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Farmacologia e Toxicologia Online/Farmacologia e Toxicologia Webaula 3 Autoatividades.pdf
Farmacologia e Toxicologia Webaula 3 Autoatividades
1 Embora apresentem diferentes mecanismos de ação, as drogas de abuso possuem uma
característica em comum: são capazes de induzir a um processo de reforço positivo. Nesse
processo, o indivíduo busca a utilização da droga de forma incessante para lhe causar a
sensação de prazer outrora experimentada. Qual é o principal neurotransmissor envolvido
neste processo?
Dopamina.
Noradrenalina.
Serotonina.
Acetilcolina.
2 As anfetaminas constituem uma classe de drogas estimulantes, que podem apresentar
efeitos anorexígenos e, em alguns casos, até alucinógenos. Este é o caso da
3,4-metileno-dioximetanfetamina (MDMA), muito utilizada em raves, justamente pelos seus
efeitos. Como é também conhecida essa droga?
Ecstasy.
Rebite.
Maconha.
Lança-perfume.
3 A Papaver somniferum é uma planta existente majoritariamente nas zonas do Médio e
Extremo Oriente. Desta planta é extraída uma resina na qual se obtém o ópio, substância
com alto poder hipnótico e analgésico. Do ópio extraiu-se pela primeira vez a:
Cocaína.
Canabidiol.
Morfina.
Anfetamina.
4 A Cannabis sativa L., conhecida popularmente no Brasil como maconha, é atualmente
uma droga de abuso que vem sendo muito estudada pelas potenciais atividades
terapêuticas de alguns de seus metabólitos secundários. O princípio ativo da maconha que
causa os efeitos recreativos em seus usuários é:
Δ-9-tetra-hidrocanabinol.
Heroína.
Canabidiol.
3,4,7-preniloxicumarina.
5 A cocaína é, desde os anos 1980, foco de uma guerra inacabável contra o narcotráfico.
Hoje, a droga já pode ser encontrada em praticamente qualquer local do hemisférios e
causa problemas relacionados ao vício em praticamente todos os países desenvolvidos.
Qual é o mecanismo de ação da cocaína?
Indução de receptores serotoninérgicos.
Bloqueio da recaptação de noradrenalina.
Indução da síntese exacerbada da noradrenalina.
Ligação a receptores canabinoides.
Farmacologia e Toxicologia Online/Farmacologia e Toxicologia Webaula 2 Autoatividades.docx
Farmacologia e Toxicologia Webaula 2 Autoatividades	
1 A distribuição de um agente tóxico depende de uma série de fatores, tais como características físico-químicas inerentes à molécula do toxicante, via de exposição e tempo de exposição ao agente tóxico. Para que se distribua pelo corpo, substâncias químicas geralmente se ligam a proteínas plasmáticas. Qual é a principal proteína plasmática envolvida neste processo?
Bilirrubina.
Albumina. 
Alfa-globulina.
Ceruloplasmina.
2 Diversas ferramentas são aplicadas na toxicologia para descrever o potencial dano que um agente tóxico pode causar para o organismo. Para avaliar a extensão da distribuição de um agente tóxico pelo organismo, utiliza-se o:
Dose letal 50%. 
Potência tóxica.
Volume de distribuição. 
Janela toxicológica.
3 Os fenômenos de biotransformação, tal qual o nome já explana, transformam as moléculas que entram em contato com sistemas enzimáticos especializados em nossos organismos. Qual é o principal objetivo destas reações de biotransformação?
Otimizar o processo de distribuição das substâncias químicas.
Dar suporte as reações sequenciais de absorção.
Facilitar a eliminação dos agentes tóxicos do organismo. 
Tornar as substâncias químicas mais hidrofóbicas.
4 A toxicologia é uma ciência multidisciplinar que tem como objeto de estudo os efeitos adversos das substâncias químicas sobre os organismos. Qual é a área da toxicologia que corresponde ao estudo dos fenômenos de absorção, distribuição, biotransformação e excreção de agentes tóxicos?
Toxicologia experimental.
Toxicocinética. 
Toxicodinâmica.
Toxicologia ocupacional.
5 A toxicologia, assim como outras ciências, apresenta suas próprias subdivisões de estudo. Isso ocorre para que a ciência se torne mais robusta e passe a gerar conhecimentos mais específicos nas suas diferentes áreas de atuação. A área de abrangência da toxicologia que tem o objetivo de estabelecer e desenvolver métodos e estudos que visam ao entendimento de como os agentes tóxicos são capazes de agir sobre o organismo humano, animal ou de modo geral sobre sistemas biológicos e assim compreender os efeitos ocasionados pela ação deste agente, é a:
Toxicologia experimental. 
Toxicologia analítica.
Toxicologia social.
Toxicologia forense.
Farmacologia e Toxicologia Online/Farmacologia e Toxicologia Webaula 1 Autoatividades.docx
Farmacologia e Toxicologia Webaula 1 Autoatividades
1 Leia o seguinte conceito:
Toda substância, ou associação de substâncias contida em um produto farmacêutico, empregada para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos em benefício da pessoa a que se administra, ou seja, é um produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico.
A que se refere o conceito aplicado?
Remédio.
Fármaco.
Medicamento. 
Droga.
2 Os ensaios farmacológicos são divididos em pré-clínicos e clínicos. Sabe-se que os ensaios clínicos compõem a parte mais avançada dos estudos e, consequentemente, são mais rigorosos em suas análises. A fase clínica em que o medicamento é testado em um pequeno grupo de voluntários sadios com principal objetivo de verificar os efeitos indesejáveis, determinar a forma de administração e verificar como o organismo reage ao medicamento é a:
Fase I. 
Fase II.
Fase III.
Fase IV.
3 Em bulas de medicamentos, diversas informações técnicas são repassadas para que o profissional da área de saúde possa entender como utilizar e o que esperar da ação do medicamento em questão. Qual é a expressão utilizada para determinar o regime de doses, frequência de administração e duração do tratamento?
Janela Terapêutica.
Posologia. 
Mecanismo de Ação.
Princípio Ativo.
4 Pode-se dividir as ciências farmacológicas em diversas áreas de atuação, sendo cada uma destas de grande importância para compor os conhecimentos científicos no que diz respeito à relação das substâncias químicas com os organismos. A área da farmacologia que estuda as reações adversas dos medicamentos, do risco/benefício e custo dos medicamentos numa população é a:
Farmacodinâmica.
Farmacocinética.
Farmacoepidemiologia. 
Farmacognosia.
5 As reações de biotransformações impostas a um fármaco quando administrado a um certo organismo são muitas vezes determinantes no que diz respeito a sua potência e eficácia. Estas reações são divididas em duas fases, sendo que na fase II ocorrem reações de:
Oxidação.
Conjugação. 
Redução.
Hibridização.
 
Farmacologia e Toxicologia Online/Farmacologia e Toxicologia Avaliação Online 2.pdf
Farmacologia e Toxicologia Avaliação Online 2
1 A distribuição de agentes tóxicos influência de forma drástica os efeitos deletérios que
esses podem causar no organismo. Alguns toxicantes distribuem-se com grande facilidade
pelos tecidos, já outros tendem a ficar aprisionados em alguns compartimentos. A respeito
das vias de absorção dos agentes tóxicos, analise as afirmativas a seguir:
I- O fluxo sanguíneo e linfático nos tecidos do organismo influencia drasticamente na
distribuição do agente tóxico.
II- Características intrínsecas do próprio toxicante, como coeficiente de partição óleo/água,
pouco influenciam na distribuição pelo organismo.
III- A capacidade do agente tóxico de se ligar a proteínas plasmáticas é de grande
importância para o comportamento de distribuição do agente tóxico.
Assinale a alternativa CORRETA:
Somente a afirmativa II está correta.
Somente a afirmativa III está correta.
As afirmativas I e II estão corretas.
As afirmativas I e III estão corretas.
2 A excreção de agentes tóxicos é um processo toxicocinético no qual uma substância
química danosa ao organismo é eliminada do organismo. O conhecimento desse fenômeno
possibilita que analises toxicológicas forenses sejam conduzidas nas mais variadas
amostras. A respeito da
excreção/eliminação dos agentes tóxicos, analise as afirmativas a
seguir:
I- No processo de excreção, produtos com maior polaridade serão mais facilmente
eliminados do organismo.
II- A excreção pode ocorrer, além da via urinária, também pelo suor, saliva, lágrimas e leite
materno.
III- A meia vida de um agente tóxico é definida como o tempo que leva para que essa
substância química adquira metade do seu peso molecular.
Assinale a alternativa CORRETA:
Somente a afirmativa III está correta.
As afirmativas I e III estão corretas.
Somente a afirmativa II está correta.
As afirmativas I e II estão corretas.
3 O fígado cumpre uma série de funções endócrinas e metabólicas no organismo, que vão
desde a secreção de mediadores proteínas até a formação da bile. Não é por menos que
esse órgão está intimamente relacionado a processos tanto de toxicocinética e
toxicodinâmica. A respeito das funções do fígado nos fenômenos toxicológicos, avalie as
asserções a seguir e a relação proposta entre elas:
I- O fígado é o principal órgão envolvido nos processos de metabolização de agentes
tóxicos. No entanto, esse órgão também pode participar dos processos de depuração dos
toxicantes.
PORQUE
II- O fígado depura substâncias biotransformando estas e, em alguns casos, excretando-as
através da bile, que por sua vez será eliminada nas fezes com os toxicantes
biotransformados.
Assinale a alternativa CORRETA:
A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
As asserções I e II são proposições falsas.
4 O sistema enzimático citocromo P450 é de grande importância para o metabolismo tanto
de moléculas endógenas como exógenas no organismo. Encontra-se majoritariamente no
fígado, mas pode estar em outros tecidos também, participando ativamente dos processos
de biotransformação. A respeito da biotransformação e do citocromo P450, avalie as
asserções a seguir e a relação proposta entre elas:
I- Além de transformar os agentes tóxicos em estruturas moleculares mais facilmente
elimináveis, a biotransformação também inativa todas as moléculas que funcionaliza.
PORQUE
II- O sistema enzimático citocromo P450 possui a função de inativar agentes tóxicos, além é
claro de suas funções de aumentar a polaridade das moléculas que metaboliza.
Assinale a alternativa CORRETA:
As asserções I e II são proposições falsas.
A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
5 A distribuição de uma substância química pelo organismo depende de uma série de
fatores intrínsecos da molécula em si, como também extrínsecos, no caso características
bioquímicas do organismo exposto à substância. A respeito do volume de distribuição de
um toxicante, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas:
I- O volume de distribuição de um agente tóxico mensura a magnitude da biotransformação
dessa substância tóxica.
PORQUE
II- Agentes tóxicos que possuem grande volume de distribuição apresentam distribuição de
maneira uniforme para todos os tecidos, ficando apenas uma pequena fração no
compartimento plasmático.
Assinale a alternativa CORRETA:
As asserções I e II são proposições falsas.
A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
6 Para que exerçam efeito no corpo tanto fármacos como agentes tóxicos devem interagir
com alvos moleculares. Alguns desses alvos são receptores que vão desencadear
respostas mais rápidas ou vagarosas, de acordo com seus mecanismos moleculares. A
respeito dos receptores que toxicantes podem interagir, avalie as asserções a seguir e a
relação proposta entre elas:
I- Toxicantes que têm a capacidade de se ligarem a receptores nucleares irão desencadear
respostas toxicológicas de forma mais vagarosa quando comparados àqueles que se ligam
a receptores ligados a canais iônicos.
PORQUE
II- Receptores nucleares ocasionam respostas através de mecanismos de transcrição
genética, ao passo que receptores ionotrópicos regulam entrada e saída de íons.
Assinale a alternativa CORRETA:
A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
As asserções I e II são proposições falsas.
7 Agentes tóxicos, para que causem danos ao paciente, precisam inicialmente serem
expostos a esse. A partir da exposição, a fase seguinte será a absorção, dando início aos
fenômenos que compõe a toxicocinética. A respeito das vias de absorção dos agentes
tóxicos, analise as afirmativas a seguir:
I- É comum que substâncias tóxicas sejam distribuídas pela via dérmica, uma vez que a
pele compõe um grande tecido do organismo.
II- Agentes tóxicos que são absorvidos por via parenteral são majoritariamente
administrados oralmente.
III- A via intraperitoneal é comum em ensaios toxicológicos realizados em animais de
experimentação.
Assinale a alternativa CORRETA:
As afirmativas I e II estão corretas.
Somente a afirmativa III está correta.
As afirmativas I e III estão corretas.
Somente a afirmativa II está correta.
8 Um jovem paciente é trazido pelos familiares ao pronto atendimento apresentando sinais
de confusão mental, reflexos diminuídos, letargia e pulso fraco. Aos médicos de plantão, a
família relata ter encontrado junto ao jovem diversas cartelas de medicamento para dormir
(benzodiazepínico) e, a partir dessa informação, o corpo clínico começa a trabalhar com a
possível intoxicação causada por esses medicamentos. A respeito dessas informações,
assinale a alternativa CORRETA:
O corpo clínico está diante de uma intoxicação aguda local.
O corpo clínico está diante de uma intoxicação aguda sistêmica.
O corpo clínico está diante de uma intoxicação crônica local.
O corpo clínico está diante de uma intoxicação crônica sistêmica.
9 A toxicologia, por ser uma ciência polivalente, apresenta diversas finalidades, com intuito
de servir tanto a sociedade como a ciência, na busca pelo conhecimento e desenvolvimento
de novas substâncias. A respeito das finalidades da toxicologia, assinale a alternativa
INCORRETA:
Apresenta caráter preventivo, uma vez que pode prevenir intoxicações ocupacionais.
Apresenta caráter jurídico, já que define as leis sobre tóxicos que serão empregadas, com
intuito de manter longe da sociedade substâncias ilícitas.
Apresenta aspecto repressivo, já que estabelece limites legais e evita que pessoas e
empresas possam cometer crimes.
Apresenta caráter curativo, já que identifica o agente toxicante causador da lesão e seu
antídoto.
10 A biotransformação de agentes tóxicos ocorre pelas mesmas vias que qualquer molécula
que seja absorvida pelo organismo e não apresenta valor nutritivo ou estrutural irá passar.
Dessa forma, o objetivo central desse fenômeno toxicocinético é preparar as moléculas para
eliminação. A respeito da biotransformação, avalie as asserções a seguir e a relação
proposta entre elas:
I- O processo de biotransformação de um agente tóxico, tal qual de um fármaco, ocorre
geralmente dividido em duas fases. No entanto, alguns toxicantes podem pular a Fase I
(funcionalização).
PORQUE
II- Esse agente tóxico já apresenta estrutura molecular relativamente polar e está pronto
para adentrar a fase II e ser conjugado para sua posterior excreção/eliminação.
Assinale a alternativa CORRETA:
A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
As asserções
I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
As asserções I e II são proposições falsas.
A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
Farmacologia e Toxicologia Online/Farmacologia e Toxicologia - Avaliação Online 1.pdf
Farmacologia e Toxicologia - Avaliação Online 1
1. A farmacologia estuda o medicamento em sua
totalidade, sendo aplicada nessa ciência diversas
terminologias técnicas para descrever diferentes
efeitos ou abordagens. É comum na área clínica,
por exemplo, o uso de termos como janela
terapêutica, dose de manutenção e dose de
ataque. Acerca desses termos, classifique V para
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) Janela terapêutica é a concentração em que
ocorre o efeito do medicamento dentro de uma
faixa segura, sem que concentrações tóxicas
sejam alcançadas.
( ) A dose de manutenção é a administração do
medicamento com intuito de causar uma resposta
rápida, segura e eficaz.
( ) A dose de ataque diz respeito ao fenômeno
em que com o aumento da dose do medicamento
também haverá o aumento da resposta
farmacológica.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência
CORRETA:
a) V - V - V.
b) V - F - F.
c) F - V - F.
d) F - F - V.
2. Um medicamento, quando administrado, irá apresentar seus efeitos somente
após sua absorção e distribuição. Ainda assim, outros fenômenos farmacocinéticos
irão influenciar sobre a ação do fármaco. A respeito desses fenômenos, avalie as
asserções a seguir e a relação proposta entre elas:
I- Diferentes vias de administração irão apresentar
diferentes valores de biodisponibilidade para um
mesmo fármaco.
PORQUE
II- Independente de qual seja, todas as vias de
administração irão eventualmente levar o fármaco
ao metabolismo de primeira passagem, reduzindo
assim sua concentração disponível no plasma.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
b) As asserções I e II são proposições falsas.
c) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é
uma proposição verdadeira.
d) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta
da I.
3. Na farmacologia, diversos termos são empregados
para definir diferentes finalidades ou abrangência
de um certo grupo de substâncias. Embora ao
leigo pareçam todos a mesma coisa, é comum
diferenciar remédios, medicamentos, drogas e
fármacos. A respeito da terminologia empregada e
seu significado, sobre a definição de remédio,
assinale a alternativa CORRETA:
a) É qualquer substância que apresenta algum
nível de efeito biológico em um determinado
organismo vivo, sendo essa livre de efeitos
tóxicos em qualquer dose administrada.
b) São substâncias isoladas de produtos naturais
que, quando empregadas da forma correta,
apresentam efeitos terapêuticos para as mais
variadas condições clínicas.
c) É uma substância isolada, sem ação nutritiva,
capaz de gerar respostas a nível sistêmico de
quem faz uso, podendo esta resposta ser
terapêutica ou danosa.
d) São quaisquer recursos terapêuticos
empregados com intuito de gerar uma ação
benéfica, podendo ser algum procedimento
manual, como uma massagem, ou até mesmo
uma dieta ou uso de um chá.
4. As formas farmacêuticas são o estado final que
substâncias com atividade biológica apresentam
depois de serem submetidas a processos
farmacêuticos necessários, com a finalidade de
otimizar a sua administração e, assim, obter o
máximo desempenho terapêutico. A respeito das
formas farmacêuticas, assinale a alternativa
INCORRETA:
a) Os óvulos são formas farmacêuticas
comumente empregadas via oral, devido a sua
facilidade de dispersão tanto na mucosa
gástrica como na mucosa intestinal.
b) Os cremes são formas farmacêuticas que
podem ser classificados em cremes à base de
óleo/água ou cremes à base de água/óleo - e
nessas formas estão imersos os princípios
ativos.
c) As formas farmacêuticas líquidas são bem
empregadas em crianças, pois apresentam
facilidade no que diz respeito a sua
administração e adaptação de dose, quando
comparada a formas sólidas.
d) As formas farmacêuticas semissólidas são,
normalmente, empregadas em aplicações
cutâneas ou mucosas, podendo exercer tanto
ação local como penetração percutânea dos
ativos presentes.
5. A inflamação, embora seja um fenômeno protetivo
para o organismo, quando ocorre de forma
incessante e desarmoniosa, pode causar danos
teciduais irreversíveis, levando à perda da função
dele. Fármacos anti-inflamatórios agem justamente
tentando atenuar esse processo. A respeito dos
fármacos anti-inflamatórios, avalie as asserções a
seguir e a relação proposta entre elas:
I- Fármacos anti-inflamatórios não esteroidais
exercem seus efeitos principalmente pelo estímulo
das enzimas COX-1 e 2. Embora sejam
terapêuticos, seu uso prolongado causa efeitos
indesejados.
PORQUE
II- O estímulo da COX-1 acaba comprometendo
outras funções fisiológicas, o que acarreta
problemas como gastrite, disfunção plaquetária e
até comprometimento renal.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a
II é uma proposição falsa.
b) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é
uma proposição verdadeira.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) As asserções I e II são proposições
verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da
I.
6. Para comparar fármacos e seus efeitos na ciência
da farmacologia, palavras como eficácia, potência
e tolerância costumam ser utilizadas. A respeito do
conceito de potência, avalie as asserções a seguir
e a relação proposta entre elas:
I- A potência de um fármaco está diretamente
relacionada à quantidade desse que é
administrada para gerar seu efeito.
PORQUE
II- O conceito de potência farmacológica diz
respeito justamente a esse fator, sendo que quanto
menor a quantidade de um fármaco para gerar seu
efeito biológico, mais potente ele será.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a
II é uma proposição falsa.
b) As asserções I e II são proposições
verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da
I.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é
uma proposição verdadeira.
7. Antibióticos são moléculas, de origem natural ou
sintética, que agem sobre microrganismos. Seus
efeitos podem ser diferenciados em bactericidas
ou bacteriostáticos, a depender da concentração e
da molécula utilizada. Acerca dos antibióticos,
classifique V para as sentenças verdadeiras e F
para as falsas:
( ) Beta-lactâmicos, como as penicilinas, agem
causando a inibição da formação de ligação
cruzada entre cadeias de petideoglicano,
impedindo a formação correta da parede celular
bacteriana.
( ) Macrolídeos agem impedindo a síntese
proteica bacteriana, agindo principalmente na
subunidade 30S ribossomal.
( ) Peptídeos não ribossomais, como a polimixina
B, tem seu local de ação a membrana plasmática
das bactérias, facilitando o movimento
descontrolado de íons através dessa estrutura.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência
CORRETA:
a) V - F - V.
b) V - V - F.
c) F - F - F.
d) F - V - V.
8. Embora as pesquisas pré-clínicas e clínicas
tentem ao máximo gerar medicamentos com
efeitos específicos, muitas vezes medicamentos
apresentam reações adversas, efeitos colaterais e,
quando utilizados com outros medicamentos,
interações medicamentosas. A respeito dos efeitos
colaterais, assinale a alternativa CORRETA:
a) São reações danosas que desencadeiam
respostas sistêmicas que, se não for suspenso
o uso do medicamento, leva o paciente a óbito.
b) São reações cutâneas que aparecem com o
uso prolongado do medicamento.
c) São reações que surgem quando a janela
terapêutica do medicamento de escolha é
excedida, dando início a uma reação de
toxicidade.
d) São reações esperadas após o uso do
medicamento, e são relacionadas geralmente
ao seu mecanismo de ação ou propriedades
físico-químicas.
9. A absorção compõe parte importante da
farmacocinética, uma vez que é esse fenômeno
que define quanto do fármaco será distribuído de
fato pelos compartimentos corpóreos para que
esse possa gerar seu efeito. A respeito dos fatores
que influenciam na absorção de fármacos, analise
as afirmativas a seguir:
I- Fluxo sanguíneo no local onde ocorre a
absorção.
II- Superfície de contato disponível para absorção.
III- Tempo de contato com a superfície de
absorção.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) Somente a afirmativa III está correta.
b) Somente a afirmativa II está correta.
c) Somente a afirmativa I está correta.
d) As afirmativas I, II e III estão corretas.
10.O sistema nervoso central é complexo e comanda
inúmeras funções fisiológicas no organismo. Uma
vasta gama de neurotransmissores faz parte desse complexo sistema e sua
secreção e posterior metabolização são necessárias para manutenção de níveis
fisiológicos dessas substâncias. A respeito da acetilcolina, avalie as asserções a
seguir e a relação proposta entre elas:
I- A acetilcolina é um neurotransmissor que tem como local de ação o sistema
nervoso central e nervos parassimpáticos. A inibição farmacológica da
acetilcolinesterase pode causar sintomas indesejados.
PORQUE
II- Se inibida de forma exacerbada, essa enzima irá indiretamente aumentar a
concentração de acetilcolina na fenda sináptica, gerando uma síndrome colinérgica.
Assinale a alternativa CORRETA:
a) As asserções I e II são proposições
verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da
I.
b) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a
II é uma proposição falsa.
c) As asserções I e II são proposições falsas.
d) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é
uma proposição verdadeira.
Farmacologia e Toxicologia Online/Farmacologia e Toxicologia Gabarito.pdf
FARMACOLOGIA E 
TOXICOLOGIA
2020
Profa. Liliani Carolini Thiesen
Prof. Fábio Mesquita Borges
GABARITO DAS 
AUTOATIVIDADES
2
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
UNIDADE 1
TÓPICO 1 
1 Diferencie os conceitos de droga, fármaco e medicamento. 
R.:
Droga: qualquer substância exógena que ao ser introduzida no organismo al-
tera sua função resultando em mudanças fisiológicas ou comportamentais 
(com ou sem efeito benéfico).
Fármaco: substância exógena (estrutura química definida) que ao ser introdu-
zida no organismo promove uma ação benéfica, um efeito terapêutico.
Medicamento: toda substância, ou associação de substâncias contida em um 
produto farmacêutico, empregada para modificar ou explorar sistemas fisio-
lógicos ou estados patológicos em benefício da pessoa a que se administra.
2 Com relação à linguagem farmacológica, relacione a coluna da direita 
com os números da coluna da esquerda:
(2) São reações esperadas e explicáveis que aparecem 
após o uso do fármaco devido a sua não seletividade, 
aparecem lateralmente com o efeito terapêutico.
(1) Tolerância.
(4) São reações inesperadas e inexplicáveis que 
aparecem após o uso do fármaco.
(2) Efeitos 
colaterais.
(1)	 Processo pelo qual só se consegue o mesmo 
efeito fármaco lógico, com a administração de doses 
cada vez mais altas do fármaco.
(5) Potência.
(3) Propriedade de um fármaco que em pequena 
quantidade produz efeito farmacológico máximo.
( 4 ) Efeitos 
adversos.
(5) Efeito máximo do fármaco, produzindo sobre uma 
ação.
 (3) Eficácia 
farmacológica
3 Conforme a Lei dos medicamentos genéricos, descreva as caracterís-
ticas de um medicamento genérico.
R.: As características de um medicamento genérico estão na embalagem. De-
vem apresentar uma tarja amarela, contendo a letra G maiúscula na cor azul e 
a inscrição Medicamento Genérico. 
3
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
TÓPICO 2
1 Que via de administração tem maior probabilidade de submeter uma 
droga a um efeito de primeira passagem? 
a. ( ) Via intravenosa.
b. ( ) Via inalação. 
c. (x) Via oral. 
d. ( ) Via sublingual. 
e. ( ) Via intramuscular.
2 Com relação às vias de administração de medicamentos, classifique V 
para as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
(V) A via oral é usualmente a mais segura, além de ser considerada a mais 
econômica e adequada para a administração de medicamentos.
(F) A via intramuscular é utilizada quando a substância é muito irritante à 
mucosa gástrica e de fácil absorção.
(F) A via subcutânea é indicada quando se quer uma absorção muito rápida, 
sendo que as drogas podem ser irritantes aos tecidos.
(V) Na intravenosa, os medicamentos possuem efeitos mais rápidos.
(F) Na via respiratória por inalação, as drogas devem ser voláteis e tem-se a 
vantagem de a absorção ser imediata.
3 Podemos dizer que um antagonista farmacológico é um fármaco que:
a) ( ) Tem afinidade pelo receptor e possui atividade intrínseca (eficácia).
b) (x) Tem afinidade pelo receptor, mas não possui atividade intrínseca.
c) ( ) Impede a ação de um outro fármaco através de sua destruição.
d) ( ) Aumenta a excreção de outro fármaco.
e) ( ) Nenhuma das alternativas. 
TÓPICO 3 
1 Quando ouvimos expressões como: “Meu coração disparou”, “Fiquei 
tão nervoso que comecei a suar”, “Senti a boca seca”, sabemos que es-
sas reações são características de um estado emocional alterado e que 
são controladas sob a ação do(s):
4
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
a) (x) Sistema nervoso autônomo.
b) ( ) Sistema nervoso somático. 
c) ( ) Hormônios da tireoide.
d) ( ) Nervos do cerebelo. 
e) ( ) Centro nervoso medular.
2 Quais são os principais neurotransmissores do S. N. Autônomo?
a) ( ) Dopamina e Serotonina.
b) ( ) Noradrenalina e Glutamato.
c) ( ) GABA e Histamina.
d) (x) Aceltilcolina e Norepinefrina.
e) ( ) Epinefrina e Adenosina.
3 Quais são as classes de anti-hipertensivos disponíveis para o uso clí-
nico?
R.: As classes de anti-hipertensivos no mercado são os diuréticos, agentes 
simpaticoplégicos, vasodilatadores diretos e os agentes que bloqueiam a pro-
dução ou ação da angiotensina. 
5
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 Importante tratado datado do século XVIII a.C., contém informações 
sobre venenos e medicamentos utilizados para o tratamento das mais 
diversas doenças. Esse documento foi fundamental para a medicina da 
época e atualmente encontra-se preservado na Universidade de Leipzig, 
na Alemanha. Sobre esse documento, assinale a alternativa CORRETA:
(a) (x) Papiro de Ebers.
(b) ( ) Livro de Jó.
(c) ( ) De Materia Medica.
(d) ( ) Aqua Toffana.
(e) ( ) Livro de Dioscórides.
2 Recentemente, o Brasil passou por duas tragédias devastadoras que 
ceifaram dezenas de vidas, a tragédia de Mariana e Brumadinho. Em 
um passado relativamente recente, o Brasil também foi palco de outra 
tragédia, uma tragédia radioativa que matou pessoas e contaminou o 
ambiente. Essa tragédia deu-se em função do vazamento de um ele-
mento químico. Este elemento é o:
(a) ( ) Urânio 92.
(b) (x) Césio 137.
(c) ( ) Rádio 88.
(d) ( ) Césio 135.
(e) ( ) Tório 90.
3 Como você viu no vídeo sobre os “Filhos da Talidomida”, essa droga 
é capaz de, mesmo em uma única dose, gerar alterações teratogênicas 
que levam ao encurtamento dos membros tanto superiores quanto in-
feriores. A esta malformação dos membros chamamos de:
(a) ( ) Ratomelia.
(b) ( ) Discrasia.
(c) (x) Focomelia.
(d) ( ) Aneuploidia.
(e) ( ) Displasia.
6
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
4 Importante órgão norte-americano, responsável pela regulamenta-
ção de drogas, cosméticos e alimentos, possui importância no registro 
e acompanhamento de novas substâncias utilizadas com uso medica-
mentoso, pesticida e/ou alimentar. Estamos falando da:
(a) ( ) NDA.
(b) ( ) EMA.
(c) ( ) NIH.
(d) ( ) NHI.
(e) (x) FDA.
5 É uma droga capaz de agir sobre a placa motora muscular e assim 
possibilitar a indução e a paralisia motora em pacientes durante proce-
dimentos cirúrgicos. Estamos falando da:
(a) ( ) Papoula.
(b) ( ) Cocaína.
(c) ( ) Estricnina.
(d) (x) Curare.
(e) ( ) Ópio.
TÓPICO 2
1 O relatório da UNODC relata o aumento do abuso de medicamentos 
em âmbito mundial, especificamente
de uma classe de medicamentos. 
Como se chama essa classe de medicamentos?
(a) ( ) Barbitúricos.
(b) ( ) Benzodiazepínicos.
(c) (x) Opioides.
(d) ( ) Analgésicos.
(e) ( ) Anti-inflamatórios.
2 A tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, fez com que o Brasil e 
o mundo tivessem um novo olhar sobre a toxicologia ambiental, mos-
trando o impacto que isso pode ocasionar aos diversos componentes 
de um ecossistema, por exemplo, os peixes e os crustáceos. Estes fato-
res citados, com relação ao ecossistema são:
7
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
(a) ( ) Abióticos.
(b) (x) Bióticos.
(c) ( ) Autótrofos.
(d) ( ) Coprófagos.
(e) ( ) Heterótrofos.
3 A manipulação de alimentos em condições inadequadas e por pesso-
as não treinadas em boas práticas de manipulação de alimentos pode 
levar a doenças e até mesmo à morte. A reportagem que você leu no 
tópico anterior demonstra um exemplo disso, pois ocasionou a interna-
ção em estado grave de diversos membros de uma família. A bactéria 
citada na reportagem também pode ser encontrada em conservas, pois 
ela cresce em ambientes pobres em oxigênio. A bactéria é:
(a) ( ) S. aureus.
(b) ( ) Clostridium botulinum.
(c) ( ) S. pyogenes.
(d) (x) E. coli.
(e) ( ) Pneumococco.
4 Recentemente, na grande São Paulo, quatro pessoas morreram após 
ingerirem um líquido de uma garrafa, o link da reportagem a seguir foi 
retirado do Portal G1: https://glo.bo/2GKjY1h.
8
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
A toxicologia exerce ação fundamental na elucidação destes crimes. A 
área de atuação da toxicologia que é responsável por auxiliar a eluci-
dação deste crime é:
(a) ( ) Toxicologia ambiental.
(b) ( ) Toxicologia ocupacional.
(c) ( ) Toxicologia médica.
(d) ( ) Toxicologia de alimentos.
(e) (x) Toxicologia forense.
TÓPICO 3
1 Qual é o principal sistema enzimático hepático diretamente relacio-
nado com a metabolização (biotransformação) de agentes toxicantes?
(a) ( ) CYS 290.
(b) ( ) Fosfolipase.
(c) (x) CYP450.
(d) ( ) NADH.
(e) ( ) CYP3A4.
2 A absorção de agentes tóxicos (toxicantes) pode acontecer por di-
ferentes vias e consiste na passagem deste agente para a circulação 
sanguínea, fazendo com que ele se distribua pelo organismo e atinja 
o tecido-alvo. A forma de absorção utilizada pelos usuários de drogas 
injetáveis é:
(a) ( ) Absorção oral.
(b) ( ) Absorção dérmica.
(c) (x) Absorção parenteral.
(d) ( ) Absorção peritoneal.
(e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.
3 O sangue possui diversas proteínas plasmáticas que exercem inúme-
ras funções, desde eventos associados à coagulação, atividade enzi-
mática, manutenção da osmolaridade celular, entre outras. Entretan-
to, uma proteína plasmática, em função de sua elevada concentração 
plasmática, tem grande importância ao ligar-se a fármacos e agentes 
toxicantes. Esta proteína é a(o):
9
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
(a) ( ) Alfa-1- Glicoproteína ácida.
(b) ( ) Glicogênio. 
(c) ( ) Insulina.
(d) ( ) Conexina.
(e) (x) Albumina.
4 O índice terapêutico capaz de avaliar a toxicidade de um fármaco é 
bastante importante e deve ser considerado durante o desenvolvimen-
to deste fármaco. Este índice relaciona a DL50 e a DE50 de um fármaco. 
Considerando a mesma DL50 para um fármaco hipotético em estudo, po-
demos considerar que:
(a) ( ) Se este fármaco apresentar DE50 elevada ele será mais seguro.
(b) (x) Se este fármaco apresentar DE50 elevada ele será menos seguro.
(c) ( ) Se este fármaco apresentar DE50 igual a DL50 ele será seguro.
(d) ( ) Um índice terapêutico baixo confere segurança ao fármaco.
(e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.
5 Meia-vida é um conceito bastante importante relacionado à toxicodi-
nâmica de agentes tóxicos e fármacos. Este índice permite estabelecer 
a duração do efeito de um toxicante e também direciona a posologia de 
um fármaco. Meia-vida corresponde ao(à):
(a) ( ) Tempo necessário para que a concentração plasmática de um toxicante 
se reduza a 25% após a sua completa absorção e distribuição.
(b) ( ) Tempo necessário para que a concentração plasmática de um toxicante 
se reduza a 10% após a sua completa absorção e distribuição.
(c) ( ) Capacidade do organismo em promover a eliminação de uma substância 
do plasma.
(d) (x) Tempo necessário para que a concentração plasmática de um 
toxicante se reduza a 50% após a sua completa absorção e distribuição.
(e) ( ) Alteração na estrutura do toxicante evidenciada por ação enzimática.
10
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
UNIDADE 3
TÓPICO 1 
1 A toxicidade ocasionada por anfetaminas se caracteriza por um ex-
cesso de agitação, insônia, hiperatividade e pela dilatação da pupila 
(midríase), entre outros sintomas. A intoxicação por esta droga não 
possui antídoto e o tratamento consiste em suporte à vida do indivíduo 
até a metabolização completa da droga. O mecanismo de ação sugerido 
para esta droga consiste no aumento, principalmente, da liberação dos 
seguintes neurotransmissores:
(a) ( ) Gaba e dopamina.
(b) ( ) Gaba e glutamato.
(c) ( ) Glutamato e dopamina.
(d) (x) Noradrenalina e dopamina.
(e) ( ) Dopamina e óxido nítrico.
2 A droga ilícita mais amplamente utilizada ao redor do mundo é maco-
nha (Cannabis). Entretanto, esta droga já foi utilizada para a confecção 
de roupas e teve seu uso liberado e até mesmo estimulado em deter-
minados países e em determinados períodos. A maconha exerce seus 
efeitos psicoativos tanto em nível central quanto em nível periférico, 
através da estimulação de receptores que respondem a esta droga 
(CB1 e CB2). De acordo com sua ação sobre o SNC, a maconha pode ser 
classificada como uma droga:
(a) ( ) Estimulante. 
(b) ( ) Depressora.
(c) (x) Alucinógena.
(d) ( ) Lícita.
(e) ( ) Não recebe classificação.
3 Você já deve ter visto em alguns filmes policiais alguma cena em 
que o traficante ou o comprador de cocaína, para testar a “pureza” da 
droga, rapidamente passa o dedo na cocaína e a coloca na gengiva. Com 
este ato, o comprador da droga pode observar que a cocaína confere 
rapidamente propriedades analgésicas em sua gengiva, uma superfí-
cie mucosa altamente absorvível. Essa analgesia se mostra na forma 
de “adormecimento” da gengiva e o mecanismo responsável por esse 
efeito se deve ao bloqueio desta droga dos canais de:
11
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
(a) ( ) Cálcio.
(b) (x) Sódio.
(c) ( ) Potássio.
(d) ( ) Cloreto.
(e) ( ) Fósforo.
4 Esta droga entrou no Brasil no início dos anos 1990. É fumada, ra-
pidamente atinge o SNC (cerca de 15 segundos) e mantém seu efeito 
por pouco tempo (cerca de 5 minutos, o que faz com que o usuário 
rapidamente a busque novamente, facilitando o estabelecimento da 
síndrome de dependência de droga impura e barata, fez como que seu 
uso se popularizasse em nosso país. Esta droga é o (a):
(a) ( ) Merla.
(b) ( ) Anfetamina.
(c) ( ) Cocaína.
(d) (x) Crack.
(e) ( ) LSD.
5 A descoberta das substâncias endógenas nos anos 1990 anandamida 
(derivado do sânscrito ananda – que indica felicidade) e 2-araquidonil-
-glicerol (2-AG) foi fundamental para o entendimento do mecanismo de 
ação desta droga, apesar de ele ainda não ser completamente elucida-
do. Estamos falando do(a):
(a) ( ) Cocaína.
(b) ( ) LSD.
(c) ( ) Anfetamina.
(d) ( ) Ecstasy.
(e) (x) Maconha.
TÓPICO 2
1 O último relatório do Centro de Informação e Assistência Toxicológica 
de Santa Catarina (CIATox/SC) (http://ciatox.sc.gov.br/) demonstra que 
a segunda maior causa de intoxicações no estado de SC ocorre por into-
xicações medicamentosas. Com relação a esta informação do CIATox/SC 
e com base no que você estudou sobre toxicologia de medicamentos, 
discorra acerca do motivo destes números.
 FONTE: <https://bit.ly/36m9PR0>. Acesso em: 6 mar. 2020.
12
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
R.: Stress das grandes cidades, facilidade de obtenção de medicamentos, co-
brança social por sucesso, trânsito, papel da mulher na sociedade etc.
2 Diversos
agentes toxicantes, inclusive medicamentos, não possuem 
antídotos capazes de reverter os efeitos de uma intoxicação aguda. En-
tretanto, o flumazenil é um fármaco capaz de reverter os efeitos da in-
toxicação aguda por BDzs. Explique o mecanismo de ação do flumazenil.
R.: Age através de antagonismo GABAérgico, impedido a ligação do agonista 
(BDZ) ao seu sítio de ação e consequentemente reduzindo a atividade tóxica 
dos BDZs.
3 O mecanismo de ação dos barbitúricos e BDZs é bastante semelhante, 
entretanto apresenta pequenas diferenças que conferem maior segu-
rança aos BDZs. Com base no que você estudou sobre essas duas clas-
ses de medicamentos, explique o mecanismo de ambos os fármacos.
R.: Ambos agem através de agonismo GABAérgico (GABA A), ligando-se ao re-
ceptor GABA A, facilitando a ligação do agonista GABA e promovendo o influ-
xo de Cl- para o meio intracelular e ocasionando a hiperpolarização neuronal. 
Entretanto, os barbitúricos agem aumentando o tempo de abertura do canal, 
enquanto os BDZs agem aumentando a frequência de abertura do canal, o 
que confere maior segurança a esta classe de medicamentos.
4 É bastante comum a informação prestada por profissionais da saúde 
com relação a que medicamentos não devem ser administrados com 
álcool (etanol). Entretanto, esta informação é ainda mais pertinente 
quando relacionamos os medicamentos de ação sobre o SNC, no nosso 
estudo os barbitúricos e os BDZs. Por que esta informação é relevante? 
Justifique a sua resposta.
R.: A associação de álcool com barbitúricos ou BDZs potencializa a ação de 
ambos, pois o álcool possui sítio de ligação junto ao receptor GABA A e con-
sequentemente é capaz de promover uma ainda mais intensa ligação do ago-
nista GABA, quando do uso concomitante com barbitúricos ou BDZs, e assim, 
promover um maior influxo de Cl- e a consequente hiperpolarização neuronal.
13
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
TÓPICO 3
1	Agentes toxicantes, conforme vimos no decorrer do tópico 3, podem 
se encontrar em diversos locais que nos circundam, inclusive no nosso 
ambiente de trabalho/ estudo. Assim, podemos classificar os efeitos 
tóxicos observados em nosso ambiente de trabalho como:
(a) ( ) Efeitos causais, efeitos intercausais probabilísticos.
(b) (x) Efeitos determinísticos, probabilísticos e imunoalérgicos.
(c) ( ) Efeitos determinísticos, causais e imunoalérgicos.
(d) ( ) Efeitos determinísticos, probabilísticos e ocasionais.
(e) ( ) Não é possível classificar estes efeitos tóxicos.
2 Conforme vimos no decorrer do tópico 3 desta unidade, a toxicolo-
gia ocupacional estuda os efeitos tóxicos de determinadas substâncias 
químicas sobre o homem, substâncias estas que podem ser provenien-
tes, por exemplo de processos industriais. Desta forma, o principal ob-
jetivo da toxicologia ocupacional é:
(a) ( ) Avaliar os impactos ocasionados na saúde pública ocasionados pela 
exposição de uma população a determinado ambiente contaminado.
(b) ( ) Determinar os efeitos ocasionados pela exposição a determinados 
órgãos-alvo 
(c) ( ) Determinar os danos ocasionados por determinada substância em fun-
ção da duração da exposição à esta substância
(d) ( ) Determinar, de acordo com as vias de exposição, níveis máximos de 
exposição de uma substância ao ser humano.
(e) ( x) Prevenir as possíveis alterações verificadas na saúde dos traba-
lhadores quando expostos a determinadas substâncias químicas
3 Com relação à toxicologia ocupacional, analise as afirmativas a seguir 
assinalando posteriormente a resposta correta:
1- Dentre os objetivos da toxicologia ocupacional encontra-se a pre-
venção de danos à saúde do trabalhador causado por contaminantes 
químicos no ambiente de trabalho.
2- A NR. 15 (Norma Reguladora nº 15) do MT (Ministério do Trabalho), 
estabelece a implantação do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos 
Ambientais).
3- A inexistência de um biondicador adequado não se constitui em um 
fator limitante relacionado à monitorização ambiental, uma vez que só 
14
FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
o monitoramento ambiental é suficiente para a avaliação da toxicidade 
de um agente toxicante.
4- A quantidade absorvida de determinado substância quando nos re-
lacionamos a monitoramento ambiental, pode ser alterada devido a di-
versos fatores, tais como sexo, raça e idade.
(a) ( ) V – V – V – F.
(b) ( ) V – F – V – V.
(c) ( ) V – V – F – V. 
(d) (x) V – F – F – V.
(e) ( ) F – F – F – V.
4 A NR-15 Regulamenta atividades e operações insalubres, visando ga-
rantir a saúde do trabalhador. Com base na toxicidade dos compostos 
os quais o trabalhador manipula, esta NR (Norma Regulamentadora) 
estabelece adicionais de insalubridade ao salário do trabalhador que 
são de:
(a) ( ) 5%, 10% e 40%.
(b) ( ) 10%, 15% e 40%.
(c) (x) 10%, 200% e 40%.
(d) ( ) 7%,15% e 40%.
(e) ( ) 950%, 100% e 150%.
5 Os limites de exposição ocupacional a agentes toxicantes aos quais 
os trabalhadores são expostos no Brasil são determinados por agên-
cias regulatórias e correspondem ao limite máximo ao qual os traba-
lhadores devem ser submetidos diariamente. Estes limites são deno-
minados:
(a) ( ) Limite máximo permitido (LMP).
(b) ( ) Limite máximo determinado (LMD).
(c) (x) Limite de tolerância (LT).
(d) ( ) Capacidade máxima de absorção (CMA).
(e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores.
Farmacologia e Toxicologia Online/Farmacologia e Toxicologia.pdf
Farmacologia e 
Toxicologia
Profa. Liliani Carolini Thiesen
Prof. Fábio Rodrigo Mesquita Borges
Indaial – 2020
2a Edição
Impresso por:
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Profa. Liliani Carolini Thiesen
Prof. Fábio Rodrigo Mesquita Borges
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
T439f
 Thiesen, Liliani Carolini
 Farmacologia e toxicologia. / Liliani Carolini Thiesen; Fábio 
Rodrigo Mesquita Borges. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 206 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-020-5
1. Farmacologia. – Brasil. 2. Toxicologia. – Brasil. I. Borges, Fábio 
Rodrigo Mesquita. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 615.1
III
apresenTação
Caro acadêmico! Seja muito bem-vindo a nossa disciplina! Este 
livro didático auxiliará seus estudos para que você compreenda melhor a 
farmacologia e a toxicologia. As orientações contribuirão positivamente com 
relação ao direcionamento do processo de ensino e aprendizagem. 
A elaboração deste livro didático tem como finalidade direcionar 
você a ordenar os conteúdos, aspectos práticos e teóricos que auxiliarão 
no desenvolvimento global do seu estudo, agregando conhecimento e 
possibilitando, no final do curso, sua inserção no mercado de trabalho, 
através do seu mérito e dedicação.
Assim, convidamos você a conhecer brevemente cada unidade que 
será abordada neste livro.
Na Unidade 1, você compreenderá os aspectos relacionados à 
farmacologia, farmacocinética e farmacodinâmica, ou seja, você aprenderá 
como os medicamentos agem no organismo, vias de administração, formas 
farmacêuticas, seus benefícios e classes medicamentosas mais importantes. 
Na Unidade 2, você compreenderá a história da toxicologia, suas 
áreas de estudo, o status atual da toxicologia e os conceitos básicos que regem 
essa ciência que estuda os compostos tóxicos.
Na Unidade 3, você compreenderá algumas vertentes da toxicologia, 
com abordagem à toxicologia social, medicamentosa e ocupacional, com as 
principais características e particularidades de cada uma. 
Nesse contexto, delineamos os assuntos importantes a serem 
conhecidos e, dessa forma, convidamos você para se inteirar e assimilar este 
conhecimento.
Desejamos a você uma ótima leitura! Bons estudos!
Profa. Liliani Carolini Thiesen
Prof. Fábio Mesquita Borges
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro?
Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
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mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
V
VI
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
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Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que o levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
VII
UNIDADE 1 FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA ................................................................ 1
TÓPICO 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA ......................................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 HISTÓRIA DA FARMACOLOGIA .................................................................................................. 3
3 DIVISÃO DA FARMACOLOGIA ..................................................................................................... 6
4 INVESTIGAÇÃO FARMACOLÓGICA ........................................................................................... 6
5 CONCEITOS DE FARMACOLOGIA ............................................................................................... 9
6 FORMAS FARMACÊUTICAS ......................................................................................................... 14
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 17
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 18
TÓPICO 2 PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA ................... 19
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 19
2 FARMACOCINÉTICA ....................................................................................................................... 19
2.1 Vias de administração dos fármacos .............................................................................................. 21
2.1.1 Enteral .............................................................................................................................................. 22
2.1.1.1 Via oral (pela boca, per os, P.O) ................................................................................................ 22
2.1.1.2 Via bucal e sublingual (S.L) ....................................................................................................... 22
2.1.1.3 Via retal (per rectum, P.R) ......................................................................................................... 23
2.1.1.4 Parenteral ..................................................................................................................................... 24
2.1.1.5 Intravascular ................................................................................................................................ 24
2.1.1.6 Injeção intra-arterial .................................................................................................................... 25
2.1.1.7 Injeção intramuscular (I.M) e subcutânea (S.C) ...................................................................... 25
2.1.1.8 Injeção intradérmica ou intracutânea (I.D) ............................................................................. 26
2.1.1.9 Vias menos utilizadas ................................................................................................................. 26
2.2 ABSORÇÃO DE FÁRMACOS ......................................................................................................... 22
2.2.1 Biodisponibilidade ......................................................................................................................... 28
2.2.1.1 Determinação de biodisponibilidade ....................................................................................... 28
2.2.1.2 Bioequivalência ............................................................................................................................ 29
2.2.1.3 Equivalência terapêutica ............................................................................................................ 29
2.3 DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS .................................................................................................. 30
2.4 METABOLIZAÇÃO DE FÁRMACOS ........................................................................................... 30
2.5 EXCREÇÃO DE FÁRMACOS ......................................................................................................... 32
3 FARMACODINÂMICA .................................................................................................................... 34
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 38
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 40
TÓPICO 3 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO E CLASSES DE MEDICAMENTOS ......... 41
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 41
2 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO ............................................................................................. 41
3 CLASSES MEDICAMENTOSAS .................................................................................................... 44
3.1 FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) .............................. 45
3.2 FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA CARDIO-VASCULAR .......................................... 45
sumário
VIII
3.3 ANTIBIÓTICOS
................................................................................................................................. 46
3.4 ANTIFÚNGICOS .............................................................................................................................. 47
3.5 FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS ........................................................................................ 47
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................. 50
RESUMO DO TÓPICO 3 ...................................................................................................................... 57
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 58
UNIDADE 2 TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE ................................... 59
TÓPICO 1 HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA ................................................................................ 61
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 61
2 O PASSADO DA TOXICOLOGIA .................................................................................................. 62
3 TOXICOLOGIA MODERNA ........................................................................................................... 69
RESUMO DO TÓPICO 1 ...................................................................................................................... 75
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 76
TÓPICO 2 ASPECTOS E ÁREAS DE ESTUDO DA TOXICOLOGIA ....................................... 79
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 79
2 ASPECTOS E ÁREAS DE ABRANGÊNCIA DA TOXICOLOGIA ........................................... 79
3 ÁREAS DE ATUAÇÃO DA TOXICOLOGIA ............................................................................... 82
3.1 TOXICOLOGIA AMBIENTAL ........................................................................................................ 82
3.2 TOXICOLOGIA FORENSE .............................................................................................................. 83
3.3 TOXICOLOGIA OCUPACIONAL ................................................................................................. 83
3.4 TOXICOLOGIA DE ALIMENTOS ................................................................................................. 84
3.5 TOXICOLOGIA DE COSMÉTICOS ............................................................................................... 85
3.6 TOXICOLOGIA SOCIAL E DE MEDICAMENTOS ................................................................... 85
RESUMO DO TÓPICO 2 ...................................................................................................................... 88
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................... 89
TÓPICO 3 CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA ........................................................... 91
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 91
2 CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA .............................................................................. 91
2.1 TOXICOCINÉTICA .......................................................................................................................... 91
2.2 TOXICODINÂMICA ...................................................................................................................... 102
2.3 MECANISMOS GERAIS DE INTERAÇÃO DO TOXICANTE ................................................ 103
2.3.1 Interação com receptores ............................................................................................................ 103
2.3.2 Interferência nas funções e membranas excitáveis .................................................................. 105
2.3.3 Inibição da fosforilação oxidativa .............................................................................................. 105
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 108
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................................... 112
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 113
UNIDADE 3 TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL ......... 115
TÓPICO 1 TOXICOLOGIA SOCIAL ............................................................................................. 117
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 117
2 TOXICOLOGIA SOCIAL ................................................................................................................ 118
3 DEPENDÊNCIA, ABSTINÊNCIA, TOLERÂNCIA E FATORES DE RISCO PARA O 
 USO DE DROGAS ............................................................................................................................ 121
4 SISTEMA DE RECOMPENSA CEREBRAL (NÚCLEO ACCUMBENS – ÁREA 
 TEGMANTAL VENTRAL) .............................................................................................................. 124
5 OPIOIDES .......................................................................................................................................... 126
IX
5.1 MECANISMO DE AÇÃO DOS OPIOIDES ................................................................................. 128
5.2 RECEPTORES OPIOIDES .............................................................................................................. 128
5.3 MORFINA ........................................................................................................................................ 129
5.4 CODEÍNA ........................................................................................................................................ 130
5.5 HEROÍNA ........................................................................................................................................ 131
5.6 COCAÍNA/CRACK ........................................................................................................................ 132
5.6.1 Toxicocinética cocaína/crack ...................................................................................................... 135
5.6.2 Toxicodinâmica cocaína/crack ................................................................................................... 136
5.7 ANFETAMINAS .............................................................................................................................. 137
5.7.1 Toxicocinética das anfetaminas .................................................................................................. 140
5.7.2 Toxicodinâmica das anfetaminas ............................................................................................... 141
5.7.3 LSD (Dietilamida do ácido lisérgico) ........................................................................................ 142
5.7.4 Toxicocinética do LSD ................................................................................................................. 143
5.8 CANNABIS SATIVA (MACONHA) ............................................................................................. 145
5.8.1 Toxicocinética da maconha .........................................................................................................
148
5.8.2 Toxicodinâmica da Cannabis sativa .......................................................................................... 149
RESUMO DO TÓPICO 1 .................................................................................................................... 151
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 152
TÓPICO 2 TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS ................................................................... 155
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 155
2 BARBITÚRICOS ............................................................................................................................... 155
2.1 TOXICOCINÉTICA DOS BARBITÚRICOS ................................................................................ 158
2.2 TOXICODINÂMICA DOS BARBITÚRICOS .............................................................................. 159
2.3 INTOXICAÇÃO AGUDA POR BARBITÚRICOS ...................................................................... 161
3 BENZODIAZEPÍNICOS (BDZ) ..................................................................................................... 161
3.1 TOXICOCINÉTICA DO BDZ ........................................................................................................ 162
3.2 TOXICODINÂMICA DOS BDZ ................................................................................................... 163
3.3 INTOXICAÇÃO AGUDA POR BDZ ........................................................................................... 164
RESUMO DO TÓPICO 2 .................................................................................................................... 165
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 166
TÓPICO 3 TOXICOLOGIA OCUPACIONAL .............................................................................. 167
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 167
2 EXPOSIÇÃO A SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS ............................................................................. 168
3 LIMITES DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL ............................................................................. 168
4 DOENÇAS OCUPACIONAIS ........................................................................................................ 169
4.1 VIAS DE EXPOSIÇÃO ................................................................................................................... 170
4.2 DOENÇAS OCUPACIONAIS E DANOS AOS SISTEMAS DO CORPO HUMANO ........... 170
5 TOXICOLOGIA EXPERIMENTAL – ESTUDOS COM ANIMAIS E ESTUDOS 
 EPIDEMIOLÓGICOS ................................................................................................................... 171
6 MONITORAMENTO BIOLÓGICO E AMBIENTAL PARA A AVALIAÇÃO DA 
 EXPOSIÇÃO ................................................................................................................................... 171
LEITURA COMPLEMENTAR ........................................................................................................... 174
RESUMO DO TÓPICO 3 .................................................................................................................... 181
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................. 182
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 185
X
1
UNIDADE 1
FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
• conhecer a história da farmacologia e as suas divisões; 
• aprender os conceitos da farmacologia e as formas farmacêuticas;
• compreender a diferença entre remédio, medicamento, fármaco e droga;
• aprender as formas farmacêuticas e a farmacodinâmica;
• conhecer as vias de administração de fármacos;
• estudar a farmacocinética e a farmacodinâmica;
• entender o sistema nervoso autônomo; 
• explorar as diferentes classes de medicamentos.
Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que em cada um deles, 
você encontrará atividades que o auxiliarão na compreensão dos conteúdos 
apresentados.
TÓPICO 1 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA
TÓPICO 2 – PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E
 FARMACODINÂMICA
TÓPICO 3 – SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO E CLASSES
 MEDICAMENTOSAS
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
PRINCÍPIOS BÁSICOS DA 
FARMACOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Seja bem-vindo a esta caminhada para estudar e 
compreender o mundo da farmacologia. A finalidade deste estudo é de que 
você receba as informações e construa seu próprio conhecimento referente ao 
tema central, para que consiga discutir sobre farmacologia nas diferentes áreas, 
visando aprimoramento para sua trajetória profissional.
Você sabe o significado de farmacologia?
A palavra farmacologia tem origem grega φαραμkολογίαs. 
Φαραμkο = Farmacon = Fármaco
Λογίαs = logos= Ciências
Em outras palavras, é a ciência que estuda as interações entre as substâncias 
químicas (fármaco) e os sistemas biológicos.
A partir de agora, abordaremos e compreenderemos a história da 
farmacologia e os conceitos farmacológicos. Vamos aos estudos!
2 HISTÓRIA DA FARMACOLOGIA
Desde o alvorecer da humanidade, os povos pré-históricos já tratavam 
as doenças mediante o uso de ervas e substâncias de origem animal. As antigas 
civilizações habitualmente utilizavam plantas em rituais, realizando uma mistura 
de magia, religião e medicina para o tratamento de doenças.
O conhecimento acerca do poder curativo de certas plantas e substâncias 
gerou vários registros escritos, um que podemos citar foi o Papiro Ebers, um dos 
tratados médicos mais antigos e importantes que se conhece, escrito no Antigo 
Egito, em torno de 1550 a.C. O papiro consiste num rolo de cerca de 20 metros 
de comprimento e 30 cm de altura, com 110 páginas, contendo mais de 700 
fórmulas mágicas e remédios populares. Atualmente, o Papiro Ebers encontra-se 
em exposição na biblioteca da Universidade de Leipzig na Alemanha (SUAREZ, 
s.d.).
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
4
FIGURA 1 – PAPIRO EBERS
FONTE: <http://patologia.medicina.ufrj.br/images/_dep-patologia/historia_da_patologia/
historia_da_autopsia/Papiros/Papiro-Ebers.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2019.
Claudio Galeno, um médico e filósofo romano de origem grega, se destacou 
no período do Império Romano. Realizou vários estudos de Anatomia e Fisiologia, 
descreveu detalhadamente os ossos do crânio, espinha dorsal e importância da 
medula espinhal para os movimentos, o sistema muscular, gânglios nervosos, as 
válvulas do coração e as diferenças estruturais entre veias e artérias. Descobriu 
que a voz era controlada pelo cérebro, que as artérias transportam sangue, 
demonstrou que a urina é segregada pelos rins e detalhou o mecanismo de 
respiração. Foi o primeiro a refletir na base teórica da farmacologia, combatendo 
as doenças por meio de substâncias ou compostos que antagonizavam os sinais e 
sintomas das doenças. Galeno também escreveu sobre farmácia e medicamentos, 
e em suas obras se encontraram cerca de quatro centenas e meia de referências a 
fármacos (REBOLLO, 2006). 
FIGURA 2 – RETRATO DE CLÁUDIO GALENO
FONTE: <https://biologo.com.br/bio/claudio-galeno/>. Acesso em: 6 jul. 2019.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA
5
Philippus Theophrastus Bombast
von Hoheheim (1493-1541), conhecido 
como Paracelsus, se destacou no século XVI, o qual questionou as doutrinas 
provenientes da Antiguidade e procurou conhecer os componentes ativos dos 
medicamentos. Foi o primeiro médico a descrever e tratar a sífilis com pequenas 
doses de mercúrio. Além disso, foi um grande pioneiro no uso de minerais e 
substâncias inorgânicas na farmacoterapia europeia, abrindo caminhos para a 
pesquisa dos princípios ativos (SOUZA, s.d.).
A frase “Todas as substâncias são venenos, não existe nada que não seja 
veneno. Somente a dose correta diferencia o veneno do remédio” foi descrita por Paracelsus.
UNI
FIGURA 3 – RETRATO DE PARACELSUS
FONTE: <http://www.imagick.com.br/?p=9472>. Acesso em: 15 ago. 2019.
No século XIX, através da descoberta da química orgânica, as primeiras 
drogas puderam ser identificadas e isoladas, favorecendo a evolução para a 
farmacologia moderna. A primeira droga isolada foi a morfina em 1805, por 
Sertüner, que a extraiu da Papoula. Em 1847, Rudolf Buchheim (1820-1879) fundou 
o primeiro Instituto de Farmacologia na Universidade de Dorpat, em Estônia, 
dedicando-se a justificar os efeitos farmacológicos por meio das características 
químicas das substâncias (ZANINI; SEIZI, 1994).
Já no início do século XX, com a era industrial e a vasta descoberta de 
princípios ativos, surgiram as indústrias farmacêuticas, revolucionando o 
mercado farmacêutico, produzindo medicamentos em escala industrial, bem 
como a diversificação das formas farmacêuticas (ZANINI; SEIZI, 1994). 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
6
3 DIVISÃO DA FARMACOLOGIA
A farmacologia pode ser subdividida em vários ramos, sendo que essa 
classificação é feita com base na evolução das técnicas, métodos farmacológicos e 
ao tipo de estudo. Vamos agora entender esta classificação!
Farmacodinâmica: estuda o mecanismo de ação dos fármacos. É a área da 
farmacologia que estuda os efeitos fisiológicos dos fármacos no organismo, 
efeitos terapêuticos e efeitos tóxicos de uma droga. 
Farmacocinética: estuda o destino do fármaco, ou seja, o caminho que o fármaco 
faz no organismo. Que são: as vias de administração, absorção, distribuição, 
metabolismo e excreção. 
Farmacotécnica: estuda a arte de preparo e conservação das formas farmacêuticas 
sob as quais os medicamentos são administrados: cápsulas, comprimidos, 
suspensões etc. 
Farmacognosia: estuda as substâncias ativas animais, vegetais e minerais no 
estado natural e suas fontes.
Farmacoterapia: estuda a orientação do uso racional de medicamentos.
Fitoterapia: estuda o uso de fármacos de origem vegetal (plantas medicinais).
Farmacoepidemiologia: estuda as reações adversas dos medicamentos, do risco/
benefício e custo dos medicamentos numa população.
Farmacovigilância: estuda a detecção de reações adversas de medicamentos, 
validade, concentração, apresentação, eficácia farmacológica, industrialização, 
comercialização, custo, controle de qualidade de medicamentos já aprovados e 
licenciados pelo Ministério da Saúde.
Farmacogenética: estuda os efeitos dos fármacos com relação à genética molecular, 
inclusive a natureza genética das reações adversas às drogas. 
Farmacogeriatria: estuda as variações da sensibilidade dos medicamentos, 
absorção, metabolismo, toxicidade e excreção das drogas em pessoas idosas.
Farmacoeconomia: estuda os efeitos dos medicamentos em termos sociais e 
econômicos, e, surge como nova disciplina importante na orientação de decisões 
governamentais sobre a política de prescrição de medicamentos e de assistência 
sanitária (SCHELLCK, 2005).
4 INVESTIGAÇÃO FARMACOLÓGICA
Caro acadêmico! Você já se perguntou como acontece o desenvolvimento 
de um novo medicamento? Quais são as etapas que ocorrem até o novo 
medicamento chegar às prateleiras das farmácias? Quanto tempo leva desde a 
descoberta do princípio ativo até o medicamento ser lançado no mercado? Qual 
órgão fiscaliza todo esse processo?
Todo medicamento que vai ser lançado no mercado passa por diversas 
etapas de pesquisa, desenvolvimento e testes até ser aprovado pela ANVISA 
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão que fiscaliza a regulamentação 
de fabricação e produção de medicamentos. O processo de regulamentação de 
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA
7
um medicamento é longo, rigoroso e caríssimo para as indústrias farmacêuticas, 
pois todo esse processo dura, em média, 15 anos. 
Primeiramente, inicia-se com as pesquisas em universidades e centros 
de pesquisa identificando compostos naturais, isolados ou sintéticos e suas 
atividades biológicas. A partir da descoberta de uma nova molécula com potencial 
farmacológico, que seja candidata a se tornar uma nova droga, começam a realizar 
os testes farmacotécnicos e otimização química visando a sua estabilidade, 
efetividade e segurança (SANTOS, 2019, s.d.). 
O potencial medicamento deve seguir, então, para os testes pré-clínicos 
laboratoriais (in vitro) e em animais (in vivo), com o objetivo de avaliar a 
toxicidade, a segurança e a eficácia do novo fármaco. Nessa etapa também 
é avaliada a absorção e eliminação do fármaco no organismo, além das doses 
eficazes (SANTOS, s.d.). 
Após o fármaco apresentar eficácia e segurança nas doses testadas, o 
dossiê de pesquisa é apresentado aos órgãos regulatórios e a comitês de ética em 
pesquisa (CEP), que aprovam o novo medicamento, passando para a fase dos 
testes clínicos, os quais visam testar o fármaco em seres humanos. 
Os testes clínicos são divididos em três fases, de acordo com a BNDES 
(2018): 
Fase I – o medicamento é testado em um pequeno grupo de voluntários sadios. O 
principal objetivo desta fase é verificar os efeitos indesejáveis, determinar a forma 
de administração e verificar como o organismo reage ao medicamento. 
Fase II – o medicamento é testado em um grupo de voluntários acometidos pela 
doença investigada. Os objetivos dessa fase são avaliar sua eficácia, se ele possui 
ação para a doença investigada, e definir seu regime terapêutico, sua dose e 
intervalo de uso. Essa fase também permite obter informações mais detalhadas 
sobre a segurança (toxicidade) em curto prazo. Somente se os resultados forem 
bons passa-se para a fase seguinte. 
Fase III – com a dose e o intervalo de uso estabelecido, o medicamento é testado 
em um grupo maior de pacientes, avaliando novamente a eficácia e a segurança. 
Nesta fase, ocorre a comparação com o tratamento padrão já existente ou placebo. 
Normalmente, nos estudos desta fase os pacientes são divididos em dois grupos: o 
grupo controle (recebe o tratamento padrão, já existente no mercado, ou placebo, 
em casos de nova substância) e o grupo investigacional (recebe o novo fármaco). 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
8
Você sabia que os voluntários que participam dos testes clínicos são 
denominados de sujeitos da pesquisa e assinam um Termo de Consentimento Livre e 
Esclarecido (TCLE)? O TCLE consiste no consentimento livre do envolvido manifestar seu 
consentimento à participação na pesquisa após uma explicação clara, acessível e minuciosa 
sobre os procedimentos a serem realizados na pesquisa, os possíveis riscos e benefícios 
esperados, a assistência, a indenização de danos, a garantia do sigilo a sua privacidade e a 
liberdade de recusar sua participação em qualquer fase da experiência (DINIZ, 2009).
UNI
Ao término dessa fase são encaminhados para ANVISA os resultados 
de todas as fases pré-clínicas e estudos clínicos com a descrição dos processos 
de produção do medicamento. Se a ANVISA estiver de acordo com os dados 
submetidos referentes à qualidade, eficácia e segurança do medicamento, a 
autorização para lançamento e comercialização é concedida, e o novo medicamento 
estará disponível aos pacientes.
Após o medicamento estar no mercado, ocorre a pesquisa de pós-
comercialização. Essa pesquisa ocorre num período de 10 anos de comercialização 
do medicamento, avaliando os efeitos crônicos e acumulação de dose
em 
pacientes usuários do medicamento. É a farmacovigilância, que acompanha esse 
processo, para verificar o surgimento de novas reações adversas e/ou confirmação 
da frequência de surgimento das já conhecidas e as estratégias de tratamento. 
Esses estudos são essenciais principalmente para os medicamentos novos, pois 
proporcionam a avaliação do seu uso em grandes populações (CECIERJ, 2019). 
FIGURA 4 – INVESTIGAÇÃO FARMACOLÓGICA
FONTE: <https://temciencianoteucha.com/2015/10/25/como-nasce-um-medicamento-
parte-i/>. Acesso em: 25 nov. 2019.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA
9
5 CONCEITOS DE FARMACOLOGIA 
Caro acadêmico! Acreditamos que já tenha reparado em algumas novas 
palavras que são incomuns no nosso vocabulário, mas na área da farmacologia isso 
ocorre com frequência. Assim, antes de embarcarmos no mundo da farmacologia, 
vamos conhecer um pouco mais sobre os conceitos dessa área. 
Os medicamentos são substâncias químicas que influenciam em processos 
fisiológicos ou psicológicos, esses processos ocorrem devido à presença do 
princípio ativo, substância responsável pela ação terapêutica, com composição 
química e ação farmacológica conhecidas, é o principal agente do medicamento. 
Quando o medicamento não possui o princípio ativo, são denominados de 
medicamento placebo ou apenas placebo, utilizados quando há necessidade de 
suprir fatores psicológicos (SCHELLCK, 2005).
Veremos agora as definições de droga, fármaco, remédio e medicamento 
de acordo com Schellck (2005).
• Droga é qualquer substância exógena que ao ser introduzida no organismo 
altera sua função resultando em mudanças fisiológicas ou comportamentais 
(com ou sem efeito benéfico). Exemplo: cafeína, cocaína, nicotina. 
• Fármaco é uma substância exógena, com estrutura química definida, que ao ser 
introduzida no organismo promove uma ação benéfica, um efeito terapêutico. 
Exemplo: ácido acetilsalicílico (princípio ativo da Aspirina®), diclofenaco de 
sódio (princípio ativo do Cataflan®). 
• Remédio é qualquer dispositivo que produz ações benéficas, bem-estar ao 
paciente. Exemplos: chás, dietas, fisioterapia, atividade física, massagem, 
acupuntura, medicina alternativa.
• Medicamento é toda substância, ou associação de substâncias contida em 
um produto farmacêutico, empregada para modificar ou explorar sistemas 
fisiológicos ou estados patológicos em benefício da pessoa a que se administra, 
ou seja, é um produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com 
finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico.
A palavra remédio é muito utilizada pelos leigos como sinônimo de 
medicamento, mas como vimos anteriormente, as duas palavras possuem 
significados diferentes. Assim, concluímos que todo medicamento é um remédio, 
mas nem todo remédio é um medicamento.
Aliás, você sabe a diferença de medicamento de referência, similar e 
genérico? De acordo com Lei nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, artigo 3: 
Medicamento de Referência – produto inovador registrado no 
órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado 
no País, cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas 
cientificamente junto ao órgão federal competente, por ocasião do 
registro. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
10
Medicamento Similar – aquele que contém o mesmo ou os 
mesmos princípios ativos, apresenta a mesma concentração, forma 
farmacêutica, via de administração, posologia e indicação terapêutica, 
preventiva ou diagnóstica, do medicamento de referência registrado 
no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir 
somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, 
prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, 
devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca;
Medicamento Genérico – medicamento similar a um produto de 
referência ou inovador, que se pretende ser com este intercambiável, 
geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção 
patentária ou de outros direitos de exclusividade, comprovada a 
sua eficácia, segurança e qualidade, e designado pela Denominação 
Comum Brasileira (DCB) ou, na sua ausência, pela Denominação 
Comum Internacional (DCI).
FIGURA 5 – MEDICAMENTO DE REFERÊNCIA X SIMILAR X GENÉRICO DO PRINCÍPIO 
ATIVO DA DIPIRONA
FONTE: <https://marcioantoniassi.wordpress.com/2014/01/25/genericos-x-similares-entenda-a-
diferenca-entre-os-medicamentos/>. Acesso em: 22 ago. 2019.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA
11
No Brasil, os medicamentos genéricos para serem comercializados devem ser 
identificados na embalagem com uma tarja amarela, contendo a letra G maiúscula na cor 
azul e a inscrição Medicamento Genérico, conforme a Lei dos Medicamentos Genéricos 
(Lei nº 9.787, de 1999).
UNI
FONTE: <http://momentosaudeufpel.blogspot.com/2012/04/como-identificar-um-
medicamento.html>. Acesso em: 24 ago. 2019.
Na farmacologia estudamos o medicamento num todo, sua composição 
química, a ação esperada, seus efeitos desejáveis e indesejáveis e o modo de uso. 
Com relação ao modo de uso, temos a posologia que está relacionada com o 
estabelecimento das doses, a sua frequência de administração e a duração do 
tratamento, ou seja, é a forma de utilizar o medicamento. Ela é definida através 
da concentração terapêutica, que compreende a concentração plasmática mínima 
do fármaco para fazer o efeito terapêutico e a concentração máxima tolerada, no 
qual o fármaco apresentará efeitos tóxicos (SCHELLCK, 2005). Entre essas faixas 
de concentração, encontra-se a janela terapêutica, conforme demonstrado na 
Figura 6. 
MEDICAMENTO GENÉRICO
Lei 9.787/99
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
12
FIGURA 6 – CONCENTRAÇÃO TERAPÊUTICA DO FÁRMACO
FONTE: <https://farmaceuticodigital.com/2012/09/o-que-e-posologia.html>. Acesso em: 24 
ago. 2019.
A partir disso são determinadas as doses, a dose terapêutica é a dose 
administrada com a intenção de obter seus efeitos terapêuticos. A dose de 
manutenção está relacionada às doses que serão administradas a fim de manter 
a concentração plasmática do fármaco constante para uma melhor eficiência no 
tratamento. A dose de ataque corresponde a uma única dose com concentração 
superior ao que é normalmente administrado com a finalidade de obter uma 
resposta mais rápida, seguida posteriormente de doses com concentrações 
inferiores à de ataque. A dose tóxica está relacionada a uma dose que será 
administrada numa concentração superior à terapêutica, podendo levar a um 
quadro de intoxicação ou à morte. Existe ainda o efeito dose dependente, que é o 
atingimento de efeitos farmacológicos decorrentes do aumento da dose utilizada 
(SCHELLCK, 2005). 
A eficácia farmacológica ocorre no pico de ação do fármaco, que é o efeito 
máximo do fármaco, a ação farmacológica. A quantidade de fármaco (dose) que 
produz o efeito farmacológico é denominada de potência (SCHELLCK, 2005).
A diminuição da resposta farmacológica que se deve à administração 
repetida ou prolongada de alguns fármacos é denominada de tolerância 
(SCHELLCK, 2005). 
O medicamento pode causar efeitos indesejáveis, como já relatado 
anteriormente, isso ocorre devido ao princípio ativo não possuir alta especificidade 
ao sítio de ligação (local onde o fármaco se liga ao receptor), ou seja, acaba 
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA
13
interagindo em mais de um alvo farmacológico, ocasionando sintomas e reações 
adversas (SCHELLCK, 2005).
Os efeitos colaterais, também chamados de efeitos secundários do 
medicamento, são reações esperadas e explicáveis após o uso do medicamento, 
relacionado ao mecanismo de ação ou propriedades químicas. Ocorrem devido 
a não seletividade do fármaco, aparecem como efeito terapêutico. Um exemplo 
disso é a diminuição da coagulação sanguínea que a Aspirina® causa (TAVEIRA; 
GUIMARÃES, 2014). 
A reação adversa medicamentosa (RAM) é qualquer resposta do 
medicamento que seja
nociva, não intencional, e que ocorra nas doses 
normalmente utilizadas para profilaxia, diagnóstico e tratamento de doenças, ou 
para a modificação de uma função fisiológica (ANVISA, 2004). Um exemplo disso 
é a tosse seca intermitente que surge com o uso de Captopril. Por fim, os efeitos 
idiossincrásicos são reações adversas raras, inesperadas e inexplicáveis após o 
uso do fármaco (TAVEIRA; GUIMARÃES, 2014).
Há também as interações medicamentosas, que ocorrem quando 
administramos mais de um medicamento concomitantemente, ocasionando um 
aumento ou diminuição do efeito terapêutico. A interação medicamentosa pode 
promover um aumento de toxicidade de um fármaco. Por exemplo, pacientes 
que fazem uso de varfarina podem ter sangramentos se passarem a usar um 
anti-inflamatório não esteroide (AINE) sem reduzir a dose do anticoagulante. 
O álcool reforça o efeito sedativo de hipnóticos e anti-histamínicos (TAVEIRA; 
GUIMARÃES, 2014).
 A interação medicamentosa pode reduzir a eficácia de um fármaco, por 
exemplo, o uso de antibiótico com anticoncepcional oral, que provoca alterações 
na absorção intestinal dos anticoncepcionais orais, diminuindo a eficácia 
contraceptiva (SILVA; ROCHA, 2013). Há interações que podem ser benéficas, por 
exemplo, o uso de anti-hipertensivos e diuréticos, visto que o uso de diuréticos 
potencializa o efeito do anti-hipertensivo.
Lembrando que as interações medicamentosas também podem ocorrer 
com alimentos e bebidas. Por exemplo, a tetraciclina sofre quelação por alimentos lácteos, 
sendo excretada nas fezes, sem produzir o efeito antimicrobiano desejado.
UNI
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
14
6 FORMAS FARMACÊUTICAS
Caro acadêmico! Você viu que a farmacotécnica estuda os fármacos 
nas formas farmacêuticas, analisando sua estabilidade, absorção e sua ação 
terapêutica. Para que o fármaco possua sucesso terapêutico são adicionados 
outros componentes a ele, denominados de adjuvantes ou excipientes, que são 
matérias-primas que irão favorecer ou melhorar a sua estabilidade, o sabor, o 
odor, facilitar a administração, dar volume a forma farmacêutica, entre outras 
funções. São eles que dão forma e estado final ao medicamento (TAVEIRA; 
GUIMARÃES, 2014). 
Existem várias formas farmacêuticas para preparar um fármaco. Um 
mesmo princípio ativo, por exemplo, o diclofenaco de sódio, pode ser apresentado 
em várias formas farmacêuticas distintas para diferentes vias de administração 
ou para a mesma via. Os motivos de produzir diferentes formas farmacêuticas 
são para uma fácil administração, diferentes doses o tempo de ação, local de ação, 
proteção da substância ativa contra as barreiras do organismo, que dificultam a 
sua entrada ou inativam o fármaco, por exemplo, o suco gástrico do estômago. 
Existem as formas farmacêuticas sólidas, líquidas e semissólidas (TAVEIRA; 
GUIMARÃES, 2014). Vamos agora conhecê-las! 
As formas farmacêuticas sólidas são as mais usualmente conhecidas. Os 
comprimidos são uma mistura de pós e/ou grânulos, contendo o fármaco e seus 
adjuvantes, que passam por um processo de compressão. Apresentam inúmeras 
vantagens, como estabilidade físico-química; economia na preparação; boa 
apresentação; precisão na dosagem, fácil administração e fácil manuseio (FERRAZ, 
s.d.). As desvantagens são a perda do fármaco pela ação do suco gástrico; a não 
desintegração do comprimido; e a irritação do trato gastrointestinal.
As cápsulas são preparações farmacêuticas constituídas por um invólucro 
de formato cilíndrico ou ovoide, contendo substâncias ativas. O envoltório que 
forma a cápsula pode ser tanto duro quanto mole, as cápsulas duras são feitas 
de gelatina e as moles de glicerina. Elas têm como objetivo eliminar o sabor e/
ou odor desagradável, bem como facilitar a deglutição e a liberação do fármaco 
(TAVEIRA; GUIMARÃES, 2014).
As drágeas são comprimidos com revestimento açucarado. É o uso desse 
revestimento em que se dá a nomenclatura a esse tipo de forma farmacêutica. 
Para um entendimento melhor, podemos exemplificar as drágeas com confetes 
de chocolate. Um exemplo de medicamento com essa forma farmacêutica é 
a Neosaldina®. A drágea geralmente é utilizada para administração oral de 
medicamentos irritantes da mucosa gástrica (TAVEIRA; GUIMARÃES, 2014).
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA
15
FIGURA 7 – EXEMPLOS DE FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS
FONTE: <https://farmaceuticodigital.com/2014/10/formas-farmaceuticas.html>. Acesso em: 25 
ago. 2019.
Os supositórios são formas farmacêuticas sólidas destinadas à inserção 
nos orifícios corporais, onde se fundem, amolecem ou dissolvem, exercendo 
efeito local ou sistêmico. A vantagem dessa forma está relacionada a crianças que 
não conseguem ou possuem dificuldade para engolir formas orais. Os óvulos são 
muito parecidos com os supositórios, apresentam formato ovoide, difundem-se 
ou se dispersam e são utilizados na aplicação vaginal (TAVEIRA; GUIMARÃES, 
2014).
Já as formas farmacêuticas semissólidas normalmente são utilizadas para 
aplicação na pele ou em mucosas, possuindo ação local ou penetração percutânea 
dos medicamentos, podem ainda exercer ação emoliente ou protetora. Dentre 
essas formas existem os cremes, géis, pastas, pomadas e emplastros (TAVEIRA; 
GUIMARÃES, 2014). 
Os cremes são emulsões do tipo óleo/água ou água/óleo, contendo o 
princípio ativo imerso neles. As pomadas são preparações oleosas de consistência 
semissólida destinadas a serem aplicadas sobre a pele ou sobre determinadas 
mucosas, possuem características adesivas ou oclusivas a fim de exercer uma 
ação local. Os géis são dispersões de pequenas ou grandes moléculas em um 
veículo aquoso que adquire consistência semelhante de geleia, após ajustar o pH. 
A pasta é uma preparação que possui 20% de sólido, em que o pó é disperso em 
um ou mais excipientes, possuindo efeito secante. Devido a essa característica é 
utilizado rigorosamente na pele, já que a penetração do fármaco é dificultada. 
Os emplastros, por fim, consistem em um suporte com função adesiva à pele, 
contendo uma base com um ou mais princípios ativos (TAVEIRA; GUIMARÃES, 
2014).
As formas farmacêuticas líquidas são mais utilizadas em crianças e 
idosos, devido à fácil administração quando comparadas às formas farmacêuticas 
sólidas tradicionais. Por serem líquidas, aceitam uma variação de dosagem pela 
mudança do volume a ser administrado.
As soluções são preparações farmacêuticas líquidas, sendo sistemas 
monofásicos e termodinamicamente estáveis. Os elixires são soluções 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
16
hidroalcoólicas edulcoradas com açúcar, apresentado graduações alcoólicas na 
faixa de 20 a 30%. Os xaropes são preparações farmacêuticas aquosas, límpidas, 
altamente viscosas que contêm alta concentração próxima à saturação de açúcar. 
A suspensão é um sistema heterogêneo de dispersão mecânica em que a fase 
externa é liquida e a fase interna ou dispersa é constituída por sólidos insolúveis 
(TAVEIRA; GUIMARÃES, 2014).
17
Neste tópico, você aprendeu que:
• A farmacologia é a ciência que estuda as interações entre as substâncias 
químicas (fármaco) e os sistemas biológicos. Está subdividida em classes, na 
qual cada uma estuda uma função.
• A investigação farmacológica passa pela fase pré-clínica (estudo da substância 
em animais e in vitro). A fase clínica (humanos) é dividida em três fases: 
Fase I – testada em voluntários sadios, dose, avaliação, efeitos adversos; Fase 
II – testada em voluntários doentes, dosagem mais eficaz e segura; Fase III – 
Triagem Clínica.
• Eficácia Farmacológica: é o efeito máximo do fármaco.
• Potência: quantidade do fármaco (dose) que produz efeito.
• Tolerância: é a diminuição da resposta fármaco lógica que se deve à 
administração repetida ou prolongada de alguns fármacos.
• As formas farmacêuticas são os estados físicos finais dos medicamentos, 
podendo ser sólido, líquido e semissólido. Visam facilitar a administração e
atingir a disponibilidade biológica desejada.
RESUMO DO TÓPICO 1
18
1 Diferencie os conceitos de droga, fármaco e medicamento. 
2 Com relação à linguagem farmacológica, relacione a coluna da direita com 
os números da coluna da esquerda:
AUTOATIVIDADE
(2) São reações esperadas e explicáveis que aparecem 
após o uso do fármaco devido a sua não seletividade, 
aparecem lateralmente com o efeito terapêutico.
 ( ) Tolerância.
(4) São reações inesperadas e inexplicáveis que aparecem 
após o uso do fármaco.
( ) Efeitos colaterais.
Processo pelo qual só se consegue o mesmo efeito 
fármaco lógico, com a administração de doses cada vez 
mais altas do fármaco.
( ) Potência.
(3) Propriedade de um fármaco que em pequena 
quantidade produz efeito farmacológico máximo.
 ( ) Efeitos adversos.
(5) Efeito máximo do fármaco, produzindo sobre uma 
ação.
 ( ) Eficácia farmacológica.
3 Conforme a Lei dos medicamentos genéricos, descreva as características de 
um medicamento genérico.
19
TÓPICO 2
PRINCÍPIOS DA 
FARMACOCINÉTICA E 
FARMACODINÂMICA
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Neste tópico abordaremos os princípios da 
farmacocinética e farmacodinâmica. 
A farmacocinética é o estudo do destino dos fármacos no organismo após 
sua administração e abrange os processos de absorção, distribuição, metabolização 
e excreção. A ideia de “cinética” está relacionada à movimentação dos fármacos 
pelo organismo (NUNES, 2018).
Já a farmacodinâmica estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos 
fármacos e seus mecanismos de ação. Fornece as bases para a utilização terapêutica 
e racional de um fármaco e o desenvolvimento de agentes terapêuticos novos e 
mais eficazes (SCHELLCK, 2005).
Assim, a abordagem da farmacocinética pode-se resumir a “o que o 
organismo faz com o fármaco”, o que a distingue da farmacodinâmica, que 
aborda “o que o fármaco faz com o organismo”. 
Vamos aos estudos!
2 FARMACOCINÉTICA
A farmacocinética estuda a maneira como os processos de absorção, 
distribuição, metabolismo (ou biotransformação) e excreção determinam o 
destino das moléculas das drogas dentro dos organismos vivos. Descreve, ainda, 
os efeitos dos processos (ADME) corporais nas moléculas das drogas, como uma 
função do tempo (isto é, medidos com o passar do tempo) (SCHELLCK, 2005).
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
20
Caro acadêmico! Os quatro processos destacados se referem como processos 
ADME, que quer dizer:
A = Absorção
D= Distribuição
M = Metabolismo
E = Excreção
Mais adiante, abordaremos cada um desses processos.
UNI
Segundo Rang e Dale (2012), na prática, a farmacocinética tem como foco 
as concentrações do fármaco no plasma sanguíneo, que é facilmente obtido por 
venopunção, pois assume-se que as concentrações plasmáticas apresentem uma 
relação evidente com as concentrações de um fármaco no líquido extracelular que 
envolve as células, as quais expressam receptores e outros alvos com os quais as 
moléculas do fármaco interagem. No caso de alguns fármacos, as concentrações 
plasmáticas também são utilizadas na prática clínica de rotina para individualizar 
a dose, com a finalidade de alcançar o efeito terapêutico desejado, ao passo em 
que os efeitos adversos são minimizados em cada paciente, uma abordagem 
denominada monitoração terapêutica do fármaco (frequentemente abreviada como 
MTF). 
Como já estudado anteriormente, o objetivo do tratamento medicamentoso 
é prevenir, curar ou controlar doenças. Para atingir esse objetivo, doses adequadas 
do fármaco devem ser oferecidas ao tecido-alvo, de forma a serem obtidos níveis 
terapêuticos, porém não tóxicos. O clínico necessita reconhecer que a velocidade 
do início da ação, a intensidade do efeito e a duração da ação do fármaco são 
controladas pelos quatro processos fundamentais do movimento e da modificação 
do fármaco no organismo. Primeiro a absorção do fármaco a partir do local de 
administração (entrada) permite o acesso do agente terapêutico (seja direta ou 
indiretamente) no plasma. Segundo, o fármaco pode, então, reversivelmente 
sair da circulação sanguínea e distribuir-se nos líquido intersticial e intracelular 
(distribuição). Terceiro, o fármaco pode ser metabolizado no fígado ou em outros 
tecidos. Finalmente, o fármaco e seus metabólitos são eliminados do organismo 
(saída) na urina, na bile ou nas fezes, completando assim os processos ADME 
(HOWLAND; MYCEK, 2007).
Quando falamos de absorção nos referimos à passagem das moléculas da 
droga através de diversas membranas mucosas, ele ou tecido subcutâneo para 
a circulação sanguínea. A distribuição refere-se ao transporte dessas moléculas 
através da circulação sistêmica para os diversos compartimentos fluidos, tecidos 
e sistemas de órgãos que constituem seus sítios de ação. Por fim, a ação do 
fármaco necessita ser interrompida por meio do metabolismo (biotransformação) 
do fármaco e da eventual excreção de seus metabólitos para fora do organismo 
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
21
(SCHELLCK, 2005).
Para que ocorram esses processos cinéticos, as moléculas dos fármacos 
necessitam possuir a capacidade de atravessar barreiras biológicas, tais como a 
membrana plasmática das células, o endotélio das paredes dos vasos capilares, as 
membranas mucosas etc. (SCHELLCK, 2005).
2.1 Vias de administração dos fármacos
Conforme já fora mencionado, a absorção é o primeiro dos processos 
cinéticos. Para que a absorção das moléculas dos fármacos ocorra, primeiramente 
o fármaco necessita ser introduzido ou administrado ao organismo (SCHELLCK, 
2005).
A determinação de qual via de administração será utilizada se dá 
primariamente pelas propriedades do fármaco (ex.: hidro ou lipossolubilidade, 
ionização etc.) e pelos objetivos terapêuticos (ex.: a necessidade de um início 
rápido da ação ou a necessidade de administração por longo tempo ou restrição 
de acesso a um local especifico). Há duas vias principais de administração de 
fármacos, enteral e parenteral (HOWLAND; MYCEK, 2007). Vamos então 
conhecer as principais vias de administração. 
FIGURA 8 – PRINCIPAIS VIAS DE ADMINISTRAÇÃO
FONTE: Whalen et al. (2016, p. 4)
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
22
2.1.1 Enteral
A administração enteral é a via mais segura, comum, conveniente e 
econômica de administrar os medicamentos. Veremos que o medicamento poderá 
ser deglutido, por via oral, ou poderá ser colocado sob a língua (sublingual), entre 
a bochecha e a gengiva (bucal) ou no ânus (retal), facilitando a absorção direta na 
circulação sanguínea (WHALEN et al., 2016). 
2.1.1.1 Via oral (pela boca, per os, P.O)
O processo cinético da absorção pode ser apresentado de uma maneira 
melhor se utilizarmos o exemplo da administração por via oral. A administração 
do fármaco oralmente é a via mais comum, mas também é a mais variável e 
envolve o caminho mais complicado até os tecidos. É geralmente considerada 
a via mais conveniente e aceitável de administrar um medicamento, já que o ato 
de engolir é a maneira natural de ingerir alimentos ou bebidas. Além disso, a 
maioria dos leigos não requer a ajuda de um profissional da saúde para tomar 
medicamentos pela boca (mas com injeções, por exemplo, eles podem precisar de 
assistência). Alguns fármacos são absorvidos no estômago; no entanto, o duodeno 
é o principal local de entrada na circulação sistêmica devido a sua maior superfície 
absortiva. A partir do estômago e do intestino delgado, as moléculas das drogas 
precisam, então, atravessar uma série de membranas biológicas e barreiras para 
alcançar a circulação porta hepática. A maioria dos fármacos absorvidos no trato 
gastrintestinal (TGI) entram na circulação portal e encontra o fígado antes de ser 
distribuída na circulação geral (HOWLAND; MYCEK, 2007; SCHELLACK, 2005). 
 A biotransformação de primeira passagem ou metabolismo de primeira 
passagem, no intestino ou no fígado, limita a eficácia de vários fármacos
quando 
administrados por via oral. A ingestão de fármacos com alimento no estômago 
retarda o esvaziamento gástrico de forma que os fármacos que são destruídos 
pelo ácido e se tornam indisponíveis para a absorção. Em circunstâncias gástricas 
normais, o esvaziamento levará até quatro horas, e o tempo de trânsito pelo 
intestino delgado levará outras seis horas para se completar (HOWLAND; 
MYCEK, 2007; SCHELLACK, 2005). 
Como já abordado no Tópico 1, o revestimento entérico do fármaco 
o protege do meio ácido e pode evitar a irritação gástrica. Dependendo da 
formulação, a liberação do fármaco pode ser prolongada, produzindo um efeito 
de liberação sustentada. Formas de administração líquidas são as fórmulas orais 
que melhor são absorvidas (SCHELLACK, 2005).
2.1.1.2 Via bucal e sublingual (S.L)
As membranas da mucosa oral possuem um grande suprimento sanguíneo, 
proporcionando, portanto, uma superfície de absorção altamente vascularizada. 
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
23
Fármacos lipossolúveis podem ser rapidamente absorvidos diretamente para a 
circulação sistêmica, pois o retorno venoso para o coração se dá por meio da veia 
cava superior, evitando, assim, a circulação porta hepática (SCHELLACK, 2005).
Você sabe a diferença entre substâncias lipossolúveis e hidrossolúveis? 
Substâncias lipossolúveis se dissolvem em lipídios e substâncias hidrossolúveis são solúveis 
em água. 
ATENCAO
A administração bucal consiste em borrifar ou colocar o fármaco entre a 
mucosa jugal (bochecha) e a mucosa mastigatória (gengiva). Para a administração 
sublingual, o fármaco é colocado embaixo da língua. Os fármacos que são 
administrados por essa via precisam ser solúveis na saliva e devem ser ativos em 
concentrações muito baixas (SCHELLACK, 2005).
A colocação sob a língua permite ao fármaco difundir-se através dos 
capilares e, assim, entrar diretamente na circulação sistêmica. A administração 
de um fármaco por essa via também possui a vantagem de que o fármaco não 
passa pelo intestino e pelo fígado e, assim, evita a biotransformação de primeira 
passagem (HOWLAND; MYCEK, 2007; SCHELLACK, 2005).
2.1.1.3 Via retal (per rectum, P.R)
O uso dessa via de administração relativamente impopular, desconfortável 
e pouco ortodoxa, é indicado nos casos de estado de inconsciência, náuseas e 
vômitos, estados febris e convulsivos, e outras situações em que há o perigo de 
aspiração ou quando a administração via oral necessita ser evitada por causa de 
irritação gástrica, disfagia e outros problemas clínicos. A droga ativa é formulada 
dentro de um supositório retal ou pode estar disponível na forma de enema retal 
(SCHELLACK, 2005).
A taxa de absorção retal é lenta, pois a superfície de absorção do reto é 
pequena, devido à ausência de vilosidades intestinais. Anatomicamente falando, 
o sangue venoso da porção distal do reto é drenado pelas veias retais inferior 
e média, enquanto o sangue do reto proximal é drenado para o sistema porta 
hepático por meio da veia retal superior. As veias retais inferior e média, entretanto, 
desembocam diretamente na veia cava inferior, por meio da veia hipogástrica, 
efetivamente evitando o sistema porta hepático. A existência de uma rica 
anastomose (comunicação) entre as três veias retais, produzindo uma importante 
área de anastomose porta-cava (uma vez que a circulação porta hepática pode ser 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
24
desviada de maneira significante), tem significância clínica. Portanto, cinquenta 
por cento (50%) da drenagem da região retal não passa pela circulação portal; 
assim, a biotransformação dos fármacos pelo fígado é minimizada. Tanto a via 
de administração sublingual quanto a retal têm a vantagem adicional de evitar 
a destruição do fármaco pelas enzimas intestinais ou pelo pH no estômago 
(HOWLAND; MYCEK, 2007; SCHELLACK, 2005).
A via retal também é útil se o fármaco provoca vômito quando 
administrado oralmente ou se o paciente já se encontra vomitando. O diazepam 
e o metronidazol são particularmente bem absorvidos pela mucosa retal. Muitas 
drogas antipiréticas, anti-inflamatórias, antieméticas, anticonvulsivantes e 
broncodilatadores podem ser encontrados na forma de supositórios retais. 
Supositórios devem ser cuidadosamente inseridos na porção distal do reto, logo 
acima do esfíncter anal interno e do anel anorretal (HOWLAND; MYCEK, 2007; 
SCHELLACK, 2005).
2.1.1.4 Parenteral
A administração parenteral assegura o melhor controle sobre a dose real 
de fármaco administrada ao organismo. É utilizada para administrar fármacos 
que são pouco absorvidos no TGI e para aqueles que são instáveis no TGI, como 
a insulina. As três principais vias parenterais são a intravascular (intravenosa ou 
intra-arterial), a intramuscular e a subcutânea. Cada via apresenta suas vantagens 
e desvantagens (HOWLAND; MYCEK, 2007).
2.1.1.5 Intravascular 
A injeção intravenosa (I.V) é a via parenteral mais comum. Para fármacos 
que não são absorvidos por via oral, em geral, não há outra escolha. O fato de 
o fármaco ser injetado nas veias periféricas das extremidades superiores, ou 
por meio de cateteres venosos centrais, que fornecem uma entrada direta na 
circulação pulmonar e sistêmica pela veia cava superior, sem passagem pelo TGI, 
evita completamente a necessidade de absorção da droga e, por conseguinte, a 
biotransformação de primeira passagem pelo fígado. Essa via permite um efeito 
rápido e um grau de controle máximo sobre os níveis circulantes do fármaco, 
portanto, muito útil para drogas que têm uma curta meia-vida de eliminação 
e para aquelas que requerem uma titulação muito cuidadosa de suas doses, 
necessitando, portanto, de infusões intravenosas contínuas (HOWLAND; 
MYCEK, 2007; SCHELLACK, 2005).
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
25
Meia-vida é o tempo gasto para que a concentração plasmática de um 
fármaco no organismo se reduza à metade.
UNI
Essa via de administração é indicada quando a absorção pelos tecidos 
está comprometida de alguma maneira (por ex.: em vítimas de traumas por 
queimadura, pacientes hipovolêmicos e pacientes em insuficiência cardíaca 
severa) ou quando a condição de um paciente demanda uma resposta imediata, 
essa via de administração também é de grande utilidade. É preciso menos de 
um minuto (vinte segundos quando o funcionamento cardíaco está perfeito) para 
que a dosagem administrada se misture suficientemente com o volume de sangue 
circulante (SCHELLACK, 2005).
No entanto, diferente dos fármacos usados no TGI, os que são injetados 
não podem ser retirados com estratégias como vômito ou ligação a carvão 
ativado. A injeção I.V tem a seu desfavor algumas possíveis adversidades, como 
a possibilidade de introduzir bactérias por meio de contaminação no local da 
injeção. Pode também produzir hemólise ou causar outras ações adversas por 
liberação muito rápida de altas concentrações do fármaco ao plasma e aos tecidos. 
Por isso, a velocidade de administração deve ser cuidadosamente controlada. 
Preocupações similares se aplicam aos fármacos injetados por via intra-arterial 
(HOWLAND; MYCEK, 2007).
2.1.1.6 Injeção intra-arterial
Nos casos em que se deseja o efeito localizado de um fármaco em apenas 
um órgão específico, pode-se optar por injetar o fármaco na corrente sanguínea 
arterial. Os carcinomas são, às vezes, tratados dessa maneira, pela injeção do 
fármaco oncostático no suprimento de sangue arterial apropriado (SCHELLACK, 
2005).
2.1.1.7 Injeção intramuscular (I.M) e subcutânea (S.C)
Essas duas vias fazem uso do suprimento de sangue do tecido adiposo 
subcutâneo e do tecido muscular esquelético para a absorção das moléculas dos 
fármacos, e são amplamente indicadas. A absorção pela via intramuscular é mais 
rápida do que a absorção de uma injeção subcutânea, isso ocorre em virtude do 
tecido muscular esquelético receber um suprimento maior de sangue do que 
a gordura subcutânea. Fármacos de depósito
podem ser injetados no músculo 
para estender a duração de sua atividade por horas, dias ou semanas. A severa 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
26
vasoconstrição ou a hipoperfusão retardarão a absorção das moléculas a partir 
desses tecidos (SCHELLACK, 2005).
Segundo Howland e Mycek (2007), fármacos administrados por via I.M 
podem ser soluções aquosas ou preparações especializadas de depósito, com 
frequência uma suspensão do fármaco em um veículo não aquoso. A absorção 
dos fármacos em solução aquosa é rápida, enquanto a preparação tipo depósito é 
lenta. À medida que o veículo difunde para fora do músculo, o fármaco precipita 
no local da injeção. O fármaco, então, se dissolve lentamente, fornecendo uma 
dose sustentada durante um período de tempo estendido. 
A via subcutânea minimiza os riscos associados à injeção intravascular. A 
injeção S.C, assim como a injeção I.M, requerem absorção e é um pouco mais lenta 
do que a I.V, e, como citado anteriormente, um pouco mais lenta que a própria 
I.M (HOWLAND; MYCEK, 2007).
2.1.1.8 Injeção intradérmica ou intracutânea (I.D)
Indicada para processos que envolvem reações imunológicas (exemplo: 
testes de sensibilidade, alergia e tuberculose), aplicação de vacinas e anestésico 
local. Locais mais comuns para injeção I.D são: parte ventral do antebraço e ventral 
superior do tórax; parte superior das costas; parte superior dorsal dos braços. O 
volume injetado deve ser muito pequeno (menos de 0,2 ml) e é administrado 
dentro da pele (SCHELLACK, 2005).
2.1.1.9 Vias menos utilizadas
• Injeção intra-articular: em casos de artrite, fármacos podem ser injetados nos 
espaços articulares para um efeito localizado (SCHELLACK, 2005).
• Intratecal/intraventricular: utilizada quando há necessidade de administração 
de fármacos diretamente no líquido cérebro-espinhal. Por exemplo, a 
anfotericina B é usada no tratamento da meningite criptocócica (SCHELLACK, 
2005).
• Inalação: essa via produz efeito tão rápido quanto à intravenosa, sua oferta é 
através da superfície da membrana mucosa do trato respiratório e do epitélio 
pulmonar (HOWLAND; MYCEK, 2007).
• Tópica: essa via possui efeito localizado do fármaco, diretamente na pele ou 
mucosa (HOWLAND; MYCEK, 2007).
2.2 ABSORÇÃO DE FÁRMACOS
Segundo Howland e Mycek (2007), absorção é a transferência de um 
fármaco do seu local de administração para a corrente sanguínea. A velocidade 
e a eficiência da absorção dependem da via de administração. Para a via I.V, toda 
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
27
a dose do fármaco alcança a circulação sistêmica. A liberação do fármaco por 
outras vias pode resultar em absorção parcial e, consequentemente, em menor 
biodisponibilidade. Por exemplo, a via oral exige que o fármaco se dissolva nos 
líquido GI e, então, penetre as células epiteliais da mucosa intestinal; doenças ou a 
presença de alimentos podem afetar esse processo. Dependendo das propriedades 
químicas, os fármacos podem ser transportados desde o TGI por difusão passiva 
ou por transporte ativo. A maioria dos fármacos tem acesso ao organismo por 
difusão passiva. Fármacos lipossolúveis movem-se facilmente através da maioria 
das membranas biológicas, enquanto os hidrossolúveis penetram através de 
canais aquosos. A entrada de fármacos através de transporte ativo é dependente 
de energia e movido pela hidrólise de trifosfato de adenosina (ATP). O transporte 
ativo é capaz de mover fármacos contra um gradiente de concentração. 
De acordo com Howland e Mycek (2007), os fatores físicos que influenciam 
a absorção são:
• Fluxo de sangue no local de absorção: o fluxo de sangue para o intestino é 
muito maior do que o fluxo para o estômago; assim, a absorção no intestino é 
maior do que a que ocorre no estômago. 
O estado de choque hipovolêmico reduz drasticamente o fluxo sanguíneo aos 
tecidos cutâneos, minimizando a absorção de administrações subcutâneas.
NOTA
• Área ou superfície disponível para absorção: como o intestino tem uma 
superfície rica em microvilosidades, ele apresenta uma superfície cerca de 
1.000 vezes maior do que a do estômago; assim, a absorção de fármacos através 
do intestino é mais eficiente. 
• Tempo de contato com a superfície de absorção: se um fármaco se desloca 
muito rápido ao longo do TGI, como ocorre em uma diarreia intensa, ele não 
é bem absorvido. Ao contrário, qualquer retardo no transporte do fármaco do 
estômago para o intestino reduz a sua velocidade de absorção. 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
28
O tônus parassimpático acelera o esvaziamento gástrico, enquanto o tônus 
simpático [causado pelo exercício ou por emoções estressantes] o retarda. Assim, a presença 
de alimento no estômago dilui o fármaco e retarda o esvaziamento gástrico. Portanto, 
quando um fármaco é ingerido com o alimento, em geral é absorvido mais lentamente. É 
importante ressaltar que existem exceções, visto que alguns fármacos são recomendados 
com alimentos para evitar irritação gástrica ou até mesmo melhorar a absorção.
NOTA
2.2.1 Biodisponibilidade
Biodisponibilidade é a fração do fármaco administrado que alcança a 
circulação sistêmica na forma química inalterada. Por exemplo, se 100 mg de um 
fármaco forem administrados por via oral, e 70 mg desse fármaco forem absorvidos 
inalterados, a biodisponibilidade é 70%. Apenas uma fração da dose da droga 
alcança de fato a circulação sistêmica depois da administração oral. Uma razão 
para isso é que nem todas as moléculas da droga são de fato absorvidas no trato GI 
(por causa do tamanho das moléculas, seu grau de ionização e lipossolubilidade, a 
qualidade do fluxo sanguíneo mesentérico etc.). Outro fator muito importante é a 
biotransformação das moléculas da droga na sua primeira passagem pelo fígado. 
Todas as moléculas da droga absorvidas passam pelo fígado uma primeira vez. O 
fígado pode até eliminar uma porcentagem significativa das moléculas da droga 
em seu caminho para a veia cava inferior. Em suas passagens subsequentes pelo 
fígado, frações menores da droga absorvida serão biotransformadas (HOWLAND; 
MYCEK, 2007; SCHELLACK, 2005).
2.2.1.1 Determinação de biodisponibilidade
A determinação da biodisponibilidade é realizada através da comparação 
dos níveis plasmáticos do fármaco após sua administração através de uma via 
de administração (por ex.: administração oral) com os níveis plasmáticos do 
fármaco obtidos por injeção I.V, na qual o fármaco entra na circulação em sua 
totalidade. Quando o fármaco é administrado por via oral, apenas uma fração 
da dose aparece no plasma. Lançando a concentração plasmática do fármaco 
contra o tempo, é possível mensurar a área sob a curva (ASC). Essa curva reflete 
a extensão da absorção do fármaco (HOWLAND; MYCEK, 2007).
Fatores que influenciam a biodisponibilidade
A) Biotransformação hepática de primeira passagem. Quando um fármaco é absorvido 
a partir do TGI, ele entra na circulação portal antes de entrar na circulação 
sistêmica. Se o fármaco é rapidamente biotransformado pelo fígado, a 
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
29
quantidade de fármaco inalterado que tem acesso à circulação sistêmica 
diminui.
B) Solubilidade do fármaco. Fármacos muito hidrofílicos (afinidade pela água) 
são pouco absorvidos devido a sua inabilidade em atravessar as membranas 
celulares ricas em lipídeos. Paradoxalmente, fármacos que são extremamente 
hidrofóbicos (avessos à água) são pouco absorvidos, pois são totalmente 
insolúveis nos líquidos aquosos do organismo e, portanto, não tem acesso à 
superfície das células. Para que um fármaco seja bem absorvido, ele deve ser 
basicamente hidrofóbico, mas ter alguma solubilidade em soluções aquosas.
C) Instabilidade química. Alguns fármacos são instáveis no pH do conteúdo gástrico. 
Outros, são destruídos no TGI pelas enzimas.
D) Natureza da formulação do fármaco. A absorção do fármaco pode ser alterada 
por fatores não relacionados
com a sua estrutura química. Por exemplo, o 
tamanho da partícula, o tipo de sal, o polimorfismo cristalino e a presença de 
excipientes (como os agentes aglutinantes e dispersantes) podem influenciar a 
facilidade da dissolução e, por conseguinte, alterar a velocidade de absorção 
(HOWLAND; MYCEK, 2007, p. 7).
2.2.1.2 Bioequivalência
Dois fármacos relacionados são considerados bioequivalentes caso 
apresentem biodisponibilidades comparáveis e tempos similares para alcançar o 
pico de concentração plasmática (HOWLAND; MYCEK, 2007).
Dois fármacos com biodisponibilidades significativamente diferentes são 
denominados de bioenequivalentes.
NOTA
2.2.1.3 Equivalência terapêutica
São considerados terapeuticamente equivalentes dois fármacos que 
possuem eficácia e segurança comparáveis. A eficácia clínica frequentemente 
depende tanto da concentração plasmática máxima como do tempo necessário 
para atingir o pico de concentração após a administração. Portanto, dois fármacos 
que possuem bioequivalência podem não possuir equivalência terapêutica 
(HOWLAND; MYCEK, 2007).
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
30
2.3 DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS
O segundo processo cinético do farmacocinética é a distribuição 
(movimento do fármaco). Na distribuição, os fármacos atingem a circulação 
sanguínea sistêmica e são conduzidos até as células dos tecidos e/ou no 
interstício (HOWLAND; MYCEK, 2007). Nesse processo, os fármacos podem 
ser encontrados na forma livre ou ligados a proteínas plasmáticas (geralmente 
albumina). A corrente sanguínea conduz o fármaco não só para os seus sítios de 
ação, bem como para os sítios de eliminação (SCHELLACK, 2005).
Você sabia? O fármaco na forma livre é ativo, atua no seu sítio de ação (alvo), 
proporcionando sua atividade biológica. Já os que estão ligados a proteínas plasmáticas 
são inativos e precisam se desconectar de suas ligações para serem eliminados.
INTERESSANTE
O caminho do fármaco do plasma para o interstício depende de vários 
fatores, tais como fluxo sanguíneo, permeabilidade capilar, grau de ligação do 
fármaco às proteínas plasmáticas e tissulares e as propriedades físico-químicas 
do fármaco (HOWLAND; MYCEK, 2007). 
A dimensão da quantidade total do fármaco no organismo pela quantidade 
livre no plasma é chamada de volume de distribuição (Vd): 
Vd = quantidade no organismo/quantidade no plasma
Fármacos que entram no compartimento intracelular apresentam volumes 
maiores de distribuição, já os fármacos ligados a proteínas plasmáticas mostram 
volumes menores de distribuição (SCHELLACK, 2005).
2.4 METABOLIZAÇÃO DE FÁRMACOS
Os fármacos são eliminados normalmente por dois processos: a 
biotransformação e/ou excreção. A biotransformação (metabolismo) é o conjunto 
de alterações que ocorre no fármaco dentro do organismo, visando aumentar a 
polaridade (solubilidade em água) e facilitando a excreção. O fígado é o principal 
local de metabolização dos fármacos, mas pode ocorrer em outros tecidos. 
No fígado, as enzimas microssomais são as responsáveis pelo processo de 
biotransformação (HOWLAND; MYCEK, 2007).
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
31
Após as reações de metabolização, todos os compostos formados tendem 
a ser mais hidrossolúveis e com menor atividade biológica. As reações de 
metabolização dos fármacos ocorrem em duas fases. Na Fase I ocorrem reações 
de oxidação, redução e hidrólise. Essas reações fornecem grupos funcionais que 
produzem metabólitos mais polares e hidrossolúveis. O metabólito produzido 
pode ser inativo, menos ativo ou, às vezes, mais ativo que a molécula original 
(pró-fármaco ou pró-droga). Na Fase II, ocorrem reações de conjugação, em 
que grandes grupamentos químicos são ligados à molécula formada na fase I, 
conforme exemplo na Figura 9, aumentando assim a solubilidade em água e 
facilitando a excreção do metabólito pelos rins (SCHELLACK, 2005). 
Quando o próprio metabólito é a forma ativa, o composto original é 
denominado pró-droga. Assim, as pró-drogas são fármacos convertidos em substâncias 
fármaco logicamente ativas após a biotransformação. Temos como exemplo o 
medicamento Enalapril.
NOTA
Como abordado anteriormente, vários sistemas enzimáticos atuam nas 
reações da Fase I, tais como: o citocromo p450, as monoamino-oxidase (MAO) e as 
flavinas mono-oxigenases (FMO). Nas reações de Fase II atuam o Uridinadifosfato 
glicuronil transferase (UGT), N-acetiltransferase (NAT), Glutation-S-transferase 
(GST) e Sulfotransferase (ST) (MATUO, 2011). 
Vale ressaltar que o Citocromo P450 é conhecido como o principal 
responsável por modificar as estruturas químicas dos fármacos, atuando na 
ativação ou eliminação dos fármacos nas reações de Fase I (MATUO, 2011).
O Citocromo P450 (CYP) possui diversas isoformas, aproximadamente 4000 
diferentes sequências já foram identificadas. Devido à ampla multiplicidade de formas do 
Citocromo P450 foi criada uma nomenclatura para a subdivisão e classificação destas 
isoformas, divididas em famílias e subfamílias. Por exemplo: a CYP 3A4 corresponde à 
isoforma 4, da subfamília A e família 3 (MATUO, 2001).
UNI
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
32
FIGURA 9 – EXEMPLO DE METABOLIZAÇÃO DE FASE I E II COM O FÁRMACO ÁCIDO 
ACETILSALICÍLICO
FONTE: Boas (2004, p. 15)
Vale lembrar que um mesmo fármaco pode sofrer várias metabolizações 
em diversas vias no organismo, e que não necessariamente em ambas as fases ou 
na ordem que elas se apresentam.
2.5 EXCREÇÃO DE FÁRMACOS
Após as metabolizações dos fármacos, ocorre a secreção. A principal 
excreção acontece nos rins através da urina, mas outros órgãos podem realizar 
a eliminação do fármaco, tais como o pulmão, o intestino e a bile (fezes) e as 
secreções corporais (suor, lágrima e saliva) (WHALEN; KAREN, 2016).
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
33
FIGURA 10 – ESQUEMA DEMONSTRANDO OS PROCESSOS ADME DA 
FARMACOCINÉTICA
FONTE: <https://luizcarlosfarmaceutico.webnode.com/news/fases-farmaceuticas/>. Acesso em: 
21 ago. 2019.
O conhecimento da farmacocinética é fundamental para o desenvolvimento 
de fármacos, tanto para se entender os testes pré-clínicos de toxicidade e toda a 
farmacologia animal quanto para decidir sobre o esquema posológico apropriado 
para ser empregado em ensaios clínicos para testar a sua eficácia (RANG; DALE, 
RITTER, 2012).
Um entendimento dos princípios gerais da farmacocinética é importante 
para os clínicos, que precisam entender como se chegou às recomendações 
de dosagens para os fármacos licenciados, para que sejam utilizados de 
modo adequado. Os clínicos também precisam entender os princípios da 
farmacocinética para identificar e avaliar possíveis interações medicamentosas. 
Eles também precisam ser capazes de interpretar as concentrações do fármaco 
para monitoração terapêutica do fármaco (MTF) e para ajustar o esquema posológico 
de maneira racional. Em especial, para o tratamento de pacientes em estado muito 
grave, os clínicos frequentemente precisam individualizar o esquema posológico 
dependendo da rapidez com que se precisa alcançar uma concentração plasmática 
terapêutica e do comprometimento da depuração do fármaco por causa de doença 
renal ou hepática (RANG; DALE, 2012).
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
34
3 FARMACODINÂMICA
A farmacodinâmica estuda a relação do fármaco com o organismo, 
bem como o local de ação, mecanismo de ação, relação entre concentração do 
fármaco e magnitude do efeito, os efeitos e a variação das respostas aos fármacos 
(WHALEN; KAREN, 2016). 
A maior parte dos fármacos necessita ligar-se a um receptor para promover 
seu efeito. Os receptores são proteínas que possuem um ou mais sítios de ligação 
que, quando ativados por substâncias endógenas, são capazes de ativar uma 
resposta fisiológica, ou que podem também reagir com substâncias exógenas, que 
tenham características químicas e estruturais similares às substâncias endógenas 
(BOAS,
2004).
Substâncias endógenas são substâncias oriundas do interior do organismo. 
Substâncias exógenas são substâncias que têm origem fora do organismo.
UNI
A ligação química que ocorre entre o fármaco e o receptor pode ser 
reversível (não covalente) ou irreversível (covalente). A maioria das ligações são 
reversíveis e dinâmicas. A força de ligação é reflexo da afinidade do fármaco 
pelo receptor, ou seja, fármacos com alta afinidade possuem maior tendência de 
se ligar aos receptores do que fármacos com baixa afinidade. Quanto maior for a 
afinidade do fármaco, mais forte será sua ligação, por conseguinte, mais potente 
será a ação do fármaco. Os fármacos que se ligam irreversivelmente só perdem a 
atividade após uma nova síntese do receptor (SCHELLCK, 2005). 
 
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
35
FONTE: <https://www.msdmanuals.com/pt/casa/medicamentos/fármaco din%C3%A2mica/
seletividade-do-local>. Acesso em: 21 ago. 2019.
FIGURA 11 – INTERAÇÃO FÁRMACO-RECEPTOR
De acordo com Rang e Dale (2011), há quatro tipos de receptores que 
atuam como alvos farmacológicos:
 
Receptores: são os elementos sensores no sistema de comunicação 
química que gerenciam a função de todas as distintas células do organismo, 
sendo mensageiros químicos de hormônios, neurotransmissores ou autacoides (e 
drogas que agem como agonistas ou antagonistas destas substâncias). 
Canais Iônicos: são portões presentes nas membranas celulares, que 
seletivamente permitem a passagem de determinados íons ao ligar-se com o 
fármaco. 
Enzimas: normalmente, a molécula do fármaco é um substrato análogo 
que age como um inibidor competitivo da enzima. Alguns fármacos ligam-
se diretamente a enzimas celulares alterando a função destes catalisadores e 
modificando diretamente uma via metabólica.
Moléculas arreadoras (transportadoras): a movimentação de íons, 
pequenas moléculas ou fármacos se dá através da ligação de proteínas carreadoras 
de membrana, alterando o transporte através desta.
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
36
FIGURA 12 – TIPOS DE ALVOS PARA FÁRMACOS
RECEPTORES
Agonista
Antagonista
CANAIS IÔNICOS
Bloqueadores
Molduladores
Direito
Mecanismos
de transdução
Abertura/fechamento
dos canais iônicos
Ativação/inibição
de enzimas
Modulação
dos canais iônicos
Transcrição
do DNA
Nenhum efeito
Bloqueio dos mediadores endógenos
Permeabilidade
bloqueada
Aumento ou redução
da probabilidade
de abertura
ENZIMAS
Inibidor
Substrato
falso
Pró-fármaco
Inibição da reação
normal
Produção
de metabólito anormal
Produção
da substância ativa
TRANSPORTADORES
Transporte
normal
Inibidor ou Bloqueio do
transporte
Substrato
falso
Acúmulo de composto
anormal
Agonista/substrato normal
Antagonista/Inibidor
Produto anormal
Pró-fármaco
FONTE: Katzung (2014, p. 26)
A interação de um receptor com a molécula de um fármaco pode ou 
não resultar na ativação desse receptor, sendo essas moléculas denominadas de 
agonistas ou antagonistas. Os agonistas são fármacos que provocam atividade 
celular máxima (atividade intrínseca = 1), ou seja, possuem afinidade pelo 
receptor e produzem efeito máximo. Os antagonistas competitivos são fármacos 
que bloqueiam o receptor impedindo que o agonista tenha ação farmacológica 
(atividade intrínseca = 0), ou seja, o antagonista tem afinidade pelo receptor, mas 
não produz resposta direta. 
Ainda temos o agonista parcial, como o nome já diz, irá produzir 
parcialmente a ação, ou seja, possui afinidade pelo receptor, mas não produz 
efeito máximo (atividade intrínseca entre 0 e 1) (SCHELLCK, 2005). 
TÓPICO 2 | PRINCÍPIOS DA FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA
37
FONTE: <http://anestesiologia.paginas.ufsc.br/files/2015/02/Fármaco dinamica-texto.pdf>. 
Acesso em: 26 mar. 2020.
FIGURA 14 – RESUMO DA AÇÃO DOS AGONISTAS E ANTAGONISTAS
38
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que: 
• Farmacocinética é o estudo do destino dos fármacos no organismo após sua 
administração e abrange os processos de absorção, distribuição, metabolização 
e excreção (ADME). A ideia de “cinética” (movimento) está relacionada à 
movimentação dos fármacos pelo organismo.
• A absorção é o primeiro dos processos cinéticos. Para que a absorção dos 
fármacos aconteça, o medicamento precisa primeiramente ser introduzido ou 
administrado ao organismo.
• A via de administração é determinada primariamente pelas propriedades do 
fármaco e pelos objetivos terapêuticos. Há duas vias principais de administração 
de medicamento, a enteral (via oral, via sublingual, via retal) e parenteral (via 
intramuscular, via subcutânea, via intravenosa).
• A distribuição é a passagem do fármaco absorvido da corrente sanguínea 
para os tecidos, órgãos e fluidos corporais. A distribuição é afetada por fatores 
fisiológicos e pelas propriedades físico-químicas do fármaco.
• A biotransformação ou metabolização consiste numa modificação química 
estrutural do fármaco, gerando outra substância, essa será mais polar e mais 
solúvel na água do que o fármaco original.
• O fígado é o principal órgão de metabolização de 1ª passagem.
• A excreção é a eliminação do fármaco do organismo, seja na forma inalterada 
ou na forma de metabólitos ativos e/ou inativos. As vias de excreção são os 
rins (principal órgão), pulmão, suor, glândulas lacrimais e salivares, e tubo 
digestivo (fezes e excreção biliar).
• A farmacodinâmica estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e 
seus mecanismos de ação.
• Os receptores são proteínas possuidoras de um ou mais sítios que, quando 
ativados por substâncias endógenas, são capazes de desencadear uma resposta 
fisiológica.
• Sítios de ação: locais onde as substâncias endógenas ou exógenas (fármacos) 
interagem para promover uma resposta fisiológica ou fármaco lógica.
• Para produzir efeito farmacológico, o fármaco precisa ter duas características: 
afinidade pelo receptor (capacidade de se ligar) e atividade intrínseca (depois 
39
de se ligar no receptor tem que ter capacidade de ativar o efeito fármaco lógico).
• Agonista tem afinidade pelo receptor e produz efeito máximo.
• Agonistas parciais têm afinidades pelo receptor e não produzem efeito máximo.
• Antagonistas têm afinidades pelo receptor, mas não produzem respostas diretas. 
Bloqueiam o receptor impedindo que o agonista tenha ação farmacológica.
40
1 Que via de administração tem maior probabilidade de submeter uma droga 
a um efeito de primeira passagem? 
a. ( ) Via intravenosa.
b. ( ) Via inalação. 
c. ( ) Via oral. 
d. ( ) Via sublingual. 
e. ( ) Via intramuscular.
2 Com relação às vias de administração de medicamentos, classifique V para 
as sentenças verdadeiras e F para as falsas:
( ) A via oral é usualmente a mais segura, além de ser considerada a mais 
econômica e adequada para a administração de medicamentos.
( ) A via intramuscular é utilizada quando a substância é muito irritante à 
mucosa gástrica e de fácil absorção.
( ) A via subcutânea é indicada quando se quer uma absorção muito rápida, 
sendo que as drogas podem ser irritantes aos tecidos.
( ) Na intravenosa, os medicamentos possuem efeitos mais rápidos.
( ) Na via respiratória por inalação, as drogas devem ser voláteis e tem-se a 
vantagem de a absorção ser imediata.
3 Podemos dizer que um antagonista farmacológico é um fármaco que:
a) ( ) Tem afinidade pelo receptor e possui atividade intrínseca (eficácia).
b) ( ) Tem afinidade pelo receptor, mas não possui atividade intrínseca.
c) ( ) Impede a ação de um outro fármaco através de sua destruição.
d) ( ) Aumenta a excreção de outro fármaco.
e) ( ) Nenhuma das alternativas. 
AUTOATIVIDADE
41
TÓPICO 3
SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO E 
CLASSES DE MEDICAMENTOS
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
O sistema nervoso é dividido em Sistema Nervoso Central (SNC) (cérebro 
e medula óssea) e o Sistema Nervoso Periférico (neurônios localizados
fora do 
cérebro e da medula espinhal). O sistema nervoso periférico está subdividido em 
aferente (que carregam impulsos para o SNC) e eferente (que carregam impulsos 
a partir do SNC). Esta última pode ser tanto somática (envolvido no controle 
voluntário de funções como a contração dos músculos esqueléticos, responsável 
pela locomoção) quanto autônomo involuntário (regulando as necessidades 
diárias e as exigências das funções corporais vitais, como por exemplo, a 
frequência cardíaca). Veremos adiante, de forma mais detalhada, o sistema 
nervoso autônomo. 
Neste tópico, nós abordaremos também resumidamente as classes 
medicamentosas. 
Vamos aos estudos!
2 SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO
O Sistema Nervoso Autônomo (SNA) coordena a regulação e a integração 
das funções corporais de forma inconsciente, ou seja, sem a participação do 
encéfalo. Ele é dividido em três subdivisões: simpático (SNAS), parassimpático 
(SNAP) e o sistema entérico (SNAE). Os dois primeiros estabelecem um vínculo 
entre o sistema nervoso central e os órgãos periféricos (RANG; DALE, RITTER, 
2012). 
De acordo com Rang, Dale e Ritter (2012), os principais processos de 
regulação que o SNA faz são: a contração e o relaxamento da musculatura lisa 
de vasos e vísceras; as secreções exócrinas e algumas endócrinas; os batimentos 
cardíacos; e o metabolismo energético. 
42
FIGURA 15 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO SNA
FONTE: <https://www.anatomiadocorpo.com/sistema-nervoso/autonomo-simpatico-
parassimpatio/>. Acesso em: 28 ago. 2019.
43
O SNA possui dois tipos de neurônios, o pré-ganglionar e o pós-ganglionar. 
No SNAS, os neurônios pré-ganglionares se originam das regiões torácica e 
lombar da medula espinhal e realizam sinapses em duas cadeias de gânglios 
que correm paralelos em cada lado da medula espinhal. Os pós-ganglionares se 
estendem desses gânglios até o tecido que eles inervam e regulam. No SNAP, 
os neurônios pré-ganglionares se originam nas áreas cranial e sacral da medula 
espinhal e fazem sinapse nos gânglios dos órgãos efetores. Os dois principais 
neurotransmissores que atuam no sistema autônomo são a acetilcolina (ACH) e a 
norepinefrina ou noradrenalina (NOR) (SCHELLACK, 2005). 
FIGURA 16 – VIA AUTÔNOMA
FONTE: <https://docplayer.com.br/5040021-Sistema-nervoso-autonomo.html>. Acesso em: 29 
ago. 2019.
Os neurotransmissores promovem respostas excitatórias ou inibitórias 
entre neurônios que se comunicam por sinapses químicas. Normalmente, os 
neurotransmissores são produzidos e armazenados em vesículas no corpo 
da célula neuronal que, posteriormente, são liberadas na fenda sináptica por 
exocitose (HOWLAND; MYCEK, 2007).
Vamos ver agora alguns exemplos de neurotransmissores e o seu local de 
ação, demonstrados no quadro a seguir.
QUADRO 1 – NEUROTRANSMISSORES E SEUS LOCAIS DE AÇÃO
Neurotransmissor Local de ação
Acetilcolina SNC, nervos parassimpáticos
Serotonina (5-Hidroxitriptamina) 
SNC, células cromafins do trato digestivo, células 
entéricas
GABA SNC
Glutamato SNC
Aspartato SNC
Glicina Espinha dorsal
Histamina Hipotálamo
Epinefrina
(adrenalina)
Medula adrenal, algumas células do SNC
44
Norepinefrina (noradrenalina) SNC, nervos simpáticos
Dopamina SNC
Adenosina SNC, nervos periféricos
ATP Nervos simpáticos, sensoriais e entéricos
Óxido Nítrico SNC, trato gastrointestinal
FONTE: Adaptado de Garriba (2011)
Depois de transmitida, a ação é finalizada pela quebra (metabolismo) 
do neurotransmissor ainda na sinapse ou no axônio terminal. São exemplos de 
enzimas que realizam este metabolismo de neurotransmissores (e seus análogos) 
(RANG; DALE, 2011):
• Acetilcolinesterase – inativa a acetilcolina.
• Monoaminoxidade (MAO) – inativa noradrenalina e serotonina.
• Catecol-O-metiltransferase (COMT) – inativa noradrenalina e serotonina.
Os produtos do metabolismo são levados de volta ao axônio terminal para 
reciclagem. Pode também ocorrer reabsorção do neurotransmissor íntegro pelo 
axônio terminal (RANG; DALE, 2011).
FIGURA 17 – FENDA SINÁPTICA
FONTE: <https://alunosonline.uol.com.br/biologia/neurotransmissores.html>. Acesso em: 30 ago. 
2019.
3 CLASSES MEDICAMENTOSAS
Caro acadêmico! Existe uma ampla diversidade de classes medicamentosas, 
as quais agem no sistema nervoso central, endócrino, digestivo, pulmonar, 
cardiovascular, em processos inflamatórios, em hospedeiros, entre outros sítios de 
ação. Além disso, são estudados seus mecanismos de ação, seus feitos terapêuticos, 
metabólitos, efeitos adversos, interações e toxicidade. Abordaremos resumidamente 
45
algumas classes medicamentosas. 
3.1 FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA NERVOSO 
CENTRAL (SNC)
Os fármacos que afetam o SNC atuam em alguma etapa do processo 
de neurotransmissão, pode ser tanto na pré-sinapse como na pós-sinapse. O 
tratamento do Parkinson, por exemplo, é direcionado para o controle de déficit 
de dopamina, do excesso de acetilcolina e para os tremores musculares. Assim, 
o principal medicamento para essa patologia é a levodopa ou L-dopa, que é um 
precursor metabólico da dopamina, sua ação é restabelecer os níveis de dopamina 
nos centros extrapiramidais (HOWLAND; MYCEK, 2007). 
A ansiedade está associada ao aumento nas concentrações de serotonina e 
noradrenalia nas sinapses cerebrais. Em vista disso, os fármacos ansiolíticos têm por 
ação diminuir as concentrações desses neurotransmissores. As principais classes 
medicamentosas para esse tratamento são os benzodiazepínicos (alprazolam), 
os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (fluoxetina) e inibidores da 
recaptação de serotonina e noradrenalina (Venlafaxina). Já na depressão ocorre 
o contrário da ansiedade, há uma diminuição na concentração de serotonina 
e noradrenalina, o objetivo terapêutico é aumentar as concentrações desses 
neurotransmissores na fenda sináptica. As principais classes medicamentosas 
para o tratamento da depressão são os antidepressivos tricíclicos (imipramina), os 
inibidores seletivos da recaptação de serotonina e os inibidores da monoaminoxidase 
(exemplo: moclobemida) (KATZUNG, 2014).
3.2 FÁRMACOS QUE ATUAM NO SISTEMA CARDIO-
VASCULAR
Os agentes anti-hipertensivos atuam produzindo efeitos ao interferirem 
nos mecanismos normais de regulação da pressão arterial. De acordo com Katzung 
(2014), dispomos de quatro tipos de anti-hipertensivos, são eles:
• Diuréticos: reduzirão a pressão arterial principalmente por meio da diminuição 
de sódio corporal e diminuição do volume sanguíneo. Como exemplos dessa 
classe temos os tiazídicos (hidroclorotiazida), diuréticos de alça (furosemida), 
espirolactona e eplerenona. 
• Agentes simpaticoplégicos: são fármacos que baixarão a pressão arterial 
por meio da redução da resistência vascular periférica, diminuição da função 
cardíaca e aumento do acúmulo venoso nos vasos. Como exemplos dessa classe 
temos a cloridina, metildopa, reserpina e guanetina. 
• Vasodilatadores diretos: esses fármacos reduzirão a pressão arterial ao 
relaxarem o músculo liso vascular, relaxando assim os vasos de resistência e em 
graus variáveis, aumentando também a capacitância vascular. Como exemplos 
dessa classe temos verapramil, minoxidil, hidralazina e diltiazem. 
46
• Agentes que bloqueiam a produção ou ação da angiotensina: reduzirão a 
resistência vascular periférica e o volume sanguíneo. Como exemplos dessa 
classe temos o captopril e a losartana.
Além disso, a atuação desses fármacos por diferentes mecanismos permite a 
associação de dois ou mais fármacos para o tratamento da hipertensão, aumentando 
a eficácia e diminuindo assim a toxicidade em alguns casos. 
3.3 ANTIBIÓTICOS 
Os antibióticos são substâncias naturais ou sintéticas que atuam sobre 
microrganismos, inibindo o seu crescimento ou causando a sua eliminação. Eles 
podem ser classificados como bactericidas, quando ocasionam a morte da bactéria, 
ou bacteriostáticos, quando propiciam a inibição do crescimento microbiano 
(WALSH, 2003), ou seja,
exercem efeito prevenindo ou tratando doenças infecciosas.
A atividade específica desses fármacos vem de sua seletividade para alvos 
que são exclusivos dos microrganismos procariotas e fungos, protegendo assim 
nossas células da ação desses fármacos (KATZUNG, 2014). 
Os antibióticos de origem natural e seus derivados semissintéticos e 
sintéticos diferem uns dos outros quanto as suas propriedades químicas, seus 
espectros e mecanismos de ação. As principais classes de antibióticos em uso 
clínico são: β-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas, carbapeninas, oxapeninas 
e monobactamas), tetraciclinas, aminoglicosídeos, macrolídeos, peptídios 
cíclicos (glicopeptídeos, lipodepsipeptídeos), estreptograminas, sulfonamidas, 
fluoroquinolonas, oxazolidinonas e entre outros (lincosamidas, cloranfenicol, 
rifamicinas etc.) (KATZUNG, 2014). 
FIGURA 18 – PRINCIPAIS ANTIBIÓTICOS, ALVOS E MECANISMOS DE AÇÃO DOS 
AGENTES ANTIMICROBIANOS 
FONTE: Guimarães, Momesso e Pupo (2010, p. 669)
Antibióticos Alvo Mecanismo de ação
β-lactâmicos (oxapeninas, sulfoxapeninas)
Macrolídeos, lincosamidas, estreptograminas
(dalfopristina e quinupristina), cloranfenicol,
oxazolidinonas (linezolida)
Aminoglicosídeos, tetraciclinas
Glicopeptídeos (vancomicina, teicoplanina)
Peptídeos não ribossomais (bacitracina,
gramicidina C, polimixina B)
Lipodepsipeptídeos (daptomicina)
Rifampicina
Fluroquinolonas
Sulfonamidas
β-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas,
carbapeninas, monobactamas)
Enzima β-lactamase
Enzima transpeptidase
Subunidade 50S ribossômica 
Subunidade 30S ribossômica 
Dipeptídeo terminal D-Ala-D-Ala do
peptideoglicano
Membrana plasmática
Membrana plasmática
RNA polimerase dependente de DNA
Enzima DNa girase
Enzima di-hidropteroato sintetase
Inibição da formação de ligação cruzada entre cadeias de
peptideoglicano, impedindo a formação correta da parede
celular bacteriana. 
Inibição da enzima de resistência bacteriana, que degrada
antibióticos β-lactâmicos.
Inibição da síntese proteico basteriana.
Inibição da síntese proteica basteriana.
Bloqueio da replicação e reparo do DNA.
Bloqueio da formação de cofatores do ácido fólico, importantes
para síntese de ácidos nucleicos.
Complexação com as cadeias peptídicas não ligadas e bloqueio
da transpeptidação, impedindo a formação correta da parede
celular bacteriana.
Afetam permeabilidade da membrana bacteriana por
facilitares o movimento descontrolado de íons através da
membrana.
Afeta permeabilidade da membrana bacteriana e bloqueia
síntese de ácido pipoteicoico, componente da membrana
externa de bactérias Gram positivo.
Inibição da síntese de RNA.
47
3.4 ANTIFÚNGICOS 
Os antifúngicos são fármacos utilizados no tratamento das micoses 
subcutâneas, cutâneas e sistêmicas. Os fármacos de uso mais frequente são 
a anfotericina B e os “azois” (cetoconazol, fluconazol e itraconazol). Estas 
duas classes de medicamentos têm como alvo a membrana celular dos fungos 
(HOWLAND; MYCEK, 2007).
O mecanismo de ação da anfotericina B baseia-se na ligação da droga ao 
ergosterol da membrana celular dos fungos sensíveis, formando poros ou canais, 
resultando em um aumento na permeabilidade da membrana que permite o 
extravasamento de diversas pequenas moléculas, levando à morte celular fúngica 
(HOWLAND; MYCEK, 2007). A anfotericina B é um potente fungicida de largo 
espectro de ação, porém possui efeitos adversos significantes como nefrotoxicidade 
e febre com calafrios. A farmacocinética deste fármaco não permite administração 
via oral sendo administrado por via intravenosa (GOODMAN; GILMAN, 1996). 
A nistatina é um antifúngico semelhante à anfotericina B, mas seu uso é restrito 
para via tópica devido ao fato de possuir toxicidade sistêmica (HOWLAND; 
MYCEK, 2007). 
O cetoconazol foi o primeiro da classe dos “azois” a ser utilizado por 
via oral. O mecanismo de ação dessa classe baseia-se na inibição da esterol-14-
α-desmetilase, bloqueando, assim, a desmetilação do lanosterol em ergosterol, 
desorganizando a estrutura e a função da membrana, bem como inibindo o 
crescimento da célula antifúngica (HOWLAND; MYCEK, 2007). 
3.5 FÁRMACOS ANTI-INFLAMATÓRIOS
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) representam uma ampla 
classe heterogênea de fármacos, muito disseminado no mundo. São empregados 
no tratamento da dor aguda e crônica decorrente de processo inflamatório, nas 
osteoartrites, artrite reumatoide e distúrbios musculoesqueléticos. Esses fármacos 
são ácidos orgânicos fracos que possuem um ou mais anéis aromáticos ligados 
a um grupamento ácido funcional (MONTEIRO et al., 2008) e exercem efeito 
antipirético (controle da febre), analgésico e anti-inflamatório. O mecanismo 
envolvido no efeito desses medicamentos está relacionado com a inibição da 
síntese de prostaglandinas mediante ao bloqueio da ciclooxigenase1 (COX-1) e 
ciclooxigenase2 (COX-2), criando subgrupos de AINE seletivos e não seletivos 
para COX-2 (BATLOUNI, 2010). 
48
FIGURA 19 – CLASSIFICAÇÃO QUÍMICA DOS PRINCIPAIS AGENTES ANTI-
INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS (s)
FONTE: MONTEIRO et al. (2008, p. 54)
Com relação à farmacocinética, esses fármacos são bem absorvidos e sua 
biodisponibilidade não é considerada modificada pela presença de alimentos. 
O metabolismo ocorre, em grande parte, pelas famílias CYP3A ou CYP2C das 
enzimas P450 do fígado. A principal via de eliminação é a excreção renal, mas 
quase todos os AINEs sofrem graus variáveis de excreção biliar e reabsorção 
(circulação entero-hepática). Ligam-se amplamente na albumina plasmática 
(KATZUNG, 2014). 
Os efeitos colaterais dos AINEs por vezes são muito semelhantes, isso se 
deve à inibição de prostaglandinas. Os principais efeitos colaterais são gastrite, 
disfunção plaquetária, comprometimento renal e asma (KATZUNG, 2014). 
49
Para saber mais sobre outras classes de medicamentos e aprofundamento 
deste conteúdo, acesse a Biblioteca Virtual da Uniasselvi, através do site https://portal.
uniasselvi.com.br/graduacao/alunos/bibliotecas/biblioteca-virtual e pesquise livros de 
Farmacologia.
UNI
50
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
LEITURA COMPLEMENTAR
INTERAÇÕES DE MEDICAMENTOS COM ÁLCOOL: VERDADES E 
MITOS
Lenita Wannmacher
O que é considerado como verdade? 
O emprego de bebidas alcoólicas está genericamente contraindicado 
durante a gestação, pois não se identificou limiar seguro para o álcool na gênese 
da síndrome alcoólica fetal que pode ocorrer em até 30% dos filhos de mães 
dependentes de álcool. A síndrome completa associa-se a uso crônico de álcool 
(consumo de 48 ou mais gramas de álcool/dia) pela gestante no primeiro trimestre 
da gravidez, não se excluindo efeitos parciais com a ingestão de menores doses ou 
em segundo e terceiro trimestres de gestação. As peculiaridades farmacocinéticas 
da gestante podem afetar as características do álcool, contribuindo para a 
neurotoxicidade que se estabelece durante o desenvolvimento fetal. O efeito 
teratogênico do álcool em humanos é dose-dependente. Os neonatos de mães 
alcoolistas estão sob maior risco de síndrome fetal do que os de bebedoras 
moderadas. 
Outro fato inconteste é que o uso concomitante de álcool com outros 
depressores do sistema nervoso central exacerba efeitos, tais como sedação, 
prejuízo de coordenação motora e de memória, risco de quedas etc., pelo que 
deve ser desaconselhado o emprego simultâneo. 
O que é considerado um mito? 
Um conceito arraigado entre os leigos é de que não se deva utilizar qualquer 
quantidade de bebida alcoólica durante o tratamento com antimicrobianos 
porque aquela prejudica a eficácia desses. Em realidade, não há em geral 
interferência com a eficácia de antimicrobianos. Outras razões, no entanto, podem 
justificar está recomendação. A primeira é de que não parece lógico estar sob 
tratamento para uma doença infecciosa e utilizar álcool com objetivo recreacional, 
especialmente se houver risco de intoxicação alcoólica. A outra consiste na 
contraindicação
específica de uso de bebida alcoólica concomitante ao de alguns 
antimicrobianos, como metronidazol, cloranfenicol e sulfas, pois causam reação 
similar à do dissulfiram (ver adiante), em presença de álcool. Ainda, se a ingestão 
corresponder a grande volume de líquido (de cerveja, por exemplo), a sobrecarga 
hídrica aumentará filtração glomerular e diurese, acelerando a excreção renal de 
fármacos ativos. 
Também há relação entre uso abusivo de álcool, nicotina, cocaína e 
maconha e suscetibilidade aumentada a infecções. Essas substâncias interagiriam 
com receptores específicos em células do sistema imune, produzindo 
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA
51
imunomodulação. Álcool exerce efeito imunomodulador, embora não mediado 
por receptor. 
Assim, não é proibitivo o uso social de álcool, pois não está relacionado 
à perda de eficácia dos antimicrobianos em geral. No entanto, o uso abusivo é 
totalmente desaconselhado. 
Para compreender essas interações – tanto sinergias quanto antagonismos 
– é preciso considerar sua classificação pelo modo de atuação: 
Farmacocinética – em que o álcool acelera o esvaziamento gástrico, altera 
a biotransformação de fármacos (exemplo: interação de álcool com metronidazol 
– efeito tipo dissulfiram) ou sua excreção.
Farmacodinâmica – em que o álcool interfere em sítio de ação dos fármacos, 
por meio de modificação em receptores, neurotransmissores ou efetores. 
Interações de efeito – quando o álcool reforça ou inibe os efeitos de outros 
fármacos, atuando em sítios diferentes e por mecanismos diversos (exemplo: 
sinergia dos efeitos de depressores do sistema nervoso central, como sedativos, 
opioides, anestésicos gerais etc.). 
Do ponto de vista clínico, interessa saber se a interação será benéfica ou 
prejudicial, o que vale tanto para sinergias como para antagonismos. Para não 
falar apenas dos efeitos maléficos do álcool, a ingestão moderada e sistemática 
de bebidas alcoólicas em pacientes cardiopatas tem sido associada com baixa 
mortalidade em doença coronariana, reforçando a ação de outros fármacos 
destinados ao controle dessa condição. Um estudo transversal cruzado investigou 
a interação entre moderada quantidade de vinho com ácidos graxos ômega-3 
(ácido alfa-linolênico) provenientes da dieta em pacientes coronariopatas. Nos 
pacientes que tomavam vinho, as concentrações de ômega-3 foram maiores do 
que nos que não o faziam. Atribuiu-se ao vinho um efeito protetor comparável ao 
da ingestão de peixe. Também se relataram interações com flavonoides e outros 
componentes polifenólicos do vinho tinto. 
Como antisséptico, o álcool destrói muitos microrganismos encontrados na 
pele. Associado ao iodo (álcool iodado), em concentrações ótimas, ou em solução 
aquosa (70% p/v), constitui-se num dos mais eficazes antissépticos disponíveis. 
Pela vasodilatação que determina, aumentando a dissipação de calor corporal, 
pode ser considerado um agente antifebril, reforçando o efeito de antitérmicos. 
Em pacientes com dor crônica refratária a outras medidas, o bloqueio anestésico 
definitivo é obtido com injeção direta de altas concentrações de álcool nos nervos 
periféricos (neurólise).
Ao contrário, exacerba os efeitos do aumento da secreção gástrica em 
doença péptica. A exposição crônica induz alterações hepáticas que variam 
desde infiltração gordurosa subclínica até hepatites clinicamente identificáveis e 
esteatose, evoluindo com frequência para cirrose. As alterações hepáticas, mesmo 
subclínicas, podem ser detectadas laboratorialmente por elevação de gama-
52
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
glutamiltransferase (GGT), cuja dosagem se tornou teste de triagem diagnóstica. 
Também se elevam bilirrubinas e transaminases, e diminui a atividade de 
protrombina.
Interações clinicamente relevantes 
Farmacocinética
O álcool é absorvido no estômago e, predominantemente, no intestino 
delgado. Sua biodisponibilidade é de 100%. A presença de alimento retarda o 
esvaziamento gástrico, diminuindo a velocidade de absorção e produzindo 
menor intensidade de efeitos. Distribui-se amplamente no organismo, atingindo 
concentrações cerebrais semelhantes às plasmáticas. A biotransformação hepática 
do álcool envolve duas enzimas: álcool desidrogenase e aldeído desidrogenase. 
A primeira metaboliza o álcool a acetaldeído, substância tóxica e carcinogênica. 
Numa segunda etapa, acetaldeído transforma-se em acetato que, por sua vez, é 
facilmente metabolizado em água e CO2. Enzimas do sistema citocromo P450 
(CYP2E1) e catalase também metabolizam álcool em acetaldeído. Todavia, CYP2E1 
somente se ativa depois de a pessoa ter consumido grande quantidade de álcool, 
e catalase metaboliza somente pequena fração de álcool no organismo. Álcool 
também pode interagir com ácidos graxos, formando ésteres que contribuem 
para o dano hepático e pancreático.
 A eliminação obedece à cinética de ordem zero. O fígado só consegue 
metabolizar uma quantidade fixa na unidade de tempo, aproximadamente 10 ml 
por hora, em média. Se o indivíduo ingeriu 40 ml, a meia-vida será de duas horas. 
Para 80 ml, a meia-vida será de quatro horas. 
Etanol altera a expressão ou a atividade de algumas enzimas utilizadas 
na biotransformação de vários fármacos. Em uso crônico, induz a atividade 
microssomal, determinando maior metabolismo de alguns fármacos. Em caso 
de sobrecarga aguda de álcool, há competição por sistemas detoxificadores 
hepáticos, com diminuição do metabolismo de certos medicamentos. 
Etanol induz a enzima CYP2E1, envolvida na formação do metabólito 
hepatotóxico de paracetamol. Por isso, no decorrer de anos, associou-se dano 
hepático a uso de paracetamol em pacientes alcoolistas. 
Ensaios randomizados e controlados por placebo mostraram que a ingestão 
repetida de dose terapêutica de paracetamol durante 48 horas por pacientes com 
alcoolismo grave não produziu aumento em aminotransferases hepáticas, tempo 
de protrombina e outros parâmetros bioquímicos, nem manifestações clínicas 
adversas em comparação ao placebo. Em vários estudos, dose única de 1-2 gramas 
de paracetamol, administrada a pacientes alcoólicos para estudar metabolismo, 
não causou danos hepáticos. Assim, o uso terapêutico de paracetamol em 
alcoolistas é razoável. Para controle de dor crônica nesses indivíduos, paracetamol 
deve ser preferido ao uso prolongado de anti-inflamatórios não esteroides.
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA
53
Interação pouco comum é a que ocorre entre álcool e dissulfiram, 
caracterizada por rubefação, cefaleia, náuseas e vômitos, e taquicardia (reação 
Antabuse). Baseado nisso, dissulfiram tem sido usado no manejo de pacientes 
com dependência alcoólica. Dissulfiram interfere no metabolismo do álcool por 
meio da inibição irreversível da enzima acetaldeído desidrogenase, levando ao 
aumento de acetaldeído, responsável pelos sintomas desagradáveis. 
Reações similares às do dissulfiram em presença de álcool ocorrem com 
os medicamentos vistos no Quadro a seguir.
O álcool afeta a ação de histamina porque ambos têm enzimas 
metabolizadoras em comum, tais como a aldeído desidrogenase e a aldeído 
oxidase. O acetaldeído pode competir com aldeídos derivados do metabolismo de 
histamina. Antagonistas H2 influenciam o metabolismo do álcool por inibição de 
enzimas que o biotransformam no fígado e no estômago. A diminuída atividade 
da desidrogenase alcoólica aumenta as concentrações de etanol, resultando em 
diminuição de habilidades psicomotoras.
Álcool também interfere no metabolismo de metilfenidato. Em pequeno 
ensaio clínico cruzado18, metilfenidato foi administrado 30 minutos antes de 
etanol, 30 minutos depois de etanol e sem etanol a 10 homens e 10 mulheres 
sadios. Etanol antes e depois de metilfenidato aumentou significativamente as 
concentrações plasmáticas desse em relação ao valor sem álcool, bem como as 
médias das áreas sob a curva correspondentes. Efeitos estimulantes foram mais 
relatados por
mulheres de que por homens. 
Medicamentos que aceleram o esvaziamento gástrico (metoclopramida, 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
54
eritromicina, ácido acetilsalicílico) aumentam a absorção de álcool no intestino 
delgado, influenciando o metabolismo de primeira passagem do álcool e 
aumentando suas concentrações plasmáticas 16. Ao contrário, simpaticomiméticos, 
anticolinérgicos e opioides reduzem a absorção de etanol e retardam o pico 
plasmático. Dentre fármacos que têm metabolismo reduzido por sobrecarga 
aguda de álcool estão varfarina, tolbutamida e doxiciclina. A não detoxificação 
resulta em aumento das concentrações, com maior risco de efeitos tóxicos. 
Farmacodinâmica
O álcool pode induzir tolerância fármaco dinâmica, associada ao 
desenvolvimento de dependência física. Na vigência de tolerância pode haver 
concentrações plasmáticas muito altas com mínima ou até nenhuma expressão 
clínica de intoxicação. Não há, entretanto, tolerância aos efeitos letais do álcool. 
Existe tolerância cruzada entre álcool e outros depressores generalizados do 
SNC, como barbitúricos e benzodiazepínicos, o que permite que nos processos 
de desintoxicação do álcool sejam utilizados fármacos similares do ponto de vista 
fármaco dinâmico – habitualmente diazepam – que competem pelo mesmo sítio 
de ação e facilitam o processo controlado de abstinência sem sintomas exagerados. 
Benzodiazepínicos constituem os agentes de escolha para o tratamento da 
síndrome de abstinência alcoólica. Quando comparados com placebo ou outros 
fármacos, benzodiazepínicos – particularmente os de longa ação (clordiazepóxido, 
oxazepam) – demonstraram eficácia em desfechos clínicos: gravidade dos 
sintomas de abstinência, ocorrência de delirium e convulsões, entre outros. A 
preferência por agentes de longa ação, além da eficácia propriamente dita, leva 
em conta o potencial de abuso, o qual parece maior para agentes de curta ação. 
Interações de efeito 
Depressores do sistema nervoso central – anestésicos gerais, analgésicos 
opioides, antipsicóticos, anticonvulsivantes, anti-histamínicos, hipno-sedativos e 
antidepressivos e outros psicotrópicos – podem apresentar interações sinérgicas 
com álcool, aprofundando a depressão central. 
Diferentemente de anti-histamínicos H1 que mostram sedação aumentada 
e desempenho psicomotor alterado pelo uso de álcool, desloratadina, em dose 
única, não potenciou os efeitos depressores do álcool. Em estudo cruzado, 
duplocego e controlado por placebo, 25 adultos foram alocados para receber 
desloratadina administrada sozinha e com álcool e placebo sozinho e com álcool. 
Os resultados de cinco testes não mostraram diferenças significativas entre 
desloratadina sozinha e com álcool versus placebo sozinho e com álcool. No 
entanto, houve diferenças entre desloratadina e placebo sozinhos versus ambos 
com álcool (P < 0,01). Os efeitos adversos foram de leve a moderada gravidade. 
Anticonvulsivantes também têm sido preconizados para tratamento da 
abstinência alcoólica. Propalada vantagem desses agentes seria a ausência de 
interação com álcool e de indução de dependência física. Em estudo duplocego, 
TÓPICO 1 | PRINCÍPIOS BÁSICOS DA FARMACOLOGIA
55
35 indivíduos alcoolistas receberam 1200 mg de gabapentina (n=18) ou placebo 
(n=17) por oito dias. Não houve efeito de gabapentina sobre a compulsão para 
beber ou o padrão de uso do álcool, mas ela foi tão bem tolerada quanto o placebo 
sob uso concomitante de álcool. 
Já ensaio clínico brasileiro, randomizado, duplocego e controlado por 
placebo, avaliou o efeito do tratamento de gabapentina na redução de consumo 
e compulsão por álcool em 60 homens que ingeriam 165-170 g/dia de álcool e 
foram previamente desintoxicados. Após 28 dias de tratamento, o grupo que 
recebeu gabapentina reduziu significativamente o número de drinques por dia 
e a percentagem de dias de ingestão pesada de álcool (P = 0,02 para ambos os 
desfechos) e aumentou a percentagem de dias de dias de abstinência (P = 0,008) em 
comparação ao grupo placebo. O perfil de segurança do tratamento foi favorável.
Outro estudo corroborou a boa tolerabilidade do fármaco concomitante 
com álcool, mas não demonstrou eficácia no tratamento da dependência e da 
abstinência. 
Naltrexona, antagonista de opioides, contrapõe-se ao efeito do álcool, 
provavelmente por reduzir sintomas prazerosos desencadeados pelo uso de 
bebidas alcoólicas. Em um estudo, naltrexona diminuiu os efeitos do álcool sobre 
excitação, elevação do humor, compulsão e bem-estar. Os efeitos de naltrexona 
são mais acentuados em indivíduos com polimorfismos genéticos. 
É comum o uso recreacional combinado de vários psicotrópicos. Em estudo 
cruzado, duplocego e controlado por placebo, os usos combinado e isolado de 
álcool e 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA – ecstasy) foram avaliados com 
respeito à capacidade de dirigir e no desempenho de outras tarefas relacionadas 
ao dirigir. O álcool interfere com tal desempenho, bem como o ecstasy, em menor 
grau. Este significativamente moderou a alteração do álcool no teste de direção 
em estrada, mas não o impedimento de outras tarefas induzido por álcool.
Estudo similar mostrou aumento de 13% nas concentrações plasmáticas de 
MDMA depois do uso de álcool, enquanto as concentrações de álcool decresceram 
de 9% a 15%, depois da administração de MDMA. A combinação induziu euforia 
e “bem-estar” mais duradouros do que os vistos com cada um deles isoladamente. 
MDMA reverteu a sedação induzida por álcool, mas não reduziu os sintomas de 
embriaguez ou o impedimento no desempenho psicomotor. 
Etanol aumenta os efeitos de ivermectina e loperamida sobre o sistema 
nervoso central. Acentua a tendência a sangramento digestivo decorrente do 
uso de ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios não esteroides, porque destrói a 
barreira de muco gástrico e aumenta a retrodifusão de íons hidrogênio. 
Em revisão sistemática sobre interações com analgésicos, os autores 
encontraram relatos de caso de interações entre álcool e anti-inflamatórios não 
esteroides, anti-hipertensivos, metotrexato em altas doses, lítio e depressores do 
UNIDADE 1 | FUNDAMENTOS DA FARMACOLOGIA
56
sistema nervoso central. Ao contrário, não se encontrou evidência de que ingestão 
alcoólica recente possa exacerbar a hepatotoxicidade de paracetamol.
Conclusões 
• Ingestão de álcool, como sobrecarga aguda ou em uso crônico, tem potencial de 
interação com medicamentos, atuando por mecanismos diferentes. 
• As consequências clínicas das interações são bilaterais: álcool interferindo com 
o efeito de outros fármacos ou esses interferindo com os efeitos do álcool. 
• As interações podem ser fármaco cinéticas, fármaco dinâmicas e de efeito. 
• Interações fármaco cinéticas resultam em: 
- interferência na velocidade de esvaziamento gástrico: aumento (metoclopramida, 
eritromicina, ácido acetilsalicílico) e diminuição (simpaticomiméticos, 
anticolinérgicos e opioides), acarretando maior ou menor absorção de álcool, 
respectivamente; 
- interferência na biotransformação hepática, havendo indução (por exemplo, 
paracetamol), inibição (com antagonistas H2, por exemplo) ou competição 
em sobrecarga alcoólica por enzimas que detoxificam outros fármacos (como 
varfarina, tolbutamida e doxiciclina); 
- interferência na biotransformação do álcool, com acúmulo de acetaldeído, 
responsável pela reação tipo dissulfiram (como metronidazol); 
• Interações fármaco dinâmicas resultam em: tolerância cruzada entre álcool 
e outros depressores do SNC, pois competem pelo mesmo sítio de ação e 
facilitam o controle da abstinência alcoólica.
• Interações de efeito resultam em: 
- acentuação dos efeitos de outros depressores do sistema nervoso central 
(antidepressivos, hipno-sedativos, anticonvulsivantes etc.) e dos efeitos 
adversos de outros fármacos (ácido acetilsalicílico, anti-inflamatórios não 
esteroides); 
- inibição de efeitos de dependência e abstinência
alcoólica (gabapentina, 
naltrexona); 
• O reconhecimento de potenciais interações entre álcool e medicamentos, as 
quais sejam capazes de gerar danos, deve desestimular o uso de polifarmácia 
em indivíduos sabidamente etilistas. 
• A atenção para preparações medicamentosas que contenham álcool permite 
evitar o uso em indivíduos mais suscetíveis à sua presença, como crianças, 
gestantes e idosos.
FONTE: Disponível em: <http://www.ufrgs.br/boletimcimrs/2007-Intera%C3%A7%C3%B5esmedi
camentosx%C3%A1lcool.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2019.
57
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• O Sistema Nervoso Autônomo regula as condições internas do organismo, 
transmite todas as informações do SNC para o restante do corpo, exceto 
para a inervação motora da musculatura esquelética. Controla funções que 
não requerem controle do consciente. Ex.: frequência cardíaca e respiratória, 
pressão arterial. E é dividido em SN parassimpático (resposta ao estresse) e 
simpático (homeostase do descanso).
• Os neurotransmissores promovem respostas excitatórias ou inibitórias entre 
neurônios que se comunicam por sinapses químicas. 
• Os fármacos, que afetam o SNC, atuam em alguma etapa do processo de 
neurotransmissão, pode ser tanto na pré-sináptica como na pós-sináptica.
• O principal medicamento para Parkinson é a levodopa, que é um precursor 
metabólico da dopamina e sua ação é restabelecer os níveis de dopamina.
• A ansiedade está associada a um aumento nas concentrações de serotonina 
e noradrenalia nas sinapses cerebrais. Na depressão ocorre uma diminuição 
de concentração desses neurotransmissores. As principais classes 
medicamentosas para esses tratamentos são os benzodiazepínicos, os 
inibidores seletivos de recaptação de serotonina, os inibidores de recaptação 
de serotonina-norepinefrina, os antidepressivos tricíclicos e os inibidores da 
monoaminoxidase. 
• As classes de anti-hipertensivos são os diuréticos, agentes simpaticoplégicos, 
vasodilatadores diretos e os agentes que bloqueiam a produção ou ação da 
angiotensina.
Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem 
pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará você 
ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
58
1 Quando ouvimos expressões como: “Meu coração disparou”, “Fiquei tão 
nervoso que comecei a suar”, “Senti a boca seca”, sabemos que essas reações 
são características de um estado emocional alterado e que são controladas 
sob a ação do(s):
a) ( ) Sistema nervoso autônomo.
b) ( ) Sistema nervoso somático. 
c) ( ) Hormônios da tireoide.
d) ( ) Nervos do cerebelo. 
e) ( ) Centro nervoso medular.
2 Quais são os principais neurotransmissores do S. N. Autônomo?
a) ( ) Dopamina e Serotonina.
b) ( ) Noradrenalina e Glutamato.
c) ( ) GABA e Histamina.
d) ( ) Aceltilcolina e Norepinefrina.
e) ( ) Epinefrina e Adenosina.
3 Quais são as classes de anti-hipertensivos disponíveis para o uso clínico?
AUTOATIVIDADE
59
UNIDADE 2
TOXICOLOGIA: DA 
ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
• relacionar os principais personagens associados ao desenvolvimento da 
toxicologia;
• compreender as principais descobertas científicas da toxicologia;
• analisar o aspecto social, econômico e político da toxicologia;
• correlacionar os achados toxicológicos da Antiguidade com a toxicologia 
atual.
Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que em cada um deles, 
você encontrará atividades que o auxiliarão na compreensão dos conteúdos 
apresentados.
TÓPICO 1 – HISTÓRIA DA TOXICOLOGIA
TÓPICO 2 – ASPECTOS E ÁREAS DE ESTUDO DA TOXICOLOGIA
TÓPICO 3 – CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
60
61
TÓPICO 1
HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
“Em vez de raízes, um bebezinho extremamente feio saiu da terra. As 
folhas cresciam diretamente de sua cabeça. Ele tinha a pele verde-clara malhada 
e era visível que berrava a plenos pulmões.
A professora tirou um vaso de plantas grandes sob a bancada e mergulhou 
nele a mandrágora, cobrindo-a com o composto escuro e úmido até ficarem 
apenas as folhas visíveis. Depois, limpou as mãos, fez sinal com o polegar para os 
alunos e retirou os abafadores dos ouvidos.
— As nossas mandrágoras são apenas mudinhas, por isso seus gritos ainda 
não dão para matar — disse ela calmamente como se não tivesse feito nada mais 
excitante do que regar uma begônia. — Mas, elas deixarão vocês inconscientes 
por várias horas, e como tenho certeza de que nenhum de vocês quer perder o 
primeiro dia na escola, certifiquem-se de que seus abafadores estão no lugar antes 
de começar a trabalhar. Chamarei sua atenção quando estiver na hora da saída”.
(Harry Potter e a Câmara Secreta – J. K. Rowling)
O texto anterior foi retirado do universo fantástico de Harry Potter, criado 
pela escritora inglesa J. K. Rowling. Se você não leu ou assistiu a saga de Harry 
Potter, com certeza, você já ouviu falar dele! Existe forma melhor de começar a 
estudar toxicologia do que falar sobre Harry Potter e a mandrágora? 
Neste tópico iremos “viajar” na história da toxicologia e entender como 
esta ciência evoluiu e se mesclou com a farmacologia e outras ciências para 
constituir o que consideramos hoje como toxicologia moderna. Além disso, 
veremos a utilização tanto benéfica como maléfica dos chamados “venenos” de 
diferentes origens: vegetal, animal e mineral, além dos sintetizados pelo homem.
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
62
Então, vamos começar a nossa viagem pelo tempo para entender o 
fascinante universo da toxicologia!
Bom estudo!
2 O PASSADO DA TOXICOLOGIA
Além de Harry Potter, em algum outro filme, série, site ou livro, você 
ouviu falar desta planta exótica? Não? Então, vamos começar falando dela e 
assim despertar o nosso “apetite” pela toxicologia!
A mandrágora (Mandragora officinarum) é uma planta que foi bastante 
utilizada na Idade Média e durante o Renascimento, fortemente associada a cultos 
praticados por feiticeiras e magos. A mandrágora é uma fonte de substâncias 
(alcaloides tropânicos), que tanto em baixas quanto em altas doses pode fazer 
com que o indivíduo vivencie diversas situações que vão desde a diminuição da 
secreção salivar e sudorese até alucinações que fazem com que o indivíduo possa 
ver e conversar com pessoas ausentes ou animais que não existem (MARTINEZ; 
ALMEIDA; PINTO, 2009; BURRESSON; COUTEUR, COUTEUR, 2006).
Quer saber um pouco mais sobre a estrutura, extração, propriedades físico-
químicas e farmacológicas dos alcaloides tropânicos? Então dê uma “olhada” no link a 
seguir, uma aula bem interessante sobre estes alcaloides! Disponível em:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1735922/mod_resource/content/1/Alcaloides%20
%202016.pdf.
DICAS
Ainda falando sobre a mandrágora, ela também aparece em livros 
bíblicos, como Gênesis e Cantares, que relatam que o seu uso possui propriedades 
afrodisíacas (MARTINEZ; ALMEIDA; PINTO, 2009; BURRESSON, J.; COUTEUR, 
2006): 
“Raquel: Ora dá-me as mandrágoras de teu filho. Lia: E já pouco que 
hajas tomado o meu marido, tomarás também as mandrágoras de meu filho? 
Raquel: Por isso ele se deitará contigo esta noite, pelas Mandrágoras de teu filho” 
(GÊNESIS, 30:14 apud MARTINEZ; ALMEIDA; PINTO, 2009, s.p.).
 
“As mandrágoras exalam o seu perfume, e às nossas portas há toda sorte 
de excelentes frutos, novos e velhos; eu vos reservei ó meu marido” (CANTARES, 
7:13 apud MARTINEZ; ALMEIDA; PINTO, 2009, s.p.).
TÓPICO 1 | HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA
63
A seguir, você pode observar uma ilustração medieval que ensina como 
realizar a coleta da mandrágora com o auxílio de um cão, que de acordo
com as 
lendas medievais, só poderia ser retirada da terra com o auxílio deste animal.
FIGURA 1 – COLHEITA DE MANDRÁGORA
FONTE: <https://veja.abril.com.br/blog/jardineiro-casual/fatos-e-mitos-sobre-a-mandragora-
planta-magica-de-hogwarts/>. Acesso em: 26 mar. 2020.
Na próxima figura, você pode observar a beleza da Mandrágora, apesar 
de perigosamente venenosa.
FIGURA 2 – MANDRÁGORA
FONTE: <https://veja.abril.com.br/blog/jardineiro-casual/fatos-e-mitos-sobre-a-mandragora-
planta-magica-de-hogwarts/>. Acesso em: 26 mar. 2020. 
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
64
Agora que vimos quão fascinante pode ser a toxicologia, começando pela 
mandrágora, vamos aprender um pouco mais sobre a história desta ciência. A 
história da toxicologia é tão antiga quanto a própria história da humanidade, uma 
vez que o ser humano necessitava se alimentar, ele se expunha a consumir produtos 
que encontrava e estavam ao seu alcance. Assim conheceu o envenenamento de 
sua pior forma: através de seus efeitos mortais (BARLY et al., 2014).
O primeiro registro associado à descrição da utilização de venenos pela 
humanidade é o papiro de Ebers, datado de cerca de 1500 a.C., este papiro 
apresenta diversas informações sobre venenos, como a cicuta e o acônito, além de 
metais, como o cobre e o chumbo. O papiro de Ebers encontra-se atualmente na 
Universidade de Leipzig, na Alemanha, e você pode ver uma reprodução dele a 
seguir, retirada do próprio site da universidade.
FIGURA 3 – PAPIRO DE EBERS
FONTE: <https://www.ub.uni-leipzig.de:9000/54d8b146f3e91b134c000038/
apps/55327c81569c2c2d3d000ed3/en.html>. Acesso em: 27 nov. 2019.
Posteriormente, o livro de Jó, do Velho Testamento, datado de cerca de 
1.400 a.C., relata o uso de flechas envenenadas e cerca de 1.000 anos depois (400 
a.C.), Hipócrates, o pai da medicina, discorre sobre a utilização de venenos, 
acrescentando conhecimentos sobre a biodisponibilidade destes, e princípios 
relacionados ao que hoje conhecemos como toxicologia clínica (CASARETT; 
DOULL, 2012).
TÓPICO 1 | HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA
65
Teofrasto, que viveu entre 370 a 286 a.C., um discípulo do filósofo 
Aristóteles, relatou em seu livro ”De Historia Plantarum”, diversas plantas que 
possuíam características venenosas (CASARETT; DOULL, 2012). Discórides, um 
médico que pertencia à corte de Nero (imperador de Roma), tentou classificar os 
venenos de acordo com o reino ao qual pertenciam (animal, vegetal e mineral), o 
que ficou publicado em seu livro: De materia medica (CASARETT; DOULL, 2012).
No século II a.C., Mitrídates VI, conhecido como rei do ponto, possuía 
medo extremo de ser envenenado, o que fazia com que ele tomasse pequenas 
doses de substâncias tóxicas com o propósito de habituar-se a estas e assim, 
tornar-se imune. Este rei experimentou, com o auxílio de médicos e botânicos de 
sua corte, a utilização de venenos em prisioneiros de guerra, utilizando antídotos 
nos homens recém-envenenados, o que permitiu a ele conhecer novos compostos 
que eram antídotos a estes venenos (CASARETT; DOULL, 2012).
Obviamente, a toxicologia teve seu uso relacionado a diversos fins, 
inclusive associado a fins políticos. Um dos exemplos da utilização de venenos 
em execuções promovidas pelo Estado foi o filósofo Sócrates, que viveu entre 
470 a 399 a.C. e foi condenado à morte por envenenamento com cicuta por 
desafiar o Estado ateniense e perturbar os concidadãos, uma vez que se utiliza da 
filosofia como um direito e dever do conceito de cidadania (GOTO, 2010; OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Esta passagem da história foi retratada pelo 
pintor Jacques Louis David (1748-1825), nesta belíssima obra neoclássica que se 
encontra no Metropolitan Museum of Art em Nova York:
FIGURA 4 – PINTURA DEMONSTRANDO A EXECUÇÃO DE SÓCRATES COM CICUTA
FONTE: <https://www.metmuseum.org/art/collection/search/436105>. Acesso em: 1 dez. 2019.
Em diversas cidades e civilizações, o uso de maneira indiscriminada de 
venenos causou a morte de inúmeros indivíduos, por exemplo, em Roma, durante 
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
66
o século IV a.C. Esse uso foi realizado em larga proporção até que Sulla (cônsul 
romano) elaborou uma lei denominada Lex Cornelia (aproximadamente em 82 
a.C.), que visava punir os envenenadores (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 
2008).
A classificação dos venenos também é datada de tempos bastante 
remotos. O primeiro a classificar os venenos como de origem vegetal, mineral 
e animal, foi Dioscórides, conforme já pontuamos anteriormente. Ele classificou 
como exemplos de venenos de origem animal os venenos de víboras, sapos e 
salamandras, os venenos tóxicos originários de plantas como pertencentes ao reino 
vegetal, citando como exemplo o ópio e a cicuta e, por fim, os venenos minerais, 
nos quais se incluíam o chumbo, o cobre e o antimônio (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008).
Dioscórides viveu no século I d.C. e escreveu uma obra intitulada De 
Materia Medica, que versava sobre ervas e remédios e foi amplamente utilizada 
até o século XVII (ELÍA, 2009). O livro de Dioscórides possui mais de 600 imagens 
de plantas e animais, mostrando as espécies descritas em vários idiomas.
Durante os séculos XVII e XVIII, a toxicologia mostrou lenta evolução 
e baseava-se no empirismo (observação e correlação dos eventos) (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). A partir de Avicena (980-1037) a toxicologia 
volta a ganhar força com o reconhecimento da toxicidade do ópio por este 
pesquisador, que amplamente fazia uso desta substância e de acordo com alguns 
autores, sua morte deveu-se à “overdose” de ópio (DUARTE, 2005).
Outro expoente da toxicologia na Idade Média foi Maimônides (1135-1204 
d.C.), que escreveu um tratado sobre intoxicações ocasionadas por insetos, cobras 
e cachorros loucos (Poisons and their antidotes – 1198). Sua obra foi de grande 
importância para a toxicologia, pois ele descreve, pela primeira vez, o fenômeno 
da biodisponibilidade ao observar que determinados produtos, como o leite e a 
manteiga, são capazes de alterar o processo de absorção intestinal (CASARETT; 
DOULL, 2012).
Catarina de Médici, rainha consorte da França, no início do período do 
Renascimento e com o pretexto de tratar os pobres e doentes, utilizava diversas 
misturas tóxicas e acompanhava a rapidez de resposta destes agentes, a eficácia, 
o grau de resposta das partes do corpo e, por fim, os relatos das vítimas. Com 
isso, Catarina começa a detalhar os conceitos que veremos mais adiante de início 
de ação de um agente toxicante, potência, local de ação e especificidade de ação e 
sinais e sintomas clínicos (CASARETT; DOULL, 2012).
Assim como todas as ciências, a Idade Média confere obscurantismo para 
o desenvolvimento do conhecimento, mergulhando a Europa em uma idade de 
trevas. Desta forma, a sociedade europeia, durante a Idade Média, considera 
um risco normal o envenenamento, sendo plenamente aceito pela sociedade. 
Com exceção do tratado escrito por Maimônides descrito anteriormente, pouco 
TÓPICO 1 | HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA
67
se evoluiu em termos do conhecimento sobre toxicologia neste período (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Já no início do período seguinte, o Renascimento, que se estende 
do século XV ao século XVI, envenenadores surgem na Itália, assassinando 
grande quantidade de pessoas. Nessa época, merece destaque uma senhora 
chamada Giullia Toffana, a qual preparava um cosmético que possuía arsênico, 
denominado Acqua Toffana. Acredita-se que madame Giullia tenha matado mais 
de 600 pessoas com seu perfume feito com arsênico, que era livremente vendido 
na Itália (GUPTA, 2016).
O “cosmético” Acqua Toffana, aparentemente, era vendido em frascos de 
vidros disfarçados, onde se dizia conter “Maná de São Nicolás”, um óleo que se 
acreditava ser milagroso para doenças ósseas. 
Quer conhecer mais sobre o Maná de São Nicolás? Então confira no link um 
texto interessante sobre esse óleo. Acesse: https://es.aleteia.org/2017/05/09/el-misterioso-
aceite-de-los-huesos-de-san-nicolas/.
DICAS
FIGURA 5 – ACQUA TOFFANA
FONTE: <http://curiosities137.rssing.com/chan-4378685/latest.php>. Acesso em: 26 mar. 2020.
Ainda durante o Renascimento, surge um personagem de extrema 
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
68
importância para o desenvolvimento da toxicologia, autor da seguinte frase: 
“Todas as substâncias são venenos; não há nenhuma que não seja um veneno. 
A dose correta distingue o veneno do remédio”. O autor desta frase é Philippus 
Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, conhecido como Paracelso 
(1493-1541). Paracelso desenvolveu estudos que misturavam conceitos de 
medicina e alquimia, entremeando conceitos que envolviam a magia e a filosofia, 
relacionados com a mais pura ciência. Paracelso realizou estudos impactantes e 
revolucionários para a época, postulando conceitos que até hoje são utilizados 
junto à farmacologia, a toxicologia e a terapêutica. Paracelso foi também o autor do 
estudo mais completo sobre toxicologia ocupacional realizado até então, no qual 
abordava as doenças ocupacionais observadas em mineiros (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008; CASARETT; DOULL, 2012). Com todas estas contribuições, 
Paracelso constitui-se em uma das figuras mais importantes para o estudo da 
Toxicologia e da Farmacologia.
Em 1700, mais estudos relacionados à Toxicologia Ocupacional são 
levados a cabo por Bernardino Ramazzini, através da publicação do livro 
“Morbis Artificum Diatriba”, traduzido para o português como “As doenças dos 
trabalhadores”. Justamente pela publicação deste livro, Ramazzini é considerado 
o “Pai da Medicina do Trabalho” (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). O 
Ministério do Trabalho brasileiro, juntamente à Fundacentro (Fundação Jorge 
Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho), em comemoração aos 
seus 50 anos, publicou a 4ª edição deste livro clássico da Toxicologia Ocupacional.
Ficou curioso para ver quais as doenças que afetavam os trabalhadores e quais 
eram os ofícios naquela época? No link a seguir, você tem acesso ao livro “As doenças dos 
trabalhadores”. Disponível em: http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/biblioteca-digital/
publicacao/detalhe/2016/6/as-doencas-dos-trabalhadores.
DICAS
O século XVIII chegou e com ele o Iluminismo, responsável por impulsionar 
as ciências de modo geral e com elas a toxicologia ganha força, apoiada no 
crescimento da química orgânica. Entre os séculos XVIII e XIX, diversos nomes 
despontam na toxicologia, como Magendie (1783-1885), Orfila (1787-1853) e 
Claude Bernard (1813-1878), expoentes que foram responsáveis por formular os 
conceitos básicos de ciências, como a farmacologia, a terapêutica experimental e 
a toxicologia ocupacional (CASARETT; DOULL, 2012).
Orfila, um médico espanhol que servia à corte francesa, escreveu “Traitè 
de Toxicologie” (Tratado de Toxicologia), na qual, utilizando material de autópsia 
e análises químicas de envenenamentos, destaca a importância da Toxicologia 
Forense, Clínica e da Química Analítica. Estes conceitos básicos postulados por 
TÓPICO 1 | HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA
69
Orfila persistem até hoje, no que conhecemos como Toxicologia Forense (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; CASARETT; DOULL, 2012).
Magendie estudou os mecanismos envolvidos na ação da emetina e 
estricnina. Ele estudou os processos que envolviam a absorção destes compostos 
e sua distribuição pelo organismo (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; 
CASARETT; DOULL, 2012). Magendie foi mestre de um brilhante aluno que 
também revolucionaria a toxicologia: Claude Bernard. A maior contribuição 
deste brilhante pupilo à toxicologia foi a introdução do conceito de toxicidade 
de substâncias em determinados órgãos-alvo, destacando-se o estudo do curare e 
sua ação sobre a placa motora muscular, possibilitando a aplicação em pacientes 
em procedimentos cirúrgicos (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Por fim, antes de falarmos sobre a toxicologia pós-Segunda Guerra 
Mundial (toxicologia moderna), merecem destaque os cientistas germânicos 
Oswald Schmiederberg (1838-1921) e Louis Lewin (1850-1929). Schmiederberg 
foi responsável pela formação de diversos cientistas que trabalharam em 
importantes laboratórios de toxicologia e farmacologia em diversos países e 
Lewin foi responsável pela publicação de diversos trabalhos que iniciaram o 
estudo da toxicologia, por exemplo, o estudo de narcóticos, metanol e clorofórmio 
(CASARETT; DOULL, 2012).
3 TOXICOLOGIA MODERNA
A toxicologia como ciência possui a capacidade de incluir e ao mesmo 
tempo apoiar-se em diversas ciências com o objetivo de confirmar hipóteses e 
diagnósticos. Entretanto, o avanço dessa ciência fez necessária sua regulamentação 
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; CASARETT; DOULL, 2012).
O desenvolvimento de diversos compostos impulsionados pelo 
desenvolvimento da química e a consequente síntese de novas substâncias 
químicas ocasionaram inúmeros casos de intoxicação. Além disso, no início 
do século XX, a descoberta da radioatividade e o desenvolvimento sintético de 
vitaminas fizeram com que se estabelecessem ensaios em animais de laboratório, 
justamente com o objetivo de se determinar a toxicidade destes novos compostos 
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; CASARETT; DOULL, 2012).
Assim, no intuito de regulamentar a pesquisa em toxicologia experimental, 
surge na Europa a primeira revista científica dedicada à toxicologia experimental 
em 1930, subsequentemente, em 1938, nos EUA, é promulgada a Lei Copeland, 
um dos embriões para a criação do FDA (Food and Drug Administration), o 
órgão regulamentador responsável pela segurança de alimentos, medicamentos 
e cosméticos naquele país (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; CASARETT; 
DOULL, 2012).
Em 1947, nos EUA, ocorre a assinatura do primeiro ato que visa 
regulamentar a utilização e venda de pesticidas, praguicidas, fungicidas e 
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
70
rodenticidas, regulamentando uma substância que não possui características nem 
de alimento e/ou medicamento e necessitava ser avaliada com relação à eficácia e 
segurança (CASARETT; DOULL, 2012).
Apesar do estabelecimento do FDA nos anos seguintes e do 
desenvolvimento na pesquisa toxicológica, fazendo com que novas substâncias 
fossem testadas em animais de laboratório e proibindo que qualquer substância 
com potencial cancerígeno fosse adicionada em alimentos nos EUA, as décadas 
seguintes ainda reservariam trágicos acidentes toxicológicos que chocariam o 
mundo (CASARETT; DOULL, 2012).
Durante a década de 1950, uma indústria química japonesa derramou 
milhares de toneladas de mercúrio na baía de Minamata, o que levou à morte e 
lesão do sistema nervoso central de milhares de pessoas e animais, em virtude dos 
peixes contaminados nesta baía e consumidos pelos japoneses. Em virtude desse 
desastre, somente em 2013 ocorreu a Convenção de Minamata sobre Mercúrio, 
um acordo assinado inicialmente por 92 países, entre os quais se encontra o Brasil 
e que prevê a eliminação da produção e uso de mercúrio em diversas atividades 
comerciais até o ano de 2025 (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
No link a seguir, você pode ler um artigo que faz alguns comentários sobre 
o impacto ambiental da Convenção de Minamata: http://www.scielo.br/pdf/sdeb/
v41nspe2/0103-1104-sdeb-41-spe2-0050.pdf.
DICAS
Logo no início dos anos 1960, o mundo presenciou o surgimento dos 
“filhos da talidomida”. Você já ouviu falar sobre esse assunto? O UNI vai nos 
contar um pouco mais desse trágico incidente na história da humanidade.
Na década de 1960, milhares de crianças nasceram com malformações 
congênitas decorrentes do uso de um medicamento (talidomida). Esta droga, utilizada 
inicialmente como antigripal devido as suas propriedades histamínicas e, posteriormente 
como antiemética para prevenir enjoos durante a gravidez, provocou o nascimento de 
milhares de crianças com malformações congênitas em todo o mundo, inclusive no 
Brasil.
Você pode saber mais sobre a história da talidomida e seu uso atual no Brasil (uso 
INTERESSANTE
TÓPICO 1 | HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA
71
controlado) através da cartilha do Ministério da Saúde disponibilizada neste link:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/talidomida_orientacao_para_uso_controlado.
pdf.
Você pode ver mais sobre a talidomida assistindo aos documentários disponibilizados nos 
seguintes links: 
https://www.youtube.com/watch?v=83PL-3Pqi9A.
https://www.youtube.com/watch?v=bEfFgeQfgbU.
https://www.youtube.com/watch?v=mnz3NIQRiVI.
A talidomida teve sua descoberta em 1953 por Wilhelm Kunnz, na antiga 
Alemanha Oriental. Ele foi um cientista da companhia farmacêutica Chemie 
Grünenthal. Essa substância teve seu uso mundialmente conhecido com o intuito 
de ser utilizada para o tratamento da insônia, sendo utilizada como sedativo e 
hipnótico. No ano de 1956, a talidomida foi lançada no mercado alemão como 
antigripal, uma vez que existia a possibilidade de uma epidemia de influenza 
chegar às terras alemãs no ano seguinte (MORO; INVERNIZZI, 2017).
Em 1957, a mesma substância foi lançada no mercado alemão alegando 
possuir propriedades sedativas, sendo comercializada com o nome de Contergan®. 
Esse medicamento foi lançado na Alemanha como isento de qualquer atividade 
tóxica e vendido sem prescrição médica. Nessa época, ainda não haviam sido 
relacionados os efeitos decorrentes do uso dessa medicação e sua correlação com 
teratogenicidade, conforme demonstrado posteriormente, uma vez que não se 
dispunham de metodologias relacionadas à identificação de reações adversas 
ocasionadas pelo uso de medicamentos (BRASIL, 2013; MORO; INVERNIZZI, 
2017).
A talidomida, em associação, também foi utilizada em diversos 
medicamentos para diferentes patologias, como tosse, asma, resfriados e 
cefaleias. Já em 1959 começou a ocorrer a correlação de efeitos teratogênicos em 
crianças nascidas de mães que utilizaram a medicação, através do aparecimento 
de focomelia. A focomelia se caracteriza pela aproximação ou encurtamento dos 
membros junto ao tronco, o que dá uma aparência de foca ao recém-nascido 
(SIAT, 2011; BRASIL, 2013).
Em função do surgimento dessas graves reações congênitas, a substância 
foi retirada do mercado a partir de 1961. No Brasil, a talidomida entrou no mercado 
em 1958, sendo os primeiros casos de malformações congênitas relatados em 1960. 
A retirada da droga no mercado brasileiro iniciou-se em 1962 (BRASIL, 2013).
A talidomida é derivada do ácido glutâmico (aminoácido). A dose de 200 
mg da droga leva à concentração plasmática máxima em aproximadamente 4,39 
horas, possuindo uma meia-vida de eliminação de aproximadamente 8,7 horas. A 
sua excreção é preferencialmente não renal, possuindo uma baixa excreção urinária 
em torno de 0,6% em 24 horas. No plasma, a talidomida pode ser detectada em 
período superior a 24 horas, utilizando-se uma única dose (PENNA; PINHEIRO; 
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
72
HAJJAR, 1998). 
Como o mecanismo de ação tóxica da droga ainda não está totalmente 
elucidado, acredita-se que ela possa agir sobre seis diferentes categorias, 
agrupadas a seguir (PENNA; PINHEIRO; HAJJAR, 1998).
• Replicação ou transcrição do DNA.
• Síntese ou função de integrinas (proteínas). 
• Angiogênese. 
• Condrogênese. 
• Injúria ou morte celular.
Entretanto, a talidomida também possui sua utilização para diferentes 
fins e quando o seu uso é monitorado e acompanhado por profissionais de saúde, 
principalmente em mulheres grávidas, é utilizada com resultados altamente 
satisfatórios em diversas patologias, com destaque para a hanseníase, mas 
podemos citar lúpus eritematoso, estomatite aftosa, doença de Behçet, prurigo 
nodular, artrite reumatoide, cirrose, tuberculose, neoplasias, entre outras 
(PENNA; PINHEIRO; HAJJAR, 1998; BORGES; GUERRA; AARESTRUP, 2007).
O mecanismo de ação proposto para a ação medicamentosa da talidomida 
se baseia principalmente na inibição de TNF-α, importante mediador inflamatório, 
relacionado com as patologias citadas (PENNA; PINHEIRO; HAJJAR, 1998; 
BORGES; GUERRA; AARESTRUP, 2007).
FIGURA 6 – ESTRUTURA QUÍMICA DA TALIDOMIDA
FONTE: <http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/11/talidomida-orientacoes-
web-2.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2020.
No entanto, esse não foi o único incidente que causou grande impacto na 
humanidade. Mesmo com as tentativas de regulamentação do uso e da pesquisa 
toxicológica, outros desastres mais recentes também ocorreram englobando 
diversas áreas da toxicologia. Vamos ver alguns deles!
Em 1984, na Índia, na cidade de Bhopal, o vazamento de um gás tóxico 
proveniente de uma indústria química fabricante de pesticidas matou mais de 
8.000 pessoas durante a madrugada. Estas pessoas residiam próximas à fábrica e 
TÓPICO 1 | HISTÓRICO DA TOXICOLOGIA
73
não foram avisadas do vazamento, pois não existia nenhum sistema de alarme. 
Até os dias atuais ainda se discute quem foram os responsáveis pelo vazamento 
tóxico e as indenizações pagas às famílias afetadas foram extremamente baixas 
(BBC, 2014). 
Você pode saber mais sobre o desastre de Bhopal acessando o seguinte link: 
https://www.youtube.com/watch?v=tgZwQ503uLo. Aproveite também para ver um vídeo 
curto sobre o desastre de Minamata. Vale a pena! https://www.youtube.com/watch?v=_
zMG0MsyIQ0.
DICAS
Em 1986, a tragédia de Chernobyl, ocasionada pela explosão de um 
reator nuclear na antiga União Soviética, levou à morte milhares de pessoas em 
decorrência deste desastre de proporções épicas. Os números desta tragédia 
nunca foram precisamente apurados. Recentemente, após 33 anos do desastre de 
Chernobyl, foi realizada uma minissérie por uma produtora de TV que mostra, 
de maneira fictícia, os horrores deste desastre ocasionados logo após a explosão 
do reator nuclear (GRAY, 2019). 
Você pode ver mais sobre o desastre de Chernobyl acessando um documentário 
no seguinte link: https://www.youtube.com/watch?v=bv4AoqZsfHs.
DICAS
No Brasil, podemos citar tragédias que se relacionam à toxicologia 
ambiental e que você deve se lembrar! A tragédia de Goiânia, relacionada ao 
vazamento de Césio 137 (1987), e mais recentemente as tragédias de Mariana 
(2015) e Brumadinho (2019), que levaram milhares de vidas e não nos deixam 
esquecer o impacto ambiental que será gerado por anos nestes ecossistemas. 
A empresa responsável pela tragédia de Mariana nega uma relação direta 
entre a intoxicação por metais pesados observada em indivíduos que moram na 
região após a tragédia, mas estudos recentes relatam que, aparentemente, esta 
relação parece ser evidente (MOTA, 2018). 
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
74
A tragédia de Goiânia completou, em 2017, trinta anos e ainda faz com que 
diversas pessoas recebam tratamento. A seguir, você pode ver um vídeo sobre a tragédia 
de Goiânia e entender mais sobre os fatores e consequências relacionados a essa tragédia. 
Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=hP-8D-YglDo.
DICAS
A tragédia de Brumadinho ainda dói em todos nós brasileiros. Entretanto, 
apesar das inúmeras vítimas ocasionadas pela tragédia, todo um ecossistema também 
foi comprometido. Você pode entender melhor o impacto da tragédia do ponto de 
vista da toxicologia ambiental acessando o seguinte link: https://www.youtube.com/
watch?v=heFmSseAR_Q.
IMPORTANTE
Caro acadêmico! Após as tragédias citadas, temos a certeza de que a 
regulamentação e a fiscalização com a aplicação de leis severas e punição exemplar 
aos responsáveis é o caminho para que novas tragédias não ocorram. Devemos 
sempre lembrar que o bem maior é a vida, em qualquer uma de suas formas e não 
o interesse comercial de grandes grupos econômicos.
75
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A história da Toxicologia desenvolve-se desde a antiguidade.
• Diversos expoentes foram extremamente importantes para a construção da 
história da toxicologia antiga.
• A história da Toxicologia continua seu desenvolvimento durante a era 
moderna, com o surgimento de novas técnicas de detecção e ensaio de drogas 
e agentes toxicantes.
• Desastres recentes impactaram o estudo da toxicologia, ressaltando a sua 
importância para que novos desastres que impactam o ambiente quanto são 
capazes de promover a morte de pessoas sejam impedidos.
76
AUTOATIVIDADE
1 Importante tratado datado do século XVIII a.C., contém informações sobre 
venenos e medicamentos utilizados para o tratamento das mais diversas 
doenças. Esse documento foi fundamental para a medicina da época 
e atualmente encontra-se preservado na Universidade de Leipzig, na 
Alemanha. Sobre esse documento, assinale a alternativa CORRETA:
(a) ( ) Papiro de Ebers.
(b) ( ) Livro de Jó.
(c) ( ) De Materia Medica.
(d) ( ) Aqua Toffana.
(e) ( ) Livro de Dioscórides.
2 Recentemente, o Brasil passou por duas tragédias devastadoras que 
ceifaram dezenas de vidas, a tragédia de Mariana e Brumadinho. Em um 
passado relativamente recente, o Brasil também foi palco de outra tragédia, 
uma tragédia radioativa que matou pessoas e contaminou o ambiente. Essa 
tragédia deu-se em função do vazamento de um elemento químico. Este 
elemento é o:
(a) ( ) Urânio 92.
(b) ( ) Césio 137.
(c) ( ) Rádio 88.
(d) ( ) Césio 135.
(e) ( ) Tório 90.
3 Como você viu no vídeo sobre os “Filhos da Talidomida”, essa droga é 
capaz de, mesmo em uma única dose, gerar alterações teratogênicas que 
levam ao encurtamento dos membros tanto superiores quanto inferiores. A 
esta malformação dos membros chamamos de:
(a) ( ) Ratomelia.
(b) ( ) Discrasia.
(c) ( ) Focomelia.
(d) ( ) Aneuploidia.
(e) ( ) Displasia.
4 Importante órgão norte-americano, responsável pela regulamentação 
de drogas, cosméticos e alimentos, possui importância no registro e 
acompanhamento de novas substâncias utilizadas com uso medicamentoso, 
pesticida e/ou alimentar. Estamos falando da:
(a) ( ) NDA.
(b) ( ) EMA.
77
(c) ( ) NIH.
(d) ( ) NHI.
(e) ( ) FDA.
5 É uma droga capaz de agir sobre a placa motora muscular e assim possibilitar 
a indução e a paralisia motora em pacientes durante procedimentos 
cirúrgicos. Estamos falando da:
(a) ( ) Papoula.
(b) ( ) Cocaína.
(c) ( ) Estricnina.
(d) ( ) Curare.
(e) ( ) Ópio.
78
79
TÓPICO 2
ASPECTOS E ÁREAS DE ESTUDO DA 
TOXICOLOGIA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Agora que você aprendeu um pouco sobre a história da toxicologia, 
vamos abordar quais são as diferentes áreas em que esta fantástica ciência atua. 
Você já parou para pensar que a toxicologia pode estar naquela comida que você 
tanto gosta? Ou naquele spray contra insetos que ajuda você a dormir nas noites 
quentes de verão? Ou ainda, será que também está naquele medicamento para 
enxaqueca? Ou até mesmo aparece, disfarçada, no telejornal da noite?
Então, vamos mergulhar mais fundo nas diferentes áreas nas quais a 
toxicologia nos auxilia não só no dia a dia, mas a sociedade de modo geral! Bom 
estudo!
2 ASPECTOS E ÁREAS DE ABRANGÊNCIA DA TOXICOLOGIA
 
Caro acadêmico! Conforme comentamos na introdução deste tópico, a 
toxicologia pode estar inserida junto a diferentes ciências e ao mesmo tempo em 
diferentes áreas do desenvolvimento da ciência, relacionando-se diretamente ao 
desenvolvimento social.
A característica multifacetária desta ciência faz com que ela também possa 
contribuir para o desenvolvimento de outras ciências além de diferentes áreas do 
desenvolvimento humano (CASARETT; DOULL, 2012).
Quando pensamos em toxicologia, não temos como deixar de pensar 
em bioquímica, química analítica, farmacologia, patologia, fisiologia, anatomia, 
epidemiologia, imunologia, ecologia, história, entre outras diferentes áreas do 
conhecimento humano e científico (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; 
CASARETT; DOULL, 2012).
Não podemos esquecer que diversas outras ciências vêm recentemente 
evoluindo e, consequentemente, se agregam à toxicologia, propiciando o 
seu desenvolvimento, por exemplo, a genética e a biologia molecular (OGA; 
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
80
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; CASARETT; DOULL, 2012).
Além disso, a maior preocupação com o meio ambiente neste século 
incentiva novas pesquisas na área ambiental, o que faz com que a toxicologia 
possa também “beber desta fonte”.
Entretanto, devemos ressaltar que um dos conceitos aplicados à 
toxicologia, que é utilizado até os dias de hoje, provém de uma frase de Paracelso, 
importante pesquisador da área de toxicologia citado no tópico anterior: “Todas 
as substâncias são venenos; não há nenhuma que não seja um veneno. A dose 
correta diferencia o veneno do remédio” (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 
2008).
 
Desta forma, podemos observar uma estreita relação entre a toxicologia 
e a farmacologia, uma vez que vários conceitos básicos são aplicados a ambas 
ciências e estas são capazes de compartilhar muitas das suas áreas de atuação.
A participação destas ciências no desenvolvimento social também 
é evidente. Vamos analisar da seguinte forma: por exemplo, será que você 
consegue imaginar uma sociedade sem leis e sem regulamentações? Difícil, não 
é? Neste contexto, a toxicologia, assim como a farmacologia, assume funções 
extremamente importantes, pois ambas são capazes de propor ferramentas que 
regulam o que chega a nossa mesa e os medicamentos que tratam nossas doenças, 
regulamentando leis e normas para a segurança da população (CASARETT; 
DOULL, 2012).
Como já discutimos anteriormente, a toxicologia é uma ciência ampla 
e capaz de abranger diferentes áreas do conhecimento científico, englobando 
diferentes formações profissionais e ainda assim subdividir-se a fim de conectar-
se com diferentes campos de atuação (BRASIL, 2010).
Antes de abordarmos as divisões e subdivisões da toxicologia, devemos 
ressaltar que esta ciência possui algumas finalidades no seu estudo. Vamos ver 
quais são as finalidades a fim de compreender melhor as divisões desta ciência? 
Então, vamos lá!
Como a toxicologia possui uma função social, uma das suas finalidades 
compreende o ASPECTO PREVENTIVO. A regulação e a aplicação de leis 
baseadas em critérios toxicológicos são capazes de fornecer padrões de segurança 
alimentar, por exemplo, quando imaginamos determinados alimentos que serão 
tratados por substâncias químicas como os agrotóxicos (RUPPENTHAL, 2013).
Outro aspecto pelo qual podemos abordar a toxicologia é sob o ASPECTO 
CURATIVO. Neste aspecto, nós podemos pensar a toxicologia como uma 
ferramenta que visa detectar o agente causador da intoxicação através da realização 
de testes clínicos e/ou laboratoriais. Estas alterações podem ser do ponto de vista 
fisiológico e/ou bioquímico que ocorrem no organismo do indivíduo.
TÓPICO 2 | ASPECTOS E ÁREAS DE ESTUDO DA TOXICOLOGIA
81
O terceiro aspecto pelo qual podemos analisar a toxicologia é de acordo 
com um ASPECTO REPRESSIVO, que visa estabelecer limites legais e evitar 
que pessoas e empresas possam cometer crimes ou fraudar leis. Duas situações 
em que podemos exemplificar este aspecto para você, acadêmico, são atletas que 
utilizam o doping para obter vitórias em competições esportivas e com relação às 
empresas e indústrias que submetem os profissionais trabalhadores a condições, 
do ponto de vista toxicológico, insalubres (RUPPENTHAL, 2013). Logo adiante, 
subdividiremos a toxicologia em diferentes áreas e assim, poderemos classificar 
cada uma das áreas sob determinado aspecto abordado anteriormente.
Continuando nosso raciocínio acerca das divisões da toxicologia, vamos 
propor três divisões básicas, que você pode observar a seguir, de acordo com o 
campo de trabalho em que elas se aplicam:
• Toxicologia Analítica ou Química.
• Toxicologia Clínica ou Médica. 
• Toxicologia Experimental.
Como já comentamos, você verá que estas divisões da toxicologia se 
agrupam em áreas, mas vamos compreender primeiramente o
que cada uma 
propõe, dividindo-as em áreas de abrangência e posteriormente, no decorrer do 
tópico, em áreas de atuação. Vamos observar quais são as áreas de abrangência 
da toxicologia:
Toxicologia analítica: esta divisão da toxicologia visa propiciar a detecção 
de determinado agente químico ou de determinado parâmetro que se encontra 
diretamente relacionado à exposição ao agente tóxico. Para esta análise, podemos 
determinar a presença do agente tóxico em vários materiais, por exemplo, no 
próprio ar, na água, no solo, nos alimentos, nos fluídos orgânicos, onde for 
possível se extrair e determinar a presença do agente tóxico. A toxicologia 
analítica, por subsidiar-se pela ciência, faz uso de metodologia analítica, com 
ensaios precisos e reprodutíveis que visam à identificação correta do agente 
tóxico. Como você pode observar, neste momento, a toxicologia encontra apoio 
na química (RUPPENTHAL, 2013).
 
Toxicologia clínica ou médica: esta divisão da toxicologia fica mais clara 
aos nossos olhos. É exatamente isso que você pensou, caro acadêmico, esta divisão 
da toxicologia consiste no atendimento ao paciente que sofreu intoxicação. Visa 
não somente identificar o agente tóxico como diagnosticar ou prevenir novas 
intoxicações. Além disso, esta área da toxicologia também visa dar o tratamento 
terapêutico adequado ao paciente. Além da toxicologia clínica utilizar-se de 
metodologia analítica, esta área também se utiliza de análises laboratoriais, 
clínicas e toxicológicas (HERNANDEZ; RODRIGUES; TORRES, 2017).
 
Toxicologia experimental: esta divisão da toxicologia tem o objetivo de 
estabelecer e desenvolver métodos e estudos que visam ao entendimento de como 
os agentes tóxicos são capazes de agir sobre o organismo humano, animal ou de 
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
82
modo geral sobre sistemas biológicos e assim compreender os efeitos ocasionados 
pela ação deste agente. Para que a toxicologia experimental seja executada, ela 
deve obedecer a rígidas regras e padrões protocolados por órgãos nacionais e 
internacionais, de modo a evitar ao máximo a morte e o sofrimento destas espécies 
no decorrer do estudo (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Logo você vai 
entender mais sobre como se desenvolve a toxicologia experimental!
De qualquer forma, vale ressaltar que, de maneira geral, a toxicologia 
tem por fim diagnosticar e tratar diferentes tipos de intoxicações, e talvez sua 
mais importante função seja prevenir novas intoxicações. Ainda, neste tópico, no 
próximo item, detalharemos as diferentes áreas de atuação da toxicologia. Vamos 
lá?
3 ÁREAS DE ATUAÇÃO DA TOXICOLOGIA
A toxicologia pode ser avaliada e consequentemente dividida em 
diferentes áreas de atuação.
3.1 TOXICOLOGIA AMBIENTAL
 
De acordo com Brilhante e Caldas (1999), a toxicologia ambiental estuda 
as interações tóxicas de substâncias químicas no ecossistema e sua capacidade 
de afetar a fisiologia de organismos vivos. Talvez, você, neste momento, esteja 
tentando lembrar-se o que é exatamente um ecossistema.
Olá, caro acadêmico! No link a seguir, você verá uma aula sobre ecossistema! 
Aproveite para relembrar os conhecimentos e entender o que são componentes bióticos e 
abióticos. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=VO0z1u7YPxA&t=47s.
NOTA
Esta área da toxicologia tem a finalidade de estudar os efeitos da interação 
de agentes contaminantes do ambiente (ar, solo, água) com os fatores bióticos e 
abióticos que compõem o ecossistema (BRILHANTE; CALDAS, 1999).
 
Recentemente, no Brasil, as tragédias de Mariana e Brumadinho, ambas em 
Minas Gerais, são exemplos da atuação da toxicologia ambiental. Estas tragédias 
modificaram completamente os ecossistemas locais e necessitam da participação 
ativa deste ramo da toxicologia a fim de monitorar e prevenir maiores efeitos danosos.
TÓPICO 2 | ASPECTOS E ÁREAS DE ESTUDO DA TOXICOLOGIA
83
3.2 TOXICOLOGIA FORENSE
De acordo com Dorta et al. (2018), a toxicologia forense é definida como a 
aplicação da toxicologia visando ao cumprimento da lei. Esta definição é bastante 
ampla, implicando que a aplicação mais clara da toxicologia forense é baseada 
na identificação de substâncias que podem estar relacionadas com a morte ou o 
prejuízo para a saúde de indivíduos e/ou dano à propriedade e também ao meio 
ambiente.
Esta área da toxicologia você também conhece! Você já deve ter visto 
séries policiais em que a toxicologia forense participa diretamente para auxiliar 
na identificação dos autores de crimes, do agente tóxico causador da morte do 
indivíduo ou até mesmo para remontar o possível local do crime, por exemplo, 
utilizando-se o luminol, uma substância que brilha em contato com a hemoglobina 
(sangue) e assim auxilia diretamente nas investigações.
No UNI DICA segue uma lista de séries e filmes em que a toxicologia 
forense é, muitas vezes, a “atriz principal”.
Você gosta de elucidar mistérios? Gosta de séries e filmes policiais e de ação? 
Então aproveite o seu tempo vago entre os estudos e relaxe vendo algumas séries e filmes 
que têm a toxicologia forense como protagonista!
Séries:
• Dexter.
• CSI.
• Cold Case.
• Bones.
Filmes:
• Quem é Erin Brockovich?
• Seven – Os sete pecados capitais.
Também tem o documentário brasileiro Investigação Criminal (2012). Você pode 
encontrá-lo em algumas plataformas de streaming.
DICAS
3.3 TOXICOLOGIA OCUPACIONAL
A toxicologia ocupacional visa estudar especificamente os efeitos nocivos 
que são ocasionados por substâncias químicas ou contaminantes que se encontram 
no ambiente de trabalho e que são capazes de afetar a população produtiva (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008.
O crescimento acelerado da indústria, após a Revolução Industrial, tem 
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
84
feito com que novas substâncias químicas sejam sintetizadas continuamente, 
fazendo com que grande parte da população mundial se encontre sob risco. Dados 
da OIT (Organização Internacional do Trabalho), coletados em 2004, estimavam 
que cerca de 35 milhões de casos anuais de doenças tenham sido relacionados 
com o trabalho por exposição a substâncias químicas, promovendo a morte de 
439 mil pessoas (CARVALHO et al., 2017).
Vale ressaltar que não somente a presença de substâncias químicas 
associam-se à exposição ocupacional, mas também a presença de forças físicas, 
por exemplo, a radiação está diretamente associada à toxicologia no ambiente de 
trabalho, podemos citar como exemplos os profissionais de saúde que trabalham 
diretamente com radiação (GRONCHI et al., 2009).
3.4 TOXICOLOGIA DE ALIMENTOS
“Você é o que você come”. Você já deve ter escutado ou lido a frase. Este 
velho ditado parece fazer ainda mais sentido quando associamos a toxicologia 
de alimentos a ele. De acordo com Bjeldanes e Shibamoto (2009), o estudo da 
toxicologia dos alimentos tem enfoque na análise de substâncias tóxicas e dos 
compostos bioativos que se encontram presentes nos alimentos. Por isso, a 
regulação de procedimentos de boas normas de manipulação de alimentos, bem 
como a regulação do desenvolvimento e utilização de agrotóxicos é tão importante 
quando pensamos nesta área específica da toxicologia.
Para exemplificar a importância da área da toxicologia, vamos falar sobre 
uma doença rara, mas grave, ocasionada por uma bactéria chamada Clostridium 
botulinum. Você já ouviu falar da doença botulismo? O UNI a seguir vai direcioná-
lo a uma reportagem que explica o que é a doença e como a toxina contaminou e 
levou à internação de oito pessoas.
UNI Nota: Você sabe o que é botulismo? O botulismo é uma doença rara, mas 
potencialmente fatal produzida pela bactéria Clostridium botulinum. A doença inicia-se 
com visão dupla, fraqueza, sensação de cansaço e dificuldade de fala. Aproveite e dê uma 
“olhada” na reportagem do Portal G1 do ano de 2019 em Rondônia. 
Disponível em: https://g1.globo.com/ro/cacoal-e-zona-da-mata/noticia/2019/02/13/oito-
pessoas-da-mesma-familia-sao-contaminadas-com-bacteria-rara-em-ro.ghtml.
NOTA
TÓPICO 2 | ASPECTOS E ÁREAS DE ESTUDO DA TOXICOLOGIA
85
3.5 TOXICOLOGIA DE COSMÉTICOS
 
Cosméticos são preparações compostas por substâncias de origem natural 
ou sintética utilizadas para uso externo nas diferentes partes do corpo humano, por 
exemplo, pele, unhas, cabelos, lábios, órgãos genitais externos, dentes e também 
membranas mucosas da cavidade oral, com o intuito inclusivo ou primordial de 
limpá-los, perfumá-los, alterar a sua aparência, promover a correção de odores 
corporais e/ou protegê-los e mantê-los em bom estado (CHORILLI et al., 2007).
Assim, uma vez que todos utilizamos um ou mais desses produtos, é 
necessário que os testes de toxicologia analítica e/ou toxicologia experimental 
estejam preconizados e estabelecidos, e daí vem a importância da toxicologia 
nesta área. 
Diversos agentes presentes em cosméticos podem ocasionar reações 
adversas e toxicológicas, sendo que alguns já se encontram bastante documentados 
na literatura (CHORILLI et al., 2007).
Testes cosméticos em animas são proibidos na União Europeia desde 2013. 
No Brasil, alguns estados já aboliram a prática no desenvolvimento de produtos 
cosméticos, entretanto, outros estados ainda permitem a realização de testes em 
animais. O UNI vai mostrar algumas reportagens que falam sobre a proibição de 
testes em animais no mundo e sobre a legislação brasileira.
Vamos ver algumas reportagens sobre o uso de animais em testes cosméticos? 
Disponível em: https://exame.abril.com.br/negocios/nasce-uma-gigante-pelo-fim-dos-
testes-de-cosmeticos-em-animais/.
No Brasil, temos uma lei contra o uso de animais em testes cosméticos? Ela ainda está 
tramitando no Congresso e você pode acompanhá-la através do link:
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/118217.
IMPORTANTE
3.6 TOXICOLOGIA SOCIAL E DE MEDICAMENTOS
Por fim, mas extremamente importante no nosso contexto social, 
discutiremos sobre a toxicologia social e de medicamentos como outra importante 
área da toxicologia atual.
A toxicologia social objetiva direcionar o seu estudo principalmente 
para as drogas de abuso, o uso excessivo ou ocasional. Possui a finalidade de 
identificar este consumo através de análises toxicológicas, possibilitando, assim, 
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
86
a utilização de medidas e estratégias que objetivem impedir a dependência destas 
drogas (ALVES, 2005).
A toxicologia de medicamentos estuda os efeitos nocivos decorrentes da 
interação de medicamentos com o organismo, efeitos que podem ser provenientes 
de susceptibilidade de cada indivíduo ou decorrente do uso inadequado deles 
(LUIZ; MEZZAROBA, 2008).
No Brasil, de acordo com dados publicados em 2019 pela Fiocruz, 
aproximadamente cinco milhões de brasileiros relataram o uso de alguma droga 
ilícita nos 12 meses anteriores à realização da pesquisa, sendo que entre jovens de 
18 a 24 anos o percentual é maior (BASTOS et al., 2017).
Com relação ao aumento do uso de medicamentos psicoativos sem 
utilização de receita médica ou inadequadamente, 3% dos entrevistados 
relataram que fizeram uso nos últimos 12 meses (BASTOS et al., 2017). Em 2018, a 
UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime) publicou um relatório mundial 
completo e detalhado sobre o uso de drogas de abuso e medicamentos, que levam 
à preocupação de entidades de saúde em âmbito mundial. 
Você pode ler partes deste artigo acessando o link: https://www.unodc.org/
lpo-brazil/pt/frontpage/2018/06/relatorio-mundial-drogas-2018.html. Quer ler o relatório 
na íntegra? É só acessar: http://www.unodc.org/wdr2018/index.htm. O relatório completo 
está em inglês.
DICAS
Assim, caro acadêmico, finalizamos o tópico, que objetivou conceituar 
a toxicologia sob alguns aspectos, dividi-la em áreas de abrangência e, 
posteriormente, em áreas de atuação. 
Dessa forma, podemos inferir algumas relações no que se refere 
ao entendimento da toxicologia, por exemplo, a toxicologia social ou de 
medicamentos (área de atuação) relaciona-se diretamente à área de abrangência 
da Toxicologia Médica e da Toxicologia Analítica, também se relacionando ao 
aspecto preventivo, curativo e repressivo desta ciência. Como podemos observar, 
a toxicologia analítica (área de abrangência) estará relacionada a todas as demais 
áreas, pois baseia-se na detecção do agente tóxico. 
 
Estas divisões e subdivisões da toxicologia não são padronizadas e 
nem mesmo estáticas, diferentes autores e pensadores da toxicologia realizam 
essa divisão de diferentes maneiras, o que não diminui o brilho contido no 
entendimento dessa ciência!
TÓPICO 2 | ASPECTOS E ÁREAS DE ESTUDO DA TOXICOLOGIA
87
A figura a seguir representa esquematicamente as relações e inter-relações 
existentes entre os aspectos, os campos de atuação e as áreas da toxicologia.
FIGURA 7 – RELAÇÕES E INTER-RELAÇÕES DA TOXICOLOGIA
FONTE: O autor
88
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• A toxicologia pode ser estudada sobre diferentes aspectos:
 - Aspecto preventivo
 - Aspecto curativo
 - Aspecto repressivo.
• A toxicologia pode ser avaliada sobre diferentes áreas de abrangência:
 - Toxicologia Analítica ou Química 
 - Toxicologia Clínica ou Médica
 - Toxicologia Experimental.
• A toxicologia também pode ser avaliada sobre diferentes áreas de atuação:
 - Toxicologia Ambiental
 - Toxicologia Forense
 - Toxicologia Ocupacional
 - Toxicologia de Alimentos
 - Toxicologia de Cosméticos
 - Toxicologia Social e de Medicamentos.
• A toxicologia pode ser analisada de acordo com as inter-relações existente 
entre suas diferentes áreas e aspectos que a abrangem.
89
AUTOATIVIDADE
1 O relatório da UNODC relata o aumento do abuso de medicamentos em 
âmbito mundial, especificamente de uma classe de medicamentos. Como se 
chama essa classe de medicamentos?
(a) ( ) Barbitúricos.
(b) ( ) Benzodiazepínicos.
(c) ( ) Opioides.
(d) ( ) Analgésicos.
(e) ( ) Anti-inflamatórios.
2 A tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, fez com que o Brasil e o mundo 
tivessem um novo olhar sobre a toxicologia ambiental, mostrando o impacto 
que isso pode ocasionar aos diversos componentes de um ecossistema, por 
exemplo, os peixes e os crustáceos. Estes fatores citados, com relação ao 
ecossistema são:
(a) ( ) Abióticos.
(b) ( ) Bióticos.
(c) ( ) Autótrofos.
(d) ( ) Coprófagos.
(e) ( ) Heterótrofos.
3 A manipulação de alimentos em condições inadequadas e por pessoas não 
treinadas em boas práticas de manipulação de alimentos pode levar a 
doenças e até mesmo à morte. A reportagem que você leu no tópico anterior 
demonstra um exemplo disso, pois ocasionou a internação em estado grave 
de diversos membros de uma família. A bactéria citada na reportagem 
também pode ser encontrada em conservas, pois ela cresce em ambientes 
pobres em oxigênio. A bactéria é:
(a) ( ) S. aureus.
(b) ( ) Clostridium botulinum.
(c) ( ) S. pyogenes.
(d) ( ) E. coli.
(e) ( ) Pneumococco.
4 Recentemente, na grande São Paulo, quatro pessoas morreram após ingerirem 
um líquido de uma garrafa, o link da reportagem a seguir foi retirado do 
Portal G1: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/11/21/policia-
investiga-outra-garrafa-deixada-em-praca-de-barueri-13-horas-antes-de-
grupo-morrer-apos-ingerir-bebida-veja-video.ghtml.
90
A toxicologia exerce ação fundamental na elucidação destes crimes. A área 
de atuação da toxicologia que é responsável por auxiliar a elucidação deste 
crime é:
(a) ( ) Toxicologia ambiental.
(b) ( ) Toxicologia ocupacional.
(c) ( ) Toxicologia médica.
(d) ( ) Toxicologia de alimentos.
(e) ( ) Toxicologia forense.
91
TÓPICO 3
CONCEITOS BÁSICOS EM 
TOXICOLOGIA
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, caro acadêmico, começaremos a entender os conceitos básicos 
aplicados à toxicologia, além de conceituarmos alguns termos que utilizaremos 
ao longo do nosso livro didático.
 
A partir de agora você entenderá como
um agente tóxico ou toxicante é 
capaz de penetrar no organismo humano, distribuir-se pelos diversos órgãos, ser 
metabolizado e até mesmo eliminado.
Neste tópico, também vamos entender quão tóxicos podem ser estes 
agentes e ao mesmo tempo como nosso organismo tenta se proteger deles. 
De uma maneira simplificada percorreremos o caminho dos toxicantes pelo 
organismo humano, entendendo como eles agem sobre o organismo e de que 
forma o organismo humano age sobre eles.
Então, vamos ver de perto o caminho do toxicante sobre o organismo e do 
organismo sobre o toxicante?
Boa leitura!
2 CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA
Acadêmico, neste tópico, nós precisamos estabelecer alguns conceitos 
que serão muito importantes para o entendimento dos assuntos que virão 
posteriormente. Primeiro, abordaremos o caminho que o agente tóxico percorre 
no organismo e isso chamamos de toxicocinética.
2.1 TOXICOCINÉTICA
A toxicocinética corresponde ao estudo dos modelos e da descrição 
matemática envolvida nos processos de absorção, distribuição, biotransformação 
e excreção de agentes toxicantes no organismo (CASARETT; DOULL, 2012).
92
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
Assim, podemos deduzir que o efeito que um agente tóxico ocasiona em 
um organismo é diretamente proporcional a sua concentração no tecido-alvo, ou 
seja, no tecido ou tecidos que sofrerá(ão) a(s) consequência(s) de sua ação (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Este tecido-alvo também é chamado de sítio 
molecular de ação, ou seja, onde a substância tóxica se ligará e desencadeará o 
seu efeito.
Pensando de maneira lógica, o ideal seria determinarmos exatamente 
a concentração do agente tóxico no tecido-alvo, entretanto, pela dificuldade 
de conseguirmos obter a determinação na prática, optamos por determinar 
a concentração do agente tóxico no sangue, em virtude da maior facilidade 
de obtenção. Além disso, o sangue encontra-se em contato com os tecidos do 
organismo e assim, pode fornecer informações fidedignas acerca da ligação do 
tóxico no tecido-alvo (CASARETT; DOULL, 2012).
Dessa forma, podemos dizer que a toxicocinética avalia o “caminho” 
percorrido pelo agente tóxico no organismo, atravessando membranas plasmáticas, 
chegando aos tecidos-alvo, distribuindo-se no organismo, lesionando células e, 
por fim, sendo eliminado.
De que forma este agente tóxico pode atravessar as membranas plasmáticas 
do nosso organismo e assim danificar as células? A figura a seguir auxiliará você 
a relembrar como é constituída a membrana de uma célula.
FIGURA 8 – MEMBRANA PLASMÁTICA
FONTE: <https://commons.wikimedia.org/wiki/User:LadyofHats>. Acesso em: 1 mar. 2020.
Como acontece o transporte de substâncias através da membrana celular? 
Este transporte pode ocorrer de diversas maneiras: uma forma passiva (transporte 
passivo), que depende única e exclusivamente do gradiente de concentração e das 
características físico-químicas destes agentes tóxicos. Outro transporte possível é 
o transporte ativo, que como o próprio nome sugere, ocorre de maneira ativa, 
necessitando de gasto energético e envolve proteínas transportadoras contra um 
TÓPICO 3 | CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA
93
gradiente de concentração (ALBERTS et al., 2011).
Outras duas formas excepcionais pelas quais as substâncias tóxicas são 
capazes de atravessar a membrana chama-se difusão facilitada, onde a substância 
atravessa a membrana também através de uma proteína transportadora, mas sem 
gasto energético (o que acontece com a glicose, por exemplo), e pinocitose, que 
corresponde à passagem de partículas líquidas através da membrana (ALBERTS 
et al., 2011). Este tipo de transporte acontece de maneira semelhante à fagocitose. 
Você entenderá melhor quando assistir ao vídeo que o UNI irá sugerir!
A passagem de substâncias (tóxicas ou não) através da membrana plasmática 
pode envolver o gasto ou não de energia (ATP), o que denominamos de transporte ativo 
(com gasto energético) e transporte passivo (sem gasto energético). Tudo isso você 
pode entender melhor assistindo ao vídeo no seguinte link: https://www.youtube.com/
watch?v=QW-L5QZw56E.
DICAS
Outro conceito básico que devemos definir dentro da toxicocinética 
é o conceito de absorção de uma substância, assim como ocorre a absorção na 
farmacocinética, discutida na Unidade 1. A absorção é um processo caracterizado 
pela passagem de uma substância, que entra em contato com o indivíduo, em 
direção à circulação sanguínea (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Sendo o processo de absorção definido de acordo com o conceito anterior, 
podemos imaginar que a passagem do agente tóxico até o sangue pode se dar de 
diversas maneiras, certo? Corretíssimo! Na figura a seguir, você poderá observar 
as diversas formas de absorção de substâncias até a corrente sanguínea.
94
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
FIGURA 9 – PRINCIPAIS VIAS DE ABSORÇÃO DE AGENTES TÓXICOS
FONTE: <https://pt.slideshare.net/pamcolbano/toxicologia-2012-b2>. Acesso em: 7 mar. 2019.
A via de absorção parenteral, representada pela seringa, consiste nas 
vias de absorção intramuscular, intravenosa e subcutânea, principalmente a via 
intravenosa utilizada por alguns usuários de drogas de abuso. Além destas vias 
de absorção parenteral, podemos citar a via intraperitoneal (dentro do peritônio). 
Esta via é utilizada somente em ensaios toxicológicos realizados em animais de 
experimentação (CASARETT; DOULL, 2012).
Uma vez que a substância tóxica é absorvida pelo organismo, devemos 
acompanhá-la, pois ela se distribuirá pelo organismo. 
Logo, teremos mais um conceito em toxicologia: a distribuição.
A distribuição de um agente tóxico, ou seja, a distribuição deste agente 
pelos diferentes tecidos do organismo é dependente de diversos fatores, como: 
fluxo sanguíneo e linfático no tecido (volume de distribuição), ligação às proteínas 
plasmáticas, diferenças de pH entre os tecidos (órgãos) e coeficiente de partição 
óleo/água (RANG; DALE, 2008).
Uma vez que entendemos como ocorre a distribuição do toxicante no 
organismo e vimos que esta distribuição é dependente destes fatores, discutiremos 
TÓPICO 3 | CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA
95
mais detalhadamente alguns deles. O volume de distribuição é um parâmetro 
que avalia a extensão da distribuição do toxicante, um agente tóxico que possui 
grande volume de distribuição significa que ele se distribui de maneira uniforme 
para todos os tecidos, ficando somente uma pequena fração no plasma (sangue). 
Já o contrário indica que o toxicante permanece no plasma, se distribuindo pouco 
nos tecidos, ou seja, quanto maior o volume de distribuição, maior seu poder 
de intoxicação (WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016). Veremos uma provável 
explicação para isso no decorrer do texto.
Em determinadas situações, o órgão que recebe maior volume de agente 
tóxico é o mais lesionado, mesmo esse órgão sendo apenas um “depósito” para o 
agente toxicante, que posteriormente será novamente distribuído pelo organismo; 
um exemplo disso são tóxicos lipofílicos (afinidade por lipídios), que utilizam o 
tecido adiposo como depósito e assim, possuem sua distribuição alterada (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; CASARETT; DOULL, 2012).
Outro fator que pode estar relacionado ao baixo volume de distribuição 
de um toxicante é a ligação a proteínas plasmáticas. Algumas moléculas têm a 
capacidade de se ligar fortemente às proteínas plasmáticas e, assim, permanecem 
no sangue e são lentamente distribuídas aos tecidos. Logo, a ligação às proteínas 
plasmáticas é bastante importante para avaliar o volume de distribuição de um 
tóxico (DEVLIN, 2002; CASARETT; DOULL, 2012).
Dentre as proteínas plasmáticas capazes de se ligar a fármacos, conforme 
discutido na Unidade 1, e agentes tóxicos, a albumina merece destaque devido 
a sua elevada concentração no sangue. A albumina é a proteína plasmática em 
maior concentração no sangue e liga-se fortemente a determinados
medicamentos 
e agentes toxicantes (GUYTON; HALL, 2017).
Outro fator importante associado à distribuição de agentes tóxicos consiste 
nas barreiras biológicas. Estas barreiras são importantes à medida que possuem 
uma capacidade seletiva no que se refere à passagem de fármacos ou agentes 
tóxicos. Você já ouviu falar da barreira hematoencefálica (que separa o sistema 
nervoso central do sangue) e da barreira placentária (que separa a circulação 
materna do feto)? Não? Ambas possuem função e estrutura semelhantes. 
O nosso encéfalo é considerado um “órgão nobre”, portanto, não são todas as 
substâncias que são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica (BHE) e chegar até 
ele. Isso inclui fármacos e agentes tóxicos. O link a seguir é de um artigo que explica como 
acontece essa permeabilidade seletiva da BHE. Link: http://crliquor.com.br/2017/10/26/o-
que-e-a-barreira-hematoencefalica/.
DICAS
96
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
FIGURA 10 – BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA (BHE)
FONTE: Ovalle e Nahirney (2014, p. 114)
Após ser distribuído pelo organismo, o agente tóxico exercerá sua ação no 
tecido-alvo, como veremos posteriormente. De qualquer forma, agindo mais ou 
menos intensamente por um período maior ou menor de tempo, de maneira geral, 
o agente tóxico tenderá a ser eliminado do organismo (CASARETT; DOULL, 2012).
Para isso, ele poderá sofrer inúmeros processos de transformações químicas 
que visam, justamente, facilitar a sua eliminação. Estes processos são chamados 
de biotransformação ou metabolização. Vamos definir o que é a biotransformação 
(metabolização)?
TÓPICO 3 | CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA
97
A biotransformação (metabolização) é toda alteração evidenciada na 
estrutura química do agente tóxico no organismo. Estas transformações são 
catalisadas por reações enzimáticas, em sua maioria. Contudo, algumas substâncias 
podem sofrer reações não enzimáticas com o objetivo de serem eliminadas, mas 
isso ocorre de maneira mais rara (RANG; DALE, RITTER, 2008).
 
As enzimas que realizam esses processos encontram-se distribuídas por 
todo o organismo, mas o local de maior concentração enzimática é o tecido hepático 
(fígado). Estas reações enzimáticas de metabolização podem ser classificadas em 
reações de fase I e reações de fase II (WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016).
Dentro do conceito de toxicocinética, vimos que um dos fatores envolvidos 
na ação de um toxicante é seu coeficiente de partição óleo/água, mas o que isso quer 
dizer exatamente? Isso significa que toxicantes com maior afinidade pela água, 
ou seja, hidrofílicos, serão eliminados mais facilmente, enquanto toxicantes com 
maior afinidade por lipídios, ou seja, lipofílicos, serão mais dificilmente eliminados 
(RANG; DALE, RITTER, 2008).
Desta maneira, as reações de biotransformação visam facilitar a eliminação 
destes agentes toxicantes, fazendo com que substâncias lipofílicas, por ação destas 
reações, se tornem mais hidrofílicas e, consequentemente, sejam eliminadas 
(GOODMANN; GILMAN, 2019).
Entretanto, neste processo, alguns metabólitos provenientes destas reações 
podem tornar-se ainda mais tóxicos que o composto original (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008). Isso pode ser um problema em termos de toxicidade. A 
figura a seguir demonstra as diferentes reações de fase I e fase II neste processo de 
biotransformação.
FIGURA 11 – BIOTRANSFORMAÇÃO HEPÁTICA
FONTE: <http://nutricao.educacaofisicaa.com.br/2018/10/3-fases-da-destoxificacao hepatica.
html>. Acesso em: 7 dez. 2019.
98
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
Este complexo sistema enzimático que envolve as reações de fase I e fase II 
é chamado de Citocromo P450. Em inglês é denominado CYP450. Consiste em um 
sistema enzimático que corresponde à ação sequencial de uma série de enzimas, 
neste caso, visam à eliminação do fármaco. Este sistema enzimático CYP450 
encontra-se expresso no fígado e qualquer substância que seja ingerida por via 
oral sofrerá a ação deste complexo sistema (GOODMANN; GILMAN, 2019).
Atenção, caro acadêmico! Alguns fármacos (medicamentos) ou óleos são 
administrados pela boca, mas de maneira sublingual. Estes fármacos/óleos não 
sofrem ação do CYP450, apesar de sua administração ser considerada via oral, 
a molécula não chega até a veia porta para que seja metabolizada pelo fígado 
(GOODMANN; GILMAN, 2019).
A ação desse sistema (CYP450) é denominada fenômeno de primeira 
passagem ou metabolismo de primeira passagem, conforme você já aprendeu 
na Unidade 1 sobre farmacologia. Na figura a seguir, você pode ver algumas 
reações de fase I e a reação de conjugação presente na fase II (WHALEN; FINKEL; 
PANAVELIL, 2016).
FIGURA 12 - REAÇÕES DE FASE I E FASE II – BIOTRANSFORMAÇÃO DE FÁRMACOS 
OU TÓXICOS
FONTE: Whalen, Finkel e Panavelil (2016, p. 14).
Entretanto, alguns fatores são capazes de alterar a biotransformação 
destes agentes tóxicos. Estes fatores são denominados fatores internos e externos 
(RANG; DALE, 2008). O esquema a seguir torna mais fácil compreender estes 
fatores.
TÓPICO 3 | CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA
99
FIGURA 13 – FATORES QUE INTERFEREM NA BIOTRANSFORMAÇÃO
FONTE: <https://slideplayer.com.br/slide/10313053/>. Acesso em: 7 dez. 2019.
Fatores internos parecem ser mais claros de entender, por exemplo: 
japoneses possuem menor capacidade de biotransformar o álcool, em decorrência 
de menor expressão de enzimas capazes de metabolizá-lo, como a aldeído 
desidrogenase (GOEDDE et al., 1992). Também se sabe que mulheres possuem 
menor expressão de enzimas que participam desta metabolização (CISA, 2015). 
Com relação aos fatores externos, o que são indução e inibição enzimática 
exatamente?
A indução enzimática é o processo em que se observa um aumento no 
tempo de biotransformação de um fármaco ou agente tóxico. Como isso acontece 
e quais são os indutores enzimáticos? Dentre os indutores enzimáticos podemos 
citar vários exemplos, como os hormônios esteroidais, inseticidas clorados, 
barbitúricos e o álcool (RANG; DALE, 2008).
Estas substâncias são capazes de induzir o aumento da expressão de 
algumas enzimas do complexo enzimático CYP450, logo, as substâncias fazem 
com que os fármacos ou tóxicos sejam degradados mais rapidamente. Além 
disso, a interação entre indutores enzimáticos pode alterar a metabolização de 
determinados fármacos, é o que verificamos, por exemplo, quando acontece a 
ingestão de álcool e fármacos (GOODMANN; GILMAN, 2019).
Outra forma de indução enzimática acontece entre fármacos que utilizam 
o mesmo sistema CYP450, é o caso do uso concomitante do antibiótico rifampicina 
e do anticoagulante varfarina. Nesta situação, a rifampicina age como indutor 
enzimático, aumentando a metabolização da varfarina e, consequentemente, 
reduzindo seu efeito. Assim, um ajuste da dose de varfarina se faz necessário 
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
100
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
A inibição enzimática é exatamente o inverso da indução, ou seja, a 
utilização de determinadas substâncias capazes de promover a inibição de 
enzimas do CYP450 é capaz de reduzir a biotransformação de determinados 
fármacos ou toxicantes e assim prolongar o tempo de ação destas substâncias no 
organismo. Várias substâncias podem ser consideradas inibidores enzimáticos, 
mas podemos citar como exemplo mais clássico o dissulfiram, substância que 
inibe a enzima aldeído desidrogenase (que não faz parte do CYP450). Este 
medicamento, conhecido pelo nome comercial de antabuse®, era utilizado para o 
tratamento de etilistas (alcoólatras), pois o consumo de álcool na presença deste 
medicamento aumentava os níveis de aldeído, substância responsável pelos 
efeitos deletérios do álcool, ou seja, a popular “ressaca” (JERÓNIMO et al., 2009).
Dessa forma, o consumo de álcool em indivíduos que faziam uso desse 
medicamento prolongava os efeitos toxicantes do álcool, como náusea, vômito e 
hipotensão e o
indivíduo, em função do mal-estar, muitas vezes abandonava o 
consumo do álcool. Este efeito na história da farmacologia ficou conhecido como 
efeito dissulfiram ou antabuse (RANG; DALE, 2008).
Por fim, discutiremos sobre a última etapa pertencente à toxicocinética: 
a excreção. A excreção consiste no processo de eliminação de uma substância 
(agente tóxico) do organismo (GOODMANN; GILMAN, 2019), sendo realizada 
por diferentes vias, e como havíamos comentado na biotransformação, na 
maioria das vezes esta excreção acontece tornando os metabólitos produtos mais 
hidrossolúveis (polares).
As principais vias de excreção são as vias urinárias, fecal e pulmonar, 
sendo a última a responsável pela excreção de gases. Além das principais vias, 
a excreção de fármacos e toxicantes pode ocorrer pelo suor, saliva, lágrimas e 
também pelo leite materno, assim como ocorre com os fármacos. A seguir, você 
pode observar um esquema que demonstra os principais sistemas excretores 
de fármacos e agentes tóxicos (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; RANG; 
DALE, 2008).
TÓPICO 3 | CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA
101
FIGURA 14 – PRINCIPAIS SISTEMAS EXCRETORES DE FÁRMACOS E TOXICANTES
FONTE: O autor 
Alguns conceitos relacionados à toxicocinética são bastante importantes 
para podermos seguir nosso raciocínio, são os conceitos de meia-vida e depuração 
(clearance); estes são parâmetros biológicos relacionados com a eliminação do 
agente tóxico (GOODMANN; GILMAN, 2019).
A meia-vida consiste no tempo necessário para que a concentração 
plasmática (sangue) de determinado toxicante se reduza à metade (50%), após 
a sua completa absorção e distribuição. A depuração (clearance), por sua vez, é 
a capacidade do organismo em promover a eliminação de uma substância do 
plasma (sangue) (RANG; DALE, 2008).
 
A depuração tem a participação de dois órgãos principais: o fígado e os 
rins. O fígado depura uma substância metabolizando-a e excretando-a através 
da vesícula biliar em direção ao sistema digestório, enquanto o rim depura uma 
substância eliminando-a através da urina (GUYTON; HALL, 2017).
 
Assim, terminamos os conceitos associados à toxicocinética, vamos então 
discutir sobre a toxicodinâmica?
102
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
2.2 TOXICODINÂMICA
Nesse item discutiremos como um agente tóxico é capaz de agir em um 
organismo, a isto chamamos de toxicodinâmica. A toxicodinâmica tem a finalidade 
de estudar os mecanismos de ação do toxicante sobre sistemas biológicos através 
de uma análise molecular e também bioquímica. Os dados proporcionados pela 
toxicodinâmica são fundamentais, pois são capazes de:
• Estimar a capacidade de um agente tóxico ocasionar efeitos deletérios sobre 
determinada população, o que denominamos avaliação de risco.
• Propor procedimentos de prevenção ao dano do agente tóxico e também 
estabelecer estratégias de tratamento.
• Desenvolver produtos que se adequem ou sejam mais específicos à espécie 
de interesse, como no desenvolvimento de pesticidas (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008).
Vale ressaltar que a avaliação da toxicidade de determinado agente pode 
ser classificada como aguda ou crônica. A intoxicação aguda consiste em uma 
única exposição ou a exposição por diversas vezes a um agente tóxico em um 
período de até 24 horas. Já a intoxicação crônica é decorrente de várias exposições 
repetidas ao agente tóxico em um período que se prolonga por meses ou até 
mesmo anos (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Geralmente, a toxicologia experimental utiliza-se de ensaios de intoxicação 
aguda a fim de avaliar o potencial tóxico de determinada substância. Para isso, 
utiliza alguns parâmetros conhecidos como DL50 (ou dose letal 50%) e DL10 
(ou dose letal 10%), que correspondem às doses capazes de matar 50% e 10%, 
respectivamente, de animais utilizados nestes ensaios toxicológicos (CASARETT; 
DOULL, 2012).
Entretanto, não só de letalidade são feitos os ensaios toxicológicos! Ainda, 
através destes ensaios, pode-se determinar as doses efetivas, denominadas como 
DE50 e DE90, ou seja, as doses capazes de promover os efeitos esperados em 50% 
e 90% dos animas, respectivamente (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Estes testes, nos quais se obtêm estes valores, são extremamente 
importantes, principalmente quando se avalia a eficácia e a toxicidade de 
fármacos. Através destes valores somos capazes de determinar outros índices 
importantes, como o índice terapêutico (IT) e a margem de segurança (MS) de 
um fármaco. Vamos olhar na fórmula como eles são calculados:
TÓPICO 3 | CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA
103
FIGURA 15 – CÁLCULO DO IT E DA MS DE UM FÁRMACO/ AGENTE TOXICANTE
FONTE: Oga e Batistuzzo (2008, p. 29)
Podemos observar na fórmula que quanto maior for o IT e a MS de uma 
substância, menos tóxica será esta substância.
2.3 MECANISMOS GERAIS DE INTERAÇÃO DO TOXICANTE
Agora que vimos como os índices relacionados à segurança de uso de 
um toxicante são calculados, vamos entender como estes toxicantes agem sobre o 
organismo de maneira direta. Existem várias formas pelas quais eles podem agir, 
para ficar mais didático dividiremos estes mecanismos de ação em itens.
2.3.1 Interação com receptores
Receptores são proteínas capazes de se ligarem aos agentes toxicantes 
e assim, desencadear o seu efeito. Localizam-se na membrana, citoplasma ou 
núcleo da célula-alvo. A ligação do agente toxicante ou fármaco a estes receptores 
é capaz de induzir respostas fisiológicas nos órgãos-alvo, que de acordo com a 
interação ligante-receptor podem ser mais rápidas ou mais lentas (RANG; DALE; 
RITTER, 2008).
Por exemplo, ligantes que se ligam a receptores do tipo canal iônico 
desencadeiam respostas mais rápidas que ligantes que se ligam a receptores 
nucleares que ocasionam sua resposta através da transcrição genética, um 
mecanismo lento (RANG; DALE; RITTER 2008).
Estes diferentes tipos de receptores e suas velocidades de ativação estão 
expressos na figura a seguir.
104
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
FIGURA 16 – TIPOS DE RECEPTORES DE FÁRMACOS/ AGENTES TÓXICOS
FONTE: Whalen, Finkel e Panavelil (2016, p. 26)
 
Agentes toxicantes/fármacos são capazes de agir como agonista ou 
antagonista destes receptores, podendo ocasionar ou não resposta fisiológica. 
Quando agem como agonistas destes receptores, ou seja, os estimulam, 
desencadeiam resposta, entretanto, quando agem como antagonistas destes 
receptores, os bloqueiam, não desencadeando resposta (RANG; DALE, RITTER, 
2008).
Isso fica bem fácil de entender quando olhamos a figura a seguir.
FIGURA 17 – LIGAÇÃO AGONISTA/ ANTAGONISTA AO RECEPTOR
FONTE: Os autores
Esses mecanismos são bem claros quando falamos de toxicidade de 
medicamentos. Retomaremos esses conceitos na próxima unidade, quando 
discutiremos a área da toxicologia.
TÓPICO 3 | CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA
105
2.3.2 Interferência nas funções e membranas excitáveis
Caro acadêmico, você já conhece a importância da membrana plasmática 
de uma célula e sabe que a manutenção da integridade e da função fisiológica 
desta membrana é fundamental para a estabilidade celular e, consequentemente, 
ao tecido.
 
Determinados agentes tóxicos podem interferir nesta estabilidade da 
membrana, justamente por alterar a função. Um exemplo são agentes tóxicos que 
agem bloqueando os canais de sódio (Na+) das membranas dos axônios dos neurônios, 
alterando, assim, a função fisiológica desta célula (GUYTON; HALL, 2017).
Você já ouviu falar de um peixe chamado Baiacu? Este peixe produz uma 
substância tóxica chamada tetrodotoxina. A substância possui a capacidade de alterar 
a permeabilidade da membrana axonal do neurônio ao Na+, bloqueando os canais 
do íon. Como consequência do bloqueio, o indivíduo tem uma fraqueza muscular 
acentuada que pode evoluir para paralisia e morte (NELSON; COX, 2011).
Outra substância capaz de interferir em membranas excitáveis é a toxina
botulínica, que comentamos no Tópico 2. Na figura a seguir, você pode ver o 
peixe Baiacu, que possui a capacidade de inflar-se quando ameaçado.
FIGURA 18 – BAIACU
FONTE: <https://www.portaldosanimais.com.br/informacoes/caracteristicas-do-peixe-baiacu/>. 
Acesso em: 7 dez. 2019.
2.3.3 Inibição da fosforilação oxidativa 
Antes de iniciarmos nossa discussão, leia o poema a seguir:
A MAIOR TRAGÉDIA DE NOSSAS VIDAS
Morri em Santa Maria hoje. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 
1925. Numa ladeira encrespada de fumaça.
 
106
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão 
nefasta.
 
Nem as tempestades mais mórbidas e elétricas desejam sua companhia. Seguirá 
sozinha, avulsa, página arrancada de um mapa.
 
A fumaça corrompeu o céu para sempre. O azul é cinza, anoitecemos em 27 de 
janeiro de 2013.
 
As chamas se acalmaram às 5h30, mas a morte nunca mais será controlada.
 
Morri porque tenho uma filha adolescente que demora a voltar para casa.
 
Morri porque já entrei em uma boate pensando como sairia dali em caso de 
incêndio.
 
Morri porque prefiro ficar perto do palco para ouvir melhor a banda.
 
Morri porque já confundi a porta de banheiro com a de emergência.
Morri porque jamais o fogo pede desculpas quando passa.
 
Morri porque já fui de algum jeito todos que morreram.
 
Morri sufocado de excesso de morte; como acordar de novo?
 
O prédio não aterrissou da manhã, como um avião desgovernado na pista.
 
A saída era uma só e o medo vinha de todos os lados.
Os adolescentes não vão acordar na hora do almoço. Não vão se lembrar de 
nada. Ou entender como se distanciaram de repente do futuro.
Mais de duzentos e quarenta jovens sem o último beijo da mãe, do pai, dos 
irmãos.
Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal.
 
As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão 
eternamente no silencioso.
 
Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu.
As palavras perderam o sentido.
(Fabrício Carpinejar)
TÓPICO 3 | CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA
107
O poema é do poeta gaúcho Fabrício Carpinejar e foi retirado do seu blog.
FONTE: <http://carpinejar.blogspot.com/2013/01/a-maior-tragedia-de-nossas-vidas.html>. 
Acesso em: 1º mar. 2020.
Todos lembram da tragédia da boate Kiss que aconteceu em Santa Maria 
no dia 27 de janeiro de 2013. A toxicologia forense também teve participação 
direta na elucidação desta tragédia, elucidando o agente causador para que isto 
nunca mais aconteça.
 
Como você deve lembrar, caro acadêmico, o motivo principal das mortes 
dos jovens foi a espuma tóxica desprendida pelo revestimento acústico da boate 
quando ela se incendiou. Esta espuma ao se queimar liberou o gás cianeto. Este 
gás é capaz de bloquear a oferta de oxigênio aos tecidos, através da inibição 
da fosforilação oxidativa, um processo bioquímico componente da cadeia 
respiratória celular, capaz de fornecer energia (ATP) para a célula. Ao bloquear 
a cadeia respiratória, a célula deixa de usar oxigênio e morre (INTERTOX, 2017). 
Agentes toxicantes podem agir, ainda, de outras maneiras e exercer seus 
efeitos tóxicos, tais como a complexação com biomoléculas (enzimas, proteínas, 
lipídios e ácidos nucleicos), inativando-as – como exemplo de inativação de 
enzimas podemos citar os inseticidas organofosforados – além de alterar a 
homeostase do cálcio, um importante íon que regula diversas funções celulares. 
108
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
LEITURA COMPLEMENTAR
EXPOSIÇÃO HUMANA A MERCÚRIO: SUBSÍDIOS PARA O 
FORTALECIMENTO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE 
Priscila Campos Bueno
Juliana Carvalho Rodrigues 
Alysson Feliciano Lemos 
Fabiana Godoy Malaspina
Carolina Teru Matsui
Daniela Buosi Rohlfs
Resumo
Este artigo apresenta a situação de notificação e cadastramento de informações 
sobre populações expostas ao mercúrio, nos sistemas de informação SISSOLO e 
SINAN. O mercúrio é encontrado sob três formas: mercúrio elementar, mercúrio 
inorgânico e mercúrio orgânico. Em decorrência de suas propriedades foi 
incorporado ao processo produtivo de diversas atividades, dentre as quais se 
destacam os garimpos de ouro. Desde a Antiguidade é possível encontrar relatos 
sobre seus impactos negativos à saúde humana e apesar da grande quantidade 
de estudos acadêmicos sobre essa questão, a notificação de intoxicações por 
mercúrio, bem como o cadastramento de áreas contaminadas, é muito baixa. É 
fundamental que haja uma conscientização acerca da importância da inserção das 
informações nos sistemas de informação para que sejam criados subsídios para 
a tomada de decisão e o fortalecimento da vigilância em saúde de populações 
expostas ao mercúrio. 
Palavras-chave: Mercúrio. Intoxicação por mercúrio. Exposição ambiental.
INTRODUÇÃO
 
O mercúrio, único metal que se apresenta em estado líquido sob condições 
normais de temperatura e pressão no ambiente, apresenta-se em três formas, 
denominadas “espécies”: mercúrio elementar, mercúrio inorgânico e mercúrio 
orgânico. Em decorrência de suas características, como lipossolubilidade, 
possibilidade de atravessar as barreiras hematoencefálica e placentária, e efeito 
teratogênico, os compostos organomercuriais são os mais relevantes do ponto de 
vista toxicológico. Alguns microrganismos e processos naturais podem alterar o 
mercúrio no ambiente de uma forma para outra. A alteração de compostos orgânicos 
de mercúrio para o metilmercúrio merece destaque devido a sua característica de 
bioacumulação em peixes de água doce e salgada, além de mamíferos marinhos, 
atingindo níveis superiores aos encontrados no ambiente. Sua introdução nos 
ecossistemas pode se dar de forma natural ou decorrente da atividade humana. 
Para a primeira, o principal aporte está relacionado à precipitação dos vapores de 
mercúrio, erupções vulcânicas e evaporação dos corpos hídricos, e as formas mais 
TÓPICO 3 | CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA
109
encontradas são o mercúrio metálico, sulfeto de mercúrio, cloreto de mercúrio e 
metilmercúrio. As fontes antropogênicas de mercúrio podem ser decorrentes de 
atividades de mineração, notadamente do ouro, processos industriais, queima de 
combustíveis fósseis, produção de cimento, incineração de produtos químicos, 
de serviços de saúde e resíduos urbanos. Atualmente, os níveis de mercúrio na 
atmosfera são entre 3 a 6 vezes superiores aos níveis anteriores à industrialização. 
Conhecido pelo homem desde a Antiguidade, o mercúrio era amplamente 
utilizado, inclusive como remédio, uma vez que suas características deletérias 
eram desconhecidas. Relatos dos sintomas aparecem em 370 a.C. por Hipócrates, 
que observou o quadro de cólicas abdominais em trabalhadores que extraíam 
metais. A primeira legislação de proteção à saúde dos trabalhadores para doenças 
provocadas pelo mercúrio aparece no século XVII. No século XX ocorreu o Mal 
de Minamata, no qual o mercúrio era utilizado como catalisador em uma fábrica 
de acetaldeído e de cloreto de vinila, que despejava seus resíduos no estuário 
que chegava à Baía de Minamata. Foi observado um conjunto de sintomas e 
sinais de intoxicação grave derivado da exposição da população pela ingestão de 
peixes e outros frutos do mar que continham elevados teores de metilmercúrio. 
O caso forneceu importante acervo de informações sobre manifestações clínicas 
e características epidemiológicas da intoxicação mercurial, servindo como um 
marco para a mobilização de segmentos organizados da sociedade civil, em 
diferentes partes do mundo, inclusive no Brasil.
Determinados grupos populacionais merecem especial atenção no que se 
refere à exposição ao mercúrio pelo fato de possuírem maiores probabilidades de 
exposição a níveis perigosos do mercúrio ou, em função de serem portadores de 
condições biológicas ou patológicas, podem exacerbar os efeitos
da intoxicação. 
Entre eles estão os trabalhadores expostos ocupacionalmente ao mercúrio; as 
populações vizinhas a fontes de poluição por mercúrio; as populações de regiões 
com contaminação por mercúrio (em especial as ribeirinhas e indígenas) que têm 
o pescado como fonte principal de proteínas; as gestantes, lactantes e crianças. 
A exposição ocupacional está ligada ao ambiente de trabalho, como mineração 
e indústrias geralmente associadas aos garimpos, fábricas de cloro-soda e de 
lâmpadas fluorescentes. Trata-se de uma contaminação pelas vias respiratórias, 
que atinge o pulmão e o trato respiratório, podendo ser identificada e quantificada 
pela dosimetria do mercúrio na urina. A exposição ambiental, por sua vez, 
é provocada pela dieta alimentar, comumente pela ingestão de peixes, e afeta 
diretamente a corrente sanguínea, provocando problemas no Sistema Nervoso 
Central. O processo produtivo do ouro causa a exposição direta dos trabalhadores 
ao mercúrio metálico nos ambientes de trabalho e a exposição indireta da 
população em geral que esteja próxima às áreas contaminadas. O processo de 
metilação nos sedimentos dos rios contamina os peixes e demais organismos da 
biota, gerando um perigo potencial de exposição ao metilmercúrio para toda a 
população. Estima-se que, no mundo, 80 a 100 milhões de pessoas dependem da 
atividade de mineração para sobreviver. Os garimpeiros artesanais podem ser 
considerados como o grupo populacional mais diretamente exposto ao mercúrio, 
e, como usualmente esse processo é realizado no interior de suas residências, 
próximos a familiares e outras pessoas, também podem ser considerados 
110
UNIDADE 2 | TOXICOLOGIA: DA ANTIGUIDADE À ATUALIDADE
populações expostas, tendo como principal via de exposição a inalação do 
vapor de mercúrio metálico. No que se refere à exposição ocupacional, merecem 
destaque, ainda, os trabalhadores das indústrias de cloro-soda e eletroeletrônica. 
Nesta última, a liberação do mercúrio utilizado em conjunto com o produto final 
reforça a possibilidade de exposição de populações vizinhas às áreas industriais. 
Dentre as populações que sofrem o maior impacto relacionado à contaminação 
ambiental por mercúrio estão aquelas que se alimentam de peixes contaminados 
por mercúrio, especialmente as comunidades ribeirinhas, incluindo aí as indígenas. 
Merecem destaque as populações ribeirinhas da Bacia Amazônica, dependentes 
do consumo de peixe, que pode ser de aproximadamente 200 gramas por dia.
O limite máximo de mercúrio total estabelecido pela WHO em peixes 
(0,5 µg/g) deve ser usado considerando uma ingestão máxima de 400 gramas 
semanais de peixe e/ou produtos de pescado. Vale destacar que para os grupos 
considerados de maior vulnerabilidade (gestantes, lactantes e recém-nascidos), 
os fatores citados não oferecem segurança. Gestantes, lactantes e recém-nascidos 
apresentam determinadas particularidades. Por atravessarem a barreira 
placentária, os compostos orgânicos de mercúrio da mãe são transportados ao 
feto. Oxidam-se no sangue do embrião e, sem possibilidade de eliminação, podem 
causar sérios danos, principalmente em nível neurológico. Durante a lactação, o 
mercúrio transportado pelo leite materno sofre intensa absorção pelo organismo 
dos bebês. Seu rim imaturo promove uma baixa excreção do contaminante, que 
atinge altas taxas de concentração. O desenvolvimento incompleto da barreira 
hematoencefálica faz com que grande proporção do contaminante atinja o 
cérebro, perturbando o desenvolvimento do Sistema Nervoso Central. O objetivo 
deste artigo é apresentar dados consolidados sobre o cadastramento de áreas 
com populações expostas ao mercúrio no Sistema de Informação de Vigilância 
em Saúde de Populações Expostas a Solo Contaminado (SISSOLO) e a notificação 
destes casos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
METODOLOGIA 
O SISSOLO é um sistema de informação que tem como objetivo servir 
como instrumento para subsidiar as ações da vigilância em saúde, por meio 
do cadastro de áreas com populações expostas ou potencialmente expostas a 
contaminantes químicos. As informações inseridas no SISSOLO são levantadas 
por meio de uma ficha composta por 40 campos divididos em cinco blocos que 
compreendem a localização, a caracterização da área, a descrição da população 
potencialmente exposta, informações sobre a água e informações gerais. Essas 
informações são coletadas e inseridas no sistema por profissionais das Secretarias 
Estaduais e Municipais de Saúde, considerando o critério de priorização de 
cadastramento adotado por cada estado. O SINAN é um sistema de informação 
alimentado, principalmente, pela notificação e investigação de casos de doenças 
e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória 
(Portaria GM/MS nº 2325, de 8 de dezembro de 2003). Sua utilização contribui para 
a identificação da realidade epidemiológica de determinadas áreas geográficas.
TÓPICO 3 | CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA
111
O SINAN possui uma ficha específica para o cadastramento de intoxicações 
exógenas, que permite que sejam notificados os casos relacionados a metais, 
dentre os quais o mercúrio. Foram analisados dados contidos nestes sistemas de 
informação no âmbito da saúde: SISSOLO e SINAN, no intervalo de 2004 a 2011 
e 2006 a 2011, respectivamente.
FONTE: BUENO, P. C. et al. Exposição humana a mercúrio: subsídios para o fortalecimento das 
ações de vigilância em saúde. Cad. Saúde Colet., Rio de Janeiro, v. 19, n. 4, p. 443-447, 2011. 
Disponível em: http://www.cadernos.iesc.ufrj.br/cadernos/images/csc/2011_4/artigos/csc_
v19n4_443-447.pdf. Acesso em: 12 mar. 2020.
112
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• A toxicocinética fundamenta-se em determinados conceitos básicos como: 
 - Passagem de substâncias através de membranas
 - Absorção 
 - Distribuição
 - Metabolização
 - Excreção.
• A toxicodinâmica fundamenta-se em determinados conceitos básicos como: 
 - Intoxicação aguda e crônica
 - Cálculo do IT e MS de um agente toxicante
 - Interação com receptores.
• Agentes toxicantes exercem seus efeitos por determinados mecanismos gerais 
de intoxicação através de:
 - Interferência nas funções e membranas excitáveis
 - Inibição da fosforilação oxidativa
 - Complexação com biomoléculas.
Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem 
pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará você 
ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
113
1 Qual é o principal sistema enzimático hepático diretamente relacionado 
com a metabolização (biotransformação) de agentes toxicantes?
(a) ( ) CYS 290.
(b) ( ) Fosfolipase.
(c) ( ) CYP450.
(d) ( ) NADH.
(e) ( ) CYP3A4.
2 A absorção de agentes tóxicos (toxicantes) pode acontecer por diferentes 
vias e consiste na passagem deste agente para a circulação sanguínea, 
fazendo com que ele se distribua pelo organismo e atinja o tecido-alvo. A 
forma de absorção utilizada pelos usuários de drogas injetáveis é:
(a) ( ) Absorção oral.
(b) ( ) Absorção dérmica.
(c) ( ) Absorção parenteral.
(d) ( ) Absorção peritoneal.
(e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.
3 O sangue possui diversas proteínas plasmáticas que exercem inúmeras 
funções, desde eventos associados à coagulação, atividade enzimática, 
manutenção da osmolaridade celular, entre outras. Entretanto, uma proteína 
plasmática, em função de sua elevada concentração plasmática, tem grande 
importância ao ligar-se a fármacos e agentes toxicantes. Esta proteína é a(o):
(a) ( ) Alfa-1- Glicoproteína ácida.
(b) ( ) Glicogênio. 
(c) ( ) Insulina.
(d) ( ) Conexina.
(e) ( ) Albumina.
4 O índice terapêutico capaz de avaliar a toxicidade de um fármaco é bastante 
importante e deve ser considerado durante o desenvolvimento deste 
fármaco. Este índice relaciona a DL50 e a DE50 de um fármaco. Considerando 
a mesma DL50 para um fármaco hipotético em
estudo, podemos considerar 
que:
(a) ( ) Se este fármaco apresentar DE50 elevada ele será mais seguro.
(b) ( ) Se este fármaco apresentar DE50 elevada ele será menos seguro.
(c) ( ) Se este fármaco apresentar DE50 igual a DL50 ele será seguro.
(d) ( ) Um índice terapêutico baixo confere segurança ao fármaco.
(e) ( ) Nenhuma das respostas anteriores.
AUTOATIVIDADE
114
5 Meia-vida é um conceito bastante importante relacionado à toxicodinâmica 
de agentes tóxicos e fármacos. Este índice permite estabelecer a duração 
do efeito de um toxicante e também direciona a posologia de um fármaco. 
Meia-vida corresponde ao(à):
(a) ( ) Tempo necessário para que a concentração plasmática de um toxicante 
se reduza a 25% após a sua completa absorção e distribuição.
(b) ( ) Tempo necessário para que a concentração plasmática de um toxicante 
se reduza a 10% após a sua completa absorção e distribuição.
(c) ( ) Capacidade do organismo em promover a eliminação de uma substância 
do plasma.
(d) ( ) Tempo necessário para que a concentração plasmática de um toxicante 
se reduza a 50% após a sua completa absorção e distribuição.
(e) ( ) Alteração na estrutura do toxicante evidenciada por ação enzimática.
115
UNIDADE 3
TOXICOLOGIA SOCIAL, DE 
MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
• compreender o objeto de estudo da toxicologia social;
• entender o que são drogas em lícitas e ilícitas;
• classificar os diferentes tipos de drogas ilícitas;
• elencar critérios para a dependência de drogas;
• discorrer sobre os diferentes mecanismos de ação das drogas ilícitas;
• compreender o objeto de estudo da toxicologia de medicamentos;
• entender o mecanismo de ação de barbitúricos e benzodiazepínicos 
(BDZs);
• relacionar a toxicocinética e toxicodinâmica dos barbitúricos e BDZs;
• compreender o objeto de estudo da toxicologia ocupacional;
• entender como são estabelecidos os limites de exposição ocupacional;
• compreender o que são doenças ocupacionais, como são avaliadas e esta-
belecidas.
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos, sendo que em cada um deles, 
você encontrará atividades que o auxiliarão na compreensão dos conteúdos 
apresentados.
TÓPICO 1 – TOXICOLOGIA SOCIAL
TÓPICO 2 – TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS
TÓPICO 3 – TOXICOLOGIA OCUPACIONAL
116
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
117
TÓPICO 1
TOXICOLOGIA SOCIAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Qual é a fronteira que existe entre drogas lícitas e 
ilícitas? Qual é a linha que separa o “uso recreativo” de determinada droga lícita 
ou ilícita para uma vida de completa escravidão ao vício? O que leva algumas 
pessoas a procurar as drogas? O que a neurociência e a psicologia são capazes de 
nos explicar sobre a adicção (vício)?
Apesar da evolução científica sobre os mecanismos relacionados à adicção 
e da evolução da psicologia no que se refere aos fatores determinantes para que 
o indivíduo busque a droga, muitas perguntas ainda ficarão sem resposta ao 
término do nosso livro didático. Atualmente, muito se discute sobre a legalização 
do uso de determinadas drogas, e nosso objetivo aqui não é discorrer sobre o 
mérito dessa questão bastante controversa. Entretanto, o malefício que as drogas 
podem ocasionar no organismo dos indivíduos e suas consequências psicológicas, 
psiquiátricas, físicas, emocionais, financeiras, entre outras, são amplamente 
divulgadas e constatadas pela ciência.
 
Dentro deste contexto, a toxicologia social visa abordar o uso de drogas 
pelo indivíduo inserido a esta mesma sociedade que acarretará no custo social 
desencadeado por este indivíduo, capaz de prejudicar a si mesmo e a própria 
sociedade na qual ele se encontra, de maneira ampla.
 
A toxicologia social visa justamente aprofundar o estudo relacionado 
ao consumo de diferentes drogas de uso recreativo ou medicamentoso, visando 
elucidar o mecanismo de ação dessas drogas, sua toxicocinética e até mesmo o 
impacto social que elas são capazes de ocasionar.
Caro acadêmico, a droga circunda a nossa vida, quer seja numa esquina 
qualquer, num ambiente social ou até mesmo em nosso estudo/trabalho! Você 
já deve ter visto na internet, jornais ou noticiários, notícias sobre a apreensão ou 
descoberta e desenvolvimento de novas drogas, com potencial tóxico cada vez 
maior. Nosso objetivo aqui não é descrever, relatar e avaliar cada droga, seu uso 
e potencial tóxico, pois mesmo que conseguíssemos abordar desta forma, novas 
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
118
drogas surgirão durante esta tarefa!
Neste tópico, visamos dar a você, acadêmico, um conhecimento 
generalizado sobre as drogas mais utilizadas do ponto de vista social e assim 
possibilitar que você tenha conhecimento sobre suas origens e malefícios, não 
adentrando no embate vigente sobre descriminalização de certas drogas ou 
internação compulsória.
 
No link a seguir, você possui seis histórias que relatam o desespero, a 
esperança e o recomeço de dependentes de drogas que ainda travam uma longa 
batalha contra o crack. Estas histórias servem de inspiração para todos nós!
Acesse: https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/desespero-
esperanca-e-recomeco-6-historias-de-luta-contra-o-crack.ghtml.
Bom estudo!
2 TOXICOLOGIA SOCIAL
O entendimento da toxicologia social deve ser associado à área de estudo 
da toxicologia que avalia os efeitos relacionados ao uso não medicamentoso e nem 
terapêutico de fármacos ou drogas capazes de ocasionar prejuízos não somente 
ao indivíduo, como também à sociedade. Fármacos podem ser considerados 
“drogas”? (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
De acordo com Oga, Camargo e Batistuzzo (2008), fármacos são 
substâncias possuidoras de uma estrutura química definida, capazes de, quando 
em contato ou introduzida em um sistema biológico, ocasionar modificação de 
uma ou mais funções. Já, de acordo com o mesmo autor, droga caracteriza-se em 
matéria-prima animal, vegetal ou mineral possuidoras de um ou mais fármacos. 
Dentro desse contexto, fármacos podem ser considerados drogas, mas 
abordaremos essa visão de maneira mais detalhada no próximo tópico!
A definição atualmente aceita no que se refere à droga foi proposta pela 
Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1993, analisada dentro de um contexto 
biológico no qual “droga é toda substância natural ou sintética que introduzida 
no organismo vivo, pode modificar uma ou mais de suas funções” (LIMA, 2013, 
p. 25).
Do ponto de vista legal, a lei brasileira determina como droga “as 
substâncias ou produtos capazes de causar dependência, assim especificados em 
lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da 
União” (Lei nº 11.343, de 23 de agosto de 2006).
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
119
Você quer ver esta lei, bem como seus artigos, que instituiu o Sistema Nacional 
de Políticas Públicas sobre Drogas – Sisnad? É só olhar o link a seguir!
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm.
DICAS
Caro acadêmico, o fenômeno das drogas em nossa sociedade atinge 
proporções épicas, possuindo dimensões e consequências que podem ser 
analisadas tanto do ponto de vista individual ou de maneira coletiva no âmbito 
da sociedade como um todo, envolvendo milhões de dólares gastos em processos 
de tratamento e reabilitação de usuários e dependentes, bem como no combate ao 
tráfico. Além disso, apenas uma pequena parcela das pessoas afetadas pelo uso 
de drogas recebe tratamento adequado (BRASIL, 2006).
 
Em virtude do entendimento por parte de nossa sociedade como droga 
sendo uma substância capaz de ocasionar dependência e que é comercializada 
de maneira ilegal e se relacionam a atividades ilícitas e perigosas,
além de se 
relacionarem a determinados tabus e/ou mitos, no decorrer do nosso texto, 
quando nos referirmos a drogas, estaremos nos relacionando a essas substâncias.
Assim, antes de discorrer sobre determinadas drogas, vamos classificá-las 
de duas formas: primeiramente em droga lícitas e ilícitas.
 
De uma maneira bastante resumida, podemos classificar as drogas lícitas 
como aquelas que estão sob a proteção da lei, ou seja, podem ser livremente 
produzidas, comercializadas e distribuídas pela sociedade e devem obedecer a 
critérios médicos e/ou legislação para a sua prescrição e consumo. Podemos citar 
como exemplos destas drogas, determinados fármacos que devem ser obtidos sob 
prescrição médica (antidepressivos, ansiolíticos), bem como o tabaco (cigarro) e o 
álcool que só podem ser consumidos por maiores de 18 anos.
As drogas ilícitas, por sua vez, são aquelas cujos processos de produção, 
comercialização e distribuição são proibidos pela legislação, além de não serem 
de aceitação social e constituem tráfico. 
Vale ressaltar que, independentemente de sua classificação em drogas 
lícitas ou ilícitas, ambas oferecem riscos à saúde do indivíduo e são capazes de 
promover fenômenos de tolerância e dependência em maior ou menor grau, não 
relacionado a essa classificação. Você entenderá mais claramente esses fenômenos 
de tolerância e dependência ainda neste tópico.
As drogas podem ser classificadas de diversas maneiras, por exemplo, 
com relação aos seus compostos constituintes, grupamentos químicos, mecanismo 
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
120
de ação, entre outros. No nosso livro didático, as drogas que se relacionam ao 
contexto de toxicologia social e agem diretamente no sistema nervoso central 
(SNC) serão classificadas como drogas psicoativas. Esta classificação visa facilitar 
e orientar o nosso estudo no decorrer deste tópico. Vamos então ver como estas 
drogas psicoativas são classificadas?
• Drogas depressoras: são drogas que agem de maneira a promover depressão 
do SNC e são capazes de diminuir a atividade encefálica, fazendo com que 
o indivíduo apresente redução da concentração, tensão emocional e também 
podem interferir na capacidade intelectual. Como exemplo deste grupo de 
drogas, podemos citar o álcool, os inalantes (cola) e os narcóticos (morfina).
• Drogas estimulantes: são drogas que agem de maneira a aumentar a 
atividade encefálica, fazendo como que o indivíduo possua comportamentos 
característicos, como agitação, euforia, movimentos estereotipados, além da 
falta de sono. Como exemplo deste grupo de drogas, podemos citar a cocaína, 
as anfetaminas e a cafeína.
• Drogas alucinógenas: drogas que são capazes de alterar a percepção do 
indivíduo, promovendo alterações visuais, aditivas e e/ou sensoriais. Como 
exemplo deste grupo de drogas, podemos citar o LSD, a maconha e o ecstasy.
Esta classificação de drogas é amplamente utilizada e refere-se, como citado, 
à ação psicofarmacológica dessas substâncias. Nos links a seguir, você pode observar que 
vários serviços de saúde, como o IMESC (Instituto de Medicina Social e de Criminologia), 
do estado de São Paulo, o departamento de Psicobiologia da UNIFESP (Universidade Federal 
de São Paulo) e a Secretaria de Educação do governo do Paraná classificam as drogas desta 
forma.
http://imesc.sp.gov.br/index.php/classificacao-das-drogas/
https://www2.unifesp.br/dpsicobio/drogas/classifi.htm
http://www.quimica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=255.
DICAS
Como você deve ter reparado na classificação descrita anteriormente, a 
cafeína é classificada como droga estimulante. Então, aquele cafezinho diário 
pode ser considerado uma droga? Conforme já citado por Paracelso na unidade 
anterior, a diferença entre fármaco e veneno está na dose.
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
121
Quer saber um pouco mais sobre a cafeína como “droga”? Pode dar uma 
“olhada” no artigo disponível no link a seguir: https://revistacafeicultura.com.br/?mat=25059.
DICAS
Outra classificação que a sociedade chama de “drogas de abuso” consiste 
justamente na capacidade de determinadas drogas induzir dependência e 
provocar síndromes de abstinência. Essas propriedades não são verificadas, por 
exemplo, em determinados fármacos e, logo, não são consideradas drogas de 
abuso.
Vamos entender um pouco mais sobre o que é dependência e síndrome de 
abstinência? Então sigamos para o próximo item!
3 DEPENDÊNCIA, ABSTINÊNCIA, TOLERÂNCIA E FATORES DE 
RISCO PARA O USO DE DROGAS
Primeiramente, caro acadêmico, necessitamos entender o conceito de 
dependência. Mesmo que você possa entender de maneira clara a dependência de 
determinado indivíduo a uma substância química (droga), a tarefa de conceituar 
esse fenômeno não é tão fácil quanto parece.
Inicialmente, o conceito de dependência surgiu com as sociedades 
industrializadas, no início do século XIX; este conceito relacionava-se, 
principalmente, ao álcool e, posteriormente, estendeu-se aos opioides e demais 
substâncias capazes de exercer atividade no SNC (WHO, 2004).
Entretanto, a ideia de dependência, apesar de ser “entendida” 
praticamente em todo o mundo, apresenta certo grau de variabilidade no que se 
refere à aplicação de conceitos e até mesmo critérios culturais quando tentamos 
conceituar a dependência (OMS, 2004). 
Para tentar minimizar essas dúvidas quando nos referimos à dependência, 
o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças – 10ª Revisão Classificação dos 
Transtornos Mentais e do Comportamento) vem auxiliar-nos neste entendimento. 
Você já ouviu falar no CID-10? Não? Então o UNI a seguir vai nos explicar o que 
é esta classificação.
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
122
O CID-10 Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados 
à Saúde (também conhecida como Classificação Internacional de Doenças – CID 10) é 
publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e visa padronizar a codificação de 
doenças e outros problemas relacionados à saúde. A CID 10 fornece códigos relativos à 
classificação de doenças e de uma grande variedade de sinais, sintomas, aspectos anormais, 
queixas, circunstâncias sociais e causas externas para ferimentos ou doenças. A cada estado 
de saúde é atribuída uma categoria única à qual corresponde um código CID 10. 
FONTE: <https://www.medicinanet.com.br/cid10.htm>. Acesso em: 3 abr. 2020.
INTERESSANTE
De acordo com o CID-10, a dependência a substâncias pode ser classificada 
de acordo com seis critérios que transcrevemos no quadro a seguir:
QUADRO 1 – CRITÉRIOS PARA DEPENDÊNCIA DE SUBSTÂNCIA NO CID-10
FONTE: OMS (2004, s.p.)
Como você deve ter observado no primeiro parágrafo do quadro, o 
indivíduo deve ter apresentado pelo menos três desses critérios em um período 
de doze meses. Dentre estes seis critérios, vamos discorrer sobre dois deles 
com mais ênfase, uma vez que implicam conceitos que são importantes para o 
entendimento do assunto. Então, vamos observar com mais atenção o terceiro e o 
quarto critérios do quadro.
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
123
O terceiro critério do quadro fala em abstinência fisiológica quando o uso 
da substância é interrompido ou reduzido. 
O que é abstinência fisiológica? A abstinência fisiológica é caracterizada 
pela presença de sinais e sintomas físicos que se manifestam quando o indivíduo 
para de usar a droga ou diminui de maneira abrupta o seu uso. Estes sinais e 
sintomas podem ser desde tênues tremores nas mãos, náuseas e vômitos até 
sintomas mais graves como o “delirium tremens” caracterizado por agitação 
psicomotora, insônia e agitação (CEBRID, s.d.).
O quarto critério comenta sobre a evidência de tolerância. Vamos, então, 
entender o que é tolerância. Tolerância constitui-se na utilização de quantidades 
cada vez maiores de droga para se atingir o mesmo efeito, ou a utilização da 
mesma quantidade de droga produzindo efeitos menores (OMS, 2004).
Os demais critérios do CID-10 para a caracterização da dependência são 
principalmente analisados sob o ponto de vista psicológico e não biológico, mas 
por que estes critérios são tão importantes para discutirmos toxicologia social?
Estes critérios são importantes porque diferenciam o usuário do 
dependente. Vale ressaltar que nem todos os usuários de drogas tornam-se 
dependentes. Não existe uma fronteira nítida entre um indivíduo que optou 
inicialmente por usar a droga (usuário) e aquele que se tornou dependente. Sabe-
se, atualmente, que existe um componente genético significativo em torno de 40-
60% de indivíduos usuários que se tornam dependentes, o que é extremamente 
significativo (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Entretanto, o que se sabe de maneira bastante estabelecida é a participação 
de fatores de risco na dependência, que podem ser observados na figura a seguir:
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
124
FIGURA 1 – FATORES DE RISCO ENVOLVIDOS NA DEPENDÊNCIA
FONTE: Adaptado de Oga, Camargo e Batistuzzo (2008, p. 336)
Conforme podemos observar na figura anterior uma série de fatores 
pertinentes ao conjunto droga, ambiente e usuário/dependente, são capazes de 
possibilitar e determinar o padrão de uso da droga, caracterizando a dependência 
(TARGINO; HAYASIDA, 2018).
Assim, uma vez que entendemos determinados conceitos importantes 
para a compreensão da toxicologia social, tanto do ponto de vista biológico 
quanto psíquico, vamos entender como algumas drogas são capazes de agir no 
usuário/dependente? Vamos lá!
4 SISTEMA DE RECOMPENSA CEREBRAL (NÚCLEO 
ACCUMBENS – ÁREA TEGMANTAL VENTRAL)
Apesar de saber que cada droga, ou grupo de drogas, possui um 
mecanismo de ação característico, de maneira geral, todas são capazes de agir 
sobre determinadas áreas cerebrais que chamamos de áreas de “recompensa 
cerebral” (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008.
Essas áreas estão envolvidas com o que chamamos de reforço positivo, ou 
seja, quando estimulamos estas áreas com determinadas “drogas”, somos capazes 
de estimulá-las, ocasionando-nos prazer. Um importante neurotransmissor 
liberado nestas situações é a dopamina. Este neurotransmissor liberado nestas 
áreas encefálicas faz com que tenhamos vontade de repetir determinados 
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
125
comportamentos e leva o indivíduo a procurar novamente esta sensação, através 
do uso repetido das drogas (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Determinadas 
substâncias (drogas) possuem maior ou menor potencial de reforço, ou seja, 
capacidade de levar o indivíduo a usá-la novamente. Esse mecanismo de 
recompensa está esquematizado nas figuras a seguir.
FIGURA 2 – NEURÔNIO DOPAMINÉRGICO DA VIA MESOLÍMBICA
GABA: Ácido gama-amino-butírico (neurotransmissor); ACh: Acetilcolina 
(neurotransmissor); 5HT: Serotonina (neurotransmissor); Glu: Glutamato 
(neurotransmissor) DA: Dopamina (neurotransmissor); PCP: Fenciclidina 
(droga). 
FONTE: <https://sgmd.nute.ufsc.br/content/portal-aberta-sgmd/e01_m03/pagina-02.html>. 
Acesso em: 5 mar. 2020.
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
126
FIGURA 3 – REPRESENTAÇÃO DE UM CORTE SAGITAL MÉDIO DO ENCÉFALO 
HUMANO COM A MARCAÇÃO DAS PRINCIPAIS ÁREAS DO SISTEMA DE 
RECOMPENSA CEREBRAL
FONTE: <https://sgmd.nute.ufsc.br/content/portal-aberta-sgmd/e01_m03/pagina-02.html>. 
Acesso em: 5 mar. 2020.
Agora que estabelecemos alguns conceitos relacionados à toxicologia 
social, vamos entender o mecanismo de ação de determinadas drogas? Então 
vamos começar pelos opioides!
5 OPIOIDES
Este grupo de drogas tem sua nomenclatura derivada de uma planta que 
origina uma belíssima flor. O nome científico desta planta é Papaver somniferum 
L ou papoula. Dessa planta é possível extrair quantidades consideráveis de uma 
substância denominada ópio, uma substância com propriedades hipnóticas 
(sonífero), conhecida a milhares de anos (DUARTE, 2005).
FIGURA 4 – PAPAVER SOMNIFERUM L. (PAPOULA)
FONTE: <https://www.agroscope.admin.ch/agroscope/en/home/topics/plant-production/field-
crops/crops/alternative-kulturpflanzen/mohn.html>. Acesso em: 26 jan. 2020.
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
127
O registro mais antigo do cultivo desta planta data de 5.000 anos pelos 
sumérios. Era conhecida como “planta da alegria” (DUARTE, 2005). Entretanto, 
o registro desta planta com seu uso hipnótico sedativo parece ser ainda mais 
antigo, pois o papiro de Ebers (1552 a.C.) já relata a descrição de uma mistura de 
substâncias nas quais o ópio era um dos componentes, utilizada para promover 
a sedação de crianças. Acredita-se que de acordo com a religião do Egito antigo, 
era assim que a deusa Isis era capaz de sedar Hórus, seu filho (DUARTE, 2005). 
Hipócrates, o pai da medicina, também preconizava o uso do ópio, 
mas não com propriedades mágicas, como alguns povos afirmavam, mas sim 
com finalidades purgativas, narcóticas e com a finalidade de cura da leucorreia 
(corrimento vaginal) (BOOTH, 1998).
Na civilização romana, o ópio possuiu grande importância e estava 
associada com o sono e a morte. Acredita-se que a partir dos romanos, as 
propriedades analgésicas do ópio passaram a ser estabelecidas (DUARTE, 2005).
Muito tempo depois, já no início do século XIX, o farmacêutico alemão 
Sertüner isolou a morfina, um alcaloide que recebeu este nome do próprio 
Sertüner em homenagem a Morfeu, o “deus do sono” na mitologia grega 
(KRISHNAMURTI; RAO, 2016). Essa substância é capaz de promover efeitos 
euforizantes e analgésicos (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Outra 
substância semissintética obtida do ópio foi a heroína em 1874, sintetizada em 1874 
pelo alemão Dresser (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Posteriormente 
foram sintetizadas demais drogas pertencentes à classe dos opioides.
No século XX, o número de mortes ocasionadas por drogas opioides 
isoladas, obtidas sinteticamente ou em associação, cresceu vertiginosamente, o 
que pode ser evidenciado pelo relatório mundial de drogas, publicado em 2019 
pela ONU.
Você pode ter acesso a informações resumidas do relatório mundial de 
drogas da ONU, publicado em 2019, acessando o link: https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/
frontpage/2019/06/relatrio-mundial-sobre-drogas-2019_-35-milhes-de-pessoas-em-todo-
o-mundo-sofrem-de-transtornos-por-uso-de-drogas--enquanto-apenas-1-em-cada-7-
pessoas-recebe-tratamento.html. Você também pode obter o relatório integral (em inglês), 
acessando: https://wdr.unodc.org/wdr2019/.
DICAS
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
128
5.1 MECANISMO DE AÇÃO DOS OPIOIDES
Nos anos 1970, descobriu-se que o encéfalo possui opioides endógenos 
(peptídeos), denominados encefalinas e endorfinas, descobriu-se ainda que 
estes opioides eram capazes de interagir com receptores específicos expressos 
em neurônios. Dessa forma, esclareceu-se que os opoides endógenos exerciam 
seu mecanismo de ação ao interagir com estes receptores. Assim, creditou-se a 
interação dos opioides exógenos, obtidos a partir da papoula, como a morfina e 
a heroína da mesma forma, ou seja, agem sobre receptores neuronais específicos 
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Quais seriam estes receptores e em quais regiões encefálicas eles se 
localizam? O que acontece quando ocorre a sua ativação por opioides? Calma, 
caro acadêmico! Vamos responder a todas estas perguntas no decorrer do tópico! 
5.2 RECEPTORES OPIOIDES
Os receptores opioides possuem ampla distribuição no SNC, por exemplo, 
na medula espinal, na substância cinzenta periaquedutal (PAG) e na amígdala. 
Essas estruturas são responsáveis pela ação analgésica dos opioides (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). A figura a seguir representa os principais 
receptores ligantes de opioides exógenos.
FIGURA 5 – RECEPTORES OPIOIDES, DROGAS RESPONSÁVEIS POR SUA 
ESTIMULAÇÃO E SEUS RESPECTIVOS EFEITOS
FONTE: Adaptado de Oga, Camargo e Batistuzzo (2008)
Os receptores opioides são do tipo acoplados à proteína
G, você já deve ter 
visto este receptor na primeira unidade de nosso livro didático. Vamos relembrar 
como é ativado este tipo de receptor, chamando o UNI!
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
129
Receptores acoplados à proteína G, também chamados metabotrópicos, são 
receptores que uma vez ativados pelo ligante, nesse caso os opioides, são capazes de 
promover uma série de alterações bioquímicas e moleculares na célula-alvo, levando a 
alterações fisiológicas!
IMPORTANTE
Na figura a seguir, você pode observar como é ativado um receptor 
genérico do tipo metabotrópico ou acoplado à proteína G.
FIGURA 6 – RECEPTOR ACOPLADO À PROTEÍNA G (METABOTRÓPICO) EM 
DESTAQUE
FONTE: Adaptada de <https://aia1317.fandom.com/pt-br/wiki/Como_agem_
os_f%C3%A1rmacos_-_Receptores_tipo_II,_III_e_IV>. Acesso em: 27 jan. 2020.
Uma vez que entendemos como agem os opioides, quer sejam de origem 
endógena ou exógena, vamos discutir brevemente sobre os principais opioides 
exógenos, utilizados como drogas.
5.3 MORFINA
A morfina é o alcaloide em maior concentração no ópio (4 a 21%). É utilizada 
de forma parenteral, principalmente pelas vias endovenosa, intramuscular 
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
130
e cutânea, com o objetivo de produzir sedação, pois é uma droga considerada 
pré-anestésica (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). A morfina tem grande 
absorção por mucosas e pele, sendo absorvido rapidamente (cerca de 30 minutos) 
por estas vias e com grande porcentagem de absorção (aproximadamente 50%). 
Após ser absorvida, esta droga rapidamente deixa a corrente sanguínea e chega 
aos tecidos periféricos e órgãos (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Esta droga é biotransformada, em sua maioria, no fígado e eliminada por 
via renal, possuindo uma meia-vida relativamente baixa, variando de 1,9 a 3,1 
horas. É excretada quase totalmente em 24 horas (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 
2008), enquanto que sua metabolização origina os metabólitos morfina 3- 
glicuronídeo e morfina-6-glicuronídeo (SANTOS, 2008). 
O morfina-6-glicuronídeo é um potente agonista dos receptores µ 
(mu) e produz efeito de 13 a 200 vezes mais potente que a morfina (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Já o morfina-3-glicuronídeo possui pequena 
afinidade pelos receptores opioides, mas acredita-se que possa contribuir com 
os efeitos excitatórios ocasionados pela morfina (SANTOS, 2008). A intoxicação 
por morfina geralmente é de característica aguda e é resultado de “overdose” 
por dependentes, doses clínicas excessivas ou tentativas de suicídio (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Esta intoxicação provoca depressão dos centros respiratórios localizados 
no tronco cerebral, promovendo depressão respiratória, além disso, a intoxicação 
por morfina age sobre o SNC ocasionando depressão do centro vasomotor, o que 
leva à hipotensão, podendo induzir o indivíduo ao coma e, posteriormente, à 
morte, normalmente ocasionada por depressão respiratória (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008).
5.4 CODEÍNA
A codeína, por sua vez, tem ampla utilização como substância 
antitussígena e analgésica (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Apesar de 
possuir ação antitussígena satisfatória, sua ação analgésica é considerada fraca 
em relação à morfina, possuindo aproximadamente 1/10 da potência desta (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; HENNEMANN-KRAUSE, 2012). A codeína 
sofre metabolização “in vivo” transformando-se em morfina, isso justifica sua 
ação analgésica, apesar da pouca potência. Essa droga é facilmente absorvida 
por via gastrointestinal e possui eliminação essencialmente por via renal 
(HENNEMANN-KRAUSE, 2012). 
Ataxia (incordenação do movimento), nistagmo (movimento involuntários 
dos olhos) e incompreensão no entendimento do discurso são sintomas 
perceptíveis na intoxicação aguda (overdose) por codeína (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008).
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
131
Como citado anteriormente, a codeína sofre transformação em morfina, 
logo, os sintomas observados na morfina também são observados quando da 
intoxicação por codeína, constituindo uma tríade: miose, depressão respiratória e 
coma (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Você já ouviu falar de uma droga chamada “sizzurp”, “purple drank” ou “lean”? 
Esta droga é uma mistura de refrigerantes, xaropes para a tosse à base de codeína e balas 
de goma. Esta combinação foi popularizada pelos rappers norte-americanos e seu uso 
tem aumentado no Brasil desde 2015. Esta droga, por possuir codeína, pode ocasionar 
morte por depressão respiratória. O sizzurp também possui outro fármaco associado, a 
prometazina (antialérgico). A combinação codeína + prometazina não é vendida no Brasil. 
Entretanto, xaropes à base de codeína possuem venda restrita em nosso país mediante 
apresentação e retenção de receita médica. Veja no link a seguir uma reportagem sobre 
o aumento do consumo desta droga que pode ser comprada até mesmo pela internet! 
https://www.youtube.com/watch?v=k1M0n4xtTwM.
DICAS
5.5 HEROÍNA
A heroína, também classificada como opioide, foi sintetizada pelo 
laboratório Bayer® e distribuída comercialmente em 1898 com o intuito de, 
devido a sua similaridade com a morfina, manter os efeitos antitussígenos sem 
que possuísse os efeitos colaterais desta (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 
2008), entretanto, isto não foi observado e esta droga rapidamente distribuiu-se 
por todos os EUA, atingindo, hoje, mais de 2,4 milhões de americanos e custando 
aos cofres públicos deste país mais de 5,1 bilhões de dólares (ALAMBYAN et al., 
2018).
Esta droga pode ser administrada por via intravenosa, a principal forma 
de uso nos EUA, porém em alguns países como o Sri Lanka, Austrália, Espanha 
e China, o uso inalatório (fumada) ou intranasal é preferencial pelos usuários 
(ALAMBYAN et al., 2018). 
A preferência de uso nestes países refere-se basicamente a algumas razões, 
por exemplo, a rápida liberação da droga para o SNC sem sofrer biotransformação 
hepática, redução do contágio pelo HIV através do uso de agulhas contaminadas 
e também pelo aumento do grau de pureza da droga comercializada pelos 
traficantes (ALAMBYAN et al., 2018).
 
A heroína possui elevada lipossolubilidade, logo é absorvida por todas as 
vias (oral, retal, nasal e pulmonar), além de sofrer ótima absorção por mucosas, 
sendo capaz de atravessar a barreira hematoencefálica e promover seus efeitos 
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
132
no SNC (ALAMBYAN et al., 2018). Estima-se que aproximadamente 11 segundos 
seriam necessários para que a droga fumada ou inalada possa atingir o SNC e 
desencadear seus efeitos, sendo que este efeito pode durar vários minutos (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
O pico sanguíneo desta droga é de 2 a 5 minutos, possuindo uma meia-vida 
curta, que dura em torno de três minutos. A heroína é metabolizada à morfina, 
fazendo com que a morfina obtida tenha uma meia-vida de cerca de 18 minutos 
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). A eliminação dá-se principalmente 
por via renal na forma de morfina e morfina conjugada (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008).
Na intoxicação aguda (overdose), a morfina ocasiona depressão 
respiratória e edema pulmonar. O exato mecanismo pelo qual a heroína ocasiona 
a morte ainda não é elucidado, uma vez que a morte na overdose por heroína 
pode acontecer em poucos minutos, o que não é típico da ação dos opioides 
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Outra forma de consumo da heroína é o “speedball”, uma associação de 
cocaína e heroína, sendo seu uso comum em usuários de heroína, uma vez que essas 
drogas possuem efeitos estimulantes e sedativos, o que leva à complementação 
e diminuição dos efeitos secundários de ambas as drogas (NUTT et al., 2007). 
Obviamente, a associação dessas drogas aumenta a chance de overdose e de 
sequelas decorrentes do uso.
Você já ouviu falar do ator Philip Seymour Hoffman? Ele morreu justamente 
por overdose de speedball. Este ator ficou famoso por receber o Oscar de melhor
ator 
por sua atuação no filme Capote. Logo, a seguir, você tem dois links: o primeiro é de uma 
reportagem sobre a morte do ator e o laudo que determina a causa mortis. O segundo é 
do trailer do filme Capote. Vale a pena dar uma olhada!
https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/02/1419483-philip-seymour-hoffman-
morreu-devido-a-mistura-de-heroina-e-cocaina.shtml.
https://www.youtube.com/watch?v=h49uSulFhws.
DICAS
5.6 COCAÍNA/CRACK
Entre as drogas psicoestimulantes ilícitas, merece destaque em nossa 
sociedade o crescente aumento da produção e consequente uso da cocaína e 
seus derivados (crack). Estudos recentes demonstram que o consumo de cocaína 
supera a marca de 17 milhões de pessoas ao redor do mundo, tornando-a uma 
das drogas ilícitas mais consumidas no mundo (ALMEIDA; FERNANDES, 2019).
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
133
A cocaína apresenta diferentes formas de consumo, podendo ser utilizada 
como chá, inalada na forma de pó, diluída e aplicada por via intravenosa e 
também fumada, sendo desta forma conhecida como crack (na forma de pedra) 
ou merla (forma de pasta base) (MUAKAD, 2011-2012).
A cocaína é um alcaloide proveniente das folhas da planta conhecida 
como Erytroxylum coca. Essas folhas, após maceração, sofrem conversão à pasta 
de coca que, posteriormente, é convertida em cloridrato de cocaína (sal), que é 
a forma normalmente utilizada pelo usuário/dependente (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008).
A droga possui ação anestésica local e é capaz de agir sobre o sistema 
nervoso simpático (ação simpaticomimética) (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 
2008), sendo que seu uso é datado de tempos remotos junto à civilização andina, 
conforme citado por Muakad (2011, p. 467): “Desde os tempos mais remotos, 
na região andina, envolto em lendas, floresce o arbusto Khoka, a planta divina, 
utilizada nas cerimônias religiosas e nos sacrifícios ao deus sol”.
 
Durante muito tempo, a cocaína foi utilizada como anestésico para dor de 
dente, tendo sua venda livre em farmácias e drogarias. Você pode confirmar isso 
vendo a propaganda de um drops de cocaína para a dor de dente, vendido no final 
do século XIX!
FIGURA 7 – COCAÍNA UTILIZADA COMO DROPS PARA A DOR DE DENTE
FONTE: <https://brasil.elpais.com/brasil/2018/09/21/cultura/1537550168_306224.html>. Acesso 
em: 27 jan. 2020.
Entre as personalidades famosas que defendiam o seu uso livre, antes de 
ser proibida, destaca-se o pai da psicanálise Sigmund Freud, o qual escreveu um 
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
134
artigo em 1884, que preconizava o seu uso para os mais diversos males, desde 
depressão a cólicas, embora tivesse sido considerada “perigosa” pelo próprio 
Freud, após relacionar a morte de um amigo a seu uso (MUAKAD, 2011-2012).
A utilização da cocaína estendeu-se para além da utilização como 
medicamentos, sendo utilizada no refrigerante mais famoso do mundo. A Coca-
Cola® não recebeu este nome à toa e, no início, sua fórmula utilizava cocaína 
na forma de folhas e o seu sucesso veio justamente do efeito estimulante que 
proporcionava (MUAKAD, 2011-2012).
Na figura a seguir, você pode ver a “French Wine Coca”, bebida que 
deu origem à Coca-Cola, inventada pelo farmacêutico norte-americano John S. 
Permberton, em 1886.
FIGURA 8 – FRENCH WINE COCA
FONTE: <https://www.thedrinksbusiness.com/2019/08/the-coca-wine-fad-a-brief-history/>. 
Acesso em: 27 jan. 2020.
O uso indiscriminado de cocaína em diversas preparações levou ao 
aumento dos relatos de intoxicações, levando à confirmação de 13 mortes. Estes 
eventos levaram à promulgação do Harrison Act, em 1914, classificando a cocaína 
e a morfina como drogas que ofereciam perigo em seu uso, fazendo com que o 
seu uso fosse apenas tópico (TERRY, 1915; MUAKAD, 2011-2012).
Outra droga derivada da cocaína que teve seu uso disseminado em nosso 
país é o crack. Essa droga é formada por pasta base de cocaína, bicarbonato de 
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
135
sódio e água que quando aquecida origina cristais chamados de “pedras de crack”. 
O termo crack refere-se ao som produzido durante a sua produção (TEIXEIRA; 
ENGSTROM, RIBEIRO, 2017).
Esta forma de droga é fumada e provoca rapidamente seus efeitos 
estimulantes em torno de 15 segundos, mantendo-se por pouco tempo, 
aproximadamente 5 minutos. A junção destes dois fatores em conjunto faz com 
que o usuário/dependente busque incessantemente a droga (PEDROSA et al., 
2016). Esta droga, em função da impureza e relativamente baixo custo, associa-se 
a indivíduos em situação de vulnerabilidade social, por exemplo, a população em 
situação de rua (TEIXEIRA, 2017).
 
FIGURA 9 – CRIANÇA FUMANDO CRACK
FONTE: <http://adpf.org.br/adpf/admin/painelcontrole/materia/materia_portal.wsp?tmp.edt.
materia_codigo=5331&wi.redirect=6TL5LMDTAOJA03FG6HC3#.Xi86MWhKi00>. Acesso em: 27 
jan. 2020.
5.6.1 Toxicocinética cocaína/crack
A velocidade de absorção, bem como concentração plasmática máxima, 
relacionam-se diretamente à via de administração da droga. As formas fumadas 
e aplicadas por via intravenosa possuem velocidade de absorção, pico de 
concentração e plasmática e intensidade de efeito muito semelhantes (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). 
Entretanto, a velocidade de manifestação dos efeitos parece ser maior com 
o uso do crack, uma vez que com esta forma da droga os efeitos aparecem em 
cerca de 8 segundos enquanto as demais vias levam entre 3 a 15 minutos para o 
surgimento dos efeitos (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
136
A duração dos efeitos do crack é caracterizada como curta, tanto pelas 
vias respiratórias quanto pela via intravenosa, entretanto, os efeitos obtidos por 
via respiratória são mais pronunciados e rápidos quando comparados com a via 
intravenosa; isto faz com que o padrão de busca por esta via seja potencialmente 
um componente de reforço na busca da droga, pois além da rapidez e magnificação 
dos efeitos, descarta-se o uso de agulhas (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 
2008).
A cocaína liga-se às proteínas plasmáticas possuindo distribuição por todo 
o organismo. Por possuir características lipofílicas, a droga é capaz de atravessar 
a barreira hematoencefálica (BHE), podendo se acumular no SNC (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Sua eliminação dá-se principalmente pela via 
renal, após extensa metabolização, logo, apenas pequena concentração da droga 
em sua forma inalterada é eliminada, sendo as formas derivadas encontradas em 
maior quantidade (CASTRO et al., 2016).
5.6.2 Toxicodinâmica cocaína/crack
O principal mecanismo relacionado à ação da cocaína deve-se ao 
bloqueio dos transportadores responsáveis pela recaptação do neurotransmissor 
noradrenalina (NA). De maneira semelhante, esta droga parece agir sobre os 
neurotransmissores serotonina (5-HT) e dopamina (DA) (CASTRO et al., 2016). 
Na figura a seguir, você pode observar o mecanismo de ação proposto para 
a cocaína no que se refere ao aumento da disponibilidade do neurotransmissor 
dopamina. Entretanto, mecanismos semelhantes estão relacionados aos 
neurotransmissores NA, 5-HT, na fenda sináptica.
FIGURA 10 – MECANISMO DE AÇÃO DA COCAÍNA
FONTE: Adaptado de Swift e Lewis (2014)
 
As propriedades analgésicas da cocaína parecem acontecer pelo bloqueio 
dos canais de sódio dependentes de voltagem (CASTRO et al., 2016), o que 
ocasiona o bloqueio da transmissão dolorosa. 
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
137
Receptores dopaminérgicos e sua estimulação parecem relacionar-se 
diretamente com o efeito produzido pela cocaína e crack, pois possuem ampla 
distribuição no SNC, como córtex, sistema límbico, gânglios da base e hipotálamo 
e relacionam-se com os efeitos de reatividade, humor, emoção, comportamento 
estereotipado, controle motor, controle autônomo e endócrino (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008).
Além disso, as alterações na distribuição de DA no SNC relacionam-
se diretamente a alterações psiquiátricas
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 
2008). Essas alterações psiquiátricas incluem a expressão de emoções patológicas 
como estados severos de depressão, ansiedade, transtornos afetivos e paranoia 
(CASTRO et al., 2016). Outras alterações psiquiátricas observadas são: inquietude, 
excitação, loquacidade e confusão mental. Após esta manifestação eufórica inicial, 
podem ocorrer agitação, delírio e até mesmo convulsões (CASTRO et al., 2016).
Outro importante efeito clínico decorrente do uso da cocaína são os efeitos 
cardiovasculares, com o aumento da frequência cardíaca, além de vasodilatação, o 
que pode ocasionar infarto agudo do miocárdio (IAM) (BOGHDADI; HENNING, 
1997).
A cocaína também é capaz de exercer efeitos neurológicos, tais como 
acidentes vasculares cerebrais isquêmicos e hemorrágicos. Além destes, a cocaína 
pode promover midríase, retenção urinária, broncodilatação, no pâncreas pode 
ocasionar diminuição da secreção de insulina e aumento da secreção de glucagon 
(CASTRO et al., 2016).
Outra droga também classificada como estimulante do SNC é a anfetamina, 
que abordaremos no próximo item.
5.7 ANFETAMINAS
A nomenclatura “anfetaminas” ou “anfetamínicos” refere-se a um grupo 
de drogas composto pela anfetamina e seus derivados, que possuem ação tanto 
sobre o SNC quanto sistemas periféricos, possuindo ações tóxicas e farmacológicas 
de maneira semelhante (PANTALEÃO, 2012). Estas drogas assemelham-se 
estruturalmente à β-fenetilamina e atuam como aminas simpatomiméticas (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008), ou seja, são capazes de estimular o Sistema 
Nervoso Simpático (SNS). A figura a seguir demonstra a anfetamina e seus 
derivados.
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
138
FIGURA 11 – ESTRUTURAS QUÍMICAS DA ANFETAMINA E SEUS DERIVADOS
3,4-metileno-dioxi-anfetamina (MDA), 3,4-metileno-dioximetanfetamina 
(MDMA), 3,4-metileno-dioxi-etil-anfetamina (MDEA), 2,5-dimetoxi-4-bromo-
anfetamina (DOB), 2,5-dimetoxi-4-iodo-anfetamina (DOI), 2,5-dimetoxi-
α,4-dimetil-feniletilamina (DOM), 2,5-dimetoxi-4-etil-anfetamina (DOET), 
2,5-dimetoxi-4-propil-anfetamina (DOPR). 
FONTE: Adaptado de Bulcão et al. (2011)
O MDMA é popularmente utilizado em raves e clubes noturnos com 
o nome de ecstasy. Esta droga foi sintetizada no ano de 1887, entretanto, a 
observação de seus efeitos farmacológicos deu-se mais intensamente a partir dos 
anos 1920, quando foi intensamente utilizada com a finalidade de tratamento da 
obesidade, narcolepsia, hipotensão e em crianças diagnosticadas com síndrome 
de hiperatividade (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
No período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), tanto o exército 
aliado quanto as tropas alemãs faziam uso de anfetaminas e seus derivados 
para auxiliar nos combates (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). No livro 
“High Hitler: como o uso de drogas pelo Führer e pelos nazistas ditou o ritmo do Terceiro 
Reich”, o autor relata de maneira bastante didática o caminho envolvido no 
desenvolvimento de drogas sintéticas na Alemanha e como estas se relacionavam 
com a sociedade neste período (SOARES, 2019).
 
Em outra parte do mesmo livro, o autor discorre sobre a síntese e 
produção do Pervitin (metanfetamina), que de acordo com o autor era uma droga 
amplamente utilizada pelo exército, marinha e aeronáutica do Führer (SOARES, 
2019). A utilização desta droga visava, obviamente, combater a fadiga do exército 
alemão, além de manter as tropas em permanente alerta (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008).
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
139
Já os japoneses fizeram uso de anfetaminas não somente em suas tropas, 
mas também utilizou esta droga na população civil com o objetivo de aumentar a 
capacidade produtiva (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). As anfetaminas 
produzem ação estimulante no SNC ainda mais duradoura que a cocaína, agindo 
de maneira a manter estados de vigília e alerta, por isso, torna-se uma droga 
amplamente utilizada por determinadas classes profissionais, por exemplo, 
caminhoneiros e estudantes, que necessitam manter-se em vigília prolongada 
(KNAUTH et al., 2012).
Desde 2015, a chamada “Lei do Caminhoneiro” (Lei nº 13.103/2015) obriga 
os caminhoneiros a realizarem exames toxicológicos para a renovação da carteira de 
habilitação. Esta lei está sendo questionada pelo presidente Bolsonaro, que já apresentou 
projeto para a sua revogação no Congresso Nacional. O que você pensa sobre isso? Para 
sua reflexão, deixamos três links que abordam este tema. Vale a pena refletir sobre isso após 
a leitura!
https://g1.globo.com/carros/noticia/2019/06/05/governo-quer-acabar-com-exame-que-
detecta-drogas-em-motoristas-profissionais.ghtml;
https://exame.abril.com.br/brasil/pesquisa-revela-que-78-dos-caminhoneiros-usam-
drogas/;
https://oglobo.globo.com/brasil/apos-exame-toxicologico-obrigatorio-habilitacoes-para-
caminhoneiros-motoristas-de-onibus-cairam-18-23967446.
DICAS
A utilização farmacológica das anfetaminas e seus derivados, no Brasil, 
encontra-se sob regulamentação da Portaria nº 344/1998, do Ministério da Saúde e 
suas atualizações, que preconiza a utilização de anfetaminas e derivados somente 
sob prescrição médica, receituário especial e retenção da receita pela farmácia/
drogaria sob supervisão e envio de informações pelo farmacêutico responsável 
(BRASIL, 1998). 
A principal prescrição farmacológica das anfetaminas e seus derivados 
é sua utilização como anorexígenos, ou seja, fármacos capazes de proporcionar 
perda de peso (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Dentre os derivados 
anfetamínicos destinados para este fim, encontram-se a anfepramona (Dualid S® 
e Inibex S®), o femproporex (Desobesi-M®) e o mazindol (Absten S®). 
As principais manifestações clínicas relacionadas às anfetaminas são 
agitação, irritabilidade, insônia, tremor, sudorese, rubor, hiperatividade, 
sudorese, delírio, mania, taquicardia, arritmia, convulsão, coma, falência renal 
e morte em intensidades e graus variados (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 
2008).
Atualmente, o uso destas substâncias com uso recreativo e não 
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
140
medicamentoso tem aumentado consideravelmente, sendo estas drogas 
classificadas como “club drugs”, ou seja, drogas que são utilizadas frequentemente 
por adolescentes e adultos jovens em discotecas, raves e bares (GUERREIRO et 
al., 2011).
Você já deve ter ouvido falar na famosa série Breaking Bad, não é? Não? Ela 
conta a história de um professor de química do Ensino Médio que se envolve na produção 
de metanfetamina. A série é imperdível! Deixamos o cartaz da série e o link do trailer para 
você!
DICAS
Link do trailer: https://www.youtube.com/watch?v=2-W6_6gJda0.
FONTE: <https://www.elo7.com.br/poster-cartaz-breaking-bad/dp/BD4DFF>. Acesso em: 
23 mar. 2020.
5.7.1 Toxicocinética das anfetaminas 
As anfetaminas sofrem rápida absorção pelo trato gastrointestinal (TGI), 
ocorrendo o pico de concentração plasmática em 1 a 2 horas, possuindo absorção 
completa em 4 a 6 horas. De maneira geral, possuem baixa ligação às proteínas 
plasmáticas. A presença no SNC em altas concentrações parece relacionar-se a 
transportes especiais capazes de atravessar a BHE, além de estar associado à 
difusão passiva (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
As anfetaminas e seus derivados sofrem biotransformação hepática e podem 
ser convertidos em anfetaminas e/ou metanfetamina. Sua principal forma de excreção 
é urinária, sendo que a meia-vida de eliminação destas drogas varia de 7 a 33 horas, 
dependendo do pH urinário (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
141
5.7.2 Toxicodinâmica das anfetaminas 
As anfetaminas e seus derivados possuem ação simpatomimética, logo 
são capazes de atuar sobre receptores alfa e beta adrenérgicos (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008). O provável mecanismo de ação das anfetaminas parece 
estar relacionado à liberação direta dos neurotransmissores monoaminérgicos 
(DA, 5-HT e NA) na fenda
sináptica, além de promover a inibição da recaptação 
destes, o que possibilita o aumento da presença dos neurotransmissores na fenda 
sináptica e prolongado efeito (WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016).
Outra forma de ação das anfetaminas consiste na inibição da 
monoaminoxidase (MAO), enzima presente tanto na fenda sináptica quanto no 
interior do neurônio pré-sináptico, responsável pela degradação das monoaminas; 
com a inibição desta enzima, os níveis de monoaminas aumentam, também, 
consideravelmente na fenda sináptica (WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 
2016). O mecanismo de ação das anfetaminas e derivados é expresso de maneira 
resumida na figura a seguir.
FIGURA 12 – MECANISMO DE AÇÃO DAS ANFETAMINAS
FONTE: Adaptado de Whalen, Finkel e Panavelil (2016)
 
A provável razão da estimulação locomotora e o comportamento 
estereotipado na psicose ocasionada por esta droga parece estar relacionada 
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
142
diretamente ao aumento dos níveis de NA e DA na fenda sináptica (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Entre os efeitos cardiovasculares provocados 
pelas anfetaminas, podemos citar palpitações, arritmias, hipertensão e angina, 
além de cefaleia e sudorese, possivelmente associados ao aumento de NA 
(WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016).
Você sabe o que é uma sinapse e onde se localiza a fenda sináptica? As sinapses 
podem ser de dois tipos, elétricas e químicas e visam passar estímulos e consequentemente 
“informações” de um neurônio a outro. Nos links a seguir do YouTube® você tem duas 
aulas sobre sinapses (elétrica e química). Vamos ver os vídeos?
https://www.youtube.com/watch?v=orCuVAq9STM
https://www.youtube.com/watch?v=9wHCawaDE_k&t=250s.
DICAS
5.7.3 LSD (Dietilamida do ácido lisérgico)
“Imagens caleidoscópicas fantásticas surgiram para mim, se alternando, 
matizando, se abrindo e fechando em si em círculos e espirais, explodindo 
em fontes coloridas... Era como se o mundo tivesse acabado de ser criado” 
(HOFMANN, 2009).
 
Essa é a descrição do bioquímico suíço Albert Hofmann após usar o LSD, 
que ele havia descoberto em 1943, de acordo com o que consta em sua autobiografia 
de 1979 denominada LSD: minha criança-problema. O LSD foi criado a partir do 
Ergot (Esporão do centeio), um fungo, sendo o LSD um alcalaoide obtido deste 
fungo (WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016). Na figura a seguir, podemos ver 
o fungo esporão do centeio (Ergot).
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
143
FIGURA 13 – ESPORÃO DO CENTEIO (ERGOT)
FONTE: <https://www.britannica.com/science/ergot-fungus>. Acesso em: 28 jan. 2020.
Posteriormente, esta droga alucinógena teve seu uso popularizado pelo 
psicólogo Timothy Leary, professor da Universidade de Harvard de 1959 até 
1963 (LEARY, 1999). Este professor preconizou a utilização de psicoativos como 
tratamento psicológico entre os quais, o LSD (CARNEIRO, 2005; HOFFMAN, 
2009).
5.7.4 Toxicocinética do LSD
A introdução do LSD no organismo dá-se através de via sublingual, ou 
seja, o usuário utiliza um pequeno papel impregnado com LSD; normalmente, 
neste papel encontram-se desenhos e ilustrações denominados micropontos 
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). A figura a seguir demonstra uma 
apreensão de LSD pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul. 
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
144
FIGURA 14 – MICROPONTOS DE LSD
FONTE: https://www.pc.rs.gov.br/upload/recortes/carga20181237/06233718_246338_GDO.jpg. 
Acesso em: 28 jan. 2020.
A absorção de LSD, desta forma, produz efeitos que se iniciam entre 35 a 
45 minutos e são capazes de durar por um período aproximado de 6 horas. Após 
o término do período de efeito ocasionado pela droga, tem início um período de 
recuperação que dura entre 7 a 9 horas, nos quais os efeitos da droga tendem a 
desaparecer (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Os estágios de ação do LSD incluem um período de latência (0,5 a 3 horas), 
seguido por modificações físicas que incluem sensações de frio, suor, dilatação 
da pupila e dor de cabeça. Posteriormente, advém um período intermediário 
de medo e angústia, seguido de um período de síndrome psíquica e afetiva, 
modificação do tempo vivido, modificação da sensação de espaço, modificações 
da sensação do próprio corpo, modificações afetivas, modificações do curso de 
pensamento, alucinações (principalmente de caráter visual), conotação erótica e 
sensual (simbólica) e lucidez relativa (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Esta droga distribui-se por vários órgãos do organismo do usuário, 
sendo que possui baixa concentração no SNC (0,01%) (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008), entretanto, o suficiente para ocasionar os efeitos relatados. 
O LSD é metabolizado pelo fígado através do sistema citocromo P450 e seus 
metabólitos são excretados pela urina em porcentagem maior que a droga 
inalterada (GOMES, 2008).
O mecanismo de ação do LSD envolve alteração da neurotransmissão 
serotoninérgica no SNC. Aparentemente, apenas um receptor serotoninérgico 
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
145
(5HT2A) seria capaz de ser ativado pela transmissão serotoninérgica alterada 
(WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016).
5.8 CANNABIS SATIVA (MACONHA)
A Cannabis sativa, no Brasil, conhecida como maconha, é a droga em maior 
quantidade cultivada, traficada e também consumida ao redor do mundo (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Os primeiros relatos dessa droga datam da 
2723 a.C., quando pela primeira vez é citada pela farmacopeia chinesa. A partir 
da Ásia, onde é primeiramente relatada, difundiu-se para Índia, Europa e Oriente 
Médio, chegando à África e Américas (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). 
A figura a seguir demonstra a planta Cannabis sativa L., na qual, a partir 
das inflorescências fêmeas da planta, é extraído o principal composto psicoativo: 
o THC (delta 9 tetra-hidrocanabinol).
FIGURA 15 – CANNABIS SATIVA L.
FONTE: <https://g1.globo.com/bemestar/noticia/2019/12/03/regulamentacao-de-produtos-a-
base-de-cannabis-no-brasil.ghtml>. Acesso em: 29 jan. 2020.
 
A utilização inicial da Cannabis sativa era associada as suas propriedades 
têxteis e medicinais (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). No Brasil, a 
história da droga se relaciona diretamente à chegada dos portugueses em nosso 
país, pois as velas das caravelas que aqui chegaram, bem como os cordames 
das embarcações, eram constituídas de fibra de cânhamo, nome que também é 
dado à planta (CARLINI, 2006). Segundo o autor, a palavra “maconha” seria um 
anagrama da palavra cânhamo em português. 
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
146
FIGURA 16 – ANAGRAMA DA PALAVRA MACONHA
FONTE: Carlini (2006, p. 315)
Aparentemente, a maconha com seu uso como conhecemos hoje, 
principalmente fumada, entrou no Brasil pela mão dos escravos, conforme relato 
de Dias (1945) e Lucena (1934).
Entrou pela mão do vício. Lenitivo das rudezas da servidão, bálsamo da 
cruciante saudade da terra longínqua onde ficara a liberdade, o negro trouxe 
consigo, ocultas nos farrapos que lhe envolviam o corpo de ébano, as sementes que 
frutificariam e propiciariam a continuação do vício (DIAS, 1945). Provavelmente, 
deve-se aos negros escravos a penetração da diamba no Brasil; prova-o até certo 
ponto a sua denominação fumo d’Angola (LUCENA, 1934).
O passar dos anos fez com que o uso não médico da planta pelos escravos 
negros chegasse aos índios brasileiros, que começaram a cultivá-la para o seu 
uso, uso que inicialmente se encontrava restrito às classes econômicas menos 
favorecidas, o que não ocasionava nenhum interesse desse cultivo pela classe 
dominante portuguesa branca. Aparentemente, dentro desta classe dominante 
branca, uma das exceções era a imperatriz Carlota Joaquina que, durante o tempo 
em que viveu no Brasil, costumava tomar chá de maconha (CARLINI, 2006).
Apesar disto, o uso da maconha medicinal popularizou-se entre a 
população brasileira entre o fim do século XIX e início do século XX, isto pode 
ser evidenciado
pela propaganda das cigarrilhas Grimault, na figura a seguir, 
na qual em um formulário médico dizia: “Contra a bronchite chronica das crianças 
[...] fumam-se (cigarrilhas Grimault) na asthma, na tísica laryngea, e em todas [...] 
(CARLINI, 2006). A expressão foi escrita mantendo as características ortográficas 
da época.
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
147
FIGURA 17 – PROPAGANDA DOS CIGARROS GRIMAULT
FONTE: Carlini (2006, p. 316)
Entre os efeitos tóxicos ocasionados pela maconha, podemos citar a sua 
ação principalmente sobre o sistema pulmonar, cardiovascular, imunológico 
e possível influência sobre determinadas psicopatologias, todos estes efeitos 
observados a longo prazo de consumo (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 
2008). A curto prazo podemos citar um período inicial de euforia, seguido de 
relaxamento, sonolência ou depressão, perda da discriminação de tempo e espaço 
e coordenação motora diminuída (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Estimativas do UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime), ou 
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, em português, apontam 
que a Cannabis sativa foi a droga mais consumida no mundo no ano e 2017, com 
aproximadamente 188 milhões de pessoas fazendo uso desta droga (UNODC, 
2019).
Os constituintes químicos da maconha são denominados canabinoides 
e este termo, inicialmente, referia-se somente aos fitocanabinoides encontrados 
na planta (Cannabis sativa L.). No entanto, após a descoberta de um sistema 
canabinoide endógeno e a produção de canabinoides sintéticos, esta nomenclatura 
passou a ser utilizada para todos os ligantes dos receptores canabinoides (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
 
A maconha é uma planta composta por vários canabinoides, sendo 
que estes canabinoides possuem efeitos diferenciados e até mesmo alteraram o 
efeito de outros. Entre estes canabinoides merece destaque o THC pelo seu uso 
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
148
medicinal e também pelo seu efeito psicoativo (principal composto relacionado a 
este efeito) (MELO; SANTOS, 2016).
 
Outro importante composto que vem sendo utilizado com finalidades 
medicamentosas é o canabidiol, um canabinoide encontrado na maconha e 
que é isento dos efeitos psicotrópicos promovidos pelo THC, possuindo efeitos 
ansiolíticos, promove bem-estar generalizado e aumento na capacidade de 
concentração, além de reduzir os efeitos do THC (MELO; SANTOS, 2016), sendo 
tanto o THC como o canabidiol utilizados para o tratamento de uma grande 
variedade de doenças, desde doença de Alzheimer até complicações do diabetes 
(GURGEL et al., 2019).
5.8.1 Toxicocinética da maconha
A absorção por via pulmonar de maconha é rápida devido à grande 
área de superfície alveolar, a extensão da rede capilar, além do fluxo sanguíneo 
que irriga o órgão. Portanto, a detecção do canabinoide THC é possível de ser 
realizada no plasma, cerca de segundos após o cigarro de maconha ser fumado 
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). O nível plasmático máximo da droga 
(THC) é obtido entre 3 a 10 minutos após o usuário terminar de fumar (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Por via oral, o padrão de absorção do THC ocorre de maneira lenta e 
irregular e o alcance da concentração plasmática da droga ocorre entre uma a duas 
horas. A disponibilidade por esta via é bastante reduzida, variando de 4 a 12%. 
O canabinoide THC liga-se em alta porcentagem às proteínas plasmáticas (97-
99%) e distribui-se para os tecidos altamente vascularizados como encéfalo, rins, 
fígado e pulmões, o que faz com o que ocorra um decréscimo de sua concentração 
plasmática; em virtude de sua alta lipofilicidade também se encontra em altas 
concentrações no tecido adiposo (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). A 
seguir, você pode analisar uma tabela referente à toxicocinética da Cannabis sativa.
TABELA 1 – TOXICOCINÉTICA DA CANNABIS SATIVA
Via de 
Administração
Velocidade de 
Absorção
Biodisponibilidade 
sistêmica
Efeito subjetivo 
máximo
Duração
ORAL LENTA E IRREGULAR 4-12% 30-60 min 2,5 – 3,5 horas
PULMONAR MUITO RÁPIDA 8-24% Minutos 8-15 min
FONTE: Adaptado de Oga, Camargo e Batistuzzo (2008)
A Cannabis sativa sofre biotransformação quase integralmente através 
do citocromo P450, além de ocorrer biotransfomação pulmonar e cardíaca. As 
vias de excreção da droga são principalmente através da urina e fezes (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). 
TÓPICO 1 | TOXICOLOGIA SOCIAL
149
5.8.2 Toxicodinâmica da Cannabis sativa
A Cannabis sativa age sobre dois tipos de receptores, CB1 e CB2: os 
receptores CB1 são expressos em nível de SNC, enquanto os receptores do tipo CB2 
localizam-se em estruturas que se relacionam ao sistema imune e a hematopoiese 
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
A descoberta de endocanabinoides (canabinoides endógenos) nos 
anos 1990, revolucionou o estudo desta droga. Estes canabinoides produzidos 
pelo próprio organismo humano foram denominados anandamida (derivado 
do sânscrito ananda – que indica felicidade) e 2-araquidonil-glicerol (2-AG) 
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). O conjunto destes receptores, os 
endocanabinoides e as enzimas participantes do processo de síntese e degradação 
destes endocanabinoides formam o que denominamos sistema canabinoide 
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
O mecanismo de ação dos canabinoides envolve a ativação de receptores 
acoplados à proteína G, bem como a ativação de canais de sódio (Na+) e Cálcio 
(Ca+2) ativados por voltagem (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Apesar de 
ser a droga ilícita mais utilizada pela população mundial, a completa elucidação 
do seu mecanismo de ação, em função da sua complexidade, ainda não foi 
esclarecida (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). 
Caro acadêmico! Você já deve ter ouvido/lido as notícias recentes sobre o 
uso de canabinoides para determinadas doenças, na qual a sua eficácia é comprovada e 
não responde a outros medicamentos, por exemplo, convulsões, doenças degenerativas 
e câncer? Além disso, nos últimos anos tem se falado muito sobre a descriminalização 
da maconha, inclusive com a proposta de projeto de lei para que isso ocorra. O que você 
pensa sobre isso? Qual é a sua opinião sobre o uso medicinal dos canabinoides (maconha)? 
Para ajudar na formação da sua opinião, deixamos dois links que valem a sua reflexão!
https://www.conjur.com.br/2018-jul-11/projeto-lei-regulamentar-cultivo-consumo-
maconha
https://exame.abril.com.br/brasil/senado-aprova-e-uso-de-maconha-medicinal-vira-
projeto-de-lei/.
DICAS
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
150
: Por fim, leitor, não podemos deixar de citar as drogas lícitas, que apesar de ter 
sua produção e distribuição regulamentada por lei, possuem potencial de dependência tão 
severo ou ainda maior que determinadas drogas ilícitas! Por isso separamos como leitura 
para você, dois artigos que abordam os males ocasionados pelo álcool e tabaco!
https://periodicos.unichristus.edu.br/jhbs/article/view/2934/1046
https://www.inca.gov.br/observatorio-da-politica-nacional-de-controle-do-tabaco/
doencas-relacionadas-ao-tabagismo.
DICAS
151
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• O entendimento do objeto de estudo da toxicologia social é de extrema 
importância para o desenvolvimento de políticas públicas que visem ao 
combate ao uso indiscriminado de drogas lícitas e ilícitas, bem como estratégias 
que visem à redução do consumo e do dano ocasionado por estas drogas.
• A classificação de drogas lícitas, que de maneira simplificada são legalizadas 
pelos governos de drogas ilícitas, que não são legalizadas e são o objeto do 
tráfico de drogas, não passa por questões relacionadas aos malefícios causadas 
por ambas, ou seja, o potencial danoso ocasionado por drogas, pode ser 
associado tanto a drogas lícitas quanto ilícitas.
• As drogas ilícitas podem ser classificadas de diversas formas e no nosso livro 
didático optamos pela classificação de acordo com o seu mecanismo
de ação 
junto ao SNC, consequentemente, isso relaciona os efeitos comportamentais 
que estas drogas podem causar no indivíduo.
• Indivíduos podem ser classificados em usuários e dependentes de acordo com 
diversos critérios e fatores de risco. Para isto o CID-10 elencou determinados 
critérios que visam classificar o indivíduo como dependente de drogas.
• Diferentes drogas possuem diferentes mecanismos de ação de acordo com sua 
classificação. Neste tópico, você pôde avaliar diversos aspectos que se referem 
à toxicocinética e toxicodinâmica de diferentes tipos de drogas, bem como em 
relação a sua toxicidade clínica.
152
1 A toxicidade ocasionada por anfetaminas se caracteriza por um excesso 
de agitação, insônia, hiperatividade e pela dilatação da pupila (midríase), 
entre outros sintomas. A intoxicação por esta droga não possui antídoto e 
o tratamento consiste em suporte à vida do indivíduo até a metabolização 
completa da droga. O mecanismo de ação sugerido para esta droga consiste 
no aumento, principalmente, da liberação dos seguintes neurotransmissores:
(a) ( ) Gaba e dopamina.
(b) ( ) Gaba e glutamato.
(c) ( ) Glutamato e dopamina.
(d) ( ) Noradrenalina e dopamina.
(e) ( ) Dopamina e óxido nítrico.
2 A droga ilícita mais amplamente utilizada ao redor do mundo é maconha 
(Cannabis). Entretanto, esta droga já foi utilizada para a confecção de roupas 
e teve seu uso liberado e até mesmo estimulado em determinados países 
e em determinados períodos. A maconha exerce seus efeitos psicoativos 
tanto em nível central quanto em nível periférico, através da estimulação 
de receptores que respondem a esta droga (CB1 e CB2). De acordo com sua 
ação sobre o SNC, a maconha pode ser classificada como uma droga:
(a) ( ) Estimulante. 
(b) ( ) Depressora.
(c) ( ) Alucinógena.
(d) ( ) Lícita.
(e) ( ) Não recebe classificação.
3 Você já deve ter visto em alguns filmes policiais alguma cena em que o 
traficante ou o comprador de cocaína, para testar a “pureza” da droga, 
rapidamente passa o dedo na cocaína e a coloca na gengiva. Com este ato, 
o comprador da droga pode observar que a cocaína confere rapidamente 
propriedades analgésicas em sua gengiva, uma superfície mucosa altamente 
absorvível. Essa analgesia se mostra na forma de “adormecimento” da 
gengiva e o mecanismo responsável por esse efeito se deve ao bloqueio 
desta droga dos canais de:
(a) ( ) Cálcio.
(b) ( ) Sódio.
(c) ( ) Potássio.
(d) ( ) Cloreto.
(e) ( ) Fósforo.
AUTOATIVIDADE
153
4 Esta droga entrou no Brasil no início dos anos 1990. É fumada, rapidamente 
atinge o SNC (cerca de 15 segundos) e mantém seu efeito por pouco tempo 
(cerca de 5 minutos, o que faz com que o usuário rapidamente a busque 
novamente, facilitando o estabelecimento da síndrome de dependência de 
droga impura e barata, fez como que seu uso se popularizasse em nosso 
país. Esta droga é o (a):
(a) ( ) Merla.
(b) ( ) Anfetamina.
(c) ( ) Cocaína.
(d) ( ) Crack.
(e) ( ) LSD.
5 A descoberta das substâncias endógenas nos anos 1990 anandamida 
(derivado do sânscrito ananda – que indica felicidade) e 2-araquidonil-
glicerol (2-AG) foi fundamental para o entendimento do mecanismo de 
ação desta droga, apesar de ele ainda não ser completamente elucidado. 
Estamos falando do(a):
(a) ( ) Cocaína.
(b) ( ) LSD.
(c) ( ) Anfetamina.
(d) ( ) Ecstasy.
(e) ( ) Maconha.
154
155
TÓPICO 2
TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Prezado acadêmico! Você faz uso de algum medicamento? Sabe-se da 
importância do uso de medicamentos e do desenvolvimento de novos fármacos 
para o tratamento de doenças, mas quando este uso deixa de ser relacionado 
ao tratamento de doenças e passa a ser de maneira “compulsiva”? Novamente 
entramos na fronteira entre o uso medicamentoso destes fármacos (medicamentos) 
e o uso tóxico (usuário/ dependente). 
Você sabia que o Brasil é o país mais “ansioso” do mundo? Quais serão os 
fatores que dão ao nosso país este amargo título?
Nesta unidade, abordaremos como agem determinados grupos de 
medicamentos, os mais associados a processos de intoxicação e dependência, 
além de discutirmos os fatores que levam ao seu uso.
Assim como as drogas lícitas, determinados medicamentos estão “mais 
perto” da gente, alguns não sujeitos ao controle de receita pela farmácia e 
farmacêutico, ou seja, são de venda livre e outros que mesmo sujeitos ao controle 
de receita e prescrição médica podem ser “mais fáceis de serem obtidos”.
Você verá que o maior número de intoxicações e tentativas de suicídio 
registrados em nosso país ocorrem pelo uso abusivo de medicamentos justamente 
por ter acesso a essas drogas. Você também será levado a refletir por que ocorre 
a busca dos medicamentos em nossa sociedade e será convidado a refletir sobre 
qual é a relação custo/benefício de justamente “se enquadrar” em nossa sociedade 
atual.
Então, vamos aprender mais sobre toxicologia de medicamentos!?
2 BARBITÚRICOS
Os medicamentos denominados barbitúricos possuem uma extensa 
história de uso na medicina em virtude de seus efeitos hipnóticos (indutores de 
sono), anticonvulsivantes e anestésicos. Entretanto, possuem estreita margem 
156
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
terapêutica e alto potencial de intoxicação suicida, acidental ou medicamentosa 
(RUIZ; CABALLERO; BERBERANA, 2013).
 
O primeiro barbitúrico sintetizado com potencial terapêutico foi o 
barbital. Posteriormente, surgiu o fenobarbital, o qual é utilizado até os dias 
atuais em virtude de seu potencial anticonvulsivante. Entretanto, esta classe de 
medicamentos foi associada a um grande número de intoxicações letais no início 
dos anos 1970, em virtude de overdose, sendo esta classe a responsável pelo maior 
número de mortes induzida por fármacos (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 
2008).
Habitualmente, a causa de intoxicação acidental por esta classe de 
medicamentos é produzida pela autoadministração do paciente por esquecer-se 
do consumo de doses anteriores, o que pode levar a uma overdose. Vale ressaltar 
que entre as intoxicações agudas que ocorrem por este fármaco, destacam-
se aquelas ocorridas por crianças que consomem este fármaco de maneira não 
prescrita e sim de forma acidental (RUIZ; CABALLERO; BERBERANA, 2013).
Entre os pacientes que sofrem intoxicações intencionais os fármacos 
barbitúricos de ação prolongada são preferidos, normalmente acontecendo 
entre pacientes que possuem fácil acesso a este tipo de medicamento. Já as 
intoxicações ocorridas por fármacos desta classe que possuem ação curta e 
ultracurta ocorrem, normalmente, por profissionais de saúde, uma vez que estes 
possuem conhecimento e acessibilidade a estes fármacos (RUIZ; CABALLERO; 
BERBERANA, 2013).
 
As ações destes fármacos, que são caracterizadas como longa, 
intermediária, curta e ultracurta, referem-se ao tempo de meia-vida de eliminação 
destes fármacos (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). A figura a seguir traz 
alguns exemplos de medicamentos dessa classe, juntamente a sua classificação.
TÓPICO 2 | TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS
157
FIGURA 18 – CLASSIFICAÇÃO DOS BARBITÚRICOS DE ACORDO COM SUA DURAÇÃO 
DE AÇÃO
FONTE: Whalen, Finkel e Panavelil (2016, p. 127)
Sua toxicidade deve-se, principalmente, ao seu mecanismo de ação que 
leva à depressão do SNC ou em consequência de efeitos secundários deste 
mecanismo. Além disso, podem aparecer quadros clínicos como irritabilidade e 
158
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
paranoia. Os sintomas decorrentes da intoxicação por barbitúricos são variáveis, 
desde alteração do nível de consciência até o coma profundo, incluindo hipotermia 
e manifestações cutâneas (RUIZ; CABALLERO; BERBERANA, 2013). A causa 
mais comum de morte decorre por depressão respiratória (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008).
Michael Jackson foi considerado o “Rei do Pop” pela mídia especializada em 
música, obtendo
sucesso e fortuna com sua música e talento, principalmente entre a 
década de 1980 e 1990. O rei do pop morreu em 2009 por overdose de propofol, um 
barbitúrico utilizado para anestesia. A música neste ano perdeu um de seus maiores astros. 
Você pode ver um programa sobre a autópsia do cantor no link a seguir e a identificação 
do propofol como causa de sua morte. Acesse: https://www.youtube.com/watch?v=XF-
Lu7x7z48.
DICAS
2.1 TOXICOCINÉTICA DOS BARBITÚRICOS
A principal via de administração desta classe de fármacos se dá 
principalmente por via oral, consequentemente sendo absorvido pela via intestinal 
de maneira rápida e completa, variando seu início de ação em um período de 10 
a 60 minutos. Esse tempo de absorção e início de ação sofre variação de acordo 
com a via de administração e características da droga, entre outros fatores (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). 
Outras vias de administração, quer seja de maneira voluntária ou não, são a 
via intravenosa e intramuscular e, eventualmente, a via retal. Casos de intoxicação 
são relatados por trabalhadores da indústria farmacêutica que tiveram a absorção 
do fármaco por inalação e por via cutânea (RUIZ; CABALLERO; BERBERANA, 
2013). 
Compostos barbitúricos se ligam em grande porcentagem a proteínas 
plasmáticas e tissulares, o que contribui para a sua grande distribuição pelo 
organismo. Estes fármacos são altamente lipossolúveis, atravessam barreiras do 
organismo, como por exemplo, a barreira placentária, distribuem-se a todos os 
tecidos, principalmente fígado, encéfalo e rim (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 
2008). Por serem lipossolúveis, podem acumular-se no tecido adiposo, o que lhes 
confere alta toxicidade (RUIZ; CABALLERO; BERBERANA, 2013). 
 
Em função desta lipofilicidade, são capazes de chegar ao SNC (pois 
atravessam a BHE), onde são capazes de ocasionar seus efeitos clínicos. Sua 
biotransformação é essencialmente hepática, entretanto, essa biotransformação 
TÓPICO 2 | TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS
159
pode ocorrer em menor porcentagem nos rins, encéfalo, coração, intestino, músculo 
e baço. Em pequena proporção, o metabolismo hepático destes compostos pode 
originar metabólitos ativos. A excreção destes compostos é majoritariamente 
renal, tanto em sua forma original quanto biotransformados (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008).
2.2 TOXICODINÂMICA DOS BARBITÚRICOS
O mecanismo de ação dos barbitúricos relaciona-se diretamente com a 
ativação do receptor GABA A, um subtipo de receptor sensível ao GABA (ácido 
gama-aminobutírico), que possui sua ação potencializada quando ocorre a 
ligação dos barbitúricos a este receptor (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). 
Na imagem a seguir é possível observar o local onde ocorre a ligação do fármaco 
ao receptor GABA A.
FIGURA 19 – SÍTIO DE LIGAÇÃO DO RECEPTOR GABA 
A
 PARA BARBITÚRICOS
FONTE: Adaptado de Bear, Connors e Paradiso (2008)
 
160
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
Após a ligação do fármaco ao receptor ocorre o aumento do influxo de 
Cl- íons, que atravessam o canal GABA A quando este é ativado, promovendo 
a hiperpolarização da célula neuronal e bloqueando, assim, a transmissão do 
impulso nervoso. Esse efeito é verificado tanto no neurônio pré-sináptico quanto 
pós-sináptico (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; (RUIZ; CABALLERO; 
BERBERANA, 2013). Você pode entender um pouco mais deste mecanismo de 
ativação do receptor GABA e influxo de cloreto para o meio intracelular na figura 
a seguir.
FIGURA 20 – INTERAÇÃO GABA E RECEPTOR GABA PROMOVENDO O INFLUXO 
DE CL- PARA O MEIO INTRACELULAR, PROMOVENDO A HIPERPOLARIZAÇÃO DO 
NEURÔNIO
FONTE: Adaptado de Whalen et al. (2016, p. 109)
Como resultado desta hiperpolarização temos os efeitos observados 
pelos barbitúricos que vão desde hipnose (sono) até o coma profundo (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). Assim como citamos logo no início do texto 
sobre barbitúricos, estes medicamentos possuem estreita faixa terapêutica, logo 
estão relacionados a altas taxas de suicídio tanto de maneira intencional quanto 
acidental. Como alternativa aos barbitúricos, surgem os benzodiazepínicos 
(BDZ). Vamos conversar mais sobre eles, logo a seguir, no próximo item!
TÓPICO 2 | TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS
161
2.3 INTOXICAÇÃO AGUDA POR BARBITÚRICOS
 
Conforme citado na introdução sobre barbitúricos, esta classe de 
medicamentos passou a ser menos usada na medicina em função de uma série 
de fatores, como a sua limitada margem de segurança em intoxicações agudas 
por excesso de dose, elevado potencial de dependência e alto grau de depressão 
respiratória (SCHATZBERG; COLE; DEBATTISTA, 2004).
Dosagens desta classe de drogas para fins hipnóticos (indução do sono) 
podem promover o que é conhecido como “ressaca”, que interfere na capacidade 
de o paciente atuar de maneira satisfatória por várias horas após o despertar 
(WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016).
Pacientes que não fizeram uso anterior desta classe de drogas, podem 
demonstrar sonolência intensa que se manifesta até 24 horas após a ingestão. O 
uso desta classe de drogas associada ao álcool, potencializa o seu efeito, bem 
como associada a outros depressores de ação sobre o SNC (SCHATZBERG; 
COLE; DEBATTISTA, 2004).
Barbitúricos são capazes de promover a indução de enzimas hepáticas 
relacionadas ao sistema citocromo P450 (CYP450), alterando assim a 
biotransformação de vários fármacos administrados concomitantemente. Os 
barbitúricos também possuem contraindicação em pacientes portadores de 
uma patologia denominada porfiria intermitente aguda (doença hematológica 
relacionada ao transporte de oxigênio no sangue) (SCHATZBERG; COLE; 
DEBATTISTA, 2004).
A rápida retirada de barbitúricos pode levar a ocasionar tremores, 
ansiedade, fraqueza, intranquilidade, êmese, náuseas, convulsões, delírios e 
paradas cardíacas (RANG; DALE, 2001; SCHATZBERG; COLE; DEBATTISTA, 
2004, 2016). A morte pela utilização dos barbitúricos ocorre normalmente por 
intensa depressão respiratória (RANG; DALE, 2001).
O tratamento na intoxicação grave por barbitúricos é bastante complexo 
e envolve a monitorização, tanto cardiovascular quanto respiratória, além da 
realização de lavagem gástrica e alcalinização urinária com o objetivo de aumentar 
a velocidade de eliminação do fármaco. (SECRETARIA DA SAÚDE, PR, s.d.).
3 BENZODIAZEPÍNICOS (BDZ)
 
Este grupo de fármacos é amplamente utilizado ao redor do mundo. 
A história da descoberta deste grupo de medicamentos remonta ao ano de 
1961, com a introdução no mercado do cloridiazepóxido (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008). Esta classe é amplamente utilizada com atividade ansiolítica, 
anticonvulsivante, relaxante muscular e com ação indutora de sono (hipnótica) 
(RANG; DALE; RITTER, 2008).
162
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
Estes fármacos substituíram os barbitúricos em função de serem 
considerados mais seguros e eficazes (WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016). 
Entretanto, apesar de serem utilizados como agentes ansiolíticos e hipnóticos, 
nem sempre são as melhores escolhas para o tratamento destas patologias, visto 
que outros medicamentos também se encontram disponíveis no mercado e são 
preferidos, como exemplo podemos citar os antidepressivos inibidores seletivos 
da receptação de serotonina (ISRS) e anti-histamínicos (WHALEN; FINKEL; 
PANAVELIL, 2016).
 
A segurança desses medicamentos em comparação a outros fármacos 
utilizados com a mesma finalidade pode ser representada pela figura a seguir, 
sendo que o Diazepam pertence à classe dos BDZs.
FIGURA 21 – RELAÇÃO DOSE LETAL/DOSE EFICAZ DOS BDZ COMPARADOS A 
OUTROS GRUPOS FARMACOLÓGICOS
FONTE: Adaptado de Whalen (2016, p. 122)
3.1 TOXICOCINÉTICA DO BDZ
Assim como os barbitúricos, os BDZs apresentam características lipofílicas 
o que permite sua absorção de forma rápida e completa após administração 
por via oral (WHALEN, FINKEL e PANAVELIL, 2016). Outras vias utilizadas 
para a administração destes
fármacos são as vias intramuscular, intravenosa 
e retal (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). De maneira semelhante aos 
barbitúricos, a meia-vida destes fármacos também é dividida em curta, média e 
TÓPICO 2 | TOXICOLOGIA DE MEDICAMENTOS
163
longa duração (WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016).
Estes medicamentos ligam-se intensamente às proteínas plasmáticas 
e, portanto, possuem boa distribuição pelos tecidos, e como mencionado, em 
função da lipossolubilidade são capazes de atingir o SNC (OGA; CAMARGO; 
BATISTUZZO, 2008). Os BDZs sofrem biotransformação hepática, formando 
compostos intermediários que também são ativos (WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 
2016) e sua excreção ocorre na urina, principalmente na forma de metabólitos 
(WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016). 
3.2 TOXICODINÂMICA DOS BDZ
Os BDZs possuem mecanismo de ação semelhante aos barbitúricos. Então, 
qual é a diferença entre eles? Por que são mais seguros? Para podermos explicar 
isso mais claramente, sugerimos que observemos a figura a seguir:
FIGURA 22 – LIGAÇÃO BDZ-GABA E ABERTURA DO CANAL ÍON CLORETO
FONTE: Adaptado de Whalen, Finkel e Panavelil (2016, p. 122)
Nesta figura, podemos observar que, de maneira semelhante, o 
mecanismo de ação tanto dos barbitúricos quanto dos benzodiazepínicos consiste 
em promover a ativação do receptor GABA e assim permitir a entrada de íon 
cloreto para o meio intracelular, despolarizando o neurônio. Entretanto, o que 
diferencia ambos e confere maior segurança aos benzodiazepínicos (margem 
terapêutica) é que enquanto os barbitúricos agem promovendo o aumento do 
164
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
TEMPO de abertura do canal GABA, os BDZs agem promovendo o aumento 
da FREQUÊNCIA de abertura deste canal e, por este motivo, são mais seguros 
(WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016; BRAZ; CASTIGLIA, 2000). 
3.3 INTOXICAÇÃO AGUDA POR BDZ
 
Os benzodiazepínicos, devido a sua margem de segurança (MS), 
constituem-se em um grupo de drogas que oferecem menor risco quando 
comparados a outras drogas, por exemplo, os barbitúricos (RANG; DALE, 
2001). Como esta classe de fármacos é frequentemente utilizada em tentativas 
de suicídio, sua elevada margem de segurança constitui-se em uma considerável 
vantagem, o que resulta em baixa letalidade em doses excessivas (RANG; DALE; 
RITTER, 2001; (WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016). 
 
Entretanto, na presença de outras drogas depressoras do SNC, por 
exemplo, o álcool, a intoxicação por BDZs pode ocasionar depressão respiratória 
severa com potencialidade para o óbito (RANG; DALE; RITTER, 2001; (WHALEN; 
FINKEL; PANAVELIL, 2016).
O flumazenil, um fármaco antagonista dos BDZs, que age promovendo 
antagonismo do receptor GABA, é utilizado com a finalidade de reverter 
rapidamente os efeitos ocasionados pela intoxicação com BDZs. Este fármaco é 
aplicado somente por via intravenosa, possuindo ação rápida, entretanto, com 
duração curta, sendo sua meia-vida de aproximadamente uma hora (WHALEN; 
FINKEL; PANAVELIL, 2016). 
BDZ que possuem ação longa podem necessitar de administrações 
frequentes de flumazenil e esta administração frequente resultar em síndromes 
de abstinência em pacientes que são dependentes de BDZs (WHALEN; FINKEL; 
PANAVELIL, 2016.
Também se deve ressaltar que uma das indicações do uso dos BDZs é 
em função de sua atividade anticonvulsivante. Assim, em pacientes tratados 
com BDSz para esta finalidade, a administração de flumazenil pode promover 
convulsões nestes pacientes (WHALEN; FINKEL; PANAVELIL, 2016).
Além do tratamento com o antagonista flumazenil, deve-se avaliar a 
função respiratória do paciente e administrar oxigênio caso necessário, além de 
se monitorar a pressão arterial e sinais vitais.
 
A presença de um antagonista eficiente para o tratamento de intoxicações 
agudas por BDZs torna esta classe de medicamentos ainda mais segura, fazendo 
com que os efeitos de uma eventual intoxicação possam ser revertidos, o que 
não ocorre comumente com outros depressores do SNC (RANG; DALE; RITTER, 
2001), conforme vimos anteriormente com os barbitúricos que não possuem um 
antagonista específico.
165
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Medicamentos barbitúricos e BDZs possuem seu uso medicamentoso 
regularizado, entretanto, apresentam problemas decorrentes do seu uso como 
droga de abuso.
• Medicamentos barbitúricos e BDZs possuem mecanismo de ação semelhante, 
apresentando uma sutil diferença entre estes mecanismos.
• BDZs são considerados fármacos que oferecem maior margem de segurança 
em relação aos barbitúricos.
• Medicamentos barbitúricos e BDZs apresentam sinais clínicos relacionados a 
sua intoxicação.
• Barbitúricos e BDZs necessitam, quando da ocorrência de intoxicação aguda, 
determinados tratamentos de suporte à vida, em função de sua toxicidade.
166
AUTOATIVIDADE
1 O último relatório do Centro de Informação e Assistência Toxicológica 
de Santa Catarina (CIATox/SC) (http://ciatox.sc.gov.br/) demonstra que a 
segunda maior causa de intoxicações no estado de SC ocorre por intoxicações 
medicamentosas. Com relação a esta informação do CIATox/SC e com base 
no que você estudou sobre toxicologia de medicamentos, discorra acerca do 
motivo destes números.
FONTE: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/handle/123456789/179034>. Acesso em: 6 mar. 
2020.
2 Diversos agentes toxicantes, inclusive medicamentos, não possuem 
antídotos capazes de reverter os efeitos de uma intoxicação aguda. 
Entretanto, o flumazenil é um fármaco capaz de reverter os efeitos da 
intoxicação aguda por BDzs. Explique o mecanismo de ação do flumazenil.
3 O mecanismo de ação dos barbitúricos e BDZs é bastante semelhante, 
entretanto apresenta pequenas diferenças que conferem maior segurança 
aos BDZs. Com base no que você estudou sobre essas duas classes de 
medicamentos, explique o mecanismo de ambos os fármacos.
4 É bastante comum a informação prestada por profissionais da saúde com 
relação a que medicamentos não devem ser administrados com álcool 
(etanol). Entretanto, esta informação é ainda mais pertinente quando 
relacionamos os medicamentos de ação sobre o SNC, no nosso estudo os 
barbitúricos e os BDZs. Por que esta informação é relevante? Justifique a 
sua resposta.
167
TÓPICO 3
TOXICOLOGIA OCUPACIONAL
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Você já parou para observar o ambiente em que trabalha 
e estuda? Será que o ambiente em que passamos grande parte de nosso tempo 
se encontra adequado à manutenção da nossa saúde? A quais riscos somos 
submetidos diariamente quando vamos trabalhar ou estudar? Por fim, estamos 
protegidos ou nos protegemos no nosso ambiente laboral?
Estas dúvidas não são recentes e por volta do ano 1700, o chamado 
“Pai da Medicina do Trabalho”, Bernardino Ramazzini, começou a elucidá-las. 
Obviamente, muito se evoluiu desde essa época, inclusive com a identificação 
de novas substâncias tóxicas e com o surgimento de novas profissões que são 
colocadas em risco. No entanto, acreditamos que ainda há muito a evoluir neste 
campo, uma vez que novos compostos químicos são sintetizados, além dos 
perigos oferecidos por forças físicas como radiações (de diferentes tipos).
A toxicologia ocupacional caminha lado a lado do trabalhador, visando 
ao seu bem-estar, e apoia-se na ciência e na justiça para que se identifiquem 
substâncias com potencial tóxico e que leis sejam criadas e respeitadas para visar 
ao seu bem maior: a saúde do trabalhador!
Neste tópico abordaremos alguns agentes tóxicos nos quais determinadas 
classes de trabalhadores estão expostos, obviamente, não seremos capazes de 
abordar todas as classes trabalhadoras e nem os inúmeros agentes tóxicos, mas 
objetivamos, de maneira geral, propiciar a você, acadêmico, os conhecimentos 
básicos a esta importante área da toxicologia.
 
Para este fim, utilizaremos, no final do tópico, o auxílio da legislação 
brasileira no que se refere à toxicologia ocupacional
e quais são as leis que a 
regulamentam no Brasil.
Boa leitura!
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
168
2 EXPOSIÇÃO A SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS
 A exposição a substâncias químicas, quer seja no ambiente de 
trabalho ou no ambiente no qual o indivíduo convive, é capaz de ocasionar efeitos 
tóxicos no estado de saúde das pessoas que convivem nestes ambientes (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Uma das funções do toxicologista ocupacional é justamente a prevenção 
destes efeitos adversos à saúde dos trabalhadores em decorrência de sua 
exposição ao seu ambiente de trabalho. Esta não é uma tarefa fácil, visto que o 
ambiente pode apresentar diferentes toxicantes e o reconhecimento de exposições 
combinadas aos agentes constitui-se em uma atividade complexa (CASARETT; 
DOULL, 2012).
Em algumas situações o aparecimento das manifestações da doença 
ocupacional ocorre muito tempo após a exposição, além disso doenças 
ocupacionais, muitas vezes, não são diferentes de doenças não ocupacionais e, 
por fim, doenças oriundas do trabalho podem ser multifatoriais, pois envolvem 
outros fatores ambientais que contribuem para o estabelecimento da doença 
FUNDACENTRO, 2012).
Em virtude desta complexidade, é importante determinar os efeitos 
tóxicos existentes no ambiente de trabalho e estes podem ser classificados em três 
classes (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
• Efeitos determinísticos: busca a relação entre os fenômenos (agentes toxicantes/
doença).
• Efeitos probabilísticos (aleatórios).
• Efeitos imunoalérgicos.
O principal foco da toxicologia ocupacional está na identificação de 
efeitos determinísticos, ou seja, uma relação direta dose-resposta e manifestação 
dos efeitos. Vale ressaltar que a toxicologia ocupacional tem demonstrado amplo 
interesse atualmente nos efeitos imunoalérgicos, envolvendo reações alérgicas 
individuais (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Desta forma, a toxicologia ocupacional visa estabelecer e monitorar os 
limites de exposição a estes agentes toxicantes aos quais os trabalhadores serão 
submetidos.
3 LIMITES DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL
Os trabalhadores, bem como os empregadores, devem obedecer a limites 
à exposição de determinados agentes químicos, físicos e biológicos pelos quais 
os próprios trabalhadores são submetidos, visando à segurança e a saúde do 
trabalhador (CASARETT; DOULL, 2012). 
TÓPICO 3 | TOXICOLOGIA OCUPACIONAL
169
Os limites de exposição a agentes químicos e biológicos obedecem aos 
níveis aceitáveis de concentração ambiental (occupational exposure limits – OELs ou 
Limites de exposição ocupacional – LEOs, no Brasil também chamados de Limites 
de Tolerância – LTs), ou obedecem às concentrações de um agente toxicante, de 
seus metabólitos ou de um marcador específico de seus efeitos (biological exposure 
índices – BEIs). Os LEOs são determinados por agências regulatórias ou como 
guias por grupos específicos de pesquisa ou determinados por instituições 
privadas FUNDACENTRO, 2012).
 
Dentre estas instituições privadas, merece destaque a ACGIH (American 
Conference of Governmental Industrial Hygienists ou Conferência Americana de 
Higienistas Industriais Governamentais) publicadora de LEOs físicos e químicos 
denominados TLVRs (Treshold limit values) e BEIs (biological exposure indices) 
FUNDACENTRO, 2012).
 
Isoladamente, os LEOs não correspondem aos níveis de exposição 
máxima ao qual o trabalhador deve se submeter de maneira aceitável. Para que 
se caracterizem níveis de exposição aceitáveis, é preciso identificar as doenças 
potenciais advindas desta exposição e/ou seus efeitos nocivos, caracterizar o 
perigo existente e, por fim, correlacionar a intensidade da exposição ou dose ao 
qual o trabalhador é submetido com os efeitos deletérios a sua saúde (CASARETT; 
DOULL, 2012).
Vale ressaltar que os LEOs são guias de orientação e na maior parte das 
situações não se consegue estabelecer uma relação dose-efeito, apesar de ser uma 
relação preconizada, como citamos anteriormente; assim, podemos inferir que 
os LEOs respondem a critérios subjetivos, obedecendo relações político-sociais 
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
A partir do exposto, podemos imaginar que determinado LEO não 
corresponde exatamente ao limite ao qual o trabalhador deve ser exposto e sim 
a um “intervalo de limites”. Por exemplo: um indivíduo que pode ser exposto 
à determinada substância com um LEO de 100 ppm., significa que o indivíduo 
pode ser exposto a uma faixa entre 90 e 110 ppm ou até mesmo uma faixa mais 
ampla (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Desta forma, valores relacionados à faixa compreendida pelo LEO podem 
ser modificados devido a uma série de fatores inerentes ao trabalhador, tais como 
gênero, sexo, idade, jornada de trabalho, turnos e duração da jornada (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
4 DOENÇAS OCUPACIONAIS
O adoecimento ocupacional é caracterizado como “qualquer alteração 
biológica ou funcional (física ou mental) que ocorre em uma pessoa em decorrência 
do trabalho” FUNDACENTRO, 2012).
 
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
170
O estabelecimento das doenças relacionadas ao trabalho pode não se dar 
de maneira imediata e, sim, após vários anos de exposição a diferentes fatores de 
risco.
A seguir citaremos algumas vias de exposição que podem originar 
doenças laborais.
4.1 VIAS DE EXPOSIÇÃO
As principais vias de exposição dos agentes toxicantes de característica 
química, física ou biológica, envolvem a exposição por inalação, ingestão ou pela 
absorção pela pele (dérmica). Vale pontuar que as infecções ocupacionais por 
agentes biológicos normalmente se relacionam aos profissionais de saúde e esta 
forma de contágio dá-se pela inalação ou ingestão de microrganismos, além de 
acidentes com perfurocortantes (agulhas contaminadas) (CASARETT; DOULL, 
2012).
4.2 DOENÇAS OCUPACIONAIS E DANOS AOS SISTEMAS 
DO CORPO HUMANO
Inúmeras doenças ocupacionais associam-se ao ambiente laboral. 
Podemos citar as doenças pulmonares como as responsáveis pelo início do estudo 
em toxicologia ocupacional (asbestose pelo carvão) (CASARETT; DOULL, 2012).
 
Entretanto, uma série de outras doenças ocupacionais podem ser listadas 
nos diferentes sistemas do corpo humano, por exemplo, o surgimento de tumores 
hepáticos, no trato gastrointestinal, sistema imune, sistema hematopoiético, 
doenças cardiovasculares, doenças que afetam o sistema reprodutor, danos ao 
SNC, além da exposição a agentes biológicos, entre outras (CASARETT; DOULL, 
2012). Além disso, agentes físicos como a radiação são capazes de promover 
queimaduras e tumores. O UNI vai apontar uma leitura que relaciona agentes 
toxicantes ocupacionais e doenças. 
Você sabia que alguns cânceres se relacionam diretamente ao ambiente 
ocupacional? O link a seguir é uma cartilha do INCA (Instituto Nacional do Câncer), que 
estabelece diretrizes para a vigilância do câncer relacionado ao trabalho. 
Acesse: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/diretrizes_vigilancia_cancer_
trabalho.pdf.
DICAS
TÓPICO 3 | TOXICOLOGIA OCUPACIONAL
171
5 TOXICOLOGIA EXPERIMENTAL – ESTUDOS COM ANIMAIS 
E ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
A realização de testes toxicológicos experimentais em animais é de 
extrema importância para a estimativa do nível de exposição em que se pode 
determinar o risco como aceitável. Estes testes visam, entre outros objetivos, 
avaliar se determinada substância é possuidora de atividade imunotóxica e 
possui características cumulativas (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008). 
Além destes, estudos de teratogenicidade e sobre o sistema reprodutivo também 
são avaliados através de estudos em animais (CASARETT; DOULL, 2012).
Cada toxicante deve ser avaliado sobre diferentes paradigmas: sítio-
alvo de ação, via de administração, mecanismo de ação, metabolismo, efeitos 
adversos e maneira de exposição dos trabalhadores devem ser consideradas no 
delineamento destes estudos FUNDACENTRO, 2012).
A epidemiologia
visa agregar as informações dos estudos em animais e 
também realizados em trabalhadores. O estudo do composto cloreto de vinila 
demonstrou sua toxicidade inicialmente em ratos e posteriormente se observaram 
estudos carcinogênicos em seres humanos (CASARETT; DOULL, 2012).
Todavia, não existe necessariamente uma plena relação entre estudos de 
toxicologia humana e animal. Neste sentido, vale citar o arsênio, um composto 
que é capaz de desenvolver cânceres em humanos, mas não demonstrou esta 
propriedade em animais (CASARETT; DOULL, 2012).
Desse modo, a necessidade de uma abordagem concomitante entre estudos 
em humanos e animais é fundamental para a toxicologia ocupacional, pois com 
base nestes estudos será possível a realização de iniciativas de prevenção, análise 
de riscos e vigilância que visem à manutenção da saúde do trabalhador (OGA; 
CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
6 MONITORAMENTO BIOLÓGICO E AMBIENTAL PARA A 
AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO
A dificuldade em se estabelecer LEOs decorre justamente de obter-
se amostras uniformes de trabalhadores expostos. Normalmente amostras 
individuais destes trabalhadores são utilizadas para a avaliação, por exemplo, 
amostras obtidas do sistema respiratório dos trabalhadores sujeitos a intoxicação 
ou efeitos por essa via FUNDACENTRO, 2012).
 
Assim, amostras repetidas parecem ser ideais para o desenvolvimento de 
determinadas medidas que visem à monitoração ou redução da exposição do 
indivíduo. Entretanto, estudos que analisam grupos de trabalhadores expostos, 
e não individualmente, recentemente têm se demonstrado mais satisfatórios 
quando se almeja um nível maior de exatidão (CASARETT; DOULL, 2012).
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
172
Esta forma de obtenção de amostras, ou seja, da contaminação ambiental, 
a qual o trabalhador é exposto, chamamos de monitoramento ambiental. 
Outra importante forma de monitoramento consiste na avaliação de agentes 
toxicantes diretos ou seus metabólitos em amostras obtidas de humanos ou 
animais, tais como urina, fezes, sangue, ar expirado, unhas, cabelo, lavado bronco 
alveolar, leite materno e tecido adiposo. Esse monitoramento denominamos de 
monitoramento biológico e estes agentes toxicantes e seus metabólitos chamamos 
de biomarcadores FUNDACENTRO, 2012).
 
Dessa forma, o biomonitoramento avalia a exposição ao agente químico 
a ser analisado por todas as vias de introdução no organismo. A vantagem 
do monitoramento biológico consiste em que esta medida se relaciona mais 
diretamente ao efeito tóxico à saúde do trabalhador pelo agente toxicante do que 
os valores obtidos pelo monitoramento ambiental (CASARETT; DOULL, 2012).
Este tipo de monitoramento (biológico) pode estimar de maneira mais 
efetiva o risco à saúde quando comparado ao oferecido pelo monitoramento 
ambiental, pois considera a penetração do agente toxicante por diferentes vias de 
exposição (CASARETT; DOULL, 2012.
Uma consideração que merece ser feita com relação ao monitoramento 
biológico em relação ao ambiental é que a exposição não ocupacional pode interferir 
nas avaliações deste parâmetro, ou seja, a exposição em ambiente residencial ou 
momentos de lazer, por exemplo (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008).
Outra constatação é que a avaliação ambiental se restringe à avaliação da 
penetração do toxicante, normalmente pela via respiratória, o que não é restrito 
quando se analisa o monitoramento biológico (OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 
2008).
Os hábitos de higiene dos trabalhadores, bem como a participação de 
interferentes metabólicos derivados de hábitos, como o fumo, o consumo de 
álcool, uso de fitoterápicos, medicamentos e drogas de maneira recreativa ou 
não podem alterar os valores dos bioindicadores, uma vez que estes hábitos e 
substâncias podem interferir no processo de síntese e biotransformações destes 
(CASARETT; DOULL, 2012).
O que podemos concluir é que ambos, tanto o monitoramento ambiental 
quanto o biológico, são imprescindíveis e complementares na análise da saúde 
ocupacional do trabalhador e devem ser realizados periódica e constantemente 
(OGA; CAMARGO; BATISTUZZO, 2008; CASARETT; DOULL, 2012).
No texto acima citamos o arsênio e o cloreto de vinila como agentes 
toxicantes relacionados diretamente à toxicologia ocupacional. Entretanto, a 
legislação brasileira prevê uma série de outros agentes toxicantes associados a 
doenças ocupacionais. Atualmente, o governo federal após uma consulta pública 
que se encerrou recentemente, em fevereiro deste ano, avalia a alteração da lista 
TÓPICO 3 | TOXICOLOGIA OCUPACIONAL
173
de doenças relacionadas ao trabalho (LDRT), que teve sua última atualização 
publicada em 2017 FUNDACENTRO, 2012).
A Portaria nº 1339 publicada inicialmente em 1999 estabelece os agentes 
etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional e as doenças relacionadas 
a estes agentes, caracterizando as doenças relacionadas ao trabalho (BRASIL, 
1999).
Para finalizar o nosso estudo de Toxicologia Ocupacional vamos falar um 
pouco de leis. Como é regulamentada a avaliação de agentes toxicantes no Brasil, 
através do monitoramento ambiental e ocupacional?
Ah, você que trabalhará em serviços de saúde, para a sua proteção e de seus 
pacientes, não esqueça de usar os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual). 
Você aprendeu sobre eles nas disciplinas que abordaram a biossegurança. O UNI 
a seguir auxiliará você no estudo da legislação. 
Diversas leis regulamentam a toxicologia ocupacional no Brasil, muitas delas 
são denominadas como NRs (Normas regulamentadoras) e complementam determinadas 
leis. Dentre estas leis e normas, duas merecem destaque: a NR-7, a NR-9 e a NR-15. A 
NR-7 estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os 
empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa 
de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA. Já a NR-9 estabelece o programa de prevenção 
de riscos ambientais e a NR-15 estabelece quais são as atividades e operações insalubres. 
Elas se encontram descritas a seguir. Com relação às leis que estabelecem riscos aos 
profissionais de saúde, deixamos o texto complementar no final do tópico!
http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr7.htm
http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr9.htm
http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/nr/nr15.htm.
DICAS
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
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LEITURA COMPLEMENTAR
A legislação brasileira e as recomendações internacionais sobre a exposição 
ocupacional aos agentes
Tanyse Galon
Maria Helena Palucci Marziale
Wecksley Leonardo de Souza
RESUMO
Revisão bibliográfica cujo objetivo foi identificar a legislação brasileira relacionada à 
exposição ocupacional a material biológico entre os trabalhadores de saúde e compará-
la com as principais recomendações da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e 
do Centers for Disease Control and Prevention (CDC). A busca de informações se deu por 
acesso aos sites do Ministério da Saúde, Ministério do Trabalho e Emprego, OIT e CDC. Os 
dados coletados foram categorizados em cinco temas para melhor compreensão e análise. 
Identifica-se que a legislação brasileira contempla grande parte das recomendações 
internacionais, porém a obrigatoriedade do fornecimento de dispositivos de segurança 
foi tardiamente incluída na legislação. Conclui-se que os trabalhadores precisam obter 
informações sobre seus direitos e deveres frente à exposição ao risco biológico.
Descritores: Acidentes de trabalho. Exposição a agentes biológicos. Legislação 
como assunto. Enfermagem do trabalho.
INTRODUÇÃO
A relação trabalho/saúde ainda se deflagra como um paradigma atual, 
sendo objeto de constantes reflexões e transformações. O modelo da Saúde do 
Trabalhador no Brasil permanece em construção, trazendo uma nova e ampliada 
perspectiva do processo de trabalho. No entanto, mesmo com esforços existentes, 
ainda são alarmantes os registros
de acidentes de trabalho e doenças profissionais 
no Brasil, com graves consequências para as vítimas e seus familiares, abalando 
a estrutura familiar nos aspectos emocionais, sociais e econômicos. Portanto, 
o modelo de Saúde do Trabalhador ainda apresenta um impacto de pouca 
visibilidade frente às injurias que atingem a saúde dos trabalhadores advindas 
da complexidade do modo de produção e seus efeitos.
As cargas de trabalho existentes (biológicas, físicas, químicas, psíquicas, 
mecânicas, entre outras) geram processos de desgaste, e o risco biológico é o 
mais relacionado à prática dos profissionais de saúde, uma vez que os serviços 
de saúde são locais que propiciam o constante contato com sangue ou outros 
fluidos orgânicos, conferindo a esses trabalhadores a possibilidade de adquirirem 
doenças como as hepatites B e C e a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida 
(AIDS).
Contudo, além de saber dos riscos a que está exposto no ambiente de 
TÓPICO 3 | TOXICOLOGIA OCUPACIONAL
175
trabalho, o trabalhador também precisa conhecer as legislações trabalhistas no 
sentido de identificar seus direitos e deveres e se integrar efetivamente no campo 
da Saúde do Trabalhador.
Na segunda metade da década de 1960, países industrializados, como a 
Alemanha, a França, os Estados Unidos e a Itália passaram por transformações nos 
modos de pensar, e em decorrência da mobilização dos trabalhadores, políticas 
sociais transformaram-se em leis, desencadeando mudanças na legislação do 
trabalho e nos aspectos da segurança e saúde do trabalhador.
No Brasil houve, em 1904, uma tentativa de se criar uma legislação 
especial para acidentes causados pelo trabalho, porém sem resultados, visto 
que os interesses políticos e econômicos do país estavam à frente das questões 
relacionadas à saúde dos trabalhadores. Foi em 1919 que surgiu o primeiro 
decreto legislativo definindo o acidente de trabalho com característica unicausal. 
No entanto, somente a partir de 1987 que as principais normas legais foram sendo 
ampliadas e desenvolvidas.
A promulgação da Constituição Federal em 1988 permitiu um grande 
avanço na legislação trabalhista brasileira. A Saúde do Trabalhador passa a se 
inserir efetivamente no campo da saúde, incorporando-se dentro do Sistema 
Único de Saúde (SUS), cujas ações se constroem com base em seus princípios de 
universalidade, integralidade e participação social.
A partir da lei magna, as exigências legais foram se transformando em 
portarias, leis e decretos, em que espaços foram oportunizados ao trabalhador 
como agente integrante da situação de trabalho e participante das políticas 
sociais. Mesmo assim, a violação dos direitos trabalhistas é uma realidade no país, 
e muitos trabalhadores encontram-se alienados desses direitos, o que intensifica a 
precariedade das condições de trabalho.
Mediante a existência de um grande número de leis, a dificuldade de leitura 
e compreensão das normas, a falta de atenção para tal prática, e considerando que 
a exposição aos agentes biológicos patogênicos representa uma importante forma 
de agravo à saúde dos trabalhadores da área da saúde, este estudo tem como 
objetivos:
• Identificar as leis nacionais que regulamentam a segurança ocupacional dos 
profissionais de saúde, relacionada à prevenção do risco biológico.
• Comparar as leis nacionais com as recomendações da Organização Internacional 
do Trabalho (OIT) e do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) que 
abordam medidas preventivas frente ao risco biológico.
 
MÉTODO
O estudo foi desenvolvido com base no método dedutivo, utilizando o 
delineamento metodológico de pesquisa de revisão bibliográfica, que teve como 
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
176
propósito reunir e sintetizar o conhecimento existente sobre o tema proposto. 
O levantamento dos dados foi realizado no período de agosto a dezembro de 
2008, por meio de consulta à legislação brasileira e às principais recomendações 
internacionais sobre o tema "saúde e segurança no trabalho dos profissionais de 
saúde frente ao risco biológico", por meio de acesso aos sites do Ministério do 
Trabalho e Emprego (MTE), Ministério da Saúde (MS), OIT e do CDC.
Critérios de inclusão da legislação nacional: 1) leis que abordam os 
aspectos saúde e segurança no trabalho e exposição a agentes biológicos 
patogênicos, aplicáveis aos profissionais de saúde; 2) publicadas em qualquer 
período, atualizadas e até o momento válidas; 3) leis de alcance federal; 4) leis 
disponíveis na íntegra nos sites selecionados.
Critérios de exclusão da legislação nacional: 1) leis que fogem ao tema 
proposto; 2) desatualizadas ou revogadas; 3) leis estaduais ou municipais; 4) leis 
não disponíveis na íntegra nos sites selecionados.
A busca de dados relativa às recomendações internacionais foi realizada 
a partir da seleção das principais e mais recentes recomendações internacionais 
sobre a temática proposta, presentes nos sites da OIT e do CDC. A busca no site da 
OIT foi realizada através do acesso aos links Internacional Labour Standarts 
Homepage e Recommendation, sucessivamente. No site do CDC, acessou-se o link 
Health and Safety Topics e posteriormente os links Bloodbourne Infections Disease 
(HIV/AIDS e hepatitis B e C), Needlestick Injuries e Infection Control in Health care 
Settings. Foram incluídas as recomendações relacionadas ao objeto de estudo, 
descritas nos idiomas inglês e/ou espanhol, e disponíveis na íntegra.
Análise dos dados: as informações apresentadas nas leis nacionais 
e nas recomendações internacionais foram categorizadas, para descrição e 
comparação, segundo os seguintes temas: "função dos empregadores", "função 
dos trabalhadores", "medidas de proteção materiais e ambientais", "vigilância/
fiscalização" e "treinamento/capacitação".
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram encontradas 12 leis nacionais que regulamentam a saúde e a 
segurança ocupacional relacionadas aos agentes biológicos e aos trabalhadores 
de saúde.
A maioria das leis brasileiras que regulamentam a saúde e segurança 
ocupacional é apresentada na forma de Normas Regulamentadoras (NRs), 
aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978.
A NR 4 define o SESMT, cuja finalidade é promover a saúde e proteger a 
integridade do trabalhador no ambiente laboral, com a atuação de profissionais 
especializados.
TÓPICO 3 | TOXICOLOGIA OCUPACIONAL
177
O PPRA atua através da antecipação, reconhecimento, avaliação e 
controle dos riscos ambientais que existem ou que possam existir no ambiente de 
trabalho, visando à preservação da saúde dos profissionais. O PCMSO tem suas 
ações focalizadas no trabalhador, contemplando desde a avaliação dos riscos até 
as medidas necessárias frente aos mesmos.
A CIPA tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes 
do trabalho, e suas ações envolvem a elaboração do Mapa de Riscos e a organização 
anual da Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho – SIPAT –, além 
de outras medidas realizadas em conjunto com o SESMT.
A NR 26 estabelece a sinalização de segurança que deve ser usada no 
ambiente de trabalho para indicar diferentes locais/riscos, no sentido de prevenir 
a ocorrência de acidentes. Os EPIs são dispositivos usados pelo trabalhador 
como uma dentre várias medidas de proteção da saúde no ambiente laboral e as 
recomendações de uso são ditadas pela NR 6.
A NR 32 define diretrizes específicas sobre saúde e segurança no trabalho, 
profissionais da saúde e risco biológico em uma única norma, facilitando o acesso 
desses trabalhadores às preconizações que lhe são pertinentes.
A Portaria nº 2616 define as diretrizes para a prevenção e o controle das 
infecções hospitalares, que podem causar danos tanto aos pacientes como aos 
próprios trabalhadores. O manejo dos resíduos dos serviços de saúde é estabelecido 
pela Agência de Vigilância Sanitária – ANVISA – através da Resolução nº 306, 
cuja aplicação pode prevenir injúrias aos pacientes
e profissionais de saúde.
A Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho foi novamente editada em 
1990 e através dessa listagem é possível definir o perfil nosológico, ou perfil das 
moléstias da população trabalhadora, no sentido de estabelecer políticas públicas 
no campo da saúde do trabalhador.
A Portaria nº 777, de 2004, regulamenta a notificação compulsória de 
agravos à saúde do trabalhador, e dentro desses agravos ela inclui os acidentes 
com exposição a material biológico, definindo um instrumento de notificação 
específico para esse tipo de acidente, o que possibilita conhecer as características 
dessas ocorrências e promover ações preventivas.
A Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador – RENAST – 
foi criada para promover ações em saúde do trabalhador que abordam a vigilância 
e a assistência integral à saúde, independentemente do vínculo empregatício 
e do tipo de inserção no mercado de trabalho, o que representa um avanço se 
comparado com as outras normas identificadas.
Diante do conteúdo abordado na legislação brasileira, passamos, a seguir, 
a compará-la às recomendações internacionais. Os dados foram agrupados em 
cinco temas para melhor compreensão das informações.
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
178
Função dos empregadores
As normas nacionais e internacionais definem funções que envolvem 
adaptação do ambiente de trabalho, mudança das práticas e comportamento 
dos trabalhadores, fornecimento gratuito de materiais e equipamentos seguros, 
assistência médica, capacitação e vigilância.
A Resolução RDC nº 306 e a NR 32 definem que os empregadores devem 
disponibilizar meios para descarte, transporte, armazenamento e disposição 
final dos resíduos biológicos, além da capacitação dos trabalhadores no manejo 
destes. A Recomendação da OIT nº 97 também trata desse aspecto, preconizando 
que o empregador deve adotar medidas para que os resíduos não se acumulem, 
constituindo um risco para a saúde no ambiente de trabalho.
A NR 32 preconiza que os empregadores devem vedar a utilização de 
pias de trabalho para outros fins não previstos, a proibição do ato de fumar, do 
uso de adornos e lentes de contato e do consumo de alimentos e bebidas nos 
postos de trabalho. Essas medidas, estabelecidas em 2005 no Brasil, já haviam 
sido preconizadas em 1992, pela Lei Bloodborne Pathogens Standard, nos Estados 
Unidos.
A NR 7 estabelece que o empregador deve custear o atendimento médico, a 
solicitação de exames laboratoriais, a imunização do trabalhador e principalmente 
toda a assistência após a ocorrência de acidente relacionado à exposição a material 
biológico. Além disso, a OIT também define que o empregador deve prever 
medidas para atuar frente a situações de urgência e emergência, proporcionando 
primeiros auxílios sem custo ao empregado.
A obrigação do empregador de disponibilizar EPI aprovado por órgão 
competente, sem custo para o trabalhador, e de substituí-lo sempre que danificado 
ou extraviado, é definida pela NR 6 e NR 32. A OIT acrescenta que o EPI não deve 
substituir a busca pela eliminação ou redução da exposição aos agentes biológicos 
patogênicos e pelas medidas ambientais e coletivas.
Para o CDC, os materiais perfurocortantes com dispositivo de segurança, 
como agulhas retráteis, são importantes na redução dos acidentes de trabalho e os 
empregadores devem avaliá-los e implementá-los. No Brasil isso foi preconizado 
em 2005 pela NR 32 e pela Portaria nº 939 em 2008, portanto o país necessita 
aplicar essa medida cuja eficiência e eficácia já foram comprovadas.
A OIT responsabiliza os empregadores quanto à capacitação dos 
trabalhadores, indicando que ela deve ser contínua e sem custo, e o CDC 
recomenda que a educação em saúde seja transmitida de forma clara, objetiva 
e de fácil acesso aos profissionais de saúde. A NR 32 exige a capacitação dos 
trabalhadores antes do início das atividades e de forma continuada.
Os empregadores, segundo a OIT, devem assegurar a vigilância, a 
TÓPICO 3 | TOXICOLOGIA OCUPACIONAL
179
avaliação e a inspeção periódica do ambiente de trabalho. A NR 32 define 
que o empregador deve informar imediatamente aos trabalhadores e aos seus 
representantes qualquer acidente ou incidente grave que possa provocar 
disseminação de um agente biológico suscetível de causar doenças graves nos 
seres humanos, definindo as suas causas e as medidas que serão adotadas para 
corrigir a situação.
As funções dos empregadores preconizadas nas leis brasileiras 
assemelham-se a várias normas internacionais. No entanto, a dificuldade que se 
observa no país é a falta de integração entre os empregadores e os trabalhadores 
nas ações preventivas. A OIT preconiza que os empregadores têm a obrigação 
de consultar os trabalhadores e cooperar com eles, um elemento essencial das 
medidas organizativas para cumprir as normas e promover a saúde no ambiente 
de trabalho.
Também no sentido de promover integração, a OIT define que, para os 
países em desenvolvimento, é prioridade promover um enfoque de sistemas de 
gestão de segurança e saúde do trabalho, no qual haja a troca de informações entre 
os países e sejam abordadas as limitações dos empregadores frente às exigências 
legais, visto que o não cumprimento das normas também pode relacionar-se a 
dificuldades políticas, econômicas e organizacionais desses empregadores.
Função dos trabalhadores
Normas nacionais definem que os deveres dos trabalhadores frente aos 
riscos biológicos envolvem basicamente o uso de EPIs, o correto descarte dos 
materiais perfurocortantes, o não re-encape de agulhas, a redução e o correto 
manejo dos resíduos biológicos, a lavagem das mãos antes e depois de qualquer 
procedimento, a notificação e tratamento médico após acidente de trabalho e a 
imunização.
O uso de EPIs pelos trabalhadores é também definido em várias 
recomendações da OIT, nas quais é mencionada a importância do uso desses 
equipamentos para a proteção do trabalhador. O CDC também trata desse 
aspecto, definindo que para prevenir os acidentes, é necessário o uso apropriado 
de barreiras, como luvas e óculos de proteção.
A responsabilidade do profissional de saúde em descartar corretamente 
os objetos perfurocortantes, bem como sua obrigação de não re-encapar agulhas 
ou desconectá-las manualmente, é preconizada no Brasil pela NR 32 e também 
pelo CDC em suas recomendações mais atuais.
A importância do manejo correto dos resíduos e da adoção de medidas 
para prevenção da infecção hospitalar, como lavagem das mãos, é recomendada 
pelo CDC. As NRs 7 e 32 e a norma americana estabelecem que o trabalhador 
receba as vacinas disponíveis, notifique a ocorrência de acidentes de trabalho, que 
se submeta a exames médicos necessários e que siga corretamente o tratamento 
UNIDADE 3 | TOXICOLOGIA SOCIAL, DE MEDICAMENTOS E OCUPACIONAL
180
prescrito, sendo informado sobre suas consequências positivas e negativas.
Apesar das leis brasileiras cumprirem teoricamente com várias 
recomendações internacionais, identifica-se no Brasil que o cotidiano da maioria 
dos serviços de saúde pouco representa um cenário de cumprimento dessas 
normas. Quando há equipamentos e condições ambientais seguras para os 
trabalhadores, o fator "tempo" e as pressões da chefia, da equipe e da demanda 
impedem que o trabalhador preze sua saúde e bem-estar, em detrimento das 
responsabilidades do cuidado a um grande número de pacientes.
Para o CDC, além de todas as medidas citadas, é preciso que haja uma 
equipe adequada à proporção de pacientes. Essa afirmação aponta para a 
importância de mudanças organizacionais do trabalho e a necessidade de recursos 
humanos, e não só da criação de normas e leis.
FONTE: GALON, T. et al. A legislação brasileira e as recomendações internacionais 
sobre a exposição ocupacional aos agentes. Rev. bras. enferm., Brasília, v. 64, n. 
1, jan./fev. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0034-71672011000100023.
Acesso em: 6 mar. 2020.
181
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• O estudo e o desenvolvimento da toxicologia ocupacional são importantes na 
manutenção e preservação da saúde do trabalhador.
• O estabelecimento dos LEOs é importante para a preservação da saúde do 
trabalhador e a participação na caracterização destes limites por diferentes 
entidades internacionais.
• A toxicologia experimental é importante para se determinar limites de 
exposição aceitos nacional e internacionalmente.
• O monitoramente biológico e ambiental e sua inter-relação é importante para a 
manutenção da saúde ocupacional do trabalhador. 
Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem 
pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará você 
ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
CHAMADA
182
AUTOATIVIDADE
1 Agentes toxicantes, conforme vimos no decorrer do Tópico 3, podem 
se encontrar em diversos locais que nos circundam, inclusive no nosso 
ambiente de trabalho/ estudo. Assim, podemos classificar os efeitos tóxicos 
observados em nosso ambiente de trabalho como:
(a) ( ) Efeitos causais, efeitos intercausais probabilísticos.
(b) ( ) Efeitos determinísticos, probabilísticos e imunoalérgicos.
(c) ( ) Efeitos determinísticos, causais e imunoalérgicos.
(d) ( ) Efeitos determinísticos, probabilísticos e ocasionais.
(e) ( ) Não é possível classificar estes efeitos tóxicos.
2 Conforme vimos no decorrer do Tópico 3 desta unidade, a toxicologia 
ocupacional estuda os efeitos tóxicos de determinadas substâncias 
químicas sobre o homem, substâncias estas que podem ser provenientes, 
por exemplo, de processos industriais. Desta forma, o principal objetivo da 
toxicologia ocupacional é:
(a) ( ) Avaliar os impactos ocasionados na saúde pública ocasionados pela 
exposição de uma população a determinado ambiente contaminado.
(b) ( ) Determinar os efeitos ocasionados pela exposição a determinados 
órgãos-alvo 
(c) ( ) Determinar os danos ocasionados por determinada substância em 
função da duração da exposição à esta substância
(d) ( ) Determinar, de acordo com as vias de exposição, níveis máximos de 
exposição de uma substância ao ser humano.
(e) ( ) Prevenir as possíveis alterações verificadas na saúde dos trabalhadores 
quando expostos a determinadas substâncias químicas.
3 Com relação à toxicologia ocupacional, analise as afirmativas a seguir 
assinalando posteriormente a resposta correta:
1- Dentre os objetivos da toxicologia ocupacional encontra-se a prevenção 
de danos à saúde do trabalhador causado por contaminantes químicos no 
ambiente de trabalho.
2- A NR. 15 (Norma Reguladora Nº 15) do MT (Ministério do Trabalho), 
estabelece a implantação do PPRA (Programa de Prevenção de Riscos 
Ambientais).
3- A inexistência de um bioindicador adequado não se constitui em um 
fator limitante relacionado à monitorização ambiental, uma vez que só o 
monitoramento ambiental é suficiente para a avaliação da toxicidade de um 
agente toxicante.
4- A quantidade absorvida de determinado substância quando nos 
relacionamos a monitoramento ambiental, pode ser alterada devido a 
diversos fatores, tais como sexo, raça e idade.
183
(a) ( ) V – V – V – F.
(b) ( ) V – F – V – V.
(c) ( ) V – V – F – V. 
(d) ( ) V – F – F – V.
(e) ( ) F – F – F – V.
4 A NR-15 Regulamenta atividades e operações insalubres, visando garantir 
a saúde do trabalhador. Com base na toxicidade dos compostos os quais 
o trabalhador manipula, esta NR (Norma Regulamentadora) estabelece 
adicionais de insalubridade ao salário do trabalhador que são de:
(a) ( ) 5%, 10% e 40%.
(b) ( ) 10%, 15% e 40%.
(c) ( ) 10%, 200% e 40%.
(d) ( ) 7%,15% e 40%.
(e) ( ) 950%, 100% e 150%.
2 Os limites de exposição ocupacional a agentes toxicantes aos quais os 
trabalhadores são expostos no Brasil são determinados por agências 
regulatórias e correspondem ao limite máximo ao qual os trabalhadores 
devem ser submetidos diariamente. Estes limites são denominados:
(a) ( ) Limite máximo permitido (LMP).
(b) ( ) Limite máximo determinado (LMD).
(c) ( ) Limite de tolerância (LT).
(d) ( ) Capacidade máxima de absorção (CMA).
(e) ( ) Nenhuma das alternativas acima.
184
185
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