Buscar

Tecnologia, informação e comunicação em segurança pública 09

Prévia do material em texto

- -1
TECNOLOGIA, INFORMAÇÃO E 
COMUNICAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA
DISQUE-DENÚNCIA
- -2
Olá!
Ao final desta aula, você será capaz de:
10- Reconhecer a origem, o movimento, a central, o anonimato, a recompensa e o funcionamento;
2- Avaliar a polícia e a imprensa neste processo.
Nossa disciplina trata do uso das Tecnologias de Informação e Comunicação em Segurança Pública e é
exatamente por esse fato que não podíamos deixar de falar do uso da telefonia no auxilio a Segurança Pública.
Neste contexto, a ferramenta que melhor explicita o uso desta tecnologia é o Disque-Denúncia. Ele foi criado para
auxiliar a polícia no esclarecimento de crimes, através do recebimento de ligações anônimas da população e
conforme foi ganhando credibilidade, passou a receber as mais variadas demandas que, mesmo não sendo
voltadas ao crime, guardam relação direta com os sentimentos de insegurança e medo da população. Nesta aula,
iremos estudar esta poderosa “ferramenta meio”, pois não se esgota no texto produzido pelo atendente, ela
necessita de outros processos como a ação direta da polícia na verificação da informação para gerar resultado.
1 A origem da Operação Rio
O uso da tecnologia telefônica para recebimento de ligações anônimas, sobre práticas criminosas, com objetivo
de auxiliar a polícia, no esclarecimento de crimes, passou por diversos momentos e sofreu mudanças em sua
trajetória.
Sua origem vem de uma iniciativa do Exército Brasileiro, sendo posteriormente incorporada pela Secretaria de
Segurança Pública do Rio de Janeiro e, atualmente, tem participação da sociedade civil.
Na década de 1990, temos a ascensão da criminalidade e crescentes crises das instituições de Segurança Pública,
além disso, surge a junção entre , caracterizando uma profunda mudança na tráfico de drogas e armas
.dinâmica da criminalidade e da violência na cidade do Rio de Janeiro
- -3
A “Operação Rio” foi responsável por várias ações e estratégias, desencadeando o que hoje conhecemos como a
Central Disque-Denúncia do Rio de Janeiro. O convênio consistia na intervenção das Forças Armadas na cidade
(através do Comando Militar do Leste) e na condução de uma ação que pretendia reverter o quadro de
criminalidade e violência em que se encontrava o estado.
Resumindo, foi a ocupação das áreas consideradas perigosas, principalmente favelas, pelas Forças Armadas, por
policiais militares e civis do Rio de Janeiro.
Logo após o início da “Operação Rio”, durante um almoço, o chefe da seção de informações do Comando Militar
do Leste, teve a intenção de criar um serviço de “disque-denúncia”, esta nova ferramenta teria a finalidade de
receber informações que subsidiariam as ações da “Operação Rio”.
“Eu quero criar aí o disque-denúncia pra receber as denúncias da população sobre a “Operação Rio”
que nós vamos desencadear.”
Eu falei: - “Tá bom pode contar comigo, vamos analisar”. (Cel. Romeu Ferreira)
Após está determinação, em novembro de 1994, começou a funcionar o Disque-Denúncia do Comando Militar do
Leste. Com uma estrutura simples composta de uma pequena sala onde havia 1 mesa e 3 cadeiras, nela
trabalhavam diariamente cabos e sargentos do exército, que cumpriam um plantão de 24 horas.
Durante o dia eram cerca de 3 militares responsáveis por atender as ligações e apenas 1 à noite. Todas as
informações eram registradas e enviadas ao chefe da seção de inteligência para posteriormente serem
encaminhadas aos órgãos responsáveis para a realização das ações policiais.
O número 253-1177 (que recebia em média 80 ligações diárias) foi adotado para receber as informações durante
a intervenção e transformou-se no número definitivo da Central Disque-Denúncia como conhecemos hoje,
acrescido do número 2 no início (inclusão do 8º dígito para atender ao plano nacional de numeração da Anatel).
Fique ligado
Dois acontecimentos que marcaram para sempre a história e a memória da cidade, foram as
chacinas da Candelária e de Vigário Geral.
Neste cenário de crise e desordem, em outubro de 1994, foi firmado um termo de cooperação
entre a União e o estado, originando a “ ”.Operação Rio
- -4
2 Segunda fase da “Operação Rio”
Na segunda fase da “Operação Rio”, em janeiro de 1995, a central foi transferida do Comando Militar do Leste
para o CISP (Centro de Inteligência da Segurança Pública).
Paralelamente, também em janeiro de 1995, um grupo de empresários reuniu-se, preocupado com o aumento
dos índices de criminalidade do Rio de Janeiro, sobretudo os casos de sequestro.
Em conversa com o Governo os empresários ofereceram ajuda, a ideia era mais ou menos criar uma “Central de
Defesa do Cidadão”, uma espécie de central telefônica que poderia receber ligações anônimas. A ideia
apresentada foi inspirada em um programa criado em setembro de 1976, na cidade de Albuquerque (Novo
México, EUA) intitulado Crime Stoppers.
O programa tem por objetivo obter informação por membros da sociedade que, em parceria com a polícia e a
mídia, procuram auxiliar na resolução de crimes.
Ele tem como característica principal configurar-se na preservação absoluta do anonimato de quem liga, assim
como o pagamento de recompensas a quem fornecer informações ou ajudar a esclarecer um crime.
O princípio do programa é: sempre há alguém que possui uma informação que pode ajudar a resolver um crime.
3 Transformando o serviço
Há 3 razões que fazem com que as pessoas NÃO contribuam com a polícia:
• medo ou represália;
• apatia;
• resistência em se envolver.
Logo, o programa Crime Stoppers romperia com as resistências apresentadas, dando oportunidade para os
cidadãos, anonimamente, fornecerem informações sem a necessidade de procurar a polícia ou servindo de
testemunha em um tribunal.
O projeto foi escrito e adaptado à realidade do Rio de Janeiro e apresentado a Secretaria de Segurança Pública.
O nome de confiança que gerenciou o projeto foi José Antônio Borges Fortes, o Zeca Borges, ele e o grupo de
empresários foram apresentados ao Disque-Denúncia que já funcionava no âmbito da Secretaria de Segurança
Pública.
“Fui, então, à Secretaria de Segurança. O próprio general me trouxe, e na visita, na reunião, eu
descobri que aqui, no 16º andar, tinha um negócio chamado “Disque-Denúncia”, um negócio bem
•
•
•
- -5
antipático; “Disque-Denúncia”, uns telefoninhos pretos binados, e que ficavam os policiais
atendendo... eram binados, foi a minha primeira briga, em que as pessoas atendiam e anotavam num
livro, acho eu, as denúncias. Já era eficiente, mesmo assim...”
(Zeca Borges, Coordenador Geral da Central Disque-Denúncia)
O primeiro passo do novo projeto foi a transformação do serviço em anônimo, ou seja, as primeiras mudanças
começaram a ser feitas.
Historicamente toda mudança provoca resistência, assim aconteceu, a Polícia Militar e Civil resistiram e
administraram mal inicialmente, como nos diz Zeca Borges.
Figura 1 - O gaúcho Zeca Borges está à frente do serviço de informação do Rio de Janeiro desde sua criação há 15 
anos
4 A criação do Disque-Denúncia
Foi entre março e abril de 1995 que o Disque-Denúncia iniciou suas operações de forma bem simples, uma
central de atendimento telefônica com 8 posições e cerca de 6 pessoas trabalhando por turno.
- -6
Além do grupo de atendentes, que agora eram civis, havia a equipe de difusão, grupo de policiais que foram
aproveitados por trabalharem anteriormente no CISP e que assumiam a missão de encaminhamento das
informações que chegavam por telefone.
Sem interrupção do serviço que já ocorria desde a “Operação Rio”, no período de abril a julho de 1995, foi
elaborado um projeto de marketing, com o objetivo de divulgar a nova Central à população, seria um
“lançamento”.
Em 1º de agosto de 1995, estava criada oficialmente a Central Disque-Denúncia do Rio de Janeiro - “a arma do
cidadão”.
5 A estrutura do Disque-Denúncia
A estrutura do Disque-Denúncia funciona baseada em 3 pilares:
A população contribui com informação anônima, a polícia realiza as investigações e a mídia divulga.- -7
6 A Polícia
Sem a polícia, um sistema nos moldes do Disque-Denúncia não seria possível. Ela é um dos alicerces do sistema.
Como já vimos, o Disque-Denúncia é uma “ferramenta meio”, logo é um serviço caracterizado por não ser
diretamente responsável por seus resultados, ele colhe as informações e repassa para a polícia.
Existe uma dependência direta com os órgãos que investigam as informações colhidas pela central de
atendimento.
Se for investigado inadequadamente haverá perda de credibilidade por parte do Disque-Denúncia com a
população, tamanha a dependência da polícia.
No início do Disque-Denúncia, a relação foi conturbada, com resistência por parte da polícia.
Criou-se um imaginário de que esta nova ferramenta poderia representar um rompimento no monopólio das
informações até então restritas às polícias e gerou receio de que o sistema poderia ser usado para denunciar
abusos e desvios de conduta, bem como, ser usado para pressionar as polícias na realização do seu trabalho.
Neste contexto, a falta de uma diretriz ou ordem explícita que determinasse a investigação das informações
recebidas da central, fez com que, inicialmente, as denúncias ficassem em segundo plano.
7 A relação entre a coordenação do Disque-Denúncia e as 
principais autoridades no campo da Segurança Pública
Ano a ano, a coordenação do Disque-Denúncia aproxima-se estreitando laços com as principais autoridades
(Podemos citar os chefes de polícia e os comandantes gerais, bem como, os secretários de segurança) no campo
da Segurança Pública.
Essa aproximação tem como objetivo solicitar que eles orientem seus quadros sobre a importância de verificar
as denúncias e deixar bem claro que o Disque-Denúncia é mais uma ferramenta de trabalho para auxiliar o
policial com informações.
Com o tempo esta parceria foi ganhando forma, ao ponto de policiais, no ato da operação, serem auxiliados com
informações oriundas da população que ligava para o Disque-Denúncia, seja da central ou da unidade. Estas
denúncias ajudavam de imediato os policiais no palco de operações.
Os batalhões de Polícia militar disponibilizaram para a população um número de telefone que fica no serviço
reservado P/2 para receberem denúncias de sua área de atuação
O que observamos é um sistema mútuo de cooperação e parceria e quem ganha com isso é a população. Ela ajuda
denunciando, a central informando e a polícia buscando a veracidade da informação.
- -8
8 A Imprensa
O terceiro pilar da estrutura do Disque-Denúncia é a mídia. Ela dá visibilidade e credibilidade para o serviço,
divulgando o telefone para denúncia anônima e noticiando através das matérias de jornal, rádio e reportagens de
TV, as ações policiais originadas pelas denúncias anônimas.
A central do Disque-Denúncia procura manter um relacionamento próximo à mídia, toda vez que uma denúncia
é confirmada, a gerência de comunicação e projetos redige um release sobre a ocorrência, mencionando a ação
policial e dá ênfase em garantir que a informação partiu do banco de dados do Disque-Denúncia.
O release é divulgado para os jornais, as revistas, as TVs e os órgãos de imprensa em geral.
Quarta-feira, 12 de junho de 2013
Polícia estoura bingo clandestino na Zona Sul
Policiais do 19º BPM estouraram, na tarde desta quarta-feira, um bingo clandestino que funcionava na Rua
Barata Ribeiro, 399, em Copacabana. No endereço, foram apreendidas 13 máquinas e 4 apostadores foram
conduzidos à 12ª DP, mas liberados após prestarem esclarecimentos.A ação aconteceu a partir de uma
informação passada ao Disque-Denúncia (2253-1177).
Modelo de extraído do site do Disque-Denúncia.release
Sexta-feira, 7 de junho de 2013
Ação da PM recolhe 1 kg de cocaína em favela de Santa Cruz
Policiais do 27º BPM apreenderam, na tarde desta sexta-feira, 1 kg de cocaína na Comunidade do Cesarão em
Santa Cruz. Além da droga foram apreendidos 2 jogos de marcadores alfabéticos utilizados na marcação de
chassi veicular, 1 granada, 130 trouxinhas de maconha, 11 rádios, 2 baterias e 1 balança de precisão.
A polícia recebeu informações do Disque-Denúncia (2253-1177) e foi ao local.
Modelo de extraído do site do Disque-Denúncia. release
Toda essa divulgação em massa realizada pela central acaba por gerar divulgação da ocorrência na mídia, seja
em uma chamada de TV, uma notícia no Rádio, uma matéria de jornal ou em um plantão de internet.
A denúncia, que apresenta resultado, uma vez divulgada, representa o desencadeamento de mais chamadas
telefônicas sobre o assunto em questão ou sobre outras demandas relacionadas e gera credibilidade à central.
Esta parceria tornou comum a divulgação do número 2253-1177 como um serviço de utilidade pública,
aparecendo em telejornais, sendo anunciado em rádios e também nas seções de telefones úteis, onde são
divulgados serviços como o 190 da Polícia Militar, 193 do Corpo de Bombeiros, entre outros.
- -9
9 Conclusão
O que observamos, nesta aula, foi o esforço de transformar um relato, uma história, contada por uma pessoa, em
um acontecimento, ou seja, a saída do abstrato para o concreto que deu credibilidade e confiança ao Disque-
Denúncia.
Ainda verificamos que desde sua idealização pelos militares até os dias atuais, um longo caminho foi percorrido
e foi necessário vencer resistências de todos os envolvidos no processo, principalmente da polícia que é a
responsável pelo resultado.
Enfim, o uso dessa tecnologia tem sido uma ferramenta importantíssima na mão do cidadão, que anonimamente
manifesta-se contrário à criminalidade, ganhando novamente voz no combate ao crime.
O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você vai estudar:
• A rede INFOSEG.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Reconheceu a origem, o movimento, a central, o anonimato, a recompensa, o funcionamento;
• Avaliou a polícia e a imprensa neste processo.
•
•
•

Mais conteúdos dessa disciplina