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direito processual civil plano de ensino semestral - Teoria geral dos recursos - Apelação - Agravo de Instrumento - Agravo Interno - Embargos de Declaração - Recurso Ordinário - Recurso Especial - Recurso Extraordinário - Agravo em recurso especial ou extraordinário - Embargos de Divergência - Substitutivos Recursais - Ações de competência originária de tribunais - Reclamação - Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) - Incidente de Assunção de Competência (IAC) - Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade - Ação Rescisória - Querela nullitatis insanabilis direito processual intertemporal ✓ A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito ou a coisa julgada. (Art. 5º, XXXVI, CF) ✓ A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob vigência da norma revogada. (Art. 14 do CPC) *exceto quanto às normas sancionatórias, que retroagem para beneficiar a parte. (Paulo Lucon) ✓ Relembrando as fases processuais: postulatória, saneamento, probatória, decisória e recursal. ✓ A ultratividade da norma processual está estabelecida no artigo 1.046, §1º do CPC. ✓ O prazo processual obedecerá a norma vigente na data da citação. ✓ A produção da prova obedecerá a norma vigente na época em que foram requeridas. ✓ O recurso, quanto aos requisitos formais, deve obedecer à lei que estava em vigor na data da publicação da decisão (exceto caso da demora interna). meios de impugnação do ato judicial 1) Do pronunciamento do juiz (art. 203, CPC): ➝ Sentença: É o pronunciamento por meio do qual o juiz põe fim à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução, com fundamento nos artigos 485 e 487 do CPC. ➝ Decisões Interlocutórias: “Decisões entre falas” (entre a fala inicial do autor e a fala final do juízo). Conteúdo decisório, mas encerra o processo e, portanto, não é sentença. Tem como finalidade dirimir as questões incidentarias ocorridas ao longo do processo e/ou realizar o julgamento parcial e antecipado do mérito no que cerne às questões incontroversas do processo (exemplo: art. 356). ➝ Despachos: Todos os demais pronunciamentos do juiz praticados no processo, de ofício ou a requerimento da parte. São, em tese, pronunciamentos irrecorríveis. Mas ATENÇÃO com os despachos de conteúdo decisório, conforme observação a seguir. OBS.: Dos despachos não cabem recurso (art. 1.001, CPC). No entanto, existem juízes que publicam “despachos” com conteúdo de decisório. Combate-se de acordo com a natureza do pronunciamento. 2) Das ações autônomas de impugnação: ✓ Ação rescisória (artigos 966/975 do CPC) ✓ Ação anulatória - querela nullitatis insanabilis (art. 966, §4º do CPC) ✓ Mandado de Segurança ✓ Embargos de Terceiro (artigos 674/975 do CPC) ✓ Reclamação (artigos 988/933 do CPC) 3) Dos Recursos: ✓ Súmula 7 do STJ: A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial. ✓ Súmula 279 do STF: Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário. ➝ Apelação: Em regra, caberá contra sentença de juiz de primeiro grau. Também caberá contra algumas decisões interlocutórias (mudança CPC 2015). ➝ Agravo de Instrumento: caberá contra decisões interlocutórias que não sejam apeláveis (art. 1.015 do CPC). O STJ permitiu outras hipóteses. ➝ Agravo Interno: recurso cabido contra decisões monocráticas proferidas pelo Tribunal. ➝ Embargos de Declaração: cabem contra qualquer pronunciamento decisório, visam corrigir um possível vício (omissão, obscuridade, contradição ou erro material). ➝ Recurso Ordinário: caberá contra ações cuja propositura cabe em Tribunais. Recurso que vai “ordinarizar” as instâncias superiores (O STJ vira segunda instância, já que a ação já foi proposta diretamente no Tribunal). ➝ Recurso Especial: quando a decisão violar direito ou questão infraconstitucional (STJ). ➝ Recurso Extraordinário: quando a decisão violar preceito da Constituição (STF). ➝ Agravo em Recurso Especial / Extraordinário: quando a vice- presidência do Tribunal negar cabimento de recurso especial ou extraordinário, é possível recorrer da decisão com um agravo, encaminhando a questão para o STF ou STJ, a depender do caso. ➝ Embargos de Divergência: só cabe contra decisões do STJ e do STF. Quando questões idênticas são julgadas de formas diferentes pelo STF ou STJ. Conceito: Recurso é o poder de provocar o reexame de uma decisão, pela mesma autoridade judiciária, ou por outra hierarquicamente superior, visando a obter sua reforma, anulação ou esclarecimento. Gera a ampliação da litispendência. 4) Dos sucedâneos recursais: ➝ Suspensão de Segurança (Leis nº 8.437/1992 e 12.016/2009) ➝ Pedido de reconsideração ➝ Correição Parcial ➝ Remessa Necessária (art. 496) ➝ Representação CNJ princípio do duplo grau de jurisdição Conceito: “Consiste em estabelecer a possibilidade de a sentença definitiva ser reapreciada por órgão de jurisdição, normalmente de hierarquia superior à daquele que a proferiu, o que se faz de ordinário pela interposição de recurso. Não é necessário que o segundo julgamento seja conferido a órgão diverso ou de categoria hierárquica superior à daquele que realizou o primeiro exame.” (Nelson Nery Jr.) Fundamentos: ➝ Princípio político do controle das ações judiciais: nenhuma decisão autoritativa estatal pode ficar imune de controle, seja ele interno ou externo. ➝ Natureza política: os membros do Poder Judiciário não são investidos pelo povo. Sendo assim, é preciso, que se exerça o controle (interno e externo) sobre a legalidade e a justiça das decisões judiciárias. Questões 1) É possível falar em duplo grau de jurisdição quando o recurso é julgado pela mesma instância que proferiu a decisão objeto do recurso? Segundo o professor João Braga, existem alguns recursos que de fato concretizam a ideia de movimentação do processo entre instâncias, configurando o duplo grau de jurisdição. No entanto, também existem recursos que não serão de duplo grau, mas sim de duplo exame jurisdicional. 2) Processos de juízo único ou instância única (exceções legítimas/STF) Art. 102, CF (competências do STF). Art. 34 da Lei 6.830/1980. Os advogados impetram Mandado de Segurança pela deficiência recursal, mas o STJ barrou. 3) Decisão per relationem É a decisão por referência. A problemática desse tipo de decisão é que, muitas vezes, o juízo acaba se valendo de documentos do processo, reproduzindo-os sem dar atenção as maiores peculiaridades do caso concreto, implicando em graves consequências ao contraditório. 4) Remessa Necessária Se diferencia dos recursos pois é imposta pela lei (ordem legal de devolução). Os recursos são dispositivos. Art. 496 CPC. princípio da voluntariedade Conceito: por esse princípio, o recurso é a ato/expressão de manifestação de vontade, é direito disponível, você só recorre se quiser. Pode haver desistência (se o réu já foi citado, precisará de sua anuência para a homologação de desistência). Se houver mais de um recorrente, o recurso poderá seguir apenas com os demais recorrentes em caso de desistência de um. OBS.: Pode haver negativa de desistência quando se tratar de REsp de repercussão geral. princípio da singularidade, correspondência ou da unicidade dos recursos Conceito: relação de correspondência entre decisão judicial e recurso. É LIMITADO PELO PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE. princípio da fungibilidade Conceito: salvo hipótese de má-fé ou erro grosseiro, a parte não será prejudicada pela interposição de recursopor outro, devendo os autos serem enviados à Câmara ou Turma a que competir julgamento. ➝ Fungibilidade típica: hipóteses previstas na lei (arts. 1.032 e 1.033; art. 1.024, §3º). ➝ Fungibilidade atípica: hipóteses não especificadas na lei. Nota de rodapé: há uma jurisprudência consolidada no STJ no sentido de que não se examina controvérsia constitucional em REsp. Discordância do professor João Braga: como dissociar o direito constitucional das normas infraconstitucionais? princípio da dialeticidade Conceito: o recurso precisa indicar onde está o(s) erro(s) da decisão, pois é uma peça de crítica ao pronunciamento judicial. Ademais, a fundamentação do recurso precisa estabelecer uma relação de pertinência temática com os fundamentos da decisão. Exceção: se o recurso trouxer questões de ordem pública (como por exemplo prescrição e decadência), não haverá a exigência da pertinência temática. princípio do contraditório Anotações gerais: o CPC/2015 ampliou o espaço de debates com relação ao princípio do contraditório (arts. 9º e 10). As quatro faces do contraditório são (direitos assegurados às partes): ➝ Informação plena: ciência dos atos processuais e da atuação do Estado/juiz. ➝ Oportunidade: de manifestação prévia ao pronunciamento judicial (direito de influir na decisão judicial) – contraditório prévio. ➝ Manifestação: ➝ Consideração: pelo juízo, dos argumentos apresentados pelas partes. O contraditório influente tem como principal objetivo evitar a “sentença de terceira via” ou “decisão surpresa”. princípio complementaridade Conceito: direito que o recorrente tem de complementar a fundamentação de um recurso anteriormente interposto, caso tenha havido alteração ou integração da decisão que originou sua insatisfação, em virtude de acolhimento de embargos de declaração. OBS. (Nelson Nery Jr.): paridade de armas (art. 7º, CPC). princípio da proibição da reformatio in pejus Conceito: o Tribunal fica proibido de alterar a decisão no sentido de agravar/piorar a situação do recorrente. Exceções: - Equívoco/Omissão do juiz (ex.: não se manifestou quanto aos juros legais, correção monetária ou verba de sucumbência). - Multa por litigância de má-fé. - Extinção do processo sem resolução do mérito (art. 485, §3º do CPC). princípio da colegialidade e do agravo interno Conceito: as decisões monocráticas dos relatores dos Tribunais poderão ser enfrentadas por meio de agravo interno. “os recursos têm um juízo natural”: o órgão colegiado. ➝ eventuais ideologias e crenças pessoais não influenciem na decisão. OBS.: art. 932, III e IV ➝ o disposto não concede ao relator amplos poderes para julgar monocraticamente, mas apenas quando houver jurisprudência na forma do art. 932. Se o relator resolver julgar caso inédito ou alguma causa que ainda não foi definida, usurpará a competência do órgão colegiado e sua decisão será anulada. O relator deverá indicar o precedente exato que está utilizando para basear sua decisão, caso contrário, caberá embargos por omissão. Autos enviados ao gabinete do relator: ➝ Aplicará o disposto no art. 932. Contra essa decisão monocrática, caberá o agravo interno (ou embargos, que cabem contra qualquer decisão) – possibilidade 1. ➝ Elaborar relatório e voto, a fim de levá-los à julgamento – possibilidade 2. POSSIBILIDADE 1: ➝ SE RETRATAR: Proferindo uma nova decisão monocrática (agora favorável ao agravante). ➝ MANTER A MONOCRÁTICA AGRAVADA: Elaborará relatório e voto e os submeterá ao órgão colegiado. POSSIBILIDADE 2: Reflexão: agravo interno é prejudicial para a parte por não ter sustentação oral? STJ nega. APELAÇÃO DECISÃO MONOCRÁTICA AGRAVO INTERNO CONTRARRAZÕES RETORNO DOS AUTOS P/ RELATOR, QUE PODERÁ: APELAÇÃO RELATÓRIO E VOTO ÓRGÃO COLEGIADO SUSTENTAÇÃO ORAL Os efeitos dos recursos o Lista Geral ➝ Obstativo ➝ Nulificador ➝ De esclarecimento ou de integração ➝ Devolutivo ➝ Suspensivo ➝ Translativo ➝ Extensivo ou expansivo ➝ Regressivo ou de retratação efeito obstativo Conceito: a interposição de recurso obsta a preclusão temporal e o trânsito em julgado da decisão. Sendo assim, não há de se falar em preclusão temporal enquanto não houver o processamento definitivo do recurso, exceto quando tratar de coisa julgada ou trânsito em julgado. 1. Coisa Julgada a) Coisa julgada Parcial OBS.: Questões de Ordem Pública não podem ser tratadas pelo Tribunal se não houverem sido impugnadas (manto protetor). b) Coisa Julgada Formal Exemplo: prescrição e pagamento. efeito suspensivo 1. Apelação (art. 1.012): Pode ser ope legis ou ope iudicis. O juiz terá algumas cautelas na fase de execução para não prejudicar os eventuais efeitos do recurso de apelação interposto. Exceções: §1º. 2. Agravo de Instrumento (art. 1.019, I): O efeito suspensivo é condicionado aos casos de comprovada necessidade (fumus boni iuris e/ou periculum in mora), sendo a decisão proferida pelo relator no prazo de cinco dias. 3. Agravo Interno: Não há previsão específica na lei, mas o entendimento majoritário é de que o AI só terá efeito suspensivo se o recurso anterior o tiver. 4. Embargos Declaratórios (art. 1.026, §1º): Via de regra, os embargos não possuem efeito suspensivo, exceto se demonstrada probabilidade de provimento do recurso ou risco de dano grave ou de difícil reparação. 5. Recurso Ordinário (art. 1.027): Segue os mesmos critérios da apelação. 6. RE/REsp. (art. 1.029): Não possuem o efeito suspensivo automático, mas pode ser requerido. Sentença (2 pedidos autônomos) ➝ Julgamento ➝ Apelação Parcial ➝ Coisa Julgada Parcial sobre o capítulo não impugnado. Petição (2 pedidos interligados) ➝ Sentença ➝ Julgamento ➝ Apelação Parcial ➝ Se o Tribunal acolher, interferirá nos dois pedidos. efeito substitutivo É um efeito relacionado ao julgamento, e não à interposição dos recursos. Exemplo: acórdão que substitui o efeito da sentença (decisão de mérito diversa). OBS.: É possível falar em substituição parcial. Art. 1.008, CPC. Obs.²: Quando se recorre parcialmente, tem-se momentos de trânsito em julgado diferentes. O capítulo não impugnado será transitado em julgado na data da interposição do recurso, já o capítulo impugnado só será transitado em julgado quando o acórdão do tribunal transitar em julgado. Questionamento: Se o tribunal julgou o mérito, mas manteve a sentença, houve efeito substitutivo? Sim. efeito nulificador O efeito nulificador ocorre quando o recurso aponta algum vício na decisão ou no processo que a antecedeu. Exemplo: sentença extra petita. OBS.: Art. 1.013, §3º, II, CPC. efeito de esclarecimento ou integração É o efeito natural presente no julgamento dos Embargos Declaratórios. Integração: quando a decisão for omissa. Esclarecimento: quando a decisão for obscura ou contraditória. Efeitos Modificativos Típicos (Infringentes): Petição Inicial – Contestação (prescrição e pagamento) – Sentença omissa quanto à tese de prescrição e não acolhe a tese de pgto., condenando o réu – Embargos – Juiz reconhece a omissão e acolhe a tese de prescrição. A sentença condenatória sofre efeitos infringentes. efeito regressivo ou de retratação Conceito: É o efeito que permite ao juiz o direito de rever uma decisão que foi prolatada por ele. APELAÇÃO Caso 1 (art. 331, §1º): Petição Inicial – Sentença de Indeferimento (arts. 330 e 331, CPC) – Intimação – Apelação – os autos serão enviados ao próprio juízo prolator da sentença, a fim de que ele se retrate ou mantenha os termos da sentença. → Se houver retratação, o juiz mandará citar o réu para que ocorra a audiência de mediação/conciliação ou prazo para contestação.→ Se houver sustentação, o juízo mandará citar o réu para responder o recurso. Caso 2 (art. 332, §3º) Caso 3 (art. 485, §7ª) OBS.: A APELAÇÃO SÓ PODERÁ TER EFEITO REGRESSIVO NOS 3 CASOS CITADOS ACIMA. Sentença que não se enquadre nos arts. 331, 332 e 485 do CPC – Apelação – Contrarrazões – Remessa dos autos para o Tribunal. Se o juízo de primeiro grau vier a interceptar o processamento da apelação (exceto nos casos permitidos), caberá Reclamação ao Tribunal cuja competência foi usurpada. AGRAVO DE INSTRUMENTO: Art. 1.018, §1º AGRAVO INTERNO: Art. 1.021, §2º EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: Petição Inicial – Sentença (omissa) – Interposição de ED – Nova sentença (“rejeita” os embargos) – ED? NÃO – Apelação renovando a tese de omissão, obscuridade etc. REsp E RE: Inadmissibilidade do recurso – Agravo em REsp ou RE efeito extensivo ou expansivo Conceito: é o efeito por força do qual o resultado do provimento de um recurso é estendido em benefício dos demais corréus que não recorreram, desde que a decisão esteja lastreada em motivo que não seja de caráter exclusivamente pessoal. (Saulo Castrillon) efeito devolutivo Conceito: submeter novamente ao judiciário o exame de determinada causa. Art. 1.013, §§1º e 2º CPC Plano horizontal (extensão): delimitação dos pedidos que serão submetidos – conteúdo. Plano vertical (profundidade): identificar quais os fundamentos relativos a esses pedidos. efeito translativo Conceito: é a capacidade que o Tribunal tem de analisar matérias que não foram objeto de recurso, mas que se trata de questão de ordem pública processual. Petição inicial – Sentença condenatória – Apelação* – Contrarrazões – Tribunal – O Tribunal percebe que o juízo de primeiro grau era absolutamente incompetente (questão de ordem pública processual). *o réu havia pedido apenas pelo afastamento da condenação.
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