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O intuito da unidade 3, caro(a) estudante, é trazer algumas reflexões básicas a respeito de um assunto que se relaciona a todos nós, sujeitos humanos: a comunicação. Trata-se de um assunto que deveria ser acessível a todos, mas – sabe-se que, por inúmeras questões, isso não é possível. Assim, para iniciar a discussão aqui proposta, seguem alguns questionamentos: você sabia que a língua vai muito além das regras gramaticais? Sabia que ela é um organismo vivo e interfere muito em nossa vida? A falta de conhecimento entre linguagem e poder, os problemas no processo de comunicação e o desconhecimento da língua como organismo vivo acarretam inúmeros problemas em nossas práticas, desde as mais banais até as mais sofisticadas. Partindo dessa premissa, vamos pensar, mesmo que rapidamente, acerca dos conceitos de língua e linguagem, nos elementos que compõem os atos comunicativos, nas funções da linguagem e nas diferenças básicas existentes entre o texto literário e o texto nãoliterário. L Í N G U A & L I N G U A G E M A língua é o meio de comunicação utilizado por todos os falantes de qualquer região do mundo. Muito mais do que isso, ela é, também, um objeto de poder. A Linguística – ciência que estuda as línguas – propõe inúmeras maneiras de se conceituar e compreender esse complexo tema. Exemplo de tipo de linguagem: Um conceito de cunho estruturalista vem de Ferdinand de Saussure (1970), considerado o pai da Linguística moderna. Para ele, a língua é um sistema de signos, isto é, um conjunto de unidades que relaciona um significante (imagem acústica) com um significado (conceito). A língua está na coletividade e se manifesta de duas formas: fala e escrita. Com base nessas duas manifestações é possível pensar na dimensão histórica da língua levando em consideração suas questões sociais. Fato é que a língua existe desde o começo do mundo, e quando nascemos já somos impostos a ela que, por sua vez, já está definida por seus usuários. De acordo com Saussure (1970, p. 34): Língua e escrita são dois sistemas distintos de signos; a única razão de ser do segundo é representar o primeiro; o objetivo linguístico não se define pela combinação da palavra escrita e da palavra falada; essa última, por si só, constitui tal objeto. Mas a palavra escrita se mistura tão intimamente com a palavra falada, da qual é a imagem, que acaba por usurpar-lhe o papel principal; terminamos por dar importância à representação do signo vocal do que ao próprio signo. É como se acreditássemos que, para conhecer uma pessoa, melhor fosse contemplar- lhe a fotografia do que o rosto. Saussure (1970, p. 24) complementa – afirmando que “a língua é um sistema de signos que exprimem ideias, e é comparável, por isso, à escrita, ao alfabeto dos surdos-mudos, aos ritos simbólicos, às formas de polidez, aos sinais militares etc., etc. ela é apenas o principal desses sistemas”. É importante que fique claro que o interesse de Saussure estava focado no sistema e na forma da língua e não nos aspectos de sua realização na fala ou nos textos. Em outras palavras, em seus estudos, ele não se preocupava em analisar o uso da língua, embora ele nunca tenha “fechado as portas” para esse tipo de análise. Para Saussure, a linguagem, ao contrário da língua, sofre alterações: modificam-se as palavras, novas expressões vão surgindo, o uso constante da língua permite comunicações distintas em diversas épocas e/ou situações. Para encerrarmos essa noção básica acerca da concepção estruturalista, entende-se que a linguagem advém da língua e não podemos confundir: a linguagem tem caráter individual e social e a língua possui caráter adquirido e convencional. Já uma concepção histórica, social e interativa põe em relevo a evolução da língua. Depois de muitos estudos e de revisões do pensamento saussureano, fica explícito que não é possível afirmar que a língua permanece a mesma, homogênea e intacta, depois de tantas evoluções históricas e sociais que ocorreram em todo o mundo desde os primórdios. Irandé Antunes (2009) – afirma que não é possível pensar em língua como objeto isolado, ao contrário: é preciso observar suas condições de uso. Assim sendo, essa concepção de língua pensa no fenômeno linguístico a partir de suas intenções sociocomunicativas, observando as interações existentes entre seus interlocutores, além dos efeitos de sentido, seus contextos de uso, deixando, dessa maneira, de ser um signo contido de significado e significante e um amontoado de regras normativas. A partir da quebra dessa visão estrutural, é possível entender toda a mobilidade da língua. Antunes (2009. p. 23) complementa: A língua é, assim, um grande ponto de encontro; de cada um de nós, com os nossos antepassados, com aqueles que, de qualquer forma, fizeram e fazem a nossa história. Nossa língua está embutida na trajetória de nossa memória coletiva. Daí o apego que sentimos à nossa língua, ao jeito de falar e nosso grupo. Esse apego é uma forma de selarmos nossa adesão a esse grupo. Na esteira dessas discussões, Marcos Bagno (2002) contribui para a presente discussão ao trazer, de modo clarificado, algumas definições da língua, conforme seguem: a) A língua apresenta uma organização interna sistemática que pode ser estudada cientificamente, mas ela não se reduz a um conjunto de regras de boa-formação que podem ser determinadas de uma vez por todas como se fosse possível fazer cálculos de previsão infalível. As línguas naturais são dificilmente formalizáveis; b) A língua tem aspectos estáveis e instáveis, ou seja, ela é um sistema variável, indeterminado e não fixo. Portanto, a língua a apresenta sistematicidade e variação a um só tempo; c) A língua se determina por valores imanentes e transcendentes de modo que não pode ser estudada de forma autônoma, mas deve-se recorrer ao entorno e à situação nos mais variados contextos de uso. A língua é, pois, situada; d) A língua constrói-se com símbolos convencionais, parcialmente motivados, não aleatórios, mas arbitrários. A língua não é um fenômeno natural nem pode ser reduzida à realidade neurofisiológica; e) A língua não pode ser tida como um simples instrumento de representação do mundo como se dele fosse um espelho, pois ela é constitutiva da realidade. É muito mais um guia do que um espelho da realidade; f) A língua é uma atividade de natureza sócio-cognitiva, histórica e situacionalmente desenvolvida para promover a interação humana; g) A língua se dá e se manifesta em textos orais e escritos ordenados e estabilizados em gêneros textuais para uso das situações concretas; h) A língua não é transparente, mas opaca, o que permite a variabilidade de interpretação nos textos e faz da compreensão um fenômeno especial na relação entre os seres humanos; i) Linguagem, cultura, sociedade e experiência interagem de maneira intensa e variada não se podendo postular uma visão universal para as línguas particulares. As reflexões de Bagno fortalecem a compreensão da versatilidade da língua e a impossibilidade de estudá-la isoladamente, uma vez que ela é ferramenta de comunicação e de interação social entre os sujeitos falantes. Antunes (2009) afirma que língua e linguagem caminham e evoluem juntas, portanto, “linguagem, língua e cultura são, reiteramos, realidades indissociáveis”. Nessa mesma perspectiva, Celestina Sitya (1995) afirma que a linguagem possui várias funções, no entanto, destaca a importância da interação social, da comunicação entre os sujeitos. Ela afirma que sendo a linguagem uma forma de ação, ela “adentra-se nos campos da persuasão e do convencimento, porque a linguagem como meio de interação social é dotada de intencionalidade: seu fundamento está, pois, na argumentação que procura persuadir e convencer” (SITYA, 1995, p. 12). Isto quer dizer que a função primordial da linguagem é a argumentação, pois quem enuncia algo sempre tem em vista persuadir seuinterlocutor. Ingedore Koch (1996, p. 17) propõe que a linguagem deve ser compreendida como forma de ação, isto é, “ação sobre o mundo dotada de intencionalidade, veiculadora de ideologia, caracterizando-se, portanto, pela argumentatividade”. Com base nessa afirmação, todas as relações, opiniões, interações que são construídas via linguagem são feitas não apenas para expressar algo, mas também para provocar alguma reação no outro. Dessa forma, fica explícito que tudo é intencional, mesmo que não tenhamos consciência disso. E L E M E N T O S D O A T O C O M U N I C A T I V O E F U N Ç Õ E S D A L I N G U A G E M Pensemos, a partir de agora, mais detalhadamente nas funções da linguagem. Para tal, acionaremos o modelo proposto por Roman Jakobson (2010), relido aqui por Mário Eduardo Martelotta (2008). Para Jakobson (2010), a linguagem possui várias funções, mas para que possamos apreendê-las, é preciso compreender os elementos que constituem o ato de comunicação. Observe o esquema a seguir: O esquema nos mostra que, para existir comunicação, é preciso que haja não apenas um remetente que envie uma mensagem qualquer para um destinatário. Para que haja sucesso nesse ato, é preciso observar, por exemplo, um contexto que seja compreensível para o destinatário. Martelotta (2008) afirma que a noção de contexto está relacionada ao conteúdo da mensagem, às informações que estão ligadas à nossa realidade biossocial e que aparecem na mensagem enviada. Isso quer dizer que não necessariamente as informações contextuais estejam todas explícitas na mensagem, podendo fazer referência às informações ditas anteriormente ou mesmo ao tipo de relação estabelecida entre os interlocutores. Amplificando essa discussão, a noção de contexto também envolve todas as informações referentes à produção da mensagem. Por exemplo, se ouvirmos a frase: “passei muitos exercícios na aula de hoje”, certamente ela possui sentidos diferentes se fosse dita por um professor de língua portuguesa ou por um professor de musculação. Resumidamente, para que o destinatário compreenda a mensagem, ele precisa entender o contexto em que ela está inserida, levando em consideração assuntos que não estão postos na mensagem. O código é o conjunto de sinais utilizados para construir a mensagem. Pode ser as línguas faladas ou escritas, a língua de sinais, as placas de trânsito etc. Nunca é demais reforçar que a comunicação só acontece efetivamente se o remetente e o destinatário conhecerem, mesmo que razoavelmente, o mesmo código. É muito difícil, por exemplo, imaginar a comunicação entre um japonês que não conheça o português e um brasileiro que não conheça o japonês. Eles terão que utilizar sinais, gestos etc. O canal é o meio pelo qual a mensagem é transmitida. Presencialmente, o ar permite a comunicação entre os falantes. A distância, o telefone, as mensagens de aplicativos, e-mails dentre outras tecnologias viabilizam a comunicação. Martelotta (2008, p. 33) nos lembra, ao analisar a noção de contexto, que “a comunicação é uma atividade essencialmente cooperativa. É fundamental, portanto, algum tipo de interesse comum que crie uma conexão psicológica entre os participantes, sem a qual a comunicação seria prejudicada”. Com base nesses elementos que constituem o ato comunicativo, Jakobson (2010) propôs seis funções da linguagem, cada uma delas focada em um desses elementos. Função referencialarrow_drop_down Função emotivaarrow_drop_down Função conativaarrow_drop_down Função fáticaarrow_drop_down Função metalinguísticaarrow_drop_down Função poéticaarrow_drop_down Ao formar uma frase, inicialmente o falante seleciona as palavras que melhor expressam suas ideias naquela situação de comunicação. Além disso, o falante combina, de acordo com as regras sintáticas de sua língua, as palavras selecionadas, de modo que elas constituam um enunciado que faça sentido para o interlocutor (MARTELOTA, 2008, p.88). No entanto, como se constrói essa ideia de projeção do eixo de seleção sobre o de combinação? Martelotta (2008) responde afirmando que é preciso levar em consideração que a combinação das palavras está na superfície da frase, tornando-se perceptível ao leitor/ouvinte. Já a seleção é um processo psicológico que, geralmente, não é superficialmente perceptível na estrutura da frase. Isso ocorre em textos caracterizados por rimas, jogos de palavras, aliterações. Observe o poema A onda, de Manuel Bandeira: zoom_in Realizando uma rápida análise, é fácil observar que o poema possui muitas repetições de vocábulos e de rimas. A escolha não foi por acaso: o intuito é criar o efeito estético, característica basilar do texto poético (literário). Por meio de paranomásias (palavras com significados diferentes, mas com grafia ou som similares), anáforas (repetição de palavras) e a disposição dos versos – que não estão colocados de maneira regular na folha –, o poeta sugere o movimento de uma onda. A musicalidade do poema confere repetição e uma espécie de embriaguez que, inclusive, pode confundir o leitor. A repetição de consoantes (n e d) e o abuso de vogais (a e o) criam o ritmo das águas e do vai e vem das ondas. Jakobson (2010) salienta que a função poética não está apenas em textos literários. De alguma maneira, ela também pode aparecer em ditados populares, por exemplo, no tão conhecido “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, em slogans e em propagandas. Além disso, o crítico deixa explícito de que embora ele tenha estabelecido essas seis funções da linguagem, isso não quer dizer que elas são estáticas, muito pelo contrário: uma mesma mensagem pode apresentar mais de uma dessas funções, ao passo que é preciso apenas verificar a hierarquia delas. https://conteudoava.unicesumar.edu.br/arquivos/material-digital/a3373974219dc6dfe0a18a621d224968fa55bee655b2542f258fc4f36028813257bfc2a51fb9f6852d82602f210827f02aea50745e7dd82ac8fd04adbd2ad8a8/unidade3.html#modalfig5 S Õ E S D A L E I T U R A L I T E R Á R I A L I N G U A G E M L I T E R Á R I A E L I N G U A G E M N Ã O L I T E R Á R I A Com base nas discussões acerca da função poética da linguagem, vamos refletir, rapidamente, acerca das diferenças entre as linguagens do texto literário e do texto não literário. Tzvetan Todorov (1978, p. 18) afirma que, assim como prevê a função poética, “a literatura é uma linguagem não instrumental e o seu valor reside nela própria”, ou seja, o acento está na própria mensagem. É importante frisar, mesmo que não seja um assunto que aqui será debatido, que o próprio conceito de literatura também sofreu alterações no decorrer dos séculos e que os vários teóricos e críticos que se debruçam nesse assunto possuem opiniões distintas. Os formalistas russos – grupo de estudiosos que, entre 1914 e 1917, fundaram o Círculo Linguístico de Moscou, com o intuito de desenvolver os estudos da língua e da literatura – preocupavam-se em compreender o que faz de determinada obra uma obra literária. Jakobson (1921 apud SCHNAIDERMAN, 1976, p. 9-10) afirma que “a poesia é linguagem em sua função estética. Deste modo, o objeto do estudo literário não é a literatura, mas a literariedade, isto é, aquilo que torna determinada obra uma obra literária”. Em outras palavras, de acordo com esses estudiosos, é preciso distinguir a natureza da linguagem poética (entenda-se aqui poética em um sentido mais amplo, envolvendo todos os textos de ordem literária) e a natureza da linguagem cotidiana, porque nela a função referencial não se reduz ao utilitarismo banal, nem ao automatismo, que é característica desta última. Dessa forma, o que há, na linguagem poética, é uma desautomatização da percepção existente no pragmatismo, que caracterizaa linguagem cotidiana. Para Viktor Chklovski (1976, p. 45): E eis que para devolver a sensação de vida, para sentir os objetos, para provar que pedra é pedra, existe o que se chama arte. O objetivo da arte é dar a sensação do objeto como visão e não como reconhecimento; o procedimento da arte é o procedimento da singularização dos objetos e o procedimento que consiste em obscurecer a forma, aumentar a dificuldade e a duração da percepção; a arte é um meio de experimentar o devir do objeto, o que é já “passado” não importa para a arte. Clarificando o que foi citado, é preciso que visualizemos, nas diferenças entre reconhecimento e visão, a oposição existente entre automatismo e percepção desautomatizada. Uma das características basilares da Arte é permitir ao destinatário uma percepção mais rica em informações acerca dos temas tratados. Essa visão é construída pelo artista por meio dos recursos de linguagem que se constituem verdadeiros procedimentos de singularização, cuja função é permitir “novas informações sobre temas e objetos que integram a experiência cotidiana, mas se encontram como que neutralizados pelo automatismo da percepção” (FRANCO JR, 2009, p. 117). Esse procedimento de singularização cria uma espécie de “crise” em nossos hábitos, que são regulados pela linguagem cotidiana, obrigando o espectador a rever seus conceitos, perspectivas e concepções de mundo. É por meio dessa singularização que a linguagem poética é definida. Com base nisso, pensemos: o que diferencia uma bula de remédio ou a receita de um bolo de cenoura do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis? Certamente você já possui uma resposta: no texto literário a função poética explicita a dimensão estética do texto, pois a linguagem sofre um processo de singularização e rompe com a banalidade da linguagem cotidiana. Em síntese, a linguagem literária se-compromete com a estética e, a partir daí, com elementos linguísticos que se abrem para múltiplos significados, subvertendo, inclusive, os limites do dicionário e das gramáticas, por meio do uso de figuras de linguagem, principalmente de metáforas. O texto literário louva a liberdade de criação de seu autor e o leitor pode interpretá-lo de maneiras distintas mediante suas vivências e conhecimento de mundo. E a linguagem não literária, comprometida com a clareza das ideias, com as informações ditas de maneira direta e objetiva, evita elementos que podem conferir mais de uma interpretação, uma vez que seu foco é transmitir uma mensagem transparente, cujo resultado esperado é o completo entendimento por parte do receptor. R E F E R Ê N C I A S ANTUNES, I. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. BAGNO, M. Língua materna: letramento, variação e ensino. São Paulo: Parábola Editorial, 2002. BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro/ São Paulo: Record, s/d. CHKLOVSKI, V. A arte como procedimento. In: EIKHENBAUM, B. et al. Teoria da literatura: formalistas russos. Porto Alegre: Globo, 1976. FRANCO J, A. Formalismo russo e New criticism. In: BONNICI, T; ZOLIN, L. O. Teoria literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas. Maringá: Eduem, 2009. JAKOBSON, R. Linguística e comunicação. Tradução de Izidoro Blikstein. 22 ed. São Paulo: Cultrix, 2010. KOCH, I. G. V. Argumentação e linguagem. São Paulo: Cortez, 1996. MARTELOTTA, M. Manual de linguística. São Paulo: Contexto, 2008. SAUSSURE, F. de. Curso de linguística geral. São Paulo: Cultrix, 1970. SCHNAIDERMAN, B. Prefácio. In: EIKHENBAUM, B. et al. Teoria da literatura: formalistas russos. Porto Alegre: Globo, 1976. SITYA, C. V. M. A linguística textual e a análise do discurso: uma abordagem interdisciplinar. Rio Grande do Sul: Ed. da URI, 1995. TODOROV, T. Os gêneros do discurso. Lisboa: Edições 70, 1978.
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