Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS Trauma: A palavra "trauma", do ponto de vista semântico, vem do grego trauma (plural: traumatos, traumas), cujo significado é “ferida”. A terminologia trauma admite vários significados, todos eles ligados a acontecimentos não previstos e indesejáveis que, de forma mais ou menos violenta, atingem indivíduos neles envolvidos, produzindo-lhes alguma forma de lesão ou dano. Trauma representa um problema de saúde pública de grande magnitude no Brasil, que tem provocado forte impacto na população. No contexto da enfermagem, define-se o Trauma como um evento nocivo que advém da liberação de formas específicas de energia ou de barreiras físicas ao fluxo normal de energia. Distribuição das mortes: Primeiro pico: Segundos a minutos após o trauma; Causas de morte: apneia, lesões cerebrais graves, rupturas de grandes vasos; Poucas dessas vítimas podem ser salvas devido à gravidade das lesões. Segundo pico: Primeiros minutos a várias horas após o trauma; Causas de morte: hematoma subdural e hepidural, hemotórax, ruptura de baço, lacerações no fígado, fraturas pélvicas e/ou múltiplas lesões, associadas a perda significativa de sague; Terceiro pico: Dias a semanas após o trauma; Causas de morte: mais frequentemente relacionado a sepse e a disfunção de múltiplos órgãos ou sistemas; Politrauma: Um paciente politraumatizado é considerado aquele que apresenta lesões em dois ou mais sistemas, sendo necessário que pelo menos uma, ou uma combinação dessas lesões, represente um risco vital para o doente. O tratamento ao politraumatizado grave requer rápida identificação das lesões e intervenção imediata para controlar as condições que coloquem em risco a vida ou possibilitem a perda de um membro ou sequela irreversível. Sistemática de abordagem ao politraumatizado: Permite que seja avaliado e aplicado a terapêutica ou procedimentos adequados e seja estabilizado resultando maior probabilidade de sobrevida e menos sequelas. CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS A avaliação inicial inclui: 1°) Pré-hospitalar onde a equipe é preparada para atuar no local da ocorrência, estabilizando o paciente. 2°) Regulação médica _ com os informes da equipe pré-hospitalar verifica local para continuidade do atendimento emergencial e comunica ao intra-hospitalar o caso que será encaminhado. 3°) Intra-hospitalar onde a equipe que recebe o caso está ciente, preparada e de acordo com o que será encaminhado para atendimento. Triagem no local do acidente: No local do atendimento as vítimas atendidas são classificadas de acordo com as lesões apresentadas e o tipo de tratamento necessário, bem como verificado os recursos disponíveis (vítima adequada a hospital adequado). XABCDE do trauma: O XABCDE é um mnemônico que padroniza o atendimento inicial ao paciente politraumatizado e define prioridades na abordagem ao trauma, no sentido de padronizar o atendimento. Ou seja, é uma forma rápida e fácil de memorizar todos os passos que devem ser seguidos com o paciente em politrauma. Ele foi pensado para identificar lesões potencialmente fatais ao indivíduo, e é aplicável a todos as vítimas com quadro crítico, independentemente da idade. O protocolo tem como principal objetivo reduzir índices de mortalidade e morbidade em vítimas de qualquer tipo de trauma. QUAIS CONDUTAS DE SEGURANÇA NA FASE PRÉ-HOSPITALAR? Antes de iniciar a abordagem XABCDE ao paciente vítima de trauma é necessário atentar-se a itens essenciais para salvaguardar a vida da equipe, como: avaliação da segurança da cena segura, uso de EPI’s, sinalização da cena (Ex. dispor cones de isolamento na pista). Significado das Letras XABCDE: (X) – Exsanguinação Contenção de hemorragia externa grave, a abordagem a esta, deve ser antes mesmo do manejo das vias aérea uma vez que, epidemiologicamente, apesar da obstrução de vias aéreas ser responsável pelos óbitos em um curto período de tempo, o que mais mata no trauma são as hemorragias graves. (A) – Vias aéreas e proteção da coluna vertebral No A, deve-se realizar a avaliação das vias aéreas. No atendimento pré-hospitalar, 66- 85% das mortes evitáveis ocorrem por obstrução de vias aéreas. Para manutenção das vias aéreas utiliza-se das técnicas: “chin lift”: elevação do queixo, uso de aspirador de ponta rígida, “jaw thrust”: anteriorização da mandíbula, cânula orofaríngea (Guedel). CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS No A também, realiza-se a proteção da coluna cervical. Em vítimas conscientes, a equipe de socorro deve se aproximar da vítima pela frente, para evitar que mova a cabeça para os lados durante o olhar, podendo causar lesões medulares. A imobilização deve ser de toda a coluna, não se limitando a coluna cervical. Para isso, uma prancha rígida deve ser utilizada. Considere uma lesão da coluna cervical em todo doente com traumatismos multissistêmicos! (B) – Boa Ventilação e Respiração No B, o socorrista deve analisar se a respiração está adequada. A frequência respiratória, inspeção dos movimentos torácicos, cianose, desvio de traqueia e observação da musculatura acessória são parâmetros analisados nessa fase. Para tal, é necessário expor o tórax do paciente, realizar inspeção, palpação, ausculta e percussão. Verificar se a respiração é eficaz e se o paciente está bem oxigenado. (C) – Circulação com Controle de Hemorragias No C, a circulação e a pesquisa por hemorragia são os principais parâmetros de análise. A maioria das hemorragias é estancada pela compressão direta do foco. A Hemorragia é a principal causa de morte no trauma. A diferença entre o “X” e o “C” é que o X se refere a hemorragias externas, grandes hemorragias. Já o “C” refere-se a hemorragias internas, onde deve-se investigar perdas de volume sanguíneo não visível, analisando os principais pontos de hemorragia interna no trauma (pelve, abdomem e membros inferiores), avaliando sinais clínicos de hemorragia como tempo de enchimento capilar lentificado, pele fria e pegajosa e comprometimento do nível e qualidade de consciência. Classificando o Choque Hipovolêmico QUAIS SOLUÇÕES EMPREGAR NA REPOSIÇÃO VOLÊMICA? O Soro Ringer com Lactato é a solução isotônica de escolha, contudo, soluções cristaloides não repõem hemácias, portanto, não recupera a capacidade de carrear O2 ou as plaquetas necessárias no processo de coagulação e controle de hemorragias. CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS (D) – Disfunção Neurológica No D, a análise do nível de consciência, tamanho e reatividade das pupilas, presença de hérnia cerebral, sinais de lateralizarão e o nível de lesão medular são medidas realizadas. Nessa fase, o objetivo principal é minimizar as chances de lesão secundária pela manutenção da perfusão adequada do tecido cerebral. Importante aplicar a escala de goma de Glasgow atualizada. (E) – Exposição Total do Paciente No E, a análise da extensão das lesões e o controle do ambiente com prevenção da hipotermia são as principais medidas realizadas. O socorrista deve analisar sinais de trauma, sangramento, manchas na pele etc. A parte do corpo que não está exposta pode esconder a lesão mais grave que acomete o paciente. Cuidados de Enfermagem na Estabilização: A sondagem vesical e gástrica deve ser considerada. O débito urinário é um indicador da reposição volêmica do paciente. A sondagem gástrica visa reduzir a pressão da câmara gástrica e diminuir os riscos de aspiração. Observação: 1- A sonda vesical está contraindicada nos casos suspeitos de lesãode uretra (uretrorragia, hematoma escrotal, ausência de próstata no toque retal). 2- A sonda nasogástrica está contraindicada nos casos suspeitos de fratura de base de crânio. Nesta situação utiliza-se a via orogástrica quando necessária a descompressão gástrica. Deve-se considerar a necessidade de transferência do paciente em função CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS dos recursos disponíveis ao atendimento do paciente. A avaliação radiológica têm importância inicial na sala de urgência e deve conter três radiografias: – RX Coluna cervical perfil (paciente com dor cervical ao exame ou inconsciente). - RX Tórax. - RX Bacia. Avaliação Secundária: A avaliação secundária só se inicia quando completada a avaliação primária (ABCDE), estabilizando toda e qualquer descompensação existente que possa levar o paciente a morte, ou sequela irreversível ou perda de um membro. Nesta etapa do atendimento, o exame minucioso tem por objetivo detectar lesões que passaram despercebidas, especialmente no doente inconsciente e ou que não colabora. Procedimentos especiais como radiografias e estudos laboratoriais, são também realizados nessa fase (intra-hospitalar). Na avaliação secundária todas as regiões do corpo devem ser completamente avaliadas, (na fase pré-hospitalar pode ocorrer ocasiões onde esta fase não se realize em virtude da necessidade de estabilização primária e a rapidez de transporte). Patologias prévias, medicamentos em uso, cirurgias realizadas, fatos que envolveram o trauma atual, sendo que o paciente inconsciente e ou alcoolizado não consegue informar, os acompanhantes devem ser interpelados e fornecerem os dados possíveis, na ausência destes a equipe da viatura que o transportou deve reportar as condições do trauma no local, cinemática e manobras realizadas na remoção e transporte. A utilização do código “AMPLA” é uma fórmula útil para obter uma história pertinente do paciente. A – ALERGIA M- MEDICAMENTOS DE USO HABITUAL P – PASSADO MÉDICO L – LÍQUIDOS E ALIMENTOS INGERIDOS e a que horas A - AMBIENTE E EVENTOS RELACIONADOS AO TRAUMA Trauma Raquimedular É toda injúria às estruturas contidas no canal medular (medula, cone medular e cauda equina), podendo levar a alterações motoras, sensitivas, autonômicas e psicoafetivas. CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS O traumatismo da medula espinhal também é chamado de traumatismo raquimedular – TRM. A maioria dessas lesões é causada por acidentes automobilísticos, quedas, acidentes desportivos (principalmente mergulhos em águas rasas) e ferimentos por arma de fogo. MECANISMOS DE TRAUMA RAQUIMEDULAR: Lesões ósseas vertebrais podem estar presentes sem que haja lesões de medula espinhal; por isso, há a necessidade de imobilizar a vítima quando há qualquer suspeita de lesão medular. TIPOS DE FRATURA: Existem 3 tipos de fratura: A (Lesões compressivas), B ou C. Tipo A – Lesões Compressivas: As lesões compressivas nada mais são que o achatamento de vértebras. As lesões do tipo A podem ser classificadas de I a IV. A 1: Fratura em “tear drop”. A 2: Fratura em “Split”, acomete os dois platôs, como uma rachadura. Trata-se de um caso cirúrgico limítrofe, em que se pode adotar medidas conservadoras em alguns casos. A 3: O acometimento do platô superior. A 4: O acometimento de ambos platôs. Devemos ter em mente a classificação das fraturas para possível indicação cirúrgica. Fraturas A 3 e A 4, com achatamento maior que 50%, são indicativos cirúrgicos. Imagem: Lesões compressivas (Tipo A). 1: Lesões “em lágrima” (Tear drop). 2: Fratura “em Split”. 3: Acometimento de um platô. 4: Acometimento de ambos platôs. Fonte: Aula SanarFlix CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS Tipo B – Lesões por Ruptura: B 1: Lesão por ruptura anteroposterior. B 2: Lesão por ruptura do platô superior, associada a ruptura ligamentar. B 3: Lesão por ruptura do disco vertebral, associada a ruptura ligamentar total. Usualmente, as fraturas do Tipo B são abordadas cirurgicamente, justamente pela comum afecção das estruturas ligamentares. Suspeitar sempre de TRM nas seguintes situações: Qualquer vítima de trauma que apresente lesões acima das clavículas TCE Politrauma Localização - lesões medulares: Em geral lesão entre C1 e C2 produzem parada cardiorrespiratória; Lesões entre C3 e T2 podem provocar tetraplegia; Lesões entre T3 e L3 podem produzir paraplegia; Lesões abaixo de L3 e que atinjam a região sacral ou coccígea, podem levar à disfunção vesical e fecal; impotência sexual. Sinais e sintomas: Dependem do nível da lesão, com comprometimento neurológico abaixo desse nível, geralmente com alterações motoras (paralisias ou apenas diminuição de força muscular - paresia) e sensitivas (anestesia, diminuição da sensibilidade e parestesias - formigamento, amortecimento etc.) Como reconhecer: 1 °) Sinais ou sintomas como: Pontos dolorosos, deformidades e hematomas localizados próximos à coluna vertebral. 2°) Alterações neurológicas como: Paralisia de extremidades inferiores e superiores - tetraplegia; Paralisia de extremidades inferiores - paraplegia; Ausência ou diminuição da força (paresia); Ausência ou diminuição de sensibilidade (Parestesia) ou formigamento abaixo da lesão; Paralisia dos músculos intercostais, predominando a respiração diafragmática; Perda de controle dos esfíncteres vesical e fecal (eliminação involuntária de urina e fezes); Priaprismo (ereção persistente do pênis, sem estímulo sexual). Diagnostico: Examinar a coluna vertebral cuidadosamente, com a vítima em posição neutra; em hipótese alguma fletir qualquer segmento da coluna, verificando deformidades, dor, limitação de movimentos e queixa de amortecimento de extremidades ou impossibilidade de movimentação. CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS Objetivo do tratamento: Pré-hospitalar: Imobilização de coluna para prevenir lesões neurológicas adicionais. Tratamento hospitalar definitivo: Cirurgia para redução de fraturas com descompressão medular de raízes. Realinhamento de coluna com fixação externa ou interna. Tratamento: Prevenir agravamento de lesões preexistentes, por manuseio inadequado, na imobilização de toda a coluna vertebral. Imobilização com colar cervical Imobilizador lateral de cabeça Imobilização em tábua longa Encaminhamento ao hospital de referência Imobilização com colar cervical: Escolher o colar cervical de tamanho apropriado, da seguinte forma: Com o pescoço da vítima em posição neutra, usando os dedos, meça da base do pescoço (músculo trapézio) até a base da mandíbula da vítima; O colar cervical apropriado deverá ter a medida encontrada no plástico rígido na sua lateral. Avaliação: Avaliação Vertebral: Examinar toda a coluna vertebral à procura de: Dor localizada Deformidades ósseas Dor à palpação Edemas e equimoses Espasmo muscular Posição da cabeça e dificuldade ou dor ao tentar colocá-Ia na posição neutra Desvio de traquéia Avaliação Medular: Pesquisar alterações neurológicas, sempre comparando um lado com o outro, avaliando: Déficit de força muscular (Paresia), ou seja, diminuição de força ou paralisia uni ou bilateral abaixo da lesão medular; Déficit de sensibilidade (Parestesia), ou seja, alteração sensitiva abaixo do nível da lesão; CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS Diminuição ou ausência de reflexos tendinosos; Disfunção autonômica em que o paciente perde a capacidade de controlar esfíncteres; Paralisia (Para ou tetraplegia); Avaliação do TRM: Vítimas conscientes Solicitar que a vítima movimente suas extremidades-e testar sua força muscular sempre comparando um lado com o outro. Evitar movimento de membros fraturados. Testar a sensibilidade sempre em sentido ascendente e comparando um lado com o outro. Vítimas inconscientes Suspeitar sempre de traumatismo de coluna cervical se a vítima estiver inconsciente devido a TCE. Principais sinais clínicos que sugerem TRM cervical em vítima inconsciente: Ausência de reflexos Respiração diafragmática Flexão apenas de membros superiores Resposta a estímulo doloroso somente acima da clavícula Hipotensão com bradicardia, sem sinais de hipovolemia Parada Cardiorespiratória – Lesões de coluna cervical alta (C1 a C4) podem levar à parada respiratória devido à paralisia de musculatura respiratória – diafragma. Atendimento Intra-hospitalar: Realizar o protocolo para paciente vítima de trauma; Estabelecer via aérea e mantê-la pérvia (controle de coluna cervical); Administrar O2 sob cateter S/N; Monitorar sinais vitais; Puncionar acesso venoso; Manter o paciente calmo e descrever todo o procedimento que irá fazer; Examinar a coluna cuidadosamente com o paciente em posição neutra (deformidades, edemas, equimoses, etc.); Valorizar as queixas de perda de força ou dormência; Realizar sondagem vertical, monitorando o débito urinário S/N; Encaminhar o paciente para exames radiológicas; Mobilizar o paciente sempre em bloco; Administrar medicações prescritas O novo ATLS passa a adotar a regra Canadense para a retirada do colar cervical: paciente consciente, glasgow = 15 e sem dor, já pode tirar o colar cervical; Traumatismo Crânio Encefálico Insulto ao cérebro causado por uma força física externa, podendo produzir uma alteração ou diminuição do nível de consciência resultando em deficiência das habilidades cognitivas ou no funcionamento físico, além de distúrbios emocionais e comportamentais, temporários ou permanentes. CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS Fisiopatologia: A fisiopatologia da lesão cerebral pode ser dividida em duas categorias: a lesão cerebral primária e a lesão cerebral secundária. Lesão cerebral primária: corresponde as lesões que ocorrem no momento do trauma. Essas lesões são decorrentes da transferência de uma energia externa para a região intracraniana e podem estar relacionadas a diversos mecanismos, incluindo o impacto direto; aceleração ou desaceleração rápida; ferimentos penetrantes; ou ondas de explosão. Como resultado, o paciente pode apresentar contusões focais diversas, hematomas ou lesões axonais difusa. Contusões focais: as contusões focais são as lesões mais comumente encontradas em pacientes com TCE, estando presentes em até 30% dos casos. Os locais de ocorrência mais comuns são os lobos temporal e frontal, que são as regiões mais vulneráveis quando há impacto direto. Essas lesões podem evoluir, em curto período de tempo (horas ou dias), para um hematoma intraparenquimatoso com efeito de massa suficiente para exigir rápida intervenção cirúrgica. Hematomas: os hematomas costumam aparecer quando a força externa é distribuída pelas superfícies cerebrais mais superficiais. Podem ser de três tipos: Hematoma Epidural: como o próprio nome diz, corresponde a uma coleção de sangue no espaço epidural – entre a dura-máter e a superfície interna do crânio -, e ocorre devido a lesões nas artérias meníngeas. Estão presentes em cerca de 0,5% dos pacientes com TCE, sendo, portanto, lesões relativamente raras. Tipicamente, assumem um formato biconvexo, estando localizados principalmente na região temporoparietal e, habitualmente, não estão associados a danos cerebrais adjacentes. Hematoma Subdural: localizado no espaço subdural, este hematoma está presente em até 30% dos pacientes com TCE e ocorre geralmente devido a traumas nas veias pontes do córtex cerebral. É uma lesão que costuma assumir o formato do contorno do cérebro, ao contrário do hematoma epidural, que tem uma apresentação mais bem delimitada. Geralmente, os hematomas subdurais estão associados a lesões parenquimatosas concomitantes, sendo, portanto, lesões mais graves. Hemorragia Subaracnóidea (HSA): sangramento que ocorre no espaço subaracnóideo, entre a pia-máter e aracnoide. Lesão Axonal Difusa: também chamada de lesão por cisalhamento, costuma ocorrer após impactos de alta velocidade ou em mecanismos de desaceleração, e corresponde a múltiplas hemorragias pontilhadas localizadas nos hemisférios cerebrais, principalmente nos limites entre a substância cinzenta e branca. Essas lesões costumam apresentar um prognóstico bastante reservado. CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS Classificação quanto a lesão: Ferimento do couro cabeludo: Avaliar: Perda sanguínea Inspeção da lesão Fratura de crânio: - Traumatismo Craniano Fechado Concussão: causam uma disfunção cerebral, sem apresentar fratura do crânio ou feridas na cabeça. -Fratura com Afundamento do Crânio Ocorre quando os fragmentos ósseos são direcionados ao cérebro ou penetram no tecido cerebral subjacente. Fratura de base de crânio: Drenagem de LCR pelo nariz ou pelos ouvidos; Equimose Periorbital (Olho de Guaxinim); Sinal de Battle (Equimose na região retroauricular sobre o mastóide). LESÃO CEREBRAL DIFUSA Respondem pela maior parte das seqüelas crônicas dos TCEs, como perda das funções cerebrais superiores e estado vegetativo. Lesão difusa Concussões - Lesão axonal difusa: Correspondem a microrupturas de axônios na substância branca, nos grandes tratos dos hemisférios cerebrais e do corpo caloso, responsáveis pela associação de áreas corticais distantes e inter- hemisféricas. Consequência: Estado de Coma - Concussão: É a perda imediata da consciência no momento do trauma, mas recuperável em 24 horas ou menos e sem sequelas CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS Lesão focal: Causadas pelo atrito entre o cérebro e o crânio no momento do trauma. Consistem em contusões, hemorragias e hematomas, normalmente exigindo tratamento cirúrgico. TRATAMENTO DE EMERGÊNCIA: As vítimas de TCE devem ser transportadas recebendo oxigênio (a hipóxia agrava o edema cerebral) e com a cabeça elevada em 30 graus, o que facilita o retorno venoso, atenuando o edema. Havendo ferimento, enfaixe a cabeça, porém sem exercer pressão no curativo. À vítima desorientada e agitada, garanta-lhe proteção. Seja gentil, porém firme. (Conteção). PROTOCOLO DE ATENDIMENTO DA VÍTIMA COM TCE: Avaliação Primária: ABC – Vias aéreas, respiração e circulação – Imobilização da coluna cervical; Realização de exame neurológico rápido. AVDI: Alerta, resposta verbal, resposta à dor, sem resposta Avaliação pupilar: simetria e reação à luz Avaliação senso-motora: Simetria motora e sensitiva das extremidades Avaliação Secundária: Inspeção Lacerações Saída de LCR pelo nariz ou ouvido Palpação Fraturas Lacerações com fraturas AVALIAÇÃO INICIAL INTRA-HOSPITALAR O primeiro passo é a obtenção e manutenção das vias aéreas pérvias, por meio das manobras de desobstrução das vias aéreas. (Até definir Via aérea definitiva). Proteção da coluna cervical. Avaliar a respiração e a ventilação através da ausculta pulmonar. Devem-se tentar normalizar os parâmetros hemodinâmicos do pacientes; Realizar exames laboratoriais de emergência (Hb, Ht, tipagem sanguinea e Beta HCG). A avaliação neurológica deve receber uma atenção especial, após serealizar o ABCDE; Deve-se avaliar a ECG, já na admissão, CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS PROTOCOLO DE ATENDIMENTO DA VÍTIMA COM TCE Inspeção das lacerações do couro cabeludo -Presença de tecido cerebral -Afundamento craniano -Perda de substância -Perda de líquor Determinação da escala de coma de Glasgow Palpação da coluna cervical para descartar possibilidade de fraturas Determinação de extensão das lesões Reavaliação contínua, observando sinais de deterioração TRAUMA DE TÓRAX As lesões de tórax são divididas naquelas que implicam em risco imediato à vida e naquelas que implicam em risco potencial à vida. Classificação: Quanto ao tipo de lesão Aberto ou fechado Quanto ao agente causal FAF, FAB, Acidentes Automobilísticos e outros Quanto ao órgão atingido Coração, pulmão, traqueia Quanto à Manifestação Clínica Pneumotórax Hemotórax Hemopneumotórax Tamponamento Cardíaco Contusão Pulmonar Lesão de Grandes Vasos Outros Mecanismo da lesão: Trauma direto Trauma por compressão Trauma por desaceleração (ou contusão) Trauma penetrante Fraturas (Costela, Esterno e Afundamento) São as lesões mais comuns do tórax e assumem fundamental importância, pois a dor causada por elas dificulta a respiração e levam ao acúmulo de secreção. As etiologias mais comuns das fraturas são o trauma direto e a compressão do tórax. Fratura de costela É a mais comum das lesões ósseas da parede torácica, podendo ocorrer isoladamente ou associada a pneumotórax ou hemotórax. Uma particularidade do trauma pediátrico é que as crianças apresentam muito menos fraturas costais pela maior elasticidade dos ossos. Diagnóstico Dor e possível crepitação Radiografia Conduta Analgésicos Anestesia local CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS Afundamento: Estão associadas aos traumatismos mais graves do tórax e frequentemente também de outros órgãos. Define-se como fraturas múltiplas à fratura de dois ou mais arcos costais em mais de um local diferente, fazendo com que essa parte do tórax possa se movimentar de uma maneira diferente do restante (movimento paradoxal do tórax – Tórax Instável). Diagnóstico Presença de movimento paradoxal do tórax Crepitação nos arcos costais à respiração, com intensa dor. Radiografia Conduta Controle da dor e fisioterapia respiratória, sendo que nos casos mais graves é indicada a intubação orotraqueal com ventilação mecânica assistida, além de reposição volêmica. Fratura de esterno: São lesões raras, mas de alta mortalidade. Deve-se seguir a mesma orientação terapêutica do afundamento torácico, com a diferença de que a indicação de fixação cirúrgica com fios de aço é mais frequente devido ao movimento paradoxal intenso e doloroso que pode ocorrer. Pneumotórax: É a presença de ar na cavidade pleural, podendo levar à compressão do parênquima pulmonar e insuficiência respiratória. Classificação Aberto ou Fechado Simples ou hipertensivo Diagnostico: Dispneia Abaulamento do hemitórax afetado Ausência ou diminuição do murmúrio vesicular Estase jugular (hemotórax) Radiografia de tórax Hemotórax É a presença de sangue na cavidade pleural resultante de lesões do parênquima pulmonar, de vasos da parede torácica ou de grandes vasos como aorta, artéria subclávia, artéria pulmonar ou mesmo do coração. Diagnostico: Choque hipovolêmico Dispneia Radiografia de tórax Tratamento: Toracotomia (para introdução do dreno) CUIDADO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIAS E TRAUMAS Referencias: Aula dada pela professora Msc.: Gabrielly Andrade SanarMed
Compartilhar