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ANÁLISE DE RISCOS AMBIENTAIS AULA 3 Prof.a Cláudia Regina Bosa 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula teremos como tema central a análise qualitativa de riscos. Para o entendimento desse tipo de análise, trabalharemos sobre o processo de gerenciamento de riscos: como realizar a avaliação da probabilidade de impacto de um risco. Também avaliaremos os dados que um risco nos fornece para podermos pensar nessas informações e em como utilizá-las para a prevenção deles e ainda teremos o entendimento de como realizar a análise dos riscos presentes em um projeto. A partir desse conteúdo, teremos o conhecimento para realizar o gerenciamento integral de riscos em qualquer ramo da atividade humana e, assim, pensar na prevenção de impactos negativos para a saúde das pessoas e para a conservação do meio ambiente. CONTEXTUALIZANDO Vamos imaginar que você é sócio de uma empresa do ramo de extração de minérios, um negócio que foi herdado desde a época de seus avós e que continua sendo a principal fonte de renda de sua família, aliás, um trabalho muito bem-sucedido que permite a você e sua família um modelo de vida de alto nível. Você teve muitas oportunidades de estudar, inclusive no exterior, fez várias formações na área de prevenção de riscos ao meio ambiente e, com toda a maturidade que desenvolveu, percebe atualmente que a empresa da qual você é sócio já causou inúmeros dados ao meio ambiente e às pessoas do entorno das atividades que a sua empresa realiza. Percebe também que, entre as pessoas que gerenciam os grupos de trabalho de sua empresa, você é o único que tem essa percepção. Nos próximos meses, a sua empresa irá começar um trabalho de extração de minérios próximo a uma área de Preservação Ambiental, na qual há várias espécies de animais e vegetais em risco crítico de extinção. Você, com a maturidade que possui hoje, sabe que a sua empresa trabalha com o mínimo exigido de prevenção aos riscos que a atividade de mineração oferece ao meio ambiente, e fazem a maior economia, para priorizar o maior lucro. Você, mais do que ninguém, sabe dos possíveis riscos para essa área caso algo de errado aconteça no processo de extração. Diante dessa situação, a qual vem incomodando-o extremamente, o que você faria? 3 Convocaria uma reunião com o corpo diretivo da empresa e exporia todos os riscos envolvidos com a atividade e determinaria o cancelamento da extração de minérios naquela área? Convocaria uma reunião para frisar a importância de melhorar a prevenção aos riscos na empresa e cobraria a execução em campo, mas não deixaria de explorar a área? Ou, diante de seu conhecimento profundo do corpo diretivo da empresa, apesar de ter consciência de todos os riscos envolvidos na nova área de extração, você não interferiria, pois tem certeza de que já é voto vencido? TEMA 1 – PLANO DE GERENCIAMENTO DE RISCOS Qualquer que seja a atividade a ser desenvolvida, há a necessidade de realização de um planejamento estratégico, o qual terá como objetivo a realização de uma análise aprofundada da estrutura da atividade, proporcionando a oportunidade de planejar as ações que impactarão o futuro da atividade, como a prevenção de acidentes de trabalho ou ambientais. Um dos pontos cruciais do planejamento estratégico é a Gestão de Riscos, processo de gestão de riscos que, para a grande maioria das pessoas, remete somente às questões financeiras, mas na atualidade, além dessa questão, é importante considerar questões operacionais que envolvem os sistemas, as pessoas e o ambiente do entorno com relação aos riscos. A gestão de riscos envolve três diferentes etapas: identificação dos riscos, priorização de ações e mitigação dos riscos identificados. Esse pensamento é de extrema importância principalmente quando se deseja expandir o ramo de atividade em questão, com a finalidade de garantir uma tomada de decisões mais seguras em todos os aspectos. Dessa forma, quando tratamos de um Plano de Gerenciamento de Riscos, estamos considerando como serão tratados os riscos em qualquer tipo de atividade que estejamos a considerar, assim, algumas premissas devem ser seguidas quando tratamos do processo de gestão de riscos de forma eficaz, sendo elas: metodologia, que trata de como será efetuado o plano de gerenciamento de riscos, ou seja, trata as questões do como fazer essa gestão; distribuição de funções, premissa na qual será importante deixar clara qual a função exata de cada um dos sujeitos que está participando do processo de gestão dos riscos, para que eventuais erros não ocorram, por exemplo, pela sobreposição de funções; determinação dos custos, outro aspecto importante é 4 a definição de custos e destinação de recursos para a efetiva realização do plano de gerenciamento de riscos; definição de um cronograma, quando tratamos de gerenciamento de riscos, há necessidade de um trabalho muito bem concatenado no tempo e no espaço e a questão de um cronograma descrevendo todas as atividades a serem desenvolvidas será de grande ajuda; categorização dos riscos, nessa etapa será importante realizar a listagem de todos os riscos envolvidos em uma determinada atividade, os quais deverão ser descritos de forma bastante detalhada, pois, quanto maior a riqueza de detalhes, maior a possibilidade de sucesso do trabalho de gerenciamento de riscos. Assim, pode-se lançar mão da utilização de uma Estrutura Analítica de Riscos (EAR). Na Figura 1, esse tipo de análise de risco é mostrada em detalhes e, por fim, há a necessidade de pensar nas probabilidades dos riscos e calculá-las, como também chegou o momento de nos preocuparmos com os impactos que a consumação dos riscos pode causar na qualidade de vida e saúde dos trabalhadores, bem como do entorno envolvido pela atividade em questão. Para a realização de um adequado plano de gerenciamento de riscos, há a necessidade de uma equipe que trabalhe em conjunto e que tenha consciência dos passos a serem seguidos a fim de conseguir gerir os riscos de forma eficaz evitando, da melhor forma possível, consequências caso ele se efetive. Figura 1. Estrutura analítica de riscos. Fonte: <http://www.teleco.com.br/tutoriais/tutorialgerproj2/pagina_3.asp> Realizando a observação criteriosa da Estrutura Analítica de Riscos, podemos imaginar os riscos para qualquer tipo de atividade que tenhamos em 5 mente, e da mesma forma poderemos pensar em formas de prevenção ou mitigação dos riscos de uma maneira mais clara e precisa. Vamos imaginar a seguinte situação: estamos com os planos de implantar uma empresa que trabalha com a produção de celulose e fornecimento de matéria-prima para diversas outras indústrias. Quais seriam os riscos técnicos, externos, organizacionais e gerenciais envolvidos? Portanto, quando pensamos em formular um plano de gerenciamento de riscos, devemos conhecer de forma aprofundada o projeto em questão, para que se possa pensar de forma crítica em todos os riscos envolvidos no desenvolvimento daquela atividade, e, dessa forma, priorizar a qualidade de vida das pessoas e do meio ambiente. Trata-se de um processo essencial para Gestão de Riscos Ambientais, por exemplo, quando pensamos na criação de uma estrada de ferro ou na construção de uma barragem em um rio importante de uma determinada região. É necessário que os grandes empresários e técnicos envolvidos nesses empreendimentos tenham a sensibilidade de entender a importância de respeitar as leis, não somente as trabalhistas, mas as ambientais, a fim de compor projetos consistentes e conectadoscom a realidade do entorno dos empreendimentos, causando assim menor impacto possível no ambiente em questão. TEMA 2 – AVALIAÇÃO DE PROBABILIDADE E IMPACTO DOS RISCOS O processo de avaliação de probabilidade e impacto dos riscos está relacionado a uma análise qualitativa dos riscos identificados em qualquer tipo de atividade que se esteja analisando. Essa tarefa não é fácil de ser realizada, primeiro é importante que tenhamos em mãos uma lista muito bem estruturada dos riscos existentes para determinada atividade, em seguida devemos começar o processo de qualificação de tais riscos identificados, por meio da observação das atividades desenvolvidas e da identificação de tendências nos riscos. Depois de identificadas as tendências, deve-se recorrer ao processo de gerenciamento dos riscos e tentar eliminá-las ou, se isso não for possível, reduzi-las ao máximo (tendências identificadas nos ajudam a prever a efetivação dos riscos). A qualidade da informação com a qual estamos trabalhando é fator decisivo para a análise qualitativa dos riscos com os quais estamos trabalhando. Esse processo de qualificação deve ocorrer diariamente e, se houver necessidade, o projeto inicial proposto pode passar por alterações 6 ou até mesmo grandes reestruturações; a qualificação deles deve ocorrer do início ao fim de qualquer projeto de gerenciamento de riscos. Aspectos da Análise Qualitativa do Risco Nesse ponto, devemos pensar quais são os fatores importantes a serem considerados a fim de que possamos visualizar em um esquema geral todos os riscos envolvidos na atividade que se deseja desenvolver; as principais etapas envolvidas são citadas a seguir: a. Plano de gerência de risco – trabalho realizado por uma equipe técnica que pensará em todas as possibilidades de evitar ou mitigar o risco, uma vez instalado na atividade proposta. b. Identificação dos riscos – os riscos que são identificados dentro do processo de qualificação deles devem ser criteriosamente avaliados e, assim, as consequências desses devem ser analisadas dentro do processo de gerenciamento de riscos. c. Estágio de desenvolvimento do projeto – durante o processo de desenvolvimento de um projeto, podemos contar com incertezas, como a existência real de um determinado risco elencado, mas, de um modo geral, no início do projeto muitos riscos não são listados e acabam aparecendo em etapas inclusive finais dele, fato que requer muita atenção da equipe que trabalha as questões de gerenciamento dos riscos. d. O tipo de projeto a executar – se estivermos gerenciando um tipo de projeto muito comum, facilmente elencaremos os tipos de riscos associados a ele; já quando tratamos de projeto inovadores que utilizam técnicas exclusivas, a questão de qualificação dos riscos fica mais complexa e demanda mais tempo. e. Confiabilidade dos dados – os dados coletados para realização do processo de qualificação dos riscos devem ser confiáveis, obtidos de fontes seguras e seguindo as regras de coletas de dados. As fontes utilizadas para a obtenção dos dados devem ser sistematicamente avaliadas a fim de prezar pela segurança no processo de qualificação dos riscos. f. Escalas de probabilidade e impacto – são amplamente utilizadas para a realização da avaliação qualitativa do risco; podemos citar as escalas de probabilidade e impacto, que servem para avaliar a dimensão do risco descrito para a atividade em questão. 7 g. Hipóteses – podem ser levantadas no processo de identificação de riscos e ser testadas durante esse processo de avaliação. Algumas técnicas são amplamente utilizadas no processo de avaliação qualitativa de riscos, como: probabilidade de risco e impacto, matriz de probabilidade/impacto de risco, teste de hipóteses do projeto e classificação da precisão dos dados obtidos. Esse conjunto de técnicas nos permite ter uma ideia mais próxima da real qualidade do projeto que estamos a desenvolver e nos permitir, por meio desse processo, críticas que permitam reconstruí-lo, sempre com o objetivo de redução extrema de riscos. Nesse momento, trataremos da técnica de probabilidade de risco e impacto. A probabilidade de risco e seus impactos (consequências) podem ser descritos em termos qualitativos como: muito alta, alta, moderada, baixa e muito baixa. Quando falamos sobre a probabilidade de risco, estamos tratando da chance de um risco ocorrer. Quando tratamos das consequências (impactos) do risco, estamos falando sobre o efeito nos objetivos do projeto se o evento de risco ocorrer. Quando trabalhamos com probabilidades e consequências, podemos aliar maior confiabilidade ao processo de qualificação dos riscos, pois essas variáveis ajudam na rápida identificação dos riscos que devem ser tratados com mais prioridade dentro de uma escala preestabelecida. É importante que se tenham bem claros os dois conceitos aqui destacados: Impacto – esse conceito trata da área afetada pelo risco se este se efetivar, dentro de um determinado projeto. Probabilidade – quando tratamos de probabilidade, estamos considerando a chance de ocorrência de um determinado risco elencado em um projeto; essa probabilidade só pode ser considerada durante o período de execução do projeto. Tendo em mente esses conceitos bem definidos, é possível pensar de forma estratégica a gestão de riscos e almejar projetos que, apesar de grandiosos e com grandes riscos, não sejam efetivados, devido ao processo de gerenciamento criterioso realizado. TEMA 3 – MATRIZ DE PROBABILIDADE E IMPACTO Quando tratamos sobre a matriz de probabilidade e impacto, estamos tratando de uma técnica amplamente utilizada nos processos que envolvem a 8 gestão de riscos. Esse tipo de técnica está classificado como uma das ferramentas principais para a análise qualitativa dos riscos. O fato de combinar as probabilidades e os possíveis impactos da efetivação de um determinado risco pode ajudar no processo de escolhas dos gestores de uma empresa, os quais terão as atenções voltadas, logicamente, para aqueles riscos que em uma matriz indiquem maior probabilidade e maior extensão de seus impactos. Sendo assim, qualquer projeto por menor que seja deverá sempre contar com esse tipo de matriz, se houver a intenção de prevenção e manutenção da qualidade de vida e saúde das pessoas envolvidas. Esse tipo de matriz é confeccionado combinando dados sobre as probabilidades de ocorrência e impacto de um risco associados à classificação do risco que estamos tratando. Como comentamos anteriormente, riscos que apresentam alta probabilidade e grandes impactos devem chamar a atenção dos dirigentes do projeto, pois medidas de prevenção ou mesmo de mitigação devem ser pensadas caso ele ocorra. Para realizar a classificação dos riscos, existem matrizes e escalas que nos ajudam a julgar as intensidades dos riscos com os quais estamos trabalhando, auxiliando prontamente nos processos de gerenciamento eficaz deles. A escala de probabilidade de um risco qualquer é confeccionada de forma binária, na qual o caractere 0 (zero) indica nenhuma possibilidade de ocorrência de determinado riscos em um certo projeto e o caractere 1 (um) indica a total certeza de que o risco existe para um determinado projeto. Também podem ser utilizadas variáveis intermediárias para auxiliar nesse processo de probabilidade de ocorrência de um risco. Realizar esse trabalho não é uma tarefa confortável, pois na maioria das vezes o corpo de técnicos que vai trabalhar com essas questões não pode lançar mão de uma série de registros históricos daquela empresa, fato que em alguns tipos de projetospode levar ao aumento da probabilidade de ocorrência dos riscos. Na Figura 2, temos o exemplo de uma matriz de probabilidade e impacto com a utilização de valores ordinais; deve-se lembrar de que valores numéricos também podem ser utilizados. Figura 2. Matriz de probabilidade e impacto. 9 Fonte: <http://blog.luz.vc/como-fazer/como-fazer-gerenciamento-de-riscos-em-projetos-com- matriz-de-riscos/> Nesse momento, devemos parar e analisar qual a importância da confecção dessa matriz para os mais variados ramos da produção humana e principalmente aqueles que possuem efeitos diretos sobre o meio ambiente. Vamos pensar que a matriz construída para um determinado empreendimento, como a construção de uma barragem, apresente em todos os critérios analisados impactos com grande probabilidade de ocorrência, que medidas o comitê gestor dessa empresa e os órgãos ambientais envolvidos deveriam tomar mediante uma matriz tão comprometedora? Fica aqui uma questão: será que todas as matrizes confeccionadas em projetos e relatórios são fiéis aos riscos reais presentes nas atividades em questão? Ou simulações de outros panoramas podem ser criadas, não trazendo o retrato dos riscos realmente previstos a fim de conseguir liberações de funcionamento e, mais tarde, os riscos se efetivam, e o processo de mitigação não foi pensado; diante disso, a comunidade e o meio ambiente são drasticamente prejudicados e mal respaldados pelos empreendedores e poder público. Por fim, junto com o processo de confecção de uma matriz de probabilidade de impacto, podemos pensar em testar hipóteses para isso, assim devemos sempre ter em mente as consequências no projeto se a hipótese for falsa. Hipóteses alternativas que podem ser verdadeiras devem ser identificadas e suas consequências nos objetivos do projeto devem ser testadas no processo de análise qualitativa de risco. Outro aspecto que não deve ser deixado de lado é a precisão dos dados com os quais estamos trabalhando, pois há necessidade de que os dados sejam precisos e sem influências. Para ter confiança nos dados utilizados, é necessário checar os seguintes aspectos: 10 1. Entendimento amplo do risco. 2. Dados disponíveis sobre o risco. 3. Qualidade dos dados. 4. Confiabilidade e integridade dos dados. A utilização de dados de baixa precisão pode trazer consequências graves para o projeto e seus gestores, bem como para a comunidade e o meio ambiente. TEMA 4 – AVALIAÇÃO DOS DADOS SOBRE RISCO O processo de avaliação dos dados sobre riscos deve ser realizado para qualquer tipo de atividade que se queira implantar ou manter dentro de uma empresa, por exemplo. Há necessidade de um planejamento constante pensando na prevenção efetiva dos riscos elencados. Caso a análise feita sobre os dados seja sem a devida precisão, poderá ocorrer o comprometimento de todo projeto, trazendo sérias consequências para as pessoas e o ambiente envolvidos. Para que os dados coletados em um projeto sejam confiáveis, é necessário seguir uma metodologia adequada e contar com um corpo técnico responsável e com boa formação, no qual os integrantes tenham consciência da consequência de avaliações erradas durante a elaboração do projeto em questão. Para que essa qualidade de dados seja alcançada, alguns itens devem ser observados: todos os envolvidos no projeto devem ter conhecimento dos objetivos dele, portanto devem ser escritos de forma muito clara a fim de não permitirem interpretações variadas. A equipe que vai participar da implantação do projeto deve ser condizente às necessidades dele, deve-se levar em consideração não somente questões de formação, mas também as questões de personalidade dos envolvidos. Antes da execução do projeto, o gestor deve ter certeza da existência de um orçamento adequado para a realização de todas as etapas dele. Todos os riscos devem ser avaliados e ainda um plano de gerenciamento destes deve ser criado. Além de todos esses aspectos, é de extrema importância que se faça cobrança efetiva para o cumprimento de prazos e que todos os envolvidos no projeto se sintam à vontade para dar sugestões cabíveis e contribuir para a evolução em complexidade dele, dessa forma, todos os envolvidos devem sentir-se pertencentes e com 11 responsabilidade diante da atividade a ser desenvolvida. O desenvolvimento desse processo depende também da capacidade técnica e de agregar pessoas do gerente envolvido, sobre o qual está concentrada grande parte das responsabilidades. Existem várias técnicas que podem ser utilizadas para a coleta de dados, cada uma com singularidades específicas relacionadas ao tipo de atividade desenvolvida, podendo-se citar: a. Entrevistas: estruturada, semiestruturada ou não estruturada, esse tipo de técnica de coleta de dados pode fornecer dados extremamente confiáveis, desde que as perguntas realizadas sejam criteriosas e não ocorra influência de quem está realizando a entrevista. Também é importante que o entrevistador crie um ambiente adequado para a realização da coleta de dados. b. Questionários: apresentam como grande vantagem dispensar a necessidade de realizar grandes deslocamentos da equipe técnica envolvida no projeto, dessa forma seria uma técnica mais econômica, podendo atingir um grande número de indivíduos ao mesmo tempo. Há necessidade de grande cuidado com a elaboração das questões com relação à clareza delas e ao que se deseja medir com a questão elaborada. Também é importante salientar sobre a manutenção do anonimato dos indivíduos que respondem aos questionários. Existem várias formas de questões que podem ser elaboradas (abertas, fechadas, de múltipla escolha), e é importante um grande cuidado com a elaboração delas a fim de que não sejam sugestivas ou deixem o entrevistado em situação vexatória diante do tipo de resposta que venha a dar. Como todos os instrumentos utilizados para a coleta de dados, o questionário também apresenta algumas dificuldades, como um questionário entregue com algumas questões sem resposta ou ainda a dificuldade em tabular os dados. Diante do exposto, quando estamos pensando em implantar um projeto, seja qual for, devemos pensar na opinião das pessoas que estão no entorno dele. Por exemplo, quando uma represa em um rio é pensada, há necessidade da presença de uma equipe multiprofissional nesse projeto, não somente de engenheiros e arquitetos, mas de geólogos, biólogos e inclusive sociólogos e antropólogos que terão a incumbência de trabalhar efetivamente a comunidade do entorno e entender as relações dessas pessoas com o ambiente em questão e quais as consequências de curto, médio e longo prazo para essa comunidade, pensando, ainda, em medidas de mitigação delas. 12 Para avaliarmos os dados que temos em um projeto, em qualquer fase de desenvolvimento em que este esteja, é necessário que tenhamos confiança nesses dados, para que possamos alinhar os próximos passos do projeto com a possibilidade de cada vez um menor número de erros estar presente. Quando a forma de coleta desses dados é imprecisa e não segue critérios, a qualidade dos dados é duvidosa, e isso pode comprometer todo o projeto. Sendo assim, toda a equipe envolvida deve ter consciência da importância de poder contar com dados confiáveis. As técnicas de coleta de dados devem ser utilizadas de forma adequada, os profissionais envolvidos devem ser éticos, e não “mascarar” os resultados obtidos, pensando em ganhar vantagens ou mesmo esconder a realidade em questão. Lembrar uma amostra muito reduzida e que não foi pensada de modo criterioso no processo de coletade dados pode não representar a verdadeira realidade e, quando são realizadas as médias dos dados obtidos, podemos incorrer em erros, pois podemos ter dados coletados que podem elevar a média drasticamente ou baixá-la, fato que pode levar a erros graves no processo de gerenciamento de riscos e a consequências incalculáveis quando falamos de riscos ambientais. Isso pode ser comprovado diariamente nos noticiários, os quais relatam graves acidentes como derramamento de óleo em corpos d’água, desmoronamento de encostas, explosões e muitos outros que comprometem a qualidade do ambiente e a qualidade de vida da população do entorno. Sendo assim, pensar na avaliação criteriosa dos dados que temos em nosso projeto é um passo essencial para o desenvolvimento e sucesso dele, com um menor número de riscos presentes e até a não efetivação de qualquer risco, protegendo assim os diversos setores envolvidos na atividade em questão. TEMA 5 – CLASSIFICAÇÃO DOS RISCOS DO PROJETO O processo de classificação de riscos de um projeto é uma importante etapa, a qual deve ser realizada de forma criteriosa permitindo, assim, o gerenciamento adequado dos riscos identificados e devidamente classificados. Os riscos identificados em um determinado projeto podem ser classificados, sendo normalmente denominados de conhecidos, previsíveis e imprevisíveis. Riscos classificados como conhecidos são listados quando se faz uma análise adequada do tipo de atividade a ser desenvolvida no projeto 13 em questão, como falta de orçamento, ausência de área apropriada para a implantação do projeto, dentre outros. Os riscos classificados como previsíveis são aqueles que podem ser diagnosticados a partir da observação da implantação e do desenvolvimento de outros projetos relacionados, por meio de comparação. E os riscos classificados como imprevisíveis são aqueles que possuem difícil processo de identificação; esse tipo de risco existe e, dependendo de sua intensidade, pode prejudicar gravemente um projeto. Tais riscos podem ser classificados em externos (relacionados a fatores exteriores que podem ou não sofrer um processo de gerenciamento de riscos) e internos (relacionados ao próprio projeto e podem ser geridos pelo coordenador do mesmo sem maiores dificuldades). Devemos também dar especial atenção para os recursos disponíveis e, ainda, para a qualidade técnica; o prazo curto para entrega não deve comprometer a qualidade do produto a ser entregue e muito menos aumentar os riscos do processo, sendo assim, o planejamento adequado e criterioso é a grande solução para não se incorrer em risco, inclusive primários, que poderiam ser facilmente evitados. Alguns tipos de riscos internos que podem estar presentes durante o processo de execução de um projeto: custos, prazos, aspectos gerenciais, perdas de potencial. Quando tratamos de riscos externos, estamos nos referindo aos riscos que não podem ser tratados pelos gestores dos projetos em questão; grande parte dos projetos apresenta partes terceirizadas e construídas de forma independente, ficando as definições desconhecidas na íntegra pelos envolvidos diretos. Esse tipo de risco pode ser influenciado pelo gestor do projeto, porém não muito intensamente, pois grande parte desse tipo de risco são variáveis independentes e de difícil controle por parte dos envolvidos. Tais riscos podem ser divididos em riscos externos previsíveis e riscos externos imprevisíveis. Como riscos externos previsíveis, podemos citar as variações nas taxas de juros e câmbio, questões socioeconômicas-culturais. Como riscos externos imprevisíveis, podemos citar mudanças nas leis e catástrofes ambientais, podendo tais riscos serem mitigados quando se trata de catástrofes ambientais, quando há conhecimento profundo do histórico ambiental do local de desenvolvimento do projeto, porém não há como ter uma previsão certa da ocorrência dos eventos. 14 Podemos observar que, por meio de um processo adequado de classificação de riscos, os gestores dos projetos junto com o corpo técnico envolvido poderão pensar, dentro do processo de gerenciamento de riscos, em medidas para mitigar os riscos presentes para qualquer tipo de atividade, inclusive aqueles que não são facilmente observáveis. Sendo assim, um projeto de qualidade requer gestores que estejam o tempo todo conectados às mudanças que ocorrem no mundo, já que hoje o processo de globalização tem nos mostrado a inexistência de fronteiras entre os países e que, se todos pensarem na redução e mitigação dos riscos, a qualidade de vida de todo o planeta poderá ser mantida com a conservação de recursos muitos dos quais são essenciais para a execução dos projetos. Vale salientar que todos os projetos devem ser idealizados por um corpo técnico devidamente capacitado e que as normas regulamentadoras e leis relacionadas aos aspectos pertinentes de cada projeto devem ser respeitados sob pena de punição e destituição deste. A qualidade de vida dos trabalhadores deve estar sempre como uma das principais prioridades e os trabalhadores envolvidos devem ter consciência dos riscos envolvidos em sua atividade laboral. FINALIZANDO Nesta aula pudemos entender a importância em realizar um criterioso plano de gerenciamento de riscos, com a adequada classificação dos riscos presentes em um projeto, pudemos compreender a necessidade de realizar a análise das probabilidades de ocorrência dos riscos e pensar nas formas mais efetivas de mitigação deles. Entendemos também como é essencial ter a certeza de que os dados com que estamos trabalhando são dados de qualidade e que podem ser utilizados como verdadeiros representantes da realidade na qual o projeto em questão está inserido. Com relação à situação-problema colocada no início desta aula, qual atitude você tomaria? Convocaria uma reunião para cancelar o trabalho de extração de minérios na área em questão, devido à singularidade de ser próxima a uma área de proteção ambiental? Convocaria uma reunião para melhorar o trabalho de prevenção de riscos ambientais, pois tem consciência dos inúmeros riscos e negligências 15 presentes no projeto ou não tomaria qualquer atitude, pois sabe que não teria como impedir a realização desse projeto? REFERÊNCIAS BLANK, V. L. G.; LAFLAMME, L.; DIDERICHSEN, F. The impact of major transformations of a production process on agerelated accident risks: a study of an iron-ore mine. Accid Anal Prev, n. 28, p. 627-36, 1996. BARSANO, P. R. Controle de riscos. São Paulo: Érica, 2014. 120p. GALANTE, F. B. E. Princípios de gestão de riscos. Curitiba: Appris, 2015. 155p. TOMÉ, R. O princípio da vedação de processo socioambiental no contexto da sociedade de risco. Salvador: Juspodivm, 2014. 247p. VEYRET, Y. O homem como agressor e vítima do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 2013. 320p.
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