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UNIVERSIDADE ZAMBEZE FACULDADE DE ENGENHARIA AGRONÓMICA E FLORESTAL DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRONÓMICA MATERIAL DIDÁCTICO DE ENERGIA NA AGRICULTURA Compilado por: Mestre Fernando Nortor Hilário Chare Mocuba, 2020 Contextualização Em muitas zonas de países em vias de desenvolvimento, nomeadamente as zonas rurais como as de Moçambique existem condições ambientais invejáveis que poderiam incrementar a produção e a produtividade a base da aplicação da energia eléctrica provenientes de fontes de energia renóvaveis e energia não renóvaveis, sendo que, muitas vezes se torna quase impossivel alcançar tais objectivos pelo alto custo de fabricação do material que suporta o processo de transformação dessas fontes em energia eléctrica bem como os debates da sustentabilidade do meio ambiente para futuras gerações, ou seja, a exploração dos recursos energéticos geralmente trás problemas ao meio ambiente, afecta a saúde de pessoas, pela poluição do ar e da água, bem como o próprio clima pode ser afectado em decorrência dos gases e do calor liberado no processo de exploração e conversão da mesma energia. Neste contexto, existe desafios inerentes de como desenvolver actualmente de uma forma sustentável usando principalmente os recursos energéticos de fontes não renováveis. SUMÁRIO Conteúdos: Páginas: CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO ................................................................ 9 1.1 Conceitos Gerais ............................................................................ 9 1.1.1 Energia, trabalho, força e corrente eléctrica ................................ 9 1.1.2 Fontes e formas energéticas ...................................................... 11 1.1.3 Energias renováveis e energias não renováveis .......................... 12 1.1.4 conversão e geração de energia ................................................. 13 1.1.5 Exercícios de consolidação do capítulo I .................................... 15 CAPÍTULO II: ENERGIA/FORÇA HUMANA ...................................... 17 2.1 Generalidades .............................................................................. 17 2.2 Energia/Força Humana .............................................................. 18 2.3 Exercícios de consolidação do capítulo II ...................................... 22 CAPÍTULO III: ENERGIA/FORÇA ANIMAL ....................................... 23 3.1 Generalidades .............................................................................. 23 3.2 Animais usados como fonte de energia ......................................... 24 3.3 Custo horário do trabalho animal ................................................ 26 3.4 Exercícios de consolidação do capítulo III ..................................... 31 CAPÍTULO IV: ENERGIA SOLAR ...................................................... 33 4.1 Generalidades .............................................................................. 33 4.2 Princípios de funcionamento ........................................................ 34 4.3 Geração de electricidade (energia eléctrica) .................................. 35 4.3.1 Horas de Sol a Pico (HSP) do inglês hours of peak-sun- condition (PSC). ................................................................................................ 36 4.3.2 Quantidade de energia solar irradiada (Erad). ............................. 37 4.4 Vantagens e desvantagens da energia solar .................................. 37 4.4.1 Vantagens ................................................................................ 37 4.4.2 Desvantagens ........................................................................... 37 4.5 Exercícios de consolidação do capítulo IV ..................................... 38 CAPÍTULO V: ENERGIA HíDRICA .................................................... 40 5.1 Fundamentação ........................................................................... 40 5.2 Princípios de funcionamento ........................................................ 40 5.3 Geração de electricidade (energia eléctrica) .................................. 41 5.3.1 Vazão do canal .......................................................................... 41 5.3.2 Queda ou altura geométrica ...................................................... 42 5.3.3 Perdas de cargas ....................................................................... 42 5.3.4 Potência teórica ........................................................................ 42 5.3.5 Energia eléctrica ....................................................................... 43 5.4 Vantagens e desvantagens da energia hídrica ............................... 44 5.4.1 Vantagens ................................................................................ 44 5.4.2 Desvantagens ........................................................................... 45 5.5 Exercícios de consolidação do capítulo V ...................................... 45 CAPÍTULO VI: ENERGIA EÓLICA ..................................................... 47 6.1 Fundamentação ........................................................................... 47 6.2 Princípios de funcionamento ........................................................ 48 6.3 Geração de electricidade (energia eléctrica) .................................. 49 6.3.1 Turbinas Eólicas de Eixo Vertical (TEEVs) ................................. 50 6.3.2 Turbinas Eólicas de Eixo Horizontal (TEEHs). ........................... 52 6.4 Vantagens e desvantagens da energia eólica .............................. 54 6.4.1 Vantagens ................................................................................ 54 6.4.2 Desvantagens ........................................................................... 54 6.5 Exercícios de consolidação do capítulo VI .................................. 55 CAPÍTULO VII: A BIOENERGIA ........................................................ 56 7.1 Fundamentação ........................................................................... 56 7.2 Princípios de funcionamento ........................................................ 56 7.2.1 Os tipos básicos dos biodigestores ............................................ 57 7.2.1.1 Biodigestores descontínuos .................................................... 57 7.2.1.1.1 Biodigestores descontínuos modelo batelada ....................... 57 7.2.1.2 Biodigestores contínuos ......................................................... 58 7.2.1.2.1 Biodigestores contínuos do modelo indiano ......................... 58 7.2.1.2.2 Biodigestor contínuos modelo chinês ................................... 58 7.3 Geração de electricidade (energia eléctrica) .................................. 58 7.3.1 Combustão de fontes sólidas de biomassa ................................. 59 7.3.1.1 Aquecimento .......................................................................... 59 7.3.1.2 Gaseificação ........................................................................... 59 7.3.1.2.1 Gaseificação direita: ............................................................ 59 7.3.1.2.2 Gaseificação indirecta: ........................................................ 59 7.3.1.3 Pirolise: ................................................................................. 59 7.3.1.4 Fermentação .......................................................................... 60 7.3.2 Combustão de fontes biocombustíveis líquidas .......................... 60 7.3.3 Combustão de fontes biocombustíveis gasosos .......................... 60 7.3.4 Equivalência energética de biogás ............................................. 60 7.4 Vantagens e desvantagens da bioenergia ...................................... 617.4.1 Vantagens ................................................................................ 61 7.4.2 Desvantagens ........................................................................... 61 7.5 Exercícios de consolidação do capítulo VII ................................... 61 CAPÍTULO VIII: ENERGIA DO PETRÓLEO ....................................... 62 8.1 Fundamentação ........................................................................... 62 8.2 Princípios de funcionamento ........................................................ 63 9.2.1 Classificação do petróleo ........................................................... 64 9.2.1.1 Óleos Parafínicos ................................................................... 64 9.2.1.1 Óleos Naftênicos .................................................................... 64 9.2.1.1 Óleos Asfálticos ...................................................................... 64 9.3 Geração de electricidade (energia eléctrica) .................................. 64 9.3.1 O processo de produção de energia eléctrica a partir de derivados do petróleo ........................................................................................ 66 8.4 Vantagens e desvantagens da energia do petróleo ........................ 67 8.4.1 Vantagens ................................................................................ 67 8.4.2 Desvantagens ........................................................................... 67 CAPÍTULO IX: ENERGIA DO GÁS NATURAL .................................... 68 9.1 Fundamentação ........................................................................... 68 9.2 Princípios de funcionamento ........................................................ 69 9.2.1 Classificação do gás natural ...................................................... 69 9.2.1.1 Gás associado ........................................................................ 69 9.2.1.1 Gás não associado ................................................................. 70 9.3 Geração de electricidade (energia eléctrica) .................................. 70 9.3.1 O processo de produção de energia eléctrica a partir de gás natural 71 9.4 Vantagens e desvantagens da energia do gás natural ................... 72 9.4.1 Vantagens ................................................................................ 72 9.4.2 Desvantagens ........................................................................... 73 CAPÍTULO X: ENERGIA DO CARVÃO MINERAL .............................. 74 10.1 Fundamentação ......................................................................... 74 10.2 Princípios de funcionamento ...................................................... 75 10.2.1 Carvão mineral do tipo turfa ................................................... 76 10.2.2 Carvão mineral do tipo linhito ................................................. 76 10.2.3 Carvão mineral do tipo hulha .................................................. 76 10.2.4 Carvão mineral do tipo antracito ............................................. 76 10.2.5 Extracção e transporte ............................................................ 76 10.3 Geração de electricidade (energia eléctrica) ................................. 77 10.4 Vantagens e desvantagens da energia do carvão mineral ............ 77 10.4.1 Vantagens ............................................................................... 77 10.4.2 Desvantagens ......................................................................... 78 10.5 Exercícios de consolidação do capítulo VIII, IX e X ..................... 79 CAPÍTULO XI: MOTORES DE COMBUSTÃO INTERNA (MCI) ........... 80 11.1 Fundamentação ......................................................................... 80 11.2 Partes componentes ................................................................... 84 11.3 Sistemas complementares de M.C.I ............................................ 86 11.3.1 Sistema de Força .................................................................... 87 11.3.2 Sistema de Distribuição dos Gases .......................................... 88 11.3.3 Sistema de Alimentação .......................................................... 89 11.3.4 Sistema de Arrefecimento ........................................................ 90 11.3.5 Sistema de Lubrificação .......................................................... 91 11.3.6 Sistema Eléctrico .................................................................... 92 11.4 Vantagens e desvantagens do Motor de Combustão Interna (MCI) 93 11.4.1 Vantagens ............................................................................... 93 11.4.2 Desvantagens ......................................................................... 93 11.5 Exercícios de consolidação do capítulo XI ................................... 93 CAPÍTULO XII: MOTORES ELÉCTRICOS (ME) ................................. 96 12.1 Fundamentação ......................................................................... 96 12.2 Tipos de Motores Eléctricos (ME) ................................................ 99 12.2.1 Motores de Corrente Contínua - MCC ...................................... 99 12.2.1.1 Motores de Corrente Contínua de Série - MCCS ................... 99 12.2.1.2 Motores de Corrente Contínua de Derivação - MCCD ........... 99 12.2.1.3 Motores de Corrente Contínua Compostos - MCCC .............. 99 12.2.2 Motores de Corrente Alternada - MCA ................................... 100 12.2.2.1 Motores de Corrente Alternada Síncronos - MCAS .............. 100 12.2.2.2 Motores de Corrente Alternada Assíncronos - MCAA .......... 101 12.3 Vantagens e desvantagens do Motores Eléctricos (ME) ............. 102 12.3.1 Vantagens ............................................................................. 102 12.3.2 Desvantagens ....................................................................... 102 12.4 Exercícios de consolidação do capítulo XII ............................... 103 REFERÊNCIAS ............................................................................... 104 Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 9 CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 1.1 Conceitos Gerais 1.1.1 Energia, trabalho, força e corrente eléctrica Pelo princípio de conservação da energia do então químico francês Antoine Lavoisier em 1785, podemos dizer que “Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. Por exemplo, a energia armazenada nos alimentos, faz com que os órgãos do corpo humano funcionem correctamente. Os combustíveis fósseis fazem com que os veículos automóveis se movimentem, entre outros. É difícil ter concessos na definição da energia, mas sabemos que a sua existência possibilita a execução de trabalho, e que o trabalho é a uma relação entre uma força e o seu deslocamento, então, 𝑬 = 𝑻 = 𝑭 ∗ 𝒅, onde a energia apresenta as seguintes características: Não é facil de ser definida, mas é facil de ser percebida; Presente em todos seres vivos; Ela dá a capacidade para a realização do trabalho; Não tem peso, cor muito menos cheiro; Não podemos vê-la directamente; Percebemos suas mudanças e transformações; Existem vários tipos de energia (energias renováveis e energias não renóvaveis); Diversas fontes de energia (petróleo, carvão mineral, vento, sol, água, biomassa, átomos, terra entre outros); Diversas formas de energia (Energia mecânica, energia eólica, energia hídrica, energia solar entre outros), e que as mesmas, são intercambiáveis; Universidade Zambeze-Faculdade de EngenhariaAgronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 10 É muitas vezes medida em joules (J) ou calorias (Cal), Quilowatt- hora (kWh) ou Watt-hora (Wh); Pagamos e lutamos por ela. Por difinição podemos dizer que o trabalho pode apresentar as seguintes características: Envolve a energia gasta para a realização de uma actividade, uma deformação ou o aumento da energia interna; Existem vários tipos de trabalho; É comum ser medido em Joules (J). A segunda lei de Isaac Newton diz que a força resultante que age sobre um corpo deve ser igual ao produto da massa do corpo por sua aceleração, ou seja, 𝑭 = 𝒎 ∗ 𝒂, apresentando as seguintes caracteristícas: É simplesmente um puxão ou empurrão; É uma grandeza vectorial, pois tem módulo (intensidade), direcção e sentido; Pode causar um deslocamento ou uma deformação, em virtude de uma aceleração; Um sistema também pode sofrer alterações em virtude da acção de forças externas; Geralmente é medida em Newtons (N). Todo o movimento ordenado de cargas elétricas (partículas eletrizadas chamadas de íons ou elétrons) dentro de um sistema condutor, o qual apresenta uma diferença de potencial elétrico (ddp) ou tensão elétrica é donominado de corrente eléctrica. A corrente elétrica que transita nos resistores, pode transformar energia elétrica em energia térmica (calor), num fenômeno conhecido como Efeito Joule. A resistência de um fio condutor facilita ou dificulta a passagem Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 11 da corrente elétrica, sendo calculada através da fórmula da Primeira Lei de Ohm (R=U/I). Os principais tipos de corrente eléctrica são: Corrente Contínua (CC): Possui sentido e intensidade constantes, ou seja, apresenta diferença de potencial (ddp) contínua, gerada por pilhas e as baterias. Corrente Alternada (CA): possui sentido e intensidade variados, ou seja, apresenta diferença de potencial (ddp) é alternada, gerada pelas usinas. Os aparelhos eletrônicos, pilhas e baterias, apresentam o polo negativo e o polo positivo, o que explica a diferença de potencial (ddp) presente no circuito de cada um deles. Observe que o sentido da corrente elétrica é caracterizado de duas maneiras: “corrente elétrica real”, ou seja, aquela que possui o sentido do movimento dos elétrons e a “corrente elétrica convencional”, cujo sentido é contrário ao movimento dos elétrons, marcada pelo movimento das cargas elétricas positivas.No Sistema Internacional de Unidades (SI), a intensidade da corrente elétrica é medida em Ampère (A), a resistência em Ohm (Ω) e a tensão elétrica (ddp) é medida em Volts (V). 1.1.2 Fontes e formas energéticas Energia é conservada. Você não a pode criar, você não a pode destruir. Tudo que você pode fazer é muda-la de uma fonte para uma determinada forma, assim sendo, o termo fonte significa a origem da energia, exemplos como, vento, sol, carvão mineral, petróleo, fogo, Homem entre outros, dão origem a energias que serão aproveitadas de uma maneira integral denominadas de formas. Por sua vez os termos fonte e forma trazem com eles os conceitos de energias renováveis e energias não renováveis, onde a questão renovabilidade ou não, dependem: Da escala temporal que é utilizado, isto é, de curto, médio e longo período de utilizaçâo. Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 12 E dos padrões de utilização dos recursos, ou seja, energia comercial ou energia moderna e não comercial ou energia alternativa. 1.1.3 Energias renováveis e energias não renováveis Energias renováveis, são aquelas em que a sua fonte de utilização e uso é renovável, ou seja, possuem a capacidade de serem repostas naturalmente, o que não significam que todas elas sejam inesgotáveis, por exemplo o vento e o sol são permanentes, mais outras como água, podem acabar, dependendo dos modos de utilização pela sociedade, é importante dizer que, nem todas fontes de energias renováveis são limpas e o seu processo de difusão em todo o mundo tem vindo a aumentar ao longo dos anos representando uma parte considerável da produção de energia mundial. Energias não renováveis também denominadas de energias sujas, estas são aquelas em que a sua fonte de utilização e uso poderão esgotar-se em um futuro relativamente próximo, ou seja, a capacidade de reposição na natureza é considerado muito lento mais têm uma tecnologia difundida, fazem parte deste grupo as fontes dos combustíveis fósseis. Fica claro da importância de se perceber mais acerca dos termos fonte e forma, visto que, a energia sofre um percurso mais ou menos longo de transformação, durante o qual uma parte é desperdiçada e a outra, que chega ao consumidor, nem sempre é devidamente aproveitada. Para a campo energético poderemos classificar as fontes de energia em três categorias distintas, como: Fontes de energias antigas ou arcaicas, aquelas cujo o uso vai decrescendo com o tempo, onde se encontram a força humana, a força dos animais, e o uso do fogo; Fontes de energias modernas, aquelas que geralmente dependem da variação do mercado internacional, onde teremos o carvão Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 13 mineral, gás natural, energia nuclear, hidroeletricidade e o petróleo; Fontes de energias alternativas, as que geralmente resolvem os problemas das energias modernas, como o vento, sol, hidrogênio, terra e das marés entre outras. 1.1.4 conversão e geração de energia Qualquer conversão de energia é um determinado fluxo energético é imperfeita, pois alguma energia é usada para facilitar o próprio processo de conversão – daí que a eficiência de conversão é sempre < 100%. A geração de energia, também se transforma energia, mas a preocupação é usar uma fonte existente para produzir uma forma de energia mais disponível de um modo rentável e sustentável. A utilização de energia, requer em geral a transformação de uma forma de energia em outra, mas a preocupação é servir um beneficiário final; a título de exemplo, temos o funcionamento do diagrama do fluxo energético na agricultura, como abaixo são apresentados. Sector industrial Equipamentos agrícolas Produção de defensivos agrícolas Sector de produção Fontes energéticas e Formas energéticas Produtos Agrários Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 14 O Fluxo energético das unidades de transformação demanda avanços tecnológicos proporcionando não apenas a energia desejada, mas também, outras formas que, de maneira geral, podem ser aproveitadasde acordo como elas podem se apresentar na natureza como a seguir são mencionados: Energia Primária é a energia disponível no ambiente natural, fonte primaria de energia; Energia Secundária é a energia pronta para transporte ou transmissão; Energia Final é a energia que o consumidor compra ou recebe; Energia Útil é a energia que é um “input” numa aplicação final. A evolução da agricultura e não só, utiliza diferentes tipos de potências, isto tem sido um desafio na criação de novas soluções energéticas, visando acompanhar o processo, como é ilustrada pela figura 1. Figura 1: Apresenta o uso das energias renováveis e energias não renóvaveis nas diferentes tipos de potências, na qual nós mostra menor uso das energias na potência humana e potência animal e um maior uso das mesmas energias na potência motora principalmente as energias não renováveis POTÊNCIA HUMANA POTÊNCIA ANIMAL POTÊNCIA MOTORA Energias não renováveis Energias renováveis Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 15 1.1.5 Exercícios de consolidação do capítulo I 1. Será verdade que ”Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma” (Lavoisier, 1785). Sim/não justifique a sua resposta. 2. Olhando para as etapas do desenvolvimento social da humanidade, que conclusão podemos chegar quanto ao consumo de energia? 3. Defina energia em diversas vertentes de estudo (áreas)? 4. Existe diferença entre energia e potência? Justifique usando formulas. 5. Quais são os Principais Desafios Na Energia Mundial, e na sua opinião diga como podemos resolver? 6. Para além das diferentes formas/fontes de energia abordadas no decorrer da aula, quais são outras formas/fontes de energia que se manifestam no nosso dia-a-dia? 7. Exemplificar energias primárias, segundárias, final e útil? 8. Quais são as fontes/formas de energia a utilizar que podem garantir o maior desenvolvimento e a segurança alimentar nas condições de Moçambique? 9. Qual é principal fonte de energia da actualidade? 10. Olhando para vida útil (escala temporal), das energias não renováveis, diga qual seria a melhor energia a usar? 11. No mundo de conversão de energia, é recorrente falar da transmissão, distribuição, geração e utilização de energia, qual é a principal diferença existente entre eles? Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 16 12. Quais são os princípios que norteiam a conversão de energia? 13. Descreva exemplos concretos de estágios de conversão de energia de um fluxo de energia numa determinada produção agrícola? 14. Quais são as principais leis que podemos encontrar na conversão de energia? 15. Discutir os terminologias de energias limpas e energias sujas? 16. O uso de fontes renováveis de energia passou a ser encarado como ponto fundamental para a superação das contradições ecológicas do modelo económico actual. Será que as fontes renováveis não poluem o meio ambiente? (fundamente a tua resposta). 17. Mencione os avanços tecnológicos advindo de fontes não renováveis. De o seu contributo nas recomendações que devem ser seguidas para minimizar os impactos ambientais causados por estas fontes. 18. Quando usamos as palavras comercial e não comercial no processo de transformaçâo da energia? 19. Dar Exemplos e mencionar as tecnologias usada no fluxo energetico na agricultura? 20. Fale do “casamento” das energias renováveis e energias não renováveis com a agricultura? 21. Podemos olhar ou não para a agricultura como um factor multiplicador da energia? Justifique a sua resposta. 22. De que factores dependem os sistemas de fornecimento eléctrico? Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 17 CAPÍTULO II: ENERGIA/FORÇA HUMANA 2.1 Generalidades Os conhecimentos científicos relativos ao homem são necessários para a concepção de diverso material, tais como, as ferramentas, os implementos e máquinas, que possam relacionar o homem e o seu trabalho ou vice-versa, com maior conforto, segurança e produtiviade. As primeiras tentativas de medir o dispêndio de energia humana iniciaram nos finais de 1800 através da análise da dieta alimentar de trabalhadores de diferentes áreas, sendo que, mais tarde surgiram outros estudos casos específicos da Ergonomia ou human factors. A Associação Internacional de Ergonomia (IEA), define a Ergonomia como sendo, “o estudo científico da relação entre o homem e seus meios, métodos e espaços de trabalho. Seu objetivo é elaborar, mediante a constituição de diversas disciplinas científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma perspectiva de aplicação, deve resultar numa melhor adaptação do homem aos meios tecnológicos e aos ambientes de trabalho e de vida”. O mesmo congresso adoptou a seguinte classificação: Ergonomia física Considera a carga física que o corpo humano sofre em uma situação laboral analisando factores como: movimentos repetitivos, manipulação de materiais, força excessiva, posturas desfavoráveis. Ergonomia cognitiva Trata do aspecto mental. Pesquisa a capacidade e os processos de formação e produção de conhecimentos em sistema em geral. Ergonomia organizacional Busca um equilíbrio socio-técnico entre as pessoas, incluindo a estrutura organizacional, políticas e processos. É utilizada em três níveis da organização que são: operacional, táctico e estratégico. Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 18 2.2 Energia/Força Humana Capacidade que um indivíduo tem de exercer uma tensão muscular, na determinação da mesma contra determinada resistência, envolve factores mecânicos (aspectos externos), e fisiológicos (aspectos internos). A força humana pode ser classificada quanto á: Natureza, que é a manifestações das forças no mundo exterior que pode ser dividida em: Força pura, algo genuíno que se manifesta de forma natural; Força latente, que não se manifesta exteriormente, precisa de ser trabalhada diariamente; Força útil, àquela que usamos para as nossas actividades no nosso dia-à-dia. Movimento, em mecânica podemos dizer que é mudança de posição no espaço em função do tempo, podendo ser: Estática, parte da mecânica que estuda equilíbrio das forças actuantes sobre os corpos em repouso; Dinâmica, parte da mecânica que estuda as relações entre força e os movimentos por elas produzidas. As operações que exigem competências técnicas (perícias) tal como transplante, sacha, e colheita selectiva de frutas, vegetais e culturas fibrosas, precisam do ser humano como fonte de potência em relação ao animal e máquina, pelas seguintes vantagens: Versatilidade (capacidade de se adaptar facilmente a novas situações); Habilidade (fazer trabalhos de forma competente); Análise (capacidade de ser dinâmico, pode pensar e tomar decisões em tempo real). Em contrapartida, ela é menos conveniente para operações que exigem muita potência bruta como é o caso de transporte de água e lavoura em solos pesados. Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 19 As limitações da energia basal pode-se apoiar no princípio da sobrecarga progressiva, ou seja, do leve para o pesado e do fácil para o difícil. Assim sendo, a energia base de um indivíduo depende: Do tamanho do corpo (correlaciona a natureza da estrutura do Homem, isto é, quando o corpo não tem um peso ideal de acordo com a natureza do mesmo, o trabalho torna-se geralmente menos eficiente); Idade (o número de anos que uma pessoa tem é muito importante para sabermos se é uma criança, jovem, adulto, ou velho); Sexo (masculino e feminino, cada um com suas particularidades e especificações); E factores ambientais (directamente afecta a qualidade do trabalho, através da contaminação água bem como ar, raios ultravioleta, entre outros riscos ambientais da agricultura). A Equação geral para o metabolismo basal, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO): Sendo que: C - Metabolismo basal (kcal/dia); a - Coeficiente, constante para uma dada idade e sexo, cerca de 70; W - Peso do corpo (kg); b - Um expoente que varia de 0,7 a 0,75. De salientar que, as mulheres consomem um pouco menos de energia do que homens. Essa energia é usada para manter nosso organismo em funcionamento, como coração, pulmões e os demais órgãos internos, e também para fornecer alguma capacidade de trabalho externo que é feito bWaC Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 20 durante a realização de actividades cotidianas, exemplo a produção agrícola. Em análise humana é recorrente falar-se de Capacidade de Força (CF) e que a mesma se divide em: Capacidade de Força Máxima (CFM), capacidade que um grupo muscular tem em realizar máximas tensões, onde podemos encontrar, a força estática (equilíbrio entre os aspectos internos e a resistência), e força dinâmica (aspectos internos vencendo a resistência, o trabalho é posetivo ou aspectos internos vencidos pela resistência, o trabalho é negativo); Capacidade de Força Rápida (CFRa), é a relação entre a força e o tempo; Capacidade de Força Resistência (CFRe), capacidade de resistência à fadiga, podendo ser caracterizada por resistência de força aeróbica e resistência de força anaeróbica. Sob ponto de vista de produção de energia, o ser humano é na essência um motor de combustão com regulação automática contra as sobrecargas. Um “ïnput” de energia sob forma de alimentos é convertido para formas úteis de energia tais como trabalho conjuntamente com produtos colaterais como é o caso de calor. Em condições favoravelmente óptimas, o Homem pode produzir de forma sustentável uma potência de cerca de 300 Watts(W), em regiões temperadas enquanto que em regiões tropicais, pode reduzir este valor para uma potência de cerca de 250W. O nosso corpo tem uma eficiência relativamente alta quando faz trabalhos considerados pesados, mas está longe se ser totalmente eficiente. Os métodos preferidos para aplicação da energia humana são através de pedais (30 à 40 revoluções por minuto) ou por um caminhar simulado como acontece com algumas bombas de água. http://axpfep1.if.usp.br/~otaviano/EnergiaCH.htm#_Efici%C3%AAncia_mec%C3%A2nica_do_corpo_humano Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 21 O consumo de energia para as diversas tarefas pode ser estimado a partir da pulsação cardíaca. Este consumo quando correlacionado com a subida da pulsação acima do estado considerado de “descanso” varia de pessoa para pessoa. Conhecida a taxa de consumo, é possível estimar o tempo de repouso a partir da seguinte equação da FAO: Sendo que: Tr - tempo de repouso (minutos/hora); E - potência fornecida pelo Homem (Watts). É Importante dizer que: A taxa de consumo de energia que exceda os 250-300 W não pode ser sustentável, num ser humano, por um período longo. Um período de descanso será necessário para o organismo se recuperar, isto porque, elevadas taxas de consumo podem ser mantidas só por períodos curtos; Observar cuidado especial às articulações sujeitas à carga, em especial à coluna vertebral; Realizar um trabalho muscular isotônico, prioritariamente quando se tratar de crianças e adolescentes; O rendimento dos trabalhos depende, em boa medida, da motivação e da coordenação; O consumo de oxigénio e o dispêndio de energia, estão muito ligados; A energia despendida é essencialmente derivada do alimento que está sendo utilizado pelo corpo. E E Tr 1500060 Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 22 2.3 Exercícios de consolidação do capítulo II 1. Qual é a importância no uso da fonte de energia humana para actividade agrária? 2. Olhando para o consumo de oxigénio e taxa do coração para vários níveis de trabalho, em breve trecho explique o aumento ou redução deles em função dos diferentes trabalhos? 3. Quais são as principais diferenças que existem nos gastos de energia de um homem e uma mulher? 4. Numa mulher e num homem qual deles resiste mais a actividades agrícolas. Justifique? 5. Calcule o metabolismo Basal de uma mulher e de um homem segundo os seguintes dados apresentados (Peso da mulher = 75 Kg e Peso do Homem = 80 Kg). 6. Qual é o factor mais relevante a ter em conta no cálculo do metabolismo basal? 7. Suponha que duas estudantes da FEAF do curso de engenharia agronómica estão a fazer trabalhos diferentes. Uma delas (Paula) está lavrando com uma enxada estando a produzir uma taxa bruta 270-280W e a outra (Marcia) está a fazer sulcagem com uma taxa bruta 285-300W. Quais serão os intervalos de descanso que cada uma delas precisará para a realização da actividade em causa? 8. Que impacto tem o estudo da ergonomia na actividade de produção agrícola? Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 23 CAPÍTULO III: ENERGIA/FORÇA ANIMAL 3.1 Generalidades A tracção animal é muito importante para o processo produtivo, pois, alguns agricultores passam directamente da fase de trabalho da enxada de cabo curto para fase de trabalho tractorizado, este aspecto é negativo para o processo produtivo. O animal, é considerado como um “motor” que transforma a energia obtida em alimentos em trabalho mecânico. Por muitos séculos os animaisajudaram o homem em diversas actividades tais como: Montaria (para fazer equitação, ou mesmo, para caça e provimento do exército); Movimentação (transporte de pessoas, bens e serviços de um lugar para outro); Na irrigação (para a condução de água e bombas de puxar água nos poços); Na tracção de equipamentos agrícolas (usados como potência de implementos para produção agrícola). Para o caso do nosso país que é caracterizado maioritariamente pela prática da agricultura de subsistência e com pouca capacidade financeira para a obtenção das tecnologias avançadas para a produção, faz com que em algumas regiões usem a tracção animal como uma tecnologia válida para a produção em relação a tecnologia tractorizada pelos seguintes motivos: Autodeslocamento (não usam fontes de energias não renováveis, vulgarmente conhecidos como combustíveis fósseis); Grande adaptabilidade (utilizado praticamente em qualquer solo e em actividades específicas); Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 24 Declividade (trabalham em terrenos com inclinação acentuada, onde os tractores dificilmente trabalham); Preço de aquisição relativamente baixo (são mais baratos em comparação ao preço de compra de um tractor); Capacidade de reprodução (facilidade de aumento do efectivo animal em propriedades rurais, pois, consomem alimentos lá produzidos); Melhor qualidade do serviço (maior/melhor utilização da mão- de-obra nos campos de produção agrária); O actual nível de crescimento de adopção da tracção motora (uso de tractores), como principal tecnologia para a produção agrícola, mostrou o quanto a tracção animal pode ter alguns constrangimentos taís como: Descanço (alguns períodos de trabalho não são totalmente aproveitados pelo animal); Alimentação (deve se prover a alimentação do animal durante todo dia); Baixa eficiência (afectado por factores ambientais como calor excessivo, estado de saúde do animal através da existência da mosca tsé-tsé, diarreias, cataratas, lombrigas, peste, caraças, inflamação na garganta e tosses); Desempenho (pese embora o custo do investimento é baixo, se comparado com alternativas tecnológicas como o tractor mecânico têm movimento mais lento em relação a este). 3.2 Animais usados como fonte de energia Nesta tentativa de ajudar os agricultores do sector familiar das zonas rurais, proporcionando condições de trabalho dento de suas capacidades naturais, surgiu as políticas governamentais de incentivo à uso da tracção animal através da utilização de animais como, Equinos(cavalos, Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 25 burros), Bubalinos(bufalos), Muares(Mulas) e Bovinos (Bois). Como vimos existem diferentes espécies de animais que podem ser utilizados nos serviços de tração animal sendo que a escolha do melhor, dependem geralmente das seguintes características básicas: Devem ser pesados; Devem possuir caixa torácica bem desenvolvida; Devem ser baixos e compridos; Devem possuir boa estabilidade; Devem ser dóceis. Como base nas características já citadas, pode-se dizer que, os cavalos são mais exigentes quanto ao tratamento e a alimentação, trabalham mais rapidamente, porém, com menos esforço e tracção, adaptando-se a solos planos e leves. O búfalo exerce maior força, sendo mais lento. Mulas e burros são extraordinariamente resistentes a fadiga e menos exigentes na alimentação. Os bois além de desenvolverem maior quantidade de força de tracção, são menos exigente na alimentação, trabalham bem em solos irregulares. Dentro desse panorama da utilização dos animais para a produção agrícola, em Moçambique geralmente uso da tracção animal está exclusivamente reservado ao gado bovino, pelos motivos já apresentados nas particularidades deste animal. Segundo O Inquérito Agrícola Integrado que decorreu de 2002 à 2012 sobre a tutela do então Ministério da Agricultura (MINAG), o actual Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MADER) , diz que, Moçambique dispunha de cerca de mais de 1,5 milhão de efectivos de gado bovino, uma das mais baixas taxas da África Austral. O mesmo inquérito diz que o uso da tracção animal é mais aproveitado nas províncias do Sul e Centro do país, onde há maior criação daquela espécie de animais, e que, alegadamente as baixas taxas do uso destes animais nas explorações agrícolas é devido: Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 26 Falta de dinheiro para a sua aquisição (demasiada burocracia no crédito agrário para produtores que praticam a agricultura de subsistência, para compra dos animais); Doenças diversas que afectam os animais (existência de mosca tsé-tsé na zona norte do país); Tabus e mitos (quebrar esta barreira de algumas regiões, onde a mulher não podem ser proprietária de gado bovino, principalmente em familias chefiadas por mulheres). Evolução da mecanização agrícola (avanços tecnológicos e a invenção de máquinas nomeadamente o tractor que facilita o movimento dos órgãos activos de máquinas e implementos); Extensão agrária (baixo conhecimento do funcionamento da força animal). 3.3 Custo horário do trabalho animal Geralmente a actividade agrária precisa de um investimento inicial, que muitas vezes a solução para viabilizar este tipo de actividade tem recaido ao crédito agrário para a sua operacionalização. É neste pretexto de ideias que surgiu, o custo horário do trabalho animal, ou seja, aqueles custos que estão ligados ao investimento feito a um certo animal numa determinada propriedade rural ou não, durante o processo de produção agrária. Fazem parte do custo horário do trabalho animal os seguintes elementos: Depreciação (D): perda de valor ou desvalorização por factores como idade ou doença do animal, entre outros. Sendo que: T CC D 21 Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 27 D - depreciação por hora trabalhada; C1 - custo inicial ou de aquisição dos animais; C2 - custo final após a vida útil; T - tempo de vida util expressa em horas equivalentes de trabalho (n° de anos x n°de horas efectivas de trabalho por ano). Juros (J): valor percentual por recebimento de um animal, num crédito agrário. Sendo que: J - juros por hora trabalhada; Ca - custo actual dos animais (Valor de mercado); i - taxa de juros (para actividades agropecuárias); t - número de horas efectivos de serviço dos animais durante o ano; Taxa de abrigo (Ab): construção destinada a repouso dos animais. Sendo que: Ab - taxa de abrigo por hora trabalhada; Kb - percentual de Ca para estimativa de Ab (Kb = 0,01 – 0,02); Ca - custo actual dos animais; t - número de horas efectivas de serviço dos animais durante o ano. i t C J a a b b C t K A Universidade Zambeze-Faculdadede Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 28 Taxa de cercas (Ac): valor da demarcação que rodeia um terreno onde se faz a pastagens dos animais. Sendo que: Ac - taxa de cerca por hora trabalhada; Kc - percentual de Ca para estimativa de Ac (Kc = 0,01 – 0,04); Ca - custo actual dos animais; t - número de horas efectivas de serviço dos animais durante o ano. Despesas de alimentação (A): valor integral do gasto com alimentação dos animais, onde podemos destacar, alimentação com pasto e forragem (Af), alimentação com ração (Ar), alimentação suplementação da mistura de sal (As) e é representando pela seguinte formula: Alimentação com ração de forragem (Af): Sendo que: Af - despesas com ração de forragem por hora de serviço; Cm - consumo diário de forragem por junta de bois; a c c C t K A spf AAAA d t PC A fm f Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 29 d - número de dias de trabalho por ano; Pf - preço com ração de forragem; t - número de horas efectivas de serviço dos animais durante o ano. Alimentação com ração de pastos (Ap): Sendo que: Ap - despesas com ração de pastos por hora serviço; CP - consumo diário com ração de pasto por junta de bois; Pp - preço com ração de pastos; d - número de dias de trabalho por ano; t - número de horas efectivas de serviço dos animais durante o ano. Alimentação com suplementação da mistura de sal (As): Sendo que: AS - despesas com suplementação da mistura de sal por hora serviço; Csg - consumo diário de sal grosso por junta de bois; Psg - preço de sal grosso por junta de bois; Csm - consumo diário de sal mineral por junta de bois; d t PC A pp p d t PCPC A smgmsgsg S Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 30 Psm - preço de sal mineral; d - número de dias de trabalho por ano; t - número de horas efectivas de serviço dos animais durante o ano. Despesas Veterinárias (DV): valor destinado ao tratamento de doenças dos animais. Sendo que: Dv - Despesas veterinárias por hora trabalhada; n - número de meses de aluguer por ano; f - aluguer por cabeça/mês; Kv – percentual da alimentação para estimativa de Dv (Kc = 0,02 – 0,05); t - número de horas efectivas de serviço dos animais durante o ano. Despesas com o tratador (T): valor destinado a pessoa que cuida dos animais nesse caso o pastor entre outros. Sendo que: T - Despesas com tratador por hora de serviço; S - Salário mensal do tratador (incluindo encargos sociais); t - Numero de horas efectivas de serviços por ano. Vv K t fn D 2 t S T 6,012 Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 31 Logo somando todos os custos anteriores, chegaremos ao custo/hora do trabalho animal, apresentado pela seguinte formula: 3.4 Exercícios de consolidação do capítulo III 1. De que depende a capacidade de força de um animal usado para actividades agrícolas? 2. De uma forma resumida, fale das especificações da capacidade de potência dos principais animais usados na tracção? 3. De uma forma extensiva, aborde sobre diferentes energias que podemos encontrar em animais usados em campos de produção? 4. Discuta os implementos de tracção animal? 5. Quais são as principais causas que fazem com que os animais não conseguem extrair toda Energia Bruta (EB) durante a sua alimentação? 6. Seja capaz de elaborar um plano de crédito agrário para um determinado animal, com o propósito de análisar o custo horário do trabalho animal? 7. Na sua opinião é possivel ou não, determinar o Custo/hora do trabalho animal se faltar um elemento da formula? Justifique. 8. Ilustrar os principais grupos de animais usados na tracção animal? 9. Complete o quadro seguinte com as características de cada tipo de animal usado na tracção animal? TDAAAJDhoraCusto vcbanimal / Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 32 Características Animais Cavalos Bovinos Mulas e burros Búfalos Terreno 1. 2.Solos Pesados 3. 4. Velocidade 5. 6. 7. 8.Lentos Tracção 9. 10. 11.Menos força 12. Raça 13. 14.Brahman 15. 16. Alimentação 17.Mais exigente 18. 19. 20. Fadiga 21. 22. 23.Resistentes 24. Temperamento 25. 26.Dóceis 27. 28. Nb: coloque mais características que possam ajudar na interpretação/análise com mais detalhe dos animais, por exemplo, se para o animal Boi existir outras raças para além da Brahman, então podes acrescentar no respectivo quadradinho, por assim em diante para todas características de todos animais aqui representados. Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 33 CAPÍTULO IV: ENERGIA SOLAR 4.1 Generalidades No contexto geral a energia solar é aquela proveniente do Sol, e é a origem de toda a energia que consumimos na Terra, então podemos concluir que, é a principal fonte de energias renováveis e de energias não renováveis. O sol como fonte de calor e luz, é uma das fontes de energia mais promissoras para enfrentar as crises energéticas deste milênio, uma vez que existem várias técnicas em constante evolução para o aproveitamento desta fonte energética, taís como : O aquecimento solar (geração de calor, assim pode ser usado, nos trabalhos domésticos, na actividade agrária, bem como nas diferentes áreas encontradas no nosso dia-à-dia). A energia solar fotovoltaica (conversão directa da luz em electricidade, por meio de painéis solares, mundialmente, o uso da mesma, vem tomando impulsos e se popularizando cada vez mais em virtude de sua confiabilidade , versatilidade , durabilidade e baixo custo de operacionalização); A energia heliotérmica (conversão indirecta da luz em electricidade, ou seja, utiliza o calor do sol para gerar vapor de água que em seguida gera energia eléctrica através de uma turbina); A arquitetura solar (desenho estrutural de certos edifícios, para melhor uso do sol nas épocas de inverno e verão); Fotossíntese artificial (aplica todos os processos de fotossíntese natural, isto é, converte dióxido de carbono e água em carboidratos e oxigénio, utilizando a radiação solar para produção de outros Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didácticode Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 34 tipos de energia que podem ser aproveitados nas actividades diárias do homem. Os colectores solares (onde a energia solar é capturada por sistemas estáticos e dinâmicos, para fins de aquecimento de volumes fluidos incompressíveis). 4.2 Princípios de funcionamento O princípio de funcionamento da energia solar, depende basicamente do proveitamento da radiação solar emitida pelo sol e que chega à terra, se bem que nem toda a energia chega a superfície terrestre, como nos ilustra a figura 2. Figura 2: A energia total que atinge uma determinada área da superfície da terra não é a mesma quatidade de energia inicialmente emitida pelo sol, onde podem ocorrer fenómenos climáticos como, absorção e reflexão desta quantidade de radiação na superfície, atmosfera e nuvens. A utilização da energia solar, está directamente ligado ao modo de como os raios solares são capturados, convertidos e distribudos, assim sendo, os principais métodos e sistemas do princípio de funcionamentos da energia solar são: Método directo: significa que há apenas uma transformação para fazer da energia solar um tipo de energia utilizável pelo homem, por Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 35 exemplo, através de uma lâmpada incandescente, até mesmo para funcionamento dos nossos electrodomésticos; (transformação fotovoltáica); Método indirecto: significa que precisará haver mais de uma transformação para que surja energia utilizável (transformação heliotérmica); Sistema passivo: depende basicamente na arquitectura; Sistema activo: directamente ligados aos métodos, pois necessita de um equipamento para transformar os raios solares em energia térmica ou eléctrica. 4.3 Geração de electricidade (energia eléctrica) Os programas de electrificação rural têm se voltado na actualidade para o emprego de sistemas conversores das energias renováveis, tais como sistemas fotovoltaicos, por serem considerados como uma alternativa tecnicamente viável para a geração eléctrica, é neste nível de ideia que se vai infatizar a energia solar fotovoltaica, estes sistemas são capazes de gerar energia elétrica através das chamadas células fotovoltaicas. As células fotovoltaicas são geralmente montadas em módulos ou painéis solares fotovoltaicos. Módulos ou painéis solares fotovoltaicos, são dispositivos normalmente produzidos a partir de material semicondutor de silício que convertem a energia luminosa diretamente em energia elétrica em corrente contínua (CC), os quais, quando expostos à radiação solar funcionam como geradores de energia elétrica num princípio físico denominado efeito fotovoltaico. A real capacidade de geração de energia dos módulos fotovoltaicos varia linearmente com a luminosidade incidente e inversamente com o aumento da temperatura, sendo a potência produzida nestas condições expressa em Watts de horas de Sol a Pico. Assim, em dias de céu limpo poderá atingir até 60%, e em dias totalmente nublados deverá ser menor que 10% da luz incidente, podemos dizer que, a real capacidade de Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 36 geração de energia dos módulos fotovoltaicos varia de acordo com as épocas do ano, casos de Moçambique considera duas épcas verão e inverno. 4.3.1 Horas de Sol a Pico (HSP) do inglês hours of peak- sun- condition (PSC). É a unidade que mede hipoteticamente a irradiação solar, com um valor constante de 1000 W/m2 = 3,6 MJ/m2 =1 kWh/m2. Matematicamente representado pela conversão seguinte: Também é possível representar a HSP graficamente, como ilustra a figura 3. Figura 3: Distribuição horária da radiação solar em dias de céu limpo, onde demostra claramente que a horas de Sol a Pico é atingida entre das 10 – 14 horas, com um valor constante de 1000 W/m2, como já vimos antes estas horas de Sol a Pico estão dependentes do sol de verão e do sol de inverno, ou seja, nem sempre o total diário da radiação captada pelo painel solares fotovoltaicos dará o valor constante já referenciado, outro sim é que, o valor máximo que um painel solares fotovoltaicos pode captar por cada metro quadrado é de 1000W. 2 2 6,3 1 1 1 3600 1 1000 HSP 1 MJ/m W J/s h s m hW 0 200 400 600 800 1000 1200 0 5 10 15 20 25 W /m 2 Horas do dia Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 37 4.3.2 Quantidade de energia solar irradiada (Erad). É a soma integral da energía incidente em cada dia, mês ou ano dependendo dos objectivos a que se pretente alcançar, salientar que, para os dias a energia solar irradiada é considerada o valor máximo da radiação captada pelo painel solares fotovoltaicos, enquanto que o mês é o somatório dos valores máximos diários da radiação e assim por diante. Este processo culminará com a determinação do Estes dois processos (HSP e Erad), culminará com a determinação do Potencial de Radiação Solar (Tpsc) de um determinado local num determinado mês, cuja fórmula é: TPSC = 𝑬𝒓𝒂𝒅 𝟏𝟎𝟎𝟎 . Este parâmetro expressar- se em (horas/dia) ou (kWh/m2/dia). 4.4 Vantagens e desvantagens da energia solar 4.4.1 Vantagens Baixo custo de manutenção (depois da instalação do equipamento, basicamente teremos o custo com a limpeza e a vida útil dos mesmos equipamentos é considerado longa, pois podem chegar em torno dos 25 anos); É viável nas zonas tropicais (em países tropicais como Moçambique é praticável o seu uso em quase todo o território). Tem mair uso nas zonas rurais (a sua utilização em pequena escala não obriga a enormes investimentos em linhas de tansmissão); 4.4.2 Desvantagens Alto custo (pese embora o custo da sua manutenção é considerada baixa, a fabricação e instalação dos painéis solares ainda é muito elevado, fazendo com que essa fonte ainda não esteja a ser explorada como se devia); Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 38 Armazenamento da energia solar (existe variações nas quantidades produzidas de acordo com a situação climática, por outras, se estamos no verão ou inverno). 4.5 Exercícios de consolidação do capítulo IV 1. Olhando para os conceitos da energia limpa e energia suja, é correcto dizer, que a energia solar não provoca danos ambientais podendo ser considerada uma fonte de energia limpa. Justifique? 2. Qual desses usos abaixo apresentados vem tornando crescente, em todo o mundo, o aproveitamento energético da radiação solar e porque? A) A electricidade e a mecânica. B) A electricidade e o automotiva. C) A electricidade e a térmica. D) A electricidade e a sustentabilidade.3. Nesta época do ano com o aumento da temperatura ambiente, o que acontece com a eficiência da captação dos painéis solares, aumentam ou diminuem? Justifique a sua resposta. 4. Faça uma descrição mais extensiva do aquecimento solar activo versus passivo? 5. Em quantos e quais os grupos de tecnologias de captura de energia solar? 6. Analisar e preencher com termos que completam os números na tabela? Classificações Dispositivo de Conversão Principal Aplicação Maior Produtor Térmica 1 Aquecimento de água 2 3 Células 4 EUA Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 39 7. A figura abaixo, interpreta a distribuição horária da irradiação solar num dia sem nuvens. a) Quantas horas do dia serão necessárias para fazer a colecta da radiação? b) Determine o valor das horas de sol a pico? c) Quantidade de energia solar irradiada? d) Potencial de Radiação Solar ? Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 40 CAPÍTULO V: ENERGIA HíDRICA 5.1 Fundamentação Energia hídrica, àquela que é obtida a partir da energia potencial de uma massa de água. Embora o planeta terreste ser maioritariamente composta pela água, só 2,5 % é água doce, responsável para geração de energia eléctrica que também é utilizada para nossas actividades diárias. O restante da percentagem está destribuida em água salgada, gelo e neves permantes. A energia hídrica é uma das formas de energia que começou a ser utilizada há mais tempo, as antigas civilizações tiravam partindo da morfologia do terreno para elevar a água e utilizá-la posteriormente na agricultura, em terrenos de regadio. Os Romanos começaram a utilizar a roda hidráulica para moagem dos cereais, sistema que veio a ter grande utilização mais tarde. Já no século XX, a energia hídrica começou a ser aproveitada para produção de energia eléctrica.A contribuição da energia hídrica para a produção nacional de energia eléctrica varia significativamente, uma vez que depende das afluências hidrológicas. 5.2 Princípios de funcionamento Moçambique tem um enorme potencial hídrico , onde uma parte é usada para geração de energia eléctrica através de grandes usinas hidrelétricas como as que podemos encontrar na hidroeléctrica de Cahora Bassa na província de Tete no centro do país. A disponibilidade deste recurso depende de certa maneira do funcionamento ciclo hidrológico, vide a figura 4. http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_el%C3%A9trica http://pt.wikipedia.org/wiki/Usinas_hidrel%C3%A9tricas Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 41 Figura 4: Este permanente movimento da água entre os continentes, oceanos e a atmosfera deve-se ao sol, que fornece a energia para elevar a água da superfície terrestre para a atmosfera (evaporação), e à gravidade, que faz com que a água condensada se caia (precipitação) e que, uma vez na superfície, circule através de linhas de água que se reúnem em rios até atingir os oceanos (escoamento superficial) ou se infiltre nos solos e nas rochas, através dos seus poros, fissuras e fraturas (escoamento subterrâneo). Nem toda a água precipitada alcança a superfície terrestre, já que uma parte, na sua queda, pode ser interceptada pela vegetação e volta a evaporar-se. 5.3 Geração de electricidade (energia eléctrica) Potencial hidroélectrico, é a capacidade de aproveitamento da água para transformação energética, sendo determinada por variáveis de medição como, vazão ou caudal do canal, altura ou queda geométrica, perdas de cargas, potência teórica disponível e finalmente a energia eléctrica gerada. 5.3.1 Vazão do canal É o volume dado em metros cúbicos e o tempo em segundos, representado pela seguinte formula: 𝑸 = 𝑽 𝒕 Sendo que: Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 42 Q - vazão (m3/t); V - volume (m3). 5.3.2 Queda ou altura geométrica Compreende dois reservatórios mantidos em níveis constantes, com características para desprezar perdas de cargas, possue um comprimento e diâmetro e apresenta as seguintes categorias de classificação: Baixíssima (altura menor que 10 metros - H < 10 m); Baixa (altura maior que 10 metros e igualmente menor que 50 metros - 10 < H < 50 m); Média (altura menor que 50 metros e igualmente maior que 250 metros - 50 < H < 250 m); Alta (altura menor que 250 metros - H < 250 m); 5.3.3 Perdas de cargas Considerar as perdas de cargas nas tubulações, turbinas, e no gerador, com uma eficiência de aproximadamente 77% para turbina e de 95% para o gerador. Representada pela seguinte formula: 𝑷𝒄 = 𝟕, 𝟏𝟔 × 𝑸 × 𝑯 Pc - perdas de cargas (kW) Q - é a vazão de um canal permanente (m3/s); H: altura geométrica (m); 5.3.4 Potência teórica Representada por dois pontos através dos quais se mede o caudal e a sua altura geométrica. Sua formula: 𝑾𝒅𝒊𝒔𝒑 = 𝟏𝟎𝟎𝟎 × 𝒈 × 𝑸 × 𝑯 Sendo que: Wdisp - potência teórica (W); Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 43 g - corresponde à aceleração gravitacional. (9,81 m/s²); Q - é a vazão de um canal permanente (m3/s; H: altura geométrica (m). 5.3.5 Energia eléctrica É o movimento ordenado de cargas elétricas em horas de funcionamento de uma determinada turbina produzindo uma potência constante, pode ser determinada pela seguinte formula: 𝑬𝒅𝒊𝒔𝒑 = 𝑾𝒅𝒊𝒔𝒑 × 𝒕 Sendo que: Edisp - energia diponível ou energia eléctrica (W-h); Wdisp - potência teórica (W); t - tempo de uso (h). Como vimos nos conteúdos já abordados, precisa de uma turbina, que é uma maquina rotativa que converte em energia mecânica a energia de pressão e cinética de um fluxo água. Essa energia mecânica é transferida através de um eixo movimentado pela ação da água em sua corrente. Os principais modelos existentes são: Turbina Pelton, foi criada em 1980, pelo cientista Americano Allan Lester Pelton, é constituída por uma roda de pás em formas de conchas. Turbina Francis, foi criada em 1847, pelo engenheiro Britânico James Bicheno Francis, considerada uma turbina de reação, funciona com uma diferença de pressão entre os dois lados do rotor. Turbina Kaplan, foi criada em 1913, pelo professor austríaco Victor Kaplan, o fluxo de água tem direção radial no distribuidor, Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare44 aproximadamente axial na entrada do rotor, suas turbinas utilizam formas de hélice, porém na qual as pás têm passo regulável no funcionamento, o que atribui um custo elevado. A figura 5, apresenta a energia gerada pelo sistema de usinas hidroeléctricas. Figura 5: A energia primária de uma hidroeléctrica é a energia potencial gravitacional da água contida numa represa elevada. Antes de se tornar energia elétrica, a energia primária deve ser convertida em energia cinética de rotação. O dispositivo que realiza essa transformação é a turbina. Ela consiste basicamente em uma roda dotada de pás, que é posta em rápida rotação ao receber a massa de água. O último elemento dessa cadeia de transformações é o gerador, que converte o movimento rotatório da turbina em energia . 5.4 Vantagens e desvantagens da energia hídrica 5.4.1 Vantagens Desenvolvimento socioeconómico (os reservatórios são excelentes armazenadores de água potável e também ajudam http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_cin%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_cin%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Gerador Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 45 na construção de infraestruturas, que são usados para diferentes actividades das comunidades, principalmente as das zonas rurais). Viabiliza a segurança energética (dá suporte a outras formas de energia como, solar e eólica, pois a usina hidroeléctrica se torna um meio eficiente de geração de energia eléctrica); 5.4.2 Desvantagens Conflito de terras (os projectos hidroeléctricos geralmente ocupam extensas áreas, que muitas vezes retira as comunidades nativas das suas zonas de vivência); Clímax (a formação de grandes reservatórios de água provocando profundas alterações nos ecossistemas, como perda significativa de peixes com o passar do tempo); Cheias (ocasionam o alagamento de terras e o deslocamento de populações ribeirinhas, mais tarde poderá afectar a vegetação por causa da erosão de solos destes locais); 5.5 Exercícios de consolidação do capítulo V 1. Nos aspectos técnicos a ter em conta num possível aproveitamento hidroeléctrico, diga qual é o papel principal da Hidrologia? 2. Quais são as possíveis razões que levam uma maior utilização da energia hídrica em comparação com energia solar em Moçambique? 3. Quais são as principais hidroeléctricas que podemos encontrar em Moçambique, não se esqueça falar da localização, das Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 46 características (aspectos posetivos e negativos para o local onde foi instalada), modelo de turbina que usa e a capacidade de geração energética? 4. Hipoteticamente elaborar dados matemáticos que possam analisar as variáveis de medição de um potencial hidroélectrico? Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 47 CAPÍTULO VI: ENERGIA EÓLICA 6.1 Fundamentação O vento vem da palavra latina aeolicus, relativa à Eolo, Deus dos ventos na mitologia grega, logo, a energia eólica como as demais já tem sido utilizado desde a antiguidade nas seguintes actividades: Moinhos de Vento (ao mover suas pás captavam o vento que posteriormente era usados nas actividades domésticas, exemplo para moer grãos transformando em farinha para fazer o pão, na bombagem de água e drenagem de canais); Navegação (mover os barcos impulsionados por velas); Actualmente eles são também usados para gerar electricidade e são chamados de turbinas eólicas vulgarmente conhecidos como aerogeradores. A energia eólica, é a energia obtida pela acção do vento, ou seja, através da utilização da energia cinética gerada pelas correntes atmosféricas. Essa energia também vem do Sol, que aquece a superfície da Terra de forma não homogénea, gerando locais de baixa pressão e locais de alta pressão, fazendo com que o ar se mova gerando ventos. A utilização dessa fonte para geração de electricidade, em escala comercial, começou nos anos 70, quando se acentuou a crise do petróleo no mundo. Diferentemente da Europa onde vento é a fonte renovável de maior sucesso para gerar electricidade, em Moçambique geralmente usamos em actividades meramente domésticas. Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 48 6.2 Princípios de funcionamento A energia eólica é uma forma de energia solar, gerada pela circulação da atmosfera da terra, em determinados padrões, como resultado de aquecimentos geograficamente diferenciados das massas de ar, pela radiação solar. Ver a figura 6. Figura 6: As regiões tropicais, que recebem os raios solares quase que perpendicularmente, são mais aquecidas do que as regiões polares, consequentemente, o ar quente que se encontra nas baixas altitudes das regiões tropicais tende a subir, sendo substituído por uma massa de ar mais frio que se desloca das regiões polares. O deslocamento de massas de ar determina a formação dos ventos. A energia dos ventos é bastante irregular pós a Terra experimenta momentos de poucos ventos, muitos ventos e até há regiões que nem ao menos venta por isso não é possível utilizar a energia eólica como uma fonte contínua de energia e a alternativa mais viável é a instalação de sistemas que a armazenem. A força do vento aplicada angularmente às pás da turbina ou aerogrerador, resulta numa força centrífuga que faz girar o eixo da mesma, que por sua vez, através de sistemas de transmissão mecânica (ou de conversão eléctrica), gera potência mecânica (ou eléctrica). Os principais componentes para que aconteça este processo num sistema Universidade Zambeze-Faculdade de Engenharia Agronómica e Florestal -FEAF Material didáctico de Energia na Agricultura – compilado por Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 49 eólico são, o vento (a fonte), aerogerador (estrutura completa), torre (estrutura de suporte, onde encontramos fixados o rotor e nacele), rotor (estrutura onde se localiza as pás, responsável pelo inicio de todo o processo eólico), nacele ou nacela (estrutura onde se encontra o gerador e o anemômetro, responsáveis em converter a energia mecânica de rotação das pás em energia eléctrica e medir a velocidade instantânea do vento respectivamente). Estes e mais componentes são resumidos no esquema abaixo. De salientar que a quantidade teórica máxima de energia eólica que pode ser colhida pelo rotor é aproximadamente 59%. Este valor é conhecido como o Limite de Betz. Se as pás fossem 100% eficientes, a turbina não funcionaria, porque o ar, perdendo toda a sua energia, pararia de se movimentar. Na prática as eficiências dos rotores variam entre 35% e
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