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Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Natali Valim Pamela Barbieri – T23 – FMBM 1 1- Colelitíase 2- Colecistite (Colecistite cautelosa aguda, Colecistite acalculosa aguda, Colecistite crônica) 3- Carcinoma da Vesícula Biliar 4- Coledocolitíase 5- Colangite Aguda 6- Colangite esclerosante 7- Colangiocarcinoma ➢ Colelitíase Presença de cálculos na vesícula biliar. Alta prevalência em países ocidentais (10 a 20 % dos adultos) EUA: 7,9% em homens, 16,6% em mulheres, 1 milhão de casos novos/ano • Dois tipos: Cálculos de colesterol (>80%) Cálculos pigmentados (sais de bilirrubinato de cálcio) • Patogenia: Eliminação do excesso de colesterol do corpo é na formação biliar (como colesterol livre ou como sais biliares). O colesterol torna-se hidrossolúvel quando sofre agregação com sais biliares e lecitinas que são excretados pela via biliar. ▪ Supersaturação de colesterol (excesso de colesterol excede a capacidade de solubilização da bile) → cristalização → formação de cálculos de colesterol no interior da vesícula. ▪ Hipomotilidade da vesícula biliar (estase) reforça a formação dos cálculos em seu interior. ▪ ↑ da concentração bilirrubina não conjugada → precipitado de sais de bilirrubinato de cálcio insolúveis se cristalizam e formam cálculos pigmentados. • Fatores de risco: → Cálculos de colesterol: Idade avançada; Hormônios sexuais femininos (gênero feminino, gravidez, contraceptivos orais); Obesidade e resistência insulina Rápida redução de peso; Estase da vesícula biliar; Distúrbios endógenos do metabolismo dos ácidos biliares; Síndromes de dislipidemia (ex: hipercolesterolemia familiar). → Cálculos Pigmentados: Hemólise crônica (anemia falciforme, esferocitose hereditária). Infecção biliar. Distúrbios gastrointestinais: doença ideal (doença de Crohn), ressecção ou desvio ideal, fibrose cística com insuficiência pancreática, que pode aumentar a concentração de bilirrubina não conjugada. • Morfologia: → Cálculos de colesterol: Origem exclusiva na vesícula biliar. Composição: 50 a 100% de colesterol. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Natali Valim Pamela Barbieri – T23 – FMBM 2 Colesterol puro: cor amarelada clara. Colesterol + bilirrubina, fosfato e carbonato de Ca: cor branca-acinzentada a preta. Podem ser isolados ou múltiplos. → Cálculos Pigmentados: Origem em qualquer lugar da árvore biliar. Composição: sais de cálcio de bilirrubina não conjugada (maior parte), outros sais de Ca, glicoproteína de mucina e colesterol. Coloração preta/acastanhada. • Quadro clínico: Frequentemente assintomático (70 a 80%). Cólica biliar → dor súbita, intensa, contínua ou espasmódica, localizada no epigástrio ou QSD com irradiação para escápula direita. Causada pela obstrução do ducto cístico ou ducto biliar comum. Comumente após refeição; pode haver náuseas, vômitos associados. Febre: sinal de complicação (colecistite). • Diagnóstico: Ultrassonografia. Radiografia: apenas cálculos radiopacos (10-15% dos cálculos de colesterol, ~50% dos pigmentados) • Tratamento: Crise álgica (impactação transitória) – analgésicos, antipasmódicos (buscopan). Colecistectomia, se: Presença de sintomas (frequentes ou graves o bastante para interferir na rotina do paciente); Presença de complicação prévia; Condição que predisponha a complicação (vesícula calcificada, cálculo >3cm); ➢ Colecistite Inflamação da vesícula biliar, associada em grande parte com presença de cálculos biliares. Nos EUA a colecistite é uma das indicações mais comuns para cirurgia abdominal. Colecistite: Aguda, Crônica ou Aguda sobreposta à Crônica. → Colecistite calculosa aguda • Patogenia: Geralmente decorrente de obstrução do ducto cístico por cálculo ↓ Inflamação mecânica: aumento da pressão intraluminal, levando a isquemia de mucosa Inflamação química: liberação de lisolecitina que é tóxica à mucosa (ação da fosfolipase na lecitina da bile) ↓ Posteriormente: Infecção bacteriana (E. coli, Klebsiella pneumoniae) Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Natali Valim Pamela Barbieri – T23 – FMBM 3 • Manifestação clínica: Dor biliar com piora progressiva, dor intensa em região abdominal superior, com duração maior de 6 horas, irradiação para ombro direito. Vômito, náuseas; Febre; Sinais de irritação peritoneal (descompressão brusca); *Clássico – Sinal de Murphy (dor a palpação a inspiração em hipocôndrio direito – parada da inspiração profunda resistência muscular); • Diagnóstico: Clínico + exame físico: Tríade clássica: dor aguda em QSD, febre e leucocitose. • Exame complementar: US: presença de cálculo em 90-95%, sinais de inflamação. • Tratamento: Jejum, analgesia. Antibioticoterapia. Colecistectomia (até 48-72h). → Colecistite acalculosa aguda: 5 a 12% dos casos de colecistite aguda: Ocorre em pacientes gravemente doentes: cirurgia de grande porte; trauma grave; queimaduras graves; sepse. Outros fatores contribuintes: desidratação, estase e lama biliar, comprometimento vascular e infecção bacteriana. → Colecistite crônica Pode ser sequela de episódios repetidos de colecistite aguda. Na maioria dos casos desenvolve-se sem antecedentes de surtos. Está associada a cálculos biliares, porém a obstrução das vias de saída de vesícula biliar não é necessária na colecistite crônica. Supersaturaçao da bile → predispõe a inflamação crônica. • Manifestações clínicas: Surtos recorrentes de dor constante no epigástrio ou no QSD. Náuseas, vômitos e intolerância a alimentos gordurosos são frequentes. Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Natali Valim Pamela Barbieri – T23 – FMBM 4 ➢ Carcinoma da vesícula biliar Neoplasia maligna mais comum do trato biliar extra-hepático. Ligeiramente mais comum em mulheres, na sétima década de vida. Maioria adenocarcinoma. • Fator de risco: Colelitíase (presente em 95%) dos casos. Colecistite crônica. Colangite esclerosante primária. Inflamação crônica → oncogênese • Manifestações Clínicas: Diagnóstico clínico pré-operatório é muito difícil (menos de 20% dos pacientes) Sintomas insidiosos, associados a colelitíase Dor abdominal Icterícia, Anorexia, Náuseas, Vômitos • Tratamento: Apenas 10% são diagnosticados em um estágio precoce, com proposta de cirurgia curativa. A maioria é diagnóstico tardio, sem tratamento efetivo. ➢ Coledocolitíase Obstrução do colédoco por cálculo biliar → geralmente cálculo proveniente da vesícula biliar. Pode ocorrer formação de cálculo no próprio colédoco, mesmo em paciente colecistectomizado (raro). • Quadro clínico: Síndrome colestática = icterícia + colúria + acolia fecal. Dor em QSD ou epigástrio; náusea, vômito. • Diagnóstico: ultrassonografia ou colangiorressonância. • Complicações: colangite aguda ou pancreatite aguda. ➢ Colangite aguda Complicação infecciosa de estase em via biliar. • Causas: coledocolitíase (28-70%) Constrição biliar benigna (5 – 28%) - congênita, pós-infecciosa, inflamatória, extrínseca Neoplasia (10 – 57%) Microbiologia: Cultura de bile positiva em >90% dos casos Bactérias de origem colônica: Escherichia coli (25 – 50%) Klebsiella spp. (15 – 20%) Enterobacter sp. (5 – 10%) Enterococcus sp. (10 – 20%) Anaeróbios (Bacteroides, Clostridioides) • Quadro clínico: Tríade de Charcot (50-75%): febre, dor abdominal (HD), icterícia. Pêntade de Reynolds: tríade de Charcot + hipotensão e alteração mental; leucocitose Patologias do Sistema Digestório Profª Dra. Natali Valim Pamela Barbieri – T23 – FMBM 5 • Diagnóstico: Imagem: Ultrassonografia, Tomografia, Colangiorressonância CPRE: Colangiopancreatografia retrógradaendoscópica → diagnóstico + terapêutico (remoção dos cálculos). Pacientes com tríade de Charcot e alteração de transaminases. • Critérios diagnósticos: 1- Evidência de inflamação sistêmica: - febre e/ou calafrios; - alteração laboratorial (leucocitose, aumento de PCR ou outras alterações inflamatórias). 2- Evidência de colestase (bilirrubina>2mg/dL ou alteração de transaminases/ canaliculares). 3- Imagem com dilatação de vias biliares ou da etiologia de base (cálculo, constrição). ➢ Colangite esclerosante primária Doença crônica progressiva de etiologia desconhecida. Inflamação, fibrose e constrição de ductos intra-hepáticos e/ou extra- hepáticos. Associação importante com doença inflamatória intestinal: 90% dos pacientes apresentam colite ulcerativa / 5% dos pacientes com colite ulcerativa têm colangite esclerosante primária. • Quadro clínico: 50%: assintomáticos no diagnóstico. Fadiga e prurido Prurido intratável: indicação de transplante Febre, calafrios, dor em QSD: episódios de colangite bacteriana. • Diagnóstico: Evidência de alterações características da via biliar: Colangiorressonância/ CPRE. **Exclusão de outras causas: - Anticorpo anti-mitocôndria para excluir colangite biliar primária CBP: doença autoimune com destruição dos ductos intralobulares, levando a destruição e desaparecimento dos ductos. Evolui com cirrose hepática. - Excluir causas infecciosas / neoplásicas / inflamatórias. • Tratamento: Sem tratamento que altere a história natural da doença. Dilatação endoscópica (CPRE) ou transplante hepático. Prognóstico: 15-20 anos de sobrevida sem transplante hepático. Recorrência pós-transplante em 1/3 dos pacientes ➢ Colangiocarcinoma Tumor maligno da via biliar (excluindo vesícula biliar e ampola de Vater). • Quadro clínico: Síndrome colestática (ductos extra-hepáticos) Dor abdominal, perda de peso, febre. Exame físico: Icterícia (90%), Hepatomegalia (25 – 40%), Massa em QSD (10%) • Diagnóstico: Marcadores tumorais: CA19-9, CEA, AFP Ultrassonografia endoscópica + biópsia, CPRE ou Colangiorressonância.
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