ser beneficiado.
No âmbito dos três pilares da seguridade social, é possível enxergar de forma clara a
redistribuição em um contexto de assistência social e saúde. O governo arrecada recursos
através dos impostos. Apesar das peculiaridades relacionadas a cada imposto, observa-se que
pessoas com maiores níveis de renda pagam um montante maior de imposto do que uma
pessoa com uma renda baixa. De posse de todo esse recolhimento, o governo escolhe
distribuir esse orçamento, direcionando-o para a área de assistência social e da saúde, por
exemplo.
COMO PODERÍAMOS ASSOCIAR A PREVIDÊNCIA
SOCIAL À REDISTRIBUIÇÃO?
/
Fonte: Wikipédia
Embora exista uma variedade de detalhes associados à Previdência Social, em linhas gerais, é
demandado que os trabalhadores paguem impostos no presente como forma de transferir
renda para os aposentados. Esse processo tem uma importante implicação para a
redistribuição de renda entre gerações.
Como vimos no exemplo anterior, o sucesso da Previdência Social, no âmbito da
aposentadoria, dependerá do crescimento populacional e dos salários crescentes. Sem isso,
pode ocorrer um legado de dívidas:
A DÍVIDA QUE O GOVERNO POSSUI OCORREU
DEVIDO ÀS PRIMEIRAS GERAÇÕES DE
BENEFICIÁRIOS TEREM RECEBIDO MAIS BENEFÍCIOS
/
DO QUE PAGARAM EM IMPOSTOS. ASSIM, SE A
SOCIEDADE DECIDIR ENCERRAR TAL MODALIDADE
DE PROGRAMA, A GERAÇÃO DE TRABALHADORES
APOSENTADOS, QUE PAGARAM OS IMPOSTOS PARA
APOIAR O PROGRAMA, SERÁ PREJUDICADA.
Como se pode perceber, para a Previdência Social funcionar, é necessário que os indivíduos
que estão empregados financiem os que são dependentes desse sistema. Porém, o mundo
real é um pouco diferente do que o observado no exemplo hipotético. É possível que o sistema
previdenciário não seja capaz de se financiar: as contribuições dos trabalhadores atuais não
são suficientes para pagar as aposentadorias. Nesse caso, o governo paga parte das
aposentadorias através de outros tributos ou do aumento da dívida pública.
De certa forma, as ações do governo na previdência ou na saúde podem ser entendidas como
uma forma de o governo prover seguro para a população. Utiliza-se o termo Seguro Social para
tratar do conjunto dessas políticas públicas. As ações de Seguro Social são abrangentes, mas
aqui podemos identificar como sendo um tipo de intervenção do governo no mercado de
seguro.
 ATENÇÃO
Apesar de a realidade ser um pouco mais complicada que o exemplo, a Previdência Social tem
uma característica forte de redistribuição de renda entre gerações. A motivação fundamental
para esse Seguro Social é que os idosos não possuem renda suficiente para se financiarem
quando se aposentarem. Como resultado, o governo precisa atuar de forma a forçar os
trabalhadores a conceder parte de seus salários para beneficiar os aposentados. Pode ser
considerada como uma medida paternalista que recai na redistribuição, uma vez que os jovens
fornecem renda para os idosos, possibilitando melhoria nas condições de vida na fase em que
não são mais aptos a trabalhar.
A intervenção governamental no mercado de seguro deve ser avaliada com rigor,
principalmente devido ao risco moral. Considere o seguro-desemprego:
Ele pode fazer com que essas pessoas não busquem encontrar outro emprego, já que estão
sendo remuneradas. Para minimizar esse problema, o governo provém a remuneração
/
compensatória por um curto período, evitando que alguém fique sem renda e cria uma série de
condicionantes e restrições para encorajar a busca por emprego. Por exemplo, só poder
recorrer a esse tipo de seguro depois de trabalhar durante vários meses e só ter direito a esse
benefício por um curto período.
Essas lições possuem clara implicação política: sistemas de seguro social devem oferecer
seguro parcial, mas não completo, contra eventos adversos. Diminui-se o risco e evita-se
incentivar comportamentos que aumentem o risco.
Fonte: Brenda Rocha/Shutterstock
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ALÉM DA SELEÇÃO ADVERSA, EXISTEM OUTROS MOTIVOS QUE
PODEM FAZER COM QUE O GOVERNO INTERVENHA NO MERCADO DE
SEGUROS. ASSINALE A ÚNICA ALTERNATIVA QUE NÃO REPRESENTA
OS MOTIVOS QUE O GOVERNO POSSUI PARA INTERVIR NO MERCADO
DE SEGUROS E O SEU TERMO ASSOCIADO.
/
A) Medidas de campanha de vacinação obrigatória, para evitar que doenças contagiosas
atinjam a população, são um exemplo de ação de cunho paternalista.
B) Foi definido que pessoas com altos salários arquem com os custos de saúde da população
que vive abaixo da linha da pobreza. Esse é um exemplo de redistribuição.
C) Parte dos trabalhadores perdeu os seus empregos e, como forma de compensar essa perda
de rendimentos, o governo decide taxar toda a população para que essas pessoas não fiquem
desamparadas por um período. O intuito de tal medida é contornar uma externalidade negativa.
D) O governo pode fazer com que seja obrigatório realizar exames de mapeamento genético
para as pessoas que desejam contratar um seguro de saúde. Esta é uma estratégia para se
contornar o problema de seleção adversa, dado que as seguradoras terão o mesmo
conhecimento que os assegurados.
2. LEIA ATENTAMENTE O TEXTO: 
DIVERSAS EMPRESAS SE INSTALARAM EM UM BAIRRO QUE ERA
SOMENTE RESIDENCIAL. DEPOIS DE MESES, OS MORADORES DO
LOCAL COMEÇARAM A SE QUEIXAR DE INÚMEROS PROBLEMAS
RESPIRATÓRIOS. A SECRETARIA DE SAÚDE DA CIDADE VIU QUE AS
OCORRÊNCIAS DESSE QUADRO DE SAÚDE SÓ ESTAVAM
AUMENTANDO EM UM BAIRRO MUITO ESPECÍFICO. DECIDIU-SE
INVESTIGAR O QUE ESTAVA OCORRENDO, E FOI DESCOBERTO QUE A
EMPRESA FAZIA EMISSÕES POLUENTES, PIORANDO A SAÚDE DA
POPULAÇÃO. ESSA SITUAÇÃO HIPOTÉTICA É UM EXEMPLO CLARO DE
UMA EXTERNALIDADE NEGATIVA CRIADA PELA EMPRESA QUE SE
MUDOU PARA ESSA REGIÃO. 
ALÉM DE INTERFERIR NA SAÚDE DOS MORADORES, QUAL OUTRA
EXTERNALIDADE NEGATIVA QUE OS MORADORES PODEM SOFRER, EM
VIRTUDE DESSAS EMISSÕES DE POLUENTES NO BAIRRO DELES?
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE MELHOR REPRESENTE OUTRA
EXTERNALIDADE NEGATIVA SOFRIDA POR ESSES MORADORES.
A) A secretaria de saúde poderia solicitar que a empresa incorporasse medidas que
reduzissem as emissões de poluentes no bairro.
/
B) Após a instalação da empresa, houve uma desvalorização no preço de aluguel e venda dos
imóveis nesse bairro.
C) A empresa poderia arcar com todos os custos de saúde que os moradores do bairro estão
tendo.
D) Os lucros dessa organização estão reduzindo porque a fama da empresa de poluente está
fazendo com que as pessoas não desejem comprar seus produtos.
GABARITO
1. Além da seleção adversa, existem outros motivos que podem fazer com que o
governo intervenha no mercado de seguros. Assinale a única alternativa que NÃO
representa os motivos que o governo possui para intervir no mercado de seguros e o
seu termo associado.
A alternativa "C " está correta.
Para os trabalhadores que perderam os seus empregos, oferecer um rendimento a eles, de
forma compensatória, é um exemplo de redistribuição.
2. Leia atentamente o texto: 
Diversas empresas se instalaram em um bairro que era somente residencial. Depois de
meses, os moradores do local começaram a se queixar de inúmeros problemas
respiratórios. A secretaria de saúde da cidade viu que as ocorrências desse quadro de
saúde só estavam aumentando em um bairro muito específico. Decidiu-se investigar o
que estava ocorrendo, e foi descoberto que a empresa fazia emissões poluentes,
piorando a saúde da população. Essa situação hipotética é um exemplo claro de uma
externalidade negativa criada pela empresa que se mudou para essa região. 
Além de interferir na saúde dos moradores, qual outra externalidade negativa que os
moradores podem sofrer, em virtude dessas emissões de poluentes no bairro deles?
Assinale a alternativa que melhor represente outra externalidade negativa sofrida por
esses moradores.
A alternativa "B " está correta.
/
Comtodos esses problemas de emissão de poluentes, as pessoas levarão em consideração
esse fator negativo na hora de comprar uma residência nesse bairro ou se mudarem. Como
estratégia, os donos de imóveis no bairro decidiram diminuir o valor cobrado para tentar atrair
inquilinos ou compradores.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aprendemos que os indivíduos buscam contratar o seguro para suavizar o consumo ao longo
do tempo e diante da impossibilidade de controlar cenários do futuro. Como o aumento da
utilidade nos períodos de bonança não compensa a redução da utilidade durante a escassez,
os indivíduos buscam o seguro para garantir a estabilidade. No entanto, falhas de mercado
podem ocorrer, impossibilitando a oferta do seguro ou alterando o prêmio de forma
impraticável. Além disso, as externalidades negativas, a redistribuição e o paternalismo
também podem influenciar na decisão da intervenção governamental no mercado de seguros.
REFERÊNCIAS
AKERLOF, G. A. Themarketfor "lemons": quality uncertainty and the market mechanism. In:
The QuartelyJornal of Economics. v. 84, n.3, p. 448-450, 1970.
/
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988.
GRUBBER, J. Public Finance and Public Policy. 5. ed. Nova Iorque: Macmillan, 2015.
EXPLORE+
Como vimos, a assimetria informacional foi apresentada com o exemplo do mercado de
carros usados. Para compreender melhor essa teoria, pode-se recorrer ao blog do
Terraço Econômico, com o título Akerlof e a informação assimétrica.
Para assuntos relacionados ao risco moral e à seleção adversa, é bom explorar outros
exemplos que nos façam compreender ainda mais essas duas formas de falha de
mercado. Para isso, pode-se recorrer ao blog do Freakonomics.
Estudamos que a Previdência Social tem importante fator na redistribuição, mas que o
sucesso do autofinanciamento depende muito do crescimento populacional e do aumento
salarial dos trabalhadores. Para conhecermos mais sobre essas relações e sobre a
Previdência Social no Brasil, é interessante nos aprofundarmos no assunto com o texto
de discussão do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) intitulado Impacto
fiscal da demografia na Previdência Social.
CONTEUDISTA
Rhayana Holz Vieira
 CURRÍCULO LATTES
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