Buscar

O Farmacêutico que edificou a Farmácia Clínica no Brasil

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 9 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 9 páginas

Prévia do material em texto

O Farmacêutico que edificou a Farmácia 
Clínica no Brasil 
 
 
 
Por Mariana Müller 
 
 
A farmácia clínica moderna começa com o final da Segunda Guerra Mundial com 
o lançamento de diversos fármacos e a introdução de uma tecnologia 
farmacêutica de produção em larga escala. Com essa mudança, os 
farmacêuticos começam a repensar o currículo dos cursos de Farmácia, 
principalmente nos Estados Unidos. O eixo da profissão começa a mudar da 
manipulação para a assistência aos usuários. 
 
O termo “Farmácia Clínica” adquiriu 
popularidade a partir da segunda metade da 
década de 1960 e a prática surgiu no 
ambiente hospitalar, onde existe supervisão 
contínua do paciente. A preocupação com o 
usuário de medicamentos surgiu, também, 
com uso indiscriminado da talidomida e as 
consequências nefastas que isso provocou, 
na mesma época. Começam a surgir nessa 
ocasião ciências como a 
Farmacoepidemiologia e a 
farmacovigilância, que aumentam a 
segurança dos usuários. 
 
 
No Brasil essa mudança não veio imediatamente, uma vez que a formação 
contemplava as áreas de análises clínicas, industrial ou de alimentos. As 
disciplinas clínicas, como a farmacologia clínica, farmacoterapia e semiologia, 
simplesmente inexistiam na prática, enquanto disciplinas como química 
orgânica, química analítica e físico-química dominavam o ciclo básico. Essa 
situação perdurou até as décadas de 1970 e 1980, quando farmacêuticos de 
hospitais-escola começaram a introduzir novas ferramentas de dispensação, 
como a dose unitária e as atividades clínicas, em suas rotinas de trabalho. 
 
 
Em 1977 o professor Aleixo Prates foi convidado pelo reitor da Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte, professor Domingos Gomes de Lima, para 
modernizar o Niquifar, laboratório-escola que funcionava nas dependências do 
curso de Farmácia, como campo de estágio para os alunos da habilitação em 
indústria. O objetivo era desenvolver um projeto que resultasse na completa 
reestruturação da farmácia do antigo Hospital das Clínicas, o que incluía a 
ampliação do laboratório de farmacotécnica magistral e a implantação de um 
serviço de farmácia clínica. Para viabilizar esse projeto, o professor Aleixo 
convidou alguns farmacêuticos e também alguns alunos do último período do 
curso de Farmácia, entre eles Tarcísio José Palhano. 
O movimento da Farmácia Clínica ganha projeção através da utopia de um 
verdadeiro farmacêutico Dom Quixote, o professor Dr. Tarcísio José Palhano. 
Foi no Hospital das Clínicas da UFRN, em 15 de janeiro de 1979, que o primeiro 
Serviço de Farmácia Clínica no Brasil foi oficialmente implantado, conforme 
“Termo de Instalação”, lavrado, na ocasião, para documentar tão importante 
feito. Naquela mesma oportunidade, foi criado o primeiro Centro de Informação 
sobre Medicamentos (CIM) do Brasil, vinculado à Farmácia Clínica, visando, 
principalmente, a dar o suporte técnico-científico indispensável ao adequado 
desempenho das ações que passariam a ser executadas pelos farmacêuticos. A 
primeira informação fornecida, por escrito (contra-indicações do Trilergon em 
pacientes com enfermidade cardiovascular), data de 23 de janeiro de 1979. 
 
Sim caro leitor, é isso mesmo que você leu, 
o nascimento da farmácia clínica no Brasil 
ocorreu no Rio Grande do Norte, e o Prof. 
Dr. Tarcísio José Palhano é um dos 
pioneiros, portanto qualquer novato de 
Curitiba – PR, não seria pai de coisa alguma 
relacionada. 
 
Atualmente, o grande desafio da Farmácia Clinica está fundamentalmente em 
transportar os conceitos e ferramentas teóricas para o dia-a-dia do profissional, 
não somente nos hospitais mas também no varejo, passando pela mudança 
cultural dos próprios farmacêuticos, pela valorização da profissão perante a 
sociedade, os demais profissionais de saúde, e principalmente pelos 
administradores de sistemas de saúde e órgãos governamentais. 
Em entrevista exclusiva ao Instituto de Pós-Graduação para o mercado 
Farmacêutico – ICTQ, o veterano Prof. Dr. Tarcísio José Palhano, mostra que a 
profissão farmacêutica vive um grande movimento, apesar dos constantes 
 
 
 
enfrentamentos com que lida para concretizar o sonho da consolidação da 
atuação clínica do farmacêutico. 
ICTQ - Já é conhecido que o Sr. implantou primeiro serviço de Farmácia 
Clínica e o primeiro Centro de Informação sobre Medicamentos do Brasil. 
Como foi esta experiência e como ela evoluiu no decorrer dos anos? 
Tarcísio José Palhano - Foi uma experiência desafiadora, até porque nem 
mesmo eu sabia o que era farmácia clínica. Iniciei prestando concurso para 
professor do curso de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
(UFRN). Em seguida, fui para São Paulo, com o objetivo de ganhar experiência 
em farmácia hospitalar e aprender a conviver em equipe de saúde. Fui recebido, 
inicialmente, pelo professor José Silvio Cimino, diretor da farmácia do Hospital 
das Clínicas da Universidade de São Paulo, à época, a maior expressão da 
Farmácia Hospitalar no Brasil. Depois, pelo Dr. George Washington Bezerra da 
Cunha, diretor técnico da farmácia do Instituto do Coração (Incor), onde 
permaneci por cerca de cinco meses. As atividades que lá desenvolvi, como 
participação em sessões clínicas no grupo de válvula, elaboração de textos 
sobre medicamentos, aconselhamento ao paciente ambulatorial sobre o uso de 
medicamentos, etc, muito me ajudaram nessa etapa inicial de formação, em 
1978. Depois, fui para o Chile, onde me especializei em farmácia clínica, tendo 
a professora Inés Ruiz como orientadora. 
Em janeiro de 1979, retornei para Natal, juntamente com a professora Inés, que, 
na condição de professora visitante, nos ajudaria no processo de implantação 
do serviço. Foi assim que, em 15 de janeiro de 1979, tive a honra de implantar o 
primeiro serviço de Farmácia Clínica do Brasil e o primeiro Centro de Informação 
sobre Medicamentos (CIM), ambos no Hospital das Clínicas da UFRN, hoje, 
Hospital Universitário Onofre Lopes. Desde então, passei a chefiar os dois 
serviços. 
Como a professora Inés ficaria em Natal por apenas três meses, tratei de 
constituir uma equipe. Inicialmente, convidei Lúcia Costa, que depois ficou mais 
conhecida como Lúcia Noblat, e Ivonete Araújo, ambas colegas de turma, a 
respeito das quais tinha as melhores impressões, pela convivência que tivemos 
durante os quatro anos de curso de Farmácia. A ideia era aproveitar o máximo 
possível a presença da professora Inés entre nós. No mesmo ano, as duas foram 
encaminhadas para o Chile, onde também se especializaram em Farmácia 
Clínica. 
A partir daí, começamos as nossas atividades clínicas, na quarta disciplina de 
clínica cirúrgica (IV DCC), com a Dra. Lúcia, pela abertura que nos foi dada pelo 
Dr. Onofre Lopes da Silva Jr., professor e cirurgião muito bem conceituado na 
instituição, e que chefiava a disciplina e a clínica, ao convidar-nos para integrar 
a sua equipe. Em seguida, a Dra. Ivonete foi incorporada à gastroenterologia, 
disciplina e serviço dirigidos pelo Dr. Carlos Fonseca. Por fim, eu me integrei à 
pneumologia, disciplina e serviço coordenados pelo Dr. Elmano Marques. Isto 
quer dizer que, ao longo do ano da implantação, nos integramos completamente 
a três diferentes serviços e às suas equipes, e passamos a desenvolver as 
 
 
nossas ações de farmacêuticos clínicos. Ao mesmo tempo, éramos 
responsáveis pelo fornecimento de informações, sempre que demandados, e na 
medida da disponibilidade dos parcos recursos bibliográficos de que 
dispúnhamos em nosso CIM. 
Passados dois anos da implantação, decidimos abrir as portas para que 
profissionais de outros estados, de outros serviços, pudessem nos visitar e, 
assim, conhecer e avaliar aquilo que estávamos fazendo. Foi assim que, em 
1981, realizamos o 1º Seminário Brasileiro de Farmácia Clínica, do qual 
participaram 111 professores, farmacêuticos e estudantes de 14 estados 
brasileiros. Também participaram desse evento dois consultores internacionais 
em Farmácia Clínica: o Dr. JuanRobayo, da Universidade de Oklahoma, e o 
Dr. Thomas Moore, da Universidade da Carolina do Norte, ambas nos Estados 
Unidos da América. Isso só foi possível graças a um convênio que existia entre 
o Ministério da Educação e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, o BID. 
Os dois consultores tinham a missão de avaliar o nosso desempenho como 
farmacêuticos clínicos. Como a avaliação em geral, inclusive deles, foi muito 
favorável, nos sentimos estimulados a realizar outro evento, também de âmbito 
nacional. Passados outros dois anos, em 1983, ministramos o 1º Curso Brasileiro 
de Farmácia Clínica, que contou com a participação de 18 farmacêuticos, de 7 
estados brasileiros. 
Em 1984, fizemos algumas alterações no currículo do curso de Farmácia da 
UFRN, as quais foram implementadas a partir de 1986. As principais mudanças 
consistiram no aumento da carga horária do Estágio Supervisionado 
Farmacêutico, que passou de 45 para 360 horas, e a criação da disciplina 
Farmacologia Aplicada, com 120 horas. Essas mudanças despertaram nos 
estudantes o interesse pela área clínica, uma vez que possibilitaram uma 
sensível ampliação nos conhecimentos a respeito de muitas doenças e seus 
respectivos tratamentos, fundamentais para um adequado desempenho no 
estágio, que vinha logo a seguir, e que era essencialmente direcionado para o 
acompanhamento de pacientes hospitalizados, isto é, para a efetiva prática da 
Farmácia Clínica. 
O exercício da Farmácia Clínica nos trouxe importantes avanços e conquistas, 
entre os quais destaco o convite do Ministério da Saúde para sediarmos, em 
Natal, cursos de especialização em farmácia hospitalar para o controle de 
infecção hospitalar, atividade ainda incipiente no país, em relação à participação 
de farmacêuticos, uma vez que havia absoluta carência de formação nessa área. 
Foram oito edições, de 1985 a 1992. Participaram desses cursos 191 
farmacêuticos dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal. Posso dizer, sem 
qualquer sentimento de arrogância, que esses cursos, além de mudar a história 
da farmácia hospitalar no Brasil, despertaram, em muitos dos participantes, o 
interesse pela Farmácia Clínica, parte integrante do programa. Não saberia 
precisar quantos farmacêuticos se especializaram nessa área e passaram a ser 
multiplicadores, seja como docentes, formando novas gerações de 
farmacêuticos clínicos, seja como farmacêuticos, atuando em serviços clínicos 
por todo o país. 
 
 
Participamos de centenas de eventos por todo o Brasil, e em 16 países. Foram 
conferências, palestras, aulas, cursos, mesas-redondas, etc, com o grande 
objetivo de divulgar a Farmácia Clínica e estimular outros colegas a enveredar 
por essa área. 
Desenvolvemos atividades docentes para estudantes dos cursos de Medicina, 
Enfermagem, Nutrição e Odontologia da nossa universidade, sempre na 
perspectiva de divulgar as atribuições clínicas do farmacêutico e fomentar o 
interesse pelo trabalho em equipe. 
 
Em 1995, tive a honra de coordenar o 
primeiro concurso sobre aconselhamento 
ao paciente realizado no Brasil, atividade 
inexistente nos currículos dos cursos de 
farmácia do País. Foram muitas outras 
ações e atividades desenvolvidas por nossa 
equipe durante todos esses anos. Elas 
produziram incontáveis bons frutos. E é 
isso que nos dá a certeza do dever 
cumprido. 
 
ICTQ - Quais foram as principais transformações que o Sr. viu acontecer, 
especialmente na Farmácia Clínica no Brasil? 
Tarcísio José Palhano - Eu gostaria que a evolução tivesse sido muito mais 
rápida, mas isso não aconteceu. O exercício da farmácia clínica requer muitos, 
especializados e profundos conhecimentos, além de um ambiente de equipe e 
de uma estrutura de serviço que possibilite ao farmacêutico não estar envolvido 
com atividades administrativas e/ou burocráticas, de modo a poder se dedicar 
por inteiro à prática das atribuições clínicas. Felizmente, a partir de 2012, com 
as mudanças ocorridas no Conselho Federal de Farmácia, a farmácia clínica 
passou a ser item prioritário na pauta da nova diretoria, sob a Presidência do Dr. 
Walter da Silva Jorge João. Em junho daquele mesmo ano, o CFF realizou a 1ª 
Oficina sobre Serviços Farmacêuticos em Farmácias Comunitárias. Participaram 
daquele evento cerca de 40 profissionais, entre professores de diversas 
universidades do país, ligados à área clínica, farmacêuticos, representantes de 
sociedades e associações profissionais e científicas, representantes de órgãos 
públicos, entre outros. Posso assegurar que esse foi o primeiro de tantos outros 
eventos que se seguiram e de tantas ações desencadeadas pelo CFF que 
 
 
 
alavancaram, definitivamente, de maneira irreversível, a farmácia clínica no 
Brasil. 
ICTQ - Quais são as resoluções que amparam a farmácia clínica no país 
Tarcísio José Palhano - De uma maneira muito resumida, destaco as 
resoluções nº 585 e nº 586, ambas de 2013, que dispõem, respectivamente, 
sobre as atribuições clínicas do farmacêutico e sobre a prescrição farmacêutica. 
A elaboração dessas resoluções contou com as participações de assessores 
técnicos e da Presidência do CFF, além, é claro, das comissões e grupos de 
trabalho afins, e de outros setores envolvidos com a construção de todas as 
resoluções daquele órgão. Tivemos, ainda, a competente ajuda de uma equipe 
de consultores ad hoc, especialistas na área clínica, de várias universidades do 
país, formada a partir da elaboração do relatório da 1ª oficina, antes 
mencionada. 
ICTQ - O senhor pode ressaltar as principais atribuições clínicas do 
farmacêutico? 
Tarcísio José Palhano - Até como forma de demonstrar o total 
comprometimento da diretoria do CFF com a área clínica, foi criado o Profar, que 
é o Programa de Suporte ao Cuidado Farmacêutico na Atenção à Saúde. Uma 
das primeiras ações do Profar constou da elaboração do manual “Serviços 
farmacêuticos diretamente destinados ao paciente, à família e à comunidade – 
contextualização e arcabouço conceitual”, documento norteador do programa. 
Desse manual constam alguns serviços que podem ser disponibilizados nos 
diferentes lugares de trabalho do farmacêutico, no Brasil, incluindo a farmácia 
comunitária. Sob essa perspectiva, e sem a pretensão de esgotar o tema, os 
serviços elencados foram: rastreamento em saúde, educação em saúde, 
dispensação, manejo de problemas de saúde autolimitados, monitorização 
terapêutica de medicamentos, conciliação de medicamentos, revisão da 
farmacoterapia, gestão da condição de saúde e acompanhamento 
farmacoterapêutico. Isto quer dizer que, ao prestar qualquer um desses serviços, 
o farmacêutico estará desempenhando atribuições clínicas, sejam elas dirigidas 
ao paciente, sejam dirigidas à família, sejam dirigidas à comunidade. 
ICTQ – O Sr. atualmente é presidente da Sociedade Brasileira de Farmácia 
Clínica no Brasil. Qual é o propósito da SBFC? Como ela pode contribuir 
na evolução dos profissionais e dos serviços farmacêuticos? 
Tarcísio José Palhano - A Sociedade Brasileira de Farmácia Clínica (SBFC) foi 
criada em fevereiro de 2017, especialmente para agregar professores e 
farmacêuticos que atuam na área clínica. Naquela ocasião, eu recebi dos 
colegas a honrosa missão de ser o seu primeiro presidente. A nossa primeira 
ação foi produzir um documentário sobre a origem da farmácia clínica no Brasil, 
lançado em novembro passado, em Foz do Iguaçu, durante o I Congresso 
Brasileiro de Ciências Farmacêuticas. Desde então, ele tem sido apresentado 
em diversos outros eventos, sempre na perspectiva de que seja melhor 
conhecida a verdadeira história da farmácia clínica no Brasil, bem como de 
 
 
estimular novos farmacêuticos a enveredar por esta área. Para este ano de 
2018, está previsto o lançamento de um livro com o mesmo título do 
documentário. 
Também fazem parte da nossa pauta, a criação das regionais, a participação e 
realização de eventos, a certificação e o credenciamento de cursos, a prova de 
título de especialista, o lançamento de artigos basilaressobre a farmácia clínica, 
entre outros. Estamos confiantes e esperamos que, em fevereiro de 2019, a nova 
diretoria receba uma sociedade bem estruturada, bem organizada e em 
condições de crescer e de se consolidar, cada vez mais, como uma entidade 
madura, apesar de jovem, que bem represente e conduza o segmento da 
farmácia clínica no Brasil. 
ICTQ - Qual é a leitura que o Sr. faz com relação a redes de farmácias 
fazerem uso dos serviços clínicos farmacêuticos para ampliarem suas 
atuações no mercado? 
Tarcísio José Palhano - Partindo da premissa de que, com o advento da Lei nº 
13021/2014, a farmácia passou a ser considerada um estabelecimento de 
saúde, acredito ser o lugar que oferece mais oportunidades, mais possibilidades, 
de o farmacêutico prestar serviços clínicos à população. A capilaridade desses 
estabelecimentos, por todos os rincões do País, nos credencia a pensar assim. 
 
Como profissionais da saúde, devemos 
pensar, antes de mais nada, em acolher bem 
aqueles que nos procuram e disponibilizar 
serviços clínicos para o indivíduo, a família 
e a comunidade, pois é para isso que nós 
existimos. O nosso foco é prevenir doenças 
e promover a saúde e o bem-estar da 
população. 
 
ICTQ - Qual é a sua mensagem para os novos farmacêuticos que querem 
desenvolver suas carreiras na área clínica? 
Tarcísio José Palhano - Antes de mais nada, que se filiem à Sociedade 
Brasileira de Farmácia Clínica, pois será ela que irá nortear a prática da farmácia 
clínica no Brasil. Depois, que procurem se certificar se a clínica é mesmo a área 
da Farmácia que pretendem abraçar. E, se assim o for, que estudem muito e se 
dediquem bastante, por inteiro, pois se trata de uma atividade muito nobre, que 
 
 
 
exige muita dedicação. E é por isso mesmo que, sem qualquer demérito às 
demais áreas de atuação do farmacêutico, é a que mais gratifica o profissional. 
Mais sobre o Dr. Tarcísio Palhano 
Tarcísio José Palhano é farmacêutico-bioquímico, formado pela Universidade 
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em 1977. Professor-adjunto 
aposentado das disciplinas farmácia clínica, farmacologia aplicada, estágio 
supervisionado farmacêutico e deontologia e legislação farmacêutica, no curso 
de Farmácia, da mesma universidade (1978-2012). Especialista em Farmácia 
Clínica pela Universidad de Chile, tendo realizado estágios em farmácias 
hospitalares de diversos hospitais da França. Implantou o 1º Serviço de 
Farmácia Clínica e o 1º Centro de Informação sobre Medicamentos (CIM) do 
Brasil, no Hospital das Clínicas, atual Hospital Universitário Onofre Lopes, em 
Natal/RN, em 1979. Foi consultor de várias instituições de saúde do Brasil e 
integrante de muitas comissões nacionais, na área farmacêutica. Coautor de 
várias publicações do Ministério da Saúde (MS), da Organização Pan-Americana 
da Saúde (OPAS) e do Conselho Federal de Farmácia (CFF), sobre farmácia 
hospitalar e farmácia clínica, disponível no link “https://goo.gl/UBSTP4”. Revisor 
técnico e tradutor de importantes publicações do CFF. Prefaciador de vários 
livros. Assessor da Presidência do Conselho Federal de Farmácia, desde 2004. 
Coordenador técnico-científico do Centro Brasileiro de Informação sobre 
Medicamentos (Cebrim) - CFF. Presidente da Sociedade Brasileira de 
Farmacêuticos Clínicos (SBFC). Diretor de Educação da Associação Brasileira 
de Educação Farmacêutica (ABEF). Representante do Brasil no Grupo 
Consultivo do Programa Internacional de Serviços da ACPE (Acreditation 
Council for Pharmacy Education) Conselho de Acreditação para Educação 
Farmacêutica, com sede em Chicago, Illinois - USA. Acadêmico Titular da 
Academia Nacional de Farmácia - Academia Brasileira de Ciências 
Farmacêuticas, ocupando a Cadeira nº54. E já recebeu 47 homenagens entre 
prêmios e títulos honoríficos. 
Palhano também participou de um documentário (assista no link: 
“https://goo.gl/nf6ydW) lançado em novembro de 2017, durante o I Congresso 
Brasileiro de Ciências Farmacêuticas, o documentário “Origem da farmácia 
clínica no Brasil”, é uma produção conjunta da Sociedade Brasileira de Farmácia 
Clínica (SBFC), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e do 
Conselho Federal de Farmácia (CFF). O lançamento aconteceu durante a 
abertura do III ENEFEC – Encontro Nacional de Educadores em Farmácia 
Clínica, no Rafain Hotel, Foz do Iguaçu (PR). 
O documentário resgata a história do primeiro serviço de Farmácia Clínica e do 
primeiro centro de informação sobre medicamentos (CIM) do país, implantado 
no antigo Hospital das Clínicas da UFRN, atual Hospital Universitário Onofre 
Lopes, pelo farmacêutico e professor Tarciso José Palhano. A proposta partiu 
de professores do curso de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande 
do Norte (UFRN) à época, e constitui a primeira ação da Sociedade Brasileira de 
Farmácia Clínica (SBFC), recentemente criada, de cuja diretoria fazem parte os 
três professores pioneiros da farmácia clínica no Brasil. 
https://goo.gl/UBSTP4
https://goo.gl/nf6ydW
 
 
Tarcísio Palhano, trabalhou ao lado das farmacêuticas e professoras Lúcia de 
Araújo Costa Beisl Noblat e Ivonete Batista de Araújo, e disse que o 
documentário vem preencher uma lacuna na história da Farmácia brasileira, 
promover o reconhecimento da UFRN como cenário do processo de um serviço 
que contribuiu para aperfeiçoar o cuidado em saúde para a população, além de 
divulgar a importância da Farmácia Clínica como um modelo de cuidado 
essencial à qualidade da atenção em saúde. “Formalizamos os registros das 
informações sobre a farmácia clínica brasileira, destacando o trabalho pioneiro 
das equipes de professores e servidores como protagonistas dessa iniciativa. 
Essa é uma obra que servirá de pesquisa para acadêmicos e profissionais”, 
comenta.

Continue navegando