Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UFRJ Geografia Econômica – Rebeca Steiman 2013.2 Fichamento: HARVEY, D. A crise. O enigma do capital e as crises do capitalismo. São Paulo. Boitempo, 2011. Neste texto, o autor busca compreender o que ocorreu durante a crise de 2007/2008. Segundo Bruce (2012) “Harvey parte da premissa de que o capitalismo não resolve a problemática da crise porque não é capaz de superar suas contradições”. Outro ponto que fica bastante claro é o fato de que a crise se movimenta tanto temporalmente quanto espacialmente e ela se transfere entre os setores financeiros, estatais e da própria população. Essa crise de 2008 não começou especificamente neste ano. Em 1973 já tinha havido um crash no mercado imobiliário e também começaram os problemas nos bancos, governos municipais e no próprio Estado. Isso desencadeou o fechamento de vários bancos e companhias de empréstimos nas duas décadas seguintes. Afinal, as crises imobiliárias são geralmente mais demoradas porque são de alto risco de envolvimento e possuem um retorno muito demorado. Ainda na década de 70, como consequência desse crash, houve um período de grande repressão salarial e estagnação. Surgia-se portante a questão: De onde a demanda vai surgir? Porque é bem claro que são os salários que compram produtos. Então, como proposta para fazer com que o mercado girasse, há uma difusão maior dos cartões de crédito e consequentemente, um aumento das dívidas. Além disso, surge também uma flexibilização da produção, fazendo com que peças poderiam ser produzidas onde o custo de matéria-prima e mão-de-obra fosse mais barato, e no fim ser montada nos próprios EUA. Além disse, as empresas começam a estimular uma padronização do consumo, o que pode-se dar como exemplo o “american way of life”. Isso tudo parece pôr em questão o fim do neoliberalismo de livre-mercado, que ficou conhecido justamente por ser o modelo de desenvolvimento capitalista. Porém Darvey diz que é necessário saber como entendemos “neoliberalismo”. Segundo ele “Minha opinião é que se refere a um projeto de classe que surgiu na crise dos anos 1970. Mascarada por muita retórica sobre liberdade individual, autonomia, responsabilidade pessoal e as virtudes da privatização, livre-mercado e livre comércio, legitimou políticas draconicas destinadas a restaurar e consolidar o poder da classe capitalista” (p.16). Já na década de 80, o Estado teve de proteger as instituições financeiras, seguindo a ideia de “privatizar os lucros e socializar o risco; salvar os bancos e colocar o sacrifício nas pessoas” (p. 16). Em 1995, o então atual presidente dos EUA, Bill Clinton criou o projeto “Habitação Nacional” que baixaria os juros e aumentariam os créditos e então as empresas viram nisso uma ótima forma de ganhar dinheiro. Com tudo isso, torna-se claro de que o capital precisa sempre de um local para se colocar, seguindo uma demanda. E quando esta não existe, pode ser criada, como com “exportação do capital e o cultivo de novos mercados ao redor do mundo” (p. 24). Uma dessas saídas foi o empréstimo de dinheiro para países subdesenvolvidos em 80. Para que esses sistema pudesse continuar, era necessário a criação de um globalmente interligado. Com toda a questão da privatização, um esforço excepicional do governo ao tentar salvar os bancos, começa a surgir uma revolta política populista. Os EUA que garantiu um poder hegemônico durante a Guerra Fria viu esse poder ameaçado com a queda do setor financeiro em 2007/2008 e a incapacidade de criar um plano para se recuperar. O mundo passou a ser multipolar, menos centralizado e com isso há um cresccnte aumento da atuação de organizações terrorista e ONGs. Esse seria o atual momento global. Para Arrighi, há períodos de financeirização que precedem mudanças de hegemonia, porque para acomodar o acúmulo interminável, ela se deslocal durante o tempo para entidades políticas menores. Segundo Harvey, há espaços específicos para atividades determinados por fatores locais e além disso há a construção de uma arquitetura financeira que permite que uma falha em Londres seja logo sentida em Nova Iorque. Portanto, pasíses que não estavam ligados à arquitetura ficaram mais protegisdos. Os países mais pobres, diretamente ligados, sofreram com desnutrição e mortes, desmentido o fato de que populações marginalizadas não são atingidas pela crise. Esta se propagou em “cascata”, passeando por um jogo de escalas, indo do local para o local. Com isto, movimentos populares como greves na França, protestos na China, revoltas rurais na Índia, movimentos estudantis na Grécia e movimentação dos sem teto nos EUA se tornaram frequentes. Portanto, o modelo anglo-estadunidense estava desacreditado. Darvey levanta o questionamento de qual seria o motivo pela qual o capitalismo gera sempre, periodicamente, essas crises e faz então uma crise dizendo que é necessário que se aprofunde esta questão, não utilizando somente teorias e ortodoxias que não conseguiram prever a crise e que não estão nada longe de desaparecer dos atuais debates. Referências BRUCE, Mariana. . Resenha da palestra de David Harvey: Os Enigmas do Capital e as Crises do Capitalismo (Boitempo, 2011). Núcleo de Estudos Contemporâneos. Universidade Federal Fluminense. 2012. Disponível em: <http://www.historia.uff.br/nec/materia/artigos/resenha-da-palestra-de-david-harvey-os-enigmas-do-capital-e-crises-do-capitalismo-bo>
Compartilhar