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Prévia do material em texto

FRANCISCO JOSÉ BARBOSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL 
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação 
Pró-Reitoria do Ensino a Distância 
Fundação Universidade Luterana do Brasil 
 
PROGRAMA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA COM CIDADANI A 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EVOLUÇÃO DO BANDITISMO MODERNO E FORMAS DE ATUAÇÃO 
EFICAZES DA POLICIA MILITAR NO SERTÃO PERNAMBUCANO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olinda-PE 
2009 
 
 
2 
FRANCISCO JOSÉ BARBOSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EVOLUÇÃO DO BANDITISMO MODERNO E FORMAS DE ATUAÇÃO 
EFICAZES DA POLICIA MILITAR NO SERTÃO PERNAMBUCANO. 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no 
Curso de Pós-Graduação em Gestão da Segurança 
Pública na Sociedade Democrática na Universidade 
Luterana do Brasil – ULBRA – e Programa Nacional 
de Segurança Pública com Cidadania – PRONASCI - 
para obtenção do grau de Especialista em Segurança 
Pública, sob a orientação da Profª MS. Carmem 
Aristimunha de Oliveira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olinda-PE 
2009 
 
 
3 
FOLHA DE APROVAÇÃO 
 
 
 
 
EVOLUÇÃO DO BANDITISMO MODERNO E FORMAS DE 
ATUAÇÃO EFICAZES DA POLICIA MILITAR NO SERTÃO 
PERNAMBUCANO. 
 
 
 
 
 
FRANCISCO JOSÉ BARBOSA 
 
 
 
 
 
______________________________ 
NOME DE PROFESSOR ARGUIDOR 
 
 
 
______________________________ 
NOME DE PROFESSOR ARGUIDOR 
 
 
 
____________________________________ 
MS.CARMEM ARISTIMUNHA DE OLIVEIRA 
PROFESSORA ORIENTADORA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Olinda-PE 
2009 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A minha família, meus sinceros 
agradecimentos pelo estímulo e pela 
compreensão que demonstraram ao longo 
desta trilha, e cuja força me impulsionou para 
que chegasse ao término de mais uma 
jornada. 
 A Deus, agradeço o dom da vida, e da 
perseverança. Aos mestres, meu 
reconhecimento e admiração pelos 
ensinamentos compartilhados. 
 
 
 
 
5 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho monográfico consiste em uma investigação teórica 
acompanhada de pesquisa de campo, sobre as forma similares e díspares nas 
formas de atuação e combate do cangaço, banditismo moderno e forças policiais 
no sertão pernambucano. O objetivo precípuo deste trabalho foi mostrar que os 
problemas relativos à violência de outrora, Atribuídos aos cangaceiros, são 
hodiernamente os mesmos, tornando-se mais abrangentes e imensuráveis no 
contexto social, aliados aos avanços tecnológicos e de comunicações, que de 
forma indireta beneficiaram os protagonistas da violência e do narcotráfico, 
tornando-os cada vez mais ousados, deixando assim o sertanejo sério, honrado 
e íntegro, com disbulia na eubiótica dignamente. Tendo como tema central à 
violência gerada a partir da década de 90, principalmente nas cidades de Belém 
do São Francisco e Cabrobó, palco das brigas de famílias, envolvendo 
diretamente os Benvindo e Araquan e suas uniões com outras famílias. 
Destacando o clã Araquan, principal gerador das contendas, bem como os 
Benvindo, não ficam apenas nas contendas, partem para a prática de diversas 
ilicitudes, assaltando bancos, veículos, tráfico e plantio de maconha (Cannabis 
Sativa Linneu), e outros mais, tudo para financiar o conflito. Neste contexto, 
explicita-se a grande necessidade de uma maior conscientização sócio-educativa 
e política da sociedade sertaneja, bem como de um melhor aparato policial. 
 
PALAVRAS-CHAVE: violência, brigas de família, narcotráfico 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
APF.................................................................................Agente de Polícia Federal 
Asp.............................................................................................................Aspirante 
ASRI................................................Agência de Serviço Reservado de Inteligência 
BG........................................................................................................Boletim geral 
BO..........................................................................................Boletim de ocorrência 
BPChoque...............................................................Batalhão de Polícia de Choque 
BPM.................................................................................Batalhão de Polícia Militar 
BPTRAN.................................................................Batalhão de Polícia de Trânsito 
BPRV.......................................................................Batalhão de Polícia Rodoviária 
BPRP...........................................................Batalhão de Polícia de Rádio Patrulha 
CAMIL....................................................................................................Casa Militar 
CAP..............................................................................................................Capitão 
CBMPE.................................................Corpo de Bombeiro Militar de Pernambuco 
CEL...............................................................................................................Coronel 
CFAP.......................................Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças 
CIOE........................................Companhia Independente de Operações Especiais 
CIOSAC.......Curso Intensivo de Operações e Sobrevivência na Área de Caatinga 
CIOSAC..........Companhia Independente de Operações e Sobrevivência na Área 
de Caatinga. 
CIPM....................................................Companhia Independente de Polícia Militar 
CIPOMA..................Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente 
COMAR.................................................................Comando Militar da Aeronáutica 
CMNE.........................................................................Comando Militar do Nordeste 
COT.......................................................................Comando de Operações Táticas 
CPA..............................................................Comando de Policiamento do Agreste 
CPAC........................................Companhia de Policiamento em Área de Caatinga 
CPA/I-2........................................2º Comando de Policiamento de Área do Interior 
CPE.........................................................Comando de Policiamento Especializado 
CPI.................................................................Comando de Policiamento do Interior 
CPI...................................................................Comissão Parlamentar de Inquérito 
CPS................................................................Comando de Policiamento do Sertão 
 
 
7 
CPZM.................................................Comando de Policiamento da Zona da Mata 
DEIP........................................................Diretoria de Ensino Instrução e Pesquisa 
DGO...........................................................................Diretoria Geral de Operações 
DPC..................................................................................Delegacia de Polícia Civil 
DPF.............................................................................Delegacia de Polícia Federal 
EB ...............................................................................................Exército Brasileiro 
EM........................................................................................................Estado Maior 
FAB.......................................................................................Força Aérea Brasileira 
FAL...........................................................................................fuzil automático leve 
GAPI-2..................................................2ª Grande Área de Policiamento do Interior 
N.A.............................................................................................Núcleo de Análises 
OME............................................................................OrganizaçãoMilitar Estadual 
PMAP.................................................................................Polícia Militar do Amapá 
PMBA.................................................................................. Polícia Militar da Bahia 
PMPB............................................................................... Polícia Militar da Paraíba 
PMPE....................................................................... Polícia Militar de Pernambuco 
PMPI..................................................................................... Polícia Militar do Piauí 
SD................................................................................................................Soldado 
SGT............................................................................................................Sargento 
SOP.........................................................................................Seção de Operações 
TEN..............................................................................................................Tenente 
TC...................................................................................................Tenente Coronel 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO...................................................................................................... 10 
 
1.0 REVISÃO DA LITERATURA..................................................................... 13 
1.1 O Cenário.................................................................................................. 13 
1.2 O Rio Pajeú............................................................................................... 16 
1.3 O Rio São Francisco.................................................................................. 17 
1.4 O cangaço................................................................................................ 24 
1.5 Origem da “família Ferreira”..................................................................... 30 
1.6 Primeiras questões dos “Ferreiras” no Sertão Pernambucano................ 32 
1.7 As Volantes............................................................................................... 33 
1.8 Confrontos................................................................................................ 38 
1.8.1 O saque de Souza-PB .......................................................................... 38 
1.8.2 Serrote Preto-AL.................................................................................... 39 
1.8.3 Serra Grande-PE .................................................................................. 39 
1.8.4 Angicos: o fim de Lampião .................................................................... 40 
1.9 O Cangaço Moderno............................................................................... 45 
1.10 Origem da Grei dos Araquan.................................................................. 47 
1.11 O início das brigas.................................................................................. 48 
1.12 Os Benvindo causam terror.................................................................... 58 
1.13 Pelotões de Caçadores: uma Força Policial eficaz no 
 combate ao banditismo.......................................................................... 61 
1.14 s principais confrontos, prisão e fuga dos Araquan............................. 69 
1.15 Os Araquan causam terror..................................................................... 72 
1.16 A despedida de um Guerreiro: e a busca incessante de 
 seu algoz.............................................................................................. 74 
1.17 Serrote do Frio....................................................................................... 77 
1.18 Chico Benvindo: seu último combate..................................................... 81 
1.19 A morte de Cleiton: um fim esperado..................................................... 84 
 
 
 
 
9 
2.0 METODOLOGIA..................................................................................... 94 
2.1 Diagrama da problemática da pesquisa................................................. 94 
2.2 Procedimentos........................................................................................ 95 
 
3.0 ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................... 97 
 
4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................... 103 
 
5.0 REFERÊNCIAS....................................................................................... 107 
 
6.0 ANEXOS................................................................................................. 110 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10
 
INTRODUÇÃO 
 
 A Zona da Mata nordestina foi a primeira área do Brasil a ser povoada. 
Isso aconteceu ainda no século XVI, e o povoamento teve como base a monocultura 
da cana de açúcar. Os portugueses que vinham recebiam da metrópole grandes 
extensões de terra para serem cultivadas. Foi aí que surgiram os latifúndios, cuja 
mão-de-obra era de escravos trazidos da África. Apesar de a cana-de-açúcar trazer 
grandes lucros, tal cultivo não trouxe enriquecimento para o Brasil. 
O povoamento do sertão foi realizado no século VII com base na 
criação de gado e da agricultura de subsistência, também formando grandes 
latifúndios. Com o passar do tempo foram surgindo os minifúndios, ou seja, 
pequenos imóveis rurais onde era praticada uma agricultura da subsistência. Hoje 
em dia, a maior parte da população rural do Nordeste vive em minifúndios. O agreste 
foi povoado depois do Litoral e do Sertão, principalmente no século XVIII, com base 
na pequena propriedade. 
 Com mais de 35 milhões de habitantes, o Nordeste é a terceira 
região mais populosa do Brasil. A distribuição da população se dá de forma muito 
irregular. O elemento humano predominante na Zona da Mata, região mais 
populosa, é o mulato, que é um mestiço de branco com o negro. 
O Agreste também apresenta densidades demográficas elevadas, por 
ser uma zona de pequenas propriedades, exploradas com mão-de-obra familiar. 
O Sertão possui as mais baixas densidades demográficas de todo o 
Nordeste. Esse fato se dá em conseqüência do clima semi-árido, dos solos pobres e 
da existência de latifúndio pastoril, que exige pouca mão-de-obra. O elemento 
humano característico do sertão, o Sertanejo, é mestiço de branco com índio e é 
denominado mameluco ou caboclo. 
A saída de nordestinos de sua região vem ocorrendo há muito tempo e 
em número elevado. A principal área de expulsão é, sem dúvida, o Sertão. E a 
adversidade da natureza, a seca, é o fator causador da evasão. Assim quando não 
vêm as chuvas de dezembro, muitos caboclos abandonam suas terras e dirigem-se 
para o litoral. 
Ao completar a esparsa ocupação daquele meio hostil, através das 
barrancas do rio São Francisco, curtido no braseiro e por entre os espinhos da 
 
 
11
caatinga, para sobreviver, com semblante sofrido, mas, com estrutura rígida e 
coragem indômita, forma-se uma personalidade singular com os seguintes traços e 
características. Assim foram se formando os elementos da nossa história sertaneja, 
com uma grande etnia e traços de personalidades marcantes e fortes, atrelados ao 
grande misticismo e fanatismo religioso. 
 Com o grande aumento da violência no sertão do estado de 
Pernambuco, principalmente da década de 90 até nossos dias, correlacionado e, 
muitas vezes, comparados aos “modus operandis” dos famigerados cangaceiros que 
aterrorizaram com uma forma exacerbada de violência as famílias sertanejas no 
início do século XX. Especificamente os municípios Salgueiro, Floresta, Belém do 
São Francisco, Cabrobó e Santa Maria da Boa Vista,passaram a sofrer uma onda 
crescente de assalto a bancos, carros-fortes, ônibus e carros particulares, bem como 
o plantio e tráfico de Maconha. 
A realidade de municípios como Cabrobó, Orocó ou Belém, no alto sertão 
de Pernambuco, com isso, revela cidades sem mendigos. As ruas quase 
sempre esburacadas e sem asfalto são evidências dos poucos recursos das 
prefeituras. Mas o número de carros importados na região é um sinal de 
que alguma coisa mudou no padrão de vida dos sertanejos destes lugares. 
No coração do Polígono das Secas está rolando dinheiro grosso e ilegal. 
(JC, 1994) 
 Não obstante a atuação regular das forças policiais em conjunto, os 
conflitos entre famílias nos municípios de Belém do São Francisco e Cabrobó 
contribuíram para uma escalada vertiginosa da criminalidade na região, que passou 
a utilizar nas ações de grupos bem organizados e armados com poder de fogo de 
última geração, os quais passaram a utilizar métodos correlatos as táticas utilizadas 
pelos cangaceiros nas décadas de 20 e 30. 
 O tema central desse estudo, as ações criminosas levadas a efeito pela 
grei dos Araquan no sertão pernambucano e Estados adjacentes, tem sido objeto de 
constante preocupação nas agendas governamentais, a exigir das instâncias oficiais 
e da sociedade sertaneja pernambucana, como um todo, uma pronta e efetiva 
capacidade de respostas às demandas de segurança e a real ameaça que decorrem 
do fenômeno da criminalidade planejada, mesmo que tosca ou empiricamente 
organizada. Verifica-se que os problemas relativos à violência nas décadas de 20 e 
30 têm suas similitudes com os da década de 90, tornando-se mais abrangentes e 
 
 
12
imensuráveis no contexto social, aliados aos avanços tecnológicos e de 
comunicações, que de forma indireta beneficiaram os protagonistas da violência e 
do narcotráfico, tornando-os cada vez mais ousados. 
 Destarte, o presente trabalho, de caráter social, visa a identificar as 
igualdades e diferenças existentes nas formas de atuação dos malfeitores das 
distintas épocas, bem como reconhecer as principais forças policiais que 
intensificaram esforços no combate destas ilicitudes, caracterizando-as através das 
pelejas, procurando assim subsídios necessários para dirimir os problemas 
existentes com os conflitos atuais, geradores de violências na região em epígrafe, 
minimizando os sofrimentos de seus habitantes, que já sofrem em tentar sobreviver 
em uma região tão inóspita. 
 Trazendo assim dados dos quais possam auxiliar no atendimento das 
principais ações, no sertão pernambucano, das forças policias no combate ao 
banditismo atual, bem como correlacionar as atividades precípuas ilícitas das quais 
tornaram o nosso sertão pernambucano campeão do narcotráfico. 
 Tendo como objetivo deste trabalho, Caracterizar e justificar os 
principais motivos das desavenças as quais deram inicio aos grandes conflitos as 
quais passaram a agir de formas ilícitas no sertão Pernambucano, Identificando de 
forma precípua as diferenças e igualdades nas atuações dos cangaceiros e dos 
bandidos modernos. 
 Externando as principais formas de combates pelas forças policiais, 
explicitando os seus fatores negativos e positivos, a fim de identificar as formas mais 
eficazes para dirimir os elevados índices de violência no seio da sociedade 
pernambucana e Conscientizando a sociedade, através de palestras nas unidades 
de ensino acerca dos principais motivos geradores de violência e as possíveis 
soluções. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13
 
1.0 REVISÃO DE LITERATURA 
 
1.1 O Cenário. 
 
Caatinga (do Tupi-Guarani: caa (mata) + tinga (branca) = mata branca) 
 
É o único bioma exclusivamente brasileiro, o que significa que grande 
parte do seu patrimônio biológico não pode ser encontrado em nenhum outro lugar 
do planeta. A caatinga ocupa uma área de cerca de 750.000 km², cerca de 11% do 
território nacional englobando de forma contínua parte dos estados do Maranhão, 
Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e 
parte do Norte de Minas Gerais (Sudeste do Brasil)1. 
Antigamente acreditava-se que a caatinga seria o resultado da 
degradação de formações vegetais mais exuberantes, como a Mata Atlântica ou a 
Floresta Amazônica. Essa crença sempre levou à falsa idéia de que o bioma seria 
homogêneo, com biota pobre em espécies e em endemismos, estando pouco 
alterada ou ameaçada, desde o início da colonização do Brasil, tratamento este que 
tem permitido a degradação do meio ambiente e a extinção em âmbito local de 
várias espécies, principalmente de grandes mamíferos, cujo registro em muitos 
casos restringe-se atualmente à associação com a denominação das localidades 
onde existiram. Entretanto, estudos e compilações de dados mais recentes apontam 
a caatinga como rica em biodiversidade e endemismos, e bastante heterogênea. 
Muitas áreas que eram consideradas como primárias são, na verdade, o produto de 
interação entre o homem nordestino e o seu ambiente, fruto de uma exploração que 
se estende desde o século XVI2. 
A vegetação da caatinga é adaptada às condições de aridez (xerófila). 
Quanto à flora, foram registradas até o momento cerca de 1000 espécies, 
estimando-se que haja um total de 2000 a 3000 plantas. Com relação à fauna, esta 
é depauperada, com baixas densidades de indivíduos e poucas espécies 
endêmicas. Apesar da pequena densidade e do pouco endemismo, já foram 
 
1 http://www.fundacaobunge.org.br/site/dicionario_de_cidadania/ 
2 http://www.espacoecologiconoar.com.br/index.php?option=com_content&task=blogcategory&id=19&Itemid 
 
 
14
identificadas 17 espécies de anfíbios, 44 de répteis, 695 de aves e 120 de 
mamíferos, pouco se conhecendo em relação aos invertebrados. Descrições de 
novas espécies vêm sendo registradas, indicando um conhecimento botânico e 
zoológico bastante precário deste ecossistema, que segundo os pesquisadores é 
considerado o menos conhecido e estudado dos ecossistemas brasileiros. 
Além da importância biológica, a caatinga apresenta um potencial 
econômico ainda pouco valorizado. Em termos forrageiros, apresenta espécies 
como o pau-ferro, a catingueira verdadeira, a catingueira rasteira, a canafístula, o 
mororó e o juazeiro que poderiam ser utilizadas como opção alimentar para 
caprinos, ovinos, bovinos e muares. Entre as de potencialidade frutífera, destacam-
se o umbú, o araticum, o jatobá, o murici e o licuri e, entre as espécies medicinais, 
encontram-se a aroeira, a braúna, o quatro-patacas, o pinhão, o velame, o 
marmeleiro, o angico, o sabiá, o jericó, entre outras. 
Porém, este patrimônio nordestino encontra-se ameaçado. A 
exploração feita de forma extrativista pela população local, desde a ocupação do 
semi-árido, tem levado a uma rápida degradação ambiental. Segundo estimativas, 
cerca de 70% da caatinga já se encontra alterada pelo homem, e somente 0,28% de 
sua área encontra-se protegida em unidades de conservação. Estes números 
conferem à caatinga a condição de ecossistema menos preservado e um dos mais 
degradados. 
Como conseqüência desta degradação, algumas espécies de plantas 
já figuram na lista das espécies ameaçadas de extinção do IBAMA. Outras, como a 
aroeira e o umbuzeiro, já se encontram protegidas pela legislação florestal de serem 
usadas como fonte de energia, a fim de evitar a sua extinção. Quanto à fauna, os 
felinos (onças e gatos selvagens), os herbívoros de porte médio (veado catingueiro e 
capivara), as aves (ararinha azul, pombas de arribação) e abelhas nativas figuram 
entre os mais atingidos pela caça predatória e destruição do seu habitat natural. 
Para reverter este processo, estudos da flora e fauna da caatinga são 
necessários. Neste sentido, a Embrapa Semi-Árido, UNEB e Diretoria de 
Desenvolvimento Florestal da Secretaria de Agricultura da Bahia aprovaram o 
projeto "Plantas da Caatingaameaçadas de Extinção: estudos preliminares e 
manejo", junto ao Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), que tem por objetivo 
estudar a fenologia, reprodução e dispersão da aroeira do sertão, quixabeira, 
 
 
15
imburana de cheiro e baraúna na Reserva Legal do Projeto Salitre, Juazeiro, Bahia3. 
Este projeto contribuirá com importantes informações sobre a biologia destas plantas 
e servirá de subsídios para a elaboração do plano de manejo destas espécies na 
região. 
 A vegetação é xerofítica, caducifoliar e aberta, bem adaptada para 
suportar a falta de água. A paisagem mais comum da Caatinga é a que ela 
apresenta durante a seca. Apesar do aspecto seco das plantas, todas estão vivas; 
apenas perderam as folhas para suportar a falta de água. Mesmo durante a seca, a 
vida animal também é rica e diversificada. Contudo, é após as chuvas que a 
diversidade animal e vegetal das caatingas se torna evidente. As plantas florescem e 
os animais se reproduzem, deixando descendentes que já possuem adaptações 
para suportar o longo período de seca seguinte. 
 O sertão pernambucano com quase 70.000 Km² compreendendo as 
mesorregiões de Sertão pernambucano e do São Francisco, atualmente abrange 
uma área que vai do município de Arcoverde ao município de Petrolina, sendo os 
municípios de Araripina, Bodocó, Exú, Granito, Ipubi, Ouricuri, Santa Cruz, 
Moreilândia, Trindade, Santa Filomena, Parnamirim, Cedro, Mirandiba, Salgueiro, 
Serrita, Verdejante, São José do Belmonte, Afogados da Ingazeira, Brejinho, 
Iguaraci, Ingazeira, Itapetim, Santa Terezinha, São José do Egito, Solidão, Tabira, 
Tuparetama, Calumbí, Carnaíba, Flores, Quixaba, Santa Cruz da Baixa Verde, Serra 
Talhada, Triunfo, Custódia, Ibimirim, Inajá, Manari, Sertânia, Betânia e Arcoverde 
pertencentes à mesorregião do sertão pernambucano e os municípios de Afrânio, 
Dormentes, Santa Maria da Boa Vista, Lagoa Grande, Petrolina, Cabrobó, Orocó, 
Terra Nova, Belém do São Francisco, Jatobá, Tacaratú, Carnaubeira da Penha, 
Floresta, Itacuruba e Petrolândia pertencentes à mesorregião do São Francisco 
Pernambucano, onde predomina a economia agropecuária4. 
Desse amontoado hodierno de cidades, nas décadas de 20 e 30, 
algumas delas foram palcos de conflitos, principalmente Serra Talhada (Vila Bela) e 
Floresta, com a crescente onda do cangaceirismo. Mais de meio século depois 
surgem novos conflitos com inúmeras particularidades com o cangaço. Se o primeiro 
nasce às margens do Pajeú, o segundo tem suas origens nas margens do Rio São 
Francisco, principalmente nas cidades de Belém do São Francisco e Cabrobó. 
 
3 http://pt.wikipedia.org/wiki/Caatinga 
4 www.codevasf.gov.br/programas_acoes/programa-florestal-1/diagnostico-araripe.pdf 
 
 
16
1.2 Rio Pajeú 5 
 
O Rio Pajeú nasce na chapada da Borborema no maciço dos Cariris 
Velho, Serra da Balança entre (PE/PB,) divisor de águas, no município de Brejinho 
na localidade Sítio Brejinho dos Ferreira, propriedade do Sr. Agenor Ferreira dos 
Santos. O Sítio Brejinho dos Ferreira fica 8 km de distância da cidade de Brejinho. O 
local onde o rio nasce é um buraco escuro com muitas pedras soltas e 
avermelhadas, permanece por alguns meses seco, mas quando a temperatura baixa 
e chove começa a minar. 
 Aproximadamente 400 metros da nascente tem o primeiro açude, 
depois o rio continua o percurso em direção ao leste cruzando a BR 110 em placa 
de piedade, a 5 km da cidade de Brejinho para depois entrar no município Itapetim. 
Até 1963, a nascente do rio Pajeú constava na Serra da Balança no município de 
Itapetim (Brejinho antes pertencia a Itapetim). 
 Em 1964 Brejinho tornou-se município, desmembrando-se de Itapetim, 
a nascente do rio Pajeú que até 1963 figura parte da história de Itapetim, passou a 
pertencer à história de Brejinho desde 1964. Os municípios banhados pelo o rio 
Pajeú, segundo o IBGE são: Brejinho, Itapetim, São José do Egito, Tuparetama, 
Ingazeira, Iguaraci, Tabira, Afogados da Ingazeira, Carnaíba, Flores, Triunfo 
Calumbí, Mirandiba, Serra Talhada, Itacuruba e Floresta. 
 O Rio Pajeú possui formadores na serra das Balanças e serra dos 
Cariris Velhos, ramificação da Borborema, nos municípios de São José do Egito e 
Brejinho, desembocando no Rio São Francisco, pela margem esquerda, a cerca de 
120 km distante da Cachoeira de Paulo Afonso, no lugar denominado Berra do 
Pajeú, município de Floresta – PE. Ele é considerado temporário, por correr apenas 
durante alguns meses por ano, após a queda de fortes aguaceiros de verão, tendo 
em geral leito muito largo e pouco profundo. Apresentando uma extensão de 350 
km, sendo mais um afluente do velho Chico. 
 
 
 
 
 
5 www.serratalhada.net/meioambiente/mostra.asp?noticia=noticia6.asp 
 
 
17
1.3 O Rio São Francisco 
 
 O rio São Francisco, ou simplesmente “Velho Chico”, como os 
sertanejos costumam chamá-lo, no seu curso natural, percorre da sua nascente até 
a sua foz a extensão de 2.700 km do território brasileiro, desde São Roque de 
Minas, em Minas Gerais, a Piaçabuçu, em Alagoas, incluindo na sua bacia 
hidrográfica: 07 estados, 504 municípios e uma população estimada de 13 milhões 
de pessoas, as quais se espalham pelo diversos ambientes por onde passa o rio e 
seus afluentes. O trajeto percorrido compreende os estados de Minas Gerais, Goiás, 
Pernambuco, Sergipe, Alagoas e Distrito Federal. Sua nascente aparece no alto da 
serra da Canastra, no município de São Roque de Minas, Minas Gerais, a uma 
altitude de 1.428 m, na localidade conhecida como “Chapadão do Zagaia”. Sua foz 
encontra-se entre os estados de Alagoas e Sergipe, desaguando no oceano 
Atlântico. 
 Sua malha fluvial banha Pernambuco em uma extensão de 
aproximadamente 398 km, passando pelos municípios de Petrolina, Lagoa Grande, 
Santa Maria da Boa Vista, Orocó, Cabrobó, Belém do São Francisco, Itacuruba e 
Petrolândia, indo aos estados de Alagoas e Sergipe até o mar. Os municípios 
pernambucano banhados pelo “Velho Chico” totalizam uma área de 15.135,6 km², 
com uma população aproximada de 359.900, em seu percurso pelos municípios 
epigrafados temos as ilhas6: 
1. Ilha de Nossa Senhora; 
2. Ilha do Jatobá; 
3. Ilha do Carneiro; 
4. Ilha do Umbu; 
5. Ilha do Combate; 
6. Ilha Grande; 
7. Ilha do Badeco; 
8. Ilha de Santa Luzia; 
9. Ilha do Quipá; 
10. Ilha do Ferro; 
11. Ilha das Conchas; 
 
6 Dados obtidos através do IBGE e informações das prefeituras dos municípios banhados pelo São Francisco. 
 
 
18
12. Ilha do Meio D’água; 
13. Ilha do Ouro; 
14. Ilha do Pico; 
15. Ilha Do Rato; 
16. Ilha Dos Bois; 
17. Ilha Do Gato; 
18. Ilha da Maniçoba; 
19. Ilha do Pontal; 
20. Ilha do Baiacu; 
21. Ilha dos Guinhães; 
22. Ilha do Albenor; 
23. Ilha das Cabaças; 
24. Ilha do Nenzin; 
25. Ilha do Capim; 
26. Ilha Grande; 
27. Ilha Grande II; 
28. Ilha da Cachoeira; 
29. Ilha do Umbuzeiro; 
30. Ilha do Curaçá; 
31. Ilha Bom Sucesso; 
32. Ilha Jatobá; 
33. Ilha Caraíba; 
34. Ilha Surubim; 
35. Ilha do Angico; 
36. Ilha Pequena; 
37. Ilha da Missão; 
38. Ilha do Caraputé; 
39. Ilha do Panamá; 
40. Ilha do Estreito; 
41. Ilha dos Mortos; 
42. Ilha Inhanhum; 
43. Ilha Missão Velha; 
44. Ilha Jacaré; 
45. Ilha Guiné; 
 
 
19
46. Ilha Chede; 
47. Ilha do Mosquito; 
48. Ilha Grande; 
49. Ilha Jiquié; 
50. Ilha Tabuleiro; 
51. Ilha Cachoeira; 
52. Ilha da Vila; 
53. Ilha do Quiri-Quiri; 
54. Ilha das Almas; 
55. Ilha Redonda; 
56. Ilha da Tapera; 
57. Ilha São Félix; 
58. Ilha Aracapá; 
59. Ilha de Assunção; 
60. Ilha da Boa Vista; 
61. Ilha da Várzea; 
62. Ilha do Cajueiro; 
63. Ilha dos Brandões; 
64. Ilha das Flores; 
65. Ilha das Missões; 
66. Ilha Cachauí; 
67. Ilha do Curralinho; 
68. Ilha do Curralinho Baiano; 
69. Ilha do Meio; 
70. Ilha do Meio II;71. Ilha de Casa; 
72. Ilha do Estado; 
73. Ilha Pataratá; 
74. Ilha da Barra; 
75. Ilha de Baixo; 
76. Ilha do Cuité; 
77. Ilha da Viúva; 
78. Ilha das Cabaças; 
79. Ilha do Tucurú; 
 
 
20
80. Ilha do Boi; 
81. Ilha de São Miguel; 
82. Ilha de Santo Antônio; 
83. Ilha de Crueira; 
84. Ilha do Sububabel e 
85. Ilha da Tapera; 
Além de todas essas ilhas identificadas, existem, entretanto cerca de 
360 (trezentos e sessenta) ilhotas das quais não são cadastradas. Com toda essa 
extensão, principalmente nas ilhas dos municípios de Belém do São Francisco, 
Cabrobó, Orocó e Santa Maria da Boa Vista, na década de 90 houve um grande 
aumento da criminalidade com tráfico de armas e munições, tráfico e plantio de 
maconha (Cannabis Sativa Lineu), fugitivos, pistolagens, etc. 
O Rio São Francisco apresenta características expressivas. Conheça 
algumas delas: 
O descobrimento do Rio São Francisco é atribuído ao genovês 
Américo Vespúcio, que navegou em sua foz em 04 de outubro de 1501, dia 
dedicado ao santo São Francisco. 
Os indígenas chamavam o rio de “Opara” que significa Rio-Mar. 
Em 1560 já existia o povoado de Penedo, a cidade mais antiga do vale. 
O São Francisco é o maior rio genuinamente brasileiro. 
O São Francisco tem 2.700 km de comprimento. Este comprimento 
equivale à distância rodoviária entre Brasília (DF) e Chuí (RS) (2779 km), ao 
comprimento do Danúbio (2775 km) e mais que o dobro do Reno (1200 km). 
A área da bacia do São Francisco é de 640.000 km², ou seja, 64 
milhões de hectares em área assemelha-se à bacia do Colorado (631.960 km²). 
Essa área é equivalente à soma dos territórios de Alagoas, Minas Gerais e Sergipe 
(639.254 km²), o que ultrapassaria em extensão os países da França e Portugal 
juntos (632.938 km²). 
A vazão média do São Francisco é de 2.980 m³/s. é ligeiramente 
superior à do Nilo (2.800 m³/s). A descarga anual do São Francisco é de 94 bilhões 
m³. Tal descarga poderia encher o reservatório da hoover Dan (USA) em cerca de 
cinco meses (37 bilhões m³) ou de Owenffaa (Uganda) em cerca de vinte e seis 
meses (204,8 bilhões m³). 
 
 
21
A disponibilidade hídrica total da região Nordeste é de 97,3 bilhões de 
m³/ano, sendo 92,9 bilhões oriundos de águas superficiais e, desses, 87,4 bilhões de 
m³/ano, responde por 69% da disponibilidade de águas superficiais e por 73% da 
disponibilidade superficial garantida do nordeste. 
A capacidade total de acumulação de água superficial do nordeste é de 
85,1 bilhões de m³. desses, 50,9 bilhões se localizam no vale do São Francisco: 
Sobradinho (34,1 bilhões), Itaparica (11,8 bilhões), Xingó (3,8 bilhões) e Moxotó (1,2 
bilhões). Três Marias (fora da região Nordeste, porém no vale) acumula outros 19,3 
bilhões de m³7. 
Outras curiosidades interessantes é que com 15.000 m³ de água: em 
01 hectare é produzida uma safra de arroz, 100 pessoas e 450 cabeças de gado são 
abastecidas por três anos, 100 famílias rurais são abastecidas durante quatro anos, 
100 famílias urbanas são abastecidas durante três anos, 100 hóspedes, em hotel de 
luxo são atendidas durante 55 dias. 
Com a água de um pivô para 90 hectares, dimensionado para 100 l/s, 
pode-se abastecer uma cidade de porte médio, com população da ordem de 
100.000 habitantes. 
Desde o início da formação do Brasil, o rio São Francisco tem 
desempenhado importante papel na ocupação do nosso território. Como rota de 
interiorização das Bandeiras nos séculos XVII e XVIII, foi denominado “Rio da 
Unidade Nacional”. 
Os primeiros estudos para seu aproveitamento foram elaborados 
durante o império, dos quais aqueles realizados por Liais e Halfeld foram os mais 
importantes, pela abrangência e pelo rigor técnico. Em 1852, o engenheiro francês 
Emmanuel Liais foi contratado, pelo Imperador Dom Pedro II, para estudar o rio e 
suas possibilidades de desenvolvimento da navegação, desde as nascentes até 
Pirapora, observando o curso do rio das velhas até Gaicuí; um exemplar do seu 
relatório, denominado Hidrografhie du Haut San-Francisco et du Rio das Velhas, 
datado de 1865, é acervo da biblioteca da CODEVASF. Em 1855, o engenheiro 
alemão Henrique Guilherme Fernando Halfeld foi contratado, pelo governo Imperial, 
para desenvolver estudos semelhantes, desde a cachoeira de Pirapora até a sua 
 
7 http://www.integracao.gov.br/comunicacao/noticias/noticia.asp?id=1609 
 
 
22
foz, no Oceano Atlântico, datado de 1860, também é acervo da biblioteca da 
CODEVASF. 
Da mesma forma, a partir de 1948, os esforços da Comissão do Vale 
do São Francisco, da Superintendência do Vale do São Francisco e da Companhia 
do Desenvolvimento do Vale do São Francisco, ao longo desses 50 anos, resultaram 
em expressivo acervo, onde se tem como marcos referenciais básicos, os seguintes 
planos regionais: 
Plano Geral para o Aproveitamento Econômico do Vale do São 
Francisco, CVSF, 1950; 
Primeiro Plano Qüinqüenal para o Vale do São Francisco, período 
1951-1955, CVSF, 1951; 
O Rio São Francisco como Via de Navegação, CVSF, 1952; 
A Valorização do Vale do São Francisco, CVSF/Missão Francesa, 
1957; 
Reconhecimento dos Recursos Hidráulicos e de solos da Bacia do Rio 
São Francisco, CVSF/SUVALE/SUDEN/BUREC/USAID, 1970; 
Levantamento Sócio Econômico em Áreas do Baixo e Médio São 
Francisco, SUVALE/Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, 1972; 
Plano de Desenvolvimento Integrado do Vale do São Francisco, 
SUVALE/Development and Resoucers Corporation, 1974; 
Plano de Desenvolvimento Integrado dos Recursos Hídricos da Bacia 
Hidrográfica do São Francisco, CEEIVASF, 1982; e 
Plano Diretor para o Desenvolvimento do Vale do São Francisco – 
PLANVASF, CODEVASF/SUDENE/OEA, 1989. 
Das incontáveis obras literárias sobre o São Francisco, três merecem 
destaque, pela abordagem técnico/desenvolvimentista, cultural/antropológica e 
histórico/política: 
 O Rio São Francisco – Fator Precípuo da Existência do Brasil, Geral 
Rocha, 1940; Homem no Vale do São Francisco, Donald Pierson, SUVALE, 1972; e 
Memórias do São Francisco, Manoel Novaes, CODEVASF, 1989. 
 A transposição do Rio São Francisco se refere ao polêmico e antigo 
projeto de transposição de parte das águas do rio São Francisco, orçado atualmente 
em R$ 6,5 bilhões, que prevê a construção de dois canais que totalizam 700 
quilômetros de extensão. Tal projeto, teoricamente, irrigará a região nordeste e 
 
 
23
semi-árida do Brasil. A idéia de transposição das águas é tida como, desde a época 
de Dom Pedro II, única solução para a seca do nordeste. Naquela época não foi 
iniciado o projeto por falta de recursos da engenharia, mas, algumas décadas mais 
tarde, foi retomada a discussão do projeto, como em 1943 por Getúlio Vargas e em 
1994 por Fernando Henrique Cardoso. 
 O projeto prevê a construção de dois canais, sendo que um deles, o 
leste, terá cerca de 220 km, e trará água ao estado de Pernambuco e levará água, 
também, para a Paraíba. O canal norte, por sua vez, terá 402 km e também 
beneficiará Pernambuco e Paraíba, mais o Ceará e o Rio Grande do Norte. Com 
previsão de beneficiar 12 milhões de pessoas, o projeto prevê a captação de 1,4% 
da vazão de 1.850 metros cúbicos por segundo (m³/s). 
Muitos afirmam que o projeto, caso seja implantado, deverá "chover no 
molhado", pois levaria a água do rio São Francisco para os principais rios da região, 
onde já se concentram os maiores estoques de água. Apenas alguns dos maiores 
reservatórios da região deveriam receber as águas da transposição, ou seja, a água 
não irá chegar onde realmente se necessita. A problemática das secas na região 
mudaria muito pouco com a implantação do projeto de transposição, tendo em vista 
que a água do rio São Francisco passaria muito distante dos locais mais secos, 
onde o quadro é mais grave. Portanto, apesar do enorme volume de recursos 
envolvidos na transposição, mesmo assim, continuariam as demandaspor medidas 
emergencias governamentais de combate aos efeitos das secas. 
O projeto efetivamente consiste no bombeamento de águas do rio São 
Francisco para as bacias hidrográficas dos principais rios da região setentrional do 
nordeste brasileiro, abrangendo os estados de PE, PB, RN e CE, seguindo dois 
eixos, norte e leste. A captação do eixo norte é em Cabrobó (PE), abastecendo os 
rios Jaguaribe (CE), Piranhas-Açu (PB/RN), Apodi (RN) e Brígida (PE). O eixo leste 
interliga o rio São Francisco com os rios Paraíba (PB) e Moxotó (PE), com um 
bombeamento diretamente do reservatório de Itaparica (PE). 
A transposição tem sido usada na região como uma grande bandeira 
política. Contudo, os grandes beneficiários seriam os empreiteiros da obra. Claro 
que muitos empregos temporários deveriam ser criados; entretanto, há um grande 
custo para a nação. O projeto destina-se, principalmente, à irrigação - 70% do 
consumo médio do projeto deveriam ser gerados nos pólos tradicionais de irrigação 
da região. Apenas 4% da água do projeto teriam fins para o abastecimento difuso 
 
 
24
que está associado diretamente com o quadro mais grave das secas. No RN, a 
irrigação consumiria 92% da água destinada ao Estado8. 
 
1.4 O Cangaço 
 
 O cangaço é filho da capangagem e neto do latifundiário. Juntos 
formam uma família de bastardos sociais, responsáveis pelo desencadeamento de 
muitos problemas de ordem política, econômica e social no Sertão do nordeste 
brasileiro. Ocupadas com a ajuda logística oferecida pelos rios, principalmente pelo 
São Francisco, o Velho Chico, as terras de pastos foram se empanturrando de gado 
bovino que lá chegava, trazendo o homem a reboque e este, por sua vez, 
carregando consigo as esperanças e angústias típicas dos aventureiros. 
 O mundo sertanejo não foi tão unânime na dependência passiva do 
homem pelo seu senhor. Tornar-se cangaceiro representava a obediência a vários 
critérios comportamentais que o sertão impunha ou oferecia ao jovem; havia três 
motivos básico para seguir a vida nômade e livre de cangaceiro: a vingança, o 
refúgio ou meio de vida, segundo Frederico Pernambucano, sendo o último onde se 
concentrou o maior número de voluntários. Tudo contribuía para haver sucesso na 
empreitada de viver solto na caatinga, tendo o fuzil e o punhal como companheiros 
maiores. 
O banditismo parece ser um fenômeno universal. É difícil encontrar um 
povo no mundo que não teve (ou tenha) bandido: indivíduos frios, calculistas, 
insensíveis à violência e à morte. Sem entrar no mérito das atrocidades cometidas 
pelos colonizadores portugueses, que escravizaram os negros africanos e quase 
exterminaram os índios nativos do país, a região Nordeste do Brasil vivenciou um 
período de quase meio século de violência, especialmente no final da década de 
1870, após a grande seca de 1877. 
O monopólio da terra e o trabalho servil, heranças das capitanias 
hereditárias, sempre mantiveram o empobrecimento da população e impediram o 
desenvolvimento do Nordeste. Apesar do empenho de Joaquim Nabuco e da 
abolição da escravatura, as pessoas continuam sendo relegadas à condição de 
objetos, cujo maior dever é servir aos donos de terras. 
 
8 BARBIERI, Edison. Polêmica sobre o Velho Chico. Revista MUNDO e MISSÃO. 
 
 
25
Enquanto o capitalismo avançava nos grandes centros urbanos, no 
meio rural persistia o atraso da grande propriedade: a presença do latifúndio 
semifeudal, elemento dominador que, da monarquia à república, se mantém 
intocável em seus privilégios. Os problemas das famílias abastadas são resolvidos 
entre si, sem a intervenção do poder do Estado, mas com a substantiva ajuda de 
seus fiéis subordinados: policiais, delegados, juízes e políticos. 
No final do século XIX, os engenhos são tragados pelas usinas, porém 
as relações pré-capitalistas de produção se conservam: os trabalhadores rurais se 
tornam meros semi-servos. E o dono da terra - o chamado "coronel" - representa o 
legítimo árbitro social, mandando em todos (do padre à força policial), com o apoio 
integral da máquina do Estado. Contrariar o coronel, portanto, é algo a que ninguém 
se atreve. 
É importante registrar, também, a presença dos jagunços, ou capangas 
dos "coronéis", aqueles assalariados que trabalham como vaqueiros, agricultores ou 
mesmo assassinos, defendendo com unhas e dentes os interesses do patrão, de 
sua família e de sua propriedade. 
Diante das relações semifeudais de produção, da fragilidade das 
instituições responsáveis pela ordem, lei e justiça, e da ocorrência de grandes 
injustiças, homicídios de familiares, violências sexuais, roubo de gado e de terras, 
além de secas periódicas que vêm agravar a fome, o analfabetismo e a pobreza 
extrema, os sertanejos buscaram fazer justiça com as próprias mãos, gerando, como 
forma de defesa, um fenômeno social que propagava vinganças e mais violências: o 
cangaço. 
Fora o cangaço, dois outros elementos que surgem nos sertões 
nordestinos são o fanatismo religioso e o messianismo, a exemplo de Canudos (na 
Bahia) com Antonio Conselheiro; de Caldeirão (na chapada do Araripe, município do 
Crato, no Ceará) com o Beato Lourenço; e dos seus remanescentes em Pau de 
Colher, na Bahia. O cangaço, o fanatismo religioso e o messianismo são episódios 
marcantes da guerra civil nordestina: representam alternativas através das quais a 
população regional pode retaliar os danos sofridos, garantir um lugar no céu, 
alimentar o seu espírito de aventura e/ou conseguir um dinheiro fácil. 
A expressão cangaço está relacionada à palavra canga ou cangalho: 
uma junta de madeira que une os bois para o trabalho. Assim como os bois 
 
 
26
carregam as cangas para aperfeiçoar o labor, os homens que levam os rifles nas 
costas são chamados de cangaceiros. 
O cangaço advém do século XVIII, tempo em que o sertão ainda não 
havia sido desbravado. Já naquela época, o cangaceiro Jesuíno Brilhante (vulgo 
Cabeleira) ataca o Recife, e é preso e enforcado em 1786. De Ribeira do Navio, 
estado de Pernambuco, surgem também os cangaceiros Cassemiro Honório e 
Márcula. O cangaço passa a se tornar, então, uma profissão lucrativa, surgindo 
vários grupos que roubam e matam nas caatingas. São eles: Zé Pereira, os irmãos 
Porcino, Sebastião Pereira e Antônio Quelé. No começo da história, contudo, eles 
representam grupos de homens armados a serviço de coronéis. 
Em 1897, surge o primeiro cangaceiro importante: Antônio Silvino. Com 
fama de bandido cavalheiresco, que respeita e ajuda muitos, ele atua, durante 17 
anos, nos sertões de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. É preso pela polícia 
pernambucana em 1914. Um outro cangaceiro famoso é Sebastião Pereira 
(chamado de Sinhô Pereira), que forma o seu bando em 1916. No começo do século 
XX, frente ao poder dos coronéis e à ausência de justiça e de cumprimento da lei, 
tais indivíduos entram no cangaço com o propósito de vingar a honra de suas 
famílias. 
Para combater esse novo fenômeno social, o Poder Público cria as 
"volantes". Nestas forças policiais, os seus integrantes se disfarçavam de 
cangaceiros, tentando descobrir os seus esconderijos. Logo, ficava bem difícil saber 
ao certo quem era quem. Do ponto de vista dos cangaceiros, eles eram, 
simplesmente, os "macacos". E tais "macacos" atuavam com mais ferocidade do que 
os próprios cangaceiros, criando um clima de grande violência em todo o sertão 
nordestino. 
Por outro lado, a polícia chama de coiteiros todas as pessoas que, de 
alguma forma, ajudam os cangaceiros. Os residentes no interior do sertão - 
moradores, vaqueiros e criadores, por exemplo - se inserem, também, dentro dessa 
categoria. 
Sob ordens superiores, as volantes passam a atuar como verdadeiros 
"esquadrões da morte", surrando, torturando, sangrando e/ou matando coiteiros e 
bandidos. Se os cangaceiros, portanto, ao empregar a violência, agem 
completamentefora da lei, as volantes o fazem com o apoio total da lei. 
 
 
27
Nesse contexto, surge a figura do Padre Cícero Romão Batista, 
apelidado pelos fanáticos de Santo de Juazeiro, que nele vêem o poder de realizar 
milagres e, sobretudo, uma figura divina. Endeusado nas zonas rurais nordestinas, o 
Padre Cícero concilia interesses antagônicos e amortece os conflitos entre as 
classes sociais. Em meio a crendices e superstições, os milagres - muitas vezes, 
resumidos a simples conselhos de higiene ou procedimentos diante da subnutrição - 
atraem grandes romarias para Juazeiro, ainda mais porque os seus conselhos são 
gratuitos. O Santo de Juazeiro, contudo, a despeito de ser um bom conciliador e 
uma figura querida entre os cangaceiros, utiliza a sua influência religiosa para agir 
em favor dos "coronéis", desculpando-os pelas violências e injustiças cometidas. 
Em meio a essa turbulência, surge o mais importante de todos os 
cangaceiros e quem mais tempo resiste (cerca de vinte anos) ao cerco policial: 
Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, também chamado rei do cangaço e 
governador do sertão. Os membros do seu bando usam cabelos compridos, lenço 
em volta do pescoço, grande quantidade de jóias e um perfume exagerado. Seus 
nomes e alcunhas são os seguintes: Antônio Pereira, Antônio Marinheiro, Ananias, 
Alagoano, Andorinha, Amoredo, Ângelo Roque, Beleza, Beija-Flor, Bom de Veras, 
Cícero da Costa, Cajueiro, Cigano, Cravo Roxo, Cavanhaque, Chumbinho, 
Cambaio, Criança, Corisco, Delicadeza, Damião, Ezequiel Português, Fogueira, 
Jararaca, Juriti, Luís Pedro, Linguarudo, Lagartixa, Moreno, Moita Braba, Mormaço, 
Ponto Fino, Porqueira, Pintado, Sete Léguas, Sabino, Trovão, Zé Baiano, Zé 
Venâncio, entre outros. 
A partir de 1930, a mulher é inserida no cangaço. Tudo começa com 
Maria Bonita, companheira de Lampião, e depois vêm outras. Muito embora não 
entrassem diretamente nos combates, as mulheres são preciosas colaboradoras, 
participando de forma indireta das brigadas e/ou empreitadas mais perigosas, 
cuidando dos feridos, cozinhando, lavando, e, principalmente, dando amor aos 
cangaceiros. Elas sempre portam armas de cano curto (do tipo Mauser) e, em caso 
de defesa pessoal, estão prontas para atirar. 
Seja representando um porto seguro, ou funcionando como um ponto 
de apoio importante para se implorar clemência, as representantes do sexo feminino 
contribuem muito para acalmar e humanizar os cangaceiros, além de aumentar-lhes 
o nível de cautela e limitar os excessos de desmandos. As cangaceiras mais 
famosas do bando de Lampião, juntamente com os seus companheiros, são: Dadá 
 
 
28
(Corisco), Inacinha (Galo), Sebastiana (Moita Brava), Cila (José Sereno), Maria 
(Labareda), Lídia (José Baiano) e Neném (Luís Pedro). 
Como as demais sertanejas nordestinas, as mulheres recebem a 
proteção paternalista dos seus companheiros, mas o seu cotidiano é mesmo bem 
difícil. Levar a termo as gestações, por exemplo, no desconforto da caatinga, 
significa muito sofrimento para elas. Às vezes, precisavam andar várias léguas, logo 
após o parto, para fugir das volantes. E caso não possuíssem uma resistência física 
incomum, não conseguiriam sobreviver. 
Em decorrência da instabilidade e dos inúmeros problemas da vida no 
cangaço, os homens não permitem a presença de crianças no bando. Assim que 
seus filhos nascem, são entregues a parentes não engajados no cangaço, ou 
deixados com as famílias de padres, coronéis, juízes, militares, fazendeiros. 
Vale ressaltar que um fator decisivo para o extermínio do bando de 
Lampião é o uso da metralhadora, que os cangaceiros tentam comprar, mas não 
obtêm sucesso. No dia 28 de abril de 1938, Lampião é atacado de surpresa na grota 
de Angico, local que sempre julgou como o mais seguro de todos. O rei do cangaço, 
Maria Bonita, e alguns cangaceiros são mortos rapidamente. O resto do bando 
consegue fugir para a caatinga. Com Lampião, morre também o personagem 
histórico mais famoso da cultura popular brasileira. 
Em Angicos, os mortos são decapitados pela volante e as cabeças são 
exibidas em vários estados do Nordeste e sul do país. Posteriormente, ficam 
expostas no Museu Nina Rodrigues, em Salvador, por cerca de 30 anos. Apesar de 
muitos protestos, no sentido de enterrar os restos mortais mumificados, o diretor do 
Museu - Estácio de Lima - é contra o sepultamento. 
Após a morte de Lampião, Corisco tenta assumir durante dois anos o 
lugar de chefe dos cangaceiros. A sua inteligência e competência, porém, estão 
longe de se comparar àquelas de Virgulino. 
No dia 23 de março de 1940, a volante Zé Rufino combate o bando. 
Dadá é gravemente ferida no pé direito; Corisco leva um tiro nas costas, que lhe 
atinge a barriga, deixando os intestinos à mostra. O casal é transportado, então, 
para o hospital de Ventura. Devido à gangrena, Dadá (Sérgia Maria da Conceição) 
sofre uma amputação alta da perna direita, mas Corisco (Cristino Gomes da Silva 
Cleto) não resiste aos ferimentos, vindo a falecer no mesmo dia. 
 
 
29
O fiel amigo de Lampião é enterrado no dia 23 de março de 1940, no 
cemitério da cidade Miguel Calmon, na Bahia. Dez dias após o sepultamento, o seu 
cadáver foi exumado: decepam-lhe a cabeça e o braço direito e expõem essas 
partes, também, no Museu Nina Rodrigues. 
Naquela época, o cangaço já se encontra em plena decadência e, com 
Lampião, morre também a última liderança desse fenômeno social. Os cangaceiros 
que vão presos e cumprem pena conseguem se reintegrar no meio social. Alguns 
deles são: José Alves de Matos (Vinte e Cinco), Ângelo Roque da Silva (Labareda), 
Vítor Rodrigues (Criança), Isaías Vieira (Zabelê), Antônio dos Santos (Volta Seca), 
João Marques Correia (Barreiras), Antônio Luís Tavares (Asa Branca), Manuel 
Dantas (Candeeiro), Antenor José de Lima (Beija-Flor), e outros. 
Após décadas de protestos, por parte das famílias de Lampião, Maria 
Bonita e Corisco, no dia 6 de fevereiro de 1969, por ordem do governador Luís Viana 
Filho, e obedecendo ao código penal brasileiro que impõe o devido respeito aos 
mortos, as cabeças de Lampião e Maria Bonita são sepultadas no cemitério da 
Quinta dos Lázaros, em Salvador. Em 13 de fevereiro, do mesmo ano, o governador 
autoriza, ainda, o sepultamento da cabeça e do braço de Corisco, e das cabeças de 
Canjica, Zabelê, Azulão e Marinheiro. 
Por fim, registram-se informações sobre alguns ex-cangaceiros que 
retornam ao convívio social. Tendo fugido para São Paulo, depois do combate na 
grota de Angico, Criança adquire casa própria e mercearia naquela cidade, casa-se 
com Ana Caetana de Lima e tem três filhos: Adenilse, Adenilson e Vicentina. Zabelê 
volta para o roçado, assim como Beija-Flor. Eles continuam pobres, analfabetos e 
desassistidos. Candeeiro segue o mesmo rumo, mas consegue se alfabetizar. 
Vinte e Cinco vai trabalhar como funcionário do Tribunal Eleitoral de 
Maceió, casa com a enfermeira Maria de Silva Matos e tem três filhas: Dalma, Dilma 
e Débora. 
Volta Seca passa muito tempo preso na penitenciária da Feira de 
Curtume, na Bahia. É condenado, inicialmente, a uma pena de 145 anos, depois 
comutada para 30 anos. Através do indulto do presidente Getúlio Vargas, porém, em 
1954, ele cumpre uma pena de 20 anos. Volta Seca se casa, tem sete filhos e é 
admitido como guarda-freios na Estrada de Ferro Leopoldina. 
Conhecido também como Anjo Roque, Labareda consegue se 
empregar no Conselho Penitenciário de Salvador, casa e tem nove filhos. 
 
 
30
E, intrigante como possa parecer, o ex-cangaceiro Saracura torna-se 
funcionário de dois museus, o Nina Rodrigues e o de Antropologia Criminal, os 
mesmos que expuseram as cabeças mumificadas dos velhos companheiros de 
lutas. 
 
1.5 Origem da “Família Ferreira 9” 
 
 Em Inhamuns, sertão cearense, houve uma grande questão entre as 
famílias Alves Feitosa e Monte, havendo desta forma a saída da família AlvesFeitosa para outros estados, tendo muitos deles se refugiado em Pernambuco, onde 
fixaram residências às margens do rio Pajeú, de São José do Egito a Vila-Bela. 
Nesta época, chega em Vila-Bela um cidadão com o nome de Antônio Alves Feitosa, 
oriundo de Inhamuns, no entanto, ao chegar em Vila-Bela, adotou os nomes de 
Antônio Ferreira de Magalhães e Antônio Ferreira de Barros, fixa residência no 
Carrapicho, situado nas proximidades da rua de Vila-Bela, casa-se no lugarejo Peru 
do Riacho de São Domingos com a tecedeira Maria Francisca das Chagas, criada 
pelo fazendeiro Manoel Gomes do São Miguel. Após o matrimônio, Antônio Ferreira 
de Magalhães ou “de Barros” passa a residir no Peru. 
Passado algum tempo, retornou para o Carrapicho, em seguida muda-
se para a Serra da Bernada, município de Triunfo, área fronteiriça com o estado 
paraibano. Da união, houve vários filhos, sendo um deles de nome José, o qual se 
casara no distrito de São Francisco, com Maria Vieira da Soledade, pertencente à 
família “Paulo Lopes”, a qual era descendente do facínora conhecido por “Paulo 
Lopes”, oriundo de Jardim-CE, fugitivo da região em epígrafe após haver 
assassinado um padre, em virtude de no passado o dito Paulo Lopes haver dado 
uma surra em um oficial da polícia do estado, tendo o padre em revide mandado oito 
“cabras” dar um surra em Paulo Lopes, restabelecido da tunda, saiu Paulo Lopes em 
busca dos elementos, encontrando 06 (seis) no Ceará, 01 (um) em Canhotinho-PE e 
o último, três anos depois em Oeiras-PI, matando-os todos por vingança, cumprida a 
missão retorna para Jardim-CE a fim de ressarcir os gastos realizados na buscas 
dos cabras, ao apresentar as notas das despesas ao vigário, o mesmo recusou-se a 
recebê-las, sendo alvejado por Paulo Lopes o qual tombou sem vida. 
 
9 LIRA, João Gomes de. LAMPIÃO Memórias de um Soldado de Volante. Volume I 
 
 
31
Inicia-se assim a grei dos “Ferreira”, uma mistura genética de falsidade 
ideológica com vingança premeditada e sem precedentes, levando às últimas 
conseqüências seus atos criminosos no intuito de satisfazer um ego. Desta forma, o 
que se pode esperar de uma união com esses precedentes, vivendo em uma época 
totalmente conturbada, violenta, com o poder do estado nas mãos dos latifundiários, 
controladores de toda economia local, enquanto que a classe miserável sempre 
esperançosa de melhores tempos, chuvas, lavouras, farturas e nada disso chega, 
ficando assim sem perspectivas de vida melhores. 
Conforme registros de nascimentos, feitos por José Ferreira, no 
cartório do Sr. Honório de Moura, em São João do Barro Vermelho, da união com 
Maria Soledade, houve os seguintes filhos: Antônio Ferreira, nascido em 15 de julho 
de 1895, foram padrinhos seus avós, Manoel Pedro Lopes, Jacoza Vieira da 
Soledade, Antônio Ferreira de Barros e Maria Francisca das Chagas; Levino 
Ferreira, nascido em 07nov1896, seus padrinhos Luiz Barbosa Nogueira e Gertrudes 
Vieira da Soledade; Virgulino Ferreira, nascido em 04 de junho de 1898, batizado 
por Manoel Pedro Lopes e Maria José da Soledade; Virtuosa Maria da Soledade, 
nascida a 24 de agosto de 1900, foram seus padrinhos, João Ferreira de Souza e 
Maria Barbosa Nogueira; Anália, nascida a 01 de novembro de 1902, seus 
padrinhos, Terto Alves Feitosa e Maria Lima da Soledade; Angélica, nascida a 15 de 
abril de 1904, batizada por Purcino Nunes Nogueira e Ana; Ezequiel Profeta de 
Souza, nascido a 10 de abril de 1908, seus padrinhos Tibúrcio de Godoy e Ana; 
Maria Sulema Filha (Mocinha), nascida a 10 de outubro de 1910, seus padrinhos, 
Raimundo Gomes de Barros e Maria; e o caçula João Ferreira Batista, nascido em 
24 de junho de 1912, foram seus padrinhos, Manoel Ferreira de Lima e Joana Maria 
da Soledade10. 
Diocese de Pesqueira-PE, paróquia de Floresta, em Pesqueira: “certifico 
que, revendo os livros de termos de batizados realizados nesta paróquia, 
foi encontrado o teor seguinte: livro 15 fls. 146, do ano de 1898, a três de 
setembro do mesmo ano, na capela de São Francisco. Batizei solenemente 
a Virgulino, nascido a 04 de junho de 1898, filho legítimo de José Ferreira e 
Maria Vieira da Soledade, desta freguesia. Foram padrinhos: Manoel Pedro 
Lopes e Maria José da Soledade. Do que mandei passar este termo que 
assino: Pe. Cônego e Vigário Joaquim Antônio de Siqueira Torres”. 
(LIRA, 1997, vol. I, p. 18) 
 
10 LIRA, João Gomes de. LAMPIÃO Memórias de um Soldado de Volante. Volume I 
 
 
32
Temos, assim, a consagração cristã daquele que iria percorrer e 
aterrorizar vários estados nordestinos, causando todos os tipos de ilícitos 
imaginados por um terrorista sem escrúpulos ou compaixão. Apesar de tudo o 
patriarca José Ferreira sempre procurou dar aos filhos uma educação primária, 
apesar de todas as dificuldades, em 1910, Antônio Ferreira, Levino e Virgulino 
estudaram na escola particular do professor Domingos Soriano de Souza, em Serra 
Vermelha, distrito de São Francisco (atual Pajeú). Dos três, Virgulino era o mais 
desenvolto; apesar do pequeno período escolar, aprendeu a ler e “escrever uma 
carta”. José Ferreira tinha verdadeira dedicação aos filhos, tendo maior admiração 
por Virgulino, e envidava todos os esforços no sentido de conduzir os filhos no 
caminho do bem e da paz, sem jamais imaginar o destino que os aguardava. 
 
 
1.6 Primeiras questões dos “Ferreiras” no Sertão Pe rnambucano. 
 
 
 Por ser José Ferreira cunhado de Manoel Lopes, bem conceituado por 
toda a vizinhança, principalmente pelo grande fazendeiro Saturnino Alves de Barros, 
viu a grande necessidade de um posto policial na fazenda Pedreira. Diante disto, foi 
à Vila-Bela e como muita peleja e desenvolto político conseguiu com o chefe político 
do município, Cel Antônio Timóteo, a nomeação de Inspetor de quarteirão para o Sr. 
Manoel Lopes, o qual empossado no cargo, passou juntamente com os sobrinhos 
Antônio Levino e Virgulino, fazer o policiamento da jurisdição que lhes competia. 
Segundo Lira, 
Para aqueles que dizem que os Ferreira entraram na vida do cangaço 
forçados, porque mataram seus pais, é um completo engano, 
desconhecem a vida dos mesmos, estão equivocados. 
(LIRA,1997, p.56) 
 No ano de 1916, após receber denúncia de furto de bode, o inspetor 
Manoel Lopes, realizando o policiamento com seus ajudantes, prendem José 
Caboclo, morador do Sr. Saturnino Alves de Barros, trazendo esta prisão grande 
descontentamento por desconhecerem qualquer ato de desonestidade do seu 
morador tanto para Saturnino Alves, bem como ao seu filho José Alves de Barros, o 
qual, era conhecido na localidade Pedreira por “José Saturnino”, que veio a ser o 
 
 
33
primeiro inimigo de Virgulino Ferreira. 
 Dias depois, José Caboclo, quando vinha da Ribeira do Pico, onde 
tinha ido à busca de alguns animais, depara-se em lugar ermo com Antônio Ferreira, 
onde iniciaram uma grande luta corporal, saindo vitorioso José Caboclo, dizendo 
ainda que não o mataria pois não era covarde como o mesmo. Em conseqüência 
disto, inicia-se, assim, uma das maiores contendas no sertão pernambucano, 
oriunda de um fato meramente desprezível e sem importância. No entanto, para um 
sertanejo acostumado a levar tudo às “últimas conseqüências”, não levar ofensas 
para casa e resolver tudo “na faca” ou “cano do fuzil”, pois, tais brigas assim eram 
comuns. Desse dia em diante surgiram de ambos os lados, muitas ameaças e 
pilhérias, acendendo a chispa causadora desta altercação, marchando os sertanejos 
do Pajeú para um triste e desventurado destino. 
 
1.7 As Volantes 
 
 As Volantes foram criadas para combater o banditismo que sempre 
existiu no interior. Desde a época do Brasil Holandês que havia grupos de 
cangaceiros e bandoleiros. Não com o nome de cangaceiros, mas de bandoleiros, já 
no fim da Zona da Mata, no início do Agreste e noSertão. Depois o Cangaço tornou-
se um fato normal. Frederico Pernambucano chama de Cangaço Endêmico, que 
quer dizer: tem sempre em pequenas quantidades. 
 Durante algum tempo no século XX houve o chamado Cangaço 
Epidêmico e este teve três fases. A 1ª fase foi de Antônio Silvino. Ele foi o primeiro. 
Atuou mais nas Zonas do Agreste e da Mata, quase não chega ao Sertão. Em 1914 
ele foi denunciado por um “coiteiro”, foi baleado por Teófilo Ferraz Torres e foi preso. 
Passou 14 anos preso e depois foi anistiado pelo Presidente Getúlio Vargas. Depois 
temos o segundo que foi um cangaceiro que divide o Cangaço em: “Cangaço 
Refúgio”, “Cangaço Vingança” e “Cangaço Meio de vida”. O primeiro foi Cangaço 
Vingança de Antônio Silvino que terminou virando o Cangaço Meio de Vida. Ele que 
para sobreviver assaltava, saqueava etc.. Mas ele tinha um aspecto meio “Rob 
Hoodiano”, ele muitas vezes dava aos pobres. Depois veio o Cangaço Vingança de 
Luís Padre e o seu primo Sr. Pereira. O Sr. Pereira ficou na cabeça do grupo e foi à 
famosa luta lá em Bodocó e nas adjacências entre os Pereiras e os Carvalhos. Ele 
 
 
34
foi o primeiro e o único patrão de Lampião. Ele matava os inimigos dele, que eram 
os Carvalhos. Quem fosse amigo dos Carvalhos e fizesse “cara feia” para ele, 
também morria. Atuou durante 07 a 08 anos e depois foi embora para Goiás e só 
voltou quando tinha mais de 70 anos, deixando Virgulino Ferreira no comando, que 
já havia entrado para o Cangaço por meio dele mesmo. 
 Virgulino era um homem chegado a certas coisas, a muitos problemas. 
Um homem que absolutamente não tinha nada de herói. Era um homem que não 
lutava por terra. Que por falta de terra querem enquadrá-lo, às vezes, como um sem-
terra da época. Pelo contrário, o pai dele era um fazendeiro, um homem de bem. Na 
verdade Virgulino entrou para o Cangaço porque gostava de ser anarquista, gostava 
de ser bandoleiro, gostava de ser ladrão. Então, diante disso, ele vai comandar o 
grupo de Sr. Pereira e desvirtuar o Cangaço Vingança que o Sr. Pereira introduziu. 
Primeiro, ele vai vingar um bocado de gente que o Sr. Pereira pediu para ele vingar, 
antes de viajar, deixando essa missão. Depois vai tornar o grupo à sua 
personalidade. Isso era a grande figura do Cangaço em 1920 ou 1922 até 1938 
quando morreu, em julho, em Angico, em meio a uma emboscada. Transformando 
assim o cangaço para meio de vida. Certa vez um repórter perguntou a ele (a 
Lampião): “Capitão, por que o senhor não deixa de ser cangaceiro?” Ele disse: “Se o 
senhor estiver em um negócio e o negócio estiver lhe dando bom dinheiro, você 
deixaria?” “Não”. “Então, eu também não deixo, eu vivo bem nisso” (MONTEIRO, 
Roberto Pedrosa. 2004). Existem outras provas que o introduzem no Cangaço Meio 
de Vida. 
 Inicia, assim, a origem das Forças Volantes. Foi para combater esse 
tipo de elemento que tornou o Cangaceirismo como uma coisa epidêmica no Sertão. 
Lampião arrasou o sertão e deixou desnorteada a população sertaneja, se de um 
lado tinha os cangaceiros do outro vinha as volantes no seu encalço, e assim 
ninguém nunca estava seguro. Lampião foi a pior coisa que poderia ter havido. A 
pior de todas as secas não chegou aos pés do que Lampião fez. Ele foi um grande 
terrorista. Ele matava, ele chegou certa vez em uma cidade e matou um menino de 
08 anos e uma mulher de 80 anos. O recado dele é “que matava de 08 a 80”, deixou 
bem explícito. E ele fez muita coisa, muita barbaridade que ainda hoje se ressente, 
mas há o outro lado também, se algumas pessoas se ressentem outras o admiram e 
o mitificam erroneamente, transformando-o muitas vezes em herói, mas, esquecem 
o significado de herói ou confundem como sinônimo de monstruosidade. 
 
 
35
As volantes eram formadas por indivíduos nascidos e educados no 
mesmo ambiente dos cangaceiros. O que os diferenciavam dos grupos de 
bandoleiros era apenas o fato de fazerem parte da força legal, ou seja, eram 
homens da lei, era esta, muita vezes, a única diferença entre eles, a Lei. Existiam 
grupos oficiais, que faziam parte do contingente normal da força policial, e os 
contratados que eram voluntários ou convidados a ingressar na força policial e ainda 
os que estavam ali por interesse próprios em combater e matar o temido e 
destemido fora da lei, por serem muitas vezes inimigos pessoais e estarem mais 
seguros nas fileiras das volantes, sempre perseguindo seu inimigo. Um dos grupos 
mais importantes da época, que dava caça a cangaceiros e não fazia inicialmente 
parte da policia como força oficial eram os nazarenos, onde hoje se situa 
Carqueja/PE. Estes homens dedicaram suas vidas no combate aos bandos de 
cangaceiros. 
 Os destaques das Forças Volantes eram muitos porque havia, dentro 
das Forças Volantes, duas forças em destaque. Existiam nas Forças Volantes 
soldados que vinham de outras cidades ou mesmo das cidades como Serra 
Talhada, ou como Floresta, mas havia uma força especial, não que a Polícia tivesse 
feito ela de especial, ela era especial. Eram os Nazarenos, eram homens de Nazaré, 
um povoado entre Serra Talhada e Floresta, que foi construído para se tornar um 
interposto comercial. E Lampião morava lá. Houve lá um problema com o povo de 
Nazaré e Lampião então se tornou um grande inimigo. Eram cerca de 60 homens, 
morreram 16 durante os combates. O primeiro foi Idelfonso Ferraz, filho de João 
Flor, que foi o grande idealizador das Forças Volantes, e o comandante da Polícia 
João Nunes que era um homem de uma valentia impressionante, era de Águas 
Belas. Ele foi lá para queimar, incendiar o povoado, pensando que o pessoal de 
Nazaré era aliado de Lampião. Quando ele tomou conhecimento então do fato, ele 
convocou o pessoal e alguns foram, sendo os homens mais valentes. 
 Manuel Sousa Neto, tenente Coronel, já falecido, da Polícia Militar de 
Pernambuco (Antigamente não havia o posto de Coronel), Mané Neto, era um 
nazareno. Uma parte Floresta, parte Serra Talhada e também Nazaré. Enquadrado 
dentro do pessoal nazareno. Foi um dos homens mais valente que o Cangaço teve 
em seu encalço. Ele entrava numa cidade, comandando sua tropa, dava tanto tiro 
que era conhecido como “Mane Fumaça”, pois diziam que a fumaça encobria toda a 
cidade. Ele não obedecia a uma ordem que achasse que ela não estivesse correta, 
 
 
36
tornando-se assim um pouco indisciplinado. Certa vez foi subir uma serra onde 
estavam muitos cangaceiros intocados esperando que a Força subisse e o Tenente 
Higino, conhecido como “Nego Higino”, disse: “Não suba não Mané Neto (ele era 
cabo). Ele disse:” Eu vou “subir”. O tenente disse: “Vamos almoçar e depois a gente 
sobe”. “Eu vou almoçar é bala”. E subiu e foi a maior luta que houve entre os 
cangaceiros e as Volantes, a qual teve 24 baixas entre mortos e feridos e os 
cangaceiros também tiveram baixas não se sabendo quantas. O próprio Mane Neto 
saiu ferido, de perna quebrada. Era um homem feroz , de uma ferocidade 
impressionante. Era quase onça! Houve outros como: Euclides Flor, Davi Jurubeba, 
João Jurubeba, Manoel Flor, João Gomes de Lira, muitos soldados, muita gente. 
 No entanto nas Volantes existiam inúmeras dificuldades. A maior 
dificuldade que as Volantes tiveram foi o próprio povo. O próprio povo era uma 
grande dificuldade porque o povo tinha medo, não só dos cangaceiros, como medo 
das próprias Volantes. Eles não sabiam o que viriam de lá. Havia o medo duplo. O 
medo das Volantes: quem era do lado dos cangaceiros não conversavam, batiam e 
batiam forte. Não se matava tanto como se fala. Não se torturava tanto como se fala. 
A tortura é uma coisa do tempo de hoje, advindo do período militar. Eles batiam, 
batiam e batiam. Bastava suspeitar que as pessoas fossem coiteiros, e muito coiteiro 
falou debaixo de pau. 
 De tantas táticas que havia, uma delas era Lampião falar do pessoal 
das Volantes. “Comprou fulano, comprou sicrano...comprou bala a um e a outro”.Mas havia umas táticas interessantes, uma delas era a “TÁTICA DO URUBU”. Essa 
tática era usada de modos diferentes de um lado e do outro lado do cangaço. Do 
lado do cangaço era quando Lampião queria ficar mais tempo numa fazenda 
descansando com um grupo, ele pegava os caminhos, as veredas que davam para a 
casa sede e como toda casa sede têm um grande pátio, então, o pessoal ficava ali 
no pátio, assim ele pegava, mandava matar um bode e existindo sempre cinco ou 
seis entradas que, por caminhos diversos sairiam lá no pátio da casa sede. Ele 
pegava o bode partia em pedaços, enrolava em pano, melava de sangue (pano era 
para dificultar os urubus) e colocava os pedaços nas estradas, nos caminhos. E se 
viesse algum soldado de algum grupo de soldados, os urubus, então, que estavam 
lá embaixo comendo, voavam e um cangaceiro que estava escalado de guarda 
olhava e dava o sinal, então eles fugiam. 
 A Polícia usava também a tática do urubu, mas de um modo diferente. 
 
 
37
Ela recebia geralmente informações, através de bilhetes, dizendo o paradeiro dos 
cangaceiros. Então o comandante da Volante mandava um soldado subir na árvore 
mais alta, de lá ele olhava um panorama maior e ali via onde houvesse urubu 
sobrevoando era porque os cangaceiros haviam saído, deixando o resto de comida. 
Em contrapartida haviam quebrado o resto da louça de barro ou de outra coisa 
qualquer para os Volantes, os soldados das volantes, não se alimentarem do resto 
deles. Então, os urubus vinham esfomeados, ficavam rodando, aproximando da 
comida. E aquilo ali era o sinal de onde começar a rastrear. O rastreador fazia o 
resto. 
 Havia também uma tática dos cangaceiros de pularem numa pedra. 
Eles vinham em um grupo e quando eles percebiam que as volantes não saiam dos 
pés deles, das pegadas deles, eles, então, pulavam de um em um numa pedra, sem 
tocar o chão, sempre em cima de pedras, dificultando assim o trabalho do rastreador 
em localizar as pegadas. E os próprios soldados, claro, eram os elementos 
multiplicadores da informação falsa: que os cangaceiros se desmaterializavam e 
eram vistos a quilômetros e quilômetros, léguas e léguas de distâncias. 
Até que os comandantes das Volantes contrataram os rastreadores, 
que esses foram os grandes elementos do cangaço que Lampião tinha horror. 
Chamavam a eles de “os cachorros” porque eles viviam ao lado do comandante 
sempre cantando toda passagem dos cangaceiros. Eles sabiam até quando eles iam 
muito municiados ou não. Quando eles iam carregando alguma coisa pesada ou 
não. Quando eles iam feridos ou não. Chegavam alguns deles até ao requinte de 
identificar “esse era Lampião”. Porque Lampião foi ferido no pé direito e ele tinha um 
defeito. Por coincidência todos os ferimentos de Lampião se localizavam no lado 
direito do seu corpo: o olho cego era o olho direito, foi ferido no pé direito, que quase 
fica podre o pé dele. 
 
1.8 Confrontos 
 1.8.1 O Saque de Souza-PB 11 
 
 Em março de 1924, Lampião sofre um ferimento no pé direito quando 
nas imediações da Lagoa dos Vieiras foi cercado por um grupo da volante do major 
 
11 LIRA, João Gomes de. LAMPIÃO Memórias de um Soldado de Volante. Volume I 
 
 
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Teófanes Torres Ferraz, onde teve o calcanhar esfacelado por um tiro de 
espingarda, quando estava indo negociar armas e munições. Ferido, conseguiu se 
evadir do local do tiroteio com a ajuda dos dois cangaceiros que o acompanhavam, 
indo se esconder na Serra das Panelas, onde um coiteiro trataria do seu ferimento. 
 Com a volante do sargento Quelé (Clementino Furtado), que antes era 
um cangaceiro do seu bando e por causa de uma discussão com o bandido Meia 
Noite havia abandonado o bando, Lampião foi mais uma vez cercado e, tendo que 
fugir, teve o ferimento mais uma vez aberto. Na fuga, se perde do resto do grupo e 
por um milagre não é pego pela volante, pois se escondera atrás de umas folhagens 
e por pouco não é encontrado. Quatro meses depois, ainda em tratamento e se 
recuperando do ferimento, Lampião idealiza um assalto à cidade de Souza, na 
Paraíba. Procurado pelo cangaceiro Chico Pereira, que queria se vingar de uns 
desafetos nesta cidade, Lampião manda o irmão Antônio Ferreira e Sabino 
realizarem o feito como se ele próprio estivesse no comando. 
 O saque foi terrível. O alvo seria a família Mariz, pois Otávio Mariz 
havia dado uma surra em Chico Lopes que possuía uma bodega na cidade antes de 
entrar no cangaço. Chico Pereira também tinha acertos de contas com esta família 
que fora co-responsáveis pela morte do seu pai. Invadida a cidade, sem nenhuma 
resistência, pois só havia 10 policiais no destacamento local e que se evadiram aos 
primeiros tiros, a mesma foi tomada por vinte e quatro horas. Fios de telégrafos 
foram cortados, estabelecimentos incendiados e o saque tivera um saldo de 200 
contos, uma pequena fortuna na época. A importância desse saque foi a presença 
de espírito do cangaceiro chefe, mesmo distante do palco de luta, o que, aliás, 
pouca gente sabia, quando outros achavam até que o bandido estava morto ou 
inutilizado. O dinheiro do saque foi dado, em parte, ao coronel José Pereira, de 
Princesa, PB, que era uma espécie de banco de Lampião. Este coronel futuramente 
viria a traí-lo, devido à grande quantia de numerário que este já havia amealhado do 
cangaceiro. Lampião jamais perdoou esta traição. 
 
 1.8.2 Serrote Preto-AL 12 
 
 Em janeiro de 1925, já recuperado do ferimento no calcanhar, Lampião 
 
12 LIRA, João Gomes de. LAMPIÃO Memórias de um Soldado de Volante. Volume I 
 
 
39
dá combate em Custódia. De lá, envia telegramas desaforados para o governador 
do Estado avisando que no sertão era ele quem mandava. Em fevereiro, destroça 
em Alagoas as forças policiais de Pernambuco e Paraíba, na batalha conhecida 
como “Serrote Preto”. Foi nessa batalha que seu gênio guerreiro mais se destacou. 
Numa estratégia fenomenal coloca as forças para correr embaixo da chuva de balas 
do seu bando que brigava sempre cantando o hino da “mulher rendeira”. Os três 
irmãos eram imbatíveis no guerrear. Antônio Ferreira, que tinha o vulgo de 
”vassoura”, lutava na retaguarda atacando as volantes por trás. Os soldados ficavam 
apavorados e desnorteados com este ataque. 
 Livino Ferreira, o “esperança”, costumava avançar pelos flancos direito 
ou esquerdo no intuito de dispersar a volante, e Virgulino na linha de frente, nunca 
brigava desprotegido. Cinco meses depois a polícia pernambucana indignada com o 
ataque de Alagoas, após um cerrado tiroteio, mata Livino. Ainda ferido Livino é 
levado para casa de coiteiros a fim de receber tratamento adequado, porém, devido 
à gravidade do ferimento, o jovem vem há falecer oito dias depois. 
 
 1.8.3 Serra Grande-PE 13 
 
 Em vinte e seis de novembro de 1926, Lampião, numa incursão em 
terras de Serra Talhada, seqüestra dois funcionários da Standard Oil Company, 
solicitando vultosa quantia para o resgate. Numa ação desastrosa a volante 
pernambucana do Major Teófanes Torres Ferraz, sob o comando do tenente Higino 
Belarmino, ataca o grupo de cangaceiros nos paredões da Serra Grande, em Serra 
Talhada. Este combate rendeu a Lampião a maior vitória de sua carreira, pois 
conseguiram emboscar uma força policial composta de 297 praças com apenas 
cerca de 90 cangaceiros. O grupo, bem entrincheirado, cercou a volante e a 
emboscou, deixando treze feridos e onze mortos. Algumas praças, sem condições 
sequer de revidarem ao ataque, saíram fugindo apavorados, deixando para trás 
armas e apetrechos. Segundo João Gomes de Lira, em sua obra Lampião: 
memórias de um soldado de volante, Lampião nada sofreu naquele grande fogo. O 
bandido estava bem amparado dentro da famosa Serra Grande, que naquele vinte e 
seis de novembro foi transformada num alarmante vulcão.13 LIRA, João Gomes de. LAMPIÃO Memórias de um Soldado de Volante. Volume I 
 
 
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 Poucos dias depois, Lampião sofre um golpe fatal. Perde o segundo 
irmão, Antônio, num acidente com arma de fogo. Uma brincadeira inconseqüente 
com o amigo Luiz Pedro tira a vida do mestre de dar “retaguardas” nos combates. 
Antônio sabia como ninguém cercar as volantes “por detrás”, como dizia o irmão. 
Lampião não esconde o ressentimento e manifestando luto não corta mais os 
cabelos, salvo quando iam além dos ombros, o que vira moda no meio cangaceiro. 
Antônio, antes de morrer, pede ao irmão que não puna Luiz Pedro. Este, resignado, 
jura ao chefe acompanhá-lo enquanto vida tivesse e morrer junto com ele, quando 
este dia chegasse. E foi o que aconteceu, no dia da morte de Lampião, Luiz Pedro 
morreu ao seu lado. Em cova rasa manda enterrar o irmão na fazenda aonde este 
veio a falecer. Dias depois a volante de Mané Neto estaciona no lugar e descobre, 
depois de espancar alguns moradores, o local da cova. Prontamente, cavam e 
retiram o corpo do cangaceiro. Num gesto de barbárie arrancam a golpes de facão a 
cabeça do defunto e enfiam numa estaca na beira da estrada para que todo mundo 
visse que Antônio Ferreira tinha morrido. A população em geral desaprovou o gesto 
de “barbárie” praticado pelo oficial. Posteriormente soube Lampião que o ato fora 
praticado pela volante de Nazaré, seus mais ferrenhos perseguidores. O cangaceiro, 
em contrapartida, rumou para aquelas ribeiras a fim de enfrentar os inimigos. E a 
luta prosseguia, cada vez mais ferrenha. Afinal, não era uma luta entre bandidos e 
polícia, mas uma guerra de vinditas entre homens valentes e sanguinários. Era, 
enfim, uma guerra pessoal. 
 
 1.8.4 ANGICO: O fim de Lampião 14 
 
 O sertão já havia perdido a esperança de que aquele fato um dia 
viesse a acontecer... Lampião é o Satanás, não morre nunca! Diziam uns. É um 
enfeitiçado , não tem bala que o acerte! Diziam outros... 
 Mas, um dia aconteceu. E foi o fim do cangaço. 
 Angico! 
 Esse é o momento culminante na história do cangaço. Todos aqueles 
que, de uma forma ou de outra, participaram dos fatos que levaram ao combate 
viveram o momento que marcou o princípio do fim de uma forma de vida que 
 
14 14 LIRA, João Gomes de. LAMPIÃO Memórias de um Soldado de Volante. Volume I 
 
 
41
subsistiu nos sertões nordestinos, por mais de um século. 
 Por mais de um século? Talvez, essa seja uma surpresa. Mais de um 
século sim, se levarmos em conta as lutas do grupo familiar formado pelo Cabeleira, 
seu pai e outros que o acompanhavam. Pois em 1776 morrem na forca Teodósio, 
Joaquim Gomes e José Gomes, o Cabeleira, que foi levado à vida cangaceira por 
seu próprio pai. O enforcamento ocorreu no Largo das Cinco Pontas em Recife (PE). 
 A morte de Lampião, em Angico, foi o dobre de finados do mundo dos 
cangaceiros. A agonia do cangaço começou nesse dia. Sila e Zé Sereno estiveram 
presentes e conseguiram sobreviver. Não só esse casal, outros que estavam 
também no coito do Angico conseguiram escapar ao sinistro chamado da morte 
configurado materialmente nos disparos feitos por fuzis e metralhadoras. Criança e 
Dulce, Juriti e Maria, além dos vários cabras que saíram dali com rapidez de veado 
baleado, são testemunhas incontestes do que ocorreu naquele distante amanhecer 
do dia 28 de julho de 1938. 
 Os ataques do rei do cangaço às fazendas de cana-de-açúcar levaram 
produtores e governos estaduais a investir em grupos militares e paramilitares. A 
situação chegou a tal ponto que, em agosto de 1930, o Governo da Bahia espalhou 
um cartaz oferecendo uma recompensa de 50 contos de réis para quem entregasse, 
"de qualquer modo, o famigerado bandido". "Seria algo como 200 mil reais hoje em 
dia", estima o historiador Frederico Pernambucano de Mello. Foram necessários oito 
anos de perseguições e confrontos pela caatinga até que Lampião e seu bando 
fossem mortos. 
 Em 1927, após uma malograda tentativa de invadir a cidade de 
Mossoró, no Rio Grande do Norte, Lampião e seu bando fugiram para a região que 
fica entre os estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Bahia. O objetivo era usar, 
a favor do grupo, a legislação da época, que proibia a polícia de um estado de agir 
além de suas fronteiras. Assim, Lampião circulava pelos quatro estados, de acordo 
com a aproximação das forças policiais. Numa dessas fugas, foi para o Raso da 
Catarina, na Bahia, região onde a caatinga é uma das mais secas e inóspitas do 
Brasil. Em suas andanças, chegou ao povoado de Santa Brígida, onde vivia Maria 
Bonita, a primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaceiros. A novidade 
abriu espaço para que outras mulheres fossem aceitas no bando e outros casais 
surgiram, como Corisco e Dadá e Zé Sereno e Sila. Mas nenhum se tornou tão 
célebre quanto Lampião e Maria Bonita. Dessa união nasceu Expedita Ferreira, filha 
 
 
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única do lendário casal. 
 Em julho de 1938, após meses perambulando pelo Raso da Catarina, 
fugindo da polícia, Lampião refugiou-se na Gruta do Angico, perto da cidade de 
Poço Redondo. Ali, no meio da caatinga fechada, entre grandes rochas e cactos, o 
governador do sertão - como gostava de ser chamado - viveu as últimas horas dos 
seus 40 anos de vida. 
 Angicos era o esconderijo, a fortaleza de Lampião. É uma Gruta de 
pedras redondas e pontiagudas pertencente ao Estado de Sergipe. A morte de 
Lampião é assunto que gera controvérsias. O esconderijo foi apontado aos policiais 
pelo coiteiro Pedro Cândido depois morto misteriosamente em 1940. 
 Maria Bonita teve uma discussão com Lampião e como ficou nervosa 
convidou Sila para irem sentar-se sobre umas pedras. Conversaram bastante tempo. 
A escuridão da noite as envolvia e somente se avistavam os pontos vermelhos dos 
cigarros que as duas fumavam. Em dado momento, Sila viu luzes piscando à 
distância, acendendo e apagando como se fosse uma lanterna, a qual indagou a 
Maria Bonita que, preocupada com seus pensamentos, respondeu que não era nada 
de mais, só vaga-lumes no mato. Já seriam mais de 21:00 h do dia 27 de julho de 
1938 quando foram para as barracas dormir. Sila não falou nada para Zé Sereno 
que estava dormindo. Durante a noite, Sereno acordou com o barulho de um 
jumento que havia se assustado com os soldados que avançavam. Sonolento ficou 
prestando atenção para ouvir se os cachorros davam o alarme. Nenhum cachorro 
latiu. Tudo continuou em silêncio. Como não escutou mais nada, o cangaceiro 
tornou a recostar-se e dormiu, novamente. Lá pelas cinco horas, Zé Sereno acordou 
e foi rezar o Santo Ofício com o Rei do Cangaço, depois retornou e acordou seus 
cabras chamando para tomar banho no poço, havia um "caldeirão" de água numa 
laje de pedra. Luís Pedro começou a equipar-se e Sereno caminhou até onde 
Lampião estava calçando a alpercata do pé esquerdo e foi quando ouviram-se os 
primeiros tiros. 
 O sol ainda não tinha nascido quando os estampidos ecoaram na Gruta 
do Angico, na margem sergipana do Rio São Francisco. Depois de uma longa noite 
de tocaia, 48 soldados da polícia de Alagoas avançaram contra um bando de 35 
cangaceiros. Apanhados de surpresa - muitos ainda dormiam -, os bandidos não 
tiveram chance. Combateram por apenas 15 minutos. 
 Quando Zé Sereno percebeu já tinha tirado três pentes de bala de fuzil. 
 
 
43
Viu quando o tenente João Bezerra avançava em direção às barracas de seu grupo. 
Atirou. Ao ser baleado, o tenente caiu. O cangaceiro gritou: “Perdeu a fama macaco 
fio da puta”, errou o tiro. Olhou para trás e viu Lampião caído por terra, morto. No 
fuzil ainda tinha duas balas, uma na agulha e outra no pente. 
 Entre os onze mortos, o mais temido personagem que já cruzou os 
sertões do Nordeste: Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião. Era 
o fim da incrível história de um menino que nasceu no sertãopernambucano e se 
transformou no mais forte símbolo do cangaço. Alto - 1,79 metros -, pele queimada 
pelo inclemente sol sertanejo, cabelos crespos na altura dos ombros e braços fortes, 
Lampião era praticamente cego do olho direito e andava manquejando, por conta de 
um tiro que levou no pé direito. Destemido, comandava invasões a sítios, fazendas e 
até cidades. 
Em sua edição de hontem um dos jornaes desta capital annuncia em 
“manchette”, com grande destaque: “Serão expostas no Rio as cabeças de 
Lampeão e Maria Bonita”. Ha de haver engano. Não podemos crer que os 
fóros de cidade civilisada, de que tão zelosos se mostram os carioca, sejam 
afrontados por essa injuria. Poder-se-á talvez comprehender aquella 
exhibição de barbaria, que foi largamente noticiada pelos jornaes, quando 
em Alagôas as cabeças dos cangaceiros, decepadas aos cadaveres, foram 
transportadas em salmoura, em latas de kerozene, para a capital do Estado, 
onde esses macabros tropheus sangrentos foram expostos á curisidade 
morbida do publico. 
(O Estado de São Paulo, 16 de agosto de 1938) 
 Cheias de formol, em latas de querosene, as doze cabeças dos 
cangaceiros que na véspera haviam sido mortos numa emboscada da Volante em 
Angico, às margens do Rio São Francisco. Entre elas a de Lampião e de Maria 
Bonita. 
 Na tentativa de intimidar outros bandos e humilhar o rei do cangaço, 
Lampião, Maria Bonita e os outros nove integrantes do grupo mortos naquela 
madrugada, foram decapitados e tiveram as cabeças expostas na escadaria da 
Prefeitura de Piranhas, em Alagoas. Os que conseguiram escapar se renderam mais 
tarde ou se juntaram a Corisco, o Diabo Loiro, numa tentativa insana de vingança 
que durou mais dois anos, até a morte deste em Brotas de Macaúbas, na Bahia. 
Estava decretado o fim do cangaço. 
 Na época da morte de Lampião e seus companheiros, ninguém 
 
 
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apareceu para reclamar seus corpos. Ninguém era seu parente, amigo ou 
conhecido, todos queriam matá-lo, porque lhes incutiram o ponto de vista de que 
eram monstros desprezíveis. Nenhum outro cangaceiro reclamou o sepultamento 
dos companheiros, compreendendo melhor as coisas do que estes letrados de hoje, 
cheios de piedade tardia. 
 Chegava ao fim um episódio triste da história do Nordeste. Lampião foi 
um bandido muito perverso. Praticou, sem finalidade, por mera vingança pela morte 
de seu pai, contra pessoas inocentes que nada tinham a ver com os acontecidos, 
muitas maldades. Segundo alguns, Virgulino, para vingar uma morte, promoveu 
inúmeras, inclusive a mando, em troca de dinheiro ou de nada. 
 Zé Sereno, marido de Sila, entregou-se ao capitão baiano Aníbal 
Ferreira e passou a colaborar com os militares na caça aos sobreviventes do 
massacre. Ângelo Roque, o Labareda, se entregou em 1940. Corisco, outro 
cangaceiro muito temido na época, foi morto pela volante de Zé Rufino no mesmo 
ano. 
 Muitas e muitas pessoas, deputados, governadores, “coronéis” 
influentes, livraram-se de seus desafetos pelas armas de Lampião. Após o combate 
na Gruta do Angico o tenente Bezerra pediu baixa da Polícia e estabeleceu-se como 
fazendeiro próspero lá pelas Minas Gerais. 
 Era o fim do ciclo do cangaço, mas o sertão não teria sossego. A 
modernização, que estava chegando, traria inúmeros benefícios, no entanto a 
violência não deixaria de existir, os excluídos continuariam sua peleja por melhores 
condições de vida e os cangaceiros iriam evoluir em uma velocidade alarmante. 
 Zé Sereno morreu em 1982 em sua casa na capital paulista. Vítor 
Rodrigues da Silva, o Criança, morreu aos 83 anos, também em São Paulo, no dia 
28 de julho, dia em que a tocaia em Angicos completou 59 anos. O ex-cangaceiro 
Manuel Dantas Loyola, o Candeeiro, outro sobrevivente do massacre, vive como 
comerciante aposentado em Buíque (PE), sobreviveu por não estar no local no 
momento do ataque. 
 Hodiernamente, Lampião e Maria Bonita não mais poderão receber 
visitas, no Museu Estácio de Lima, de Salvador. Suas cabeças, que lá estavam, 
foram sepultadas por ordem do governador Luís Vianna Filho que, com uma simples 
penada, em 1969 pôs fim à disputa que durou 31 anos. Com isso, o famoso casal 
de cangaceiros, que agora se encontra no cemitério da Quinta dos Lázaros, ganhou 
 
 
45
mais uma luta: não contra a “volante”, mas contra o governo, que relutava em 
conceder o sepultamento, levando em conta os altos interesses da cultura e, 
particularmente, da antropologia nacional. 
 
1.9 O Cangaço Moderno 
 
 Nas mesmas paragens do sertão de Pernambuco onde reinaram 
cangaceiros como Lampião e Antônio Silvino, clãs familiares empenham-se em lutas 
sangrentas que já causaram centenas de mortes. Se no passado brigava-se pelo 
poder político, hoje o estopim é o comércio de drogas. Não por acaso, na região 
estão as maiores plantações de maconha do mundo. 
 Tanto quanto um símbolo religioso, a pequena Igreja do Rosário, uma 
centenária construção branca com portas e janelas azuis, é um marco político-
geográfico de Floresta do Navio. Os milhares de habitantes da cidade sabem que a 
área à direita da igreja é dos Novaes e a da esquerda, dos Ferraz. Até pouco tempo 
atrás, o integrante de uma família que ousasse invadir o território da outra estava 
sujeito a levar bala. Os dois clãs, que desde o início do século passado brigavam 
nas urnas, revezando-se no poder, em 1991 iniciaram uma luta armada deixando 
vários mortos dos dois lados. Oficialmente, não se sabe por que a briga começou, 
mas não é segredo para ninguém que o estopim seria uma negociação mal resolvida 
de maconha. Nada a estranhar, se Floresta do Navio não estivesse no meio do 
sertão de Pernambuco, nas vizinhanças dos rios Pajeú e São Francisco, quase na 
fronteira com a Bahia, região conhecida como uma das maiores áreas de cultivo de 
maconha no mundo. 
 Terra de cabras-machos, onde reinaram cangaceiros legendários, 
como Virgulino Ferreira, o Lampião, e Antônio Silvino, ainda hoje vigora no Sertão a 
lógica do "olho por olho, dente por dente", que vale mais do que qualquer lei 
promulgada pelo Estado. No passado, as motivações costumavam ser apenas o 
domínio político, mas hoje as guerras de famílias também se desenrolam em torno 
do comércio da droga, fomentando como subprodutos assaltos nas estradas e 
roubos a bancos, e dezenas de mortes de cada lado. 
 Se em Floresta brigam os Ferraz e os Novaes, nas vizinhas Belém do 
São Francisco e Cabrobó as escaramuças reúnem, de um lado, os clãs Araquan e 
 
 
46
Gonçalves e do outro, os Russo, Cláudio e Benvindo. Também nesse caso, como 
muitos sabem, tudo começou com uma venda de maconha que não teria sido paga, 
em 1988. Houve então um homicídio para resolver a questão e isso deu início ao 
efeito dominó. Nas contas dos integrantes das contendas, em 15 anos de briga já 
foram mortas mais de 100 pessoas. Segundo Velloso, 
Depois do primeiro assassinato, as mortes não param de acontecer. Eles 
matam qualquer um que tenha ligação com o outro clã, não importando se 
faz ou não parte do conflito. A prática da matança indiscriminada é 
confirmada pelos integrantes dos clãs, que também não negam o 
envolvimento de parentes nas atividades criminosas da região. 
(VELLOSO, revista os caminhos da terra, ed. 143, 2003) 
 Rogério Araquan, uma espécie de porta-voz e representante da família, 
nos inúmeros acordos de paz que já foram combinados e nem sempre cumpridos, 
não esconde que muitos familiares partiram para uma vida criminosa durante os 
períodos mais duros do conflito. Em entrevista ao Jornal do Comércio Rogério afirma 
que "Houve muitos assaltos à banco para financiar a compra de armas e munição. 
Nós não concordávamos, mas eles faziam o que tinham que fazer", diz, referindo-se 
aos homens que compunham a linha de frente do clã, os que, como Lampião e seu 
bando, ficavam escondidos na caatinga à espera da melhor oportunidade para entrar 
nas cidadese vingar as mortes de parentes. Como se a prática de ilícitos parece 
justificar os fins para os quais eram utilizados os frutos dos assaltos ou tráfico de 
drogas, tentando assim inverter os papéis, transformando-se em vítimas. Ainda 
segundo Velloso, 
Do outro lado da trincheira, Cristian Diniz, mais conhecido como Barná 
Russo, chefe do clã Russo, lembra que a ordem em todas as famílias era 
matar "qualquer um do outro lado, a qualquer custo". Foi assim que seu pai 
morreu. Sentado no terraço que guarda nas paredes buracos de balas de 
um atentado, Barná conta como costuma evoluir a guerra. “Eu sempre dizia 
para pegar apenas os que participavam, mas é difícil controlar um homem 
na hora da raiva”. 
(VELLOSO, revista os caminhos da terra, ed. 143, 2003) 
 Não conseguindo pegar quem matou, pegava um parente, para mostrar 
que teriam poder e força. 
 Os motivos principais que levaram ao arrefecimento dos conflitos são, 
sem dúvida, a morte de boa parte de seus líderes. 
 
 
 
47
1.10 Origem da Grei dos Araquan 15 
 
 Araquan foi o apelido dado na década de 1970, aos familiares de 
Francisco Gonçalves (Chiquinho de Ciabem), que eram moradores da beira do Rio 
São Francisco na altura da Ipueira. Tal apelido foi proveniente da Vó de Silvam, que 
tinha a voz “fanhosa”, de quem diziam que mais parecia um acauã, ficando 
conhecida como Maria Acauã. Como muitos não sabiam chamá-la assim, chegavam 
a chamá-la de Maria Araquan, popularizou-se assim o referido apelido, que com o 
tempo vêm a torna-se sobrenomes em algumas certidões. A formação do clã dos 
Araquan tendo como patriarca e cabeça de todas as ações políticas e bélicas, 
Militão Gonçalves Santos (Nozinho Gonçalves) de Carnaubeira da Penha, o qual 
morreu em 2002 de causas naturais, Simão Gonçalves Santos (Simão Davi), pai de 
Maninho da Pistola do Município de Salgueiro, Geraldo Gonçalves Santos,(Geraldo 
de Rosa Ipueira) de Belém do São Francisco o qual logo após início dos conflitos, 
transferiu residência para Cabrobó, tornou-se vereador e foi assassinado pelos 
“Russos” e Manoel Gonçalves Santos, (Manoel de Iaiá), Pai de Tadeu e Isane de 
Cabrobó, que é primo Legítimo de Júlia Maria do Nascimento Santos, mãe de 
Jucicleidio Nascimento dos Santos (Cleiton Araquan), único vínculo de parentesco 
de Cleiton com o Clã, pois seu pai Milton Delgado dos Santos não é Araquan, antes 
do casamento vivia em Riacho Pequeno, como simples marchante. A mãe de 
Cleiton (Julinha) é irmã de Paulino Estáquio, o pai de Osvaldo João Dos Santos 
(Vavá Araquan), ficando Vavá como primo segundo de Maninho da Pistola. Têm-se 
assim a formação do Clã com a mistura da famílias: 
• Gonçalves 
• Torres 
• Gomes de Sá (exceção dos Gomes de Sá de Floresta) 
• Gonçalves Santos 
Tendo sua distribuição atual nos estados de Pernambuco (Belém do 
São Francisco, Cabrobó, São José do Belmonte, Mirandiba, Carnaubeira da Penha) 
e da Bahia (Abaré, Curaçá, Geremoabo, Sento Sé, Casa Nova, Remanso), locais 
 
15 SILVA, Jackson Soares da. Entrevista. Serra Talhada. 20 de outubro de 2004. 
 
 
48
onde estão residindo os membros do clã. 
 
1.11 O início das Brigas 16 
 
 Em 1988 Aldeci Gonzaga de Sá, o “Indio”, filho de Luiz de Queleche, 
plantou uma roça de maconha com Didi de Mané de Zeca (primo de Chico 
Benvindo) e seus irmãos, ficando Didi com o numerário da venda da droga. Estando 
Didi, certo dia, no Bar da Sinuca no centro de Belém do São Francisco, juntamente 
com Índio e Netinho, os quais entram em desentendimento por causa do suposto 
acerto de contas na venda da maconha, iniciando assim a contenda, com desaforos 
dos dois lados. 
 Um dia antes da briga no bar, estavam Índio e Netinho na casa de 
Rômulo Luis Freire da Silva, filho de Gino Freire e Teodora Maria da Conceição, 
quando vinha um marchante conhecido como Ceará correndo atrás de sua esposa 
com duas facas. Aproveitando-se da oportunidade e estando a porta aberta ela 
adentra na casa, sendo de imediato a porta tomada por Rômulo, que já tinha certa 
fama de tudo resolver, e diz que lá Ceará não entra, este indaga que irá entrar pois a 
mulher é dele, ou então aquele a coloque para fora. Achando isso um desaforo, 
Rômulo saca uma pistola e lhe dá inúmeros tiros, matando-o, ficando boa parte da 
população local indignada com tamanha violência. 
 No mês seguinte os Benvindo vão para a romaria no Juazeiro, 
coincidindo com a ida dos Araquan para a mesma viagem. Em Juazeiro, estando 
Rômulo, Netinho, Luzimar e Índio, o qual ainda não havia se conformado com os 
rumos que as coisas tinham tomado, nem tampouco satisfeito com a sua briga com 
Didi em Belém, resolvem dar novo rumo aos acontecimentos, matando Didi. Depois 
do homicídio, Rômulo e Netinho se escondem em Carnaubeira da Penha e Luzimar 
e Índio se escondem em Santana. 
Francisco José da Cruz (Chico Benvindo), após inúmeras tentativas 
frustadas de encontrar os culpados pela morte de seu primo, resolve se vingar 
matando Luiz Gonzaga de Sá (Luiz de Queleche) pai de Índio. 
Em 1989, O velho Nozinho, procura Miguel Benvindo, vereador e irmão 
 
16 SILVA, Jackson Soares da. Entrevista. Serra Talhada. 20 de outubro de 2004. 
 
 
49
de Chico e fazem o primeiro acordo para acabar com as brigas, ficando acertado 
que os Queleches não andariam mais no local dos Benvindo. 
Nesse ínterim, João Baiano, pai de Luzimar, já havia se separado de 
sua esposa, ela então se “junta” com Valdomiro, um filho bastardo do Velho 
Nozinho. Estando Luzimar e Índio vivendo na Santana e tendo sua índole má e 
virada para confusões se desentendem com os “Negros da Santana”, conhecidos na 
época como “pretas”. Depois disso fazem acordo para não andar em Barra do Silva 
e os “pretas” não andarem em Riacho Pequeno. 
O padrasto de Luzimar descumpre o acordo e vai à Barra do Silva, 
alegando que tinha negócios a receber e não poderia ficar no prejuízo. Dessa 
quebra de acordo gera um imenso tiroteio em Barra do Silva, onde morreram 05 
pessoas, sendo 04 dos “Pretas” e 01 que estava acompanhando Valdomiro, saindo 
ainda baleado o tio de Zé Nozinho. 
Os “Pretas”, homens sem recursos, mas de grande coragem, 
emboscam na mesma semana e matam em uma carroça de burro o padrasto de 
Luzimar, filho do velho Nozinho, o homem mais poderoso na região. O ataque era 
uma grande afronta. Então o velho Nozinho junta toda a sua “cabroeira” e invade a 
Santana quebrando tudo e queimando casas. Matam Álvaro e seu filho Tadeu, que 
não tinham saído do local alegando que ninguém iria lhes fazer mal, pois não tinham 
relações com essas confusões. Com todo esse ocorrido e com medo de novas 
represálias os Negros da Santana saem de lá e pedem clemência a Miguel 
Benvindo, que lhes dá abrigo em uma fazenda na Ilha da Casa. 
Com isso, Chico Benvindo tinha tudo que estava precisando, pois os 
Negros da Santana conheciam a região como a palma da mão e assim seria mais 
fácil encontrar Luzimar e o Índio, além de terem agora inimigos em comum. 
Chico ainda chega a ser abordado pela PM no ano de 1989, em uma 
diligência realizada pelo Sgt Hermes, o qual encontra em poder daquele dois 
revólveres calibre .38 e 57 (cinqüenta e sete) munições intactas, um grande arsenal 
para a época. Sendo apreendido todo material e expedido o recibo, Chico foi 
liberado, pois na época era o procedimento lícito. 
Chico quebra o acordo e entra na região antes proibida e a paz 
sucumbe, destrói roças, queima casas, mata Luiz Rosendo em Barra do Silva, mata 
Mariano na sua fazenda em Riacho do Correio, fez todo tipo de desatino, porém não 
conseguiu encontrar seus inimigos principais. O outro lado também deixa a trégua 
 
 
50
de lado, os quatro protagonistas, Rômulo, Netinho, Luzimar e Índio, juntamente com 
Nego Régis (Reginaldo Rossi Gonçalves dos Santos), filho de Geraldo de Rosa,entram em Belém do São Francisco para beber e desafiar os Benvindo. A notícia de 
que Nego Régis, na bebedeira na Praça Nova, havia sacado revólver dizendo que 
aquilo era o que tinha para os “Negros” chega aos ouvidos de Chico. 
Poucos minutos depois Chico aparece no local, juntamente com os 
“Negros” de Santana, onde travam um intenso tiroteio. Vendo que estavam em 
desvantagens, pegam o carro e fogem para a Ipueiras, sendo perseguidos por Chico 
Benvindo e os “Pretas”. Faltando combustível no veículo, eles o abandonam na 
estrada e fogem caatinga adentro. Não conseguindo pegá-los, os “Pretas” queimam 
o carro. 
No dia seguinte os Araquan roubam um carro e voltam a Belém. Não 
encontram ninguém, parecia mas uma cidade fantasma, totalmente abandonada. 
Ainda em 1989 Chico Benvindo, que até então não era procurado é 
preso em seu açougue em cumprimento a Mandado de Prisão expedido em seu 
desfavor. Não estava armado nem tampouco havia arma no local. 
No ano seguinte os mesmos Araquan voltam à cidade e Régis decide 
andar de moto na Rua Cabrobó. Antônio Benvindo, insatisfeito com aquela afronta, 
pega seu mosquetão e atira acertando a moto onde Régis estava, o qual a 
abandona. Antônio vai até lá e toca fogo na moto, os outros chegam e começam a 
trocar tiros, saindo baleado Dom Benvindo e Régis (no pé). No momento do tiroteio 
Chico, que se encontrava preso, fica totalmente nervoso, dizendo que aqueles tiros 
eram contra seus parentes e depois eles vinham até a cadeia para matá-lo, sendo 
assim Chico diz que poderiam dar um mosquetão que ele ajudaria os policiais na 
defesa da cadeia, não sendo atendido, tampouco tentaram invadir a cadeia.Todos 
que trabalharam na época em que Chico estava preso diziam que ele era bastante 
disciplinado, nunca dava trabalho. 
À noite, Antônio Benvindo, sabendo que o velho Zé de Paulino, tio de 
Vavá, residente na Rua Ibó, estava, como de costume, sentado em sua cadeira de 
balanço na calçada, resolve matá-lo, aumentando assim as vítimas inocentes dos 
conflitos. 
Dr. Silvan, filho de Maria Araquan, não se muda de Belém e não se 
envolve diretamente com os conflitos; no entanto, indiretamente dava apoio logístico 
aos parentes, chegando a articular, em represália a morte de Zé de Paulino, a morte 
 
 
51
do cabeça dos Benvindo, o Sr. Salvador Benvindo (patriarca da família). Começam 
então a verificar os costumes do velho e certa noite, quando o mesmo se encontrava 
em uma cadeira de balanço na calçada de sua casa, vão até as proximidades de 
carro, estacionam, desce Rômulo que se desloca até a casa do velho Salvador e 
dispara inúmeros tiros, matando o Sr. Salvador e seu neto que encontrava-se nos 
seus braços. 
Com essas mortes acendem o estopim do conflito de forma alarmante, 
já não se tinha inocentes pelo caminho, todos que fossem parentes eram inimigos. 
Começam as chacinas 
 No Sábado da mesma semana, na curva de Riacho Pequeno, Chico 
Benvindo realizou uma blitz macabra: passando-se por policiais, paravam todos os 
carros para identificar todos os passageiros, aquele que tivesse algum parentesco 
com os Araquan teria morte certa, nessa empreitada Chico matou 06 integrantes da 
família rival, sendo 02 velhas, 01 jovem e 03 homens só porque portavam 
documentos que continham sobrenomes da família Araquan ou foram de alguma 
forma reconhecidos como parentes dos Araquan. 
Na mesma noite, os Gonçalves entram na Fazenda Alto da Terra e 
cercam a casa do velho Gertrudes Benvindo, matam o velho Gertrudes, sua esposa, 
sua irmã uma “moça velha”, sua filha, seu sobrinho e ainda deixam baleado um 
rapaz paralítico, em seguida atearam fogo na propriedade, queimando a casa. 
Depois desse desatino foram para Carnaubeira da Penha para a Fazenda de 
Nozinho. Os autores deste evento foram Rômulo, Índio, Netinho, Luzimar, Régis, 
com os reforços de Regilvan (irmão de Régis), Cebion (pistoleiro), Elízio Davizim 
(motorista de Nozinho) e Tadeu (irmão de Índio). 
Na manhã seguinte (domingo 24/02/92) os Benvindo vão ao Pau Ferro 
e matam Cornélio Neto dos Santos, “Josa de João Paulino”, o irmão de Vavá 
Araquan, e o pai de Vanvan, o Sr. José Arquileu dos Santos (Zé de Arquileu) 
Na Segunda feira Coca, Doutor do Mulungu, e Paulão matam Marcos 
de Ana Araquan (conhecida por Naninha, filha de Maria Araquan), último Araquan 
em Belém do São Francisco, o qual era sacristão e dizia ser homem de Deus, por 
isso dizia nada temer. Foi morto atrás da igreja. 
O estopim havia sido aceso e a bomba estourara, quase houve uma 
intervenção, nesta época. Ao local vieram inúmeras autoridades, inclusive o 
governador em exercício. Toda a área torna-se zona de exclusão. Mas até agora os 
 
 
52
conflitos giravam em torno de brigas de famílias, ainda não tinham partido 
diretamente para os assaltos. 
Assim todos os Araquan de Belém haviam migrado para Cabrobó, nas 
caatinga, área compreendida às margens da rodovia conhecida por trasmaconheira 
(liga Belém a Salgueiro, passando por Riacho Pequeno), não tinha ninguém. 
Riacho Pequeno ainda era território neutro, Cleiton ainda não havia 
entrado nas contendas. 
Lourival (Louro Nogueira) tinha propriedade de terra da Ilha do 
Curralinho para a Ilha Grande, vizinho das terras dos Benvindo. 
Em 1991, os Araquan saem da Fazenda Ipueiras para Belém a fim de 
irem a uma audiência no Fórum local, Nininho, irmão de Cleiton, estava na fazenda 
e pega uma carona. Quando estavam retornando, Chico coloca uma emboscada, 
não conseguindo matar ninguém, saindo Nininho baleado e Chico mais uma vez 
queima o carro. 
Nininho baleado corre para a casa de Louro Nogueira, que 
prontamente socorre o mesmo até Cabrobó, lá chegando e devido à gravidade o 
paciente têm que ser recambiado para Petrolina o que é feito no mesmo veículo de 
propriedade de Louro. Chico Benvindo não gosta da atitude do vizinho, porém o 
mesmo diz que faria o socorro para qualquer um, podendo ser até mesmo do lado 
de Chico Benvindo. 
Certo dia, estando Netinho bebendo em Riacho Pequeno diz que um 
irmão de Pedro Severo era safado e continuava apoiando os Benvindo. Começam 
as discussões saindo os dois nos empurrões, vem o Sgt PM reformado Antônio 
Nogueira, um líder local, que tenta justificar dizendo que nada daquilo era verdade. 
Netinho se exalta e puxa sua arma, travando tiroteio com o Sgt, não saindo ninguém 
ferido, vêm os filhos do Sgt Antônio Nogueira dar apoio de fogo. Netinho corre para 
o interior de uma loja de roupas, para se esconder da população revoltada, que joga 
querosene nas roupas, toca fogo, fechando as portas para impedir a saída de 
Netinho, o qual morre carbonizado. 
Com isso divide-se a população do povoado. No tiroteio morre também 
Marcos, filho de Inacim, o qual é morto dentro do seu bar. Quando o Sgt Antônio 
procurou Inacim para cientificá-lo da morte de Marcos e resolver o problema, o 
mesmo afirma que não quer saber de nada pois já perdeu seu filho assim no tiroteio. 
O Sgt Antônio é alvejado, tombando sem vida. O assassino do Graduado corre para 
 
 
53
o Destacamento da polícia Militar, onde é preso e fica detido. A população revoltada 
cerca o DPM, invade, retira “Inacim” da cela, e o matarm em represália. Terminando 
assim com um saldo de quatro mortes, três do lado dos Araquan e um dos Nogueira. 
Tudo isso em torno de um único ferimento em Nininho. 
Junilton, irmão de Cleiton, ainda inconformado, dá uma arma para 
Franklin Sinatra Freire para matar um dos Nogueira o qual consegue seu feito. Na 
mesma semana Gilberto Nogueira, Edmilson Nogueira e Ananias Nogueira, sabendo 
do paradeiro dos assassinos de seu parente, matam Franklin e Junilton em 
Petrolina. 
O velho Milton se muda então para a ilha dos Brandões. 
 Em vingança a essas mortes Jucicleidio, acompanhado de Nininho, 
embosca o motorista do carro pipa, José Soares Nogueira, vulgo Zé de Ancilon e 
sua prima, à professora Neura Maria Nogueira, quando estavam na estrada,se 
deslocando para Riacho Pequeno, e os mata de uma forma brutal, causando grande 
revolta na família Nogueira, principalmente com a morte da professora Neura que 
estava apenas de carona e não tinha nenhuma culpa nos ocorridos, e tampouco 
esboçaram algum tipo de reação. 
 Os Inácio, depois desses ocorridos, saem de Riacho Pequeno e vão 
para Carnaubeira da Penha, onde vivem até hoje. 
 Os Nogueira tornam-se inimigos dos Araquan e aliam-se aos Benvindo. 
Em 1993, Bebé Nogueira, com outro comparsa, vai até Cabrobó com o intuito de 
matar Silvan. Não o encontrando vão até a farmácia de João Eudes. Bebé desce da 
moto e atira em João dentro da farmácia, que, não suportando os ferimentos, vem a 
falecer. Até aqui as contendas giravam em torno de acertos de contas mediante as 
rixas familiares, no ano seguinte começariam a tomar outro rumo. 
 No início de 1994, Luzimar e Nego Régis bebendo em Cabrobó, 
discutem com Caeba, na discussão Caeba diz que eles não venham querer mandar 
em Cabrobó, pois aqui o chefe era outro e eles já tinham corrido de Belém por causa 
de confusão. Com o rumo das coisas eles saem para se armarem, voltam ao local 
mas Caeba não retorna, fica bebendo em outro local com Betinho Russo. Luzimar e 
Nego Régis vão até o local tomar satisfação e Betinho repete tudo que Caeba havia 
dito. Não gostando das desfeitas sacam as armas e matam Betinho Russo. 
 No dia seguinte, Geraldo de Rosa, pai de Nego Régis, procura Lourival 
 
 
54
Russo dizendo que não quer confusão e que seu filho não anda mais em Cabrobó. 
Lourival aceita o acordo, no entanto Geraldo vai ao banco e a mando de Lourival 
matam ele na calçada da agência bancária, um dos assassinos é Caeba. 
 Depois disso a viúva de Geraldo muda-se para Belmonte e de lá 
começa a coordenar toda sua vingança. 
 Já no segundo semestre de 1994, Luizinho, Gildenor, Dodó e Valdão, 
assaltantes do bando de Vinva, liderados por Júnior de Geraldo de Rosa, invadem a 
casa de Edgar Caldas e espancam sua esposas com coronhadas na cabeça em 
seguida vão à residência de Lourival, que era muito precavido e sua casa mas 
parecia uma fortaleza com muros altos e em pontos estratégicos possuíam 
“torneiras”17. Não conseguindo seus intentos, pois seu maior desejo era matar 
Lourival, retiram-se, matando em seguida Cícero de Cláudio e Antônio de Cláudio, 
ambos tios de Caeba. A partir daí têm-se a definição da união dos clãs, levando ao 
pé da letra a máxima de que “inimigo do meu inimigo será sempre meu amigo”. 
 Os Benvindo continuam a investir nos seus inimigos na zona rural 
levando vantagens em quase todas, enquanto os Araquan preferem os combates 
urbanos. 
 No mesmo ano de 1994 Regilvan e Gilmar (filho de Alzira) vão votar 
em Cabrobó, e, após o pleito eleitoral, se dirigem a um bar, Caeba fica sabendo da 
presença dos dois vai até o local e os mata. Na época, os dois são mortos com 
tantos tiros, que chegam a dizer que “ficaram pedaços de gente por todos os lados”. 
 No dia 03 de outubro de 1994, ás 05 da manhã, os Benvindo com os 
Nogueira, matam o Sr. Antônio Gonçalves dos Santos, na Fazenda Vargem das 
Pedras. No mesmo dia os Araquan pegam Vicente Nogueira Torres, o qual estava 
transportando em sua caminhoneta C-10 eleitores e o matam, os passageiros ficam 
apavorados e se escondem na caatinga. Vicente ainda tentou dialogar com os 
assassinos, porém não teve êxito. A morte de Vicente foi em represália à morte de 
Antônio ocorrida pela manhã e uma vingança pessoal de ‘Zé de Quinca”, irmão de 
Inacinho, que em discussão anos atrás havia dito que qualquer coisa que 
acontecesse ao seu irmão ele culparia Vicente. Inacinho foi morto em Riacho 
Pequeno no mês de abril de 1994, desse dia em diante “Zé de Quinca” deixou a 
 
17 Buracos nas paredes, utilizados para a defesa, era por onde se colocava o cano da arma para atirar no invasor. 
 
 
55
barba crescer e dizia que só tiraria quando matasse a metade dos Nogueira. 
 Em 1994 são registrados 60 homicídios na Z-Ex, que compreendia os 
municípios de Belém do São Francisco, Floresta, Itacuruba e Carnaubeira da Penha, 
e 93 homicídios na área do 8º BPM (Salgueiro), que tinha Cabrobó em sua 
jurisdição18. 
 No ano seguinte tem uma pequena trégua nas mortes, no entanto, 
ainda são registrados 21 homicídios na área da 1ª CIPM (antiga Z-Ex) e 57 
homicídios na área do 8º BPM19. 
 Ainda no ano de 1995, a viúva de Geraldo de Rosa, sem conseguir se 
vingar da morte do seu marido, pegando Caeba ou o mandante Lourival, decide 
amenizar sua dor, atribuindo a culpa a Luzimar por ter matado Betinho Russo e com 
isso Lourival ter mandado matar Geraldo, resolve mandar Rômulo e Ruy para 
Gerimoabo-BA onde matam Luzimar. Começam, assim, a matar até os do próprio 
clã. Esqueceu ela que seu filho foi o principal protagonista na morte de Betinho. 
 Em 1996, Júnior de Geraldo de Rosa tem sua vingança, estando ele 
em deslocamento do Ibó em uma estrada vicinal, para não passar no trevo do Ibó, 
pois por essa estrada sairia uns 04 km de distância do posto da PRF, na entrada da 
Fazenda Pião (hoje Parque de Vaquejada), se depara com Lourival Russo. Melhor 
oportunidade Júnior de Geraldo de Rosa não teria, Lourival, que tanto se precavia, 
caiu por acaso nas garras do seu algoz, de forma que nem testemunhas ficariam. 
Júnior ainda foi preso por esse crime, mas é absolvido por falta de provas, continuo 
preso por outros ilícitos. 
 Para os Araquan ainda tinha Daylson Gomes de Sá, conhecido como 
Daylson Russo, Araquan da gema, casado com a filha de Lourival Russo. Os 
Araquan o tinham como traidor e atribuíam a ele todas as investidas dos Russos na 
Ipueira, pois era ele grande conhecedor da região, afinal era filho da terra; 
entretanto, os Araquan nunca conseguiram pegá-lo. Daylson foi preso em João 
Pessoa transportando maconha pronta para consumo. 
 Têm-se calmaria no ano de 1996. 
 Em 1997, parece que querem tirar todo o atrasado: tem-se um grande 
 
18 Ver dados estatístico de homicídios na área do CPA/I-2 em 1994, gráfico nº 01 (anexos) 
19 Ver dados estatístico de homicídios na área do CPA/I-2 em 1995, gráfico nº 01 (anexos) 
 
 
56
aumento da violência no sertão com 257 assaltos a veículos20 e 28 assaltos a 
bancos21. 
 Iniciam-se os primeiros preparativos para treinar uma tropa capaz de 
combater esses ilícitos. 
 Os Araquan, no entanto ainda não adquiriram total experiência, estão 
aprendendo mesmo com a prática. Índio e Tadeu são presos em Tocantins, quando 
foram realizar assalto. Os Araquan recebem reforço de Francisco da Silva, o Pedro 
Ceará, grande assaltante de bancos e carros-fortes que repassa muitas 
experiências. Rômulo estava prestes a ser preso, quando em conversa com Pedro 
Ceará diz que vai botar (roubar) em banco de Floresta, Pedro diz que têm que tirar 
serviço, Rômulo afirma que já foi feito, “só tem dois macacos com pau de fogo e dois 
normal”, Pedro Ceará diz que “pau de fogo faz muito estrago”, Rômulo afirma que 
não tem nada demais só precisam de dois carros para com um deles passar antes 
em Belém e pegar dois “pebas” (termo pejorativo usado para se referir a dois 
Benvindo). 
 Não houve assalto, no entanto no dia previsto para o delito, Miguel 
Benvindo, vereador em Belém do São Francisco, é emboscado e morto 
violentamente, não sabendo-se os autores do homicídio, sendo ainda atribuído a 
Policiais Militares, no entanto nada foi constatado. 
 No dia seguinte, os Araquan entram em Cabrobó e realizam outra 
chacina, matando cinco pessoas. 
 Dois dias depois Rômulo é preso em Carnaubeira da Penha e em 
seguida Pedro Ceará é morto também em uma emboscada. Termina assim a 1ª 
tropa de choque do clã Araquan, inicia-se a Segunda liderada por Cleiton e Luizinho 
de Nondas, estando presente nas mortes dos policiais em Terra Nova em 1994, que 
foram surpreendidosainda dentro da viatura, um veículo marca VW, modelo Kombi. 
Ao passarem pelos meliantes, que encontravam-se em uma mercearia, e ao 
verificarem atitudes suspeitas, resolveram voltar em marcha à ré para uma possível 
abordagem. Os Policiais foram surpreendidos sendo recebidos à bala. Dos três 
Policiais Militares, componentes da guarnição, dois foram feridos mortalmente. 
 
20 Ver dados estatístico de assaltos à veículos na área do CPA/I-2, período de 1994/2003, gráfico nº 03 (anexos) 
21 Ver dados estatístico de assaltos à bancos na área do CPA/I-2, período de 1994/2003, gráfico nº 04 (anexos) 
 
 
57
Começam assim os Araquan, com toda logística, experiência, armamentos pesados 
e campo aberto, pois as brigas estavam estabilizadas e Chico Benvindo continuava 
foragido. 
 Em novembro de 1997 o SEI (Serviço Especial de Inteligência), após 
receber denúncia de que Chico Benvindo estava em sua fazenda com todo o seu 
bando , deslocaram-se até o local, pois seria uma excelente oportunidade para 
capturar o foragido mais famoso e procurado do Sertão Pernambucano. A denúncia 
foi confirmada; no entanto, aconteceu o inesperado, os policiais do SEI não 
conseguiram capturar Chico Benvindo, sendo travado um intenso tiroteio, vindo a 
falecer um dos irmãos de Chico que, desesperado e com uma vontade bem maior 
de vingar a morte de seu irmão, continuou no combate, tendo os policiais recuado e 
retornado para a companhia de Belém do São Francisco, onde deram por falta do 
Sd Luciano22. Como haviam saído por lados distintos no momento do combate, 
ficaram aguardando pelo retorno do mesmo. Não tendo o miliciano voltado, à noite 
Chico Benvindo liga para a Companhia e informa que “podem vir pegar o soldado de 
vocês, pois ele está morto”. Inicia-se, assim, uma desesperada operação no intuito 
de ir resgatar o Sd Luciano. Todo o efetivo se empenha nas buscas, na madrugada 
seguinte, sendo encontrado o seu corpo no local do tiroteio do dia anterior. Estava 
com a perna quebrada, motivada tal fratura por um disparo de arma de fogo de 
grosso calibre, tendo ainda seu olho esquerdo arrancado, dedos cortados e 
esmigalhado por pedras. Onde supostamente fecharam suas mãos e batiam com 
pedras para quebrá-los. Havia ainda, várias perfurações pelo corpo, tendo sido 
constatado que o mesmo havia sido torturado antes de sua morte. Dias depois, 
Chico Benvindo, em entrevista a rádio local, fala do ocorrido e diz que não sabia que 
eram Policiais, pensava serem ser seus inimigos, pois não queria problemas com 
Polícia e só havia matado o Policial porque havia perdido um irmão seu; porém, se a 
Polícia de Pernambuco tivesse dez Policiais do tipo daquele, era uma Polícia muito 
boa, pois em momento algum ele parou de brigar, mesmo ferido, só cessando seu 
combate por ter ficado sem munições e estando ferido e sem ter mais ninguém com 
ele foi capturado. Depois desse ocorrido, intensificam-se as buscas para capturar 
Chico Benvindo, pois como os Araquan também causava terror, mas ainda não tinha 
sido realizadas grandes operações com esse intuito, ficando assim, os Araquan, um 
 
22 Ver fotos 05 (anexos) 
 
 
58
pouco no esquecimento, tudo que eles queriam. 
O recém formado PEAC em outubro de 1997 já atuava, realizando 
suas primeiras operações. 
 
1.12 Os Benvindo causam terror 
 
 No dia 24 de fevereiro de 1992, por volta das 11 horas, Chico 
Benvindo, acompanhado de Josa de Expedito, Chimba, Silvino Benvindo, João de 
Sizenando e outros não identificados, invadiram a propriedade do Sr. Zé Arquileu na 
Fazenda Pau Ferro. Quando estes chegaram ao local, as vítimas estavam tomando 
conta do gado na fazenda, as quais foram surpreendidas, sendo morto no local o Sr. 
José Arquileu dos Santos, 56 anos e Cornélio neto dos Santos, 22 anos, filho de 
João Paulino dos Santos e Maria Alice de Sá. No local foram encontradas 07 
cápsulas calibre 12, 03 cápsulas calibre 38 e 02 cápsulas calibre 7,62. Tendo estes 
crimes ocorridos em represália às mortes da família do Sr. Gertrudes Benvindo pelos 
Araquan no dia anterior. 
 Na manhã do dia 22 de maio de 1993, Moisés Carneiro da Silva foi 
trabalhar na Ilha da Estação experimental Jatinã, no IPA. Quando se encontrava no 
escritório, aproximou-se um homem usando um chapéu grande, camisa de mangas 
compridas. Chegando perto de Moisés, sacou de sua arma e passou a atirar, tendo 
dado tempo apenas de Moisés proferir as palavras “que isso? Por quê?” morrendo 
no local em que foi baleado. O assassino estava mascarado e, segundo as 
testemunhas, no local não foi reconhecido. Moisés estava sendo ameaçado por 
pertencer ao corpo de jurados, tendo sido atribuído o crime a Francisco José da 
Cruz23 (Chico Benvindo). 
 No dia 03 de outubro de 1994, nove elementos fortemente armados, 
das famílias Benvindo e Nogueira, aproximadamente às 05 horas, invadiram a 
residência do Sr. Antônio Gonçalves dos Santos, 34 anos, filho de Manoel Fortunato 
dos Santos e Estelita Gonçalves dos Santos, na Fazenda Vargem das Pedras. 
Encontraram o Sr. Antônio em casa, onde dispararam vários tiros de diversos 
calibres, atingindo todo o corpo do mesmo, que teve morte instantânea. Depois do 
assassinato, saquearam a casa, levando televisor, rádio e outros pertences da 
 
23 Ver foto nº 03 (anexo) 
 
 
59
família. Entre os elementos estavam Domingos Hélder Nogueira dos Santos, José 
Carlos de Oliveira, José Carlos Simões, Gilberto Júnior Nogueira dos Santos, 
Francisco José da Cruz e Silvino José Filho. No mesmo dia os Araquan em 
represália matam Vicente Nogueira Torres. 
 No dia 19 de abril de 1996, Francisco José da Cruz, Silvino José da 
Cruz, José Neto Maximiano da Cruz, Manoel Simões dos Santos, Antônio José da 
Cruz, Anacleto José da Cruz, Domingos Helder Nogueira dos Santos, Paulo Jorge 
da Silva, Erasmo Jorge da Silva, Ubaldo José da Silva, Anselmo Pereira Lima, 
Antônio Dailson Gomes de Sá e Claésio Vieira Gomes (Caeba) colocaram uma 
barreira de pedras na estrada, cerca de 04 km de Belém, com o intuito de emboscar 
os integrantes da família Araquan que estavam em deslocamento para Cabrobó. 
Após participarem de uma audiência, os acusados em comunhão de ação e 
desígnios, previamente ajustados, agindo com dolo de matar, dando seguimento a 
uma empreitada criminosa, minuciosamente esquematizada, tentaram contra a vida 
de Osvaldo João dos Santos, Regivan Geraldo Gomes Gonçalves, Regivaldo 
Guedes de Sá, Gilmar Guedes de Sá, Maria José dos Santos e João José dos 
Santos, não tendo a empreitada criminosa se concretizado por condições alheias às 
vontades dos mesmos. 
 As vítimas trafegavam em dois veículos, um Gol de cor branca e um 
Voyage de cor azul, que ao avistarem o bloqueio de pedras, não obedeceram às 
ordens de pararem, passando por cima das pedras, sendo os veículos alvejados por 
disparos de arma de fogo de diversos calibres. O Gol estava sendo conduzido por 
Osvaldo João dos Santos, ficando sem condições de funcionamento, enquanto que 
o Voyage pilotado por Regivan Geraldo Gomes Gonçalves, após passar pelo 
bloqueio despencou por um aterro lateral, ficando também sem condições de uso. 
Todos os componentes dos veículos fugiram, com exceção da Srª Maria José dos 
Santos, conhecida por “Lili”, a qual foi cercada pelos Benvindo, sendo poupada 
apenas por não pertencer à família rival, estando apenas de carona. Desta 
empreitada não houve mortes, saindo ferido Regivan Gonçalves. 
 No dia 05 de agosto de 1997, cerca de 30 homens, comandados por 
Chico Benvindo, todos fortemente armados, por volta das 07 horas, paravam todos 
os veículos que transitavam pela estrada que liga Belém do São Francisco à 
Fazenda Ipueiras, onde tomaram um veículo autocarga, Mercedes Benz de cor azul, 
placas IX 0718, para usar no transporte dos mesmos até a FazendaIpueiras, 
 
 
60
Chegando lá, invadiram a Fazenda e fizeram várias pessoas como reféns, 
trancaram-nas em um quarto e começaram o tiroteio, fazendo como vítimas as 
pessoas de Ariosvaldo Cícero dos Santos, nascido em 07/07/64, filho de Cícero dos 
Santos e Joana Alves de Souza, Ariosvaldo foi amarrado e depois morto com vários 
tiros e José Dílson Pereira da Silva, de 25 anos de idade, filho de Luiz Pereira da 
Silva e Maria José da Silva, motorista do caminhão, o qual foi forçado a levá-los até 
a fazenda, sendo morto no local da chegada. Saiu ferido Celson Milton dos Santos, 
residente na Fazenda Quixaba. 
 Após os crimes, colocaram fogo em quatro veículos, sendo 02 Gols de 
cor branca, placas NI-2007 e KIF-2242, um Kadet de cor vermelha, placas KIQ-2897 
e uma motocicleta Honda CG/125, placa KID-9900. No local, foram encontradas 501 
(quinhentas e uma) cápsulas de munições de diversos calibres. 
 Dentre os elementos foram reconhecidos Chico Benvindo, Joãozinho 
do Ibó, Tia, Bodinho e seu irmão Dílson Gomes de Sá, Júnior filho de Lourival, Nego 
João, Caeba, Beto de Cícero Gordo e Robinho. 
 Por volta das 21 horas, do dia 17 dezembro de 1997, cinco elementos 
encapuzados, fazendo uso de armas curtas e longas, alvejaram, na Rua Trapiá, nº 
348, centro, em Belém do São Francisco, o vereador José Roriz de Meneses, 37 
anos. O mesmo foi atingido na cabeça, tórax e braço, morrendo no local. Os 
elementos estavam em uma Fiorino de cor verde e se evadiram para local ignorado. 
No local foram encontradas 07 cápsulas de calibre 09mm e 01 calibre 2.23. A vítima 
sofria ameaças constantes da família Benvindo, tendo sido o crime atribuído a Chico 
Benvindo. 
 No dia 16 de outubro de 1999, Antônio Gomes Menezes, saiu de casa 
por voltas das 07 horas, poucos minutos depois se ouviram disparos de armas de 
fogo, da porta de sua residência seus familiares avistaram o corpo do mesmo 
estendido no chão todo ensangüentado. No local do crime, uma pessoa de estatura 
mediana, saia rapidamente, sendo constatado que se tratava de Cícero José da 
Cruz, vulgo Cícero de Piroca, o qual matou Antônio, juntamente com Marcos de 
Miguel. O mesmo foi morto por ter sido testemunha ocular da morte de seu filho José 
Roriz de Menezes. 
 
 
 
 
 
61
1.13 PELOTÕES DE CAÇADORES: uma Força Policial ef icaz no 
 combate ao banditismo. 
“As volantes nunca deixaram de existir, só caíram em desuso24”, no 
entanto o Sertão pernambucano, no início da década de 90, especificamente os 
municípios de Serra Talhada, Salgueiro, Floresta, Belém do São Francisco, Cabrobó 
e Santa Maria da Boa Vista passaram a sofrer uma onda crescente de assaltos a 
bancos, autocargas, carros-fortes, ônibus interestaduais e veículos particulares, bem 
como um aumento do plantio e tráfico de maconha, para os quais são utilizados 
“modus operandis” correlatos aos utilizados no passado. 
Não obstante uma atuação regular das OME/GAPI-2, os conflitos entre 
famílias nos municípios de Floresta, Belém do São Francisco e Cabrobó 
contribuíram para uma escalada vertiginosa da criminalidade na região, onde grupos 
bem organizados e armados com poder de fogo de última geração praticavam 
inúmeros assassinatos, sendo tais fatos objetos de diversas reportagens, quer em 
jornais e revistas, quer em matérias de programas de televisão, a nível nacional. O 
jornal O Estado assim comenta os fatos: 
Sessenta anos depois da morte de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o 
cangaço voltou ao sertão. Agora, ele é comandado pelo tráfico e concentra 
sua atuação no que é conhecido como polígono da maconha, a região do 
vale do São Francisco que vive do cultivo da droga. A grande vítima do 
cangaço moderno é o sertanejo empobrecido pela seca, que, por 
necessidade ou amor à vida, rende-se ao crime. O velho rifle “papo 
amarelo” que Lampião usou por 22 anos, foi substituído pelo modernos fuzis 
AR-15 e M-16 e metralhadoras Uzzi. 
(O Estado, 07JUN98) 
A PMPE realizou nesta região diversas operações, algumas das quais 
apoiando as Forças Armadas, Polícia Federal e Polícia Civil, no entanto, existia uma 
grande dificuldade em encontrar os cangaceiros modernos, os quais eram 
conhecedores da inóspita região e filhos da terra, acostumados às adversidades do 
terreno. Após inúmeras tentativas fracassadas da força policial em capturá-los, 
verificou-se a necessidade de formação de um contingente capaz de persegui-los, 
 
24 MONTEIRO, Roberto Pedrosa. O outro lado do cangaço: as forças volantes em Pernambuco. Recife. Editora 
do Autor, 2004 
 
 
62
tendo a natureza como aliada e homens conhecedores do terreno. 
Ao término do mês de março de 1997, vislumbrando-se a necessidade 
da Corporação dispor de um grupamento de elevado preparo técnico em condições 
de combater eficazmente o banditismo no Sertão Pernambucano, fora determinado 
à DEIP, em conjunto com a 1ª CIOE, a elaboração de um curso de sobrevivência na 
caatinga, a ser ministrado aos efetivos dos 5º, 7º, 8º e 14º BPM, bem como aos da 
1ª CIPM, de modo a adestrar tal efetivo na utilização dos recursos naturais da região 
de caatinga, estabelecendo que o citado curso serviria de base para a formação dos 
futuros “Pelotões de Caçadores”, que seriam constituídos para emprego regular no 
combate à criminalidade no sertão do Estado. Estes teriam como atividade precípua 
a captura dos criminosos que se homiziavam no interior das caatingas. 
Cumprindo tal determinação, o Comando da 1ª CIOE iniciou os estudos 
necessários à realização da missão. Logo se verificou que o curso não poderia 
limitar-se a sobrevivência na caatinga e que deveria possuir um currículo para tal 
que habilitasse os Policiais Militares a cumprir missões com elevado preparo técnico, 
tático, físico e psicológico, de modo a prepará-los para a utilização dos recursos 
naturais da caatinga, bem como a realização de qualquer missão especial de caráter 
Policial Militar. 
Com a conclusão do planejamento, surgiu em Abril de 1997 a 
denominação de Curso Intensivo de Operações de Sobrevivência na Área da 
Caatinga – CIOSAC, com duração prevista de 03 (três) semanas e currículo 
composto de 14 (quatorze) matérias, com duração total de 170 horas-aula. Fariam 
parte as disciplinas Treinamento Físico Militar; Armamento e Munição, Tiro Policial, 
Técnicas de Abordagens, Ofidismo, Montanhismo, Transposição de Cursos D’água, 
Instrução Tática Individual, Agentes Químicos, Comunicações, Entorpecentes e 
Drogas Afins, Operações Ribeirinhas, Primeiros Socorros, Operações e 
Sobrevivência na Caatinga. 
Em 13 de maio de 1997, a Nota Complementar de Instrução Nº 006/97 
– DEIP designou o CFAP como órgão responsável pela supervisão e ensino do 
CIOSAC. Em 20 de maio de 1997, a Portaria do Comando Geral nº 510 cria 
oficialmente o CIOSAC para Oficiais e Praças da corporação. Na mesma data a 
Portaria nº 510 aprova o currículo do curso, tendo a Portaria nº 512 designado 
instrutores e monitores do Curso. O BG nº 126, de 11 de julho de 1997, publica a 
 
 
63
Portaria do Comando Geral nº 748, de 04 de julho de 1997, designando o Cap PM – 
Vanildo A. Maranhão e o 1º Ten PMPE José Soares de Morais, para os encargos de 
Coordenador e Secretário do CIOSAC, respectivamente. 
O CIOSAC estava oficializado e possuía currículo, bem como planilha 
de custos, entretanto sua efetivação passou por inúmeros obstáculos 
administrativos, financeiros e operacionais, inerentes à realização de um curso 
pioneiro. 
Em agosto de 1997 a corporação passou a ser comandada pelo Exmº. 
Sr. Cel PMPE GUSTAVO JOSÉ MONTEIRO GUIMARÃES, que adotou o CIOSAC 
como uma das prioridades de seu comando, determinando à DEIP que 
desenvolvesse os esforços necessários para a realização do curso, com início 
previsto para o mês de Setembro. Eis o que diz o documento oficial: 
BOLETIM GERAL Nº A 1.0.00.0 173 - Para conhecimento destaPM e 
devida execução, publico o seguinte: 2ª PARTE 
Instrução - PORTARIA DO COMANDO GERAL Nº 936 de 11 SET 97. 
EMENTA: Institui o Curso Intensivo de Operações e Sobrevivência na 
Caatinga, cria os 1º e 2 º Pelotões Especiais de Ações na Caatinga e dá 
outras providências. O Comando Geral, no uso das atribuições que lhe são 
conferidas pelo Art. 101 do Regulamento Geral da PMPE (R/1), aprovado 
pelo Decreto nº 17.589 de 16 JUN 94; Considerando a necessidade de 
empreender ações Policiais Militares mais eficientes e eficazes no controle 
da criminalidade, em razão do crime organizado que já se faz presente em 
nosso Estado, principalmente no Sertão Pernambucano. R E S O L V 
E: I – Instituir o Curso Intensivo de Operações e Sobrevivência na Área de 
Caatinga ( CIOSAC), de modo a adestrar os efetivos selecionados na 
utilização dos recursos naturais do semi-árido pernambucano para a sua 
sobrevivência e para a realização de operações policiais nessa região, 
ficando o referido Curso sob inteira responsabilidade administrativa e 
pedagógica da DEIP/CFAP a quem caberá solicitar os meios necessários 
ao seu funcionamento. II – Criar os 1º e 2º Pelotões Especiais de 
Ações na Caatinga (PEAC), subordinados ao II Comando de Policiamento 
de Área do Interior (CPA/I-2), que serão formados para emprego no 
controle da criminalidade no sertão do Estado, mais especificamente do 
crime organizado. III – Determinar à DEIP e DS as providências quanto aos 
exames físico (através do CEFD) e de saúde, respectivamente. IV – 
Determinar à Subchefia do EMG que libere os recursos necessários para a 
realização do Curso Intensivo de Operações e Sobrevivência na Caatinga e 
 
 
64
implantação dos Pelotões ora criados. V – Os 1º e 2º Pelotões Especiais de 
Ações na Caatinga serão inorgânicos e de caráter provisório. VI – Esta 
Portaria entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogada a 
Portaria do Comando Geral nº 419 de 25 ABR 97. 
(BG nº 173, 16SET97) 
Em setembro de 1997, através do BG 173, foi criado os 1º e 2º 
Pelotões Especiais de Ações na Caatinga (PEAC), no mesmo boletim foi instituído o 
Curso Intensivo de Operações e Sobrevivência na Área de Caatinga (CIOSAC). 
Inicialmente apresentaram-se à Coordenação do CIOSAC, para os 
exames seletivos, 06 (seis) Oficiais e 140 (cento e quarenta) Praças, oriundos das 
OME do CPA-I/2, 1ª CIOE, BPChoque, CIPOMA, CAMIL e CBMPE, sendo 
selecionados 58 (cinqüenta e oito) candidatos, os quais foram divididos em duas 
turmas – o 1º CIOSAC, com policiais oriundos do 3º, 5º, 7º e 8º BPM, realizou-se no 
período de 09 a 23 de setembro de 1997 e o 2º CIOSAC, com policiais do 14º BPM, 
1ª e 2ª CIPM, realizou-se no período de 01 a 22 de outubro de 1997, tendo sido 
declarados “GUERREIROS DE CAATINGA” 04 (quatro) Oficiais e 44 (Quarenta e 
Quatro) Praças, oriundos da PMPE e CBMPE. Ao término da 2ª turma os policiais 
das OME da área da GAPI-2 foram apresentados ao 2º Comando de Policiamento 
de Área do Interior a fim de integrarem os 1º e 2º PEAC (Pelotões Especiais de 
Ações na Caatinga) para iniciar as atividades, não tendo estrutura administrativa ou 
orçamentária, iniciando-se com armamentos e viaturas cedidas pelas OOMMEE da 
GAPI-2. Sendo a área mais crítica a de Belém do São Francisco, que se tornou o 
cenário das primeiras operações, o deslocamento era realizado até Belém do São 
Francisco por meios próprios, raramente havia uma viatura para levar os 
componentes. Para se cumprir o serviço as OOMMEE sempre disponibilizavam as 
piores viaturas, que na maioria das vezes estavam quase sem condições de uso 
(sem partida, freios ruins, suspensão, etc.). 
Sendo dos Oficiais formados no 1º e 2º CIOSAC, o Ten PM Dario 
Lucas Ângelo da Silva, mais antigo, tornou-se assim o 1º comandante do PEAC, no 
entanto não se tinha ninguém na parte administrativa, todo o efetivo era utilizado na 
atividade precípua, isto é, no combate a criminalidade. 
Em 07 de novembro de 1997 o BG n.º 208 publicou a Portaria do 
Comando Geral n.º 1.103, de 31OUT97, determinando a realização do III CIOSAC. 
Com o êxito das turmas anteriores e o reconhecimento a nível nacional, o Comando 
 
 
65
Geral recebeu solicitações de vagas pela FAB (Força Aérea Brasileira) e Polícias 
Militares dos estados da Paraíba e Ceará, sendo os exames seletivos dos 
candidatos realizados em janeiro e fevereiro de 1998. 
A III turma do CIOSAC foi efetivada no período de 16 de março a 02 de 
abril de 1998, sendo composta por Oficiais e Praças oriundos da FAB, PMPE e 
PMPB. 
Através do Ofício n.º 280/98-SEC/CPI (atual DGO), datado de 03 de 
junho de 1998, o PEAC, o qual havia sido criado em setembro de 1997 através do 
BG nº 173, passou a receber a denominação de Companhia Independente de 
Operações e Sobrevivência na Área de Caatinga – CIOSAC, em virtude da grande 
aceitação tanto do público externo como interno que não reconhecia os “Pelotões de 
Caçadores” por outro nome. À época o Cap PM Ildefonso Afonso Elias de Queiroga, 
formado na 1ª turma de 1998 (3ª turma do CIOSAC), era o comandante, o qual havia 
iniciado a parte administrativa, sediado no CPA/I-2, na Rua Cel. Cornélio Soares, 
651, Centro, Serra Talhada. 
Os Pelotões de Caçadores com nova denominação não perdeu sua 
atuação tendo como missão a manutenção da ordem pública através da repressão a 
assaltos a agências bancárias e carros fortes, assaltos e roubos a veículos, quer 
seja de carga, coletivos ou particulares, contenção das brigas de famílias, combate 
ao tráfico e plantio de maconha, além do cumprimento de mandados de prisão em 
toda a GAPI-2 que totalizava 61 municípios, abrangendo de Arcoverde a Petrolina, 
tendo seus limites com 05 Estados vizinhos (Paraíba, Ceará, Alagoas, Piauí e 
Bahia). 
A partir da IV turma do CIOSAC, o curso passou a ser de 
responsabilidade dos Guerreiros de Caatinga já formados nas 1ª, 2ª e 3ª turmas do 
CIOSAC. 
Em 1999, o Cel PMPE Quintino, Comandante do CPI, com a idéia de 
realizar estágio para todos os Soldados recém formados, os quais haviam ingressado 
na corporação no ano anterior, resolve enviar todos os policiais que iriam trabalhar 
nas OOMMEE da GAPI-2, para um estágio na CIOSAC. O Comandante da CIOSAC, 
em entendimento com os escalões superiores, chega à conclusão que seria melhor a 
realização de cursos ao invés dos estágios. Vários policiais desistiram dos cursos, 
pois não eram voluntários, tendo sido formados no 4º CIOSAC (1º/99) 24 oficiais e 
 
 
66
praças da PMPE. Na 5ª turma do CIOSAC (2º/99) foram formados 04 praças da 
PMPE. A 6ª turma do CIOSAC (3ª/99) foi declarado Guerreiro de Caatinga apenas 
um Policial Militar de Pernambuco, no entanto foi formado juntamente com a 4ª turma 
de 1999 em virtude de ter sido o único que ficou após a preleção do Coordenador do 
Curso, o qual explicava como seria o curso, sendo a maioria dos policiais presentes 
na referida explanação contrários a vinda para o curso onde não eram voluntários, 
desistiram antes do início, ficando impossibilitado de realizar o curso com apenas 01 
PM, tendo o mesmo retornado e concluído na 7ª turma CIOSAC (4ª/99) onde foram 
formados 17 praças da PMPE. Na 8ª turma do CIOSAC (5ª/99), foram declarados 
guerreiros de caatinga 20 policiais militares entre Oficiais e Praças da PMPE e 
CBMPE. Na 9ª turma do CIOSAC (6ª/99) foram formados 11 praças da PMPE. Sendo 
assim encerradas as 06 turmas do ano de 1999 nas quais foram formados 01 Major , 
02 Capitães, 19 Tenentes, 04 Sargentos, 05 Cabos e 45 Soldados, totalizando 76 
novos guerreiros de caatinga. Na época era comandante da CIOSAC o Cap PM 
Alfredo Wanderley de Carvalho. 
Com o término dos cursos e em virtude da região do agreste está 
apresentando um elevado índice de criminalidade, talvez por haver uma maior 
concentração de operações no sertão, com grande atuação da CIOSAC, os 
criminosos do Sertão do Estado começaram a migrar para outros Estados e para 
outrasregiões de Pernambuco, fazendo-se necessária a atuação desse tipo de 
policiamento na zona da Mata e no Agreste de Pernambuco. O Comandante do CPI 
solicitou ao Exmº Sr. Comandante Geral da PMPE que fosse inaugurado na sede do 
CPAI-1, um grupamento do CIOSAC, tendo sido efetivado na dia 23 de junho de 
1999, formado inicialmente por duas equipes operacionais, sendo comandada pelo 
Cap PM Queiroga. Iniciava-se, assim, a abrangência da CIOSAC em quase todo o 
estado, tendo inclusive por diversas vezes se deslocado para a capital, para 
policiamentos ostensivos, greves, etc.. 
Em 2000, considerando a necessidade do aumento de efetivo e a 
procura de inúmeros policiais pelo curso, com o objetivo de pertencer as fileiras da 
companhia, fato inexistente no início, pois em 1997, não foram nem preenchidas as 
vagas disponibilizadas para as unidades do Sertão, foi realizada a 10ª turma do 
CIOSAC em 2000. A turma teve início em 13 de março de 2000, sendo iniciado com 
87 alunos dos quais 67 foram declarados guerreiros de caatinga em 29 de março, 
tendo entre os concluintes e praças da Força Aérea Brasileira, Exército Brasileiro e 
 
 
67
Polícia Militar da Paraíba, tendo logo após a conclusão dos novos guerreiros de 
caatinga, um dos concluintes, o Cap Marcos Vinícius Barros dos Santos assumido o 
comando da CIOSAC, permanecendo até abril de 2003, quando assumiu o 1º Ten 
PM Figueiredo. No Agreste o Cap PM Queiroga já havia passado o comando para o 
Ten Bantin, este para o Ten Abílio. 
Em 2004, o tão esperado sonho de muitos em ver uma unidade 
totalmente independente, começa a florescer. Em documento oficial, assim se 
pronuncia o Governo do Estado: 
O GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO: Faço saber que a 
Assembléia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:...Art. 4º Ficam 
criadas as seguintes Organizações Militares Estaduais – OMEs da Polícia 
Militar do Estado de Pernambuco:... V – Companhia de Operações de 
Sobrevivência na Caatinga. 
(DO, 31MAR04) 
Com o advento da Lei nº 12.544, de 30 de março de 2004, publicada no 
Diário Oficial de 31 de março de 2004, que fixa o efetivo da Polícia Militar de 
Pernambuco, e dá outras providências, como a criação de várias unidades, algumas 
delas já implantadas há algum tempo como a CIOSAC, fica definido então o nome da 
OME, que fica com o nome de Companhia Independente de Operações na Caatinga, 
porém com a mesma sigla CIOSAC, fica também unificada, onde CIOSAC sertão e 
agreste passam a ser apenas CIOSAC, porém restava agora, uma sede própria, um 
local onde todos os guerreiros de caatinga sentissem que estava em sua própria 
casa, no seu lar, as propostas existentes não eram muitos, cogitava-se uma sede 
doada pela CHESF, próximo a Itaparica, a distância era grande, ficaria 
descentralizada, sendo assim, não foram envidados esforços. 
Em Custódia, o prefeito do município disponibiliza um dos prédios 
utilizado por sua administração, bem mais viável, pois estaria mais ou menos no meio 
do caminho entre a atual área de atuação. 
Em maio de 2004 surge a necessidade de realizar um novo curso para 
aumentar o efetivo da CIOSAC que estava em claro de vários policiais, sendo 
efetivado a 11ª turma no período de 07 de junho a 09 de julho de 2004, foram 
declarados guerreiros de caatinga 21 policiais, sendo 20 militares e 01 policial civil, 
dos quais foram apresentados a CIOSAC os 18 policiais militares que concluíram com 
aproveitamento a 11ª turma, no entanto foram também transferidos da CIOSAC 18 
guerreiros em virtude da metodologia do comandante da época, o Cap PM 
 
 
68
Figueiredo, o qual também foi coordenador do curso em epígrafe, que tinha como 
objetivo oxigenar a tropa, tirando vários integrantes da Companhia, dos quais alguns 
eram pioneiros na CIOSAC e na sua maioria eram oficiais, ficando assim o efetivo 
com o mesmo quantitativo, o que mostrava ainda defasagem. 
Em 2005 foi realizada a 12ª turma do CIOSAC no período de 23 de 
novembro a 23 de dezembro de 2005, sendo aprovados 21 Policiais Militares. 
 Hodiernamente, o comando da OME está sediado, desde 16 de julho de 
2004, na Rua José Thomas, 800, bairro Mandacaru, Custódia-PE, sob o Comando do 
Cap QOPM Alfredo Wanderley de Carvalho desde 17 de janeiro de 2007, dividida em 
12 grupos de Operações, perfazendo o total de 146 integrantes. 
Agindo nos 170 municípios do CPA (71), CPS (56) e CPZM (43), sendo 
subordinada diretamente ao CPE, seja no combate ao crime organizado, tráfico e 
plantio de entorpecentes, bem como nas mais adversas missões (conflitos entre 
famílias, assaltos a bancos, carros-fortes, autocargas, ônibus, etc.), as atuações da 
CIOSAC tornaram-se imprescindíveis, cumprindo eficientemente todas as missões 
que lhe são confiadas, nunca abúlica em bem servir e proteger a sociedade 
pernambucana. 
 
1.14 Os principais confrontos, prisão e fuga dos A raquan. 
 
Em 1998 continuam os assaltos a bancos com 09 assaltos em toda 
área, em Petrolândia no assalto ao Banco do Brasil a 2ª tropa sofreu suas primeiras 
baixas. Com o ferimento de Marquinhos Araquan e a morte de Josenildo, irmão de 
Cleiton, além dos outros cinco integrantes do bando Araquan, o bando enfraqueceu 
um pouco, tendo agora que se reorganizarem. 
Em agosto de 1998, Neguinho de Antônio Matias, casado com uma 
Araquan, tinha desavenças com o vereador Cacau; juntou um bando de 12 homens 
e em dois veículos dirigiu-se ao Ibó, onde seqüestrou e matou o vereador. Dos 
homens que estavam no seqüestro, muitos freqüentavam o local, inclusive Cleiton 
era querido e respeitado na localidade. No dia seguinte à morte do vereador, a 
CIOSAC entra na Fazenda Ipueira e prende 03 integrantes da família, que estavam 
diretamente envolvidos no crime. No mesmo dia aparece um Araquan morto nas 
proximidades do confronto. Não gostando do ocorrido, Cleiton entrou em 
 
 
69
desentendimento com Neguinho, que teve que ir embora. 
Em 1999, inicia o ano sem mortes. Parece que a paz voltaria a reinar, 
mas é só uma questão de tempo. O Jornal do Comércio detalha os fatos ocorridos 
com o elevado índice de violência no Sertão Pernambucano. 
Não apenas as armas utilizadas pelas quadrilhas de assaltantes sertanejas 
são sofisticadas. Os últimos assaltos a bancos e carros-fortes ocorridos na 
região mostram que as gangues também estão desenvolvendo estratégias 
ousadas para obter sucesso em suas empreitadas. "Nós estamos sempre 
estudando novas formas para que não tenhamos surpresas nos assaltos 
que planejamos", revela Marcos, numa referência também aos demais 
grupos que realizam este tipo de "serviço" no Sertão Pernambucano. 
"Ladrão profissional não permite que iniciante participe deste negócio. 
Tudo tem que ser bem pensado para não dar errado", afirma. Para assaltar 
um carro-forte, por exemplo, Marcos diz que é preciso fazer o planejamento 
com meses de antecedência e ter um bom observador para precisar o dia e 
o horário que o veículo passa no local escolhido para o ataque. Outro 
detalhe importante é verificar se o carro é blindado ou reblindado. Isso é 
determinante para escolher o calibre da arma a ser utilizada para vencer a 
resistência do veículo. O passo seguinte é juntar a quantidade de homens 
necessários à ação. Além dos que vão participar diretamente do assalto, 
são indicados outros para ficar em pontos estratégicos verificando a 
passagem de viaturas policiais. 
(JC, 18ABR99). 
Com isso o aumento de assaltos sobe de forma assustadora. Os 
motoristas de veículos nas BRs são as principais vítimas. Intensificam também o 
plantio de roças de maconha, onde são erradicados no sertão aproximadamente 
963.160 (novecentos e sessenta e três mil e cento e sessenta) pés de maconha25, 
bem como 902,772 kg (novecentos e dois quilos e setecentos e setenta e dois 
gramas) de maconha pronta para o consumo26 são apreendidas. 
Em setembro de 1999, em operação cinematográfica, cerca de dez 
homens, todos fardadoscom camuflado do Exército Brasileiro, numa D-20 com 08 
(oito) homens sentados na carroceria em postura militar e dois na frente, 
desembarcaram e apresentaram falso Mandado de Prisão, sequestrando Zé de 
Piroca e Antônio Benvindo, conduzindo as vítimas para matá-los minutos após 
 
25 Ver dados estatístico de pés de maconha erradicados, no período de 1994/2003, gráfico nº 05 (anexos) 
26 Ver dados estatístico de maconha pronta para o consumo, no período de 1994/2003, gráfico nº 06 (anexos) 
 
 
70
saírem da zona urbana de Belém do São Francisco. Vejamos o comentário do Jornal 
do Comércio: 
Vestidos com uniformes de camuflagem do Exército, encapuzados e 
portando armas privativas das Forças Armadas, oito homens seqüestraram 
e mataram, hoje, em Belém do São Francisco, no sertão pernambucano, 
dois integrantes da família Benvindo. Há dez anos a família disputa o tráfico 
de maconha na região com a família Gonçalves. O outro morto, José Pedro 
Cruz, Zé de Piroca foi atingido em todas as parte do corpo. Familiares dos 
mortos acusam a família Gonçalves pelos crimes e prometem retaliação. O 
clima no município é de tensão e a população está amedrontada. Todos os 
acessos a Belém de São Francisco estão cercados numa operação que 
utiliza 90 policiais militares. 
(JC, 28SET99) 
 Reacende novamente a chama das contendas, afinal coloca-se apenas 
mais lenha, pois o fogo abrasante da vingança nunca deixa de existir. 
 Em 23 de março de 2000, são presos em operação realizada por 
policiais da CIOSAC e SOP Marquinhos, George, Adriano, Fabiano, Brás e Vavá, 
fugindo apenas Nego de Alzira. 
 Em 26 de março de 2000, Chico Benvindo, juntamente com Daylson 
Russo, se aproveita da situação haja vista que os principais homens de combate 
estão presos, incluindo Cleiton que havia sido preso por policiais Federais no 
Shopping de Petrolina, em 14 de dezembro de 1999, quando comprava calçados em 
uma loja, invadem a Ipueira e matam César Ferreira de Sá, Paulinho Araquan, 
Antônio Gomes de Sá (pai de Vital), levam de Paulinho fuzil mini-Rugger. Luizinho 
de Nondas promete à viúva que vem se vingar das mortes. 
 Em abril Luizinho de Nondas, juntamente com Dentinho, e mais quatro 
comparsas totalizando 06 pessoas, chegam na balsa em uma Blazer com os vidros 
escuros e totalmente armados desembarcam, atiram no motor de uma das balsas 
seqüestraram Pedro Filho da Cruz (Pedrosa) e seu filho de 14 anos, a poucos 
metros dali mataram os dois. 
Nesse mesmo ano assaltam as agências bancárias de Macururé-BA, 
Xorroxó-BA, Canudos-BA e Pilar-BA, nesse último em confronto com policiais da 
Bahia e Pernambuco, no dia 28 de julho, saem feridos um sargento e um soldado 
pernambucano, morrem os assaltantes Valdão e Antônio, ambos irmãos de Luizinho, 
Izamar, irmão de Alzira, e outro não identificado, ficam ainda baleados Luizinho de 
 
 
71
Nondas, Francimar, Júnior Gordo, Nego de Alzira e Ulisses. Assim após mais essa 
baixas, reina uma paz aparente no sertão. Sob esta aparente paz, o Tribuna do 
Brasil registra: 
Dois grupos de famílias rivais do sertão do São Francisco selaram ontem, 
na Assembléia Legislativa, um acordo de paz que será oficializado ainda 
nesta semana. A briga entre os dois grupos já levou cerca de 100 pessoas 
à morte em aproximadamente 20 anos. "A gente quer acabar com a 
matança", resumiu o representante de uma das seis famílias envolvidas, 
Cristian Diniz Simões de Medeiros, o "Barná Russo". O acordo, mediado 
pela CPI estadual do Narcotráfico, só foi possível porque as famílias rivais 
aceitaram demarcar, informalmente, uma espécie de "zona de exclusão" 
que vai evitar o seu convívio. Durante seis meses as famílias deverão 
permanecer nos municípios onde moram, evitando circular pelo território 
dos rivais. Assim, os Araquan e Gonçalves não poderão nesse período, 
circular em Cabrobó e Belém do São Francisco. E os Benvindo, os 
Nogueira, os Gonçalves da Silva (conhecidos como os Cláudio) e os 
Simões de Medeiros (os Russo) não entrarão nos municípios de Abaré e 
Mirandiba, que é domínio dos rivais. 
(Tribuna do Brasil, 01NOV00) 
 Pelo acordo as rodovias federais e o município de Salgueiro seriam 
território livre, já que este município é pólo bancário e comercial da área. Uma das 
dificuldades para a trégua era o ressentimento da família Araquan em relação ao 
fato de que sua família tinha 22 pessoas presas, enquanto o outro grupo só possuía 
três. Osvaldo João dos Santos27, o Vavá Araquan, exigia que todos fossem soltos, 
ou que 19 integrantes das famílias rivais fossem também presas para empatar o 
ranking. Chico discorda veemente: 
Quem deve tem de pagar por seu atos. Sendo assim, o acordo terá todo o 
meu apoio. Como os Araquan querem, não aceito liberar ninguém. Quem 
matou tem que cumprir pena", afirma Chico, ressaltando que também só 
aceita parar “com a matança”, se os que se encontram detidos forem 
julgados o mais rápido possível. Curiosamente, ele propõe que a Justiça 
procure prender os foragidos. “Se ela for dar chance a bandido nunca vai 
haver paz no Sertão”, desafia. 
(JC, 26OUT00) 
Juiz das Execuções Penais, Adeildo Nunes, participou do encontro e 
 
27 Ver foto nº 02 (anexos) 
 
 
72
prometeu agilizar os processos, autorizando, de imediato, a transferência de 13 
presos que se encontravam no presídio Aníbal Bruno, no Recife, para a cadeia de 
Salgueiro, a 518 quilômetros do Recife, atendendo a pedido dos Araquan. O 
presidente da CPI, deputado estadual Pedro Eurico (PSB), disse que o 
apaziguamento entre as famílias também iria beneficiar os presos com a concessão 
de habeas-corpus que eram negados pela justiça para evitar novos confrontos e 
mortes. Tudo na realidade estava caminhado para a liberdade dos Araquan, 
conseguida através de mentiras ou com uma fuga. 
Em fevereiro de 2001 é preso Dentinho; a paz reinava, mas tudo iria 
mudar, já que os Araquan não conseguiam os Habeas-corpus para os componentes 
presos. Só restaria a fuga. 
Assim que os presos da família Araquan conseguiram transferência do 
Presídio Aníbal Bruno para o de Salgueiro, fugiram em massa (doze componentes 
do Clã), pouquíssimo tempo depois, mais precisamente no dia 08 de maio de 2001. 
Na fuga, atiraram no helicóptero da PRF atingindo o Piloto. Levaram um Sargento 
como refém e logo depois o liberaram, ficando com as armas. Com essa fuga 
premeditada desde os dias que se cogitavam sua vinda para Salgueiro, 
intermediada por políticos, destroem-se anos de trabalho policial, trazendo, assim, a 
insegurança no sertão pernambucano com uma nova era do terror. 
 
1.15 Os Araquan causam terror 
 
Após a fuga dos Araquan do Presídio de Salgueiro em 2001, o terror 
volta a florescer, o índice de violência sofre um aumento exorbitante, o número de 
assaltos a veículos em 2002 chega a 159 na região de Cabrobó e Belém (1ª e 2ª 
CIPM), contra 72 no ano de 2001. Em 2002, são erradicados 1.044.482 pés de 
maconha e 3.500,875 kg de maconha pronta para o consumo em toda a área do 
CPA/I-2 (atual CPS), sendo na área da 1ª e 2ª CIPM, erradicados 515.972 pés de 
maconha e 427,054 kg de maconha pronta para o consumo. A violência não parava 
de subir. Como demonstração de força, crueldade e impunidade os Araquan, 
principalmente Cleiton, abusando dessa ausência do Estado, em 25 de maio de 
2002, na ilha dos Brandões, Cleiton assassina Edvan Vieira do Monte Santo28, com 
 
28 Ver foto nº 14 (anexos) 
 
 
73
requintes obscuros de crueldade, sob suspeita de ser informante do Serviço de 
Inteligência da 1ª CIPM. 
Em 10 de junho de 2002 Cleiton e seu bando, seqüestra e mata o Sr. 
João Soares do Monte Santo29, também sob suspeita de ter sido informante do 
Serviço de Inteligência de Belém, durante operação itinerante realizada em 07 de 
junho de 2002. Assimé registrado o fato: 
Um triplo homicídio com requintes de crueldade, na última segunda-feira, 
no município de Belém de São Francisco, pode significar a quebra do pacto 
de paz firmado há um ano e sete meses entre as famílias Benvindo e 
Araquan. Os grupos, formados pelos Torres, Gomes e Sá, Russo, Cláudio, 
Gonçalves e Nogueira, travam uma guerra há mais de dez anos na região 
das ilhas do São Francisco. Desta vez, as vítimas foram integrantes do clã 
dos Benvindo, mortos de uma só vez na frente da casa onde residiam na 
Ilha dos Brandões. O agricultor João Soares Monte Santo, 56 anos, seu 
filho Antônio Soares Vieira, 24, e o enteado Avani José da Silva30, 27, 
foram assassinados com dezenas de tiros de espingarda 12 e fuzil. Os 
disparos chegaram a arrancar partes dos corpos de duas das vítimas. A 
polícia atribui o crime a Jucicleidio Nascimento dos Santos, o Cleiton 
Araquan, Antônio Marcos Nascimento dos Santos, o Marquinhos Araquan 
(irmão de Cleiton), Aganor João de Sá, Nego de Conrado, Vital Gomes de 
Sá e Jadielson Gomes. Os seis são foragidos da Cadeia Pública de 
Salgueiro. 
(DP, 12Jun02) 
João Soares, conhecido como João do Carrin, teve a cabeça 
dilacerada na frente da esposa. Ele foi arrastado pelo grupo de dentro de casa, por 
volta do meio-dia. No mesmo instante, Avani José da Silva, que também se 
encontrava no interior da residência, saiu e foi executado com mais de 20 tiros. O 
filho do agricultor, Antônio, estava na roça de cebola, mantida pela família na 
propriedade, quando ouviu os disparos Antônio Vieira do Monte Santo31, sob 
suspeita de ter sido informante do Serviço de Inteligência da 1ª CIPM – Belém de 
São Francisco, sofreu torturas nas mãos, posteriormente deceparam-nas para não 
mais fazer ligações telefônicas; irritados com os gritos da vítima, resolveram matá-lo. 
Antônio, esteve dias antes em Belém para prestar depoimentos acerca de roubos de 
bode, nada teve a ver com a operação que fora desencadeada no dia seguinte a sua 
 
29 Ver foto nº 15 (anexos) 
30 Ver foto nº 16 (anexos) 
31 Ver foto nº 17 (anexos) 
 
 
74
ida a cidade, triste coincidência, foi confundido com um delator por seus algozes. 
 
1.15 A despedida de um Guerreiro: e a busca incess ante de seu 
 algoz 
 
Manhã de 26 de agosto de 2002, tudo parecia normal, em Petrolina. A 
equipe Delta havia levantado como costume, aproximadamente às 06:00h, todos 
foram ao refeitório e efetuaram a primeira refeição, logo depois foram correr, dessa 
vez a corrida só foi até a orla, cerca de 05 km do 5º BPM, retornaram caminhado, 
para tomarem banho e mais uma vez estarem prontos para mais um dia da longa e 
cansativa jornada de trabalho de sete dias, já era segunda-feira, mais três dias e 
todos iriam para casa. 
Em Belém do São Francisco, a rotina também a mesma, todos da 
equipe Foxtrot acordaram cedo, alguns ficaram no alojamento, o Sd Assis resolvera 
se exercitar com uma leve corrida, como a área não oferecia segurança para 
atividade física externa, o mesmo iniciou sua corrida no pátio interno da 1ª CIPM, ao 
findo da mesma foi se preparar para mais um dia, sentia-se bem. 
O comandante da equipe foxtrot chega ao alojamento 
aproximadamente 09 horas e 30 minutos, todos se preparam para sair. Começa 
então o patrulhamento do trecho que liga Cabrobó a Belém do São Francisco, 
quando foram solicitados pelo bloqueio da operação polígono localizado na torre, 
localizada aproximadamente a uns 25 km de Belém, tendo os policiais de serviço no 
Bloqueio as Torre, informado que uma pick-up Strada havia sido tomada de assalto 
nas proximidades do trevo do Ibó. Em total consenso a equipe seguiu ao local e 
através de informações verificou-se que a mesma havia seguido por uma estrada de 
terra que liga o distrito do Ibó a Belém, cruzando as propriedades rurais da família 
Araquan, local conhecido como Ipueiras. Antes do local supracitado cerca de 5 km, 
em uma curva, a equipe foi emboscada de maneira injusta e covarde por dois 
elementos que estavam em uma moto, sendo que o piloto do referido veículo não 
esboçara nenhuma agressão, enquanto que o carona, Cleiton Araquan, agiu de 
forma premeditada, já que sempre dissera que na primeira oportunidade, onde quer 
que encontrasse um policial da CIOSAC, mataria. O mesmo encontrava-se no 
acostamento da estrada sentado na garupa de uma moto com um fuzil, pronto e 
 
 
 
75
apoiado no ombro do piloto, com a frente da moto voltada para a curva e, ao avistar 
a frente da viatura, disparou uma rajada de tiros no pára-brisa, vindo o piloto da 
motocicleta a acelerar em direção da viatura, cruzando ao lado da viatura sem 
interromper a seqüência de tiros, sendo de pronto atingidos o motorista e o 
patrulheiro que estava no banco traseiro esquerdo; enquanto que o policial que 
estava no banco traseiro direito, no momento que estava se preparando para descer 
fora atingido por um dos disparos na cabeça e por outros dois no braço e ombro, 
como a porta já se encontrava aberta ele caíra fora da viatura. Era o Soldado 
Jandilson Alves Pereira de Assis, que sempre havia demonstrado sua coragem em 
outros confrontos. O comandante da equipe saiu da linha de tiro do fuzil do 
elemento, colocando o tronco do corpo pelo vidro da porta da viatura, e abrindo fogo 
por cima do retrovisor da mesma, vindo ainda a atingir o bornal de munições que o 
meliante carregava colado ao corpo situação comprovada pelas munições 
encontradas pelas equipes de apoio no local de embate, que registraram uma marca 
diferente das utilizadas pela polícia militar, bem como, encontravam-se algumas 
amassadas e outras explodidas com espoletas e culotes intactos. 
Neste ínterim, o meliante já passava ao lado da viatura. A ação, devido 
a surpresa e rapidez, não fora totalmente detectada pelos dois componentes que 
estavam nos bancos da carroceria. No início, apenas ouviram os disparos 
seqüencial, depois alguns míseros segundos de silêncio, seguido novamente por 
outra seqüência de disparos já atingindo a lateral da viatura, onde os dois se 
abaixaram. Após novamente uma breve pausa, o Sd José Carlos da Silva, 
aproveitando-se disso e já se recuperando, ia descer, quando resolveu se posicionar 
para efetuar seus disparos como reação, quando Cleiton que já iniciava seu 
percurso pela parte traseira, começa mais uma seqüência de tiros, vindo a atingir o 
Sd Carlos no abdômen, o qual, devido o impacto, caiu por cima do Sd Andrade que 
estava logo em sua retaguarda, com isso ficou impossibilitado de reagir. O agressor 
ficou encoberto pela curva, evadindo-se do local. Segundo a Assessoria de 
Comunicação da PMPE, em matéria divulgada no Diário de Pernambuco: 
A Assessoria de Comunicação da Polícia Militar explica a suspeita de ter 
ocorrido uma emboscada por conta do trabalho desenvolvido pelo CIOSAC 
na região do Polígono da Maconha, principalmente no combate ao tráfico 
de drogas e assaltos a coletivos de caminhões de carga. Depois do 
ocorrido, o 2º Comando do Interior da Polícia Militar montou uma ação, 
juntamente com a CIOSAC, para tentar localizar e prender os assassinos 
 
 
76
do soldado Assis. Cerca de 100 homens e dez viaturas foram mobilizados 
na operação, que está fazendo uma varredura nas áreas de caatinga, entre 
a divisa dos estados de Pernambuco e Bahia, onde podem estar 
escondidos os acusados. O corpo do soldado Assis será sepultado hoje 
pela manhã, no município de Arcoverde, também no Sertão. 
(DP, 27AGO02) 
Acabava, assim, a tranqüilidade daqueles dias. Após o imenso susto 
inicial, restava agora a captura do agressor, que havia colocado em prática todas as 
suas promessas de se vingar matando um policial da CIOSAC. Como a equipe se 
encontrava com apenas seis componentes, sendo três feridos e um tombado, ficou 
impossibilitado assim a perseguição imediata. 
Em Petrolina, tudo ainda estava tranqüilo; no entanto,aproximadamente às 10:30 horas, o Ten PM Reginaldo liga para o celular do 
comandante da equipe Delta, procurando saber sua localização, e é informado que 
toda a equipe está na sede do 5º BPM, o qual recebe a determinação para se 
deslocar com urgência para Belém, pois acabara de receber uma ligação informando 
que Cleiton Araquan havia emboscado uma equipe e que o saldo era de três mortes 
e só sabia informar que uma das mortes era do Comandante da equipe. Incontinenti, 
mesmo atônitos, ainda sem acreditar nas informações, todos colocaram 
urgentemente suas bagagens e iniciaram o deslocamento, todos que se 
encontravam de prontidão na folga, foram acionados32. 
A equipe Delta já estava chegando em Cabrobó, quando o 
comandante retornou a ligação para o Ten Reginaldo, querendo saber o local de 
encontro, o qual informou que todos estavam em Cabrobó. Na sede da 2ª CIPM, já 
se encontravam os policiais da equipe Foxtrot, com exceção do Sd Carlos e Sd 
Gomes, que haviam sido removidos para Petrolina devido a gravidade dos 
ferimentos e o Sd Assis, que estava no Hospital Regional de Cabrobó, não havia 
resistido aos ferimentos. 
Como todas as outras equipes estavam lançadas no terreno e no 
hospital estava o corpo do Sd Assis sendo visitado por populares da cidade. No 
semblante de alguns notava-se nitidamente um ar satisfatório em ver um Policial 
morto, tendo o comandante da equipe Delta mandado todos se retirarem, pois só 
 
32 Relatórios de atividades - Arquivo CIOSAC 
 
 
77
ficariam ali policiais e funcionários do nosocômio , logo após fora fechadas as 
portas. 
Começa agora um grande dilema: o que dizer aos seus familiares que 
o Sd Assis não mas retornaria ao lar da forma costumeira. Esta seria a parte mais 
difícil, pois seus familiares, indignados com os acontecimentos, xingavam a todos, 
dizendo que eram os culpados. 
 
1.16 Serrote do Frio 
 
 Em 06 de novembro de 2002, pela primeira vez a CIOSAC iria colocar 
em prática os princípios operacionais das volantes, seria um pequeno contingente 
que iria adentrar na caatinga sem dia certo para retorno. Tinham um objetivo a 
cumprir, que era a captura dos integrantes do bando dos Araquan, liderados por 
Cleiton Araquan. Iniciaram os preparativos, com a compra de mantimentos, cada um 
levaria água e os alimentos que pudessem carregar. No dia 07 pela manhã já 
estavam prontas as onze mochilas dos componentes que iriam para a operação. Dia 
08 já estavam na Fazenda Lobo 10 Policiais Militares, um guia e seu cão, todos a 
mercê da própria sorte. 
 Tudo havia sido motivado em virtude da procura dos integrantes do 
bando Araquan e principalmente por haver a poucos dias ocorrido uma chacina na 
Fazenda Lobo, onde, sob o comando de Luizinho de Nondas, os Araquan fizeram 
refém Dona Deja Meneses e três de seus filhos, iniciando uma sessão de torturas. 
Como havia dois filhos de Dona Deja residindo em Salgueiro, o bando obrigou a 
ligarem para os mesmos informando que a sua genitora estava passando mal, como 
ela era uma pessoa doente, os filhos acreditaram e vieram às pressas para 
Fazenda, encontrando lá o terror. Em mais de 12 horas nas mãos dos agressores, 
foram mortos brutalmente Edvaldo da Silva Menezes, Valdeci da Silva Menezes, 
José Paulo da Silva Menezes, Antonio Marcos da Silva Menezes e Firmino Teles da 
Silva Menezes, só escapando o sexto filho, por morar na Bahia e não ter sido 
contactado. Após esses abusos, permaneceram nas proximidades, se homiziando 
próximo à fazenda. 
 No dia 08 de novembro o sol parecia estar mais intenso, a vegetação 
dificultava a progressão, os avanços eram demorados, haja vista que não poderiam 
 
 
78
utilizar as estradas ou trilhas, para não deixar vestígios da presença de estranhos 
nas redondezas. Após todo o dia de caminhada, a noite chegara, ficava impossível 
continuar caminhando por dentro da caatinga na escuridão, além de ser possível 
uma emboscado ou denunciarem a presença com o menor ruído. Assim, após 
localizar um local aparentemente seguro para um possível confronto, foram formada 
as duplas de sentinelas e os seus respectivos horários, os demais foram repousar. 
 Aos primeiros sinais dos raios solares, todos estavam empenhados na 
caminhada, ainda faltavam quilômetros para o local onde possivelmente os 
meliantes estivessem homiziados. Por volta das 10:00 h, os dois integrantes da 
“volante” que estavam à frente avistaram um açude com sinais da presença de 
pessoas. Ao fazer a progressão até o local foi constatado que na noite anterior 
haviam colocado uma rede de pesca no referido açude, estando a citada rede com 
peixes, assim possivelmente alguém viria buscar. Destarte, foi montado um ponto de 
observação a uns 100 m do paredão do açude onde ficou um Policial, e com mais 
uns 50 metros, ficara o restante do efetivo aguardando. As horas passavam e os 
observadores eram trocados e nada acontecia. 
 Por volta das 15:40 horas, o observador percebe os primeiros sinais da 
aproximação de pessoas, dá o sinal para o restante do efetivo ficar atento. As vozes 
vão ganhando volume, estão se aproximando. Repentinamente, aparecem três 
pessoas no paredão do açude, todos armados com armas longas, um deles desce 
um pouco até próximo à margem; os outros dois permanecem no paredão, sentam-
se e um deles começa a tirar a roupa, parando assim que tira o chapéu e a camisa. 
O que havia descido retorna para junto dos seus companheiros, ficam os três juntos 
e conversando. O local em que estava o observador não foi dado ângulo de tiros. 
Ficam todos observando a paisagem, como se estivessem vendo alguma coisa 
anormal, e realmente tinha, pois, o cachorro que havia sido levado pelo guia estava 
próximo ao observador e estava sendo visto pelo três que estava às margens do 
açude, era estranho. Sem pensar muito, os três começaram a atirar em direção ao 
cão e pularam para o outro lado do paredão; foram revidados os disparos, porém 
ninguém foi atingido. No local ficaram a camisa e o chapéu de um deles. Foram 
iniciadas as buscas, no entanto sem êxito. E como o intuito era surpreendê-los, 
houve o consenso de retornar a base e voltar posteriormente, pois assim eles 
pensariam que não havia ninguém, então foi solicitado o resgate do efetivo. 
 No dia seguinte, 10 de novembro de 2002, todos estavam novamente 
 
 
79
no mesmo local. Iniciaram novamente as caminhadas e por volta das 18:00 horas já 
estavam na casa de Dona Deja Meneses, a qual estava totalmente abandonada. No 
interior da casa, as manchas de sangue por todos os lados denunciavam a violência. 
A poucos metros da casa foi encontrado o local que a volante passaria mais uma 
noite, era uma grande pedra, onde todos foram localizando os seus lugares para 
descanso. A noite transcorreu sem novidades, na maior calmaria. Logo de manhã, 
todos estavam progredindo pela caatinga, quando foram verificadas pegadas de 
pessoas em uma das trilhas existentes, seria a primeira pista a seguir. Por volta das 
09:00 horas já não se conseguia ver os rastros; então procurou-se uma árvore mais 
alta, para com a luneta conseguir visualizar alguma coisa. Após alguns minutos de 
observação, foram avistados cerca de 10 pessoas armadas com armas longas, 
vindo em direção do Serrote do Frio, próximo ao local que estavam os integrantes da 
volante. Os que estavam embaixo da árvore, assim que tiveram a informação com a 
localização, começaram a se deslocar, ficando para trás os dois observadores em 
cima da árvore e mais um dos integrantes que ficara embaixo aguardando. 
 O deslocamento foi feito às pressas ou então eles chegariam primeiro 
ao serrote. A primeira parte da volante logo chegou ao serrote. No entanto, não 
imaginariam que a menos de 100 metros já tinha integrantes do bando. Um deles, 
percebeu a presença de pessoas estranhas, começou a atirar. Incontinenti os outros 
integrantes do bando quevinham em direção ao serrote, começaram a atirar de 
onde estavam. Iniciou-se assim um grande tiroteio, que durou mais de 01 (uma) 
hora. Enquanto os que estavam a distância atiravam em direção ao serrote, sem ao 
menos identificar os alvos, os que estavam no início da subida começaram a 
progredir pela lateral, com o intuito de subirem pelo outro lado e assim tentarem 
surpreender os policiais. Não contavam eles que os três últimos integrantes da 
volante estavam atrasados e por esse motivo ainda estavam um pouco a 
retaguarda. Por essa razão os meliantes foram obrigados a retornar, pois ali estava 
bem guarnecido, mesmo assim ainda ficaram atirando. 
 Diante da situação, foi montada a base de comunicação com a antena 
rural e o celular que estava em poder dos policiais para algum contato de urgência, 
sendo realizada uma chamada telefônica para o comandante da CIOSAC 
informando a situação, o qual já estava em deslocamento para o local, em virtude de 
haver recebido há poucos minutos ligação do comandante da Volante. O 
 
 
80
comandante da CIOSAC orientou que os integrantes da volante não descessem o 
serrote, pois ali estariam abrigados do fogo do inimigo e teriam mais possibilidades 
de ver a chegada do reforço. 
 Os tiros continuavam. Os meliantes além de atirarem, xingavam os 
policiais e mandavam descer para brigarem. Com a chegada das equipes de apoio, 
uma das viaturas passou uma mensagem via rádio para confirmar a localização, 
onde também foi recebida a mensagem pelo bando que possuía rádios de 
comunicação, só então perceberam que quem estava ali era a Polícia e dispersaram 
antes da chegada do restante do efetivo (até o momento pensavam que eram os 
inimigos). 
 Após a chegada de todo o efetivo, foram realizadas buscas no local, 
não encontrando mais ninguém, apenas os sinais do intenso tiroteio, inúmeras 
cápsulas de todos os calibres. 
 Um dos protagonistas do tiroteio era Luizinho de Nondas, o qual 
imaginava que eram integrantes da família rival que estavam no Serrote do Frio a 
sua procura, pois dias antes havia recebido um recado de um inimigo que mandava 
dizer que havia comprado uma metralhadora e 50 balas para “enfiar nele”, tendo 
Luizinho retornado o recado dizendo que estava preparado com um fuzil e 500 
cartuchos. 
 Assim, no dia 12 de novembro, todos já estavam de volta e infelizmente 
não haviam conseguido prender nenhum integrante do bando. O guia que havia 
andado todos os dias com os policiais no intuito de localizar os assassinos dos 
irmãos Meneses, os quais ainda eram seus parentes, retornou para casa. 
 Um mês depois, em dezembro de 2002, os policiais que se 
encontravam em Belém do São Francisco recebem uma solicitação urgente, cuja 
solicitante dizia que algumas pessoas haviam invadido a residência da sua irmã e 
assassinado seu cunhado. Quando os Policiais chegaram ao local se depararam 
com um triste quadro: estavam mortos Walter Granja e sua esposa, a qual se 
encontrava na cama com sua filha de dois anos por baixo do seu corpo. Quando um 
dos policiais a afastou e retirou a criança, perceberam que não sofrera nenhuma 
arranhão, só estava cheia de sangue e da massa encefálica de sua genitora. 
Escaparam da morte as duas filhas de Walter e sua cunhada. Parece que havia sido 
um acordo do sogro de Walter com os Araquan, para que suas netas e a outra sua 
filha nada sofresse. Não se sabe se por medo, por não gostar do genro ou 
 
 
81
simplesmente cumplicidade. 
 
1.17 Chico Benvindo: seu último combate 
 
 A cidade de Belém do São Francisco sempre viveu às voltas com as 
conseqüências das ações criminosas dos bandos de Chico Benvindo (Francisco 
José da Cruz) e Cleiton Araquan (Jucicleidio Nascimento), que, para custearem a 
briga entre as famílias, cometem toda sorte de crimes desde plantio e tráfico de 
droga, a pistolagem, assaltos a bancos, a caminhões de carga e autopasseio nas 
estradas, muitas ações com requintes de crueldades diversas. Mas parecia que tudo 
estava caminhando ao final. 
 Em 04 de abril de 2003 inicia-se o cerco a Chico Benvindo. Com base 
em dados de informantes do Serviço de Inteligência do CPA/I-2 e do Serviço de 
Inteligência do DPF/Salgueiro, descobre-se que Chico Benvindo estaria saindo de 
seu reduto, provavelmente Ilha da Missão ou Ilha Grande, para seqüestrar o Sr. 
Pedro Domingos Cavalcante que seria entregue para os familiares do marginal Coca 
que queria se vingar de um possível homicídio praticado por Pedro Domingos. 
 A coordenação da operação ficaria a cargo do Chefe do EM\CPA/I-2 
que reúne os dados disponíveis sobre o provável local onde o Sr. Pedro Domingos 
Cavalcante poderia estar e através do Serviço de Inteligência do CPA/I-2 inicia a 
busca para localizar antecipadamente a provável vítima de Chico Benvindo. A 
coordenação da operação recebe da 2ª Seção do CPA/I-2, às 13:20 horas, a 
informação de que a Polícia Federal havia repassado que Chico Benvindo já havia 
seqüestrado o Sr. Pedro Domingo Cavalcanti. A mesma mantém contato com o 
Comandante da Operação Reflorestar às 13:40 horas e pede para que seja 
deslocado o Oficial de Operações até a área do matadouro público de Floresta e que 
fossem contactados os parentes do Pedro Domingo Cavalcanti para que 
informassem onde o mesmo estava escondido, pois Chico Benvindo iria matá-lo, 
porém o mesmo não foi encontrado. A 2ª Seção do CPA/I-2 entra em contato com o 
Chefe do Serviço de Inteligência da 1ª CIPM, após receber o levantamento das 
prováveis vias de deslocamento de Chico Benvindo. Tendo o Chefe do Serviço de 
Inteligência determinado que se fizesse deslocamento para levantamento na estrada 
da Fazenda Fortaleza, próximo da localidade Puarema. 
 
 
82
 Aproximadamente às 15:40 horas ocorre próximo à entrada de Riacho 
Pequeno um assalto com roubo de uma Fiorino, tendo o Serviço de Inteligência da 
Polícia Federal informado para o comando da operação que os assaltantes eram do 
bando de Chico Benvindo. De imediato o chefe de busca do Serviço de Inteligência 
do CPA/I-2 fornece a provável rota de fuga de Chico Benvindo o que é repassado 
para o Chefe do Serviço de Inteligência da 1ª CIPM e sua equipe. Por volta das 
16:10 horas ocorre o primeiro confronto do Ten Vieira com o bando de Chico 
Benvindo. Havendo reação por parte do bando e troca de tiros entre a PM e Chico 
Benvindo, os meliantes abandonam a Fiorino e se embrenham na caatinga. Ten 
Vieira recupera a Fiorino e a conduz a Belém do São Francisco. Duas horas depois 
o Serviço de Inteligência da Polícia Federal informa ao Coordenador da Operação 
que Chico Benvindo se encontrava na Fiorino no momento da troca de tiros com a 
equipe do Ten Vieira e que havia sido alvejado no rosto e no braço. 
 Começa assim a participação da CIOSAC, quando se deslocam duas 
equipes da CIOSAC/Sertão, equipes do Ten Washington e Ten Márcio Mendes, para 
apoiarem as diligências, visando o cerco e captura de Chico Benvindo no continente 
(Área de Riacho Pequeno e Fazenda Fortaleza). Aproximadamente às 19:00h a 
coordenação da operação analisa os dados existentes e recebe do Serviço de 
Inteligência do CPA/I-2 dados dos informantes que levam a acreditar que Chico 
Benvindo ficaria no continente, isto é, na região da Fazenda Fortaleza. A 
coordenação resolve montar o cerco na área da Fazenda Fortaleza e determina para 
efetivos da Operação Reflorestar se posicionarem nos acessos da BR 316 das 
localidades Alto de Terra, Bom Viver, Fazenda Salvador e a entrada da Manga de 
Baixo, visando evitar que Chico Benvindo retornasse às ilhas. Às 21:00h a 
coordenação da operação faz ofício ao Comandante 14º BPM, solicitando hipoteca 
da equipe de inteligência daquela OME e determina ao Serviço de Inteligência do 
CPA/I-2 que prepare uma equipe do pessoal da inteligência com qualidades de 
mateiro para seguir os rastros do bando de Chico Benvindo assim que amanhecesse 
o dia. Tendo em vista o vislumbramentode que a Operação se estenderia por toda 
sexta-feira, foram acionadas as outras duas equipes da CIOSAC que se 
encontravam de serviço, as quais se deslocaram de imediato a Belém do São 
Francisco. 
 Às 02:55 horas do dia 05/04/03 é informado pelo Serviço de 
Inteligência do CPA/I-2 que recebera do DPF/Salgueiro os dados de que Chico 
 
 
83
Benvindo conseguira furar o cerco e estava à beira do rio no Porto de Chico da 
Velha Socorro negociando um barco para ir para Ilha Grande. Em razão dos 
informes recebidos fora decidido mudar a estratégia de combate, sendo determinado 
às equipes da CIOSAC/Sertão comandadas pelo Ten Washington e a equipe do Sgt 
Benício que ocupassem a Ilha da Missão de Baixo, antes da chegada de Chico 
Benvindo. Às 10:00 horas, em razão de novos informes, manda o efetivo policial 
abordar as duas casas de Chico Benvindo. Aproximadamente às 12:00 horas é 
montada a estratégia de chamar a atenção de Chico Benvindo fazendo-se uma 
fogueira próximo a sua casa e logo em seguida retrair as equipes do Ten Vieira e do 
Ten Figueiredo, ficando camuflado três equipes da CIOSAC. Na Ilha da Missão de 
Baixo, às 16:20 horas a Coordenação da Operação recebe a informação do 
DPF/Salgueiro de que Chico Benvindo fora avisado de que a CIOSAC estivera em 
sua casa e que havia fumaça por perto, ficando o mesmo muito irritado, o qual 
perguntava pela polícia, sendo informado de que os policiais tinham ido embora. 
 Aproximadamente às 16:30 horas as equipes do Ten Washington e Sgt 
Benício receberam determinação do Comando da Operação para que se 
abrigassem e aproximassem da casa de Chico Benvindo na Ilha da Missão de 
Baixo, aonde aproximadamente às 17:00 horas quatro elementos chegaram até a 
residência, portando armas longas e curtas, usando vestimentas e apetrechos 
militares. Ao perceberem a presença dos componentes da CIOSAC/Sertão, 
efetuaram vários disparos contra os policiais, que prontamente revidaram, ficando 
feridos gravemente os elementos Chico Benvindo e Trigueiro. De imediato foi 
solicitado apoio para o resgate dos feridos para o Hospital de Belém do São 
Francisco, sendo providenciado macas para remoção dos feridos, os quais não 
resistiram aos ferimentos. Mas dois dos quatro elementos conseguiram fugir, os 
quais portavam armas longas que provavelmente poderiam ser Fuzis da Marca 
RUGGER. O Diário de pernambuco, assim se refere aos fatos: 
Um dos bandidos mais procurados pela Polícia do Estado, Francisco José 
da Cruz, o Chico Benvindo, foi morto ontem à tarde num tiroteio com 
policiais militares, na ilha da Missão de Baixo, em Belém do São Francisco. 
Chico, que utilizava o local como esconderijo, foi surpreendido pelos 
policiais do Serviço de Inteligência da Companhia de Belém do São 
Francisco e da Companhia Independente de Operações de Sobrevivência 
em Área da Caatinga (CIOSAC), quando chegava com outros cinco 
homens. (DP, 05 de abril de 2003) 
 
 
84
 Com Chico, foram apreendidas duas pistolas, uma metralhadora Mini-
Rugger e um fuzil Fal, de propriedade da PM, o qual foi conseguido pelo foragido 
depois de assassinar o Sd PM Luciano em 1997. Chico Benvindo tinha nove 
mandados de prisão decretados por homicídio, tráfico de drogas e roubo cometidos 
no submédio do rio São Francisco. Ele era um dos principais personagens ainda 
existentes nas brigas entre as famílias Benvindo e Araquan. Ainda, segundo o jornal: 
Ao saber da morte de Chico Benvindo, a mesma pessoa, que ficou 
claramente descontrolada, afirmou: “Morreu o defensor de Belém do São 
Francisco”. Perguntada sobre isso, ela afirmou: “ele nos defendia das 
agressões da outra família, agora, quem vai nos defender? Quem tem 
dinheiro vai sair da cidade. Quem não tem? Que vai fazer?”. 
(DP, 05 de abril de 2003) 
 São situações nas quais se dá um pacto de sobrevivência, nas quais 
as ações criminosas têm um limite e uma ação de “proteção” para a garantia de 
território. A proteção é defesa de um meio ambiente que não é hostil à facção e que 
assegura um controle territorial que impede o avanço do grupo contendor. Porém, as 
ações criminosas atendem não a uma lógica da defesa da comunidade, mas a uma 
lógica da pilhagem. 
 A notícia da morte de Chico repercutiu rapidamente no município. 
Centenas de pessoas foram para o local conhecido como balneário da cidade, por 
onde o corpo de Chico chegaria de barco. 
 Dos outros fugitivos do local do combate. Três dias depois, foi 
localizado o esconderijo de um dos membros da quadrilha de Chico Benvindo que 
fugira durante o tiroteio da ilha das Missões de Baixo. Foi identificado o local e, com 
apoio da equipe do Ten Washington, foi preso o indivíduo Luiz Alves de Lima Filho, 
58 anos, vulgo “João”, residente na Rua “02” COHAB – Serra Talhada-PE, mesma 
rua da sede do 14º BPM. Com total descaso pela presença dos policiais de serviço e 
sentindo-se totalmente seguro estava o mesmo a alguns metros do portão principal 
da unidade. 
 
1.18 A morte de Cleiton: um fim esperado 
 
 Após levantamentos feitos pelas 2ª seções do CPA-I/2, 14º BPM e 
Polícia Federal, acerca do possível assalto à agência bancária do Banco do Brasil 
 
 
85
da cidade de Pilão Arcado-BA, que seria praticado pelo bando “Araquan”, no 
decorrer da última semana de setembro de 2003, uma equipe mista das 2ª seções 
do CPA-I/2 e 14º BPM, acompanhada de 25 (vinte e cinco) policiais federais, além 
do apoio de um helicóptero, coordenados pelo Delegado do DPF de Juazeiro-BA, 
Dr. Alessandro Souza, deslocou-se à cidade mencionada com relativa antecedência, 
instalando na cidade, no domingo à noite, duas bases sigilosas, uma na zona urbana 
e outra na zona rural, distante 15 km da cidade. As bases de apoio foram 
conseguidas pela PF e consistiam em uma casa próxima à única agência bancária 
da cidade, onde foram abrigados 12 policiais, enquanto a outra parte ficou em uma 
fazenda às margens do lago Sobradinho, a qual servia de base, também, para o 
helicóptero. 
 Sendo o bando que praticaria o assalto liderado por Jucicleidio 
Nascimento dos Santos33, “Cleiton Araquan”, detentor de um triste recorde, o de ter 
vitimado, até então, dezessete policiais (13 da PMPE, sendo 05 vítimas fatais, 01 da 
PMBA, vítima fatal, 02 da PF e 01 da PRF), além do fato de se tratar de uma grande 
quadrilha, com atuação em todo o nordeste, bem como em alguns estados do norte, 
e que usava armamento de guerra e táticas de guerrilhas, a soma desses fatores 
levou órgãos e instituições distintas, tais como exigia o caso, a se integrarem e se 
unirem em torno de um objetivo comum, resultando nos levantamentos que 
orientaram a caça a quadrilha. 
 Os levantamentos finais, em torno do bando, começaram no mês de 
agosto, quando policiais militares descobriram que Valter Pereira Soares (Valtinho 
Araquan) havia adquirido três telefones celulares na cidade de Belém do São 
Francisco. Imediatamente, a 2ª seção do CPA/I-2 repassou os números dos 
celulares para o núcleo de análises do DPF de Salgueiro para os devidos 
monitoramentos. Diariamente, agentes da ASRI epigrafada participavam das 
análises dos diálogos feitos através dos referidos celulares. Quando o bando iniciou 
as articulações para assaltar o banco de Pilão Arcado-BA, o fez contactando um 
membro da quadrilha chamado “Gordo”, o qual usava um telefone fixo de 
Sobradinho-BA. Incontinenti o N.A./Salgueiro solicita que o N.A/Juazeiro faça o 
monitoramento de Gordo. Iniciada toda essa fase, o N.A. de Juazeiro repassou à 
SOP/PMPE o nome do dono do telefone fixo de Sobradinho, tratava-se de José 
 
33 Ver foto 01 (anexos) 
 
 
86
André Barbosa dos Santos. Esta ASRI logo descobre que trata-se de “Zé André dos 
Pombos”, tio bastardo de Cleiton Araquan e pai de Francisco José dos Santos, vulgo 
Gordo de Zé André ou simplesmente “Gordo”. Paralelamente, a quadrilha fazia 
contato com um integrante denominado“VIVI ou DAVI”, em Brasília, o qual estava 
encarregado de adquirir mais 03 fuzis para o bando. 
 Reunidas toas as informações, descobriu-se que o bando faria o 
assalto na última semana de setembro, quando a agência do BB de Pilão Arcado 
fosse abastecida pelo carro-forte, restando dúvidas se fariam o assalto à agência ou 
ao carro-forte, ainda na estrada que liga Pilão Arcado à Remanso-BA. Findos as 
análises, no domingo (21set03) as equipes se deslocaram à cidade alvo e ficaram 
esperando os acontecimentos, ficando os doze policiais na casa próximo à agência, 
sem a população perceber, enquanto o restante permaneceria nas proximidades em 
uma fazenda, e uma equipe da Companhia de Policiamento em Área de Caatinga 
(CPAC/PMBA) ficou em uma outra localidade, também nas proximidades da cidade, 
para um possível emprego. 
 Durante o expediente bancário, as equipes se deslocavam para 
próximo da cidade, onde ficavam em meio à caatinga, prontas para um 
deslocamento rápido à rodovia para montagem de uma barreira. Isso ocorreria 
quando recebessem o sinal de reconhecimento dos dois agentes posicionados à 
frente, a uma distância de 20 km do local da barreira, no único ponto que tinha um 
orelhão, entre as cidades de Pilão Arcado e Remanso. Dessa forma, quando os 
agentes visualizassem os membros da quadrilha, ligariam para a casa (servindo de 
base em Pilão Arcado) e esta transmitiria a mensagem via rádio para a equipe 
localizada próximo à rodovia, para que montassem a barreira evitando, assim, a 
entrada do bando na área urbana. 
 Nos dias 22, 23 e 24 a rotina seguiu-se inalterada. No entanto, na 
Quinta feira, dia 25, quando um agente da ASRI e outro da Polícia Federal 
chegavam ao ponto de observação, próximo ao orelhão da localidade do Tabuleiro, 
por volta das 07:00 horas, avistaram um dos membros da quadrilha, Orlando Freire 
da Silva, vulgo Orlandinho de Betânia, no referido telefone público. Os policiais 
seguiram em frente para que o membro da quadrilha não os reconhecesse, uma vez 
que o agente da ASRI já havia anteriormente prendido Orlandinho. Por volta das 
08:30 horas, os agentes retornam ao ponto, mas o ex-presidiário continuava lá. Às 
10:30 horas, os agentes passaram outra vez e o quadro continuava inalterado, 
 
 
87
obrigando, assim, os policiais a tomarem outra atitude, em virtude de que tudo 
levava a crer que o assalto ocorreria naquele dia. 
 Sem opção os agentes encarregados do reconhecimento foram 
obrigados a deslocarem-se para próximo de onde seria montada a barreira, a uma 
distância em que se pudesse comunicar via rádio, o que só foi possível a uma 
distância de aproximadamente 08 km. 
 Por volta das 11:40 horas, passaram no ponto de observação quatro 
integrantes da quadrilha, em uma F-4000 de cor vermelha, placa JMH 9863, que 
havia sido roubada na noite anterior, entre Remanso e Casa Nova, sendo Valter 
Pereira Soares e Orlando Freire da Silva reconhecidos pelos agentes, que de 
imediato passaram, via rádio, a informação para o pessoal que faria a barreira. 
 No entanto não foi possível ativar a barreira, haja vista que a distância 
entre o ponto de observação e o local onde seria montada a barreira tinha apenas 
08 km, distância que um carro, sem estar em alta velocidade, percorreria em apenas 
quatro minutos. Bem como pela análise de que apenas quatro homens não 
assaltariam um banco. Entretanto, cerca de três minutos após a F-4000 passar no 
ponto de observação, passou um gol cinza, placa JLH 8180, vidros fumê, com 
quatro elementos, os quais não foram reconhecidos. Passada essa nova informação 
para o ponto de barreira, já era tarde para interceptar o primeiro veículo. Restava 
então alertar o pessoal que se encontrava na base de Pilão Arcado. 
 A quadrilha entrou na cidade em forma de comboio, com o gol 
seguindo a F-4000, e já atirando. De imediato, os policiais que estavam na casa 
saíram em combate, fechando as duas ruas de acesso ao banco, a lateral e a 
frontal, enquanto o pessoal que estava próximo à rodovia, para formar a barreira, 
chegou pela retaguarda, cercando assim a quadrilha. Enquanto isso, os dois 
agentes que estavam de observadores, retornavam até a entrada da Fazenda em 
que estava o helicóptero, tentando contato via rádio. Ao conseguir contato retornam 
para a cidade. 
 Os assaltantes, como de costume, invadiram o estabelecimento 
bancário e destruíram a tiros a porta giratória e a vidraça anexa. Em ato contínuo as 
equipes de terra e o helicóptero foram acionadas para reprimirem o assalto, sendo 
os policiais que estavam na cidade e as equipes que chegaram ao local recebidos à 
bala e de logo foram atingidos os Agentes Adilton Aziz, Orlando Tolentino e 
Henrique Terêncio. O primeiro fazia parte do grupo que estava na cidade e os outros 
 
 
88
dois chegaram em uma caminhonete S-10, conduzida pelo Delegado Alessandro 
Matos. O Automóvel recebeu mais de quarenta impactos de balas. 
 Os agentes atingidos ficaram estendidos na Avenida Rodolfo Queiroz, 
sem proteção, com os assaltantes fazendo disparos contra eles ainda caídos ao 
chão, obrigando aos demais policiais a revidarem para possibilitar a retirada dos 
companheiros feridos. 
 Nessa batalha, chega ao palco da operação o helicóptero de prefixo 
caçador 06, que faz uma primeira aproximação da área para reconhecimento, em 
seguida, quando realizava o segundo sobrevôo, o líder dos assaltantes determinou 
que concentrassem o fogo contra a aeronave, vindo em conseqüência um dos 
disparos atingir o operador de vôo, Agente de Polícia Federal Klaus Henrique 
Teixeira de Andrade, na face, causando-lhe a morte imediata por traumatismo da 
medula cervical, trauma este decorrente do fortíssimo impacto causado pelo projétil 
que o atingira. 
 Apenas com o revide dos policiais que estabeleceram um precário 
cerco a área da agência e com o sobrevôo do helicóptero foi possível retirar os três 
agentes feridos para prestar-lhes socorro. 
 Os assaltantes utilizando reféns como escudo, por vezes apoiando os 
fuzis sobre seus ombros para efetuarem os disparos, continuaram atirando 
indiscriminadamente contra os policiais, até que um grupo deles conduzindo quatro 
reféns fugiu a bordo de um caminhão F-4000, deixando o local efetuando disparos a 
ermo. Os policiais reagiram, mesmo assim os bandidos conseguiram passar levando 
vários malotes bancários, os quais continham R$ 322.000,00 (trezentos e vinte e 
dois mil reais). Cessado o tiroteio, as equipes policiais, com toda a cautela, 
aproximaram-se da agência e do bar situado ao lado, onde alguns marginais haviam 
se entrincheirado. 
 Nas imediações da agência foi encontrado morto o pedreiro Pedro 
Antunes Santos, o qual estava prestando serviço à Agencia, quando foi atingido no 
rosto por um projétil de arma de fogo. 
 Da parte do bando que se enclausurou no bar vizinho à agência 
bancária, ao final dessa parte do tiroteio, teve-se um saldo de dois assaltantes 
mortos, Jucicleidio Nascimento dos Santos, que tinha em seu desfavor 07 (sete) 
mandados de Prisão Preventiva, expedidos pelas comarcas de Belém do São 
Francisco em 29/08/93, 09/11/94, 25/10/00 e 09/09/03, Abaré em 24/08/99, e que 
 
 
89
tinha fugido do presídio de Salgueiro em 08/05/2003. A notícia de sua morte chegou 
a sede da Companhia de Operações e Sobrevivência na Caatinga, 
aproximadamente às 12:15 horas, através do Ten PM Subcomandante do 
CPAC/BA, o qual informava que não tinha absoluta certeza, porém tudo indicava 
que um dos assaltantes morto em Pilão Arcado seria mesmo o tão procurado Cleiton 
Araquan34, ao mesmo tempo em que solicita reforços para a área, em virtude de 
vários assaltantes haverem fugido do local., Começa então os preparativos para o 
envio de equipes da CIOSAC. O outro assaltante morto foi Valter Pereira Soares35 
(Valtinho Araquan ou Tampinha), que também era foragido do Presídio de Salgueiro 
na mesma data, mas que posteriormente adquiriu umsalvo conduto. Segundo 
depoimentos de testemunhas, que se encontravam como refém, o mesmo, ao ver 
Cleiton Araquan baleado, ficou totalmente transtornado, por alguns momentos ficou 
segurando a cabeça de Cleiton, pegando depois uma pistola na cintura, indo se 
encostar em uma das paredes do bar, apontando a arma para sua própria cabeça e 
puxando o gatilho, vindo a falecer em conseqüência do disparo efetuado em sua 
cabeça, estava Valter, protegido por um colete da polícia Militar de Pernambuco, o 
qual tinha sido subtraído na fuga dos Araquan do presídio de Salgueiro-PE. Com os 
dois assaltantes foram apreendidos 01 fuzil AZ 47, calilbre 7,62 X 39, nº 14032175, 
com 07(sete) carregadores e 147 (cento e quarenta e sete) munições intactas do 
mesmo calibre, 01 fuzil Fal, de fabricação Belga, nº K 557009, 01 pistola Taurus 
calibre .40, inox nº SOJ 43375, 01 pistola Taurus, calibre 380, mod. 938, nº KSH 
05260, 55 (cinqüenta e cinco) munições calibre .40 e 14 (quartoze) munições calibre 
380. 
 Após o término do tiroteio na zona urbana, parte das equipes saiu em 
perseguição aos outros seis elementos, que fugiram na F-4000 na direção de 
Campo Alegre de Lourdes-BA. Cerca de 15 km à frente, foi encontrado o referido 
veículo abandonado, com os bancos e carroceria sujos de Sangue, além de três HT 
e um malote bancário, contendo R$ 28.000,00. Feita a apreensão, seguiram em 
perseguição ao bando, a pé pela caatinga, equipe composta por policiais federais, 
PMBA e PMPE. Persistindo em rastrear o bando, logo à frente encontraram um 
colete balístico, com a capa similar às usadas na PMBA. Cerca de 05 km depois, 
foram localizados três reféns, Renilton Gomes Ferreira, Zildemar Alves Ferreira e 
 
34 Ver foto 09 (anexos) 
35 Ver foto 10 (anexos) 
 
 
90
José Walter de Albuquerque, os quais informaram que o quarto refém havia sido 
libertado ainda na saída da cidade, estando os dois vigilantes feridos com tiros no 
calcanhar direito e o outro, José Walter de Albuquerque, com um ferimento no braço 
esquerdo. As equipes seguiram em perseguição até o cair da noite, mas não 
alcançaram os bandidos. Com a escuridão, as buscas foram suspensas e as 
equipes se deslocaram em viaturas 20 km mais adiante, onde fizeram uma barreira 
por toda a noite. O Jornal Tribuna do Norte assim reporta o fato: 
Policiais tentam localizar uma quadrilha que assaltou anteontem a agência 
do Banco do Brasil na cidade de Pilão Arcado (BA). Quatro pessoas 
morreram durante o roubo. De acordo com a Polícia Federal, a quadrilha 
estaria em um morro na caatinga, perto de Pilão Arcado. No entanto, ainda 
não há confirmação sobre presos. Segundo a PF, os assaltantes fariam 
parte da família Araquan, uma suposta quadrilha que atua na região do 
Vale do São Francisco, principalmente nos Estados da Bahia e 
Pernambuco, e é acusada de assalto, tráfico de armas e de comandar o 
tráfico de maconha na região. 
(Jornal Tribuna do Norte, 27SET03) 
 Ao amanhecer, as equipes retornaram ao local em que haviam parado 
o rastreamento e prosseguiram a pé, em meio à caatinga, seguindo os rastros dos 
meliantes, que seguiam em direção do lago Sobradinho. Por volta das 12:00 horas 
da sexta feira, 26set03, as equipes policiais que seguiam em perseguição ao bando 
o alcançaram na subida do morro do Sarango, também conhecido por Serra das 
Torres, travando imenso tiroteio. Em poucos instantes, chegaram em apoio dois 
helicópteros da PF, intensificando ainda mais o combate, sendo inclusive um dos 
helicópteros atingido. Com a chegada das aeronaves a quadrilha se dispersou, 
descendo o morro do Sarango, onde entrou em combate com o segundo helicóptero. 
Usando táticas de guerrilha, enquanto uma parte do bando atirava na aeronave, a 
restante corria. Ao se abrigarem, invertiam os papéis, atiravam, enquanto os outros 
fugiam, e assim continuavam. Incontinenti, as equipes em terra seguiram morro 
acima e se depararam com um dos membros da quadrilha, o qual, mesmo ferido, 
estava armado com um fuzil XM 15 Colt nº CLH 002735, calibre 7,62 X 39, 02 
pistolas, sendo uma Taurus, calibre .40, carga da PMAP, com numeração raspada e 
outra Taurus calibre 380 com a numeração ilegível, 01 revólver Taurus, inoxidado, 
capacidade para oito tiros, nº RI 550005, além de uma granada. O marginal havia 
ficado guardando seis malotes bancários contendo R$ 277.953,35 (duzentos e 
 
 
91
setenta e sete mil novecentos e cinqüenta e três reais e trinta e cinco centavos). 
Ofereceu forte resistência, vindo posteriormente a tombar, tendo sido identificado 
depois, como Antônio Alves de Souza Júnior, 38 anos, vulgo “Folha”, natural de 
Belém do São Francisco, de onde saiu em 1989, após Ter participado da morte do 
Sd PM Moacir/8º BPM, que foi assassinado dentro do mercado público de Belém. 
Atualmente estava morando em Sobradinho-BA. 
 Tendo as equipes sido empenhadas em conduzir “Folha” ao hospital 
local, bem como fazer a entrega do material apreendido e ainda o fato de um 
helicóptero ter sido atingido e o outro ter parado para abastecimento, o restante da 
quadrilha conseguiu se distanciar. No dia seguinte, Sábado, retornaram os rastros a 
partir do local do confronto onde tombara “Folha”. Os rastros seguiam em direção ao 
lago Sobradinho. No caminho foi encontrado um carregador de fuzil AK 47, algumas 
munições calibre 5,56, seringas injetáveis e dois gorros modelo “balaclava”. Os 
rastros seguiram até as margens do lago, onde foi localizado um barqueiro que foi 
forçado pela quadrilha a levá-los até o porto de Remanso Velho, onde roubaram um 
outro barco e seguiram em direção a cidade de Sento Sé-BA. No entanto apenas 
quatro elementos, segundo o barqueiro, seguiram até o primeiro ponto e apenas três 
desses seguiram para o segundo ponto. O que dava sinais que mais um meliante 
havia tombado na caatinga. No meio da tarde do Sábado (27set03) as equipes que 
seguiam os meliantes e oito agentes da Polícia Federal são levados de avião para 
Sento Sé-BA, haja vista a travessia de barco ser muito longa, de quase seis horas. A 
essa altura já havia nas operações de captura dos assaltantes policiais da CIOSAC, 
COT/PF e demais DPF dos Estados. 
 Chegando ao destino, no meio da noite do Sábado, foram montadas 
duas barreiras, nas estradas que ligam Sento-Sé a Sobradinho e a Xique-Xique. 
Tais barreiras foram montadas inicialmente pelas equipes que vieram de avião, até a 
chegada de reforços para substituí-las. Na manhã seguinte, foram iniciadas as 
buscas daquele lado do lago. Inicialmente, já com o restante do bando identificado, 
sabia-se que os três que haviam atravessado o lago eram Francisco José dos 
Santos, vulgo Gordo, primo em primeiro grau de Cleiton Araquan, Teogino 
Uberlândio de Sá, vulgo Teógenes Araquan, e Eronildes Torres Cavalcante, vulgo 
Eronildes Araquan. As buscas começaram pela vila de Aldeia, onde se descobriu 
que “Gordo” tinha uma amante, bem como se confirmou que foi naquela localidade 
que atracaram o barco roubado em Remanso Velho. Porém por se tratar de uma 
 
 
92
localidade de terreno duro, difícil de rastrear, nesse dia as buscas não tiveram êxito. 
No dia seguinte, segunda feira, as equipes empenhadas, bem como todo o efetivo 
envolvido na operação, que já se encontrava bastante reforçada, com efetivo da PF 
de vários estados, duas equipes da CIOSAC, seis da CPAC e várias equipes das 
unidades de área da PMBA, totalizando aproximadamente 150 (cento e cinqüenta) 
homens, retornam para a Vila de Aldeia, para fazer buscas, casa a casa. 
 No decorrer das buscas, receberam um informe, através de um 
telefonema, avisando que os assaltantes estariam na casa de José Gentil, dentro da 
zona urbana da cidade. Imediatamente foram deslocadas para a cidade as equipes 
da 2ª seção, uma da CPAC e quatro agentes da PF, a fim de descobrir a localização 
exata da residência e averiguar a veracidade do informe.Por volta das 15:30 horas, 
foi localizada a residência e comprovado que os meliantes estavam ali escondidos. 
Durante o cerco houve intenso tiroteio. Apesar dos meliantes estarem apenas de 
armas curtas, ofereceram forte resistência. Foram mortos na troca de tiros, 
Francisco José dos Santos36, vulgo Gordo. Teogino Uberlândio de Sá37, que tinha 
contra si 02 Mandados de Prisão, expedidos pelas Comarcas de Petrolina em 
13/10/03 e São Luiz-MA, em 25/02/03 e Eronildes Torres Araquan38, que havia 
fugido da Casa de Detenção de Teresina-PI, no dia 05/05/00, onde cumpria pena 
por assalto. Com os três foram apreendidos 03 (três) revólveres Taurus calibre .38, 
de números 250633, 445160 e o último com a numeração raspada, além de várias 
cápsulas e munições. 
 No dia seguinte, terça feira, a base foi montada em Remanso, 
objetivando a captura do último integrante do bando, David Braga de Oliveira Filho, 
vulgo “Vivi ou Davi”, que teria seguido naquela direção. Durante todo o dia foram 
feitas buscas e levantamentos, mas só na noite do dia seguinte, por volta das 23:00h 
a operação logrou êxito, ao localizar e prender o acusado, que já estava no estado 
do Piauí, no distrito de Santa Tereza, município de Dom Inocêncio. “Davi” foi 
conduzido a DPF/Juazeiro, onde confirmou que o grupo era formado por oito 
marginais, estando sete deles armados de fuzil e que havia se separado do bando 
em Remanso Velho, quando “Folha” e “Orlandinho” já haviam ficado para trás. De 
posse de tais informações, policiais retornaram ao morro do Sarango, de helicóptero, 
 
36 Ver foto 11 (anexos) 
37 Ver foto 12 (anexos) 
38 Ver foto 13 (anexos) 
 
 
93
e sobrevoaram a localidade onde houvera os confrontos. Sendo localizado naquela 
região, um corpo em estado de putrefação, estando a seu lado um fuzil AK 47 com 
carregador vazio, uma sacola com cinqüenta munições e R$ 5.000,00. 
Posteriormente identificou-se o corpo como sendo de Orlando Freire da Silva, 26 
anos, vulgo “Orlandinho de Betânia”, que usava documentos falsos em nome de 
Marcos Alexandre de Sá. 
 Em face do apurado nas investigações, David Braga de Oliveira Filho 
foi indiciado pela participação direta no assalto, no sequestro dos reféns e em 
formação de quadrilha e seu irmão Walter Ferreira de Oliveira foi indiciado em face 
de haver proporcionado o apoio logístico à quadrilha, tornando-se co-autor nos 
delitos. 
 Terminava assim a operação que acabara com o grande terrorista do 
Sertão pernambucano. Um fim trágico, porém esperado, de alguém que em toda a 
sua vida só causou desordens. Mas não era o fim, ainda haviam remanescentes do 
clã. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
94
 
2.0 METODOLOGIA 
 
Foi realizada uma revisão sistemática da literatura sobre o tema em 
estudo, através do levantamento do acervo de publicações dos últimos 16 anos, no 
período compreendido entre 1992 a 2008, em obras literárias de autores nacionais e 
regionais, arquivos de processos penais na comarca de Belém do São Francisco, 
arquivos de dados estatísticos no CPS I (1º Comando de Policiamento do Sertão) e 
arquivos da CIOSAC (Companhia de Operações de Sobrevivência na Caatinga), 
pesquisa em sites de jornais de grande circulação (Jornal do Comércio e Diário de 
Pernambuco) e pesquisas em sites de buscas nas bases de dados 
computadorizadas, combinando as palavras chave violência, sertão pernambucano, 
CIOSAC, brigas de famílias. 
Inicialmente foram identificados e examinados os resumos, todos 
referentes a publicações em periódicos indexados. Foram localizadas referências de 
capítulos e/ou livros conforme referências bibliográficas. Os resumos foram 
analisados segundo as dimensões: 1) banco de dados, 2) ano e país de publicação 
e 3) delineamento empregado. Posteriormente, efetuou-se uma análise detalhada 
dos artigos (textos completos) com delineamento quase-experimental nos seguintes 
aspectos: evolução do banditismo moderno e formas de atuação eficazes da policia 
militar no sertão pernambucano, onde a eficácia da unidade referenciada foi 
observada por meio de comparação da produtividade e diminuição dos ilícitos 
existentes no sertão pernambucano, tendo sido verificado os dados estatísticos dos 
períodos envolvidos. 
 
2.1 Diagrama da problemática de pesquisa 
 
O grande aumento da violência no sertão do estado de Pernambuco, 
principalmente da década de 90 até nossos dias, correlacionando e muitas vezes, 
comparados aos “modus operandis” dos famigerados cangaceiros que aterrorizaram 
com uma forma exarcebada de violência as famílias sertanejas no inicio do século 
XX. Especificamente os municípios de Serra Talhada, Salgueiro, Floresta, Belém do 
São Francisco, Cabrobó e Santa Maria da Boa Vista, passaram a sofrer uma onda 
 
 
95
crescente de assalto a bancos, carros-fortes, ônibus e carros particulares, bem como 
o plantio e trafico de Maconha. 
Não obstante a atuação regular das forças policiais em conjunto, os 
conflitos entre famílias nos municípios de Floresta, Belém do São Francisco e 
Cabrobó, contribuíram para uma escalada vertiginosa na criminalidade na região, 
que passou a utilizar nas ações de grupos bem organizados e armados com poder 
de fogo de ultima geração, os quais passaram a utilizar métodos correlatos as 
táticas utilizadas pelos cangaceiros nas décadas de 20 e 30. 
 
2.2 Procedimentos 
 
 Foi realizada pesquisa ampla literária sobre o tema através de diversos 
autores e documentos e relatórios dos órgãos policiais localizados na área do sertão 
pernambucano, bem como coleta de dados da Secretaria de Defesa Social. 
 Destarte, o presente trabalho de pesquisa, de caráter social, visa identificar as 
igualdades e diferenças existentes nas formas de atuações dos malfeitores das 
distintas épocas, bem como, reconhecer as principais forças policiais que 
intensificaram esforços no combate destas ilicitudes, caracterizando-as através das 
pelejas, procurando assim subsídios necessários para dirimir os problemas 
existentes com os conflitos atuais, geradores de violência na região em epigrafe. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
96
 
3.0 ANÁLISE DOS RESULTADOS 
 
 Com a morte dos principais protagonistas da violência no sertão 
pernambucano, não se pode imaginar que a violência não perdure, a situação ainda 
é de continuar com cuidados. O que aconteceu foi apenas o começo. Com a morte 
de Chico Benvindo, a família perdeu a maior liderança existente tanto no 
planejamento quanto na execução, mas ainda existem líderes capazes de continuar 
com as desavenças, um dos maiores herdeiros é “Coca”, que afirmou que 
continuaria na vida que vinha levando, ou seja, “matando seus inimigos”. 
 A morte de Cleiton Araquan extingue um dos maiores executores dos 
desatinos realizados pelo clã Araquan. Em dez anos os Araquan conseguiram fazer 
inúmeras vítimas policiais, iniciando em 1994, quando em Terra Nova foram mortos 
pelo bando o Cb PMPE/8º BPM Delvanio Teixeira de Oliveira e o Sd PMPE/8º BPM 
Clovis Vieira, ficando ferido o Sd PMPE/8º BPM Carlos Soares de Faria; na Fazenda 
Ipueiras foram feridos os Sd PMPE/8º BPM Francisco de Assis Da Silva e o 
PMPE/10º BPM Maurício. No assalto de Petrolândia foi morto o Sd PMPE/3º BPM 
Cícero Romão Batista de Souza; foram feridos dois agentes da Polícia Federal, um 
próximo a Feira de Santana e o outro próximo a Salgueiro, além de um Policial 
Rodoviário Federal ferido na Fazenda Farbosa. Em Macururé-BA em perseguição 
aos assaltantes do Banco de Pilar foram feridos o Sgt PMPE/5º BPM Saulo de Tasio 
da Silva e o Sd PMPE/5º BPM Moacir José dos Anjos. No assalto ao Banco do Brasil 
de Pilar foi morto o Sd PMBA/6º BPM Benedito Lima de França. Em Bonfim-BA foi 
ferido o Sgt PMBA/6ºBPM João Batista de Carvalho; na Fazenda Farbosa, em 26 de 
agosto de 2002, uma viatura da CIOSAC foi emboscada por Cleiton Araquan, sendo 
mortoo Sd PMPE/CIOSAC Jandilson Alves Pereira de Assis, ficando feridos os Sd 
PMPE/CIOSAC Josivan Lima de Santana, Sd PMPE/CIOSAC Francisco Gomes 
Ferreira e o Sd PMPE/CIOSAC José Carlos Da Silva, este último em virtude da 
gravidade dos ferimentos ficou impossibilitado de exercer suas atividades policiais. 
No assalto ao Banco do Brasil, em Pilão Arcado, foi morto o APF Klaus Henrique 
Teixeira de Andrade, ficando feridos os APF Orlando Tolentino Júnior, Adilton Aziz 
de Lima e Henrique Terêncio de Araújo, totalizando 21 (vinte e uma) vítimas, sendo 
seis delas fatais. 
 
 
97
 Desta forma, sempre foram empenhados esforços para prisão dos 
integrantes do clã Araquan, que insistem na prática de delitos, sendo realizadas, em 
08 anos de trabalhos intensos, 37 (trinta e sete) prisões em cumprimento de 
Mandado Judicial ou Flagrante. Em setembro de 1997 foi preso em Carnaubeira da 
Penha Rômulo Luis Freire da Silva, vulgo Joãozinho Araquan. Em 23 de março de 
2000, foram presos, na ilha dos Brandões, Adriano Bezerra dos Santos, vulgo 
Adriano Araquan, Fabiano Gomes de Sá, vulgo Fabiano Araquan, Francinaldo Brás 
da Silva, vulgo Brás, George da Conceição, vulgo Jorge de Alzira, Antônio Marcos 
Nascimento dos Santos39, vulgo Marquinho Araquan, e Osvaldo João do Santos, 
vulgo Vavá Araquan. Em 22 de maio de 2000 na Ilha da Várzea foi preso Izamar da 
Costa Mendonça, vulgo Índio. Na Fazenda Pau Ferro, foi preso, em 13 de junho de 
2000, Arcilino Gonçalves Torres, vulgo Arcilino. Em 28 de setembro de 2000, foi 
preso em Serra Talhada Alexandro dos Santos, vulgo Dentinho. Ainda em setembro 
de 2000, foi preso na Ilha do Cajueiro José Antônio dos Santos, vulgo Zé de 
Procope. Em 13 de dezembro de 2000 foram presos, no Juazeiro-BA, Adão Girlânio 
Torre de Sá, vulgo Fala Fina, e Orlando Freire da Silva, vulgo Orlandinho. Em 24 de 
janeiro de 2001, foram presos na Ilha do Cajueiro Vanderlan Gomes de Sá, vulgo 
Vanderlan, Érbio de Sá, vulgo Érbio, e Djalma Cerqueira da Silva, vulgo Djalma de 
Galega. Em 25 de fevereiro de 2001, foi preso, na Fazenda Ipueiras, Alexandre 
Pereira Matias, vulgo Liga. Em Floresta, no dia 21 de abril de 2001 foi preso 
Rildemar Guedes de Sá, vulgo Rildemar. No dia 04 de julho de 2001, foi preso, em 
Abaré-BA, Ronaldo dos Santos Nascimento, vulgo Ronaldo Araquan. Em 05 de julho 
de 2001 em Mirandiba, foi preso Luis Gomes da Silva, vulgo Luis de Mirto Araquan. 
No dia 06 de julho de 2002, foi preso, na Fazenda Lobo, Belém do São Francisco, 
Zeilton Peixoto Tavares Gomes, vulgo Zeilton. Em outubro de 2002, foram presos 
em Mirandiba Francisco Gomes de Sá, vulgo Chico Araquan, Geraldo Novaes 
Torres, vulgo Geraldo Araquan, e Eduardo Gomes de Sá, vulgo Dudu Araquan. Na 
Fazenda Pombos, no mesmo mês, foi preso Gerisvan Gomes Araquan, vulgo 
Gerisvan. No dia 15 de outubro de 2002 foi preso em Caruaru Josenildo Gomes de 
Sá, vulgo Nego de Alzira. Em 02 de dezembro de 2002, foi preso, na Fazenda Poço 
da Volta, Belém do São Francisco, Antônio Gonçalves Torres, vulgo Antônio Xerém. 
No dia 05 de dezembro de 2002, em Sertânia, foram presos Weldson C. de Sá 
 
39 Ver foto nº 06 (anexos) 
 
 
98
Araquan, vulgo Weldson, Miguel Cavalcante de Sá, vulgo Miguel de Maria Iaiá e 
Manoel Cavalcante de Sá, vulgo Mane de Iaiá. Em 06 de fevereiro de 2003, foi preso 
em Belmonte, Geraldo Gonçalves do Santos Júnior, vulgo Jr. de Geraldo de Rosa. 
No dia 27 de março de 2003, foi preso, em Custódia Wildson de Sá Araquan, vulgo 
Wildson. Em 30 de março de 2003, foi preso, na Fazenda Jardim, Belém do São 
Francisco Gilmar Guedes de Sá, vulgo Gilmar do Jardim. Em 13 de junho de 2003, 
foi preso em Belmonte Edvan José dos Santos, vulgo Vanvan Araquan. Em 09 de 
agosto de 2003, foi preso em Mirandiba Firmo Manoel Paulino Eustáquio, vulgo 
Firmo Araquan. Em 01 de outubro de 2003, foi preso em Pilão Arcado Davi Braga de 
Oliveira Filho, vulgo Davi e em 17 de maio de 2004, foi preso no Cachauí, Belém do 
São Francisco, João Gomes da Silva, vulgo João de Luis de Mirto. 
 Nos confrontos existentes entre os integrantes da família Araquan 
houve algumas baixas, sendo mortos em 04 de março de 1998, na cidade de 
Petrolândia, no momento do assalto ao Banco do Brasil, Aleandro Quirino de Sá, 
Josemar Gomes de Sá, vulgo Vandinho, e Josenildo Nascimento dos Santos, vulgo 
Nininho. Nos dias 07 e 08 de março de 1998, em Petrolândia, foram mortos 
Edmilson Gomes de Souza, Bartolomeu Nunes de Souza, vulgo Rambo, e Jânio 
Fabio Torres. Respectivamente; em 28 de julho de 2000, em Macururé-BA, foram 
mortos Eziamar Gomes de Sá, vulgo Izamar Araquan, Manoel Antônio da Silva, 
vulgo Manezinho de Nondas, e Valdenor Gomes Araquan, vulgo Valdão de Nondas. 
No dia 28 de agosto de 2002, foi morto na Ilha dos Brandões, José Carlos da Silva, 
vulgo Rato. Em 31 de agosto de 2002 foi morto na Fazenda Tigre, Belém do São 
Francisco, Gildenor Gomes Araquan, vulgo Gildenor de Nondas. Em 18 de setembro 
de 2002, foi morto na Fazenda Ipueiras Vital Gomes de Sá, vulgo Vital Araquan. No 
momento do assalto em Pilão Arcado-BA, no dia 25 de setembro de 2003, foram 
mortos Jucicleidio Nascimento dos Santos, vulgo Cleiton Araquan, e Valter Pereira 
Soares, vulgo Valtinho Araquan ou Tampinha. No dia 26 foram mortos Vicente 
Antônio Alves de Souza, vulgo Vicente Folhinha ou Folha, e Orlando Freire da Silva, 
vulgo Orlandinho. E, no dia 29 de setembro de 2003, foram mortos em Sento Sé-BA 
Teogino Uberlândio de Sá, vulgo Teógenes Araquan, Francisco José dos Santos, 
vulgo Gordo de Zé André, e Eronildes Torres de Sá, vulgo Eronildes Araquan. E, no 
dia 03 de abril de 2004, foi morto Aganor João de Sá, vulgo Aganor, na Ilha da 
Várzea, totalizando 20 (vinte) mortes em 07 anos. 
 Assim, em quase dez anos de trabalho, foram tirados do meio social 
 
 
99
em que praticavam terror 57 (cinqüenta e sete) Araquan, todos em flagrante ou em 
cumprimento de mandado de prisão. Infelizmente nem todos os que foram presos 
continuam reclusos, alguns encontram-se foragidos, em virtude das ações políticas 
desencadeadas pelos Deputados Raul Julgmam e Pedro Eurico. Eles, visando 
encontrar uma solução para brigas de famílias, intercederam junto ao INCRA, 
SUSIPE e até o Judiciário, visando conseguir indenização das terras; transferências 
da capital para o sertão dos presos pertencentes às famílias envolvidas em conflitos 
e até anistia dos processos dos envolvidos nesse tipo de conflito. Dos pleitos 
solicitados pelos parlamentares, apenas as transferências de presos foram 
alcançadas. Mas, somente, os presos da família Araquan conseguiram transferência 
do Presídio Aníbal Bruno para o de Salgueiro, de onde fugiram em massa, 
pouquíssimo tempo depois, no dia 08 de maio de 2001. Dessa, forma foram jogados 
por terra dez anos de serviço das polícias, como um todo, aumentando 
sobremaneira a criminalidade na região do Sub médio São Francisco. 
 Essa fuga trouxe de volta à região, principalmente ao município de 
Belém do São Francisco, chacinas brutais, como a da fazenda Lobo, onde foram 
assassinados, de uma só vez, os cinco filhos de “Dona Deja Menezes”; bem como a 
chacina da Ilha dos Brandões, em que foram assassinados todos os homens da 
família de João Soares do Monte Santo (“João de Carrim”) tendo um dos seus filhos, 
antes de ser morto, suas mãos amputadas. Voltaram à cena, também, os mega 
plantios de maconha, como o da fazenda Farbosa, em que, numa operação de 
erradicação, foi ferido, a tiros de fuzil, o policial da PRF, piloto do helicóptero. Dos 12 
(doze) membros do Clã Araquan, que fugiram do Presídio de Salgueiro, cinco 
continuam foragidos. 
 Do total dos 57 componentes presos e mortos, tiveram a participação 
ativa do SOP, chefiada pelo Ten PM Jackson e da CIOSAC, com exceção dos três 
primeiro de Petrolândia e dos dois mortos do dia 25 de setembro de 2003 em Pilão 
Arcado, em virtude da chegadadas equipes no outro dia do confronto. O jornal 
Diário de Pernambuco se reporta sobre os acontecimentos da seguinte maneira: 
Nos 14 anos de guerra entre as famílias Araquan e Benvindo, o saldo foi de 
mais de 154 mortes. Há um ano, o pacto de paz cessou a matança, mas as 
armas pesadas - fuzis AR-15, mini-Ruggers, G3 e Ponto 40 - ainda existem 
nos municípios de Belém de São Francisco e Cabrobó. A polícia, que, na 
prática, deveria combater a criminalidade na região, de acordo com o 
fugitivo da cadeia de Salgueiro, Cleiton Araquan, é a mesma que torce pela 
 
 
100
volta da matança. Segundo ele, foram policiais militares que alimentaram o 
conflito, fornecendo vasto armamento pesado para o clã. "O tenente 
Jackson Freire era quem trazia armas e munição. Ele sempre traficou armas 
na região e agora nos persegue porque a guerra acabou", denuncia Cleiton, 
que fugiu da cadeia de Salgueiro, junto com outros 11 integrantes da 
família. De acordo com Cleiton Araquan e seus familiares, o tenente 
Jackson Freire é natural do município de Carnaubeira da Penha e é primo 
legítimo de Rômulo Freire, que se encontra preso acusado de ter praticado 
uma chacina em Cabrobó em 1977. "Ele mandou muita munição e armas. 
Os preços pagos pelos fuzis automáticos, na época, eram de R$ 3 mil", 
declara Cleiton. Em outra época, no auge dos conflitos, em 1998, Cleiton 
afirma que comprou fuzis por até R$ 4 mil. "Comprei três a Jackson. A 
munição era comprada de dez caixas com 15 balas, cada, de calibre 762 e 
223". 
(JERÔNIMO, D.P., 21 de dezembro de 2001) 
 Em virtude desse grande empenho, o Ten Jackson e alguns policiais 
da CIOSAC sofreram inúmeras difamações, desde 2000, quando se intensificaram 
as buscas aos foragidos das famílias Benvindo e Araquan, iniciaram as tramas, em 
dezembro de 2000, foi constatado que em razão das diligências nas ilhas do Rio 
São Francisco, com o fito de prender foragidos da justiça, Barná Russo, para livrar 
Chico Benvindo, de uma possível prisão, ofereceu-lhe uma viagem, tal oferta não foi 
aceita por Chico. Resolveram então tramar uma armação para denegri a imagem do 
Policial Militar, mesmo tendo que contar com o clã Araquan, inimigos de Chico 
Benvindo. A trama: as pessoas de Barná Russo, membro da família dos “Russos” 
aliados dos Benvindo, unindo-se a Vavá Araquan, este do clã Araquan, armaram 
uma campanha de difamação perante os órgãos de imprensa e meio político, contra 
o Ten Jackson, lotado na Companhia de Polícia do Rio São Francisco, em Belém, 
acusando-o de ser integrante da família Gonçalves e abastecer Cleiton Araquan com 
armas e munições, além de praticar extorsão contra os mesmos. As referidas 
acusações viriam a beneficiar tanto os Araquan quanto os Benvindo, tirando-o de 
circulação e do comando das operações e investidas nas ilhas onde os mesmos se 
homiziam. 
 Tais acusações não tiveram consistência; tudo fora esclarecido e os 
policiais envolvidos nas calúnias continuaram com a sua idoneidade e caráter 
ilibado. 
 Após a Operação conjunta dos Policiais Militares de Pernambuco, 
 
 
101
Bahia e da Polícia Federal, na cidade de Pilão Arcado-BA, que resultou intenso 
tiroteio com o bando de assaltante de banco, chefiado por Jucicleidio Nascimento 
dos Santos (Cleiton Araquan), esse passou a ser considerado, por todo Clã 
Araquan, como um mártir que morreu buscando a sobrevivência do povo Araquan. 
 No folder da missa de 7° dia, confeccionado pelo Clã, Cleiton é 
chamado de herói dos Araquan e é ressaltado que sua luta continuará. 
 Atualmente o Clã Araquan tem como principal liderança Osvaldo João 
dos Santos (Vavá Araquan), um dos fugitivos do Presídio de Salgueiro, responsável 
pelo planejamento estratégico das ações criminosas; Luiz Gomes Araquan (Luizinho 
de Nondas ou Carreteiro), responsável pela execução das ações criminosas sendo 
de altíssima periculosidade matando seus inimigos com requintes de extrema 
perversidade, como no caso da tortura e assassinato dos irmãos Menezes, na 
fazenda Lobo, em Belém do São Francisco; Antônio Marcos Nascimento dos Santos 
(Marquinhos Araquan) irmão de Cleiton Araquan, um dos responsáveis pela 
execução em praça pública do Sd PM ROMÃO, durante o assalto ao Banco do 
Brasil de Petrolândia. 
 Após a morte de Cleiton Araquan em Pilão Arcado, os órgãos de 
segurança vem tratando o assunto como se o clã estivesse sido extinto. Tal erro 
facilita a reestruturação desse tão perigoso bando, o qual já contou com a 
colaboração de todos os segmentos da sociedade. Na atual conjuntura, os Araquan 
contam com, pelo menos, quatorze membros, sem contar as lideranças, com larga 
experiência na criminalidade, e que estão em liberdade ou foragidos, espalhados em 
diversas cidades, entre os Estados de Pernambuco, Bahia e Tocantins. 
 A reorganização do bando Araquan tem como principais objetivos a 
cumprir: 
• Vingança da morte de Jucicleidio Nascimento, com a execução de todos Policiais 
Militares (PE e BA) que participaram da Operação de Pilão Arcado; 
• Execução do 2º Ten PM – Jackson e toda sua equipe, elegendo tal objetivo como 
questão de honra para todo Clã Araquan; 
• Execução dos Policiais Militares Pernambucanos que direta ou indiretamente 
contribuíram para o enfraquecimento do Clã criminoso dos Araquan, fazendo os 
planejamentos das Operações executadas que resultaram nas prisões e mortes 
 
 
102
dos componentes dos Araquan, nos últimos anos; 
• Fortalecimento do poder econômico dos Araquan, com retorno a assalto a banco 
e carros fortes; 
• Continuidade da vingança contra os Benvindo e Nogueiras, de Belém do São 
Francisco; 
• Intensificação do plantio e tráfico de maconha nas ilhas do São Francisco; 
• Emboscada a uma equipe da CIOSAC, tendo com mentor da idéia, Luizinho de 
Nondas, o qual pretende ser o executor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
103
 
4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 O sertão pernambucano vem ao longo dos anos sofrendo da força do 
crime, seja ele organizado ou empírico, onde os valores são invertidos e criminosos 
ditam as regras de negociação para deixarem de delinqüir, correlatos à década de 
30, onde Lampião se intitulava governador do Sertão, dividindo o Estado e 
blasfemando que “na parte de cá mando eu”. 
 Citado por muitos como guerrilheiro, não utilizou técnicas de guerrilha e 
sim de terrorismo. A guerrilha luta contra a repressão, é implacável mas solidária, 
quer fazer do povo seu aliado; o terrorismo é meramente punitivo e cruel. 
Aproveitando-se da mitificação dos sertanejos, fez do cangaço um meio de vida, 
porém iniciando com uma forma vingativa, mesmo nunca conseguindo eliminar seus 
maiores inimigos, os nazarenos, nem tampouco o assassino de seu genitor. 
 Assim tornou-se um bandido sem escrúpulos, capaz de qualquer 
barbárie para beneficiar-se, enriquecendo com suas pilhagens. As suas doações 
para os mais necessitados eram apenas quinquilharias, sobras ou simplesmente 
para livrar-se de carga excedente. 
 Das táticas e estratégias utilizadas, limitavam-se a truques simples, 
dividindo grupos, atacando em várias frentes, deixando rastros e pistas falsas, no 
entanto tinha espírito guerreiro com grande ojeriza à força policial. Sabia como 
ninguém utilizar as caatingas como seu refúgio e cenário para combates, era seu lar, 
e dependia de uma grande rede de colaboradores e informantes. 
 Para seu combate a força policial só começou a ter êxito quando iniciou 
o recrutamento em suas tropas de combatentes da região, conhecedores do sertão, 
por terem nascido e se criado dentro das caatingas. Quando a força policial era 
composta em sua maioria por integrantes proveniente da capital, padeciam com o 
clima e os grandes deslocamentos por uma região tão inóspita. 
 Assim formaram-se as volantes no sertão pernambucano para 
combater o cangaço, recrutando sertanejos, muitos sem opção, pois já eram 
inimigos doscangaceiros, outros por vingança, já que essa era a melhor forma, 
estariam perseguindo e eliminando suas desavenças com o pagamento e a proteção 
do Estado. Eram forças mal equipadas, mal pagas e mal treinadas, combatiam 
 
 
104
empiricamente. 
 Foram décadas no combate. Como os “coronéis” se beneficiavam com 
o cangaço, não queriam sua extirpação. Este, por sua vez, tinha uma grande rede 
de informações, com “coiteiros” e pessoas corrompidas que o ajudavam. Mas estava 
chegando o progresso, com veículos e estradas sendo abertas, facilitando os 
deslocamentos das tropas. Foi o fim, o progresso descartava o cangaço e os 
latifundiários já não mais o queriam, tinham outros planos. 
 O fim de lampião não significou o fim do cangaço. O cangaço 
sobreviveu e soube utilizar todo o avanço tecnológico e organizar-se. 
 No final da década de 80 se inicia em Belém do São Francisco, no 
sertão pernambucano, mais um capítulo do cangaço, com brigas e disputas 
familiares, sendo iniciado por vingança, mas também não iria perdurar e logo 
passariam a utilizar o conflito como meio de vida. As técnicas e táticas utilizadas são 
similares ao cangaço, tendo o mesmo cenário, principalmente às margens do Rio 
São Francisco. Uma das poucas diferenças, pois o cangaço com Lampião teve seu 
início às margens do Rio Pajeú. 
 No entanto, as famílias para financiar suas contendas, para o 
banditismo como meio de vida, vão a cada dia se aprimorando, adquirindo 
armamentos novos e de alto poder de fogo; destarte, impera novamente no sertão o 
cangaço, ressurgindo modernizado e com a alcunha “Araquan” destacando-se. 
 A Grei Araquan destaca-se de forma negativa, utilizando todo seu 
potencial ofensivo similar ao cangaceirismo terrorista, utilizando-se da região em 
virtude de seu conhecimento territorial, fazendo das caatingas e das inúmeras ilhas 
existentes no Rio são Francisco seu refúgio. Quando da prática de ilícitos, desta vez 
são modernizados, apresentando as manifestações do crime organizado, na 
associação ilícita, no controle de área, uma vez que todas as ações fomentam 
pecuniariamente a guerra conta à família Benvindo nos municípios de Belém do São 
Francisco e Cabrobó. 
 Todo potencial ofensivo do clã Araquan é marcado pela intimação e 
ameaça, causando terror através do controle e domínio demonstrado mediante a 
utilização de métodos violentos, trazendo dano social. Com o banditismo moderno 
atrelado às formas de atuação peculiar do cangaço e ao avanço tecnológico e de 
comunicações para seu aprimoramento, a Força Policial há de acompanhar essa 
evolução e buscar no passado características das volantes. 
 
 
105
 Assim nasce uma nova volante, inicialmente com as mesmas 
características, componentes regionais, objetivo de perseguir os bandidos por dias 
ininterruptos pela caatinga, etc., porém bem treinados, bem equipados e sem 
interesses pessoais. Os combates também são similares, sendo na maioria nas 
zonas rurais, dentro das caatingas, limitando-se a poucos confrontos na zona 
urbana. Mesmo tendo como objetivo precípuo o combate ao banditismo moderno 
homiziado nas caatingas, uma força policial moderna agirá em todas as ilicitudes 
avistadas, diferindo das volantes, cujo único objetivo era o cangaço. 
 Das brigas entre famílias os clãs migraram para os assaltos, 
seqüestros, roubo a bancos e estabelecimentos comerciais, narcotráfico, dentre 
outros, sendo praticados com grande violência, típico do homem sertanejo, que quer 
resolver todos os seus problemas, por menor que seja, de uma forma exacerbada , 
como se tudo fosse uma questão de honra. Justifica-se assim que as brigas de 
famílias, crimes políticos e até a pistolagem é uma questão cultural, herdada do 
cangaço e das antigas oligarquias, motivada pela impunidade. 
 A disputa pelo domínio do tráfico de maconha no sertão pernambucano 
transformou a região em um dos territórios mais temidos no Estado, atualmente. 
Para não perder “terreno”, nem se curvar ao Estado ou á justiça, os grupos que 
atuam no “negócio” montaram uma estrutura poderosa e difícil de ser enfrentada. 
 O Estado não mantém uma ação conjunta dos órgãos de segurança e 
sem interrupções, pois só haverá melhoramento se as ações persistirem, de nada 
adianta empenhar-se em grandes operações e depois de algum resultado 
abandonar a sociedade “à mercê da própria sorte”, trazendo assim oportunidades 
para que o crime se organize, reiniciando suas atividades cada vez mais 
fortalecidas. 
 Houve, porém, com a implantação das políticas de segurança pública 
um implementação nos órgãos policiais, restando apenas uma melhor adequação 
para as necessidades local, mesmo com os incentivos em capacitação profissional, 
falta melhores políticas salariais, onde não perspectivas de promoções com a atual 
conjuntura do plano de cargos e carreira da instituição, necessitando ainda uma 
logística melhor para que seja diminuído ainda mais os índices de violência no 
Sertão pernambucano. 
 Assim, mesmo com as grandes dificuldades encontradas na área de 
segurança pública, a CIOSAC manteve suas atividades nos anos de 2007 e 2008 
 
 
106
com um grande aumento de suas operações e apreensões, tais como cumprimento 
de mandados de Busca e Apreensão, combate ao narcotráfico40, apreensões de 
armas de fogo41, patrulhamento rural, cumprimento de Mandados de Prisão42, 
escolta de autoridades, reintegração de posse e coberturas em eventos de grandes 
portes, culminando assim com a diminuição dos índices de violência e tráfico de 
entorpecentes. Porém necessita-se de um melhor aparelhamento policial em 
equipamentos para a unidade, bem como melhores condições de trabalho, 
aumentando o efetivo policial e diminuído a carga horário de trabalho, a qual 
atualmente esta em uma escala de 7 X 7 dias, escala esta desumana, da qual alega-
se que todo o efetivo percebe diárias para uma jornada de trabalho, ficando assim 
comprometida as atividades policiais. 
 Destarte, verifica-se que nada mudou, sofreu-se apenas uma evolução, 
aproveitando-se do progresso, resta agora a evolução do Estado, além de manter 
sempre ações regulares para coibir ações delituosas, bem como um investimento na 
área social, com investimentos em esportes e lazer e no mais importante, na 
educação, conscientizando a sociedade desde o início da sua formação, que os 
pilares da sociedade e do estado circularão com o respeito à família e as 
autoridades constituídas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 Ver gráfico 11 – Pés de maconha erradicados nos anos 2006, 2007 e 2008 pela CIOSAC e gráfico 12 – 
Maconha pronta para o consumo apreendida nos anos 2006, 2007 e 2008 pela CIOSAC (anexos) 
41 Ver gráfico 10 – apreensão de armas de fogo nos anos 2006, 2007 e 2008 pela CIOSAC (anexos) 
42 Ver gráfico 13 – Mandados de prisão cumpridos nos anos 2006, 2007 e 2008 pela CIOSAC (anexos) 
 
 
107
 
5.0 REFERÊNCIAS 
 
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setembro de 1999. cidades. Disponível na Internet 
http://www.jc.uol.com.br/jornal/anteriores/phd. capturado em 18 de agosto de 2004. 
online. 
 
 
 
 
110
 
6.0 ANEXOS 
 
 
Gráfico 01 - Homicídios na área do CPA/I-2 - jan 19 94 à dez 1995
79
109
59
93
47
60
138
101
52
57
60
21
149
108
65
54
95
61
0
20
40
60
80
100
120
140
160
3º BPM 5º BPM 7º BPM 8º BPM 14º BPM Z-Ex
OMEs da GAPI-2 - dados obtidos através dos relatóri os arquivados no CPA/I-2
HOMICÍDIOS 1994
HOMICÍDIOS 1995
HOMICÍDIOS 1996
 
 
 
Gráfico 02 - Homicídios na área do CPA/I-2 - jan de 1996 a dez de 2003
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
dados abtidos através dos relatórios arquivados no CPA/I-2 (atual CPS)
a 
pa
rti
r d
e 
19
95
 a
 Z
-E
x,
 p
as
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 s
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 1
ª 
C
IP
M
, e
m
 
19
96
 é
 
in
au
gu
ra
da
 a
 2
ª 
C
IP
M
hom/96 149 108 65 54 95 61
hom/97 134 90 80 33 102 46 33
hom/98 134 115 89 34 101 62 16
hom/99 163 95 93 15 58 21 22
hom/00 167 102 85 24 64 23 18
hom/01 149 128 94 15 59 10 23
hom/02 114 104 61 19 39 22 10
hom/03 147 147 92 11 32 25 15
3º BPM 5º BPM 7º BPM 8º BPM 14º BPM 1ª CIPM 2ª CIPM
 
 
 
 
111
Gráfico 03 - assaltos à veículos na área do CPA/I-2 - período de 1997 a 2003
0
20
40
60
80
100
120
140
160
dados obtidos através de pesquisas nos relatórios a rquivados no CPA/I-2 (atual CPS). Obs. a área da Z -Ex a partir de 1995 passa para a 1ª 
CIPM e em 1997 divide-se em 1ª e 2ª CIPM
3º BPM 9 15 18 50 38 29 35 42 47 32
5º BPM 19 29 34 73 110 142 19 42 45 46
7º BPM 3 4 2 19 26 35 25 26 39 9
8º BPM 58 37 19 20 18 24 5 10 22 29
14º BPM 8 10 6 11 29 17 9 10 14 9
Z-Ex 9
1ª CIPM 26 19 38 31 38 29 46 101 84
2ª CIPM 46 40 41 32 26 58 18
1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
 
 
 
 
 
Gráfico 04 - assaltos à Bancos na área do CPA/I-2 n o Período de 1997 à 2003
0
2
4
6
8
10
12
14
dados obtidos através dos relatórios e mapas arquiv ados no CPA/I-2 (atual CPS). não havia arquivo ante rior a 1997 e não constavam 
registros de assaltos no ano de 2000.
3º BPM 12 5 0 0 3 1 1
5º BPM 4 0 1 0 1 0 0
7º BPM 2 2 1 0 1 2 2
8º BPM 5 3 0 0 0 0 0
14º BPM 3 1 1 0 1 1 1
1ª CIPM 0 1 0 0 0 0 0
2ª CIPM 2 0 1 0 0 0 0
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
 
 
 
 
112
Gráfico 05 - Pés de maconha (Cannabis Sativa Linneu ) erradicados e incinerados pelas 
OMEs do CPA/I-2 no período de 1994 à 2003
1554540 1526429
1033886
594160
1102132
663266
921104
1044482
915969
0
200000
400000
600000
800000
1000000
1200000
1400000
1600000
1800000
pés de maconha
dados obtidos através dos relatórios do CPA/I-2 (at ual CPS). não foram encontrados arquivos referente ao ano de 1996
1994
1995
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
 
 
 
 
Gráfico 06 - Maconha pronta para o consumo apreendi da pelas OMs da área do CPA/I-2 - período 
1994 à 2003
2331,155
3500,875
1966,035
902,772
1906,34
2316,777
3026,651
2222,866
3471,97
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
maconha pronta
da
do
s 
ob
tid
os
 a
tr
av
és
 d
e 
pe
sq
ui
sa
 n
os
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e 
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 e
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tic
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C
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2 
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 C
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ão
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 e
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tr
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os
 d
ad
os
 r
ef
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en
te
 
ao
 a
no
 d
e 
19
96
1994 1995 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
 
 
 
113
Gráfico 07 - Armas de fogo curtas e longas e armas branca apreendidas e pessoas autuadas em 
flagrante nos anos de 200, 2001 e 2002 pela CIOSAC na área do CPA/I-2 (atual CPS)
217
166
335
239
213
135
259 255
192
255
83
182
0
50
100
150
200
250
300
350
400
Armas de Fogo Curtas Armas de Fogo Longas Armas brancas Pessoas Autuadas
dados obtidos através de pesquisas nos mapas de estatís ticas de ocorrências registradas da CIOSAC na área do CPS
2000
2001
2002
 
 
 
 
 
Gráfico 08 - maconha pronta para o consumo, apreend ida pela CIOSAC nos anos de 2000, 2001 e 
2002, na área do CA/I-2 (atual CPS)
512,13
360,955
413,705
0 100 200 300 400 500 600
Maconha Pronta p/ Cons.
Apreend(kg)
da
do
s 
ob
tid
os
 a
tr
av
és
 d
e 
pe
sq
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20
00
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20
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C
IO
S
A
C
)
2002
2001
2000
 
 
 
 
114
Gráfico 09 - pés de maconha erradicados e incinerad os pela CIOSAC nos anos de 2000, 2001 e 2002 
na área do CPA/I-2 (atual CPS)
424.218
232.729
460.512
0
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
300.000
350.000
400.000
450.000
500.000
Pés de Maconha Erradicados 
dados obtidos através de pesquisa nos mapas de esta tísticas da CIOSAC nos anos de 2000, 2001 e 2002 (a rquivo CIOSAC)
2000
2001
2002
 
 
 
 
 
 
Gráfico 10 - armas de fogo apreendidas nos anos de 
2006, 2007 e 2008 pela CIOSAC
110 104
150
115
219
452
0
100
200
300
400
500
armas curtas armas longas
dados obtidos nos arquivos da CIOSAC
2006
2007
2008
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
115
Gráfico 11 - Pés de Maconha erradicados nos anos 
de 2006, 2007 e 2008 pela CIOSAC
478499
406301412170
360000
380000
400000
420000
440000
460000
480000
500000
Pés de Maconha
dados obtidos nos arquivos da CIOSAC
2006
2007
2008
 
 
 
 
Gráfico 12 - Maconha pronta para o consumo 
apreendida nos anos de 2006, 2007 e 2008 pela 
CIOSAC
535,951.016,98
5.854,13
0
2000
4000
6000
8000
Maconha pronta para o consumo
(kg)
dados obtidos nos arquivos da CIOSAC
2006
2007
2008
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
116
 
Gráfico 13 - Mandados de Prisão cumpridos nos 
anos de 2006, 2007 e 2008 pela CIOSAC
36
66
98
0
20
40
60
80
100
120
Mandados de Prisão cumpridos
dados obtidos nos arquivos da CIOSAC
2006
2007
2008
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
117
Carta de situação da área mais atingida pelos confl itos elaborado 
pela seção de operações do CPA/I-2 (atual CPS I) 
 
 
Belé m de São
Francisco
Carn au beira
da Penha 
Flor esta
Petrolândia
Tacaratu
Jatobá
Orocó
Cabrobó
Lagoa
Santa Maria da
Boa Vi sta
Grande
Petr olin a
Terra Nova
Santa Cruz
Ouricuri
Trindade
Ipubi
Bodocó
Exu
Granito
Moreilând ia
Arar ipina
Santa
F ilom ena
Custódia Sertânia
Arcoverde
Ibimirim
Ina já Itaíba
Águas Belas
Paranatama
Caet és
Capoeiras
Juca ti
Jupi
Calçado
Lajedo
Ibira juba
São Bento do Una
Sanharó
Bom Conselho
Terezinha
Brejão
Garanhuns
São João
Angelim
Canhotinho
Jurema
Panelas Lagoa dos
Gatos
Cupira
Bonito
Barra de
Guabiraba
Cortês
Sairé
Gravatá
Passira
Salgadinho
Feira
 Nova
Cumaru
Riacho
das Almas
Altinho
Agrestina
São Joaquim
do Monte
Taca imbó
São
Caetano
Caruaru
Bezerros
Camocim
de São Félix
Toritama
Taquarit inga
do Norte Vertentes
Santa Maria
do Cambuçá
Vertentes
do Lério
Casinhas
Frei
Miguelinho
Surubim
Orobó
Bom Jardim
João Alfredo
Limoeiro
Machados
Macaparana
Timbaúba
Vicência
Lagoa
do Carro
Pombos
Chã
Grande
Amarají
Primavera
Ribeirão
Gameleira
Joaquim
Nabuco
Palmares
Catende
Jaque ira
São Benedito
 do Sul
Maraial Xexéu
Água Pre ta
Quipapá
Belém
de Mar ia
Camutanga
São Vicente
Ferrer
Cachoeirinha
Palmeirina
Saloá
Lagoa
do Carro
Correntes
Iati
Tupanatinga
Buíque Venturosa
Alagoinha
Poção
Pesqueir a
Jataúba
Brejo da Madre
de Deus
Belo Ja rdim
Stª. Cruz
do Capibaribe
Pedra
Manari
Betânia
Cedro
Serrita
Verd ejante
São José do Belm onte
Par namirim Salgueiro Mirand iba
Itacu ruba
Ri
o
Sã
o
Francisco
Serra Talhada 
Barragem de 
Taparic a
Barragem de 
Paul o Afonso
Santa C ruz da
Ba ixa Ver de
Tr iunfo Flor es
Quixabá
So lidão Tabir a
Santa
Bre jinho
Itapetim
Terezinha
Afogados
da
Ingazeira
Iguaraci
Calumbi
Rio
 Pa
jeú
R
io
 M
o
xo
t ó
Carn aíba
Ingazeira
Tup aretama
São José do Eg ito
Dorm entes
Ferreiros
Itambé
Go iana
Nazaré
da Ma ta
Tracunhae m
Pauda lho
Carpina
Lagoa
do Itaenga
Chã de
AlegriaGlória
do Go itá
Vitória de
Stº Antão
Escada
Rio Fo rmoso
Tamandaré
Barreiros
São José da
Coroa Grande
Serinhaém
Buenos
Aires
Aliança Condado
I taquitinga
Itamaracá
Iga rassu
Abreu e Lima
Olinda
Recife
Camaragibe
Jaboatão dos
Guararapes
Moreno
São Lourenço
da Mata
Cabo de
Santo Agostinho
Ipojuca
Paulista
Itapissuma
Araçoiaba
Barragem de 
Sobradin ho
 
 
- Conflito de Famílias (Cláudios, 
Russos e Gonçalves 
Pretos/Benvindo X Araquans); 
- Conflito na Ilha de Assunção 
(Índios Truká, conflitos pelo 
domínio do plantio de maconha); 
- Roubo a Transeuntes nas rodovias 
BR 316 e BR 428. 
- Acessos: BR 116, BR 316 e BR 428.
 
- Conflito de Famílias
(Benvindo X Araquans); 
- Plantio e Tráfico de Maconha (Ilhas do 
São Francisco); 
- Roubo a Transeuntes nas proximidades 
da Torre de Belém. 
- Acessos: BR 316 e PE 460. 
- Conflito entre Tribos Indígenas 
(Serra do Umãs); 
- Plantio e Tráfico de Maconha
(Serra do Arapuá, Serra do 
Umas, Olho DӇgua do Padre). 
- Acessos: BR 232, BR 316 e PE 
423. 
- Conflito de Famílias (Ferraz X 
Novaes); 
- Plantio e Tráfico de 
Maconha; 
- Pistolagem 
- Acessos: BR 316, PE 
 
 
118
 
Foto 01 
 
NOME: JUCICLEIDIO NASCIMENTO DOS 
SANTOS 
NASCIMENTO: 11/03/1974 
FILIAÇÃO: Milton Delgado dos Santos e Juli 
Maria do Nascimento dos Santos 
ACUSAÇÕES: Roubo a Bancos, carros forte, 
plantio e venda de maconha, roubo a 
caminhões, ônibus e homicídios; 
ARMAMENTO UTILIZADO: Fuzis AR-15, M-
16, Mini Ruger, Submetralhadora (MINI UZI), 
pistolas 9mm, .40, 380; 
 
 
 
 
 
 
Fotógrafo desconhecido. “Cleiton Araquan” 2000. 1 foto.: color. 10X15cm 
 
 
 
 
MANDADOS DE PRISÃO 
DATA Expedido por LOCAL ART/PROC 
20/08/93 Dr. Alexandre Freire Pimentel Belém do São Francisco 
Art. 311 CPB 
03/09/93 Dr. Eliane Ferraz Guimarães 
Novaes 
Cabrobó 
09/11/94 Dr. Carlos Humberto Inojosa Galindo 
Belém do São 
Francisco 
 
25/11/97 Drª. Olga Regina de S. Santiago 
25/10/200
0 Dr. Edinaldo Aureliano 
Belém do São 
Francisco 
Ação Penal 
722/00 
25/11/92 Dr. Luiz Gomes da Rocha Neto Cabrobó 
PC 11668/97, 
art 14, art. 121 
§ 2º, inc. I e IV, 
art. 288 c/c e 
art. 
70 CPB. 
24/08/99 Dr. José Iterval Sampaio Júnior Abaré/BA 
Art. 224/93, art 
157 § 3º, c/c 29 
e o art 121 § 
2º, inc III e IV 
c/c o art 29 do 
CPD. 
 
 
119
 
Foto 02 
 
NOME: OSVALDO JOÃO DOS SANTOS 
NASCIMENTO: 04/08/1965 
FORAGIDO 
FILIAÇÃO: João Paulino dos Santos e Maria 
Alice de Sá 
ACUSAÇÕES: Roubo a Bancos, carro-forte, 
plantio e venda de maconha, roubo a 
caminhões, ônibus e homicídios; 
ARMAMENTO UTILIZADO: Fuzis AR-15, M-
16, Mini Ruger, Submetralhadora (MINI UZI), 
pistolas 9mm, .40, 380; 
Obs.: foi apreendido em seu poder um 
Fuzil Mini Rugher 
 
 
 
 
Fotógrafo anônimo. “Vavá Araquan”. 2000. 1 foto.: color. 10X15cm 
 
 
 
MANDADOS DE PRISÃO 
DATA ESP. POR LOCAL ART/PROC 
03/02/93 Dr. Carlos Humberto Inosoja 
Galindo 
Belém do São 
Francisco 
311 e 312 
25/11/97 Dr. Luiz Gomes da Rocha 
Neto 
Cabrobó Proc 11068/97, 
art 121 § 5 Inc I 
e IV c/c art 14, 
inc II e art 288 
c/ o art 70 do 
CPB. 
08/04/98 Dr. Ailton Alfredo de Souza Cabrobó PC nº 
11790/98, art 
121 c/c 14 
CPB. 
05/01/2000 Drª. Olga Regina de S. 
Santiago 
Juazeiro Art. 1º inciso I, 
II e III, alínea a, 
b, i, m da Lei 
7.960/89 
25/10/2000Dr. Edinaldo Aureliano Belém do São 
Francisco 
Ação Penal 
722/00 
 
 
 
 
 
 
120
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foto 04 – 
NOME: GERALDO ANTÔNIO GONÇALVES 
JÚNIOR 
PRESO no presídio de Salgueiro 
FILIAÇÃO: Geraldo Antônio Gonçalves 
ACUSAÇÕES: Roubo a Bancos e homicídios 
ARMAMENTO UTILIZADO: Fuzis AR-15, M-16, 
Mini Ruger, Submetralhadora (MINI UZI), 
pistolas 9mm, .40, 380; 
 
 
 
 
 
 
 
Fotógrafo anônimo. “Júnior de Geraldo de Rosa”. 2000. 1 foto.: color. 10X15cm 
 
 
MANDADOS DE PRISÃO 
DATA ESP. POR LOCAL ART/PROC 
17/09/97 Dr. Heraldo José dos Santos Cabrobó 311 e 312 
28/04/98 Dr. Ailton Alfredo de Souza Cabrobó Processo Crime 
11.790/98 
 
Foto 03 – Francisco José da Cruz, 
“Chico Benvindo” (morto em abril de 
2003), o fuzil que ostenta pertence a 
PMPE (recuperado em 2003), estava 
em poder do Sd Luciano quando foi 
morto em 1997. 
Fotógrafo desconhecido. 1998. 01 
fotografia colorida. 10X15 cm 
 
 
121
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fot0 05 – Sd Luciano/9º BPM, 
torturado e morto pelo bando de 
Chico Benvindo em 1997, teve 
seu olho esquerdo arrancado e 
seus dedos cortados além de 
várias perfurações de objeto 
cortante. 
Fotógrafo anônimo. 1997. 02 
fotografias color.. 10X15 cm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
122
 
 
 
Foto 06 
NOME: ANTÔNIO MARCOS 
NASCIMENTO DOS SANTOS 
NASCIMENTO: 16/10/1979 
FORAGIDO 
FILIAÇÃO:Milton Delgado dos Santos e 
Julia Maria do Nascimento dos Santos 
ACUSAÇÕES: Roubo a Bancos, carro-
forte, plantio e venda de maconha, roubo a 
caminhões, ônibus e homicídios; 
ARMAMENTO UTILIZADO: Fuzis AR-15, 
M-16, Mini Ruger, Submetralhadora (MINI 
UZI), pistolas 9mm, .40, 380; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fotógrafo anônimo. “Marquinhos Araquan”. 2000. 1 foto.: color. 10X15cm 
 
 
 
MANDADOS DE PRISÃO 
DATA ESP. POR LOCAL ART/PROC 
15/04/1998 Drª. Hydia Virginia Petrolândia Art. 312 CPP 
03/09/93 Dr. Ednaldo Aureliano de Lacerda Belém do São 
Francisco 
Ação Penal 
722/00 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
123
 
 
 
 
Foto 07 – veículo S-10, utilizada pela Polícia Federal, atingida por disparos de fuzil 
no dia 25 de setembro de 2003, no confronto com Cleiton Araquan e seu bando, 
quando assaltavam o Banco do Brasil de Pilão Arcado. Parte lateral. 
Fotógrafo anônimo. 2003. 01 fotografia color. 10X15 cm 
 
 
 
 
Foto 08 – veículo S-10, utilizada pela Polícia Federal, atingida por disparos de fuzil 
no dia 25 de setembro de 2003, no confronto com Cleiton Araquan e seu bando, 
quando assaltavam o Banco do Brasil de Pilão Arcado. Parte frontal. 
 
 
124
Fotógrafo anônimo. 2003. 01 fotografia color. 10X15 cm 
 
Foto 09 – Jucicleidio Nascimento dos Santos, “Cleiton Araquan”, morto em 25 de 
setembro de 2003 no confronto com policiais no momento da realização do assalto a 
agência do Banco do Brasil de Pilão Arcado-BA, juntamente com seu bando. 
Fotógrafo anônimo. 2003. 01 fotografia colorida. 10X15 cm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foto 10 – Valter Pereira Soares, “Valtinho Araquan”, morto em 25 de setembro de 
2003 no confronto com policiais no momento da realização do assalto a agência do 
Banco do Brasil de Pilão Arcado-BA. 
 
 
125
Fotógrafo anônimo. 2003. 01 fotografia colorida. 10X15 cm 
 
 
Foto 11 – Francisco José de Sá Santos, “Gordo”, morto em confronto com Policiais 
em Sento Sé-BA, em 29 de setembro de 2003, após participar do assalto a agência 
bancária de Pilão Arcado em 25 de setembro. 
Fotógrafo anônimo. 2003. 01 fotografia colorida. 10X15 cm. 
 
 
 
 
Foto 12 – Teogino Uberlândio de Sá, “Teógenes Araquan”, morto em confronto com 
Policiais em Sento Sé-BA, em 29 de setembro de 2003, após participar do assalto a 
agência bancária de Pilão Arcado em 25 de setembro. 
Fotógrafo anônimo. 2003. 01 fotografia colorida. 10X15 cm. 
 
 
126
 
 
Foto 13 – Eronildes Torres Araquan, “Eronildes Araquan”, morto em confronto com 
Policiais em Sento Sé-BA, em 29 de setembro de 2003, após participar do assalto a 
agência bancária de Pilão Arcado em 25 de setembro. 
Fotógrafo anônimo. 2003. 01 fotografia colorida. 10X15 cm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foto 14 - Assassinato de Edvan 
Vieira do Monte Santo, na ilha dos 
Brandões, em 25 de maio de 2002, 
por Cleiton Araquan e seu bando, 
sob suspeita de ser informante do 
Serviço de Inteligência da 1ª CIPM 
de Belém. 
Fotógrafo desconhecido. 2002. 01 
fotografia colorida. 10X15 cm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
127
Foto 15 - Seqüestro e morte do Sr. 
João Soares do Monte Santo em 10 
de junho de 2002, por Cleiton Araquan 
e seu bando sob suspeita de ter sido 
informante do Serviço de Inteligência 
de Belém, durante operação itinerante 
de 07/06/02. 
Fotógrafo desconhecido. 2002. 01 
fotografia colorida. 10X15 cm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Foto 16 - Morte de Avanir José da Silva, em 
10 de junho de 2002, na Ilha dos Brandões, 
por Cleiton Araquan e seu bando sob 
suspeita de ter sido informante do Serviço de 
Inteligência de Belém, foi capturado pelo 
bando de Cleiton Araquan, antes de se 
assassinado sofreu torturas por todo corpo. 
Fotógrafo desconhecido. 2002. 01 fotografia 
colorida. 10X15 cm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
128
Foto 17 - Morte de Antônio Vieira do Monte Santo, por Cleiton Araquan e seu bando, 
sob suspeita de ter sido informante do 
Serviço de Inteligência da 1ª CIPM – 
Belém de São Francisco, sofreu 
torturas nas mãos, posteriormente 
deceparam-nas para não mais fazer 
ligações telefônicas; irritados com os 
gritos da vítima, resolveram matá-lo. 
Fotógrafo desconhecido. 2002. 02 
fotografias colorida. 10X15 cm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
129
 
Foto 18 – Veículo Toyota Bandeirantes, viatura 4834/CIOSAC, atingida por disparos 
de arma de fogo no dia 26 de agosto de 2002, em virtude da emboscada realizada 
por Cleiton Araquan. Parte lateral esquerda. 
Fotógrafo anônimo. 2002. 01 foto colorida. 10X15 cm. 
 
 
 
SANGUE DO SD CARLOS 
 
 
 
 
 
 
Foto 19 – Veículo Toyota 
Bandeirantes, viatura 
4834, atingida por 
disparos de arma de fogo 
no dia 26 de agosto de 
2002, em virtude da 
emboscada realizada por 
Cleiton Araquan. Parte 
frontal e traseira. 
Fotógrafo anônimo. 2002. 
01 foto colorida. 10X15 
cm. 
 
 
 
130
 
 
 
Fotos 20 e 21 – armas e equipamentos apreendidos em Pilão Arcado no dia 25 de 
setembro de 2003, utilizados por Cleiton Araquan e seu bando, no assalto ao Banco 
do Brasil 
Fotógrafo anônimo. 2003. 02 fotografias coloridas. 10X15 cm.

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