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Anexo 1 – Módulo 02 Princípios de gestão Como você estudou no início da aula 3 do módulo 2, os objetivos estratégicos são permeados por um conjunto de princípios de gestão característicos da organização. Ele forma a estrutura filosófica de gerenciamento da organização assumida pela tradição ou por escolha, ou ainda inconscientemente, tanto de modo formal quanto informal. Caso os princípios sejam informais e inconscientes, devem ser percebidos e estabelecidos para fortalecerem a legitimidade dos objetivos, ou simplesmente mudados ou abandonados. Há dois princípios gerais de gestão que estão na gênese da organização: − Princípio da unidade de objetivos – A organização existe para o alcance eficaz de uma determinada finalidade maior que não seria alcançada de forma individual. − Princípio da eficiência organizacional – A organização se estrutura de tal forma a alcançar a eficácia ótima em busca da eficiência, ou seja, com o mínimo de esforço possível. Atualmente, com o advento do marketing orientado para o cliente e do orientado para responsabilidade social, foi incorporado outro princípio, o da efetividade, no qual a organização se estrutura de modo a ser o máximo eficiente voltada à máxima satisfação do cliente possível. Há princípios clássicos de caráter mais particular, tais como: 1. Princípio do ângulo de autoridade – A qualidade do controle do processo administrativo é razão inversa ao contingente de subordinados diretos de um gestor: quanto maior o contingente de subordinados diretos (ângulo de autoridade) de um gestor, mais difícil se torna a manutenção de um controle eficaz sobre suas atividades. No entanto, se o ângulo de autoridade se restringir demasiadamente, resultará no surgimento de um excessivo número de degraus hierárquicos, dificultando o trâmite burocrático e informacional, provocando maior lentidão no processo de tomada de decisões e perda de eficácia. Há que se encontrar um ponto de equilíbrio, que dependerá da escolha da arquitetura estrutural e tecnológica da organização. 2. Princípio da divisão e da especialização do trabalho – A qualidade da complexidade da arquitetura estrutural e tecnológica da organização tem razão direta com a proporção da necessidade de divisão e de especialização do trabalho: quanto mais se necessita dividir o trabalho entre vários indivíduos ou grupos especializados em atividades distintas, com a finalidade que cada indivíduo ou grupo possa centrar a atenção em um número menor de operações, e assim se conseguir maior rendimento com mesmo esforço, mais complexa fica a organização como um todo, necessitando adaptações e mudanças estruturais e tecnológicas, o que causa impacto nos indicadores de eficácia, de eficiência e de efetividade. Saiba mais: eficiência x eficácia x efetividade o Eficiência: medida individual de componentes da organização. É fazer as coisas e resolver problemas de maneira adequada, cumprindo deveres, respeitando prazos e reduzindo custos (OLIVEIRA, 2020, p. 7). o Eficácia: “usada para indicar que a organização realiza seus objetivos. Quanto mais alto o grau de realização dos objetivos, mais a organização é eficaz” (MAXIMIANO, 2018, p. 7, grifo nosso). o Efetividade: a organização mantém-se no mercado e apresenta resultados globais positivos no decorrer do tempo (OLIVEIRA, 2020, p. 7). Maximiano (2018, p. 424) utiliza impacto como sinônimo, entendendo como a “medida de desempenho das organizações que avalia o efeito da realização dos objetivos.” 3. Princípio da unidade de comando – Ainda que exista uma cadeia direta e formalizada de comando, devido às interdependências gerenciais, há também as cadeias indiretas e informais, como no que tange à gestão das atividades desenvolvidas por um indivíduo e à gestão de direitos trabalhistas do mesmo: a primeira é exercida pelo gestor direto e a segunda pelo gestor de pessoal da organização. Em casos de fluxos de autoridade que se cruzem, entre elas deve existir claramente o estabelecimento preferencial do exercício da autoridade. 4. Princípio da autoridade e da responsabilidade – Fayol definiu autoridade como o “direito de mandar e no poder de fazer-se obedecer”, junto da qual caminha em paralelo a responsabilidade, a contrapartida de quem exerce a autoridade, em razão direta: quanto mais direito de mandar e poder de fazer-se obedecer, maior é sua obrigação de contrapartida ao subordinado e às ordens de si emanadas. 5. Princípio da hierarquia – Estrutura escalar em que a autoridade e a responsabilidade aumentam em função da distância vertical desde a base: quanto maior o grau hierárquico, maior a autoridade e a responsabilidade respectiva. Esse tipo de estrutura organizacional descentraliza a responsabilidade direta mediante a delegação de autoridade e permite a transmissão de ordens em sentido descendente, além de permitir a centralização de informações sobre os resultados obtidos e a visão cada vez mais sistêmica em sentido ascendente. A aplicação em conjunto desses dois últimos princípios produz uma diferenciação vertical nas atividades da organização; já a aplicação do princípio da divisão e da diferenciação do trabalho produz uma diferenciação horizontal nas atividades da organização. A conjunção de ambas as diferenciações configura a estrutura organizacional também denominada de departamentalização. Diversas possibilidades de configuração departamental são possíveis: há o que se chama de departamentalização por funções, que se estende horizontalmente para privilegiar ao princípio de especialização do trabalho, o que favorece o controle por parte da alta direção; há a departamentalização por produtos, que é própria de organizações que produzem ou oferecem grande número de produtos diferentes, o que favorece a diversificação da produção e as propostas da direção por objetivos, mas dificulta o controle da alta administração; há a departamentalização por áreas geográficas, por processos produtivos e outras, inclusive a mista, atendendo de forma simultânea a diversos critérios. Numa estrutura departamentalizada, as atividades da organização são executadas por departamentos diferentes, de forma que se faz necessário uma adequada articulação, integração e coordenação entre elas visando à realização dos seus objetivos organizacionais. Em organizações pouco complexas, a integração funciona bem mediante um sistema hierárquico assentado em uma autoridade central. No entanto, quanto mais complexas, menor suficiência se percebe nesse modelo, de forma que há que se complementar com sistemas administrativos que conduzirão à realização automática do trabalho de coordenação. Outra forma de coordenação é a criação de comitês compostos por pessoas procedentes de diferentes seções ou departamentos, as quais serão encarregadas de realizar conjuntamente determinada tarefa. Os modelos mais comuns de estrutura organizacional são: • Linear – Baseada rigidamente nos princípios de hierarquia e de unidade de comando, em que cada subordinado obedece a seu imediato superior, onde não há comunicação direta entre os diferentes departamentos e onde a coordenação se efetua exclusivamente por meio da escala hierárquica. • Funcional – Estabelece a departamentalização por funções em todos os níveis da organização. • Matricial – Combinação em uma mesma organização entre a estrutura funcional e a estrutura orientada à realização de projetos, cuja característica definidora é a interação de dois fluxos de autoridade: vertical (funcional) e horizontal (autoridade técnica ou de projeto). Com a evolução das teorias administrativas, outros princípios de gestão surgiram, como os de Deming (1990), um dos principais precursores da qualidade total, em que afirma que o aprimoramento da qualidade, sobre todas as outras dimensõesdo negócio da organização, irá automaticamente melhorar a produtividade. Seus 14 princípios ressaltam a importância do relacionamento de recursos humanos com a qualidade, resumidamente: 1. CRIAÇÃO DE OBJETIVOS PERMANENTES PARA MELHORAR CONTINUAMENTE – A alta gerência precisa estabelecer um plano para que a organização atinja a excelência e torne-se competitiva; o plano deve ser comunicado a todos os membros, para que se engajem nesse esforço. Ao assumir ela mesma essa responsabilidade de divulgação, a alta gerência estará demonstrando seu comprometimento com a qualidade. 2. PRÁTICA DA NOVA FILOSOFIA – É necessário por em prática a qualidade, não apenas falar sobre ela. Essa iniciativa só pode caber à alta gerência. 3. INDEPENDÊNCIA SOBRE O INSTITUTO DA INSPEÇÃO MACIÇA – O controle proporcionado por técnicas estatísticas e por convergência de tecnologias on-line e just- in-time diminui drasticamente a variabilidade dos resultados e desnuda as causas dos gargalos, liberando o gestor de alto nível da dependência de informações com baixa funcionalidade e descompromissada, afinal, a qualidade se faz a cada passo e não apenas no final da linha. 4. ORÇAMENTAÇÃO FUNDAMENTADA EM OUTRAS VARIÁVEIS ALÉM DO PREÇO – Preço não é indicador de qualidade, de forma que os fornecedores devem ser selecionados por evidências qualitativas, pois demonstram controle do processo de produção. Desenvolva estratégias de reciprocidade com o fornecedor competente visando à redução da variabilidade do processo de ambas as partes e compense assim a diferença de preços. 5. BUSCA DE PROBLEMAS – A maior parte das falhas nasce de erros nos sistemas de planejamento, produção, suprimentos, manutenção, projeto etc. A gerência deve procurar os problemas para melhorar os sistemas continuamente, o que gerará melhora na produtividade e consequente redução dos custos. Gerenciar é inovar sempre, evoluir e conduzir os demais para esse objetivo de melhoria sem limites. 6. ESTABELECIMENTO DE MÉTODOS MODERNOS DE TREINAMENTO NA FUNÇÃO – Todos os empregados devem ser treinados, qualquer que seja sua função ou nível. O treinamento deve respeitar as características de aprendizagem de cada pessoa. Quem não se tornar satisfatório num cargo deve ser transferido para outro onde melhor se adapte. 7. ESTABELECIMENTO DE MÉTODOS MODERNOS DE LIDERANÇA – O supervisor deve concentrar-se na qualidade, deixando de lado a cobrança de números. A gerência deve tomar ações imediatas sobre problemas dos subordinados com máquinas sem manutenção, ferramentas sem conservação e procedimentos confusos. O objetivo do líder é ajudar as pessoas a fazerem um trabalho melhor, orientando quem precisa de ajuda e criando um clima de confiança e satisfação pelo trabalho. Ele deve abdicar de seu papel de juiz punidor. 8. ELIMINAÇÃO DO MEDO – É indispensável um clima de segurança para que todas as pessoas possam trabalhar efetivamente pela empresa. O medo sufoca o prazer pelo trabalho e inibe a contribuição e a participação. 9. ELIMINAÇÃO DAS BARREIRAS ENTRE DEPARTAMENTOS – Para que todos possam cooperar, a comunicação deve fluir entre os diversos departamentos sem barreiras. Sem disputas internas é possível otimizar a sinergia na organização. Planejamento, engenharia, vendas, produção e administração devem trabalhar juntas. 10. ELIMINAÇÃO DE FRASES E CARTAZES – Em geral as causas dos problemas estão nos sistemas e não na boa vontade das pessoas. Não adianta pedir às pessoas que "evitem acidentes" se elas não sabem como fazer isso. A gerência deve dedicar-se a melhorar os sistemas ao invés de fazer solicitações vagas. 11. ELIMINAÇÃO DE PADRÕES NÚMERICOS DE TRABALHO – As metas numéricas para a produção, o pagamento de incentivos pelo trabalho realizado e a gerência por objetivos devem ser eliminados. O resultado dessas práticas pode ser o desatino, com risco de erros e de acidentes. Além de tudo, elas tiram a importância do trabalho das pessoas e as desviam de seu objetivo de qualidade. 12. REMOÇÃO DAS BARREIRAS QUE PRIVAM AS PESSOAS DO ORGULHO POR SEU TRABALHO – A pressão, o enquadramento no programa anual de mérito e práticas semelhantes não gratificam o pessoal por seu trabalho. O que leva as pessoas a sentirem orgulho e alegria é a melhoria da qualidade em geral, inclusive do ambiente físico e social, o reconhecimento da empresa e o trabalho em equipe. 13. ESTABELECIMENTO DE PROGRAMA DE EDUCAÇÃO E RETREINAMENTO – Os líderes devem identificar e remover os obstáculos que impedem um bom trabalho. As pessoas devem entender os sistemas em que operam e o inter-relacionamento do processo. Deve também ser disseminado o pensamento estatístico, para que todos entendam as causas dos problemas e das variações. 14. CRIAÇÃO DE ESTRUTURA PARA REALIZAR A TRANSFORMAÇÃO – A responsabilidade pela transformação em direção à excelência é de todos, mas cabe à alta gerência a iniciativa de colocar a organização para trabalhar nesse sentido. As mudanças precisam ser estudadas e compreendidas profundamente e depois disseminadas por todos os níveis e departamentos.
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