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Geografia e História do Ceará

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Prévia do material em texto

Geografia e HistóriaGeografia e História 
do Cearádo Ceará 
Versão para a UECE/URCAVersão para a UECE/URCA
Taynara Uchôa
@estudetaynara
Apresentação
 Oi, tudo bem? Esse material contém todos os elementos que são
exigidos no edital da Urca ( com base no edital de 2021.2, se
houver qualquer modificação, prontamente , o material será
complementado).
 Eu amei fazer esse material e conhecer a fundo um pouco
mais da história do Ceará. Esse PDF contém, desde os primórdios
da colonização, os embates com os nativos, as disputas por poder
das oligarquias .
 Os processos de peregrinação para as cidades de Canindé e
Juazeiro do Norte durante todo o ano e os eventos das romarias,
em Santana do Cariri, Juazeiro do Norte, Barbalha, Canindé e
Quixadá. Eu tentei trazer muitas informações, mas com muitas
ilustrações e dialogando com você para que não fique um texto tão
pesado. 
 Outrossim, esse material também aborda os aspectos
geográficos do Ceará, focando na Região Metropolitana do Cariri.
Além disso, contém todas as questões de história e geografia, que
foram abordadas na Urca, dos anos de 2021.1 até 2015.1 , com
gabaritos. Quem já fez a prova da Urca sabe que aprender esses
temas é de fundamental relevância para fechar história e tentar
fechar geografia.
 A leitura desse material pode ser um
pouco densa, então, eu deixo como
sugestão que você leia de 1 a 2
capítulos por dia. E que, também, só
inicie as questões depois de ler lido o
material, pois, resolver logo pode te
dar a falsa impressão que você já
domina o assunto e pode ocorrer de
você perder detalhes que podem te
ajudar nas questões que virão. Lembre
que quanto mais recursos você tiver,
menos vai precisar contar com a
sorte. 
Quero te lembrar, também, que fui eu queQuero te lembrar, também, que fui eu que
peguei cada item do edital, pesquisei, lipeguei cada item do edital, pesquisei, li
artigos, matérias de jornais, trechos deartigos, matérias de jornais, trechos de
livros para te fornecer um trabalho delivros para te fornecer um trabalho de
qualidade. Ademais, eu selecionei também,qualidade. Ademais, eu selecionei também,
manualmente, todas as questões paramanualmente, todas as questões para
colocar aqui. Esse PDF deu muito trabalhocolocar aqui. Esse PDF deu muito trabalho
e está sendo vendido por um preço muitoe está sendo vendido por um preço muito
acessível, por isso, eu te peço que tenhaacessível, por isso, eu te peço que tenha
respeito por mim e pelo meu trabalho erespeito por mim e pelo meu trabalho e
não disponibilize nenhuma parte dessenão disponibilize nenhuma parte desse
material na internet, nem em nenhummaterial na internet, nem em nenhum
outro lugar.outro lugar.
 
Sumário
1) Apresentação
 História do Ceará
2) Ocupação e colonização do Ceará\ Cariri
3) Confrontos entre nativos e colonos
4) Os aldeamentos 
5) A escravidão e o trabalho livre no Ceará
6) Organização política, social e econômica da capitania do Ceará 
7) Movimento de 1817 no Ceará e a participação do Cariri
8) Participação do Ceará e do Cariri na Confederação do Equador
9) O movimento armado de 1832
10) Cotidiano, economia, sociedade na segunda metade do século
XIX
11) O movimento abolicionista
12) Hegemonia urbana de Fortaleza
13) O milagre de Juazeiro do Norte e o movimento religioso em
torno do Padre Cícero 
14) A sedição de 1914
15) O Caldeirão do Beato José Lourenço 
16) Oligarquia e Coronelismo no Ceará 
17) O movimento de 1930 e as interventorias 
18) O Estado Novo no Ceará 
19) O período de Ditadura Militar no Ceará 
20) Os governos das mudanças 
21) Religiosidade e cultura popular no Cariri
22) As Romarias de Juazeiro do Norte
23) Festas e tradições culturais populares
24) Questões políticas, sociais e econômicas no Ceará atual
25) Bônus
 
 
Geografia do Ceará
25) Elementos e processos que operam na dinâmica ambiental
25.1) Geologia
25.2) Geomorfologia 
25.3) Clima
25.4) Hidrografia 
25.5) Solos
25.6) Vegetação
26) O processo de ocupação e os impactos socio - ambientais
27) Estrutura e organização do espaço agrário, urbano e
industrial
28) Aspectos populacionais
29) A região Nordeste do Brasil atual e sua inserção no contexto
nacional e internacional
30) Aspectos tradicionais e modernização da região nordeste 
31) A produção do espaço cearense e caririense e sua inserção no
contexto regional e nacional
32) A Região Nordeste
 
 
 
 Antes da chegada dos europeus ao atual Estado do Ceará ,
residiam índios Tabajaras e Potiguares e Cariris (dentre outras
etnias) . Há relatos que antes da tomada oficial de posse da terra
pela Coroa Portuguesa teria ocorrido a Chegada do espanhol
Vicente Pinzón, em janeiro de 1500. 
 Todavia, como havia a existência do Tratado de Tordesilhas
vamos nos reter a historiografia oficial. O Ceará (Siará) por falta de
atrativos facilmente exploráveis e de alto valor comercial acabou
não despertando grande interesse da Coroa, evidência disso foi
que o primeiro donatário Antônio Cardoso de Barros, nunca
sequer tomou posse do território. 
 Apenas no século XVII que houve um esforço para efetivar a
colonização, que ficou restrita ao litoral, para proteção militar
contra invasões estrangeiras , sobretudo, francesas. A ocupação
portuguesa teve início em 1603, com Pero Coelho de Souza, esse
após combater franceses e índios na Ibiapaba ergueu um forte nas
margens do rio Ceará ( Forte de São Thiago).
 Após ter realizado uma busca fracassada por riquezas na região
( sobretudo metais), Pero resolveu tentar escravizar a população
local ( que reagiu de modo satisfatório fazendo o inimigo recuar) e
aí foi erguido o Forte de São Lourenço nas ribeiras do rio
Jaguaribe. Entretanto, houve uma severa seca de 1605-07 somado a
grande resistência autóctone forçou Pero a deixar o local e se
refugiar no Rio Grande do Norte.
 
Ocupação e Colonização
do Ceará e do Cariri
 Anos depois, houve uma nova tentativa de colonização do
espaço cearense com Martins Soares Moreno ( esse já havia estado
no Ceará junto com a expedição fracassada de Pero Coelho e foi
homenageado no livro Iracema de José de Alencar), que com ajuda
de Índios da região, chefiados por Jacaúna, fundou nas margens do
rio Ceará o Forte de São Sebastião, erguido sob as ruínas do
primeiro forte.
 Em 1630, os flamengos invadem Pernambuco (lembra do
problema da União Ibérica?) ,e em 1937 conquistam o Forte de São
Sebastião , inicialmente com apoio da população indígena, porém
os holandeses também tinham posturas abusivas com os locais
que em 1644 eliminam o forte e os inimigos estrangeiros. 
 Mas como alegria de pobre dura pouco, em 1649 os Holandeses
retornam ao Ceará , sob o comando de Matias Beck foi erguido o
Forte de Schoonemborch ,nas margens do rio Pajeú. Perceba como
todos os eventos relevantes e movimentos iniciais de urbanização
vão ocorrendo seguindo a hidrografia da região. 
 Os Holandeses são expulsos de Pernambuco e em 1654 deixam o
Estado do Ceará e os portugueses, sob liderança de Álvaro de
Azevedo retornam ao local e mudam o nome do Forte para
Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção. Atente também que o
Ceará esteve durante sua história sujeito a outras unidades
administrativas, entre 1621 e 1656, foi gerenciado pelo Maranhão; e
de 1656 até 1799 esteve ligado a Pernambuco. 
E quanto ao Cariri?
 No início do século XVIII a população indígena do local que hoje
é chamado de região do Cariri se deparou com os primeiros
colonos brancos, esses, vindos da Bahia, de Sergipe, de
Pernambuco e do Rio Grande do Norte , cumprindo movimentos
migratórios e exploratórios da chamada " Civilização do Couro" .
No período de 1703 a 1800, iniciou-se a ocupação efetiva da terra,
com a fixação de famílias, rebanhos e a organização de
propriedades, como casas e capelas. 
 E desde aí foram chegando novos colonos em busca de terras
agricultáveis (cana) e pastagens (pecuária) ( é possível citar alguns
nomes, como Gil de Miranda e Antônio Mendes Lobato, porém
não irei me ater muito nesse tópico) eprogressivamente foram
surgindo fazendas ( note o elemento das capelas em grandes
propriedades e a difusão e manutenção da fé cristã na região),
minas e aldeamentos indígenas. Outrora, a Capitania do Ceará não
contemplava todo o território de hoje, ficando a sua atual parte
sul subordinada á Capitania de Pernambuco e era de Olinda e
Recife que se partiam as ordens administrativas. 
 De acordo com como ocorria o processo de urbanização foram
se formando famílias aristocratas que impulsionaram o
crescimento da região. Os 32 municípios que integram o Cariri
cearense foram formados, majoritariamente, a partir de
aldeamentos e outros foram evoluindo a partir de fazendas. 
Paróquias no Cariri, destaca-se em Icó (1748) e Crato (1762), e assim
seguiu a predominância católica até o século XX, em que iniciou-
se a vinda de indivíduos de outros credos, sobretudo protestantes.
Veja algumas imagens que delimitam o que hoje é denominado
Cariri.
Crato e Juazeiro do Norte 
De onde surgiu a cidade do Crato?
a vila portuguesa do Crato, no Distrito de Portalegre, região
Alentejo e sub-região do Alto Alentejo;
Curato de São Fidélis de Sigmaringa, que corrompeu-se
depois para Curato de São Fidélis, Curato, Crato.
 O topônimo Crato vem do latim curatus, que significa padre ou
designação de lugares com condições de tornar-se paróquia,
podendo ser uma alusão a:
 Ademais, já conversamos sobre a origem étnica e histórica da
população do Cariri, então, não será necessário repetir aqui.
Crato, elevou-se à categoria de vila em 16 de dezembro de 1762,
tendo sido instalada em 21 de junho de 1764 como Vila Real do
Crato, no século XVIII, desmembrada da cidade de Icó e
constituindo com essa, Lavras e Umari os mais importantes
núcleos de povoamento na época colonial no interior do
Nordeste. Foi tornada cidade pela Lei Provincial nº 628, de 17 de
outubro de 1853. Eu vou colocar toda a história aqui, mas eu não
acredito que seja tão necessário assim... 
 A cidade do Crato surgiu de um aldeamento fundado por frei
Carlos Maria de Ferrara, denominou-se, Missão do Miranda
administrada pelos frades da Ordem dos Capuchinhos. Graças à
fertilidade do solo e ao crescente desenvolvimento do cultivo da
cana-de-açúcar, mandioca e cereais, além da abundância de água,
o antigo aldeamento transformou-se em próspero povoado,
principalmente depois que Manuel Carneiro da Cunha e Manuel
Rodrigues Ariosto requereram para si e seus herdeiros uma data
de terras de sesmaria, com seis léguas de extensão e uma para
cada lado do rio Salgado.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Crato_(Portugal)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Distrito_de_Portalegre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alentejo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alto_Alentejo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Top%C3%B4nimo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Latim
https://pt.wikipedia.org/wiki/Curato
https://pt.wikipedia.org/wiki/Par%C3%B3quia
https://pt.wikipedia.org/wiki/16_de_dezembro
https://pt.wikipedia.org/wiki/21_de_junho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ic%C3%B3
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nordeste
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade
 Em março de 1762 foi criada a Paróquia, na aldeia do Miranda,
sob a invocação de Nossa Senhora da Penha. No ano seguinte, em
agosto, foi mandada criar a vila, que em 1764 foi inaugurada com a
denominação de Crato (7ª vila do Ceará). Outrossim, em 17 de
outubro de 1853 nos seguintes termos: Doutor Joaquim Vilella de
Castro Tavares, presidente da província do Ceará a eleva a cidade
 
 Agora vamos ver algumas imagens históricas ( retiradas do site do
IBGE )
Crato-1957
Crato-1962
Crato-1983
De onde surgiu a cidade de Juazeiro do Norte?
 Em 1827, o padre Pedro Ribeiro de Carvalho construiu uma
capela num local denominado Tabuleiro Grande, localizado na
estrada real que ligava Crato a Missão Velha, à margem direita do
rio Batateira. Essa capela foi erguida em frente a um frondoso
juazeiro. Esta a origem do nome Juazeiro do Norte. Juazeiro é
palavra tupi-portuguêsa: jua ou iu-à e 'fruto de espinho” (em
virtude da grande quantidade de espinhos que defendem os ramos
da árvore), mais o sufixo eiro. A pequena capela foi consagrada a
Nossa Senhora das Dores, padroeira do município, a quem o padre
doou as suas terras e onze escravos. O povoado não teve grande
desenvolvimento até que a 11 de abril de 1872 lá chegou o padre
Cícero Romão Batista, como sucessor do padre Pedro Ferreira de
Melo.
 A cidade tem na figura do Padre Cícero Romão Batista um marco
na construção da religiosidade, da cultura do seu povo e
acontecimentos políticos do Cariri. Quando o sacerdote chegou
em abril de 1872, cavalgando num jumento, era apenas um arraial
com algumas poucas casas de tijolos e uma rústica capela.
Recentemente, Juazeiro comemorou a passagem de 100 anos da
sua emancipação política como a terceira cidade do Ceará após
deixar de ser um mero povoado pertencente ao Crato. 
 Tudo começou durante uma missa em março de 1889 quando
Padre Cícero ministrava a comunhão aos fiéis. Ao colocar a hóstia
na boca da beata Maria de Araújo, esta se transformou em sangue.
O fato se repetiu por diversas vezes durante cerca de dois anos,
sendo logo atribuído pelos fiéis como um milagre.
Levas de católicos passaram a visitar o povoado em busca dos
conselhos e da benção do “Padim Ciço”. O vilarejo foi crescendo
com a abertura de novas ruas e a construção de casas tudo no
entorno da fé popular. .
 Surgiam os pequenos negócios com melhores perspectivas e o
Padre Cícero sempre aconselhando: “em cada casa um santuário e
em cada quintal uma oficina”. Os espaços sagrado e econômico se
entrelaçaram com o trabalho e a fé caminhando juntos a ponto de
servir como alicerce para o desenvolvimento de Juazeiro.
 Formação Administrativa
 Distrito criado com a denominação de Núcleo de Juazeiro, pelo
Ato de 30-07-1858, e por Lei Municipal n.º 49, de 12-11-1911,
subordinado ao município de Crato.
 Elevado à categoria de vila com a denominação de Juazeiro, pela
Lei Estadual n.º 1.028, de 02-07-1911, desmembrado Crato. Sede no
atual distrito de Juazeiro ex-Núcleo de Juazeiro. Constituído do
distrito sede. Instalado em 04-10-1911.
Pela Lei Municipal n.º 51, de 12-11-1911, é criado o distrito de Horto
e anexado a vila de Juazeiro.
 Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, vila de
Juazeiro é constituído de 2 distritos: Juazeiro e Horto.
Elevado à condição de cidade com a denominação de Juazeiro, pela
Lei Estadual n.º 1.178, de 23-07-1914.
Imagens da cidade de Juazeiro do Norte (IBGE)
Juazeiro do Norte de
1962-1984
Confrontos entre nativos
e colonos e aldeamentos 
 A história da colonização do espaço cearense sempre foi pautada
por resistência pelos grupos autóctones, então eu irei me reter aos
eventos principais que acredito que serão abordados nesse
vestibular. Boa parte da população nativa foi expulsa, assassinada
ou sofreu um processo de aculturação e consequente genocídio
étnico. 
 A principal estratégia encontrada eram os aldeamentos, neles, o
trabalho da população indígena era explorado e eles recebiam a
imposição da fé cristã. Por meio da catequese para a "salvação da
suas almas" e também para haver uma "domesticação" ideológica
de redução da resistência. 
 Isso ocorria, por meio de dizeres que o processo que estavam
sendo submetidos era da "vontade de Deus" e que se fossem
obedientes haveria uma possibilidade de "vida plena" no paraíso.
Alguns dos principais aldeamentos: Caucaia ( aldeamento de N. S.
de Caucaia), Pacajus (aldeamento de Paiacu), Messejana, Baturité,
Iguatu, Crato, dentre outros. 
 Nesse momento você pode retornar no capítulo anterior e
verificar que os 3 principais embates ocorreram, em 1603, com
Pero Coelho de Sousa, Martim Soares Moreno e Matias Beck.
Vamos começar o enfoque desse capítulo.
 A chamada " Guerra dos Bárbaros" ( Confederação dos Cariris),
ocorreu quando nativos de várias etnias ( Canindé, Icó, Tremembé
, Cariri, por exemplo) lutaram por quase 50 anos contra os colonos.
Com a expulsão dos Holandeses, os colonos puderamretomar o
avanço ao interior nordestino. 
 Lembra das migrações em busca de terras agricultáveis,
sobretudo, para a cana e de novas terras para pastagem de gado?
Pois bem, esse avanço era barrado pela resistência indígena de
terem suas terras roubadas. Lembre que a ocupação do espaço
cearense segue a rota dos rios e esse espaço era palco de disputa
entre colonos e a população nativa. 
 A Coroa Portuguesa atacou com ordens expressas para assassinar
a população local, inclusive, contando com a participação de
bandeirantes, dentre eles Domingos Jorge Velho. Essa
denominação geral é utilizada para a resistência local no nordeste
e ocorreu em outros estados, como Rio Grande do Norte, Paraíba
e Bahia . 
 Ao fim, verificou-se a derrota das populações locais, que sofreu
um grave processo de genocídio para que a colonização efetiva do
Ceará e do Cariri pudesse ocorrer. Hoje as antigas etnias dão
nome a cidades relevantes no estado, que se você conseguiu
prestar atenção já identificou várias ao longo do texto. O espaço
foi definitivamente ocupado e hoje temos apenas algumas
populações remanescentes. 
 A Província do Ceará deve ser entendida como um todo, em
primeiro lugar ela teve seu processo de colonização tardio e
praticamente sem investimentos ficando bastante restrita ao
litoral e a Fortes basicamente para domínio militar. Depois o local
foi submisso a 2 outras capitanias (como já foi visto) , isso tudo
acrescido das condições ambientais de secas cíclicas e somado ao
histórico repasse insuficiente de verbas fez que o Estado fosse
historicamente submetido a uma condição de pobreza. Dessa
forma, a escravidão no estado não ocorreu de modo expressivo,
como em outros locais, pois o escravo negro era um produto caro (
quero deixar claro que a escravidão negra ocorreu no estado, só
não era a forma de trabalho mais expressiva). 
 Com isso, ocorreu muito no estado o aldeamento de indígenas (
com trabalho compulsório) e no uso do sertanejo ( mestiços) livre,
sendo corriqueiro o sistema de quarteamento ( em que a cada 4
peças de animais nascidos vivos 1 ficava para o trabalhador, havia
sistema similar também para os gêneros agrícolas). Ademais, a
economia cearense era bastante pautada na criação de gado e
agricultura o que tornava não muito interessante o trabalho
escravo negro, já que essa era uma mão de obra cara e havia um
enorme exército de sertanejos "desocupados" e sem renda na
região o que tornava mais rentável o trabalho "livre".
Escravidão e trabalho
livre no Ceará
Organização política,
social e econômica da
capitania do Ceará
Organização Política 
 Ao longo desse PDF, já discutimos os principais atores políticos
da Capitania do Ceará. Desde seus 2 primeiros donatários que
nunca tomaram posse efetiva da terra, passamos pelas disputas de
poder entre a população autóctone e os colonos, as disputas entre
franceses, holandeses e portugueses pela posse do território e as
tutorias que o Estado passou na mão das Capitanias do Maranhão
e Pernambuco. 
 Em posse desse conhecimento, eu quero trabalhar a questão
política com base no poderio das Elites locais. Vamos nos ater a
partir de 1699 com a fundação da primeira vila e a instalação da
primeira Câmara Municipal como mecanismo de administração
metropolitana para o controle e mediação dos poderes locais . 
 O território do sertão cearense era visto como uma teia de
conflitos de interesses privados com uma ordem pública que não
alcançava de modo efetivo a região. Entenda, com o avanço da
colonização houve um aumento nos pedidos de sesmarias e
naquela época a posse de terra representava um importante
elemento de poder. 
 No Ceará colonial a sociedade se organizava em status
hierárquicos, a cor da pele ( quanto mais branca, maior o status),
a posse de terras, a ocupação de postos administrativos, o
prestígio familiar, o acesso a educação ( lembrem que bacharéis
tinham uma posição destacada do restante do corpo social) , e
não menos importante a quantidade de bens (dinheiro) aquele
indivíduo tinha. 
 Não esqueçam que a estrutura era patriarcal e que muitos
casamentos eram realizados como acordos entre famílias para a
administração e manutenção do poder na região. É válido
ressaltar a influência da religião católica ( em geral todas as
grandes propriedades tinham uma capela no seu território),
lembrem também dos constantes choques entre colonizadores e
religiosos, sobretudo, na questão do índio. 
 Ademais, a figura da mulher sofria uma clara repressão social,
como por exemplo no caso da mulher ter sua liberdade ceceada,
mantendo-se o costume de sair apenas se acompanhada, o
casamento era indissolúvel, ou seja, não havia aí a possibilidade
de divórcio lícito, tanto por questões religiosas, como por
restrições familiares. 
 Muitas vezes a mulher era privada de uma educação formal e
sua existência diretamente relacionada aos desígnios da época,
como a maternidade. Existiram exceções, mas , em geral, a
situação da mulher era bastante limitada dentro da sociedade
colonial cearense. 
Organização social
 A pecuária, o principal elemento de "conquista" do sertão cearense.
Com a Carta Régia de 1701 que proibia a criação de gado a menos de 10
léguas da costa, com isso, A ocupação dos sertões ocorreu com 2
correntes de povoamento: Sertão de fora, dominada por
pernambucanos, vindos pelo litoral, e Sertão de Dentro, dominada
por Baianos, tais rotas se uniram com colonos ocupando as ribeiras
dos rios Jaguaribe e Acaraú. 
 O gado servia de alimento, de transporte e se aproveitava
praticamente todos os seus constituintes, como o couro para a
construção de moveis. Depois, verificou-se o desenvolvimento das
charqueadas, destacando-se as cidades de Aracati ( na foz do rio
Jaguaribe), Acaraú, Sobral ( rio Acaraú) Granja e Camocim( rio
Coreaú), contudo, no final do século XVIII, o charque local entrou em
decadência. 
 Outrossim, a cotonicultura já existia no estado e era cultivado pelos
nativos, passando a ser cultivado no Brasil e no Ceará devido ao bom
preço no mercado internacional e á demanda inglesa, para suas
indústrias têxteis. Os preços também foram incrementados devido a
guerra de independência Americana. As principais regiões produtoras
foram, Fortaleza, Aracati, Baturité, e Uruburetama. 
 A região do Cariri, no sul do Ceará, se destacou das demais
localidades interioranas e afastadas do litoral por apresentar uma
vegetação verde, com fontes de águas cristalinas, onde nasceram
importantes núcleos populacionais, entre eles os que formaram as
cidades de Crato e Jardim, ambas distante da capital, Fortaleza, mais
de quinhentos quilômetros e bastante próximas do estado de
Pernambuco. 
 A atividade desenvolvida nessa região,durante o século XIX, era
sobretudo a canade-açúcar, já que esse produto trazia bons lucros por
conta da produção de rapadura, principal produto da região,
sendoexportado principalmente para Pernambuco ecriando, assim,
importantes laços entre essa capitania/província e o Cariri cearense. 
Organização Econômica 
Movimento de 1817 no
Ceará e participação do
Cariri
 
O que foi esse movimento? 
 Foi uma revolta de caráter liberal, republicano e separatista
ocorrido na Capitania de Pernambuco durante o período colonial.
A grande diferença dos movimentos anteriores, como a
Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana foi que de fato houve
a tomada do poder local, mesmo que por período e áreas
limitadas. 
Quais as motivações do movimento?
 A Revolução estava diretamente ligada com a vinda da Família
real portuguesa em 1808 para o Rio de Janeiro. Com isso, os
colonos tiveram que pagar uma quantidade maior de impostos
para sustentar a vida de luxo da corte. A economia local já estava
em crise, decorrente da redução da produção de açúcar 
(concorrência Holandesa) e do algodão (impostos). Em
consequência disso ocorreu um aumento da pobreza e miséria
social.
Como foi a Revolução?
 A Revolução começou em 06 de março de 1817, quando um
militar português ( Manoel Joaquim Barbosa ) foi assassinado
pelo capitãoJosé de Barros que reagiu à voz de prisão por
suposto envolvimento em conspiração contra o governo. Isso foi
o estopim para a rebelião que rapidamente dominou o Recife. Os
rebeldes assumiram o poder da capitania e instalaram um
governo provisório. 
 Os líderes da Revolução foram Domingos José Martins, José de
Barros Lima, Cruz Cabuga e Padre João Ribeiro. O movimento
contou com a participação de vários grupos sociais, as elites
locais, militares, e muitos padres e tinham o iluminismo como
plano de fundo ideológico. Os revoltosos defendiam: 
 A proclamação da República, o fim dos impostos abusivos
cobrados por Dom João VI, a liberdade de imprensa e de culto, o
aumento do soldo de soldados , a instituição dos 3 poderes
(Executivo, Legislativo e Judiciário) , entretanto eles defendiam a
manutenção do trabalho escravo. 
 A revolta espalhou-se por outras Capitanias: Rio Grande do
Norte, Paraíba e Ceará. Haviam múltiplos interesses e o
movimento foi enfraquecendo, sendo aniquilado e os seus líderes
presos e alguns assassinados e expostos em praça pública. 
Quem eram os revoltosos e o que eles queriam?
Como ficou o Ceará na Revolução?
 O Ceará, mesmo independente política e administrativamente
de Pernambuco (1799) ainda estava ligada econômica, social e
politicamente. Somado aos efeitos da seca e da crise do algodão,
esperava-se uma maior adesão. Porém, a participação da
Capitania cearense foi pequena, houve baixa adesão das elites e
da população comum. Ademais, o governo do Ceará, sob encargo
do governador Inácio de Sampaio estava preparado para reprimir
o movimento. 
Quanto ao Cariri?
 A Família Alencar , por meio de Bárbara Alencar e os filhos José
Martiniano e Tristão Gonçalves foram os principais articuladores
do movimento na Região.
 José Martiniano liderou a tomada da Câmara da vila do Crato e
decretou a república, o que na prática durou apenas 8 dias. O fim
da revolta no Ceará se deu pela falta de força do movimento. A
família Alencar não conseguiu apoio no próprio Cariri, nem no
resto da Capitania, embora tenham contado com o suporte inicial
de José Pereira Filgueiras (capitão-mor), esse não sustentou o
apoio após ser pressionado pelo governador para reprimir o
movimento. 
 Os membros da Família Alencar e outros participantes foram
presos e enviados para Fortaleza e depois, foram anistiados.
Ocorreu a destruição de documentações relevantes do período
para evitar penas mais duras para a família Alencar que anos
depois teve participação na Confederação do Equador , de modo
geral a família em questão saiu politicamente fortalecida do
embate.
Participação do Ceará e do
Cariri na Confederação do
Equador 
O que foi esse movimento?
 Foi um movimento que teve como centro irradiador
Pernambuco e aglutinou em 1824 a adesão de estados que hoje
pertencem a região nordeste ( Pernambuco, Ceará, Rio Grande do
Norte e Paraíba) . Foi um movimento liberal ( influenciado pelo
iluminismo, pela Revolução Francesa e pela Independência dos
EUA), separatista ( queria separar a região do resto do País) e
republicano. 
 O conflito possuía raízes em movimentos anteriores, como a
Revolução Pernambucana de 1817.Em 1824, o Brasil já havia se
separado politicamente de Portugal, mas as reformas pretendidas
pelos radicais liberais - a maioria de interesses particulares da
burguesia - não foram realizadas. Assim, em dois de julho de 1824,
Manuel de Carvalho Paes de Andrade proclamou a República da
Confederação do Equador, em Pernambuco. 
 Este movimento chegou ao Ceará e a outros estados nordestinos
através dos revolucionários que se encontravam em Pernambuco
e se encarregavam de espalhar os ideais republicanos sob a
alegação de que havia da parte de D. Pedro I o desejo de
recolonização do Brasil. 
 Havia uma insatisfação com a dissolução da Assembleia
Constituinte em 1923 pelo até então Imperador Dom Pedro I e
com a implementação da Constituição outorgada em 1924 (que
detinha o poder moderador) . Com a implantação da
Constituição de 1824 e a dissolução da Assembléia Constituinte,
várias províncias do Nordeste ficaram insatisfeitas com essa
medida autoritária do Imperador, sendo Pernambuco a
principal delas. 
 Logo algumas vilas do Ceará também se mostraram
insatisfeitas como Quixeramobim, onde é declarada a
República com José Pereira Filgueiras no comando das Armas.
Outras províncias também se mostraram contra a nova
constituinte como Crato, Aracati e Icó. 
Quais as motivações?
Como ocorreu no Ceará e no Cariri?
 A participação do Ceará na Confederação do Equador devesse
a dois aspectos; primeira a subordinação da capitania do Ceará a
capitania de Pernambuco que durou de 1656 á 1799, e outro
aspecto foi a influência da família Alencar na região do Cariri. A
vila de Crato, politicamente influenciada pela família Martiniano
Alencar, que desde 1817 já lutara pela implantação da República,
era excelente locusde propagação dos ideais de 1824 para outras
vilas e províncias, passando estas a protestar constantemente das
atitudes do imperador, provocando tensões e conflitos. Em abril
de 1824, tendo á frente Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves,
depuseram o recém- nomeado presidente da província ( Costa
Barros). 
 
 Com a saída do poder de Costa Barros, a oposição organiza um
governo rebelde chefiado por Tristão Gonçalves de Alencar
Araripe e José Pereira Filgueira que reinicia as relações com
Pernambuco. A província de Pernambuco era o foco irradiador da
confederação, era ela que fornecia armas, oficiais estrategistas
para o Ceará, além de uma tipográfica responsável pela impressão
do primeiro jornal do Ceará. No entanto a repressão imperial se
fez em 12 de Setembro quando o brigadeiro Luis Alves de Lima e
Silva subjugou os rebeldes e restabeleceu o comando da província
de Pernambuco ao poder imperial. 
 Os lideres rebeldes fugiram ou foram capturados e condenados
a morte. A insurreição teve participação popular às chamadas
“brigadas populares”; mulatos, pretos libertos e militares de baixa
patente, no entanto, a elite que promoveu o movimento não
trouxe soluções concretas para os problemas da população
carente. O radicalismo instaurado pelas camadas populares, junto
à proibição do trafego de escravos, foi responsável pela perda do
apoio dos latifundiários, que era essencial para o movimento.
 O Ceará foi a última província a se render. Tristão Gonçalves
morre em combate , Pereira Filgueiras se rende e falece em minas,
padre Mororó , Pessoa Anta, Francisco Ibiapina, Feliciano
Carapinima são fuzilados em praça Pública ( Praça dos Martíres \
Passeio Público). 
O Movimento Armado de 32
 Joaquim Pinto Madeira, líder da revolução de 1832, nasceu no
então povoado de Barbalha, sul do Ceará, em 1783,foi militar, rico
proprietário rural e chefe político na vila de Jardim. Homem de
temperamento forte e caráter conservador, Pinto Madeira atuou
contra os movimentos rebeldes de 1817 e 1824, que tinham ideais
republicanos. 
 Na condição de militar, Pinto Madeira participou, ativamente,
no Cariri, contra as manifestações da Revolução Pernambucana de
1817 e da Confederação do Equador, em 1824. Segundo Irineu
Pinheiro(1963), após a derrotados revolucionários republicanos
cratenses de 1817, pelas forças monarquistas, coube a Pinto
Madeira conduzir à prisão, em Fortaleza.
 Os vinte presos políticos, a maioria da família Martiniano
Alencar ou seus agregados. os Alencar e os demais liberais
cratenses nunca perdoaram a ação de Joaquim Pinto Madeira
naquelas duas agitadas fases da história cearense. 
 Com a queda de Dom Pedro I, os liberais moderados, ligados á
família Alencar chegaram ao governo cearense e passaram a
perseguir Pinto Madeira. Madeira insatisfeito articulou uma
revolta , que teve motivação a disputa entre coronéis do Crato e de
Jardim, pelo domínio Político do Cariri Cearense. Os exércitos
eram formados por sertanejos de ambas as regiões . 
 O governo provincial interveio no confronto conta Pinto
Madeira. Em outubro de 1822, Pinto Madeirarendeu-se, foi julgado
culpado pelo assassinato de José Pinto Cidade , que ocorreu por
pressão de seu inimigo José Martiniano de Alencar, que então
ocupava o governo cearense. 
 Em 25 de março de 1884 aconteceu no Ceará a cerimônia de
libertação de todos os escravos daquela província, resultado de
um movimento abolicionista que mobilizou o império. A
Sociedade Cearense Libertadora, a mais atuante sociedade
abolicionista do Ceará e que tomou a liderança do movimento, foi
fundada em 08 de dezembro de 1880 como um desdobramento da
sociedade comercial Perseverança e Porvir, fundada em 1789. Já
em 01 de janeiro de 1881 foi criado o jornal Libertador, 
 Órgão da Sociedade Cearense Libertadora, por meio do qual os
abolicionistas da sociedade começaram a divulgar suas ideias e
iniciaram efetivamente a campanha abolicionista. A partir dele
percebemos uma mudança na atuação da Sociedade Cearense
Libertadora, de mais radical no início para mais conservadora ao
final do movimento. 
 Inicialmente os abolicionistas se declaravam radicais,
organizando greves e facilitando fugas de escravos.
Posteriormente, passaram a utilizar a propaganda para convencer
os senhores a libertarem seus escravos, buscaram meios de
comprar alforrias e defenderam que os escravos da província
foram libertados sem desordem ou revoltas. 
 Buscamos então perceber em que medida essa mudança de
atuação contribuiu para que o movimento abolicionista no Ceará
fosse visto como modelo para as demais províncias do Império, e
mais tarde se tornasse uma das bases da identidade regional
cearense. 
 
Abolicionismo no Ceará
 Suas características mais radicais ficariam mais definidas após a
greve dos jangadeiros, como ficou conhecida a paralisação
ocorrida no porto de Fortaleza nos dias 27, 30 e 31 de janeiro de
1881, e mais tarde em 30 de agosto do mesmo ano. A paralisação se
tornou um marco na história do Ceará e foi organizada pela
Sociedade Cearense Libertadora juntamente com os jangadeiros,
que eram responsáveis por levarem os escravos dos navios até a
praia, e vice-versa. 
 Nestes dias, os jangadeiros se recusaram a embarcar os escravos
que seriam transportados para outras províncias e, junto com a
multidão que se encontrava na praia, gritaram: “No porto do Ceará
não se embarca mais escravos!”; frase que se tornou emblemática
do movimento. (Lembre de Dragão do Mar- Francisco José do
Nascimento).
 A campanha abolicionista ficou conhecida em todo o Império,
com a repercussão da atuação da Sociedade Cearense Libertadora
e a partir dos contatos dos abolicionistas cearenses com
abolicionistas de outras províncias, principalmente da Corte. 
José do Patrocínio, inclusive, passou alguns meses no Ceará, em
1882, participando dos eventos da campanha junto aos
abolicionistas. 
 Então, em janeiro de 1883, Aracapé (atual Redenção) passou para
a história nacional como o primeiro núcleo urbano a libertar seus
cativos. Fortaleza deu liberdade aos seus em 24 de maio de 1883 e
em 25 de março de 1884, promulgou-se uma lei inviabilizando a
escravidão na província.
Hegemonia Urbana de
Fortaleza
 Fortaleza assume na segunda metade do século XIX a condição de
principal núcleo econômico, político e social da Província, superando
Aracati. 
Ocorreu a junção de vários fatores ;
1) Capitais acumulados com a venda de algodão 
2) A monarquia realizava um maior envio de recursos para as capitais
das províncias e com a consolidação de Fortaleza como capital 
tornou o local atrativo para obras e recursos públicos.
3) A construção e melhorias feitas em estradas e ferrovias, como a
Estrada de Ferro Fortaleza-Baturité (EFB), inaugurada em 1873
4) A intensa migração e atração populacional, sobretudo em épocas de
seca
 O crescimento de Fortaleza se evidencia com a ampliação de serviços
e melhorias de infraestrutura, com transporte coletivo, calçamento nas
ruas centrais, iluminação pública, bibliotecas e colégios de boa
qualidade, na época o Liceu era referência. Nesse momento há a
chamada " Belle Époque" , as elites se inspiram nos padrões franceses e o
Passeio Público era um local de encontros bastante popular. 
 Ocorriam também reuniões na Praça do Ferreira, os chamados "cafés"
e em um desses se formou a Padaria Espiritual. Em suas publicações
em "O Pão", intelectuais, como Adolfo Caminha criticavam os valores da
época.
 Em 1875, o engenheiro Adolfo Herbster elaborou um plano
urbanístico, para ampliar as ruas e criar novas avenidas, modernizando
e ordenando o crescimento da cidade.
Esse tema eu coloquei apenas os pontos principais, se você deseja se
aprofundar mais no tema, copia e cola esse link e veja de maneira
completa e detalhada
https://www.institutodoceara.org.br/revista/Rev-
apresentacao/RevPorAno/2014/03_FortalezacapitaldoCeara.pdf
Imagens da evolução de Fortaleza até o século XIX 
O "Milagre" de Juazeiro do Norte e o Movimento Religioso
em Torno de Padre Cícero
Quem foi Padre Cícero?
 Cearense, nasceu em 24 de março de 1844 na cidade de Crato.
Ingressou no Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde foi
ordenado Padre, em 1870, e instalou-se em Juazeiro no ano de
1872, sendo um padre bastante populista, ganhou o respeito da
comunidade por seu trabalho religioso.
Seminário da Prainha
Um "milagre" ocorrido em 1889
transformou a vida do religioso e da
cidade.
 Ao participar de uma comunhão geral, na capela de Nossa
Senhora das Dores, a hóstia sangrou na boca de uma fiel. Logo esse
fato foi divulgado e a cidade de Juazeiro recebeu peregrinos de
todas as partes. Em 1894, Padre Cícero foi punido com a suspensão
da ordem. Inconformado e sem poder celebrar missa, Padre Cícero
foi ao Vaticano, em 1898, pedir revogação da pena, ao papa Leão
XIII. Saiu de lá com a vitória, mas o bispo não aceitou e pediu
revisão do resultado.
 Sem poder seguir na carreira religiosa, a viagem a Roma só
contribuiu para aumentar o prestígio do Padre Cícero. Padre
Cícero, por sua vez, mesmo punido pela Igreja, tornou-se uma
personalidade local bastante relevante, transformando-se em
figura de veneração popular e conquistando enorme capital
político no Cariri. O resultado disso foi que ele se consolidou com
uma liderança no povoado de Juazeiro. 
 Em 1911 o distrito foi elevado a município e o Padre Cícero foi
nomeado prefeito, realizando várias benfeitorias, como a abertura
de escolas, capelas, o incentivo a agricultores e forneceu auxílios
para a população em épocas de secas. 
 Nesse contexto, Padre Cícero articulou um acordo político entre
os coronéis da região. Esse acordo ficou conhecido como “pacto
dos coronéis” e, com ele, cada coronel apoiaria o governo do
Ceará( o governo do Ceará e o chefe da oligarquia desse estado,
Antônio Pinto Nogueira Accioly em troca de benefícios)
 Taynara, quais os motivos para a Igreja Católica não reconhecer
os milagres atribuídos ao Padre? Entenda que na época que
ocorreu o suposto milagre a Igreja procurava consolidar os ritos
tradicionais da religião, e esse "milagre" distanciava de certa forma
a norma preconizada. 
 Além disso, havia um claro preconceito por parte da hierarquia
católica com a região onde supostamente ocorreu o milagre, uma
vila no interior do nordeste, ao fim, a Igreja considerou uma
fraude o suposto milagre (após mandar peritos); e até hoje não o
reconhece, mesmo que em 2015 tenha retirado as punições
impostas ao Padre.
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/coronelismo.htm
 
 
 Taynara, se ele atuou com ações positivas, qual a razão dele ser
uma figura polêmica? Novamente você deve reconhecer que ao
adquirir um grande prestígio na região ( por ser uma figura
carismática e supostamente realizava milagres, Cícero tinha,
desde a infância supostas visões) ele se aliou a latifundiários da
região, que eram mandatários do poder econômico e político e
exploravam a população local, pobre e carente de bases
educacionais sólidas. 
 Além disso, também há relatos que havia a aceitação de doações
de procedência duvidosa que poderiam ser oriundasde atos
ilícitos ( Lembre da suposta ligação do padre com cangaceiros,
inclusive com o bando de Lampião) , porém para muitos ele era
um "santo" (literalmente), um homem de fé que realizava
milagres e auxiliava a população local e detinha aliança com
poderosos da região como forma de ser um conciliador de forças 
 e assim, conseguir avanços e também proteção para si. Caso você
queira ler em detalhes sobre o Padre eu vou deixar o link de um
artigo;
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/28902/1/PADRE%20C
%C3%8DCERO%20E%20LAMPI%C3%83O%20-
%20estudo%20das%20legendas%20e%20cria%C3%A7%C3%A3o%
20dramat%C3%BArgica.pdf
 O vale do Cariri, no Ceará, sempre fora pródigo em garantir os
votos necessários à manutenção da política dos governadores
adotada pelo governo do presidente Hermes da Fonseca (1910-
1914). Municípios como Barbalha, Missão Velha, Milagres e Aurora
e, principalmente, Crato, eram polos importantes do coronelismo
consolidado após o pacto oligárquico. Além disso, sob iniciativa de
Padre Cícero Romão Batista, a região conheceu grande
desenvolvimento econômico com a produção de algodão e de
maniçoba destinada ao mercado internacional.
 De dezembro de 1911 a janeiro de 1912, houve intensa campanha
contrária aos planos de Acióli manter-se na liderança da política
cearense. O movimento que levou mais de 20 mil pessoas às ruas
de Fortaleza contou com a adesão de comerciantes da capital do
Ceará, de profissionais liberais e de soldados e oficiais do Exército. 
 A reação violenta de Acióli, ao colocar soldados e jagunços contra
os manifestantes contrários à sua política, aumentou a oposição a
seu governo. Em 24 de janeiro de 1912, o oligarca foi obrigado a
deixar Fortaleza e exilar-se na capital federal, de onde passou a
conspirar para reassumir a liderança da política cearense. 
 O fato beneficiou o candidato de oposição ao governo, coronel
Franco Rabelo. Em sintonia com a política das salvações
capitaneada pelo general Dantas Barreto, mais uma oligarquia era
derrubada no Nordeste, a exemplo do que ocorrera com Rosa e
Silva em Pernambuco em 1911.
 A eleição do coronel Franco Rabelo para presidente do Ceará
em meados do ano de 1912 fez ruir as bases do pacto de 1911
firmado no Cariri. Ciente dos laços que ligavam os coronéis da
região ao antigo líder da oligarquia Acióli, Rabelo iniciou uma
campanha de desestabilização da política oposicionista no Ceará. 
A Sedição de Juazeiro (1913-14)
 No dia 12 dezembro de 1913 reuniu-se em Juazeiro uma
assembleia dissidente composta por deputados oposicionistas, e
declarou-se a ilegalidade do governo de Franco Rabelo. Nomeou-
se nessa ocasião um governo paralelo, tendo Floro Bartolomeu
como presidente provisório.
 A resposta de Rabelo foi rápida. No dia 15 de dezembro, as tropas
estaduais estacionadas no Crato, sob o comando do coronel
Ladislau Lourenço, deram início às operações de invasão a
Juazeiro. No dia 20, a cidade santa foi ocupada pelas tropas do
governo, tendo à frente o coronel Alípio Lopes, escolhido
pessoalmente por Rabelo para dar fim à sedição.
 Embora as investidas oficiais tenham provocado muita tensão
em Juazeiro, a resistência dos fiéis de Padre Cícero, aliada ao
ataque dos cangaceiros reunidos por Floro Bartolomeu, conseguiu
vencer as forças oficiais.
 Cercada por tropas rabelistas, a cidade santa enfrentou a fome e
a falta de munição. Apesar das dificuldades, o moral da tropa que
entoava cânticos em louvor de Padre Cícero conseguiu resistir e
contra-atacar. Graças a essa ofensiva, no dia 24 de janeiro de 1914
Crato foi ocupada por homens comandados por Bartolomeu.
Seguiu-se a tomada de Barbalha. 
 As cidades foram pilhadas, e com o espólio Juazeiro pôde se
recompor da escassez de víveres e de munição em que se
encontrava desde os ataques das forças rabelistas. Em marcha a pé
e via estrada de ferro, os sediciosos de Juazeiro, tal como eram
denominados, ocuparam Miguel Calmon, Senador Pompeu,
Quixeramobim até marchar sobre Fortaleza, a 19 de março de 1914.
 Conforme plano firmado pelo governo sob a liderança do
senador Pinheiro Machado, seguiu para a capital cearense uma
tropa federal para apoiar os revoltosos. Foi decretado o estado de
sítio no Ceará, e o general Fernando Setembrino de Carvalho foi
nomeado interventor no estado. Franco Rabelo deixou o governo e
rumou para o Rio de Janeiro no dia 24 de março de 1914.
 
 
 
 Perceba a capacidade de mobilização que a figura do Padre tinha
na região e como a "manipulação" da população permitiu a intensa
aglutinação de sertanejos e membros do banditismo local em prol
dos interesses das Oligarquias locais, a fé nesse caso foi utilizada
de modo claro com finalidades políticas. Após a Sedição, houve um
relativo equilíbrio entre esses grupos dominantes até a Revolução
de 30 que modificou a situação política local.
 
O Caldeirão
 O caldeirão foi um agrupamento coletivista de cunho religioso
ocorrido na cidade do Crato, sob liderança do Beato José Lourenço.
José, paraibano, negro e analfabeto, chegou a Juazeiro por volta de
1890, sendo seguidor de Padre Cícero foi aconselhado a
permanecer na região e trabalhar com algumas famílias. Ele
arrendou um lote de terra no sítio Baixa D´anta e passou a
desenvolver um trabalho coletivista, em que se dividia com os
trabalhadores o produzido. Veja que sistemas coletivistas
chamavam muito atenção de latifundiários que perdiam sua mão
de obra quase "escravista" e também dos políticos da região 
( lembrem de Canudos).
 Na década de 20, adversários políticos de Padre Cícero e Floro
Bartolomeu, inventaram uma "fake news" de que as pessoas
daquele sítio estariam adorando um boi como se fosse uma
entidade mística. Isso, levou a prisão de Lourenço e pouco tempo
depois o proprietário da terra arrendada, Cel. João de Brito, efetua
a venda do local e o novo dono pede a retirada da população que lá
residia, isso ocorreu sem direito a nenhum tipo de indenização
pelas melhorias realizadas.
 
 Com isso, o Padre, acomodou Lourenço e seus seguidores em
um sítio de sua propriedade fica na Serra do araripe no município
do Crato. Era chamado Caldeirão, devido o grande caldeirão de
pedra que conservava água até o verão. Em pouco tempo o
trabalho de tantos agricultores conseguiu transformar o
Caldeirão em uma terra muito produtiva. Lá eles produziam,
também, as ferramentas de trabalho, roupas e calçados.
 Padre Cícero morreu em 1934, Caldeirão perdeu seu defensor.
Suas terras foram procuradas pelos Salesianos. Em 1936,
houveram algumas expedições para a destruição do local e nos
confrontos morreram inúmeros sertanejos. Políticos da região,
grandes proprietários de terra, a justiça e a Igreja juntam-se aos
poderosos da capital e montam um plano de destruição contra o
Caldeirão. 
 A primeira expedição foi realizada em 11/09/1936 e foi
comandada pelo capitão Cordeiro Neto, que mais tarde foi
prefeito de Fortaleza.Inicialmente queriam oferecer passagens de
trem para as famílias transportarem as bagagens e se retirar do
local. O povo não aceitou. Os soldados cumpriram as ordens
chegadas de Fortaleza. Queimaram 400 casas, as moagens e as
roças. Nenhuma arma foi apreendida, ninguém tinha arma entre
os dois mil habitantes do Caldeirão. Os soldados roubaram tudo
que podiam levar do Caldeirão.
 A segunda expedição para destruir Caldeirão, ocorreu em
11/05/1937, e encontrou resistência de um grupo, liderado por
Severino Tavares que passou a agir contrariando as orientações
do Beato Zé Lourenço que pregava continuar firmes na luta, mas
nunca tocar armas. Nesse confronto morreram um capitão, seu
filho, um sargento e um soldado. Outros soldados ficaram feridos.
Três camponeses morreram também.
 O governo do Estado telegrafou pedindo reforço Federal que
enviou uma esquadrilha de aviões. Bombardearam as casas e as
roças dos trabalhadores. Cerca de mil trabalhadores foram
mortos.Zé Lourenço e seu povo voltaram para Caldeirão,
começaram tudo de novo. Quando já estavam situados, chegou
uma carta dos salesianos, dizendo queele se retirasse com todo o
seu povo. Zé Lourenço saiu direto para Pernambuco, foi para a
fazenda união, em Exu. Lá morreu de peste bubônica, no dia 12 de
dezembro. Seu corpo foi sepultado em Juazeiro do Norte.
 A Oligarquia Acciolina
 Essa oligarquia foi constituída tendo como líder Nogueira
Accioly, que dominou o Estado do Ceará, entre 1896 e 1912.
Caracterizada por seu autoritarismo, corrupção e despotismo.
Ela estava estruturada com a adesão a chamada "política dos
governadores"( um mecanismo de "apoio" mútuo entre os
presidentes da república e os governadores dos estados), o
suporte de coronéis latifundiários, corrupção eleitoral e
repressão a opositores. 
 No primeiro mandato (1896-1900) é relevante destacar o
conflito entre Accioly e o farmacêutico Rodolfo Teófilo. O Ceará
viveu um momento de extrema calamidade pública, com cólera,
varíola e seca. Rodolfo, resolveu enfrentar o grave problema de
saúde pública fabricando e aplicando vacinas na população,
sobretudo nas residentes nos bairros mais pobres, e isso irritou
Accioly que temia perder sua popularidade política e atuou
ativamente contra a campanha de vacinação (me lembra
alguém, cof cof. ok, voltemos) . 
 O governo de Pedro Borges (1900-04) foi uma continuidade da
oligarquia. Accioly ainda foi reeleito para 2 mandatos, em 1904 e
1908 e nesse período ampliou-se também o número de
opositores. Em 1910 , iniciou-se o mandato de Hermes da
Fonseca, foi o período da "política das salvações", que consistiu
no levante armado de militares e de setores da classe média,
com fito de tentar derrubar as oligarquias. E uma das que
sucumbiu foi essa. 
 Assim, para as eleições estaduais de 1912, lançou-se Franco
Rabelo x Domingos Carneiro ( apoiado por Accioly ), a campanha
teve como marca a "passeata das crianças", uma manifestação
favorável ao primeiro candidato, na qual morreram e foram
lesionadas inúmeras crianças. 
 Em consequência ocorreu uma rebelião na cidade de Fortaleza,
Accioly renunciou e em seguida Rabelo foi eleito.( Sendo
deposto 2 anos depois, em 1914). Eu escolhi colocar esse tema
um pouco depois, mesmo ele tendo acontecido antes do tópico
anterior, pois não queria quebrar o raciocínio das ações de
Padre Cícero, queridinho da Urca.
 Até 1930 o Brasil era regido pela "política dos governadores" (já
expliquei o conceito), o país era dominado pelo binômio
agricultura/pecuária e servia aos interesses dos grandes
latifundiários. Porém, houve a Crise de 29 e o café, principal
produto de exportação, entrou em declínio e com isso também
declinou a popularidade do até então presidente da república.
Associado a crise, havia também um amplo descontentamento
por parte dos militares de baixas patentes. ( lembre do
movimento tenentista e do evento ocorrido no Forte de
Copacabana).
 Então, nas eleições de 1930, ocorreu algo atípico, não houve
unanimidade no apoio ao revezamento de poder MG/SP e Júlio
Prestes foi apoiado como sucessor de Washington Luís.
Ocorreram as eleições e a disputa foi entre Júlio e Getúlio, sendo
que esse primeiro foi eleito por ter um maior número de votos.
Porém, o motor da história teve uma pequena surpresa, o vice de
Getúlio, o paraibano João Pessoa foi assassinado por questões
pessoais e o caso tomou grande repercussão. Assim, em 3 de
outubro os militares liderados por Getúlio Vargas, no sul, e
Juarez Távora (1898-1975), no norte, convergem para o Rio de
Janeiro.
 Getúlio Vargas tornou-se chefe do Governo Provisório com
amplos poderes, revogando a constituição de 1891 e governando
por decretos. Da mesma forma, nomeou seus aliados para
interventores (governadores) das províncias brasileiras. Queria-
se, dessa forma, afastar dos governos estaduais as oligarquias da
República Velha e colocar-se em prática as políticas varguistas
Movimento de 1930 e as
Interventorias
 No Ceará, o interventor escolhido foi Fernandes Távora (1931), depois
foi nomeado Roberto Carneiro de Mendonça , que procurou manter
uma política conciliadora entre o novo regime e os oligarcas. Foi nessa
época que ocorreu uma das maiores vergonhas do território cearense
(lembrem do genocídio indígena), em 1932 ocorreu uma grave seca, e
junto a isso, outras enfermidades, como a cólera acarretaram em um
grande contingente de necessitados e para conter essa massa de
miseráveis o governo realizou campos de concentração, em que os
indivíduos não podiam sair e nem tinham a assistência necessária.
Além disso, muitos cearenses foram enviados para combater contra a
Revolução Constitucionalista. 
 Em 1933, foram convocadas novas eleições para a Assembleia
Constituinte, o que motivou novos arranjos políticos. Ficou de um lado
os tenentes apoiadores da "Revolução" , de cunho liberal, criaram o
Partido Social Democrata (PSD), as oligarquias , junto com outros
elementos "conservadores" da igreja, fundaram a Liga Eleitoral Católica
(LEC). Essa última, por ser apoiada por religiosos e latifundiários
obteve uma grande aceitação cearense. Atenção: a LEC também
apoiava segmentos fascistas que na época se aglutinaram na AIB
(Aliança Integralista Brasileira), no Ceará. A LEC conseguiu retomar o
poder em 1934 , com Menezes Pimentel, que administrou o estado por
10 anos. 
 Um extra do período, quem fez UECE, com certeza já conhece a LCT.
A Legião Cearense do Trabalho, foi uma organização conservadora,
nacionalista, cristã, paternalista, anticomunista, e antiliberal ocorrida
no Ceará entre 1931 e 1937, foi fundada e liderada por Severino Sombra.
Também se destaca o Padre Hélder Câmara, Jeová Mota e Ubirajara.
Essa organização foi fechada com o avanço de Vargas, em 1937, com o
Estado Novo.
 Durante o Estado Novo, o Ceará foi governado por Menezes Pimentel
. Nesse período vivemos o ciclo da borracha, em que muitos cearenses
foram trabalhar na região norte. Com a entrada do Brasil na 2 guerra
ficou claro que o regime de Vargas deveria sofrer críticas e ele tornou-
se insustentável. Criaram-se novas agremiações políticas, como a UDN
, PSD e PCB. Após a saída de Menezes, a UDN entrou no poder em 1947,
com Faustino Albuquerque. 
 Posteriormente foram governadores; Faustino Albuquerque (UDN
1947-51), Raul Barbosa (PSD 1951-54), Paulo Sarasate (UDN 1955-58),
Parsifal Barroso (PSD, PTB 1959-63) e Virgílio Távora ( UDN-PSD 1963-
66)
 
Ditadura Militar 
no Ceará
 Em 31 de março de 1964, tanques do exército foram enviados ao
Rio de Janeiro, onde estava o presidente Jango. Três dias depois,
João Goulart partiu para o exílio no Uruguai e uma junta militar
assumiu o poder do Brasil. No dia 15 de abril, o general Castello
Branco toma posse, iniciando oficialmente o período conhecido
como ditadura civil-militar no País. 
 O acirramento político e histórico foi constante no Brasil e em
países da América Latina e, do mesmo modo, no Ceará. Foi comum
a participação dos estudantes, intelectuais, operários, professores,
artistas, políticos e guerrilheiros contra o regime, em muitos
momentos estavam nas ruas de braços dados, em manifestações,
em outros estavam agindo e enfrentando o regime na
clandestinamente. 
 O governador do Estado, Virgílio Távora, eleito em 1962,
mantinha um bom relacionamento com João Goulart, inclusive,
recebendo ajuda financeira para suas realizações administrativas,
principalmente, para a construção da linha de energia elétrica de
Paulo Afonso a Fortaleza. Com o golpe, sofreu uma tentativa de
deposição organizada por Michel Graudhol, nomeado presidente
da Caixa Econômica, depois demitido por corrupção, e Charles
Deleve, comerciante francês que contou com o apoio de deputados
estaduais. Na visita de Castelo Branco ao Ceará, esses o
procuraram afirmando que Virgílio não era revolucionário.
“Virgílio é revolucionário de primeira hora”, respondeu o
presidente militar, e foram todos para a casa do governador se
confraternizar (MOTA, 1985, p. 127).
https://www.politize.com.br/presidente-da-republica-o-que-faz/
 No Cariri, os alvos da repressão foram aqueles considerados
“comunistas” ou seus simpatizantes. É isto que explicaas prisões
de Peres Amaral, proprietário de um pequeno sítio no rumo do Rio
Salgadinho, cujo espaço físico era utilizado para reuniões do
diminuto exército de comunistas de Juazeiro do Norte, e do
comerciante João Mariano, “ele fazia questão de dizer que era
comunista”. Independente disso, “o golpe de força não poupou
professores, livres pensantes e pequenos proprietários e os
colocou sob severa vigilância; em certos casos, empregou contra
eles os instrumentos dos interrogatórios, das perseguições e da
prisão pura e simples” (QUEIROZ, 2010). 
 Em Juazeiro do Norte, também foram presos Geraldo de Lucena
Militão, o professor e homem de teatro Wálter Barbosa e o
radialista Dário Maia Coimbra, por serem apenas simpatizantes do
trabalhismo e da esquerda. As ações dos golpistas no maior
município da região, Juazeiro do Norte, contaram com o apoio dos
gêmeos Adauto e Humberto Bezerra, do pároco Murilo de Sá
Barreto, do deputado Leão Sampaio e do empresário Antônio
Corrêa Celestino. Para Queiroz, “esses são expressões corpóreas
de uma ‘elite’ tradicional que executou com inegável êxito a
missão de fazer o Cariri empalmar com os acontecimentos que
sacudiram o país em março/abril de 1964” (QUEIROZ, 2010, p. 90)
 Na cidade do Crato, havia a Frente Estudantil Nacionalista (FEN),
organização fundada pela juventude comunista local para se
contrapor a União dos Estudantes do Crato - UEC, que era
controlada pela Igreja católica. A FEN, fundada em 1959, editou um
jornal, O Nacionalista, organizou passeatas pela construção da
primeira escola pública em nível secundário da cidade, exerceu
forte influência no meio estudantil do Cariri e foi desorganizada
com o golpe. Além das primeiras prisões efetuadas, como as já
citadas, pelo depoimento do dirigente comunista cratense, Zé de
Brito, há que se considerar, igualmente, a fragilidade (no Cariri)
dos partidos comprometidos com as reformas de base,
especialmente o PCB, além da hegemonia político-ideológica dos
padres e coronéis que apoiavam o golpe. 
 No Ceará, passadas as perseguições do início do golpe, houve
uma gradativa reorganização do Movimento Estudantil e de suas
entidades. Ramalho (2002) retrata a história do movimento
estudantil na capital cearense nesse período, destacando que, após
o golpe, três grupos organizaram-se dentro do movimento
estudantil no Estado: o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), a
Ação Popular (AP) e o Partido Revolucionário Trotskista16; o PCB é
citado como de menor importância e “após o golpe perdeu
terreno” (RAMALHO, 2002). Com o AI-5, as principais lideranças
das organizações de esquerda no Ceará entram na
clandestinidade.
 “É sabido que o PCdoB foi a única organização armada no Brasil
que implantou a guerrilha rural durante a Ditadura Militar, no
caso a Guerrilha do Araguaia, para a qual, inclusive, foram vários
cearenses” (FARIAS, 2007, p. 67). No Ceará, a agremiação também
realizou a instalação de campos de treinamentos, principalmente,
nas proximidades da Serra da Ibiapaba, área fronteiriça com o
Norte brasileiro. Com o Golpe Militar de 1964, as medidas
apontadas pelo GTDN são postas de lado, o projeto da SUDENE é
alterado, restringindo-se à política de desenvolvimento industrial
por uma via de modernização conservadora implementada pelos
governos militares.
 No Cariri cearense, nas eleições municipais de 1962, foram
eleitos em Crato, Pedro Felício Cavalcanti (PSD, PTB, PTN e MTR);
em Barbalha, Joaquim Duarte Coelho (PSD); e em Juazeiro do
Norte, Francisco Humberto Bezerra (UDN). Esses eram os
prefeitos das cidades do CRAJUBAR no período do golpe militar.
Era por intermédio de práticas clientelistas que os Bezerras
construíram uma extensa rede de fidelidades, controlavam várias
prefeituras do Cariri, ampliaram o seu poder para o resto do
Estado e elegeram sucessivos prefeitos em Juazeiro do Norte,
entre 1962 e 198229, monopolizaram o poder local. Além do
prefeito elegiam a maioria absoluta da Câmara de Vereadores.
 Agora vou falar na ordem os demais governadores do estado no
período. Plácido Aderaldo Castelo (1966-71), César Cals de Oliveira
(1971-75), Adauto Bezerra (1975-78), Virgílio Távora (1979-82),
Gonzaga Mota (1983-87), Tasso Jereissati (1987-91). 
Governos das Mudanças
 As principais medidas empreendidas pelo projeto do “governo
das mudanças” foram focadas em sanar os gargalos deixados pelos
ditos coronéis, cujos representavam a marca do atraso e da
miséria do povo cearense.
 Ajustes fiscais e reforma no funcionalismo, como o corte de mais
de 40 mil contratos irregulares, foram outras medidas de caráter
administrativo feitas por Tasso, mas de grande apelo público, visto
passar uma idéia de efetiva moralização do serviço público. Com
os ajustes da máquina sendo feitos, cabe destacar os projetos de
infra-estrutura e industrialização executados durante os governos
de Tasso no Ceará: 
 A construção do porto do Pecém; • ampliação e modernização do
Aeroporto Pinto Martins; • açude Castanhão e Canal do
Trabalhador; • perímetros irrigados, como Tabuleiro de Russas; •
projeto São José; • incentivos à agroindústria, em especial de
frutas frescas e flores; • fortalecimento dos setores Têxtil e
Calçadista, tanto na RMF como em certas regiões interioranas,
com a atração, via incentivos fiscais, de grandes indústrias
nacionais, dentre outros. O importante a destacar é que todas
essas medidas tem bastante semelhança com as advindas do
PLAMEG, idealizado ainda no governo de Virgílio Távora.
 No Governo Ciro Gomes, foram extintas a Comissão Estadual do
Planejamento Agrícola (CEPA), a Superintendência de
Desenvolvimento do Ceará (SUDEC), a Fundação de Saúde do
Estado do Ceará (FUNSEC) e a Autarquia da Região Metropolitana
de Fortaleza (AUMEF), entre outros órgãos. Por outro lado, foi
criada a Superintendência do Desenvolvimento Urbano do Ceará
(SEDURB).
 A Companhia de Desenvolvimento Industrial incorporou a
Companhia Cearense de Mineração (CEMINAS) e a Empresa
Cearense do Turismo (EMCETUR), passando a constituir a
Companhia de Desenvolvimento Industrial e Turismo do Ceará
(CODITUR). Ocorreu uma redução da ordem de 32% na taxa de
mortalidade infantil, que caiu de 95/1000 em 1987 para 65/1000 em
1990. 8 Ta! resultado, que valeu a Ciro Gomes o prêmio Maurice
Paté, da UNICEF (entregue em 24.04.93), pode ser atribuído ao
Programa Viva Criança, da Secretaria de Saúde do Estado.
Contudo, Ciro possuiu uma grande dificuldade em dialogar com
setores ligados a educação, como os professores.
 Outra obra de impacto realizada em seu governo foi a
construção, com a ajuda de pequenas empreiteiras, de um canal de
115 quilômetros para levar as águas do rio Jaguaribe até a capital,
numa tentativa de enfrentar os problemas ocasionados pela
grande seca sofrida pelo estado em 1993.
 Cid Ferreira Gomes - em inícios de 2007 tomou posse como
governador do estado do Ceará. Durante sua primeira gestão
frente ao governo estadual empreendeu projetos para inclusão
digital e pela diminuição da violência no estado, além de medidas
que visavam construção de siderúrgica e de refinaria de petróleo
no território cearense.
 No decorrer de seu 2 governo manteria o esforço de integrar
crescimento econômico e inclusão social, melhoraria a rede de
saúde pública cearense com vistas a torná-la a melhor do país,
ampliaria o número de centros de educação infantil e escolas de
ensino médio e criaria uma Divisão de Combate ao Narcotráfico e
um órgão gestor das políticas públicas sobre drogas. Nos anos que
se seguiram, constatou-se o crescimento do Produto Interno
Bruto (PIB) cearense, em algumas ocasiões com taxas mais altas do
que o PIB naciona
As Romarias de Juazeiro
do Norte e Ceará
O que é uma romaria?
 Atualmente significa uma viagem ou peregrinação a um local
específico, tido como sagrado ou construído em homenagem a
uma figura religiosa. O termo é ligado a religião católica e
significava " aquele que vai até Roma". Hoje, o estado do Ceará
possui uma ampla atração de romeiros para as cidades de
Juazeiro do Norte e Canindé. Esseseventos representam uma
excelente fonte de renda voltado ao setor turístico , as principais
cidades cearenses que abrigam essas comemorações são:
Canindé, Juazeiro do Norte, Santana do Cariri, Quixadá e
Barbalha.
 Benigna Cardoso da Silva (15 de outubro de 1928 — 24 de
outubro de 1941). Benigna Cardoso da Silva, nascida no Sítio Oiti
- Santana do Cariri-CE, no dia 15 de outubro de 1928, filha de José
Cardoso da Silva e Thereza Maria da Silva, ficou órfã de pai e mãe
muito cedo, sendo adotada juntamente com seus irmãos mais
velhos pela família “Sisnando Leite”, proprietária do Oiti dos
Cirineus, no distrito de Inhumas. Aos 12 anos de idade a garota
despertou interesse de um rapaz da região. Entretanto, Benigna
não demonstrou interesse em ter um relacionamento e por isso
passou a ser assediada com muita insistência por Raul Alves . 
 
Santana do Cariri
https://pt.wikipedia.org/wiki/15_de_outubro
https://pt.wikipedia.org/wiki/1928
https://pt.wikipedia.org/wiki/24_de_outubro
https://pt.wikipedia.org/wiki/1941
 
 Por isso, ela relatou o ocorrido ao Pe. Cristiano Coêlho, que a
aconselhou a continuar resistindo as ações de assédio do rapaz.
Porém, o indivíduo já a estava observando há bastante tempo e já
conhecia a rotina da garota e da família. Então, em um dia ele viu 
 a oportunidade de agir; munido de um facão ele escondeu-se na
vegetação e quando ela foi buscar água em uma cacimba, ele
tentou ameaça-la para manter relações com a garota ( estupra-la
sejamos claros), a garota reagiu a essa tentativa de estupro e Raul (
existem fontes que afirmam que ele tinha a mesma idade da
garota e outras que ele era um pouco mais velho, de todo modo,
era um adolescente )aplicou diversos golpes de facão contra a
menina que entrou em óbito. Seu corpo foi sepultado, aos 13 anos
de idade, no Cemitério Público São Miguel, em Santana do Cariri-
CE, acompanhado de comoção geral. Os requintes de crueldade do
bárbaro crime abalou todo o Município. 
 O autor do crime foi recolhido e cumpriu pena, tendo chegado a 
 velhice, ele afirmou que se arrependeu de ter cometido o crime. 
 Após o acontecimento, o local da morte da garota começou a ser
alvo de peregrinações, e a ela começou a ser atribuída a realização
de milagres. Na época do assassinato, conforme conta Vatican
News, Pe. Cristiano Coelho Rodrigues, que fora mentor espiritual
da jovem, escreveu a seguinte nota ao lado do registro de batismo
de Benigna: “Morreu martirizada, às 4 horas da tarde, no dia 24 de
outubro de 1941, no sitio Oiti. Heroína da Castidade, que sua santa
alma converta a freguesia e sirva de proteção às crianças e às
famílias da Paróquia. São os votos que faço à nossa santinha”.
 Desde então, vem aumentando a devoção à menina. Em 2004,
teve início a Romaria da Menina Benigna, que acontece de 15 a 24
de outubro e entrou para o calendário oficial do Estado do Ceará
em junho de 2019. Há uma grande menção a utilização dos termos
" heroína da castidade" e atribuições a ela ter "preferido morrer do
que pecar contra a castidade", eu particularmente acho bastante
problemáticas essas colocações, pois, indiretamente atribui o
resistir a um estupro ao mesmo patamar que resistir a uma
relação consensual. Mas, como são termos que aparecem em
muitos textos e em itens eu mantive. 
 
https://www.acidigital.com/catecismo/batismo.htm
 A Diocese de Crato iniciou em 2011, setenta anos após a morte
de Benigna, as pesquisas para abertura do seu processo de
beatificação, tendo como postulador o Monsenhor Vitaliano
Mattioli. Em 26 de maio de 2012, os restos mortais de Benigna
foram transladados para a Igreja Matriz de Santana do Cariri.
Benigna foi nomeada “Serva de Deus” pela Igreja Católica. Com a
decisão, ela será a primeira cearense a ser beatificada, passo
necessário para uma futura santificação.
 
 A história do inicio da devoção a São Francisco de Canindé data
ainda das primeiras missões franciscanas nesses sertões, ainda
em 1758. Um dos principais fatos para o início da romaria foi pelas
primeiras graças atendidas em Canindé. Ainda na construção da
primeira capela (iniciada em 1775 e concluída em 1796), uma
desses fatos teve destaque como o que envolveu o responsável
pela obra Francisco Xavier de Medeiros e o pedreiro de nome
Antônio Maciel que em um incedente na construção de uma das
torres do templo, o operário incidentou-se e pelo pedido de
Medeiros a São Francisco o operário veio a se salvar de uma
terrível queda, ficando preso pela camisa em uma das tábuas do
andaime. 
 Outro incidente também aconteceu com o próprio Medeiros,
quando uma das tesouras de sustentação (da estrutura que
sustenta o telhado) veio a cair sobre a coxa do mesmo, e todos
imaginavam que aquilo seria o fim para que medeiros não tivesse
mais presente na obra, mas no outro dia ele aparece totalmente
recuperado. Isso fora o bastante para começar a se espalhar por
toda a região a presença do santo.
 No Santuário de São Francisco das Chagas de Canindé as
romarias chegam aos milhares: a pé, de bicicleta, motocicleta,
ônibus, pau-de-arara, a cavalo e tantas outras. Algumas ganham
grande destaque, pela organização e quantidade de fiéis, como são
o caso das romarias: Moto-romaria de Fortaleza com
aproximadamente 30 mil motoqueiros (uma das maiores do
mundo); a de Codó do Maranhão com 15 carretas (cerca de dois
mil fiéis) e a romaria COT de Fortaleza (com aproximadamente
450 pessoas vindos a pé). A cada ano novas romarias surgem e
para recebe-las o Santuário dispõe da Assessoria de Romarias e da
Pastoral do Acolhimento.
 Para ler sobre isso em
https://santuariodecaninde.com/caninde/historia/
 
Canindé
Paróquia São Francisco das Chagas- Canindé
 A tradição das romarias em Juazeiro do Norte (CE) remonta há
130 anos, quando, mobilizada pela liderança de Padre Cícero, a
comunidade passou a receber gente atraída pelas notícias dos
"milagres" do líder religioso. Eu irei me reter apenas as principais,
mas o governo do estado possui um calendário oficial com as
romarias de Juazeiro do Norte.
https://www2.al.ce.gov.br/legislativo/tramit2019/pl284_19.htm
 A de Finados, uma das mais tradicionais do País, acontece há
quase 85 anos. O movimento começou logo após o falecimento do
Padre Cícero, em julho de 1934. Outras manifestações cresceram
no decorrer da história do Cariri no século XX. 
 A de Nossa Senhora das Candeias acontece de 29 de janeiro a 2
de fevereiro. No dia 24 de março, a mobilização ocorre em
homenagem ao nascimento do Padre Cícero. A de 20 julho
rememora a partida do sacerdote. E, em setembro, a tradição
celebra Nossa Senhora das Dores. Os fiéis costumam encerrar as
romarias com a realização da Missa dos Chapéus. 
 As celebrações marcam a despedida dos devotos e ocorrem na
Capela do Socorro, onde o corpo do Padre Cícero está sepultado,
ou na matriz de Nossa Senhora das Dores. Agora vou falar um
pouco sobre quem foram alguns dos indivíduos homenageados
nas romarias.
Origem da devoção a Nossa Senhora das Candeias
 A origem da devoção a Nossa Senhora das Candeias (também
conhecida como Nossa Senhora da Candelária ou Nossa Senhora
da Luz) iniciou-se na festa da apresentação do Menino Jesus no
Templo e na da purificação de Nossa Senhora, que ocorre
quarenta dias depois de seu nascimento (sendo, assim,
comemorada no dia 2 de fevereiro). 
 De acordo com a tradição mosaica, as parturientes, depois de
darem à luz, ficavam impuras, não podendo entrar nos templos
nos quarenta dias seguintes do parto. Passados os quarenta dias,
tinham que se apresentar ao sumo-sacerdote, para apresentar o
seu sacrifício (um cordeiro e duas pombas) e assim obter a
purificação. Assim, José e Maria logo se apresentaram no Templo
e foram acolhidos por Simeão, para realizar o sacrifício. 
Juazeiro do Norte
 Simeão, profeta, revelou ao casal as maravilhas relacionadas ao
Menino Jesus, disse a eles: “Agora, Senhor, deixa partir o vosso
servo em paz, conforme a Vossa Palavra. Pois os meus olhos viram
a Vossa salvação que preparastes diante dos olhos das nações:Luz
para aclarar os gentios, e glória de Israel, vosso povo” (Lucas, 2,29-
33). A palavra “candeia” significa vela, tocha, lâmpada.
Aparição de Nossa Senhora das Candeias
 Nossa Senhora das Candeias fez sua aparição no ano de 1400, em
uma praia da ilha de Tenerife (Ilhas Canárias, Espanha). Os nativos
da ilha, que eram conhecidos como guanches, sentiram medo da
Virgem e tentaram atacá-la, mas não conseguiram, já que a
aparição paralisou suas mãos. Depois disso, guardaram a imagem
em uma caverna, onde, após vários anos, foi construída a Basílica
Real da Candelária (em Candelária). Anos depois, a devoção
chegou até a América, onde se espalhou ainda mais. Nossa Senhora
da Candelária é a padroeira das Ilhas Canárias.
 História de Nossa Senhora das Dores
 Nossa Senhora das Dores ou Mater Dolorosa (Mãe Dolorosa) é
um dos vários títulos que a Virgem Maria recebeu ao longo da
história. Este título em particular refere-se às sete dores que
Nossa Senhora sofreu ao longo de sua vida terrestre,
principalmente nos momentos da Paixão de Cristo.
 O Dia de Nossa Senhora das Dores é celebrado em 15 de
setembro pelos cristãos católicos de diferentes países. No Brasil,
ela é considerada a padroeira de várias cidades, inclusive a de
Juazeiro do Norte.
 Na cidade do Cariri cearense, a data é marcada pela Festa e
Romaria de Nossa Senhora das Dores, considerada a mais antiga
de Juazeiro. Neste ano, devido à pandemia do novo coronavírus, a
programação da celebração ocorrerá de forma virtual.
 A devoção à Nossa Senhora das Dores foi propagada em Juazeiro
pelo próprio Padre Cícero, fundador do município, quando iniciou
o ministério na então Vila Tabuleiro Grande. Os contemporâneos
do Padre diziam que ele era um grande devoto de Nossa Senhora,
sendo duas, entre as três maiores romarias do ano na cidade, em
alusão à Virgem Maria.
Monumento em homenagem a Padre Cícero- Juazeiro do Norte
Barbalha
 Há 91 anos, o município de Barbalha celebra a Festa do Pau de Santo
Antônio. O santo é padroeiro da cidade e o festejo já foi reconhecido,
pelo Iphan, como patrimônio cultural imaterial da nação. O
reconhecimento é pioneiro no Estado. Em 2018, ganhou o mesmo título,
pelo governo estadual. A cerimônia envolve o costume de erguer um
grande tronco de árvore em frente à Igreja Matriz de Barbalha, para
receber a bandeira de Santo Antônio. O domingo do carregamento do
pau da bandeira tem data móvel (fins de maio e início de junho). 
 Neste dia, a cidade de 60 mil habitantes vê as ruas se encherem de sons
e cores, com a participação de turistas e grupos regionais como bandas
cabaçais e reisados. Em 2019, cerca de 200 homens participaram do
carregamento do tronco no último dia 2 de junho, reunindo cerca de 600
mil pessoas na celebração. A programação de orações e festas prossegue
até o dia 13 de junho, data em homenagem ao santo casamenteiro. Ah!
Há uma crença de quem pega no "pau do santo Antônio", que fica
hasteado em frente à igreja matriz, realiza o sonho de subir ao altar.
 
 Quem foi Santo Antônio? Nascido em 1195 em Lisboa, capital de
Portugal, Santo Antônio, na verdade, tinha “Fernando de Bulhões”
como nome de batismo. Educado na cidade de Coimbra, ele vinha
de uma família nobre e rica. Foi na cidade onde estudou que o
santo entrou para a Ordem de Santo Agostinho e se tornou
sacerdote bem jovem, ainda aos 25 anos de idade. Padroeiro das
cidades de Pádua e de Lisboa, Santo Antônio é responsável por
vários milagres, de acordo com a Igreja Católica. 
 O primeiro teria acontecido ainda em vida. “reza a lenda que
estando a pregar aos hereges em Rimini, estes não o quiseram
escutar e viraram-lhe as costas. Sem desanimar, Santo António vai
até à beira da água, onde o rio conflui com o mar e insta os peixes a
escutá-lo, já que os homens não o querem ouvir. Dá-se então o
milagre: multidões de peixes aproximam-se com a cabeça fora de
água em atitude de escuta. Os hereges ficaram tão impressionados
que logo se converteram.
 No segundo milagre, Santo António livra o pai da forca. Conta a
lenda que estando o Santo a pregar em Pádua, sentiu que a sua
presença era necessária em Lisboa e recolheu-se, cobrindo a
cabeça em silêncio reflexão. Simultaneamente (e mercê do dom de
bilocação) encontra-se em Lisboa, onde seu pai tinha sido
injustamente condenado pelo homicídio de um jovem. Este,
ressuscitado e questionado pelo Santo, afirma a inocência do pai
de Santo António e volta a descansar”O terceiro grande milagre
teria acontecido já no fim da vida de Antônio.
 “O terceiro milagre, também reportado na crônica do Santo,
ocorre já no fim da sua vida e foi contado pelo conde Tiso aos
confrades de Santo António após sua morte. Estando o Santo em
casa do conde Tiso, em Camposampiero, recolhido num quarto em
oração, o conde curioso espreita pelas frinchas de uma porta a
atitude de Frei António; depara-se-lhe então uma cena miraculosa:
a Virgem Maria entrega o Menino Jesus nos braços de Santo
António. O menino tendo os bracinhos enlaçados ao redor do
pescoço do frade conversava com ele amigavelmente,
arrebatando-o em doce contemplação. Sentindo-se observado,
descobre o ‘espião’, fazendo-lhe jurar que só contaria o visto após
a sua morte”.
 Por que Antônio é considerado o Santo Casamenteiro? A ideia
de que Santo Antônio é casamenteiro surgiu após alguns relatos
de fieis. Um dos principais é o de uma jovem que, desesperada por
não ter dinheiro para pagar o dote (dinheiro que mulheres
pagavam à familia do marido para se casar), teria se ajoelhado
diante de uma imagem do santo e pedido que solucionasse o
problema. Segundo a lenda, pouco depois, moedas de ouro teriam
aparecido diante da jovem, possibilitando o casamento
Cultura no Ceará e Cariri
 O Ceará é terra de muitos escritores e poetas importantes,
podendo-se citar, dentre muitos outros: José de Alencar,
Domingos Olímpio, Rachel de Queiroz, Adolfo Caminha, Antônio
Sales, Jáder Carvalho, Moreira Campos, Gustavo Barroso, Patativa
do Assaré, João Clímaco Bezerra, Ana Miranda. E talentos
humorísticos como Chico Anysio, Renato Aragão e Tom
Cavalcante, e o Seu Lunga, de Juazeiro do Norte, famoso pela sua
intolerância com perguntas óbvias, lembre de Patativa do Assaré
 Dos festivais se destaca o Expocrato, é a maior evento
agropecuário do Norte e Nordeste. Ele ocorre na cidade do Crato,
em julho, e possui a exposição e o leilão de animais, venda de
comidas e bebidas da região e eventos musicais. Também se
destaca a Expoece na cidade de Fortaleza, ocorre fim do ano e
conta com a exposição de animais para concursos, competições e
vendas, além da presença de alimentos, artesanatos e outros
produtos.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_de_Alencar
https://pt.wikipedia.org/wiki/Domingos_Ol%C3%ADmpio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rachel_de_Queiroz
https://pt.wikipedia.org/wiki/Adolfo_Caminha
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B4nio_Sales
https://pt.wikipedia.org/wiki/J%C3%A1der_Moreira_de_Carvalho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gustavo_Barroso
https://pt.wikipedia.org/wiki/Patativa_do_Assar%C3%A9
https://pt.wikipedia.org/wiki/Chico_Anysio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Renato_Arag%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tom_Cavalcante
https://pt.wikipedia.org/wiki/Seu_Lunga
https://pt.wikipedia.org/wiki/Juazeiro_do_Norte
Bônus Saúde
 A rede da Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) tem 11
hospitais, sendo oito na capital e três no interior. Em Fortaleza,
são dois de nível secundário, com atendimento especializado e de
média complexidade: Hospital e Maternidade José Martiniano de
Alencar (HMJMA) e Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara
(HGWA), e seis a nível terciário, que atendem casos de alta
complexidade. São eles: Hospital Geral de Fortaleza (HGF),
Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), Hospital Infantil Albert
Sabin (Hias), Hospital São José de Doenças Infecciosas (HSJ),
Hospital de Messejana Dr. Alberto Studart Gomes (HM) e Hospital
de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSMM). No interior, os
três hospitais são terciários, com atendimento regionalizado:

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