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Módulos - Títulos de Crédito

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Títulos de Crédito 
 
I – INTRODUÇÃO 
 
Os títulos de crédito devem ser analisados dentro de um contexto de evolução dos meios 
de troca, de negociação e pagamento. Qual a função que passam a exercer junto ao 
mercado. 
 
Muito antigamente, as transações comerciais se realizavam por meio de escambo (troca 
direta de uma mercadoria por outra). Como certas mercadorias eram mais demandadas 
que outras, passaram a ser utilizadas como meio de troca indireta – eram facilmente 
trocadas (aconteceu com o sal – que pode ser considerada a primeira “moeda”). 
 
Com o crescimento da complexidade do mercado, mesmo o dinheiro, já controlado e 
monetarizado pelo Estado, não consegue atender as demandas. Surgem novos 
instrumentos facilitar essas trocas, são os títulos de crédito. 
 
“Os títulos de crédito são, em síntese, instrumentos de circulação de riqueza, e a sua 
principal função é justamente permitir que essa circulação de riqueza se dê de forma 
rápida e segura, o que, por sua vez, só se tornou possível porque durante anos se 
desenvolveu todo um conjunto de regras e princípios aplicáveis a eles: o regime jurídico 
cambial (Direito Cambiário).” Prof. André Luiz Santa Cruz Ramos 
 
II – NOÇÕES GERAIS 
 
Os títulos de crédito são documentos representativos da obrigação de pagar uma 
determinada quantia em dinheiro, dotados de dois atributos, a executividade e a 
negociabilidade. 
 
Executividade (art. 784, I, do CPC), “título executivo extrajudicial” agiliza a cobrança do 
débito, mediante a supressão da fase de conhecimento do processo judicial. Nada obsta a 
ação de cobrança (CPC anterior impedia a análise do mérito). 
 
A negociabilidade é a possibilidade de se transmitir o seu domínio com facilidade, 
aproximando-o do dinheiro. Não obstante, distancia-se do pagamento à vista, em espécie, 
ao permitir a concretização do elemento temporal do crédito, consistente na troca de um 
bem presente por um bem futuro. 
 
Os títulos de crédito propriamente ditos não se prestam para representar uma 
obrigação de fazer, não fazer ou outro tipo de obrigação de dar (cuidado que existem 
os títulos de crédito impróprios – warrant representa a posse e propriedade de mercadorias 
depositadas em armazéns gerais. 
 
III – REGIME LEGAL 
 
A Lei Uniforme de Genebra (LUG) é a Lei Geral sobre títulos de crédito no Brasil e, 
apesar de regular especificamente as notas promissórias e letras de câmbio tem regras 
sobre aval, endosso, pagamento, aceite, vencimento, e etc., que se aplicam 
subsidiariamente aos títulos de crédito em geral. 
 
O Código Civil de 2002 tratou sobre títulos de crédito (artigos 887 a 926), apresentando 
regras que vão de encontro às regras da LUG, havendo graves divergências entre elas. 
 
As normas do Código Civil, no entanto, são aplicáveis apenas subsidiariamente para 
suprir as raras lacunas da legislação especial (art. 903 CC). 
 
O Código Civil funciona, pois, na parte relativa aos títulos de crédito, como um 
regramento geral para os chamados títulos atípicos/inominados, isto é, que não possuem 
lei específica. Seria o caso, por exemplo de lei criar um novo título de crédito, mas sem 
discipliná-lo, o Código Civil será sua fonte normativa reguladora. 
 
A letra de câmbio e a nota promissória são regidas pela Lei Uniforme de Genebra e 
Decreto 2.044/1908. O cheque é disciplinado pela Lei nº 7.357/1985 e a duplicata pela 
Lei n° 5.474/68. 
 
Enunciado 464 das Jornadas de Direito Civil: “As disposições relativas aos títulos de 
crédito do Código Civil aplicam-se àqueles regulados por leis especiais no caso de 
omissão ou lacuna”. 
 
Enunciado 39 da I Jornada de Direito Comercial: “Não se aplica a vedação do art. 897, 
parágrafo único, do Código Civil, aos títulos de crédito regulados por lei especial, nos 
termos do seu art. 903, sendo, portanto, admitido o aval parcial nos títulos de crédito 
regulados em lei especial”. 
 
 
IV – CONCEITO 
 
Seguindo os ensinamentos do jurista italiano Cesare Vivante, costuma-se conceituar título 
de crédito como o “documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele 
mencionado”. 
 
Art. 887 CC “O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e 
autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei”. 
 
O conceito de Vivante (parcialmente copiado pelo CC) nos remete aos três mais 
importantes princípios do regime jurídico cambial: cartularidade (necessário), literalidade 
(literal) e autonomia (autônomo). 
 
V- PRINCÍPIOS 
 
1. Cartularidade 
 
O exercício de qualquer direito representado no título pressupõe a sua posse legítima. 
 
O titular do crédito representado no título deve estar na posse da cártula. o título de crédito 
é documento, isto é, um papel escrito, dotado de conteúdo e identificação do signatário 
com valor probatório, que se torna, pois, imprescindível para a comprovação da própria 
existência do crédito e da sua consequente exigibilidade. 
 
Por força deste princípio, o direito de crédito mencionado na cártula não existe sem ela; 
não pode ser transmitido sem a sua tradição; e não pode ser exigido sem a sua 
apresentação. (Prof. André Luiz Santa Cruz Ramos) 
 
Exceções ao princípio da cartularidade: 
 
- O protesto por indicações da duplicata ou letra de câmbio; 
- Atenção que a nova realidade tecnológica permite a emissão, a circulação e o protesto 
de títulos eletrônicos, que são criados e mantidos exclusivamente em caracteres de 
computador. 
 
2. Literalidade 
 
Nas relações cambiais, somente os atos que são devidamente lançados no próprio título 
produzem efeitos jurídicos perante o seu legítimo portador. Os direitos e obrigações só 
são regidos pelo direito cambiário quando constarem expressamente no título de crédito. 
As obrigações inseridas em separado a ele, não o integram. Representa, portanto, a exata 
correspondência entre o teor do título e o direito que ele representa. 
 
3. Autonomia 
 
“O título de crédito configura documento constitutivo de direito novo, autônomo, 
originário e desvinculado da relação que lhe deu origem. Assim, as relações jurídicas 
representadas num título de crédito são autônomas e independentes entre si, razão 
pela qual o vício que atinge uma delas não contamina a(s) outra(s)” (Prof. André Luiz 
Santa Cruz Ramos) 
 
O legítimo portador do título pode exercer seu direito de crédito sem depender das demais 
relações que o antecederam, estando imune aos vícios ou defeitos que eventualmente as 
acometeram. É a própria posse legítima que caracteriza um direito próprio. 
 
A principal implicação do princípio em estudo é a garantir a efetiva circulabilidade do 
título, pois o vínculo jurídico de natureza cambial não se confunde com os demais 
vínculos jurídicos atinentes a obrigação originária, inclusive quanto a eventuais vícios. 
 
Do princípio da autonomia são extraídos outros dois subprincípios, o da abstração (direito 
material) e o da inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiro de boa-fé (direito 
processual). 
 
3.1. Princípio da abstração 
 
O princípio da abstração consagra a irrelevância da causa que deu origem ao título em 
relação ao terceiro de boa-fé para o qual este fora transferido. 
 
O princípio da abstração só é aplicado em relação ao terceiro, que de boa-fé adquiriu o 
título de crédito de um dos contratantes. Não é aplicado entre os contratantes, pois eles se 
obrigam pelo contrato. 
 
O princípio da abstração só ganha relevância no momento que o título de crédito é posto 
em circulação, valendo para as pessoas que não contrataram entre si. Isso se dá em razão 
de que quando posto em circulação, o título de crédito se desvincula da relação jurídica 
fundamental que lhe deu origem. 
 
 
Se uma nota promissória obtida mediante extorsão é endossado a um terceiro de boa-fé, 
este poderá cobrá-la validamente. No entanto, o contratante que fora vítima de extorsãoe o que emitiu a nota promissória pode se recusar, perante o outro contratante, a efetuar 
o pagamento do título de crédito, sob o argumento de nulidade da obrigação fundamental 
que originou a sua emissão. 
 
3.2. Princípio da inoponibilidade de exceções pessoais perante terceiros 
 
Por este princípio, eventuais exceções/defesas que o emitente do título tenha contra o 
primeiro sujeito na negociação, não é oponível ao terceiro que porta o título e tem 
expectativa legítima de recebimento do valor. Consiste na proibição de o devedor, no 
plano processual, alegar, em face do portador do título de crédito, as defesas pessoais que 
poderia sustentar contra os coobrigados anteriores. 
 
Este é o princípio mais importante, pois sem a autonomia do título de crédito haveria 
perda da segurança da transação e dificilmente as pessoas aceitariam negociar com títulos 
de crédito. 
 
art. 17 da LUG: “As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao 
portador exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os 
portadores anteriores, a menos que o portador ao adquirir a letra tenha procedido 
conscientemente em detrimento do devedor”. 
 
art.915 do CC: “O devedor além das exceções fundadas nas relações pessoais que tiver 
com o portador, só poderá opor a este as exceções relativas à forma do título e ao seu 
conteúdo literal, à falsidade da própria assinatura, a defeito de capacidade ou de 
representação no momento da subscrição, e à falta de requisito necessário ao exercício da 
ação”. 
 
O art.916 do CC: “As exceções, fundadas em relação do devedor com os portadores 
precedentes, somente poderão ser por ele opostas ao portador, se este, ao adquirir o título, 
tiver agido de má-fé”. 
 
 
O endossatário de boa-fé, recebe o título de crédito purificado, não tendo, pois, que se 
preocupar com os fatos modificativos ou extintivos atinentes aos direitos de seus 
antecessores. 
 
Na relação fundamental em que Caio compra um imóvel de Tício e emite de um cheque 
como parte de pagamento. Tício endossa o título de crédito à Mélvio. Ainda que o imóvel 
apresente defeito de habitabilidade (vício redibitório), referido fato não poderá ser 
alegado por Caio contra Mélvio, que adquiriu o título de boa-fé. 
 
Este princípio não é aplicável se quando o terceiro adquire o título de crédito de má-fé 
(não afeta os casos em que o adquirente toma conhecimento do fato posteriormente), ou 
seja, consciente do fato que poderia ser alegado em face do credor anterior. Não se exige, 
para a caracterização da má-fé, o conluio entre o terceiro adquirente e a pessoa que lhe 
transferiu a cártula, pois é suficiente para a torpeza a aquisição do título com 
conhecimento das defesas pessoais que o devedor poderia opor contra o credor anterior. 
 
 
Títulos de Crédito 
 
VI – CLASSIFICAÇÃO 
 
1. Quanto à estrutura 
 
1.1. Ordem de pagamento: estruturam-se três partes, a saber: a parte que dá a ordem 
(sacador – emite o título), a parte que deve cumprir a ordem (sacado – contra quem o 
título é emitido) e a parte que é a beneficiária da ordem (tomador – em favor de quem o 
título é emitido). (cheque, letra de câmbio e duplicata mercantil). 
 
O sacador manda o sacado pagar ao tomador, por isso que é uma ordem de pagamento. 
No momento do saque, o sacador não se manifesta anuindo que irá pagar. O que existe, 
neste momento, é uma ordem do sacador para alguém pagar. 
 
O sacado assume obrigação cambial por meio de um ato cambiário específico que é o 
ACEITE. (atenção que o cheque não comporta aceite, pois é sacado contra uma instituição 
financeira, que não participa diretamente da relação cambial). 
 
Nada obsta que uma única pessoa assuma simultaneamente o papel de duas partes. No 
caso da duplicata, por exemplo, geralmente o sacador e o tomador são a mesma pessoa. 
 
1.2. Promessa de pagamento: estruturam-se apenas duas partes: a parte que promete 
efetuar o pagamento (sacador ou emitente) e a parte que é a beneficiária dessa promessa 
(tomador, beneficiário). (nota promissória) 
 
2. Quanto à emissão 
 
2.1. Causal: só podem ser emitidos a partir da ocorrência de determinado fato previsto na 
lei, estando, pois, vinculados à sua origem. É o caso, por exemplo, da duplicata, que só 
pode ser emitida para documentar a realização de uma compra e venda mercantil 
(duplicata mercantil) ou um contrato de prestação de serviços (duplicata de serviços). Não 
pode ser emitida para outros fins. 
 
2.2. Não causal (abstrato): podem ser emitidos a partir da prática de qualquer ato lícito. 
Não está condicionada a nenhuma causa pré-estabelecida em lei. Cheque, nota 
promissória e letra de câmbio). 
 
Cuidado, pois a Lei das Duplicatas veda o saque de Letras de Câmbio em substituição às 
duplicatas. 
 
Não confundir o título abstrato (que podem ser emitidos em qualquer situação lícita) com 
o princípio da abstração (desvinculação do título da relação jurídica fundamental após 
colocados em circulação – aplicável a todos os títulos, inclusive os abstratos). 
 
3. Quanto ao modelo: essa classificação refere-se ao layout da cártula (todos os 
títulos de crédito possuem requisitos legais próprios, previstos em Lei). 
 
3.1. Livre: a lei não estabelece uma padronização obrigatória, ou seja, a sua emissão não 
se sujeita a uma forma específica pré-estabelecida. Pode adotar qualquer formato e ter os 
requisitos legais lançados sob qualquer tipo de papel. (letra de câmbio e nota promissória 
podem ser criados em qualquer folha de papel) 
 
3.2. Vinculado: se submete a uma rígida padronização, fixada pela legislação cambiária 
específica, só produzindo efeitos legais quando preenchidas as formalidades legais 
exigidas. Deve observar o formato normativo, lançando-se os requisitos legais somente 
no tipo de papel aceito pelo legislador. (cheque e duplicata) 
 
4. Quanto à circulação 
 
4.1. Portador: são aqueles que não identificam o nome do credor, circulando com a metra 
tradição (ato de entrega da cártula). Quem a detém presume-se ser o seu legítimo 
proprietário. 
 
4.2. Nominativo: identificam expressamente na cártula o nome do credor. Exigem uma 
transferência solene, por escrito, não bastando a mera tradição. 
 
4.2.1. A ordem (endossável, circulável): Nos títulos nominais à ordem, o formal de 
transferência do título é o endosso, típico do regime jurídico cambial. Os títulos de 
crédito, são títulos nominais à ordem por natureza. 
 
4.2.2. Não a ordem (não endossável, não circulável): nos títulos nominais não à ordem 
(outros documentos representativos de dívida, que não se enquadrem na definição de 
título de crédito), esse ato formal de transmissão é a cessão civil, que se submete ao 
regime jurídico civil. 
 
É possível a transformação de um título de crédito nominal à ordem em um título de 
crédito nominal não à ordem. Exemplo: O cheque. Uma vez riscada a expressão “ou à sua 
ordem”, haverá transformação, sendo possível a transferência do título apenas por cessão 
civil de crédito. Cuidado, pois não há vedação da transmissão do título, mas vedação da 
aplicação do regime cambiário em caso de cessão. 
 
5. Quanto à previsão em Lei 
 
5.1. Típicos (ou nominados): estão previstos em lei que lhe dá um nome e regula o seu 
conteúdo. 
 
5.2. Atípicos (ou inominados): não têm previsão legal, sendo criado pela necessidade das 
partes da relação jurídica fundamental. Há discussão sobre a possibilidade de classificar 
esses documentos representativos de obrigações como títulos de crédito. Alguns 
defendem que, na verdade, são documentos representativos de obrigações sem qualquer 
vinculação ao regime cambiário. Outros, sustentam a sua existência ante a expressa 
permissão prevista no Código Civil. 
 
6. Quanto à finalidade e o regime jurídico aplicado 
 
6.1. Próprios: são aqueles cujo escopo é representar uma obrigação pecuniária, 
submetendo-se ainda aos princípios dodireito cambial (cheque, NP, DM e LC). 
 
6.2. Impróprios: não documentam uma obrigação pecuniária ou então não se submetem 
totalmente ao regime jurídico do direito cambiário. Esses títulos estão sujeitos a regime 
jurídico próprio, similar ao cambial, mas não idêntico (cambiariforme). 
 
6.2.1 títulos de legitimação 
 
É um documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele 
mencionado atinente à fruição de uma prestação de serviços, acesso a prêmio ou ingresso 
em recinto. Exemplos: bilhetes de metrô, de loteria e de cinema. 
 
Aludidos títulos tem um regime jurídico similar ao direito cambiário, porquanto 
submetem-se aos princípios da cartularidade, literalidade e autonomia, mas, ao contrário 
dos títulos de crédito próprios, não são títulos executivos extrajudiciais. 
 
6.2.2. títulos representativos 
 
Documento necessário para o exercício de direito literal e autônomo nele mencionado, 
correspondente à demonstração da propriedade sobre determinada mercadoria custodiada 
por terceiro. 
 
É o caso do warrant e conhecimento de depósito, que são títulos emitidos pelos armazéns 
gerais (guardiões de mercadorias) e do conhecimento de frete (título emitido por empresas 
de transporte para documentar a mercadoria que está sendo transportada). 
 
Estes títulos seguem uma disciplina praticamente idêntica ao direito cambial, admitindo, 
inclusive, o endosso, sujeitando-se aos princípios da cartularidade, literalidade e 
autonomia, todavia, eles não representam uma obrigação pecuniária, divergindo, quanto 
à finalidade, dos títulos de crédito próprios. 
 
6.2.4. Títulos de financiamento 
 
O título de financiamento é o emitido pelo credor com a finalidade de documentar a 
existência do crédito e ainda servi-lo como direito real de garantia. (hipoteca cedular, 
cédula rural pignoratícia, cédula de crédito industrial, cédula de crédito comercial e 
cédula de crédito à exportação). 
 
6.2.5. Cédula de crédito 
 
A cédula de crédito é promessa de pagamento, com garantia real, cedularmente 
constituída, emitida pelo devedor em favor da instituição financeira que lhe concedeu 
financiamento. 
 
Denomina-se cédula pignoratícia se a garantia consistir em penhor; e cédula hipotecária, 
se a garantia for uma hipoteca. Se não houver garantia real, denomina-se nota de crédito. 
A cédula de crédito, para valer perante terceiro, precisa ser registrada no Cartório de 
Registro de Imóveis. 
 
 
 
Letra de Câmbio 
 
 
I - INTRODUÇÃO 
 
Apesar de não usual na prática, principalmente em razão da duplicata assumir a 
preferência dos empresários, a ponto de a legislação até proibir a emissão da letra de 
câmbio para representar a compra e venda mercantil e prestação de serviços (como já 
vimos), o seu estudo deste título de crédito é extremamente importante para fins didáticos, 
pois permite uma visão deveras ampla dos principais institutos do direito cambial. 
 
II - HISTÓRICO 
 
O Código Comercial de 1.850 disciplinava a letra de câmbio e a letra da terra. Esta última, 
na verdade, era uma espécie de letra de câmbio com a única diferença de que era passada 
e aceita na própria província. 
 
Com o advento do Decreto nº 2.044/1908, atualmente batizado de “velha lei interna”, 
regulando a letra de câmbio e a nota promissória, operou-se, nesse aspecto, a revogação 
do Código Comercial do Império. 
 
Em 19 de março de 1931 foi assinada a Convenção de Genebra, que contou com a adesão 
de diversos países, cujo objetivo era a unificação mundial da legislação atinente à letra de 
câmbio e nota promissória facilitando-se, destarte, o comércio internacional, isto é, os 
negócios entre os empresários de países diferentes. 
 
Em 26 de agosto de 1942, o Governo Brasileiro, aderiu à Convenção de Genebra. 
 
Em 1966, o Decreto nº 57.663 determinou o cumprimento da Lei Uniforme de Genebra. 
 
A LUG tem três partes: a) própria convenção; b) anexo I – nota promissória e letra de 
câmbio; c) reservas. O Brasil assinalou 13 (treze) reservas à Lei Uniforme, ou seja, quanto 
a essas matérias, continua em vigor o Decreto nº 2.044/1908. 
 
Vale lembrar o que já foi dito a respeito da aplicação subsidiária dos dispositivos do 
Código Civil de 2002, que tem rara aplicação prática, na medida em que os títulos de 
créditos são todos regidos por leis especiais (também já visto). 
 
III - CONCEITO 
 
A letra de câmbio é uma ordem de pagamento, à vista ou a prazo, que o sacador dirige ao 
sacado para que este pague o beneficiário. 
Lembrar o que falamos sobre a classificação dos títulos de crédito quanto a estrutura dos 
títulos de crédito que consistem em uma ordem de pagamento. (em regra são três pessoas 
– sacador, sacado e beneficiário) 
 
Destaque para a possibilidade do sacador se indicar como tomador (credor), de maneira 
que, inicialmente, apenas duas pessoas estarão vinculadas cambiariamente. 
 
O sacado só assume obrigações cambiárias através do aceite, como já visto. Por este ato, 
ele passa a ser o devedor principal do título. 
 
IV - REQUISITOS 
 
Os requisitos dos atos jurídicos estão previstos no artigo 104 do Código Civil: 
 
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer: 
I - agente capaz; 
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável; 
III - forma prescrita ou não defesa em lei. 
 
Destaque-se que a afronta a esses requisitos, no entanto, não tem o condão de anular a 
letra de câmbio enquanto título de crédito. Relembre-se que se aplica a ela o já estudado 
princípio da autonomia das obrigações cambiais, de maneira que a invalidade de qualquer 
uma delas não se espraia às demais. 
 
Não se pode, portanto, anular a letra de câmbio pelo fato de ter sido emitida por 
absolutamente incapaz; conter falsificação de alguma assinatura. 
 
O artigo 7º da LUG trata expressamente da hipótese: “Se a letra contém assinaturas de 
pessoas incapazes de se obrigarem por letras, assinaturas falsas, assinatura de pessoas 
fictícias, ou assinaturas que por qualquer outra razão não poderiam obrigar as pessoas que 
assinaram a letra, ou em nome das quais ela foi assinada, as obrigações dos outros 
signatários nem por isso deixam de ser válidas”. 
 
Igualmente quando a obrigação fundamental tiver objeto ilícito, como o tráfico de 
entorpecentes. Uma vez colocada em circulação, a nulidade da relação jurídica 
envolvendo as partes originárias somente entre elas são oponíveis, de tal maneira que os 
vícios não afetam os terceiros de boa-fé, no que toca as obrigações cambiais. 
 
Da legislação atinente à letra de câmbio, é possível extrair os requisitos essenciais e 
facultativos. 
 
REQUISITOS ESSENCIAIS 
 
São os requisitos de validade da letra de câmbio. Sua ausência implica em nulidade 
formal, desconfigurando-a como título de crédito. Em razão disso, afasta-se a aplicação 
do direito cambiário, inviabilizando o seu protesto, o ajuizamento da ação cambial, o 
endosso, o aval e de outros atos típicos. 
 
Esses requisitos essenciais da letra de câmbio são os seguintes (art. 1º do Decreto 
2044/08): 
 
a) A denominação “letra de câmbio” ou a denominação equivalente na língua em que 
for emitida. 
Não basta constar apenas no título, deve aparecer no próprio texto. 
 
b) A soma de dinheiro a pagar e a espécie de moeda. 
Art. 5º (Havendo diferença entre o valor lançado por algarismo e o que se achar por 
extenso no corpo da letra, este último será sempre considerado verdadeiro e a diferença 
não prejudicará a letra). 
No Brasil, a letra de câmbio deve ser paga em real, que é a moeda de curso forçado (DL 
857/69), sendo nulo, em regra, pagamento estipulado em ouro ou outra moeda estrangeira, 
salvo quando sacada por devedor ou credor que resida fora do Brasil ou quando o saque 
da letra decorrer de obrigação assumida no exterior (art. 2º). 
Quanto à cláusula de juros, o sacador só poderá estipular nas letras de câmbio à vista ou 
a certo termode vista, fluindo da data do título, se outra data não for indicada (art. 5º da 
LUG). Logo, para essa letra de câmbio não se aplica o art. 890 do CC, que reputa 
não escritas no título a cláusula de juros. 
Nas letras de câmbio em dia certo ou a certo termo da data, a estipulação de juros será 
considerada não escrita. 
A taxa de juros, diante da reserva prevista no art. 13 do anexo II, não é a prevista na Lei 
Uniforme e sim a devida em caso de mora no pagamento de tributos devidos à Fazenda 
Pública (art. 406 CC). 
Art. 406. Quando os juros moratórios não forem convencionados, ou o forem sem taxa 
estipulada, ou quando provierem de determinação da lei, serão fixados segundo a taxa 
que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos à Fazenda Nacional. 
Quanto à correção monetária, por ser mera atualização do débito, incide a partir do 
vencimento, nos termos da Lei nº 6.899/81. 
A expressão “dinheiro a pagar” confere à letra de câmbio o caráter de ordem de 
pagamento incondicional, isto é, pura e simples. Não admite como contraprestação uma 
obrigação de fazer, por exemplo. 
 
c) O nome da pessoa que deve pagá-la. 
De acordo com a Lei nº 6.268/75, ele deve ser identificado pelo número do CPF, RG, 
Título de Eleitor e Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS); 
A cláusula à ordem encontra-se implícita na letra de câmbio “o nome da pessoa”. Não 
obstante implícita essa cláusula à ordem, o art. 11 da Lei Uniforme admite a inserção 
expressa da cláusula “não à ordem”, inclusive no momento do saque, lançando mão desse 
artifício o sacador impede que a letra de câmbio se transmita pelo endosso. 
 
 
d) O nome da pessoa a quem deve ser paga. 
Vê-se assim que, no momento do saque, a letra de câmbio não pode ser ao portador. 
Conquanto o saque seja sempre nominativo, o endosso, isto é, a transferência do título, 
pode ser em branco, vale dizer, sem que haja necessidade de se identificar o endossatário. 
 
e) A assinatura do próprio punho do sacador ou do mandatário especial. 
A assinatura por rubrica mecânica só é possível no cheque e na duplicata, sendo vedada 
para a letra de câmbio e nota promissória. 
Referentemente ao analfabeto e a pessoa que não pode assinar, para sacar uma letra de 
câmbio terá que constituir procurador por instrumento público, conferindo-lhe poderes 
especiais, não se admitindo a assinatura a rogo e nem por meio de impressão digital. 
Justificam-se essas cautelas porque o sacador, quando o sacado não aceita a letra, torna-
se o devedor principal do título. 
 
f) data do saque. 
A letra quando é sacada é denominada de letra passada. Trata-se de uma terminologia às 
vezes usada pela Lei Uniforme. 
É pela data do saque que é possível aferir se o sacador era menor ou falido. 
 
REQUISITOS FACULTATIVOS 
Os requisitos facultativos ou supríveis são aqueles cuja ausência não desconfigura a letra 
de câmbio como título de crédito, pois a própria LUG se encarrega de supri-los: 
a) lugar do saque. 
Se não constar o lugar do saque: a LUG considera a letra de câmbio sacada no lugar 
mencionado ao lado do nome do sacador. Se este também não constar na cártula, o 
documento não será uma letra de câmbio; 
b) lugar do pagamento: Se não constar o lugar do pagamento, a LUG preceitua que o 
lugar do pagamento é aquele que consta ao lado do nome do sacado. Se este também não 
constar, o documento não será uma letra de câmbio. 
c) época do pagamento. Em faltando o tempo do pagamento, a LUG reputa a letra de 
câmbio à vista, pagável tão logo seja apresentada ao devedor. 
 
 
MOMENTO DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS 
 
O PREENCHIMENTO DA LETRA DE CÂMBIO 
 
Os requisitos da letra de câmbio e dos demais títulos de crédito podem ser preenchidos 
até o momento em que a cártula é apresentada para cobrança ou protesto, viabilizando-
se, destarte, a sua circulação em branco ou incompleta, estando, pois, o portador de boa-
fé legitimado a preenchê-la, ostentando a condição de mandatário tácito do sacador. 
 
É inadmissível a cobrança, a execução ou o protesto de título de crédito que não esteja 
devidamente preenchido. 
 
O art. 3º do Decreto nº 2.044/1908 preceitua que os requisitos da letra de câmbio são 
considerados lançados ao tempo da emissão da letra. A prova em contrário será admitida 
no caso de má-fé do portador. 
 
Do exposto presume-se que o preenchimento de boa-fé é válido, presumindo-se mandato 
ao portador. 
 
Sobre o assunto, dispõe a súmula 387 do STF: “A cambial emitida ou aceita com omissão 
ou em branco, pode ser completada pelo credor de boa-fé, antes da cobrança ou do 
protesto”. 
 
O art.891 do CC também reza que: “O título de crédito, incompleto ao tempo da emissão, 
deve ser preenchido de conformidade com os ajustes realizados”. 
 
Art. 8º da Lei Uniforme, todo aquele que opuser a sua assinatura numa letra, como 
representante de uma pessoa, sem que tenha poderes para tanto ou então extrapolando os 
seus poderes, fica obrigado pela aludida letra, mas, em contrapartida se pagá-la passa a 
ter os mesmos direitos que o pretendido representado teria. 
 
Esta permissão do saque por procurador com poderes especiais, no entanto, não chega ao 
ponto de se tolerar a chamada cláusula- mandato em que se autoriza o credor a emitir um 
título de crédito, geralmente uma nota promissória, em seu próprio benefício, que deve 
ser paga pelo devedor, que o legitima previamente a assim proceder, podendo este título 
ser usado inclusive para fins de protesto e execução. 
 
Ora, em não sendo estipulado, de antemão, o valor do título, a nulidade é flagrante, pois 
se trata de condição potestativa pura, cuja proibição consta no art. 122 do Código Civil. 
 
Aliás, a cláusula-mandato tornou-se prática usual das instituições financeiras com o 
agravante de que os contratos de mútuos bancários são regidos pelo Código de Defesa do 
Consumidor, cujo inciso VIII do art. 51 fulmina de nulidade absoluta a cláusula relativa 
a fornecimento de produtos e serviços que imponha representante para concluir ou 
realizar outro negócio jurídico pelo consumidor. 
 
Aliás, dispõe a súmula 60 do STJ: “É nula a obrigação cambial assumida por procurador 
do mutuário vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste”. 
 
É, no entanto, válida a cláusula-mandato, inserida num contrato, pela qual se autoriza um 
terceiro (procurador) a emitir o título, em nome do devedor (mandante), beneficiando 
determinado credor. 
 
 
ATOS CAMBIÁRIOS 
 
 
I - ACEITE 
 
1.1 Conceito: 
 
O aceite é o ato cambial facultativo (não é obrigado a aceitar), pelo qual o sacado de uma 
ordem de pagamento, à prazo (se for à vista, é apresentada para pagamento), concorda 
em se obrigar a efetuar o pagamento, no vencimento, do título que lhe é apresentado. 
 
Com este ato, o SACADO se torna ACEITANTE, passando a ser o obrigado principal da 
obrigação. Caso o sacado não aceite a letra, o SACADOR passa a ser o devedor principal. 
 
A letra de câmbio a prazo será apresentada ao sacado duas vezes. A primeira tem por 
finalidade a tomada do aceite; a segunda, para o pagamento. 
 
1.2. Forma 
 
Seguindo o princípio da cartularidade, o ato de aceite deve ser obrigatoriamente aposto 
na própria cártula. 
 
Caso seja aposto no anverso (frente) pode ser manifestado com a mera assinatura do 
sacado. Mas também pode ser aposto no verso do título, mas neste caso deve 
obrigatoriamente ser escrita a palavra “aceite ou outra equivalente (de acordo)”. 
 
Conforme será analisado adiante, a forma de manifestação é idêntica a do aval, razão pela 
qual deve ser tomado cuidado para não confundir os institutos, que possuem efeitos 
distintos. 
 
É ato exclusivo do sacado, podendo ser feito por procurador com poderes expressos e 
especiais. Neste último caso, deve ser empregada a expressão “aceito por mandato de 
fulano”. 
Ante a omissão da LUG, a pluralidade de sacados é resolvidapelo artigo 10 do Decreto 
2.044/08: “sendo dois ou mais os sacados, o portador deve apresentar a letra ao primeiro 
nomeado; na falta ou recusa do aceite, ao segundo, se estiver domiciliado na mesma 
praça, assim, sucessivamente, sem embargo da forma da indicação na letra dos nomes 
dos sacados” 
 
1.3. Aceite por intervenção: 
 
A única exceção a exclusividade do sacado para praticar o ato de aceite está no chamado 
“aceite por intervenção”, previsto no artigo 56 da LUG: “Art. 56. O aceite por intervenção 
pode realizar-se em todos os casos em que o portador de uma letra aceitável tem direito 
de ação antes do vencimento.” 
 
Essa autorização legal serve para as situações de falência, quando os direitos cambiários 
podem ser exigidos antes do vencimento. Com a prática deste ato, que deve indicar por 
honra de quem faz a intervenção, evita-se o vencimento antecipado da letra contra o 
aceitante interveniente e coobrigados posteriores. 
 
O portador pode recusar essa forma de aceite e exigir o pagamento antecipadamente. Se 
o aceitar, perde o direito de exigir o pagamento antes do vencimento. Neste particular, 
importante destacar que, caso a letra disponha expressamente sobre este aceite, o 
apresentante não poderá recusá-lo. 
 
Difere-se o aceite por intervenção, portanto, do aceite convencional. Este é ato exclusivo 
do sacado; enquanto aquele pode ser praticado por qualquer integrante da relação 
cambiária, inclusive o próprio sacado. No aceite convencional não nasce direito de 
regresso contra ninguém, já naquele dado por intervenção, o aceitante passa a ter direito 
de regresso contra o sacado. 
 
1.4. Local do aceite: 
 
A letra deve ser apresentada no local do domicílio do sacado (pretenso devedor). Lembrar 
o que estudamos sobre requisitos não essenciais (se não houver indicação do local do 
aceite pelo sacador, será assim considerado o que constar ao lado do nome do sacado). 
Letra domiciliada (indicação pelo sacador de local de pagamento diverso do domicílio do 
sacado) X aceite domiciliado (o sacado, ao aceitar, indica outro domicílio para o 
pagamento). 
 
1.5. Prazo de apresentação para aceite: 
 
a) letra de câmbio à vista: é a que se vence com a sua apresentação ao sacado, e, por isso, 
nessa letra, não há aceite, porque ela é apresentada ao sacado para pagamento. 
 
b) letra de câmbio a certo termo da vista: é a que se vence num determinado período cujo 
termo inicial é a data do aceite ou do protesto. Deve ser apresentada ao aceite dentro do 
prazo de um ano a contar do saque. 
 
c) letra de câmbio a certo termo de data: é aquela cujo prazo de vencimento opera-se num 
determinado período que é contado a partir da data do saque. 
 
d) letra de câmbio em data certa: é a pagável num dia fixado. Deve ser apresentada, até o 
vencimento, ao aceite do sacado (art. 21 da Lei Uniforme). 
 
Caso não apresente a letra para aceite, conforme as regras específicas de cada um dos 
tipos, o portador só perderá o direito de regresso contra o sacador, endossantes e avalistas 
depois de expirados o prazo para se fazer o protesto, mantendo-se, no entanto, o direito 
de cobrar o aceitante (art. 53 da Lei Uniforme). 
 
1.6. Recusa do aceite: 
 
A recusa de aceite gera o vencimento antecipado do título, autorizando-se, desde logo, 
cobrá-lo dos demais coobrigados (sacador, endossantes e avalistas), liberando-se o 
sacado. 
 
A recusa de aceite deve ser comprovada por um ato formal (protesto por falta de aceite), 
sob pena de o portador também perder os seus direitos de ação contra os endossantes, 
contra o sacador e contra os outros coobrigados (art. 53 da Lei Uniforme). 
 
1.7. Aceite parcial e aceite modificativo: 
 
Aceite parcial é aquele em que o sacado reduz, na letra, a quantia que concorda em pagar. 
Torna-se aceitante, no vencimento normal, até o limite do valor aceito. 
 
Este aceite limitativo pode ser compreendido como uma recusa parcial, cujos efeitos 
despertam discussões doutrinárias ainda não resolvidas. 
 
Lembre-se que a recusa do aceite enseja o vencimento antecipado do título. 
 
Neste condão, alguns sustentam que que o vencimento antecipado do título se restringe à 
parte não aceita, viabilizando-se, desde logo, somente no tocante a essa parte, o exercício 
do direito de regresso contra o sacador, endossantes e avalistas, sendo que a ação para 
cobrar do aceitante a parte aceita só pode ser proposta após o vencimento. 
 
Outros defendem o vencimento antecipado de todo o valor do título, facultando-se ao 
portador cobrar, de imediato o débito integral do sacador, endossantes e avalistas, mas se 
preferir pode limitar a cobrança antecipada em relação à parte não aceita, aguardando-se 
o vencimento para cobrar do aceitante a quantia por ele aceita. 
 
O art. 43 da Lei Uniforme prevê o vencimento antecipado quando houver recusa total ou 
parcial de aceite, conferindo-lhes o mesmo efeito. 
 
No aceite modificativo, o sacado apenas altera as condições do pagamento. 
 
Dispõe o art. 26 da Lei Uniforme: “O aceite é ato puro e simples, mas o sacado pode 
limitá-lo a uma parte da importância sacada. Qualquer outra modificação introduzida 
pelo aceite no enunciado da letra equivale a uma recusa de aceite. O aceitante fica, 
todavia, obrigado nos termos do seu aceite”. 
 
Impende destacar que o aceitante somente se vincula nos limites do seu aceite. Quanto 
aos demais coobrigados (sacador, endossantes e avalistas), o comportamento equivale à 
recusa do aceite em relação às cláusulas originais do título, provocando, por isso, o 
vencimento antecipado de todo o débito. 
1.8. Cláusula sem aceite 
 
É a cláusula pela qual o sacador proíbe, na própria letra, que esta seja apresentada ao 
sacado para aceite antes do vencimento, evitando-se, assim a possibilidade de vencimento 
antecipado do título pela recusa do aceite. 
 
Referida cláusula, por motivos óbvios, não pode ser inserida na letra de câmbio a certo 
termo de vista, que é aquela em que o termo inicial do vencimento é a data do aceite. 
 
O sacador pode também estipular que a apresentação ao aceite não poderá efetuar-se antes 
de determinada data. Esta medida é similar à cláusula sem aceite. 
 
1.9. Cancelamento do aceite 
 
Art. 29, da LUG: “Se o sacado, antes da restituição da letra, riscar o aceite que tiver dado, 
tal aceite é considerado como recusado”. 
 
Esta norma autoriza o cancelamento do aceite pelo sacado, desde que este o risque antes 
de devolver o título ao tomador (credor), pois, após a restituição da letra, já não é mais 
possível cancelá-lo. 
 
O cancelamento é uma espécie de recusa do aceite, e, por consequência, produz o 
vencimento antecipado do título (expedientes fraudulentos podem visar o vencimento 
extraordinário do título). 
 
1.10 – Prazo de respiro 
 
O prazo de respiro é o pedido pelo sacado para que a letra lhe seja apresentada uma 
segunda vez no dia seguinte ao da primeira apresentação. É o direito que o sacado tem de 
refletir, antes de aceitar. 
 
O prazo de respiro não equivale à recusa do aceite, mas sim a reflexão para decidir se 
aceita ou não. Apresentada a letra de câmbio no último dia do prazo, ela deve ser 
reapresentada no primeiro dia útil seguinte, se houver prazo de respiro, sob pena de o 
portador perder o direito de regresso contra os demais coobrigados 
ATOS CAMBIÁRIOS 
 
 
I - ENDOSSO 
 
1.1 Conceito: 
 
O endosso é o ato cambiário que, somado à tradição da cartula, gera a transmissão da 
propriedade de um título de crédito. Endossar significa transferir a propriedade do título. 
 
Na letra de câmbio, o endosso é sempre possível, salvo quando nela o sacador houver 
inscrito as palavras “não à ordem” ou expressão equivalente. Ou seja, a cláusula “à 
ordem” é tácita. 
 
Conforme já dito anteriormente, quando trabalhada as classificações dos títulos de 
crédito, a cláusula “não à ordem” não proíbe a transmissão do título,mas apenas 
transmuda a sua natureza jurídica, que deixa de ser cambiária e passa a ser de mera cessão 
civil de crédito. 
 
1.2. Partes no endosso 
 
O endossante (proprietário do título e credor) e o endossatário (para quem o crédito será 
transferido – novo credor) são as partes envolvidas no endosso. 
 
Só o proprietário do título de crédito desfruta de legitimidade para endossá-lo, porquanto 
ninguém pode transferir direitos que não possui. Aqui reside a principal diferença entre o 
endosso e o aval, ato cambiário que será estudada mais adiante, pois este último consiste 
em uma garantia dada por um terceiro até então estranho ao título. 
 
Conforme a estrutura da letra de câmbio, já estudada, não é difícil concluir que o primeiro 
endossante necessariamente será o tomador (credor em favor de quem o sacador emitiu a 
ordem de pagamento). Lembrando que o sacador pode emitir em seu próprio favor. 
 
Não há limite ao número de endosso. Este pode ser feito em favor de qualquer pessoa, do 
próprio sacado, do sacador (já tendo aceitado ou não), ou de qualquer outro coobrigado, 
sendo que estas pessoas poderão endossar novamente a letra. 
 
1.3 Efeitos 
 
O endosso produz dois efeitos, basicamente: (i) transferência da titularidade do crédito 
(art. 14 da LUG) e (ii) responsabilização do endossante, o qual se torna codevedor 
(devedor indireto) do título (art. 15 da LUG). 
 
“Art. 14. O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra.” 
 
“Art. 15. O endossante, salvo cláusula em contrário, é garante tanto da aceitação como 
do pagamento da letra”. 
Ou seja, o endossante responde tanto pela existência do título, como, solidariamente, pelo 
seu pagamento. 
 
Destaque-se aqui os casos em que há a chamada cláusula “sem garantia” aposta ao 
endosso. Nestes, o endossante fica isento de responsabilidade pelo pagamento do título, 
produzindo apenas o efeito de transferência. 
 
Atenção para o art. 914 do Código Civil prevê o contrário do que prevê o art. 15 da LUG 
“ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso, não responde o 
endossante pelo cumprimento da prestação constante do título”, mas essa regra do Código 
Civil, assim como a do aval parcial (art. 897, parágrafo único), só se aplica aos títulos 
atípicos/inominados. 
 
1.4. Forma do endosso: 
 
Ante o princípio da literalidade, o endosso deve ser lançado no próprio título. 
 
Em princípio, o endosso deve ser feito no verso do título, bastando para tanto a assinatura 
do endossante. Caso o endosso seja feito no anverso da cártula, deverá conter, além da 
assinatura do endossante, menção expressa de que se trata de endosso (art. 13 da LUG e 
art. 910, § 1º do Código Civil). 
 
“Art. 13 - O endosso deve ser escrito na letra ou numa folha ligada a esta (anexo). Deve 
ser assinado pelo endossante. O endosso pode não designar o beneficiário, ou consistir 
simplesmente na assinatura do endossante (endosso em branco). Neste último caso, o 
endosso para ser valido deve ser escrito no verso da letra ou na folha anexa”. 
 
Se não houver mais espaço, é possível colar no título uma folha de extensão, que é um 
anexo ou alongue que se acresce à letra de câmbio para se inserir obrigações cambiais 
que não caibam no título de crédito. 
 
1.5. Espécies de endosso: 
 
1.5.1. Quanto à forma de materialização: 
 
a) em preto ou nominativo ou pleno: é o que identifica o nome do endossatário, revelando-
se pela expressão “pague-se a fulano de tal”; 
Nesse caso, o título só poderá circular novamente por meio de um novo endosso, que 
poderá ser em branco ou em preto. O título continuará sendo nominal. Ou seja, uma nova 
circulação do título deverá ser endossada 
 
b) em branco: é o que não identifica o endossatário, revelando-se por simples assinatura 
do endossante no verso do título ou no anverso pela expressão “pague-se” ou outra 
equivalente. 
O título foi transformado em um título ao portador, qualquer pessoa que estiver na posse 
desse título será a portadora do crédito. Assim, a pessoa que o recebeu, se quiser repassar 
o título, não precisará fazer novo endosso. 
Além disso, como a transferência se dá pela simples tradição, o transmitente, por força 
do princípio da literalidade, não se vincula ao pagamento do título. 
Por força do art. 1º da Lei nº 8.021/90, no momento do pagamento, é obrigatória a 
identificação do beneficiado, inserindo-se o seu nome no espaço em branco em que se 
lançou o endosso. Essa prática já era possível, nos termos do art. 14 da Lei Uniforme, 
mas tornou-se obrigatória com a Lei nº 8.021/90, funcionando como um mecanismo de 
controle fiscal. Assim, antes do pagamento, o endosso em branco deve ser convertido em 
endosso em preto. 
 
1.5.2 Quanto ao alcance – endosso parcial e endosso condicional 
 
a) O endosso parcial é o que transfere apenas uma parcela do valor do título de crédito. 
 
O endosso parcial é nulo (art. 12 da LUG e art. 912, § ú, CC). Por consequência, não se 
opera a transferência da propriedade do título. 
 
b) O endosso condicional é o que está subordinado a uma condição. 
 
art. 12 da LUG e o art. 912, CC: 
“O endosso deve ser puro e simples. Qualquer condição a que ele seja subordinado 
considera-se como não-escrita”. 
“Art. 912. Considera-se não escrita no endosso qualquer condição a que o subordine o 
endossante.” 
 
Referido endosso é válido, gerando, pois, a transferência do título de crédito, mantendo-
se o ato puro e simples, reputando-se não-escrita a condição, distinguindo-se, com nitidez, 
do endosso parcial, pois este é fulminado com nulidade. 
 
Título de 100 mil reais é lançado o endosso de “pague-se cinquenta mil reais” - o ato nulo, 
mantendo-se o endossante como sendo o proprietário da cártula. Inserida uma cláusula 
“pague-se após entregue da mercadoria” - o ato seria válido, transferindo-se a propriedade 
do título, podendo se exigir o pagamento, independentemente da contra-entrega da 
mercadoria. 
 
1.5.3. Quanto aos efeitos – endosso impróprio 
 
Até o momento trabalhamos o endosso translativo. O endosso impróprio traduz a prática 
de certo ato no título que não produz todos os efeitos normais de um endosso. Esse ato 
apenas legitima a posse de alguém sobre um título, para que possa praticar determinados 
atos. Existem duas espécies: O endosso-mandato, endosso-caução e endosso tardio 
(póstumo). 
 
O endosso-mandato/endosso-procuração, está previsto no art. 18 da LUG e no art. 917 
do Código Civil. Por meio dele, o endossante confere poderes ao endossatário – por 
exemplo, uma instituição financeira – para agir como seu legítimo mandatário, exercendo 
em nome daquele os direitos constantes do título, podendo cobrá-lo, protestá-lo, 
executá-lo etc. 
 
Referido endosso nada mais é que um simples mandato, e, por isso, não se reveste 
de efeito translativo da propriedade do título. O endossatário por mandato também 
poderá praticar o endosso-mandato, apenas este endosso, o que equivale a um 
substabelecimento. Quanto ao valor do título, após recebê-lo, deverá entregar-lhe ao 
endossante-mandante. 
 
Os devedores do título só podem se opor ao pagamento, invocando as defesas que eram 
oponíveis ao endossante.O endossatário-mandatário não é o credor do título, mas mero 
representante do credor, ou seja, o devedor não pode se opor ao pagamento com as defesas 
que teria perante esse endossatário. 
 
Esse endosso revela-se por meio das expressões “por procuração” ou “pague-se por 
procuração”, “valor a cobrar”, “para cobrança” ou qualquer outra que implique em 
simples mandato. 
 
De acordo com o art. 18 da LUG, o mandato que resulta de um endosso por procuração 
não se extingue por morte ou sobrevindo incapacidade legal do mandante, 
excepcionando-se, destarte, a norma geral contrária prevista no Código Civil. 
 
O STJ entende que os bancos, como mandatários decorrentes de endosso-mandato, só 
respondem por eventuais danoscausados ao devedor do título se for comprovada a sua 
atuação culposa, o que ocorre, por exemplo, quando o banco tem conhecimento 
inequívoco de que o negócio jurídico que embasou a duplicata foi desfeito. 
 
Súmula 476/STJ: “o endossatário de título de crédito por endosso-mandato só responde 
por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os poderes de mandatário”. 
 
Esmiuçando: Nos casos em que um título é transferido à uma instituição financeira por 
meio de endosso-mandato, quando não há pagamento do título, o banco o encaminha para 
protesto. 
 
O endosso-caução, também chamado de endosso-pignoratício, está previsto no art. 19 da 
LUG e no art. 918 do Código Civil, e caracteriza-se quando o endossante transmite o 
título como forma de garantia de uma dívida contraída perante o endossatário. 
 
“Art. 19 - Quando o endosso contém a menção "valor em garantia", "valor em penhor" 
ou qualquer outra menção que implique uma caução, o portador pode exercer todos os 
direitos emergentes da letra, mas um endosso feito por ele só vale como endosso a título 
de procuração. Os coobrigados não podem invocar contra o portador as exceções 
fundadas sobre as relações pessoais deles com o endossante, a menos que o portador, ao 
receber a letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor”. 
Art. 918. A cláusula constitutiva de penhor, lançada no endosso, confere ao endossatário 
o exercício dos direitos inerentes ao título. 
§ 1o O endossatário de endosso-penhor só pode endossar novamente o título na 
qualidade de procurador. 
§ 2o Não pode o devedor opor ao endossatário de endosso-penhor as exceções que tinha 
contra o endossante, salvo se aquele tiver agido de má-fé”. 
 
Havendo o endosso-caução, o endossatário não assume a titularidade do crédito, ficando 
o título em sua posse apenas como forma de garantia da dívida que o endossante contraiu 
perante ele. Em caso de pagamento, o devedor tem direito de resgate do título; caso a 
dívida não seja honrada, o endossatário poderá executar a garantia e passar, então, a 
possuir a titularidade plena do crédito. 
 
O endosso-caução é o que propicia a posse do título, como penhor, em favor do credor 
do endossante. 
 
Ante o princípio da literalidade, sua constituição depende da aposição no próprio título 
de expressões do tipo “pague-se por caução”, “valor em garantia”, “valor em penhor” ou 
qualquer outra que implique uma caução. 
 
O portador pode exercer todos os direitos emergentes do título, inclusive protestá-lo e 
executá-lo judicialmente, caso haja inadimplemento, facultando-lhe ainda a prática do 
endosso por procuração, pois diante da inadimplência, ele se torna titular do crédito 
representado pela letra de câmbio. Todavia, não poderá endossar o título, salvo para 
praticar o endosso-mandato art.19 da LU. 
 
O endosso tardio ou póstumo é o feito após o título já ter sido protestado por falta de 
pagamento, ou feito depois de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto. 
 
Neste endosso, o endossante não é devedor solidário, respondendo, tão-somente, pela 
existência do título de crédito, e, ainda assim, apenas perante o endossatário. Produz, 
como se vê, os efeitos de uma cessão civil de crédito. 
 
Ou seja, nesses casos o endossatário (que na verdade será um cessionário) deve tomar um 
cuidado especial com relação ao crédito que lhe está sendo transmitido. 
 
No tocante ao endosso sem data, salvo prova em contrário, presume-se feito antes de 
expirado o prazo fixado para se fazer o protesto, gerando, pois, efeitos de endosso (art. 
20 da Lei Uniforme). 
 
Finalmente, o endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso 
feito antes do vencimento, isto é, de um endosso próprio ou normal, responsabilizando-
se, portanto, o endossante pela existência do crédito e solvência do devedor, tornado-se 
ainda devedor solidário do título. 
 
De fato, o endosso para ser póstumo deve ser realizado após o protesto ou decurso de 
prazo do protesto. 
 
Art. 20 da LUG (art. 920 do Código Civil): 
“Art. 20 - O endosso posterior ao vencimento tem os mesmos efeitos que o endosso 
anterior. Todavia, o endosso posterior ao protesto por falta de pagamento, ou feito depois 
de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto, produz apenas os efeitos de uma 
cessão ordinária de créditos. Salvo prova em contrário, presume-se que um endosso sem 
data foi feito antes de expirado o prazo fixado para se fazer o protesto”. 
“Art. 920. O endosso posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do anterior” 
 
Como já visto, o título de crédito com a cláusula “não a ordem” também pode ser 
transmitido. A cláusula não impede a transferência do título, obstando-se, tão somente, o 
endosso, franqueando-se, no entanto, a circulação pela via da cessão civil de crédito. 
 
1.6. Diferenças entre endosso e cessão civil: 
 
Endosso Cessão Civil 
Devedor não pode arguir contra o 
endossatário as defesas pessoais atinentes 
aos outros coobrigados do título. 
Devedor pode arguir contra o cessionário, 
quando notificado, as defesas pessoais 
pertinentes ao cedente 
Endossante responde pela existência do 
título perante os demais endossatários 
subsequentes. 
Cedente só responde pela existência do 
título perante o cessionário. 
Endossante se vincula ao pagamento do 
título, isto é, pela solvência do devedor, 
salvo se o endosso contiver a cláusula 
“sem garantia”. 
Cedente não responde pelo pagamento do 
título, isto é, pela solvência do devedor 
A validade do endosso não depende de 
qualquer comunicação 
A cessão de crédito deve ser comunicada 
ao devedor 
 
 
Há dois tipos de endosso, que produzem efeitos de cessão civil de crédito, porque o 
endossante não responde pela solvência do devedor: a) o endosso de título “não à ordem”; 
b) endosso tardio ou póstumo, que é o realizado após o protesto do título; ou após o 
decurso do prazo do protesto. 
 
ATOS CAMBIÁRIOS 
 
 
I - AVAL 
 
1.1 Conceito: 
 
O aval, ato cambiário pelo qual um terceiro, ou mesmo um signatário do título (o avalista) 
se responsabiliza pelo pagamento da obrigação constante do título. Está regulado pelo art. 
30 da LUG (no mesmo sentido é o art. 897 do Código Civil). O avalista, ao garantir o 
cumprimento da obrigação do avalizado, responde de forma equiparada a este. 
 
“Art. 30 - O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval. 
Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra”. 
“Art. 897. O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma 
determinada, pode ser garantido por aval. 
Parágrafo único. É vedado o aval parcial”. 
 
Nada impede que pessoas já coobrigadas (sacador, aceitante e endossantes) avalizem o 
título. Quanto a esta possibilidade, importante destacar que tais atos somente ganham 
relevância prática quando o avalizado for um coobrigado mais próximo do devedor 
principal, razão pela qual o avalista poderá ser cobrado em momento anterior. 
 
1.2. Partes no aval 
 
O avalista ou dador de aval é a pessoa que se responsabiliza pelo pagamento, tornando-
se, pois, coobrigado da mesma maneira que a pessoa por ele avalizada. 
 
O avalizado, por sua vez, é a pessoa em favor de quem foi dado o aval. A propósito, o 
aval deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de indicação, entender-se-á pelo 
sacador (art. 31 da Lei Uniforme). 
 
Ante o princípio da autonomia, eventuais vícios na obrigação cambiária do avalizado não 
afetam a obrigação do avalista. 
 
1.3 Efeitos do aval 
 
O avalista torna-se responsável da mesma maneira que o avalizado (art. 32 da Lei 
Uniforme). Ambos passam a ocupar a mesma posição quando o assunto é a 
responsabilidade pelo pagamento. 
 
O credor pode, a seu critério, cobrar tanto de um quanto de outro, ou ambos, pois entre 
eles impera a solidariedade perante o portador do título de crédito (art. 47 da LeiUniforme). 
 
Todavia, o avalista, ao efetuar o pagamento sub-roga-se nos direitos emergentes da letra, 
podendo exercer o direito de regresso contra o avalizado e demais coobrigados anteriores 
(sacador, aceitante, endossantes e outros avalistas). 
 
1.4. Forma do aval: 
 
Ante o princípio da literalidade, o aval deve ser lançado no próprio título ou numa folha 
anexa (alongue), isto é, colada na cártula. 
 
Em princípio, o aval deve ser feito no anverso do título, bastando para tanto a assinatura 
do avalista. Caso o aval seja feito no verso da cártula, deverá conter, além da assinatura 
do avalista, menção expressa de que se trata de aval (art. 31 da LUG e art. 898, § 1º do 
Código Civil). 
 
“Art. 31 - O aval é escrito na própria letra ou numa folha anexa. Exprime-se pelas 
palavras "bom para aval" ou por qualquer fórmula equivalente; e assinado pelo dador 
do aval. O aval considera-se como resultante da simples assinatura do dador aposta na 
face anterior da letra, salvo se se trata das assinaturas do sacado ou do sacador. O aval 
deve indicar a pessoa por quem se dá. Na falta de indicação entender-se-á ser pelo 
sacador”. 
“Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título. 
§ 1 o Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples assinatura 
do avalista”. 
 
Simples assinatura aposta no anverso do título é considerada como sendo um aval, salvo 
se se tratar das assinaturas do sacador ou do sacado, porque daí estaremos diante do saque 
e aceite, respectivamente. 
 
Importante: O Código Civil, no art.1.649, exige autorização do cônjuge do avalista, se ele 
casado for, sob pena de nulidade relativa do aval. Uma primeira corrente sustenta que 
essa exigência não se aplica aos títulos de crédito regidos por lei especial, pois a lei geral, 
que é o caso do Código Civil, não revoga a especial. Uma segunda, preconiza que a 
ausência de outorga do cônjuge não anula o aval, mas preserva a sua meação (Enunciado 
114 do CJF). Uma terceira, aplica o Código Civil, considerando o aval anulável. 
 
1.5. Espécies de aval: 
 
1.5.1. Quanto à forma de materialização: 
 
a) Em preto: é o que identifica expressamente o avalizado. Nesse caso, o beneficiado pode 
ser qualquer coobrigado do título (aceitante, sacador, endossantes e avalistas); 
b) Em branco: hipótese em que não identifica o avalizado. Nestes casos, presume-se que 
foi dado em favor de alguém: se for letra de câmbio, presume-se em favor do sacador (art. 
31, parte final da LUG); nos demais títulos, em favor do emitente ou subscritor (art.77, 
parte final da LUG e art. 899 do Código Civil). 
 
1.5.2 Quanto aos coobrigados pelo aval 
 
a) avais simultâneos são os lançados por dois ou mais avalistas em favor do mesmo 
avalizado. O devedor ter mais de um avalista. 
 
Assim, nos avais simultâneos os avalistas são considerados uma só pessoa, razão pela 
qual assumem responsabilidade solidária regida pelas regras do direito civil. Em suma: 
eles dividem a dívida, razão pela qual se um deles pagá-la integralmente ao credor, terá 
direito de regresso contra o devedor principal relativo ao total da dívida, mas terá direito 
de regresso contra o outro avalista apenas em relação à sua parte. 
 
b) avais sucessivos ocorrem quando um avalista garante o outro avalista. É, pois, o fato 
de um avalista ter também avalista. 
 
Nos avais sucessivos, o avalista da primeira linha, que efetuar o pagamento do título, não 
pode exercer o direito de regresso contra os avalistas, que se obrigaram depois dele; se o 
pagamento for feito pelo avalista da segunda linha, este pode cobrar toda a importância 
do avalista da primeira linha, que se obrigou anteriormente a ele, mas nenhum direito te, 
em relação ao avalista posterior, o da terceira linha. 
 
1.5.3. Quanto ao alcance 
 
No aval parcial, o avalista responsabiliza-se por apenas uma parte do valor do título. Esta 
limitação deve constar expressamente do aval, pois, no silêncio, o aval se presume total. 
 
Não obstante a proibição pelo parágrafo único do art. 897 do Código Civil, o aval parcial 
encontra guarida no art. 30 da Lei Uniforme, sendo plenamente válido. 
 
Aval antecipado é o dado em favor da pessoa ainda não coobrigada pelo pagamento do 
título de crédito. Seria o aval dado antes do aceite pelo sacado ou do endosso pelo 
endossante. 
 
O problema crucial ao tema está na hipótese do aval antecipado nos casos em que o sacado 
não aceita a letra de câmbio, não se podendo imputar-lhe qualquer obrigação cambiária. 
 
Alguns sustentam que o aval antecipado é uma obrigação condicional, cuja eficácia ficaria 
na dependência da obrigação avalizada; se ninguém é credor do avalizado ninguém 
poderá cobrar o seu avalista, porque o dador do aval é responsável da mesma maneira que 
a pessoa avalizada. 
 
Para outros, baseados no princípio da autonomia do aval, subsistindo a responsabilidade 
do avalista antecipado, ainda que diante da falta de aceite do sacado avalizado. 
 
Quanto ao avalista antecipado do endossante, parece haver consenso doutrinário que se o 
endosso não se realiza o avalista não tem obrigação nenhuma, pois o título ainda 
permanece em seu poder, figurando, pois, o endossante como unicamente como credor 
da obrigação cambiária. 
 
1.6. Diferenças entre aval e fiança: 
 
Aval Fiança 
Obrigação autônoma, cuja validade é 
mantida, não sendo, pois, atingido pela 
nulidade ou falsidade da obrigação 
avalizada. 
Obrigação acessória, contaminada a 
obrigação principal, o vício se lhe estende, 
anulando-a também 
Obriga-se de forma solidária a ponto de o 
credor, a seu critério, poder acioná-lo 
diretamente, antes ou depois do devedor 
originário, ainda que este último seja 
solvente. 
Benefício de ordem ou de excussão, isto é, 
só pode ser cobrado diante da insolvência 
do devedor afiançado, exaurindo-se 
primeiro o patrimônio deste para depois se 
avançar contra o daquele. 
É um ato cambial, sujeito ao regime 
jurídico do direito cambiário, inclusive ao 
princípio da literalidade, e, por isso, só 
pode ser lançado no próprio título de 
crédito 
Fiança reveste-se de natureza jurídica 
contratual, podendo ser firmada no corpo 
do contrato principal ou em instrumento 
separado, regendo-se pelo direito 
contratual 
A interrupção da prescrição em relação ao 
avalista não se comunica ao avalizado, e 
vice-versa, não obstante a solidariedade 
passiva. 
A interrupção da prescrição em relação ao 
devedor principal estende-se também 
ao fiador 
 
VENCIMENTO E PAGAMENTO 
 
 
I - VENCIMENTO 
 
1.1 Conceito e efeitos: 
 
É o fato jurídico a partir do qual a obrigação se torna exigível. 
 
De acordo com o art. 2º da Lei Uniforme, a letra de câmbio em que se não indique a época 
do pagamento entende-se pagável à vista. Ou seja, a indicação de prazo não requisito 
essencial da letra de câmbio. A dupla indicação de prazo enseja nulidade. 
 
No dia do vencimento do título, este já se revela exigível, podendo ser cobrado do 
aceitante e respectivo avalista, independentemente do protesto, todavia, para cobrança 
dos demais coobrigados, o protesto se faz necessário. Assim, para cobrar os coobrigados 
(sacador, endossantes e avalistas) não basta o vencimento, é preciso ainda o protesto. 
 
1.2. Espécies: 
 
Ordinário quando se opera no termo previsto, que é o fixado no título, ou, no silêncio, à 
vista, conforme determina a lei. 
 
Extraordinário o que verifica antecipadamente, antes mesmo da expiração do termo 
normal, viabilizando-se, desde logo, a cobrança do título. São as seguintes hipóteses: 
 
a) Recusa, total ou parcial, do aceite; 
b) Sentença de falência do aceitante. 
 
Nessas duas situações a letra é considerada vencida antecipadamente em relação a todos 
os coobrigados do título. 
 
c) falência do sacador, endossantes ou avalistas. 
 
Nesta hipótese o vencimento antecipado restringe-se ao coobrigadofalido, não se 
estendendo aos demais, cuja cobrança só será lícita no vencimento normal. 
 
Fora dessas hipóteses de vencimento antecipado, o devedor não é obrigado a a pagar e 
nem o credor a receber senão no vencimento ordinário. Assim, antes do vencimento, o 
credor pode recusar-se ao recebimento do título. O devedor, por sua vez, age licitamente 
ao se opor ao pagamento diante de uma justa causa, como a falência do credor ou o 
extravio do título de crédito. 
 
Se, no entanto, por motivo insuperável, isto é, força maior a apresentação da letra ou seu 
protesto não puder fazer-se dentro dos prazos indicados, esses prazos serão prorrogados 
até a cessação do obstáculo. 
 
1.3. Contagem: 
 
De acordo com o art. 36 da Lei Uniforme, o vencimento no princípio do mês indica que 
a letra será vencível no primeiro dia do mês. Se o vencimento for fixado para o meado do 
mês, entende-se que a letra será vencível no dia quinze. Se o vencimento for fixado para 
o fim do mês, a letra será vencível no último dia desse mês. 
 
Em matéria cambiária, o mês não é considerado como sendo 30 (trinta) dias, pois a 
contagem do prazo leva em conta o calendário gregoriano, cujos meses variam entre 28, 
29, 30 e 31 dias. 
 
O pagamento de uma letra de câmbio cujo vencimento recai em domingo ou feriado legal 
só pode ser exigido no primeiro dia útil seguinte. Da mesma maneira, todos os atos 
relativos a letras, especialmente a apresentação ao aceite e ao protesto, somente podem 
ser feitos em dia útil (art. 72 da Lei Uniforme). 
 
 
 
 
 
II - PAGAMENTO 
 
2.1. Conceito 
 
É o modo voluntário de extinção da obrigação, através do cumprimento da prestação 
devida. 
 
No caso da letra de câmbio, quanto o pagamento quando efetuado pelo aceitante, que é o 
devedor principal, extingue a obrigação de todos os demais coobrigados do título. Se, no 
entanto, o pagamento for efetuado por outro signatário da letra (sacador, endossantes ou 
avalistas), a obrigação só é extinta em relação a ele e aos coobrigados posteriores. 
 
Não obstante, aquele que pagou se sub-roga no direito do credor, podendo exercer o 
direito de regresso contra os coobrigados anteriores. 
 
O sacador que efetua o pagamento, passa a ter direito de regresso contra o aceitante e 
avalista do aceitante. O avalista do aceitante, por sua vez, ao efetuar o pagamento adquire 
o direito de regresso contra o aceitante. Já o endossante ou avalista que efetua o 
pagamento passa a ter direito de regresso contra os endossantes e avalistas anteriores, 
outrossim, contra o sacador e aceitante. 
 
2.2 Prazo para pagamento 
 
Art. 38, 1ª parte, da LUG: 
 
“O portador de uma letra pagável em dia fixo ou a certo termo de data ou de vista deve 
apresentá-la a pagamento no dia em que ela é pagável ou num dos dois dias úteis 
seguintes”. 
 
Art. 20 do Decreto nº 2.044/1908: a letra deve ser paga no dia do vencimento ou, sendo 
este dia não útil, no primeiro dia útil seguinte. 
 
Entendemos aplicável a norma do art. 38 da Lei Uniforme, pelo menos enquanto não 
houver norma expressamente afastando a sua aplicação. 
 
 
A não apresentação da letra de câmbio para pagamento no prazo legal, gera perda do 
direito de ação contra todos os coobrigados, à exceção do aceitante. 
 
2.3. Operabilidade 
 
O sacado que paga uma letra de câmbio pode exigir que ela lhe seja entregue com a 
respectiva quitação (art. 39 da Lei Uniforme). Ante o princípio da literalidade, é 
recomendável que esta seja aposta pelo credor na própria cártula. 
 
O pagamento promovido pelo aceitante é o único que permite ser feito de maneira parcial, 
conforme art. 39 da LUG: 
 
“O portador não pode recusar qualquer pagamento parcial. No caso de pagamento 
parcial, o sacado pode exigir que desse pagamento se faça menção na letra e que dele 
lhe seja dada a quitação”. 
 
Neste caso, o credor permanece na posse do título, consignando-se na própria cártula o 
recibo de quitação parcial, em obediência ao princípio da literalidade, sendo-lhe facultado 
propositura de ação judicial para exigir o débito remanescente do próprio aceitante ou 
demais coobrigados. 
 
Para os demais coobrigados, o pagamento deve ser integral, aplicando-se o art. 314 do 
Código Civil: 
 
“Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser 
obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou”. 
 
2.3. Local 
 
Conforme já visto, o lugar em que se deve efetuar o pagamento é um dos requisitos 
essenciais da letra de câmbio. Na falta de indicação, será considerado o lugar de domicílio 
do sacado. Ausente qualquer indicação, o documento se desnatura. 
2.4. Oposição 
 
O devedor tem o direito a opor-se ao pagamento, desde que haja justa causa (extravio da 
letra, a falência ou incapacidade do portador do título, etc...) 
 
3. Direito de regresso 
 
À exceção do aceitante, os demais coobrigados, quando pagam a letra de câmbio, ficam 
subrogados nos direitos do credor a quem o pagamento foi feito, podendo mover ação 
judicial, para reaver o que pagou, contra os coobrigados anteriores. 
 
- O aceitante é o devedor principal, portanto o pagamento efetuado por ele extingue a 
obrigação de todos os demais coobrigados; 
- O pagamento efetuado pelo avalista do aceitante só lhe confere direito de regresso contra 
o aceitante, extinguindo-se a obrigação dos demais; 
- O pagamento efetuado pelo sacador permite que este exerça o direito de regresso contra 
o aceitante e contra o avalista do aceitante; 
- O pagamento feito pelo avalista do sacador autoriza este a exercer o direito de regresso 
apenas contra o aceitante, avalista do aceitante e sacador; 
- O pagamento feito pelo primeiro endossante, permite que este exerça o direito de 
regresso apenas contra os obrigados anteriores liberando-se os posteriores. 
 
É bom ressaltar que o portador, em primeiro lugar, deve apresentar a letra ao aceitante 
que é o devedor principal. Vindo este a se recusar, daí sim poderá voltar-se, à sua escolha, 
porque é solidária a obrigação, contra qualquer um dos demais coobrigados. Sem que haja 
uma tentativa de cobrança, ainda que extrajudicial, em relação ao aceitante, fecham-se as 
portas para se cobrar o título dos outros coobrigados. 
 
ESPÉCIES DE TÍTULOS DE CRÉDITO 
 
 
I – NOTA PROMISSÓRIA 
 
1.1 Conceito: 
 
É o título de crédito representativo de uma promessa de pagamento, à vista ou à prazo, 
feita pelo devedor em benefício do credor. 
 
Na nota promissória visualizam-se duas situações jurídicas, a de quem a emite, que é o 
devedor (emitente, promitente, sacador, subscritor), e a do beneficiário da promessa de 
pagamento, que é o credor (sacado). Estrutura muito mais simples do que a estudada na 
letra de câmbio, que consiste em uma ordem de pagamento. 
 
1.2. Noções gerais: 
 
Conforme já dito, são aplicáveis às NP as regras gerais estudadas para as letras de câmbio 
(endosso, vencimento, pagamento, direito de ação, prescrição, etc.). 
 
Alguns aspectos da letra de câmbio, porém não se adaptam à promessa de pagamento, 
como é o caso do aceite, que é um ato cambial totalmente incompatível com a natureza 
da nota promissória e, por isso, a ela não se aplica. 
 
Atenção: excepcionalmente, algumas normas sobre o aceite aplicam-se à chamada nota 
promissória a certo termo de vista, que é aquela cujo início do prazo de vencimento é 
marcado por um visto do sacador. Aludida nota promissória é assinada duas vezes pelo 
sacador, sendo a primeira por ocasião do saque e a segunda para que se fixe o termo a 
quo do prazo de vencimento. É a partir deste visto que se começa a contar o prazo de 
vencimento. 
 
O visto, que condiciona o vencimento de algumas notas promissórias, no entanto, 
distingue-se do aceite inerente as letras de câmbio, pois, o “visto” apenas marca o início 
do prazo de vencimento, cuja obrigação de pagamento fora assumida anteriormente,com 
o saque, ao passo que o aceite é o ato pelo qual o sacado assume a obrigação de efetuar o 
pagamento. 
 
Por outro lado, o subscritor da nota promissória é o devedor principal do título, sendo, 
pois, responsável da mesma forma que o aceitante da letra de câmbio (art. 78 da Lei 
Uniforme). Assim, as normas que se aplicam ao aceitante da letra de câmbio também se 
estendem ao subscritor ou sacador da nota promissória, na parte em que não sejam 
contrárias à natureza deste título. 
 
1.3. Requisitos 
 
1.3.1 Essenciais (art. 75 da LUG): 
 
a) a denominação “nota promissória” inserta no próprio texto do título e expressa na 
língua empregada para a redação desse título; 
b) a promessa incondicional, isto é, pura e simples de pagar uma quantia determinada. Se 
houver divergência entre o valor numérico e o escrito, prevalece este último. Tal qual na 
letra de câmbio, se a indicação da quantia se achar feita por mais de uma vez, quer por 
extenso, quer em algarismos, e houver divergência entre as diversas indicações, 
prevalecerá a que se achar feita pela quantia inferior; 
c) nome do beneficiário (credor). No momento do saque, a nota promissória e a letra de 
câmbio não podem ser ao portador. 
d) data do saque; 
e) assinatura do sacador, 
 
Em faltando um dos requisitos acima, o título não será uma nota promissória. 
 
1.3.2. Facultativos: 
 
Requisitos facultativos são aqueles cuja ausência não descaracteriza o título como nota 
promissória, pois encarrega-se a própria lei de suprir a omissão: 
 
a) época do pagamento. A nota promissória em que se não indique a época do pagamento 
será considerada à vista (art. 76 da Lei Uniforme); 
b) lugar do saque. No silêncio, considera-se como sendo o lugar do saque o lugar 
designado ao lado do nome do sacador (art. 76 da Lei Uniforme). Se não constar nenhum 
desses dois lugares, o título não será uma nota promissória; 
c) lugar do pagamento. Na falta de indicação expressa, o lugar do pagamento será, ao 
mesmo tempo, o lugar do saque e o domicílio do sacador (art. 76 da Lei Uniforme). 
 
II - CHEQUE 
 
2.1. Conceito 
 
É o título de crédito emitido contra banco, ou Instituição Financeira que lhe seja 
equiparada, contendo uma ordem de pagamento à vista. 
 
O cheque é disciplinado pela Lei n. 7.357/1985, cujo art. 32 dispõe que ele é pagável à 
vista, considerando-se não-escrita qualquer menção em contrário. Alguns o classificam 
como sendo um título de crédito impróprio, revelando-se como meio de pagamento e não 
como instrumento de circulação creditícia. 
 
O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é 
pagável no dia da apresentação. 
 
Não obstante, o cheque sujeita-se às regras de circulação e cobrança dos outros títulos de 
crédito, aplicando-se, na íntegra, o regime jurídico cambial, merecendo constar na lista 
dos títulos de crédito próprios. 
 
Convém ainda frisar que o cheque é emitido contra banco, ou Instituição Financeira que 
lhe seja equiparada, sob pena de não valer como cheque (art. 3º). A falta de fundos 
disponíveis não prejudica a validade do título como cheque (art. 4º). 
 
O cheque em título de modelo vinculado, cujo papel fornecido pelo banco, em talão ou 
avulso, deve observar formato normativo próprio. 
 
2.2 Requisitos 
 
2.2.1 Essenciais: 
 
O art. 1o da Lei n. 7.357/1985 enumera os seguintes requisitos: 
 
a) a denominação “cheque” inscrita no texto do título e expressa na língua em que este é 
redigido. 
b) a ordem incondicional de pagar quantia determinada. De fato, o cheque é uma ordem 
de pagamento à vista. Feita a indicação da quantia em algarismo e por extenso, prevalece 
esta no caso de divergência. Indicada a quantia mais de uma vez, quer por extenso, quer 
por algarismos, prevalece, no caso de divergência, a indicação da menor quantia (art. 12 
da Lei n. 7.357/1985). Portanto, não obstante essas divergências, o Banco deve efetuar o 
pagamento; 
c) nome do sacado, isto é, do banco ou Instituição Financeira que deve pagar. 
d) data do saque, isto é, o dia, mês e ano em que o cheque foi emitido. 
e) a assinatura do emitente (sacador ou passador), ou de seu mandatário com poderes 
especiais. Além disso, ainda deve constar o nome e o CPF do emitente (Lei n. 
6.268/1975). A assinatura pode ser por chancela mecânica ou processo equivalente. 
e) a identificação do beneficiário, quando o cheque for superior a R$ 100,00 (cem reais). 
 
2.2.2 Facultativos: 
 
a) a indicação do lugar de emissão, isto é, do saque. Não indicado o lugar de emissão, 
considera-se emitido o cheque no lugar indicado junto ao nome do emitente (art. 2º, inciso 
II). Se, porém, não constar o lugar da emissão nem o lugar ao lado do nome do emitente, 
o título não valerá como cheque. Há uma presunção absoluta de que o lugar escrito no 
cheque como sendo o lugar de emissão é realmente o local em que se encontram o 
emitente no momento do saque; 
b) a indicação do lugar do pagamento. Na falta dessa indicação, é considerado lugar do 
pagamento o lugar designado junto ao nome do sacado; se designado vários lugares, o 
cheque é pagável no primeiro deles; não existindo qualquer indicação, o cheque é pagável 
no lugar de sua emissão (art. 2º, I). O cheque da mesma praça é aquele que deve ser 
apresentado para pagamento no próprio lugar da emissão, no prazo de trinta dias. O 
cheque de praças diferentes é o que deve ser apresentado para pagamento em lugar 
diverso do lugar da emissão, no prazo de sessenta dias 
(art. 33). 
 
2.3. Transmissão do cheque, endosso e aval 
 
O cheque no valor que não excede a R$ 100,00 (Cem reais) pode ser emitido ao portador, 
isto é, sem identificar o beneficiado, transfeindo-se com a simples tradição, prescindindo-
se do endosso. 
 
Ultrapassando-se o valor acima, é exigível que o cheque seja nominativo, identificando-
se o tomador, sendo, pois, transmissível por endosso, salvo se o emitente inserir 
expressamente a cláusula “não à ordem”, quando, então, só será transmissível pela cessão 
civil de crédito. 
 
Esta cláusula não retira do cheque a característica de ser uma ordem de pagamento à vista, 
prestando-se, tão somente, para proibir o endosso. 
 
São nulos o endosso parcial e do sacado (§ 1º do art. 18). Admite-se, contudo, o endosso 
feito pelo sacado (banco, que tem mais de um estabelecimento, desde que o endosso seja 
feito em favor de estabelecimento diverso daquele contra o qual o cheque foi emitido - § 
2º do art. 18). 
 
Finalmente, a Lei n. 7.357/85 é silente sobre a possibilidade da existência de cheques 
intransmissíveis e, por isso, o emitente não pode impedir a negociação do cheque, 
reputando-se nula qualquer cláusula nesse sentido. Ainda que o emitente proíba o 
endosso, inserindo-se a cláusula “não a ordem”, a negociação do cheque torna-se viável 
pela cessão civil de crédito. 
 
Por ser o cheque é uma ordem de pagamento à vista, não admite o endosso-caução. 
 
O aval segue as regras gerais já estudadas com a letra de câmbio, com a diferença de que 
sacado não pode ser avalista, pois a lei o proíbe (o banco sacado não tem qualquer 
obrigação cambial, não pode ser responsabilizado pela insuficiência de fundos do 
cheque). 
 
2.4. Apresentação 
 
O cheque é pagável à vista, considerando-se não-escrita qualquer menção em contrário. 
O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é 
pagável no dia da apresentação. 
 
O cheque da mesma praça deve ser apresentado para pagamento no prazo de trinta dias, 
a contar da emissão. Este prazo passa a ser de sessenta dias quando for cheque da praça 
diferente. 
 
Consequências da perda do prazo de apresentação do cheque: 
a) o portador perde o direito de execução contra o emitente, se este tinha fundos 
disponíveis durante o prazo da apresentação e os deixou de ter, em razão de fato que não 
lhe seja imputável (§ 3º do art. 47). Se, no entanto, a falta de

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