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Geografia e HistóriaGeografia e História do Cearádo Ceará Versão para a UECE/URCAVersão para a UECE/URCA Taynara Uchôa @estudetaynara Apresentação Oi, tudo bem? Esse material contém todos os elementos que são exigidos no edital da Urca ( com base no edital de 2021.2, se houver qualquer modificação, prontamente , o material será complementado). Eu amei fazer esse material e conhecer a fundo um pouco mais da história do Ceará. Esse PDF contém, desde os primórdios da colonização, os embates com os nativos, as disputas por poder das oligarquias . Os processos de peregrinação para as cidades de Canindé e Juazeiro do Norte durante todo o ano e os eventos das romarias, em Santana do Cariri, Juazeiro do Norte, Barbalha, Canindé e Quixadá. Eu tentei trazer muitas informações, mas com muitas ilustrações e dialogando com você para que não fique um texto tão pesado. Outrossim, esse material também aborda os aspectos geográficos do Ceará, focando na Região Metropolitana do Cariri. Além disso, contém todas as questões de história e geografia, que foram abordadas na Urca, dos anos de 2021.1 até 2015.1 , com gabaritos. Quem já fez a prova da Urca sabe que aprender esses temas é de fundamental relevância para fechar história e tentar fechar geografia. A leitura desse material pode ser um pouco densa, então, eu deixo como sugestão que você leia de 1 a 2 capítulos por dia. E que, também, só inicie as questões depois de ler lido o material, pois, resolver logo pode te dar a falsa impressão que você já domina o assunto e pode ocorrer de você perder detalhes que podem te ajudar nas questões que virão. Lembre que quanto mais recursos você tiver, menos vai precisar contar com a sorte. Quero te lembrar, também, que fui eu queQuero te lembrar, também, que fui eu que peguei cada item do edital, pesquisei, lipeguei cada item do edital, pesquisei, li artigos, matérias de jornais, trechos deartigos, matérias de jornais, trechos de livros para te fornecer um trabalho delivros para te fornecer um trabalho de qualidade. Ademais, eu selecionei também,qualidade. Ademais, eu selecionei também, manualmente, todas as questões paramanualmente, todas as questões para colocar aqui. Esse PDF deu muito trabalhocolocar aqui. Esse PDF deu muito trabalho e está sendo vendido por um preço muitoe está sendo vendido por um preço muito acessível, por isso, eu te peço que tenhaacessível, por isso, eu te peço que tenha respeito por mim e pelo meu trabalho erespeito por mim e pelo meu trabalho e não disponibilize nenhuma parte dessenão disponibilize nenhuma parte desse material na internet, nem em nenhummaterial na internet, nem em nenhum outro lugar.outro lugar. Sumário 1) Apresentação História do Ceará 2) Ocupação e colonização do Ceará\ Cariri 3) Confrontos entre nativos e colonos 4) Os aldeamentos 5) A escravidão e o trabalho livre no Ceará 6) Organização política, social e econômica da capitania do Ceará 7) Movimento de 1817 no Ceará e a participação do Cariri 8) Participação do Ceará e do Cariri na Confederação do Equador 9) O movimento armado de 1832 10) Cotidiano, economia, sociedade na segunda metade do século XIX 11) O movimento abolicionista 12) Hegemonia urbana de Fortaleza 13) O milagre de Juazeiro do Norte e o movimento religioso em torno do Padre Cícero 14) A sedição de 1914 15) O Caldeirão do Beato José Lourenço 16) Oligarquia e Coronelismo no Ceará 17) O movimento de 1930 e as interventorias 18) O Estado Novo no Ceará 19) O período de Ditadura Militar no Ceará 20) Os governos das mudanças 21) Religiosidade e cultura popular no Cariri 22) As Romarias de Juazeiro do Norte 23) Festas e tradições culturais populares 24) Questões políticas, sociais e econômicas no Ceará atual 25) Bônus Geografia do Ceará 25) Elementos e processos que operam na dinâmica ambiental 25.1) Geologia 25.2) Geomorfologia 25.3) Clima 25.4) Hidrografia 25.5) Solos 25.6) Vegetação 26) O processo de ocupação e os impactos socio - ambientais 27) Estrutura e organização do espaço agrário, urbano e industrial 28) Aspectos populacionais 29) A região Nordeste do Brasil atual e sua inserção no contexto nacional e internacional 30) Aspectos tradicionais e modernização da região nordeste 31) A produção do espaço cearense e caririense e sua inserção no contexto regional e nacional 32) A Região Nordeste Antes da chegada dos europeus ao atual Estado do Ceará , residiam índios Tabajaras e Potiguares e Cariris (dentre outras etnias) . Há relatos que antes da tomada oficial de posse da terra pela Coroa Portuguesa teria ocorrido a Chegada do espanhol Vicente Pinzón, em janeiro de 1500. Todavia, como havia a existência do Tratado de Tordesilhas vamos nos reter a historiografia oficial. O Ceará (Siará) por falta de atrativos facilmente exploráveis e de alto valor comercial acabou não despertando grande interesse da Coroa, evidência disso foi que o primeiro donatário Antônio Cardoso de Barros, nunca sequer tomou posse do território. Apenas no século XVII que houve um esforço para efetivar a colonização, que ficou restrita ao litoral, para proteção militar contra invasões estrangeiras , sobretudo, francesas. A ocupação portuguesa teve início em 1603, com Pero Coelho de Souza, esse após combater franceses e índios na Ibiapaba ergueu um forte nas margens do rio Ceará ( Forte de São Thiago). Após ter realizado uma busca fracassada por riquezas na região ( sobretudo metais), Pero resolveu tentar escravizar a população local ( que reagiu de modo satisfatório fazendo o inimigo recuar) e aí foi erguido o Forte de São Lourenço nas ribeiras do rio Jaguaribe. Entretanto, houve uma severa seca de 1605-07 somado a grande resistência autóctone forçou Pero a deixar o local e se refugiar no Rio Grande do Norte. Ocupação e Colonização do Ceará e do Cariri Anos depois, houve uma nova tentativa de colonização do espaço cearense com Martins Soares Moreno ( esse já havia estado no Ceará junto com a expedição fracassada de Pero Coelho e foi homenageado no livro Iracema de José de Alencar), que com ajuda de Índios da região, chefiados por Jacaúna, fundou nas margens do rio Ceará o Forte de São Sebastião, erguido sob as ruínas do primeiro forte. Em 1630, os flamengos invadem Pernambuco (lembra do problema da União Ibérica?) ,e em 1937 conquistam o Forte de São Sebastião , inicialmente com apoio da população indígena, porém os holandeses também tinham posturas abusivas com os locais que em 1644 eliminam o forte e os inimigos estrangeiros. Mas como alegria de pobre dura pouco, em 1649 os Holandeses retornam ao Ceará , sob o comando de Matias Beck foi erguido o Forte de Schoonemborch ,nas margens do rio Pajeú. Perceba como todos os eventos relevantes e movimentos iniciais de urbanização vão ocorrendo seguindo a hidrografia da região. Os Holandeses são expulsos de Pernambuco e em 1654 deixam o Estado do Ceará e os portugueses, sob liderança de Álvaro de Azevedo retornam ao local e mudam o nome do Forte para Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção. Atente também que o Ceará esteve durante sua história sujeito a outras unidades administrativas, entre 1621 e 1656, foi gerenciado pelo Maranhão; e de 1656 até 1799 esteve ligado a Pernambuco. E quanto ao Cariri? No início do século XVIII a população indígena do local que hoje é chamado de região do Cariri se deparou com os primeiros colonos brancos, esses, vindos da Bahia, de Sergipe, de Pernambuco e do Rio Grande do Norte , cumprindo movimentos migratórios e exploratórios da chamada " Civilização do Couro" . No período de 1703 a 1800, iniciou-se a ocupação efetiva da terra, com a fixação de famílias, rebanhos e a organização de propriedades, como casas e capelas. E desde aí foram chegando novos colonos em busca de terras agricultáveis (cana) e pastagens (pecuária) ( é possível citar alguns nomes, como Gil de Miranda e Antônio Mendes Lobato, porém não irei me ater muito nesse tópico) eprogressivamente foram surgindo fazendas ( note o elemento das capelas em grandes propriedades e a difusão e manutenção da fé cristã na região), minas e aldeamentos indígenas. Outrora, a Capitania do Ceará não contemplava todo o território de hoje, ficando a sua atual parte sul subordinada á Capitania de Pernambuco e era de Olinda e Recife que se partiam as ordens administrativas. De acordo com como ocorria o processo de urbanização foram se formando famílias aristocratas que impulsionaram o crescimento da região. Os 32 municípios que integram o Cariri cearense foram formados, majoritariamente, a partir de aldeamentos e outros foram evoluindo a partir de fazendas. Paróquias no Cariri, destaca-se em Icó (1748) e Crato (1762), e assim seguiu a predominância católica até o século XX, em que iniciou- se a vinda de indivíduos de outros credos, sobretudo protestantes. Veja algumas imagens que delimitam o que hoje é denominado Cariri. Crato e Juazeiro do Norte De onde surgiu a cidade do Crato? a vila portuguesa do Crato, no Distrito de Portalegre, região Alentejo e sub-região do Alto Alentejo; Curato de São Fidélis de Sigmaringa, que corrompeu-se depois para Curato de São Fidélis, Curato, Crato. O topônimo Crato vem do latim curatus, que significa padre ou designação de lugares com condições de tornar-se paróquia, podendo ser uma alusão a: Ademais, já conversamos sobre a origem étnica e histórica da população do Cariri, então, não será necessário repetir aqui. Crato, elevou-se à categoria de vila em 16 de dezembro de 1762, tendo sido instalada em 21 de junho de 1764 como Vila Real do Crato, no século XVIII, desmembrada da cidade de Icó e constituindo com essa, Lavras e Umari os mais importantes núcleos de povoamento na época colonial no interior do Nordeste. Foi tornada cidade pela Lei Provincial nº 628, de 17 de outubro de 1853. Eu vou colocar toda a história aqui, mas eu não acredito que seja tão necessário assim... A cidade do Crato surgiu de um aldeamento fundado por frei Carlos Maria de Ferrara, denominou-se, Missão do Miranda administrada pelos frades da Ordem dos Capuchinhos. Graças à fertilidade do solo e ao crescente desenvolvimento do cultivo da cana-de-açúcar, mandioca e cereais, além da abundância de água, o antigo aldeamento transformou-se em próspero povoado, principalmente depois que Manuel Carneiro da Cunha e Manuel Rodrigues Ariosto requereram para si e seus herdeiros uma data de terras de sesmaria, com seis léguas de extensão e uma para cada lado do rio Salgado. https://pt.wikipedia.org/wiki/Crato_(Portugal) https://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_de_Portalegre https://pt.wikipedia.org/wiki/Alentejo https://pt.wikipedia.org/wiki/Alto_Alentejo https://pt.wikipedia.org/wiki/Top%C3%B4nimo https://pt.wikipedia.org/wiki/Latim https://pt.wikipedia.org/wiki/Curato https://pt.wikipedia.org/wiki/Par%C3%B3quia https://pt.wikipedia.org/wiki/16_de_dezembro https://pt.wikipedia.org/wiki/21_de_junho https://pt.wikipedia.org/wiki/Ic%C3%B3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Nordeste https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade Em março de 1762 foi criada a Paróquia, na aldeia do Miranda, sob a invocação de Nossa Senhora da Penha. No ano seguinte, em agosto, foi mandada criar a vila, que em 1764 foi inaugurada com a denominação de Crato (7ª vila do Ceará). Outrossim, em 17 de outubro de 1853 nos seguintes termos: Doutor Joaquim Vilella de Castro Tavares, presidente da província do Ceará a eleva a cidade Agora vamos ver algumas imagens históricas ( retiradas do site do IBGE ) Crato-1957 Crato-1962 Crato-1983 De onde surgiu a cidade de Juazeiro do Norte? Em 1827, o padre Pedro Ribeiro de Carvalho construiu uma capela num local denominado Tabuleiro Grande, localizado na estrada real que ligava Crato a Missão Velha, à margem direita do rio Batateira. Essa capela foi erguida em frente a um frondoso juazeiro. Esta a origem do nome Juazeiro do Norte. Juazeiro é palavra tupi-portuguêsa: jua ou iu-à e 'fruto de espinho” (em virtude da grande quantidade de espinhos que defendem os ramos da árvore), mais o sufixo eiro. A pequena capela foi consagrada a Nossa Senhora das Dores, padroeira do município, a quem o padre doou as suas terras e onze escravos. O povoado não teve grande desenvolvimento até que a 11 de abril de 1872 lá chegou o padre Cícero Romão Batista, como sucessor do padre Pedro Ferreira de Melo. A cidade tem na figura do Padre Cícero Romão Batista um marco na construção da religiosidade, da cultura do seu povo e acontecimentos políticos do Cariri. Quando o sacerdote chegou em abril de 1872, cavalgando num jumento, era apenas um arraial com algumas poucas casas de tijolos e uma rústica capela. Recentemente, Juazeiro comemorou a passagem de 100 anos da sua emancipação política como a terceira cidade do Ceará após deixar de ser um mero povoado pertencente ao Crato. Tudo começou durante uma missa em março de 1889 quando Padre Cícero ministrava a comunhão aos fiéis. Ao colocar a hóstia na boca da beata Maria de Araújo, esta se transformou em sangue. O fato se repetiu por diversas vezes durante cerca de dois anos, sendo logo atribuído pelos fiéis como um milagre. Levas de católicos passaram a visitar o povoado em busca dos conselhos e da benção do “Padim Ciço”. O vilarejo foi crescendo com a abertura de novas ruas e a construção de casas tudo no entorno da fé popular. . Surgiam os pequenos negócios com melhores perspectivas e o Padre Cícero sempre aconselhando: “em cada casa um santuário e em cada quintal uma oficina”. Os espaços sagrado e econômico se entrelaçaram com o trabalho e a fé caminhando juntos a ponto de servir como alicerce para o desenvolvimento de Juazeiro. Formação Administrativa Distrito criado com a denominação de Núcleo de Juazeiro, pelo Ato de 30-07-1858, e por Lei Municipal n.º 49, de 12-11-1911, subordinado ao município de Crato. Elevado à categoria de vila com a denominação de Juazeiro, pela Lei Estadual n.º 1.028, de 02-07-1911, desmembrado Crato. Sede no atual distrito de Juazeiro ex-Núcleo de Juazeiro. Constituído do distrito sede. Instalado em 04-10-1911. Pela Lei Municipal n.º 51, de 12-11-1911, é criado o distrito de Horto e anexado a vila de Juazeiro. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, vila de Juazeiro é constituído de 2 distritos: Juazeiro e Horto. Elevado à condição de cidade com a denominação de Juazeiro, pela Lei Estadual n.º 1.178, de 23-07-1914. Imagens da cidade de Juazeiro do Norte (IBGE) Juazeiro do Norte de 1962-1984 Confrontos entre nativos e colonos e aldeamentos A história da colonização do espaço cearense sempre foi pautada por resistência pelos grupos autóctones, então eu irei me reter aos eventos principais que acredito que serão abordados nesse vestibular. Boa parte da população nativa foi expulsa, assassinada ou sofreu um processo de aculturação e consequente genocídio étnico. A principal estratégia encontrada eram os aldeamentos, neles, o trabalho da população indígena era explorado e eles recebiam a imposição da fé cristã. Por meio da catequese para a "salvação da suas almas" e também para haver uma "domesticação" ideológica de redução da resistência. Isso ocorria, por meio de dizeres que o processo que estavam sendo submetidos era da "vontade de Deus" e que se fossem obedientes haveria uma possibilidade de "vida plena" no paraíso. Alguns dos principais aldeamentos: Caucaia ( aldeamento de N. S. de Caucaia), Pacajus (aldeamento de Paiacu), Messejana, Baturité, Iguatu, Crato, dentre outros. Nesse momento você pode retornar no capítulo anterior e verificar que os 3 principais embates ocorreram, em 1603, com Pero Coelho de Sousa, Martim Soares Moreno e Matias Beck. Vamos começar o enfoque desse capítulo. A chamada " Guerra dos Bárbaros" ( Confederação dos Cariris), ocorreu quando nativos de várias etnias ( Canindé, Icó, Tremembé , Cariri, por exemplo) lutaram por quase 50 anos contra os colonos. Com a expulsão dos Holandeses, os colonos puderamretomar o avanço ao interior nordestino. Lembra das migrações em busca de terras agricultáveis, sobretudo, para a cana e de novas terras para pastagem de gado? Pois bem, esse avanço era barrado pela resistência indígena de terem suas terras roubadas. Lembre que a ocupação do espaço cearense segue a rota dos rios e esse espaço era palco de disputa entre colonos e a população nativa. A Coroa Portuguesa atacou com ordens expressas para assassinar a população local, inclusive, contando com a participação de bandeirantes, dentre eles Domingos Jorge Velho. Essa denominação geral é utilizada para a resistência local no nordeste e ocorreu em outros estados, como Rio Grande do Norte, Paraíba e Bahia . Ao fim, verificou-se a derrota das populações locais, que sofreu um grave processo de genocídio para que a colonização efetiva do Ceará e do Cariri pudesse ocorrer. Hoje as antigas etnias dão nome a cidades relevantes no estado, que se você conseguiu prestar atenção já identificou várias ao longo do texto. O espaço foi definitivamente ocupado e hoje temos apenas algumas populações remanescentes. A Província do Ceará deve ser entendida como um todo, em primeiro lugar ela teve seu processo de colonização tardio e praticamente sem investimentos ficando bastante restrita ao litoral e a Fortes basicamente para domínio militar. Depois o local foi submisso a 2 outras capitanias (como já foi visto) , isso tudo acrescido das condições ambientais de secas cíclicas e somado ao histórico repasse insuficiente de verbas fez que o Estado fosse historicamente submetido a uma condição de pobreza. Dessa forma, a escravidão no estado não ocorreu de modo expressivo, como em outros locais, pois o escravo negro era um produto caro ( quero deixar claro que a escravidão negra ocorreu no estado, só não era a forma de trabalho mais expressiva). Com isso, ocorreu muito no estado o aldeamento de indígenas ( com trabalho compulsório) e no uso do sertanejo ( mestiços) livre, sendo corriqueiro o sistema de quarteamento ( em que a cada 4 peças de animais nascidos vivos 1 ficava para o trabalhador, havia sistema similar também para os gêneros agrícolas). Ademais, a economia cearense era bastante pautada na criação de gado e agricultura o que tornava não muito interessante o trabalho escravo negro, já que essa era uma mão de obra cara e havia um enorme exército de sertanejos "desocupados" e sem renda na região o que tornava mais rentável o trabalho "livre". Escravidão e trabalho livre no Ceará Organização política, social e econômica da capitania do Ceará Organização Política Ao longo desse PDF, já discutimos os principais atores políticos da Capitania do Ceará. Desde seus 2 primeiros donatários que nunca tomaram posse efetiva da terra, passamos pelas disputas de poder entre a população autóctone e os colonos, as disputas entre franceses, holandeses e portugueses pela posse do território e as tutorias que o Estado passou na mão das Capitanias do Maranhão e Pernambuco. Em posse desse conhecimento, eu quero trabalhar a questão política com base no poderio das Elites locais. Vamos nos ater a partir de 1699 com a fundação da primeira vila e a instalação da primeira Câmara Municipal como mecanismo de administração metropolitana para o controle e mediação dos poderes locais . O território do sertão cearense era visto como uma teia de conflitos de interesses privados com uma ordem pública que não alcançava de modo efetivo a região. Entenda, com o avanço da colonização houve um aumento nos pedidos de sesmarias e naquela época a posse de terra representava um importante elemento de poder. No Ceará colonial a sociedade se organizava em status hierárquicos, a cor da pele ( quanto mais branca, maior o status), a posse de terras, a ocupação de postos administrativos, o prestígio familiar, o acesso a educação ( lembrem que bacharéis tinham uma posição destacada do restante do corpo social) , e não menos importante a quantidade de bens (dinheiro) aquele indivíduo tinha. Não esqueçam que a estrutura era patriarcal e que muitos casamentos eram realizados como acordos entre famílias para a administração e manutenção do poder na região. É válido ressaltar a influência da religião católica ( em geral todas as grandes propriedades tinham uma capela no seu território), lembrem também dos constantes choques entre colonizadores e religiosos, sobretudo, na questão do índio. Ademais, a figura da mulher sofria uma clara repressão social, como por exemplo no caso da mulher ter sua liberdade ceceada, mantendo-se o costume de sair apenas se acompanhada, o casamento era indissolúvel, ou seja, não havia aí a possibilidade de divórcio lícito, tanto por questões religiosas, como por restrições familiares. Muitas vezes a mulher era privada de uma educação formal e sua existência diretamente relacionada aos desígnios da época, como a maternidade. Existiram exceções, mas , em geral, a situação da mulher era bastante limitada dentro da sociedade colonial cearense. Organização social A pecuária, o principal elemento de "conquista" do sertão cearense. Com a Carta Régia de 1701 que proibia a criação de gado a menos de 10 léguas da costa, com isso, A ocupação dos sertões ocorreu com 2 correntes de povoamento: Sertão de fora, dominada por pernambucanos, vindos pelo litoral, e Sertão de Dentro, dominada por Baianos, tais rotas se uniram com colonos ocupando as ribeiras dos rios Jaguaribe e Acaraú. O gado servia de alimento, de transporte e se aproveitava praticamente todos os seus constituintes, como o couro para a construção de moveis. Depois, verificou-se o desenvolvimento das charqueadas, destacando-se as cidades de Aracati ( na foz do rio Jaguaribe), Acaraú, Sobral ( rio Acaraú) Granja e Camocim( rio Coreaú), contudo, no final do século XVIII, o charque local entrou em decadência. Outrossim, a cotonicultura já existia no estado e era cultivado pelos nativos, passando a ser cultivado no Brasil e no Ceará devido ao bom preço no mercado internacional e á demanda inglesa, para suas indústrias têxteis. Os preços também foram incrementados devido a guerra de independência Americana. As principais regiões produtoras foram, Fortaleza, Aracati, Baturité, e Uruburetama. A região do Cariri, no sul do Ceará, se destacou das demais localidades interioranas e afastadas do litoral por apresentar uma vegetação verde, com fontes de águas cristalinas, onde nasceram importantes núcleos populacionais, entre eles os que formaram as cidades de Crato e Jardim, ambas distante da capital, Fortaleza, mais de quinhentos quilômetros e bastante próximas do estado de Pernambuco. A atividade desenvolvida nessa região,durante o século XIX, era sobretudo a canade-açúcar, já que esse produto trazia bons lucros por conta da produção de rapadura, principal produto da região, sendoexportado principalmente para Pernambuco ecriando, assim, importantes laços entre essa capitania/província e o Cariri cearense. Organização Econômica Movimento de 1817 no Ceará e participação do Cariri O que foi esse movimento? Foi uma revolta de caráter liberal, republicano e separatista ocorrido na Capitania de Pernambuco durante o período colonial. A grande diferença dos movimentos anteriores, como a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana foi que de fato houve a tomada do poder local, mesmo que por período e áreas limitadas. Quais as motivações do movimento? A Revolução estava diretamente ligada com a vinda da Família real portuguesa em 1808 para o Rio de Janeiro. Com isso, os colonos tiveram que pagar uma quantidade maior de impostos para sustentar a vida de luxo da corte. A economia local já estava em crise, decorrente da redução da produção de açúcar (concorrência Holandesa) e do algodão (impostos). Em consequência disso ocorreu um aumento da pobreza e miséria social. Como foi a Revolução? A Revolução começou em 06 de março de 1817, quando um militar português ( Manoel Joaquim Barbosa ) foi assassinado pelo capitãoJosé de Barros que reagiu à voz de prisão por suposto envolvimento em conspiração contra o governo. Isso foi o estopim para a rebelião que rapidamente dominou o Recife. Os rebeldes assumiram o poder da capitania e instalaram um governo provisório. Os líderes da Revolução foram Domingos José Martins, José de Barros Lima, Cruz Cabuga e Padre João Ribeiro. O movimento contou com a participação de vários grupos sociais, as elites locais, militares, e muitos padres e tinham o iluminismo como plano de fundo ideológico. Os revoltosos defendiam: A proclamação da República, o fim dos impostos abusivos cobrados por Dom João VI, a liberdade de imprensa e de culto, o aumento do soldo de soldados , a instituição dos 3 poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) , entretanto eles defendiam a manutenção do trabalho escravo. A revolta espalhou-se por outras Capitanias: Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará. Haviam múltiplos interesses e o movimento foi enfraquecendo, sendo aniquilado e os seus líderes presos e alguns assassinados e expostos em praça pública. Quem eram os revoltosos e o que eles queriam? Como ficou o Ceará na Revolução? O Ceará, mesmo independente política e administrativamente de Pernambuco (1799) ainda estava ligada econômica, social e politicamente. Somado aos efeitos da seca e da crise do algodão, esperava-se uma maior adesão. Porém, a participação da Capitania cearense foi pequena, houve baixa adesão das elites e da população comum. Ademais, o governo do Ceará, sob encargo do governador Inácio de Sampaio estava preparado para reprimir o movimento. Quanto ao Cariri? A Família Alencar , por meio de Bárbara Alencar e os filhos José Martiniano e Tristão Gonçalves foram os principais articuladores do movimento na Região. José Martiniano liderou a tomada da Câmara da vila do Crato e decretou a república, o que na prática durou apenas 8 dias. O fim da revolta no Ceará se deu pela falta de força do movimento. A família Alencar não conseguiu apoio no próprio Cariri, nem no resto da Capitania, embora tenham contado com o suporte inicial de José Pereira Filgueiras (capitão-mor), esse não sustentou o apoio após ser pressionado pelo governador para reprimir o movimento. Os membros da Família Alencar e outros participantes foram presos e enviados para Fortaleza e depois, foram anistiados. Ocorreu a destruição de documentações relevantes do período para evitar penas mais duras para a família Alencar que anos depois teve participação na Confederação do Equador , de modo geral a família em questão saiu politicamente fortalecida do embate. Participação do Ceará e do Cariri na Confederação do Equador O que foi esse movimento? Foi um movimento que teve como centro irradiador Pernambuco e aglutinou em 1824 a adesão de estados que hoje pertencem a região nordeste ( Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba) . Foi um movimento liberal ( influenciado pelo iluminismo, pela Revolução Francesa e pela Independência dos EUA), separatista ( queria separar a região do resto do País) e republicano. O conflito possuía raízes em movimentos anteriores, como a Revolução Pernambucana de 1817.Em 1824, o Brasil já havia se separado politicamente de Portugal, mas as reformas pretendidas pelos radicais liberais - a maioria de interesses particulares da burguesia - não foram realizadas. Assim, em dois de julho de 1824, Manuel de Carvalho Paes de Andrade proclamou a República da Confederação do Equador, em Pernambuco. Este movimento chegou ao Ceará e a outros estados nordestinos através dos revolucionários que se encontravam em Pernambuco e se encarregavam de espalhar os ideais republicanos sob a alegação de que havia da parte de D. Pedro I o desejo de recolonização do Brasil. Havia uma insatisfação com a dissolução da Assembleia Constituinte em 1923 pelo até então Imperador Dom Pedro I e com a implementação da Constituição outorgada em 1924 (que detinha o poder moderador) . Com a implantação da Constituição de 1824 e a dissolução da Assembléia Constituinte, várias províncias do Nordeste ficaram insatisfeitas com essa medida autoritária do Imperador, sendo Pernambuco a principal delas. Logo algumas vilas do Ceará também se mostraram insatisfeitas como Quixeramobim, onde é declarada a República com José Pereira Filgueiras no comando das Armas. Outras províncias também se mostraram contra a nova constituinte como Crato, Aracati e Icó. Quais as motivações? Como ocorreu no Ceará e no Cariri? A participação do Ceará na Confederação do Equador devesse a dois aspectos; primeira a subordinação da capitania do Ceará a capitania de Pernambuco que durou de 1656 á 1799, e outro aspecto foi a influência da família Alencar na região do Cariri. A vila de Crato, politicamente influenciada pela família Martiniano Alencar, que desde 1817 já lutara pela implantação da República, era excelente locusde propagação dos ideais de 1824 para outras vilas e províncias, passando estas a protestar constantemente das atitudes do imperador, provocando tensões e conflitos. Em abril de 1824, tendo á frente Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves, depuseram o recém- nomeado presidente da província ( Costa Barros). Com a saída do poder de Costa Barros, a oposição organiza um governo rebelde chefiado por Tristão Gonçalves de Alencar Araripe e José Pereira Filgueira que reinicia as relações com Pernambuco. A província de Pernambuco era o foco irradiador da confederação, era ela que fornecia armas, oficiais estrategistas para o Ceará, além de uma tipográfica responsável pela impressão do primeiro jornal do Ceará. No entanto a repressão imperial se fez em 12 de Setembro quando o brigadeiro Luis Alves de Lima e Silva subjugou os rebeldes e restabeleceu o comando da província de Pernambuco ao poder imperial. Os lideres rebeldes fugiram ou foram capturados e condenados a morte. A insurreição teve participação popular às chamadas “brigadas populares”; mulatos, pretos libertos e militares de baixa patente, no entanto, a elite que promoveu o movimento não trouxe soluções concretas para os problemas da população carente. O radicalismo instaurado pelas camadas populares, junto à proibição do trafego de escravos, foi responsável pela perda do apoio dos latifundiários, que era essencial para o movimento. O Ceará foi a última província a se render. Tristão Gonçalves morre em combate , Pereira Filgueiras se rende e falece em minas, padre Mororó , Pessoa Anta, Francisco Ibiapina, Feliciano Carapinima são fuzilados em praça Pública ( Praça dos Martíres \ Passeio Público). O Movimento Armado de 32 Joaquim Pinto Madeira, líder da revolução de 1832, nasceu no então povoado de Barbalha, sul do Ceará, em 1783,foi militar, rico proprietário rural e chefe político na vila de Jardim. Homem de temperamento forte e caráter conservador, Pinto Madeira atuou contra os movimentos rebeldes de 1817 e 1824, que tinham ideais republicanos. Na condição de militar, Pinto Madeira participou, ativamente, no Cariri, contra as manifestações da Revolução Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador, em 1824. Segundo Irineu Pinheiro(1963), após a derrotados revolucionários republicanos cratenses de 1817, pelas forças monarquistas, coube a Pinto Madeira conduzir à prisão, em Fortaleza. Os vinte presos políticos, a maioria da família Martiniano Alencar ou seus agregados. os Alencar e os demais liberais cratenses nunca perdoaram a ação de Joaquim Pinto Madeira naquelas duas agitadas fases da história cearense. Com a queda de Dom Pedro I, os liberais moderados, ligados á família Alencar chegaram ao governo cearense e passaram a perseguir Pinto Madeira. Madeira insatisfeito articulou uma revolta , que teve motivação a disputa entre coronéis do Crato e de Jardim, pelo domínio Político do Cariri Cearense. Os exércitos eram formados por sertanejos de ambas as regiões . O governo provincial interveio no confronto conta Pinto Madeira. Em outubro de 1822, Pinto Madeirarendeu-se, foi julgado culpado pelo assassinato de José Pinto Cidade , que ocorreu por pressão de seu inimigo José Martiniano de Alencar, que então ocupava o governo cearense. Em 25 de março de 1884 aconteceu no Ceará a cerimônia de libertação de todos os escravos daquela província, resultado de um movimento abolicionista que mobilizou o império. A Sociedade Cearense Libertadora, a mais atuante sociedade abolicionista do Ceará e que tomou a liderança do movimento, foi fundada em 08 de dezembro de 1880 como um desdobramento da sociedade comercial Perseverança e Porvir, fundada em 1789. Já em 01 de janeiro de 1881 foi criado o jornal Libertador, Órgão da Sociedade Cearense Libertadora, por meio do qual os abolicionistas da sociedade começaram a divulgar suas ideias e iniciaram efetivamente a campanha abolicionista. A partir dele percebemos uma mudança na atuação da Sociedade Cearense Libertadora, de mais radical no início para mais conservadora ao final do movimento. Inicialmente os abolicionistas se declaravam radicais, organizando greves e facilitando fugas de escravos. Posteriormente, passaram a utilizar a propaganda para convencer os senhores a libertarem seus escravos, buscaram meios de comprar alforrias e defenderam que os escravos da província foram libertados sem desordem ou revoltas. Buscamos então perceber em que medida essa mudança de atuação contribuiu para que o movimento abolicionista no Ceará fosse visto como modelo para as demais províncias do Império, e mais tarde se tornasse uma das bases da identidade regional cearense. Abolicionismo no Ceará Suas características mais radicais ficariam mais definidas após a greve dos jangadeiros, como ficou conhecida a paralisação ocorrida no porto de Fortaleza nos dias 27, 30 e 31 de janeiro de 1881, e mais tarde em 30 de agosto do mesmo ano. A paralisação se tornou um marco na história do Ceará e foi organizada pela Sociedade Cearense Libertadora juntamente com os jangadeiros, que eram responsáveis por levarem os escravos dos navios até a praia, e vice-versa. Nestes dias, os jangadeiros se recusaram a embarcar os escravos que seriam transportados para outras províncias e, junto com a multidão que se encontrava na praia, gritaram: “No porto do Ceará não se embarca mais escravos!”; frase que se tornou emblemática do movimento. (Lembre de Dragão do Mar- Francisco José do Nascimento). A campanha abolicionista ficou conhecida em todo o Império, com a repercussão da atuação da Sociedade Cearense Libertadora e a partir dos contatos dos abolicionistas cearenses com abolicionistas de outras províncias, principalmente da Corte. José do Patrocínio, inclusive, passou alguns meses no Ceará, em 1882, participando dos eventos da campanha junto aos abolicionistas. Então, em janeiro de 1883, Aracapé (atual Redenção) passou para a história nacional como o primeiro núcleo urbano a libertar seus cativos. Fortaleza deu liberdade aos seus em 24 de maio de 1883 e em 25 de março de 1884, promulgou-se uma lei inviabilizando a escravidão na província. Hegemonia Urbana de Fortaleza Fortaleza assume na segunda metade do século XIX a condição de principal núcleo econômico, político e social da Província, superando Aracati. Ocorreu a junção de vários fatores ; 1) Capitais acumulados com a venda de algodão 2) A monarquia realizava um maior envio de recursos para as capitais das províncias e com a consolidação de Fortaleza como capital tornou o local atrativo para obras e recursos públicos. 3) A construção e melhorias feitas em estradas e ferrovias, como a Estrada de Ferro Fortaleza-Baturité (EFB), inaugurada em 1873 4) A intensa migração e atração populacional, sobretudo em épocas de seca O crescimento de Fortaleza se evidencia com a ampliação de serviços e melhorias de infraestrutura, com transporte coletivo, calçamento nas ruas centrais, iluminação pública, bibliotecas e colégios de boa qualidade, na época o Liceu era referência. Nesse momento há a chamada " Belle Époque" , as elites se inspiram nos padrões franceses e o Passeio Público era um local de encontros bastante popular. Ocorriam também reuniões na Praça do Ferreira, os chamados "cafés" e em um desses se formou a Padaria Espiritual. Em suas publicações em "O Pão", intelectuais, como Adolfo Caminha criticavam os valores da época. Em 1875, o engenheiro Adolfo Herbster elaborou um plano urbanístico, para ampliar as ruas e criar novas avenidas, modernizando e ordenando o crescimento da cidade. Esse tema eu coloquei apenas os pontos principais, se você deseja se aprofundar mais no tema, copia e cola esse link e veja de maneira completa e detalhada https://www.institutodoceara.org.br/revista/Rev- apresentacao/RevPorAno/2014/03_FortalezacapitaldoCeara.pdf Imagens da evolução de Fortaleza até o século XIX O "Milagre" de Juazeiro do Norte e o Movimento Religioso em Torno de Padre Cícero Quem foi Padre Cícero? Cearense, nasceu em 24 de março de 1844 na cidade de Crato. Ingressou no Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde foi ordenado Padre, em 1870, e instalou-se em Juazeiro no ano de 1872, sendo um padre bastante populista, ganhou o respeito da comunidade por seu trabalho religioso. Seminário da Prainha Um "milagre" ocorrido em 1889 transformou a vida do religioso e da cidade. Ao participar de uma comunhão geral, na capela de Nossa Senhora das Dores, a hóstia sangrou na boca de uma fiel. Logo esse fato foi divulgado e a cidade de Juazeiro recebeu peregrinos de todas as partes. Em 1894, Padre Cícero foi punido com a suspensão da ordem. Inconformado e sem poder celebrar missa, Padre Cícero foi ao Vaticano, em 1898, pedir revogação da pena, ao papa Leão XIII. Saiu de lá com a vitória, mas o bispo não aceitou e pediu revisão do resultado. Sem poder seguir na carreira religiosa, a viagem a Roma só contribuiu para aumentar o prestígio do Padre Cícero. Padre Cícero, por sua vez, mesmo punido pela Igreja, tornou-se uma personalidade local bastante relevante, transformando-se em figura de veneração popular e conquistando enorme capital político no Cariri. O resultado disso foi que ele se consolidou com uma liderança no povoado de Juazeiro. Em 1911 o distrito foi elevado a município e o Padre Cícero foi nomeado prefeito, realizando várias benfeitorias, como a abertura de escolas, capelas, o incentivo a agricultores e forneceu auxílios para a população em épocas de secas. Nesse contexto, Padre Cícero articulou um acordo político entre os coronéis da região. Esse acordo ficou conhecido como “pacto dos coronéis” e, com ele, cada coronel apoiaria o governo do Ceará( o governo do Ceará e o chefe da oligarquia desse estado, Antônio Pinto Nogueira Accioly em troca de benefícios) Taynara, quais os motivos para a Igreja Católica não reconhecer os milagres atribuídos ao Padre? Entenda que na época que ocorreu o suposto milagre a Igreja procurava consolidar os ritos tradicionais da religião, e esse "milagre" distanciava de certa forma a norma preconizada. Além disso, havia um claro preconceito por parte da hierarquia católica com a região onde supostamente ocorreu o milagre, uma vila no interior do nordeste, ao fim, a Igreja considerou uma fraude o suposto milagre (após mandar peritos); e até hoje não o reconhece, mesmo que em 2015 tenha retirado as punições impostas ao Padre. https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/coronelismo.htm Taynara, se ele atuou com ações positivas, qual a razão dele ser uma figura polêmica? Novamente você deve reconhecer que ao adquirir um grande prestígio na região ( por ser uma figura carismática e supostamente realizava milagres, Cícero tinha, desde a infância supostas visões) ele se aliou a latifundiários da região, que eram mandatários do poder econômico e político e exploravam a população local, pobre e carente de bases educacionais sólidas. Além disso, também há relatos que havia a aceitação de doações de procedência duvidosa que poderiam ser oriundasde atos ilícitos ( Lembre da suposta ligação do padre com cangaceiros, inclusive com o bando de Lampião) , porém para muitos ele era um "santo" (literalmente), um homem de fé que realizava milagres e auxiliava a população local e detinha aliança com poderosos da região como forma de ser um conciliador de forças e assim, conseguir avanços e também proteção para si. Caso você queira ler em detalhes sobre o Padre eu vou deixar o link de um artigo; https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/28902/1/PADRE%20C %C3%8DCERO%20E%20LAMPI%C3%83O%20- %20estudo%20das%20legendas%20e%20cria%C3%A7%C3%A3o% 20dramat%C3%BArgica.pdf O vale do Cariri, no Ceará, sempre fora pródigo em garantir os votos necessários à manutenção da política dos governadores adotada pelo governo do presidente Hermes da Fonseca (1910- 1914). Municípios como Barbalha, Missão Velha, Milagres e Aurora e, principalmente, Crato, eram polos importantes do coronelismo consolidado após o pacto oligárquico. Além disso, sob iniciativa de Padre Cícero Romão Batista, a região conheceu grande desenvolvimento econômico com a produção de algodão e de maniçoba destinada ao mercado internacional. De dezembro de 1911 a janeiro de 1912, houve intensa campanha contrária aos planos de Acióli manter-se na liderança da política cearense. O movimento que levou mais de 20 mil pessoas às ruas de Fortaleza contou com a adesão de comerciantes da capital do Ceará, de profissionais liberais e de soldados e oficiais do Exército. A reação violenta de Acióli, ao colocar soldados e jagunços contra os manifestantes contrários à sua política, aumentou a oposição a seu governo. Em 24 de janeiro de 1912, o oligarca foi obrigado a deixar Fortaleza e exilar-se na capital federal, de onde passou a conspirar para reassumir a liderança da política cearense. O fato beneficiou o candidato de oposição ao governo, coronel Franco Rabelo. Em sintonia com a política das salvações capitaneada pelo general Dantas Barreto, mais uma oligarquia era derrubada no Nordeste, a exemplo do que ocorrera com Rosa e Silva em Pernambuco em 1911. A eleição do coronel Franco Rabelo para presidente do Ceará em meados do ano de 1912 fez ruir as bases do pacto de 1911 firmado no Cariri. Ciente dos laços que ligavam os coronéis da região ao antigo líder da oligarquia Acióli, Rabelo iniciou uma campanha de desestabilização da política oposicionista no Ceará. A Sedição de Juazeiro (1913-14) No dia 12 dezembro de 1913 reuniu-se em Juazeiro uma assembleia dissidente composta por deputados oposicionistas, e declarou-se a ilegalidade do governo de Franco Rabelo. Nomeou- se nessa ocasião um governo paralelo, tendo Floro Bartolomeu como presidente provisório. A resposta de Rabelo foi rápida. No dia 15 de dezembro, as tropas estaduais estacionadas no Crato, sob o comando do coronel Ladislau Lourenço, deram início às operações de invasão a Juazeiro. No dia 20, a cidade santa foi ocupada pelas tropas do governo, tendo à frente o coronel Alípio Lopes, escolhido pessoalmente por Rabelo para dar fim à sedição. Embora as investidas oficiais tenham provocado muita tensão em Juazeiro, a resistência dos fiéis de Padre Cícero, aliada ao ataque dos cangaceiros reunidos por Floro Bartolomeu, conseguiu vencer as forças oficiais. Cercada por tropas rabelistas, a cidade santa enfrentou a fome e a falta de munição. Apesar das dificuldades, o moral da tropa que entoava cânticos em louvor de Padre Cícero conseguiu resistir e contra-atacar. Graças a essa ofensiva, no dia 24 de janeiro de 1914 Crato foi ocupada por homens comandados por Bartolomeu. Seguiu-se a tomada de Barbalha. As cidades foram pilhadas, e com o espólio Juazeiro pôde se recompor da escassez de víveres e de munição em que se encontrava desde os ataques das forças rabelistas. Em marcha a pé e via estrada de ferro, os sediciosos de Juazeiro, tal como eram denominados, ocuparam Miguel Calmon, Senador Pompeu, Quixeramobim até marchar sobre Fortaleza, a 19 de março de 1914. Conforme plano firmado pelo governo sob a liderança do senador Pinheiro Machado, seguiu para a capital cearense uma tropa federal para apoiar os revoltosos. Foi decretado o estado de sítio no Ceará, e o general Fernando Setembrino de Carvalho foi nomeado interventor no estado. Franco Rabelo deixou o governo e rumou para o Rio de Janeiro no dia 24 de março de 1914. Perceba a capacidade de mobilização que a figura do Padre tinha na região e como a "manipulação" da população permitiu a intensa aglutinação de sertanejos e membros do banditismo local em prol dos interesses das Oligarquias locais, a fé nesse caso foi utilizada de modo claro com finalidades políticas. Após a Sedição, houve um relativo equilíbrio entre esses grupos dominantes até a Revolução de 30 que modificou a situação política local. O Caldeirão O caldeirão foi um agrupamento coletivista de cunho religioso ocorrido na cidade do Crato, sob liderança do Beato José Lourenço. José, paraibano, negro e analfabeto, chegou a Juazeiro por volta de 1890, sendo seguidor de Padre Cícero foi aconselhado a permanecer na região e trabalhar com algumas famílias. Ele arrendou um lote de terra no sítio Baixa D´anta e passou a desenvolver um trabalho coletivista, em que se dividia com os trabalhadores o produzido. Veja que sistemas coletivistas chamavam muito atenção de latifundiários que perdiam sua mão de obra quase "escravista" e também dos políticos da região ( lembrem de Canudos). Na década de 20, adversários políticos de Padre Cícero e Floro Bartolomeu, inventaram uma "fake news" de que as pessoas daquele sítio estariam adorando um boi como se fosse uma entidade mística. Isso, levou a prisão de Lourenço e pouco tempo depois o proprietário da terra arrendada, Cel. João de Brito, efetua a venda do local e o novo dono pede a retirada da população que lá residia, isso ocorreu sem direito a nenhum tipo de indenização pelas melhorias realizadas. Com isso, o Padre, acomodou Lourenço e seus seguidores em um sítio de sua propriedade fica na Serra do araripe no município do Crato. Era chamado Caldeirão, devido o grande caldeirão de pedra que conservava água até o verão. Em pouco tempo o trabalho de tantos agricultores conseguiu transformar o Caldeirão em uma terra muito produtiva. Lá eles produziam, também, as ferramentas de trabalho, roupas e calçados. Padre Cícero morreu em 1934, Caldeirão perdeu seu defensor. Suas terras foram procuradas pelos Salesianos. Em 1936, houveram algumas expedições para a destruição do local e nos confrontos morreram inúmeros sertanejos. Políticos da região, grandes proprietários de terra, a justiça e a Igreja juntam-se aos poderosos da capital e montam um plano de destruição contra o Caldeirão. A primeira expedição foi realizada em 11/09/1936 e foi comandada pelo capitão Cordeiro Neto, que mais tarde foi prefeito de Fortaleza.Inicialmente queriam oferecer passagens de trem para as famílias transportarem as bagagens e se retirar do local. O povo não aceitou. Os soldados cumpriram as ordens chegadas de Fortaleza. Queimaram 400 casas, as moagens e as roças. Nenhuma arma foi apreendida, ninguém tinha arma entre os dois mil habitantes do Caldeirão. Os soldados roubaram tudo que podiam levar do Caldeirão. A segunda expedição para destruir Caldeirão, ocorreu em 11/05/1937, e encontrou resistência de um grupo, liderado por Severino Tavares que passou a agir contrariando as orientações do Beato Zé Lourenço que pregava continuar firmes na luta, mas nunca tocar armas. Nesse confronto morreram um capitão, seu filho, um sargento e um soldado. Outros soldados ficaram feridos. Três camponeses morreram também. O governo do Estado telegrafou pedindo reforço Federal que enviou uma esquadrilha de aviões. Bombardearam as casas e as roças dos trabalhadores. Cerca de mil trabalhadores foram mortos.Zé Lourenço e seu povo voltaram para Caldeirão, começaram tudo de novo. Quando já estavam situados, chegou uma carta dos salesianos, dizendo queele se retirasse com todo o seu povo. Zé Lourenço saiu direto para Pernambuco, foi para a fazenda união, em Exu. Lá morreu de peste bubônica, no dia 12 de dezembro. Seu corpo foi sepultado em Juazeiro do Norte. A Oligarquia Acciolina Essa oligarquia foi constituída tendo como líder Nogueira Accioly, que dominou o Estado do Ceará, entre 1896 e 1912. Caracterizada por seu autoritarismo, corrupção e despotismo. Ela estava estruturada com a adesão a chamada "política dos governadores"( um mecanismo de "apoio" mútuo entre os presidentes da república e os governadores dos estados), o suporte de coronéis latifundiários, corrupção eleitoral e repressão a opositores. No primeiro mandato (1896-1900) é relevante destacar o conflito entre Accioly e o farmacêutico Rodolfo Teófilo. O Ceará viveu um momento de extrema calamidade pública, com cólera, varíola e seca. Rodolfo, resolveu enfrentar o grave problema de saúde pública fabricando e aplicando vacinas na população, sobretudo nas residentes nos bairros mais pobres, e isso irritou Accioly que temia perder sua popularidade política e atuou ativamente contra a campanha de vacinação (me lembra alguém, cof cof. ok, voltemos) . O governo de Pedro Borges (1900-04) foi uma continuidade da oligarquia. Accioly ainda foi reeleito para 2 mandatos, em 1904 e 1908 e nesse período ampliou-se também o número de opositores. Em 1910 , iniciou-se o mandato de Hermes da Fonseca, foi o período da "política das salvações", que consistiu no levante armado de militares e de setores da classe média, com fito de tentar derrubar as oligarquias. E uma das que sucumbiu foi essa. Assim, para as eleições estaduais de 1912, lançou-se Franco Rabelo x Domingos Carneiro ( apoiado por Accioly ), a campanha teve como marca a "passeata das crianças", uma manifestação favorável ao primeiro candidato, na qual morreram e foram lesionadas inúmeras crianças. Em consequência ocorreu uma rebelião na cidade de Fortaleza, Accioly renunciou e em seguida Rabelo foi eleito.( Sendo deposto 2 anos depois, em 1914). Eu escolhi colocar esse tema um pouco depois, mesmo ele tendo acontecido antes do tópico anterior, pois não queria quebrar o raciocínio das ações de Padre Cícero, queridinho da Urca. Até 1930 o Brasil era regido pela "política dos governadores" (já expliquei o conceito), o país era dominado pelo binômio agricultura/pecuária e servia aos interesses dos grandes latifundiários. Porém, houve a Crise de 29 e o café, principal produto de exportação, entrou em declínio e com isso também declinou a popularidade do até então presidente da república. Associado a crise, havia também um amplo descontentamento por parte dos militares de baixas patentes. ( lembre do movimento tenentista e do evento ocorrido no Forte de Copacabana). Então, nas eleições de 1930, ocorreu algo atípico, não houve unanimidade no apoio ao revezamento de poder MG/SP e Júlio Prestes foi apoiado como sucessor de Washington Luís. Ocorreram as eleições e a disputa foi entre Júlio e Getúlio, sendo que esse primeiro foi eleito por ter um maior número de votos. Porém, o motor da história teve uma pequena surpresa, o vice de Getúlio, o paraibano João Pessoa foi assassinado por questões pessoais e o caso tomou grande repercussão. Assim, em 3 de outubro os militares liderados por Getúlio Vargas, no sul, e Juarez Távora (1898-1975), no norte, convergem para o Rio de Janeiro. Getúlio Vargas tornou-se chefe do Governo Provisório com amplos poderes, revogando a constituição de 1891 e governando por decretos. Da mesma forma, nomeou seus aliados para interventores (governadores) das províncias brasileiras. Queria- se, dessa forma, afastar dos governos estaduais as oligarquias da República Velha e colocar-se em prática as políticas varguistas Movimento de 1930 e as Interventorias No Ceará, o interventor escolhido foi Fernandes Távora (1931), depois foi nomeado Roberto Carneiro de Mendonça , que procurou manter uma política conciliadora entre o novo regime e os oligarcas. Foi nessa época que ocorreu uma das maiores vergonhas do território cearense (lembrem do genocídio indígena), em 1932 ocorreu uma grave seca, e junto a isso, outras enfermidades, como a cólera acarretaram em um grande contingente de necessitados e para conter essa massa de miseráveis o governo realizou campos de concentração, em que os indivíduos não podiam sair e nem tinham a assistência necessária. Além disso, muitos cearenses foram enviados para combater contra a Revolução Constitucionalista. Em 1933, foram convocadas novas eleições para a Assembleia Constituinte, o que motivou novos arranjos políticos. Ficou de um lado os tenentes apoiadores da "Revolução" , de cunho liberal, criaram o Partido Social Democrata (PSD), as oligarquias , junto com outros elementos "conservadores" da igreja, fundaram a Liga Eleitoral Católica (LEC). Essa última, por ser apoiada por religiosos e latifundiários obteve uma grande aceitação cearense. Atenção: a LEC também apoiava segmentos fascistas que na época se aglutinaram na AIB (Aliança Integralista Brasileira), no Ceará. A LEC conseguiu retomar o poder em 1934 , com Menezes Pimentel, que administrou o estado por 10 anos. Um extra do período, quem fez UECE, com certeza já conhece a LCT. A Legião Cearense do Trabalho, foi uma organização conservadora, nacionalista, cristã, paternalista, anticomunista, e antiliberal ocorrida no Ceará entre 1931 e 1937, foi fundada e liderada por Severino Sombra. Também se destaca o Padre Hélder Câmara, Jeová Mota e Ubirajara. Essa organização foi fechada com o avanço de Vargas, em 1937, com o Estado Novo. Durante o Estado Novo, o Ceará foi governado por Menezes Pimentel . Nesse período vivemos o ciclo da borracha, em que muitos cearenses foram trabalhar na região norte. Com a entrada do Brasil na 2 guerra ficou claro que o regime de Vargas deveria sofrer críticas e ele tornou- se insustentável. Criaram-se novas agremiações políticas, como a UDN , PSD e PCB. Após a saída de Menezes, a UDN entrou no poder em 1947, com Faustino Albuquerque. Posteriormente foram governadores; Faustino Albuquerque (UDN 1947-51), Raul Barbosa (PSD 1951-54), Paulo Sarasate (UDN 1955-58), Parsifal Barroso (PSD, PTB 1959-63) e Virgílio Távora ( UDN-PSD 1963- 66) Ditadura Militar no Ceará Em 31 de março de 1964, tanques do exército foram enviados ao Rio de Janeiro, onde estava o presidente Jango. Três dias depois, João Goulart partiu para o exílio no Uruguai e uma junta militar assumiu o poder do Brasil. No dia 15 de abril, o general Castello Branco toma posse, iniciando oficialmente o período conhecido como ditadura civil-militar no País. O acirramento político e histórico foi constante no Brasil e em países da América Latina e, do mesmo modo, no Ceará. Foi comum a participação dos estudantes, intelectuais, operários, professores, artistas, políticos e guerrilheiros contra o regime, em muitos momentos estavam nas ruas de braços dados, em manifestações, em outros estavam agindo e enfrentando o regime na clandestinamente. O governador do Estado, Virgílio Távora, eleito em 1962, mantinha um bom relacionamento com João Goulart, inclusive, recebendo ajuda financeira para suas realizações administrativas, principalmente, para a construção da linha de energia elétrica de Paulo Afonso a Fortaleza. Com o golpe, sofreu uma tentativa de deposição organizada por Michel Graudhol, nomeado presidente da Caixa Econômica, depois demitido por corrupção, e Charles Deleve, comerciante francês que contou com o apoio de deputados estaduais. Na visita de Castelo Branco ao Ceará, esses o procuraram afirmando que Virgílio não era revolucionário. “Virgílio é revolucionário de primeira hora”, respondeu o presidente militar, e foram todos para a casa do governador se confraternizar (MOTA, 1985, p. 127). https://www.politize.com.br/presidente-da-republica-o-que-faz/ No Cariri, os alvos da repressão foram aqueles considerados “comunistas” ou seus simpatizantes. É isto que explicaas prisões de Peres Amaral, proprietário de um pequeno sítio no rumo do Rio Salgadinho, cujo espaço físico era utilizado para reuniões do diminuto exército de comunistas de Juazeiro do Norte, e do comerciante João Mariano, “ele fazia questão de dizer que era comunista”. Independente disso, “o golpe de força não poupou professores, livres pensantes e pequenos proprietários e os colocou sob severa vigilância; em certos casos, empregou contra eles os instrumentos dos interrogatórios, das perseguições e da prisão pura e simples” (QUEIROZ, 2010). Em Juazeiro do Norte, também foram presos Geraldo de Lucena Militão, o professor e homem de teatro Wálter Barbosa e o radialista Dário Maia Coimbra, por serem apenas simpatizantes do trabalhismo e da esquerda. As ações dos golpistas no maior município da região, Juazeiro do Norte, contaram com o apoio dos gêmeos Adauto e Humberto Bezerra, do pároco Murilo de Sá Barreto, do deputado Leão Sampaio e do empresário Antônio Corrêa Celestino. Para Queiroz, “esses são expressões corpóreas de uma ‘elite’ tradicional que executou com inegável êxito a missão de fazer o Cariri empalmar com os acontecimentos que sacudiram o país em março/abril de 1964” (QUEIROZ, 2010, p. 90) Na cidade do Crato, havia a Frente Estudantil Nacionalista (FEN), organização fundada pela juventude comunista local para se contrapor a União dos Estudantes do Crato - UEC, que era controlada pela Igreja católica. A FEN, fundada em 1959, editou um jornal, O Nacionalista, organizou passeatas pela construção da primeira escola pública em nível secundário da cidade, exerceu forte influência no meio estudantil do Cariri e foi desorganizada com o golpe. Além das primeiras prisões efetuadas, como as já citadas, pelo depoimento do dirigente comunista cratense, Zé de Brito, há que se considerar, igualmente, a fragilidade (no Cariri) dos partidos comprometidos com as reformas de base, especialmente o PCB, além da hegemonia político-ideológica dos padres e coronéis que apoiavam o golpe. No Ceará, passadas as perseguições do início do golpe, houve uma gradativa reorganização do Movimento Estudantil e de suas entidades. Ramalho (2002) retrata a história do movimento estudantil na capital cearense nesse período, destacando que, após o golpe, três grupos organizaram-se dentro do movimento estudantil no Estado: o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a Ação Popular (AP) e o Partido Revolucionário Trotskista16; o PCB é citado como de menor importância e “após o golpe perdeu terreno” (RAMALHO, 2002). Com o AI-5, as principais lideranças das organizações de esquerda no Ceará entram na clandestinidade. “É sabido que o PCdoB foi a única organização armada no Brasil que implantou a guerrilha rural durante a Ditadura Militar, no caso a Guerrilha do Araguaia, para a qual, inclusive, foram vários cearenses” (FARIAS, 2007, p. 67). No Ceará, a agremiação também realizou a instalação de campos de treinamentos, principalmente, nas proximidades da Serra da Ibiapaba, área fronteiriça com o Norte brasileiro. Com o Golpe Militar de 1964, as medidas apontadas pelo GTDN são postas de lado, o projeto da SUDENE é alterado, restringindo-se à política de desenvolvimento industrial por uma via de modernização conservadora implementada pelos governos militares. No Cariri cearense, nas eleições municipais de 1962, foram eleitos em Crato, Pedro Felício Cavalcanti (PSD, PTB, PTN e MTR); em Barbalha, Joaquim Duarte Coelho (PSD); e em Juazeiro do Norte, Francisco Humberto Bezerra (UDN). Esses eram os prefeitos das cidades do CRAJUBAR no período do golpe militar. Era por intermédio de práticas clientelistas que os Bezerras construíram uma extensa rede de fidelidades, controlavam várias prefeituras do Cariri, ampliaram o seu poder para o resto do Estado e elegeram sucessivos prefeitos em Juazeiro do Norte, entre 1962 e 198229, monopolizaram o poder local. Além do prefeito elegiam a maioria absoluta da Câmara de Vereadores. Agora vou falar na ordem os demais governadores do estado no período. Plácido Aderaldo Castelo (1966-71), César Cals de Oliveira (1971-75), Adauto Bezerra (1975-78), Virgílio Távora (1979-82), Gonzaga Mota (1983-87), Tasso Jereissati (1987-91). Governos das Mudanças As principais medidas empreendidas pelo projeto do “governo das mudanças” foram focadas em sanar os gargalos deixados pelos ditos coronéis, cujos representavam a marca do atraso e da miséria do povo cearense. Ajustes fiscais e reforma no funcionalismo, como o corte de mais de 40 mil contratos irregulares, foram outras medidas de caráter administrativo feitas por Tasso, mas de grande apelo público, visto passar uma idéia de efetiva moralização do serviço público. Com os ajustes da máquina sendo feitos, cabe destacar os projetos de infra-estrutura e industrialização executados durante os governos de Tasso no Ceará: A construção do porto do Pecém; • ampliação e modernização do Aeroporto Pinto Martins; • açude Castanhão e Canal do Trabalhador; • perímetros irrigados, como Tabuleiro de Russas; • projeto São José; • incentivos à agroindústria, em especial de frutas frescas e flores; • fortalecimento dos setores Têxtil e Calçadista, tanto na RMF como em certas regiões interioranas, com a atração, via incentivos fiscais, de grandes indústrias nacionais, dentre outros. O importante a destacar é que todas essas medidas tem bastante semelhança com as advindas do PLAMEG, idealizado ainda no governo de Virgílio Távora. No Governo Ciro Gomes, foram extintas a Comissão Estadual do Planejamento Agrícola (CEPA), a Superintendência de Desenvolvimento do Ceará (SUDEC), a Fundação de Saúde do Estado do Ceará (FUNSEC) e a Autarquia da Região Metropolitana de Fortaleza (AUMEF), entre outros órgãos. Por outro lado, foi criada a Superintendência do Desenvolvimento Urbano do Ceará (SEDURB). A Companhia de Desenvolvimento Industrial incorporou a Companhia Cearense de Mineração (CEMINAS) e a Empresa Cearense do Turismo (EMCETUR), passando a constituir a Companhia de Desenvolvimento Industrial e Turismo do Ceará (CODITUR). Ocorreu uma redução da ordem de 32% na taxa de mortalidade infantil, que caiu de 95/1000 em 1987 para 65/1000 em 1990. 8 Ta! resultado, que valeu a Ciro Gomes o prêmio Maurice Paté, da UNICEF (entregue em 24.04.93), pode ser atribuído ao Programa Viva Criança, da Secretaria de Saúde do Estado. Contudo, Ciro possuiu uma grande dificuldade em dialogar com setores ligados a educação, como os professores. Outra obra de impacto realizada em seu governo foi a construção, com a ajuda de pequenas empreiteiras, de um canal de 115 quilômetros para levar as águas do rio Jaguaribe até a capital, numa tentativa de enfrentar os problemas ocasionados pela grande seca sofrida pelo estado em 1993. Cid Ferreira Gomes - em inícios de 2007 tomou posse como governador do estado do Ceará. Durante sua primeira gestão frente ao governo estadual empreendeu projetos para inclusão digital e pela diminuição da violência no estado, além de medidas que visavam construção de siderúrgica e de refinaria de petróleo no território cearense. No decorrer de seu 2 governo manteria o esforço de integrar crescimento econômico e inclusão social, melhoraria a rede de saúde pública cearense com vistas a torná-la a melhor do país, ampliaria o número de centros de educação infantil e escolas de ensino médio e criaria uma Divisão de Combate ao Narcotráfico e um órgão gestor das políticas públicas sobre drogas. Nos anos que se seguiram, constatou-se o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) cearense, em algumas ocasiões com taxas mais altas do que o PIB naciona As Romarias de Juazeiro do Norte e Ceará O que é uma romaria? Atualmente significa uma viagem ou peregrinação a um local específico, tido como sagrado ou construído em homenagem a uma figura religiosa. O termo é ligado a religião católica e significava " aquele que vai até Roma". Hoje, o estado do Ceará possui uma ampla atração de romeiros para as cidades de Juazeiro do Norte e Canindé. Esseseventos representam uma excelente fonte de renda voltado ao setor turístico , as principais cidades cearenses que abrigam essas comemorações são: Canindé, Juazeiro do Norte, Santana do Cariri, Quixadá e Barbalha. Benigna Cardoso da Silva (15 de outubro de 1928 — 24 de outubro de 1941). Benigna Cardoso da Silva, nascida no Sítio Oiti - Santana do Cariri-CE, no dia 15 de outubro de 1928, filha de José Cardoso da Silva e Thereza Maria da Silva, ficou órfã de pai e mãe muito cedo, sendo adotada juntamente com seus irmãos mais velhos pela família “Sisnando Leite”, proprietária do Oiti dos Cirineus, no distrito de Inhumas. Aos 12 anos de idade a garota despertou interesse de um rapaz da região. Entretanto, Benigna não demonstrou interesse em ter um relacionamento e por isso passou a ser assediada com muita insistência por Raul Alves . Santana do Cariri https://pt.wikipedia.org/wiki/15_de_outubro https://pt.wikipedia.org/wiki/1928 https://pt.wikipedia.org/wiki/24_de_outubro https://pt.wikipedia.org/wiki/1941 Por isso, ela relatou o ocorrido ao Pe. Cristiano Coêlho, que a aconselhou a continuar resistindo as ações de assédio do rapaz. Porém, o indivíduo já a estava observando há bastante tempo e já conhecia a rotina da garota e da família. Então, em um dia ele viu a oportunidade de agir; munido de um facão ele escondeu-se na vegetação e quando ela foi buscar água em uma cacimba, ele tentou ameaça-la para manter relações com a garota ( estupra-la sejamos claros), a garota reagiu a essa tentativa de estupro e Raul ( existem fontes que afirmam que ele tinha a mesma idade da garota e outras que ele era um pouco mais velho, de todo modo, era um adolescente )aplicou diversos golpes de facão contra a menina que entrou em óbito. Seu corpo foi sepultado, aos 13 anos de idade, no Cemitério Público São Miguel, em Santana do Cariri- CE, acompanhado de comoção geral. Os requintes de crueldade do bárbaro crime abalou todo o Município. O autor do crime foi recolhido e cumpriu pena, tendo chegado a velhice, ele afirmou que se arrependeu de ter cometido o crime. Após o acontecimento, o local da morte da garota começou a ser alvo de peregrinações, e a ela começou a ser atribuída a realização de milagres. Na época do assassinato, conforme conta Vatican News, Pe. Cristiano Coelho Rodrigues, que fora mentor espiritual da jovem, escreveu a seguinte nota ao lado do registro de batismo de Benigna: “Morreu martirizada, às 4 horas da tarde, no dia 24 de outubro de 1941, no sitio Oiti. Heroína da Castidade, que sua santa alma converta a freguesia e sirva de proteção às crianças e às famílias da Paróquia. São os votos que faço à nossa santinha”. Desde então, vem aumentando a devoção à menina. Em 2004, teve início a Romaria da Menina Benigna, que acontece de 15 a 24 de outubro e entrou para o calendário oficial do Estado do Ceará em junho de 2019. Há uma grande menção a utilização dos termos " heroína da castidade" e atribuições a ela ter "preferido morrer do que pecar contra a castidade", eu particularmente acho bastante problemáticas essas colocações, pois, indiretamente atribui o resistir a um estupro ao mesmo patamar que resistir a uma relação consensual. Mas, como são termos que aparecem em muitos textos e em itens eu mantive. https://www.acidigital.com/catecismo/batismo.htm A Diocese de Crato iniciou em 2011, setenta anos após a morte de Benigna, as pesquisas para abertura do seu processo de beatificação, tendo como postulador o Monsenhor Vitaliano Mattioli. Em 26 de maio de 2012, os restos mortais de Benigna foram transladados para a Igreja Matriz de Santana do Cariri. Benigna foi nomeada “Serva de Deus” pela Igreja Católica. Com a decisão, ela será a primeira cearense a ser beatificada, passo necessário para uma futura santificação. A história do inicio da devoção a São Francisco de Canindé data ainda das primeiras missões franciscanas nesses sertões, ainda em 1758. Um dos principais fatos para o início da romaria foi pelas primeiras graças atendidas em Canindé. Ainda na construção da primeira capela (iniciada em 1775 e concluída em 1796), uma desses fatos teve destaque como o que envolveu o responsável pela obra Francisco Xavier de Medeiros e o pedreiro de nome Antônio Maciel que em um incedente na construção de uma das torres do templo, o operário incidentou-se e pelo pedido de Medeiros a São Francisco o operário veio a se salvar de uma terrível queda, ficando preso pela camisa em uma das tábuas do andaime. Outro incidente também aconteceu com o próprio Medeiros, quando uma das tesouras de sustentação (da estrutura que sustenta o telhado) veio a cair sobre a coxa do mesmo, e todos imaginavam que aquilo seria o fim para que medeiros não tivesse mais presente na obra, mas no outro dia ele aparece totalmente recuperado. Isso fora o bastante para começar a se espalhar por toda a região a presença do santo. No Santuário de São Francisco das Chagas de Canindé as romarias chegam aos milhares: a pé, de bicicleta, motocicleta, ônibus, pau-de-arara, a cavalo e tantas outras. Algumas ganham grande destaque, pela organização e quantidade de fiéis, como são o caso das romarias: Moto-romaria de Fortaleza com aproximadamente 30 mil motoqueiros (uma das maiores do mundo); a de Codó do Maranhão com 15 carretas (cerca de dois mil fiéis) e a romaria COT de Fortaleza (com aproximadamente 450 pessoas vindos a pé). A cada ano novas romarias surgem e para recebe-las o Santuário dispõe da Assessoria de Romarias e da Pastoral do Acolhimento. Para ler sobre isso em https://santuariodecaninde.com/caninde/historia/ Canindé Paróquia São Francisco das Chagas- Canindé A tradição das romarias em Juazeiro do Norte (CE) remonta há 130 anos, quando, mobilizada pela liderança de Padre Cícero, a comunidade passou a receber gente atraída pelas notícias dos "milagres" do líder religioso. Eu irei me reter apenas as principais, mas o governo do estado possui um calendário oficial com as romarias de Juazeiro do Norte. https://www2.al.ce.gov.br/legislativo/tramit2019/pl284_19.htm A de Finados, uma das mais tradicionais do País, acontece há quase 85 anos. O movimento começou logo após o falecimento do Padre Cícero, em julho de 1934. Outras manifestações cresceram no decorrer da história do Cariri no século XX. A de Nossa Senhora das Candeias acontece de 29 de janeiro a 2 de fevereiro. No dia 24 de março, a mobilização ocorre em homenagem ao nascimento do Padre Cícero. A de 20 julho rememora a partida do sacerdote. E, em setembro, a tradição celebra Nossa Senhora das Dores. Os fiéis costumam encerrar as romarias com a realização da Missa dos Chapéus. As celebrações marcam a despedida dos devotos e ocorrem na Capela do Socorro, onde o corpo do Padre Cícero está sepultado, ou na matriz de Nossa Senhora das Dores. Agora vou falar um pouco sobre quem foram alguns dos indivíduos homenageados nas romarias. Origem da devoção a Nossa Senhora das Candeias A origem da devoção a Nossa Senhora das Candeias (também conhecida como Nossa Senhora da Candelária ou Nossa Senhora da Luz) iniciou-se na festa da apresentação do Menino Jesus no Templo e na da purificação de Nossa Senhora, que ocorre quarenta dias depois de seu nascimento (sendo, assim, comemorada no dia 2 de fevereiro). De acordo com a tradição mosaica, as parturientes, depois de darem à luz, ficavam impuras, não podendo entrar nos templos nos quarenta dias seguintes do parto. Passados os quarenta dias, tinham que se apresentar ao sumo-sacerdote, para apresentar o seu sacrifício (um cordeiro e duas pombas) e assim obter a purificação. Assim, José e Maria logo se apresentaram no Templo e foram acolhidos por Simeão, para realizar o sacrifício. Juazeiro do Norte Simeão, profeta, revelou ao casal as maravilhas relacionadas ao Menino Jesus, disse a eles: “Agora, Senhor, deixa partir o vosso servo em paz, conforme a Vossa Palavra. Pois os meus olhos viram a Vossa salvação que preparastes diante dos olhos das nações:Luz para aclarar os gentios, e glória de Israel, vosso povo” (Lucas, 2,29- 33). A palavra “candeia” significa vela, tocha, lâmpada. Aparição de Nossa Senhora das Candeias Nossa Senhora das Candeias fez sua aparição no ano de 1400, em uma praia da ilha de Tenerife (Ilhas Canárias, Espanha). Os nativos da ilha, que eram conhecidos como guanches, sentiram medo da Virgem e tentaram atacá-la, mas não conseguiram, já que a aparição paralisou suas mãos. Depois disso, guardaram a imagem em uma caverna, onde, após vários anos, foi construída a Basílica Real da Candelária (em Candelária). Anos depois, a devoção chegou até a América, onde se espalhou ainda mais. Nossa Senhora da Candelária é a padroeira das Ilhas Canárias. História de Nossa Senhora das Dores Nossa Senhora das Dores ou Mater Dolorosa (Mãe Dolorosa) é um dos vários títulos que a Virgem Maria recebeu ao longo da história. Este título em particular refere-se às sete dores que Nossa Senhora sofreu ao longo de sua vida terrestre, principalmente nos momentos da Paixão de Cristo. O Dia de Nossa Senhora das Dores é celebrado em 15 de setembro pelos cristãos católicos de diferentes países. No Brasil, ela é considerada a padroeira de várias cidades, inclusive a de Juazeiro do Norte. Na cidade do Cariri cearense, a data é marcada pela Festa e Romaria de Nossa Senhora das Dores, considerada a mais antiga de Juazeiro. Neste ano, devido à pandemia do novo coronavírus, a programação da celebração ocorrerá de forma virtual. A devoção à Nossa Senhora das Dores foi propagada em Juazeiro pelo próprio Padre Cícero, fundador do município, quando iniciou o ministério na então Vila Tabuleiro Grande. Os contemporâneos do Padre diziam que ele era um grande devoto de Nossa Senhora, sendo duas, entre as três maiores romarias do ano na cidade, em alusão à Virgem Maria. Monumento em homenagem a Padre Cícero- Juazeiro do Norte Barbalha Há 91 anos, o município de Barbalha celebra a Festa do Pau de Santo Antônio. O santo é padroeiro da cidade e o festejo já foi reconhecido, pelo Iphan, como patrimônio cultural imaterial da nação. O reconhecimento é pioneiro no Estado. Em 2018, ganhou o mesmo título, pelo governo estadual. A cerimônia envolve o costume de erguer um grande tronco de árvore em frente à Igreja Matriz de Barbalha, para receber a bandeira de Santo Antônio. O domingo do carregamento do pau da bandeira tem data móvel (fins de maio e início de junho). Neste dia, a cidade de 60 mil habitantes vê as ruas se encherem de sons e cores, com a participação de turistas e grupos regionais como bandas cabaçais e reisados. Em 2019, cerca de 200 homens participaram do carregamento do tronco no último dia 2 de junho, reunindo cerca de 600 mil pessoas na celebração. A programação de orações e festas prossegue até o dia 13 de junho, data em homenagem ao santo casamenteiro. Ah! Há uma crença de quem pega no "pau do santo Antônio", que fica hasteado em frente à igreja matriz, realiza o sonho de subir ao altar. Quem foi Santo Antônio? Nascido em 1195 em Lisboa, capital de Portugal, Santo Antônio, na verdade, tinha “Fernando de Bulhões” como nome de batismo. Educado na cidade de Coimbra, ele vinha de uma família nobre e rica. Foi na cidade onde estudou que o santo entrou para a Ordem de Santo Agostinho e se tornou sacerdote bem jovem, ainda aos 25 anos de idade. Padroeiro das cidades de Pádua e de Lisboa, Santo Antônio é responsável por vários milagres, de acordo com a Igreja Católica. O primeiro teria acontecido ainda em vida. “reza a lenda que estando a pregar aos hereges em Rimini, estes não o quiseram escutar e viraram-lhe as costas. Sem desanimar, Santo António vai até à beira da água, onde o rio conflui com o mar e insta os peixes a escutá-lo, já que os homens não o querem ouvir. Dá-se então o milagre: multidões de peixes aproximam-se com a cabeça fora de água em atitude de escuta. Os hereges ficaram tão impressionados que logo se converteram. No segundo milagre, Santo António livra o pai da forca. Conta a lenda que estando o Santo a pregar em Pádua, sentiu que a sua presença era necessária em Lisboa e recolheu-se, cobrindo a cabeça em silêncio reflexão. Simultaneamente (e mercê do dom de bilocação) encontra-se em Lisboa, onde seu pai tinha sido injustamente condenado pelo homicídio de um jovem. Este, ressuscitado e questionado pelo Santo, afirma a inocência do pai de Santo António e volta a descansar”O terceiro grande milagre teria acontecido já no fim da vida de Antônio. “O terceiro milagre, também reportado na crônica do Santo, ocorre já no fim da sua vida e foi contado pelo conde Tiso aos confrades de Santo António após sua morte. Estando o Santo em casa do conde Tiso, em Camposampiero, recolhido num quarto em oração, o conde curioso espreita pelas frinchas de uma porta a atitude de Frei António; depara-se-lhe então uma cena miraculosa: a Virgem Maria entrega o Menino Jesus nos braços de Santo António. O menino tendo os bracinhos enlaçados ao redor do pescoço do frade conversava com ele amigavelmente, arrebatando-o em doce contemplação. Sentindo-se observado, descobre o ‘espião’, fazendo-lhe jurar que só contaria o visto após a sua morte”. Por que Antônio é considerado o Santo Casamenteiro? A ideia de que Santo Antônio é casamenteiro surgiu após alguns relatos de fieis. Um dos principais é o de uma jovem que, desesperada por não ter dinheiro para pagar o dote (dinheiro que mulheres pagavam à familia do marido para se casar), teria se ajoelhado diante de uma imagem do santo e pedido que solucionasse o problema. Segundo a lenda, pouco depois, moedas de ouro teriam aparecido diante da jovem, possibilitando o casamento Cultura no Ceará e Cariri O Ceará é terra de muitos escritores e poetas importantes, podendo-se citar, dentre muitos outros: José de Alencar, Domingos Olímpio, Rachel de Queiroz, Adolfo Caminha, Antônio Sales, Jáder Carvalho, Moreira Campos, Gustavo Barroso, Patativa do Assaré, João Clímaco Bezerra, Ana Miranda. E talentos humorísticos como Chico Anysio, Renato Aragão e Tom Cavalcante, e o Seu Lunga, de Juazeiro do Norte, famoso pela sua intolerância com perguntas óbvias, lembre de Patativa do Assaré Dos festivais se destaca o Expocrato, é a maior evento agropecuário do Norte e Nordeste. Ele ocorre na cidade do Crato, em julho, e possui a exposição e o leilão de animais, venda de comidas e bebidas da região e eventos musicais. Também se destaca a Expoece na cidade de Fortaleza, ocorre fim do ano e conta com a exposição de animais para concursos, competições e vendas, além da presença de alimentos, artesanatos e outros produtos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Alencar https://pt.wikipedia.org/wiki/Domingos_Ol%C3%ADmpio https://pt.wikipedia.org/wiki/Rachel_de_Queiroz https://pt.wikipedia.org/wiki/Adolfo_Caminha https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Sales https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%A1der_Moreira_de_Carvalho https://pt.wikipedia.org/wiki/Gustavo_Barroso https://pt.wikipedia.org/wiki/Patativa_do_Assar%C3%A9 https://pt.wikipedia.org/wiki/Chico_Anysio https://pt.wikipedia.org/wiki/Renato_Arag%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Tom_Cavalcante https://pt.wikipedia.org/wiki/Seu_Lunga https://pt.wikipedia.org/wiki/Juazeiro_do_Norte Bônus Saúde A rede da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) tem 11 hospitais, sendo oito na capital e três no interior. Em Fortaleza, são dois de nível secundário, com atendimento especializado e de média complexidade: Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar (HMJMA) e Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA), e seis a nível terciário, que atendem casos de alta complexidade. São eles: Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), Hospital Infantil Albert Sabin (Hias), Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ), Hospital de Messejana Dr. Alberto Studart Gomes (HM) e Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSMM). No interior, os três hospitais são terciários, com atendimento regionalizado:
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