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PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
CÂMARA DOS DEPUTADOS – 2012 
MÓDULO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
Prof. Edson Marques 
www.pontodosconcursos.com.br 
1
Olá pessoal, 
Bom dia? Vamos em frente, intensificando nossos 
estudos. Hoje vamos estudar os princípios e poderes 
administrativos. 
Então, vamos que vamos. 
Princípios Administrativos 
Ao iniciarmos o estudo do Direito Administrativo nos 
deparamos com a organização da Administração Pública. Assim, tais 
entes e entidades, órgãos e agentes, estão submetidos ao conjunto 
de normas que vai orientar toda a sua atuação. 
Como bem destaca a doutrina, as normas podem ser 
divididas em regras e princípios. Os princípios são comandos mais 
abstratos, gerais, quando em conflito (só aparente) se resolve pela 
ponderação de valores, já as regras ou se aplicam ou não se aplicam 
(os conflitos são resolvidos por critérios de intertemporalidade, tal 
como lei posterior revoga a anterior, lei especial afasta a geral etc), 
são menos abstratas e, em geral, tratam de situação específica. 
Com efeito, é importante sabermos que é a 
Constituição Federal que estabelece de forma expressa ou implícita 
os princípios fundamentais que orientam a Administração Pública. 
Os princípios administrativos, segundo o Prof. 
Carvalho “são os postulados fundamentais que inspiram todo 
o modo de agir da Administração Pública”. 
Para Diógenes Gasparini, os princípios constituem “um 
conjunto de proposições que alicerçam ou embasam um 
sistema e lhe garantem validade”. 
Como bem apontam Vicente Paulo e Marcelo 
Alexandrino, “os princípios são as idéias centrais de um 
sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo a ele um 
PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS 
CÂMARA DOS DEPUTADOS – 2012 
MÓDULO DE DIREITO ADMINISTRATIVO 
Prof. Edson Marques 
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sentido lógico, harmonioso e racional, o que possibilita uma 
adequada compreensão de sua estrutura”. 
Com efeito, como disse, a Constituição prevê os 
princípios que orientam toda a Administração Pública, seja ela direta 
ou indireta, dos três poderes, da União, dos Estados, Distrito Federal 
e dos Municípios, ao prevê os denominados princípios (expressos) 
básicos da Administração Pública, sendo: Legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, 
conforme preconiza o art. 37, caput, assim expresso: 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
O princípio da Legalidade, também chamado de 
legalidade administrativa, restrita ou estrita, expressa que a 
administração somente pode fazer o que a lei autoriza ou permite. 
 
É, consoante magistral lição de José Afonso da Silva, 
“princípio basilar do Estado Democrático de Direito”, “porquanto é da 
essência do seu conceito subordinar-se à Constituição e fundar-se na 
legalidade democrática. Sujeitar-se ao império das Leis”. 
Cuidado, pois, há a legalidade geral (ou princípio 
da autonomia da vontade) que permite aos particulares que se 
faça tudo que a lei não proíba, conforme prevê o art. 5º, inc. II, da 
CF/88, segundo o qual “ninguém será obrigado a fazer ou 
deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. 
Todavia, ao administrador público somente cabe 
realizar o que a lei permita (atuação vinculada) ou autorize (atuação 
discricionária). 
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CÂMARA DOS DEPUTADOS – 2012 
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É necessário distinguir o princípio da legalidade do 
princípio da reserva legal, sendo importante verificarmos qual o 
alcance da expressão lei no âmbito do princípio da legalidade 
administrativa (alcance da legalidade). 
 
Quanto ao seu alcance, o princípio da legalidade deve 
ser visto como respeito, submissão, à lei. No entanto, devemos 
entender aqui lei em sentido amplo, ou seja, qualquer ato 
normativo, desde a Constituição, passando pelos atos 
infraconstitucionais (espécies normativas do art. 59, CF/88), até os 
atos infralegais (decretos, regulamentos, instruções normativas). 
Nesse aspecto, devemos considerar inclusive os 
princípios expressos e implícitos contidos na Constituição Federal, ou 
seja, não se exige apenas a observância da lei em sentido estrito. 
Deve-se observar o que se denomina bloco de legalidade, ou seja, 
não só a lei em sentido estrito, mas todo o ordenamento jurídico. 
Por isso, na atualidade, o princípio da legalidade tem 
sido chamado de princípio da jurisdicidade, na feliz expressão da 
Profa. Raquel Melo Urbano, na medida em que a Administração deve 
observar a lei e o Direito, conforme art. 2º, parágrafo único, da Lei 
nº 9.784/99. 
Quanto à diferença entre legalidade e o princípio da 
reserva legal, devemos observar que este denota a ideia de 
necessidade de lei, no sentido formal, para dispor, regulamentar, 
certas matérias, conforme exigência constitucional. 
Por exemplo, ao servidor público é assegurado o 
direito à greve, nos termos e limites da lei. Assim, exige-se lei, em 
sentido estrito, a regular tal atividade. Quer dizer, que não poderá a 
matéria ser regulada por outro ato do poder público, senão por lei. 
Quer dizer que determinados temas devem 
necessariamente ser regulamentos por meio de lei em sentido 
estrito. 
 
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Ademais, vale lembrar que o princípio da legalidade 
tem representação para além do âmbito geral ou administrativo, há 
ainda o princípio da legalidade penal, da legalidade tributária etc. 
A propósito, em sintonia com o princípio da legalidade 
é possível destacar o princípio da finalidade, segundo o qual o 
administrador público deve observar em todos os seus atos o fim 
estabelecido pela lei, que é o atendimento ao interesse público. 
Com efeito, acaso o administrador pratique o ato não 
cuidando da finalidade pública incidirá em vício, denominado de 
desvio de finalidade, modalidade de abuso de poder, o que 
causa a nulidade do ato. 
Para alguns autores, o princípio da finalidade tem 
estreita sintonia com o princípio da impessoalidade. 
O princípio da impessoalidade é visto sob duas 
vertentes. A primeira, no sentido de atuar visando o interesse 
público (finalidade), impedindo assim que a Administração atue de 
forma discriminatória ou beneficie alguém por critérios subjetivos, 
ou seja, que favoreça ou prejudique alguém por critérios pessoais. 
Nesse sentido, conforme bem destaca o Prof. Bandeira 
de Mello, o princípio da impessoalidade assumiria a faceta de 
princípio da isonomia, na medida em que a Administração deve 
proporcionar igualdade de condições e tratamento a todos os 
administrados. 
Noutra acepção, estabelece a vedação da promoção 
pessoal de agentes públicos ou autoridades administrativas, 
conforme preconiza o §1º do art. 37, CF/88, assim expresso: 
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e 
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter 
educativo, informativo ou de orientação social, dela não 
podendo constar nomes, símbolos ou imagens que 
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caracterizem promoção pessoal de autoridades ou 
servidores públicos. 
Nesse aspecto, é bom esclarecer que os atos 
realizados pelos agentes públicos não são imputados a si mesmos, 
mas às pessoas jurídicas a que pertencem, ou seja, à Administração 
Pública (princípio da imputação volitiva), conforme observamos 
na aplicação da teoria do órgão. 
Assim, quando o agente usa a máquina administrativa 
visando promoção pessoal deverá sofrer as sanções legais na 
medida em que não deve atuarem seu nome, mas em nome da 
coletividade, isto é, em nome da Administração Pública, que 
representa o interesse coletivo. 
Para Hely Lopes Meirelles, o princípio da 
impessoalidade está relacionado ao princípio da finalidade, pois a 
finalidade se traduz na busca da satisfação do interesse público. 
A propósito, vale lembrar que o interesse público se 
subdivide em primário (interesse coletivo) e secundário (entendido 
como interesse da Administração enquanto pessoa jurídica). 
Como destacado, noutro sentido é a lição de Celso 
Antonio Bandeira de Mello, que liga a impessoalidade ao princípio 
da isonomia, que determina tratamento igual a todos perante a lei. 
E afirma que o princípio da finalidade é inerente ao princípio da 
legalidade, ou seja, está contido nele, na medida em que estabelece 
o dever de a lei cumprir seu objetivo. 
O princípio da moralidade está assentado na ética, 
moral, lealdade, ou seja, no sentido de promover a probidade 
administrativa, a honestidade. 
É princípio que permite a verificação de validade dos 
atos administrativos, sob o prisma da legitimidade. 
 
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É certo que se trata de um conceito jurídico 
indeterminado, carecendo de norma para concretizá-lo, ante sua 
natureza abrangente, mas, como bem destaca Alexandrino, “o 
princípio da moralidade complementa, ou torna mais efetivo, 
materialmente, o princípio da legalidade”. 
 
Todavia, não se pode dizer, jamais, que se trata de 
primado inútil, visto servir de parâmetro para coibir condutas 
ilegítimas, devendo ser tonalizado sob o aspecto jurídico, de modo a 
caracterizar o conjunto de preceitos advindos da disciplina 
administrativa no tocante à condução da coisa pública. 
Como bem ensina Hely Lopes Meirelles à moralidade 
administrativa é a atuação dentro dos padrões da ética, moral, 
honestidade, probidade. 
Nesse sentido, a Constituição, no seu art. 37, §4º, 
estabelece que os atos de improbidade administrativa importarão 
em suspensão dos direitos políticos, perda da função pública, 
indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao erário, sem prejuízo 
da ação penal cabível. 
Percebe-se, portanto, que a Constituição deu especial 
atenção à probidade, já que, nos dizeres de José Afonso da Silva, a 
improbidade administrativa é uma imoralidade qualificada. 
Com efeito, a Constituição permitiu ao particular 
(cidadão) exercer o controle dos atos da Administração a fim de 
verificar não só o cumprimento dos aspectos da legalidade, mas 
também da moralidade, conforme prevê o art. 5º, inc. LXXIII, ao 
dispor sobre a ação popular. 
O princípio da publicidade consiste na obrigação 
que tem a Administração Pública, como atividade e ente público, de 
dar transparências aos seus atos, como meio de assegurar a todos o 
conhecimento de suas realizações, a fim de fiscalizá-la e exercer o 
controle sobre esses atos, bem como para fins de o ato produzir 
seus efeitos. 
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É certo que a conduta da Administração deve ser 
pública, transparente. Todavia, a Constituição ressalva alguns atos 
que são protegidos pelo sigilo, eis que necessários aos imperativos 
de segurança nacional ou que digam respeito à intimidade ou vida 
privada. 
A publicidade poder ser feita pelos mais diversos 
meios, tal como a utilização de jornal oficial ou em local onde se 
possa dar ampla divulgação dos atos administrativos. Por vezes será 
necessário que a publicidade seja realizada diretamente ao 
interessado (notificação) ou somente em boletim interno. 
Assim, o princípio da publicidade pode, como meio de 
transparência, ser um requisito de validade do ato, ou, poderá, 
como instrumento para deflagrar os efeitos do ato (publicação do 
ato), ser requisito de eficácia. 
Uma das decorrências do princípio da publicidade é o 
princípio da motivação dos atos administrativos, ou seja, 
segundo o qual na pratica de um ato deve a Administração 
apresentar, torna explícitos, os motivos de sua realizada, ou seja, os 
fatos e fundamentos de direito que o justificam. 
O principio da eficiência, erigido a princípio 
expresso a partir da EC 19/98, traduz a ideia de resultado, busca 
pela excelência no exercício das atividades administrativas. 
Para tanto, criou-se diversos mecanismos tal como as 
escolas de governos, avaliações periódicas e políticas de 
desenvolvimento da administração, tal como o contrato de gestão 
(art. 37, §8º, CF/88). 
Como bem destaca José Afonso da Silva, o princípio da 
eficiência “orienta a atividade administrativa no sentido de conseguir 
os melhores resultados com os meios escassos de que dispõe e a 
menor custo”, “consiste na organização racional dos meios e 
recursos humanos, materiais e institucionais para a prestação de 
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serviços públicos de qualidade com razoável rapidez”. (art. 5º, 
LXXVIII) 
Trata-se da tentativa de mudar o foco da 
Administração, ou seja, passar-se a uma Administração gerencial, 
que busca o resultado, em detrimento da Administração 
burocrática, que prima pelo controle, bem como da Administração 
Patrimonialista, que confundia o interesse do dirigente com o 
interesse da Administração. 
A par desses princípios expressos existem outros 
princípios implícitos na CF/88, sendo importante destacar os 
princípios da supremacia do interesse público sobre o privado, 
o da indisponibilidade do interesse público, da autotutela, da 
proporcionalidade e razoabilidade, da continuidade dos 
serviços públicos, dentre outros. 
O princípio da supremacia do interesse público
traduz-se na ideia de que o interesse público deve prevalecer sobre 
o interesse particular, de modo que, em regra, quando houver um 
confronto entre o interesse público e o particular, deve-se dar 
primazia ao interesse público. 
Diz-se, em regra, tendo em vista que a Constituição 
estabeleceu uma série de direitos e garantias individuais que, 
mesmo em confronto com o interesse público, devem ser 
respeitados, resguardados. 
Com efeito, é em razão do princípio da supremacia do 
interesse público que se fundam as prerrogativas ou poderes 
especiais conferidos à Administração Pública. 
É por força da supremacia que a Administração Pública 
atua com superioridade em relação ao particular, por exemplo, 
impondo-lhe obrigações de forma unilateral, com a inserção de 
cláusulas exorbitantes em contratos administrativos, conferindo 
presunção de legitimidade aos atos da Administração etc. 
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De outro lado, o princípio da indisponibilidade do 
interesse público orienta à Administração Pública impondo-lhe 
restrições, limitações, ou seja, não lhe é dado dispor desse 
interesse, eis que ela não é sua proprietária, detentora do interesse 
público, apenas o tutela, o protege, ou seja, apenas representa a 
coletividade, de modo que não pode dispor do que não lhe pertence. 
Significa dizer que, de um modo geral, não há 
possibilidade de a Administração Pública abdicar, dispor, abrir mão, 
daquilo que se refere ao interesse público. Por isso, a sujeição da 
administração pública a restrições especiais ou diferenciadas, tal 
como dever de prestar contas, concurso público, licitações etc. 
Esses dois princípios, é importante dizer, são 
considerados por parte da doutrina como super-princípios, ou pedras 
angulares do Direito Administrativo, na feliz expressão de Celso 
Antônio Bandeira de Mello, na medida em que dão origem aos 
demais princípios administrativos e ao próprio regime jurídico 
administrativo. 
Portanto, pode-se afirmar que osistema 
administrativo está fundado nesses postulados centrais, isto é nestes 
dois princípios primordiais (na supremacia e na indisponibilidade do 
interesse público). 
Decorrência lógica desses dois princípios, e aplicação 
do princípio da legalidade, surge o princípio da autotutela, 
segundo o qual a administração pública pode controlar seus próprios 
atos, ou seja, pode anular os atos que contenham vício de legalidade 
e revogar os inconvenientes e inoportunos, respeitados os direitos 
de terceiros de boa-fé. 
Podemos ainda citar os princípios da 
proporcionalidade e da razoabilidade, da continuidade, da 
motivação, dentre outros que orientarão a atividade administrativa. 
Os princípios da razoabilidade e 
proporcionalidade, como já observamos, são princípios implícitos 
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na Constituição Federal e decorrem diretamente do princípio da 
legalidade, bem como do postulado do devido processo legal 
substantivo. 
Vale lembrar, ademais, que a Lei nº 9.784/99 
positivou esses princípios, ao prescrever a observância da 
adequação entre meios e fins (razoabilidade), vedada a 
imposição de obrigações, restrições e sanções em medida 
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do 
interesse público (proporcionalidade). 
De todo modo, necessário ainda dizer que a Lei nº 
9.784/99, lei que regula o processo administrativo no âmbito 
federal, positivou diversos princípios que estavam implícitos no bojo 
da Constituição, estabelecendo o seguinte: 
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, 
aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, 
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, 
contraditório, segurança jurídica, interesse público e 
eficiência. 
Poderes Administrativos 
O Prof. José dos Santos Carvalho Filho conceitua 
poderes administrativos como “o conjunto de prerrogativas de 
direito público que a ordem jurídica confere aos agentes 
administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance 
seus fins”. 
Devemos compreender que o ordenamento jurídico 
confere aos agentes públicos, para o exercício de suas funções e a 
consecução dos fins públicos, um conjunto de prerrogativas, 
poderes. E, por força disso, também estabelece uma série de 
restrições, de deveres. 
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Percebe-se, portanto, que esses poderes são 
outorgados aos agentes públicos no sentido de que cumpram suas 
atribuições voltadas ao atendimento do interesse coletivo. 
Então, é até por isso, pode-se enumerar duas 
características que lhe são peculiares, ou seja, tais poderes são 
irrenunciáveis e devem ser obrigatoriamente exercidos. 
Em razão desse duplo aspecto, os poderes 
administrativos impõem ao administrador o exercício das 
prerrogativas e vedam a inércia, eis que o exercício dessas 
prerrogativas é obrigatório tendo em vista o atendimento dos 
anseios coletivos. 
Significa dizer que ao ser conferido certo poder, o é 
em razão do exercício da atribuição, de modo que o agente público 
não poderá ficar inerte, não poderá se omitir, deverá realizar suas 
funções. 
É que, enquanto o particular quando titular de uma 
prerrogativa tem a faculdade de exercê-la, o administrador tem o 
poder-dever de agir. 
Isto é, conforme destaca Bandeira de Mello, “tais 
poderes são instrumentais: servientes do dever de bem cumprir a 
finalidade a que estão indissoluvelmente atrelados. Logo, aquele que 
desempenha função, tem, na realidade, deveres-poderes”. 
Quando se utiliza desses poderes de forma normal diz-
se que há o uso do poder. Porém, o uso indevido, anormal, 
ilegítimo, configura o abuso de poder. 
Assim, abuso de poder é, conforme lição de Carvalho 
Filho “a conduta ilegítima do administrador, quando atua fora 
dos objetivos expressa e implicitamente traçados na lei”. 
O abuso de poder pode se constatado sob duas 
vertentes ou espécies, sendo: o excesso de poder e o desvio de 
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poder. O excesso de poder ocorre quando o agente atua fora dos 
limites da competência que lhe foi atribuída. Já o desvio de poder
ocorre quando o agente, muito embora seja competente, atua em 
descompasso com a finalidade estabelecida em lei para a prática de 
certo ato. 
O desvio de poder também é conhecido como 
desvio de finalidade, que corresponde à conduta do agente público 
que dá ao ato finalidade diversa daquele prevista na lei. 
Cito como exemplo, a remoção de um subordinado 
pelo superior hierárquico, para comarca distinta, sob a alegação de 
necessidade do serviço, mas com o fim único de persegui-lo, puni-lo. 
Tanto quando há excesso ou desvio de poder diz-se 
que ocorreu abuso de poder, o que configura ilícito administrativo, 
além de ilícito penal tipificado na Lei nº 4.898/65 (abuso de 
autoridade), além de ser ato de improbidade administrativa, 
conforme art. 11, inc. I, da Lei nº 8.429/92, que assim dispõe: 
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa
que atenta contra os princípios da administração pública 
qualquer ação ou omissão que viole os deveres de 
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às 
instituições, e notadamente: 
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou 
regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de 
competência; 
Ademais, como ressaltado, se é dever atuar, também 
haverá abuso de poder quando o agente deixar de praticar o ato, ou 
seja, ficar inerte, omisso. 
Com efeito, o abuso de poder é conduta, omissiva ou 
comissiva, que afronta os princípios da legalidade, finalidade, 
moralidade, dentre outros, sujeitando-se, pois, ao controle 
administrativo (autotutela) ou judicial (mandado de segurança, por 
exemplo). 
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Outrossim, ao mesmo tempo que são conferidos 
poderes, também são fixados deveres, restrições, aos agentes 
públicos, tal com o dever de probidade, o dever de prestar contas, o 
dever de eficiência, dentre outros. 
De modo geral, a doutrina destaca a existência de 
diversos poderes administrativos, de modo que é possível enquadrá-
los nas seguintes modalidades ou espécies: 
a) poder discricionário/vinculado; 
b) poder regulamentar; 
c) poder hierárquico; 
d) poder disciplinar; 
e) poder de polícia. 
Configura-se o poder discricionário quando a lei não 
traça todos os parâmetros para atuação do agente público, cabendo-
lhe avaliar a conveniência e oportunidade de se realizar determinado 
ato em atendimento ao interesse público. 
Na discricionariedade há margem para valoração da 
conduta, ou seja, valorar quais as condições e o melhor momento 
para realizar a conduta. Que dizer, é o poder para decidir o que é 
conveniente, oportuno para a Administração Pública na condução do 
interesse coletivo. 
Poder discricionário, assim, é o poder concedido 
para mensurar acerca de se praticar ou realizar determinado ato, 
considerando a conveniência e oportunidade, diante de duas ou mais 
condutas possíveis, cabendo ao agente eleger aquela que melhor 
atenda ao interesse público. 
É importante destacar que a conveniência diz 
respeito às condições para se praticar o ato. Já a oportunidade, por 
outro lado, refere-se ao momento em que o ato deve ser praticado. 
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Assim, tome como exemplo, a necessidade de a 
Administração adquirir material de consumo (caneta, papel etc). A 
lei determina que seja licitado, mas o momento (oportunidade) e as 
condições(conveniência) para tanto será definida pelo 
administrador, com base no seu planejamento administrativo. 
Vê-se que o poder discricionário encontra-se na 
margem de espaço permitida pela própria lei. No entanto, em que 
pese essa abertura, o poder discricionário possui limitação, de modo 
que pode sofrer controle administrativo e judicial. 
É que no âmbito da discricionariedade permitida, 
deve-se observar a adequação da conduta ao alcance da 
finalidade (razoabilidade / proporcionalidade) expressa em lei. 
Também devem ser observados os motivos que 
inspiraram a prática do ato, de modo que é dever do agente expor 
os fundamentos de fato e de direito que deram ensejo ao ato, a fim 
de que se possa verificar sua validade. 
Por isso, discute-se se é possível o controle judicial 
dos atos com base no poder discricionário. 
Nesse sentido, com base nos limites impostos, é 
permitido que o Poder Judiciário afira a legalidade do exercício do 
poder discricionário, considerando em especial a razoabilidade e 
proporcionalidade dos atos. 
O que se veda ao Judiciário é que se faça o juízo de 
conveniência e oportunidade, substituindo a vontade do 
administrador, conduta que ensejaria a invasão em esfera de 
competência adstrita ao agente público, ou seja, redundaria em 
violação ao princípio da separação de poderes. 
Porém, é dado ao Poder Judiciário, como destacado, 
apreciar o ato, inclusive no seu aspecto de liberdade, a fim de 
verificar se não houve violação aos limites legais, isto é, se o ato não 
é arbitrário, abusivo, ilegal ou ilegítimo. 
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Veja que é essa a orientação que vem sendo adotada 
no Supremo Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, cf. 
Informativo 337 (MS-23981) e REsp 443.310/RS (Rel. Ministro LUIZ 
FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21.10.2003, DJ 03.11.2003 p. 
249). 
De todo forma, devemos lembrar que todos os atos 
administrativos são passíveis de controle judicial. 
Quanto aos atos discricionários o controle é mais 
limitado, mas é sempre possível. É que poderá sofrer controle acerca 
dos seus elementos vinculados (competência, finalidade e forma) 
que estarão previstos na norma, bem como no mérito para verificar 
a compatibilidade com os princípios constitucionais (razoabilidade, 
proporcionalidade), ou seja, a adequação aos limites legais. 
Portanto, a discricionariedade está baseada nos limites 
legais, de modo que não há discricionariedade contra legem por 
ser prática arbitrária. 
É preciso, no entanto, distinguir o que seja 
discricionariedade, daquilo que se denomina de conceito jurídico 
indeterminado. 
Os conceitos jurídicos indeterminados, conforme 
explica Carvalho Filho, são termos ou expressões contidos em 
normas jurídicas, que, por não terem exatidão em seu sentido, 
permitem que o intérprete ou o aplicador possam atribuir certo 
significado, mutável em função da valoração que se proceda diante 
dos pressupostos da norma. É que sucede com expressões do tipo 
‘ordem pública’, ‘bons costumes’, ‘interesse público’, ‘segurança 
nacional’. 
São, portanto, expressões previstas no âmbito da 
norma, que já estabelece seus efeitos, cabendo apenas a 
concretização ou interpretação pelo aplicador. 
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A discricionariedade reside no campo da aplicação da 
norma, de forma que permite ao administrador, dentro da margem 
legal, observando a oportunidade e conveniência, ponderar os 
interesses concorrentes dando prevalência ao que melhor atenda o 
fim perseguido. 
Por outro lado, o Poder é vinculado ou regrado
quando a lei define todos os elementos e requisitos necessários à 
prática de ato, não havendo qualquer margem de liberdade para 
atuação do administrador, devendo realizar o que exatamente 
estabelece a lei, quando e como ela determina. 
De todo modo, é bom ressaltar que para alguns 
autores, tal como a Profa. Zanella Di Pietro, os poderes 
discricionários e vinculados “não existem como poderes 
autônomos; a discricionariedade e a vinculação são, quando 
muito, atributos de outros poderes ou competências 
administrativas”. 
Para autora só existiria os poderes normativo, 
disciplinar, hierárquico e de polícia. E, nesse sentido, para o 
Prof. Carvalho Filho só o regulamentar, discricionário e de 
polícia. 
De todo modo, como disse inicialmente, em geral, 
tem-se aceito os poderes discricionário, vinculado, regulamentar, 
hierárquico, disciplinar e de polícia. 
O Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à 
Administração Pública de editar atos normativos de caráter abstrato 
e geral visando dar aplicabilidade à lei. 
Trata-se de poder no sentido de praticar atos de 
natureza derivada (secundário) tendo em vista complementar o 
alcance da lei, decorrente da função normativa. 
Com efeito, como salienta Carvalho Filho, “o poder 
regulamentar é subjacente à lei”, ou seja, deve observar as balizas 
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legais, de modo a não contrariar seu sentido e comando. Quer dizer, 
não pode criar direitos, nem obrigações que não decorram 
diretamente da Lei. 
É exemplo de este poder os decretos e 
regulamentos, conforme prevê o art. 84, incisos IV e VI, da CF/88, 
que por simetria aplica-se a todas as esferas federativas. 
Assim, muito embora não haja entendimento 
uniforme, é possível destacar duas espécies de decretos ou 
regulamentos. Os denominados decretos de execução e os 
autônomos. 
Os decretos de execução, no âmbito brasileiro, 
estariam previstos no art. 84, inc. IV, da CF/88, que seriam 
utilizados para dar fiel execução às leis, conforme o seguinte: 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da 
República: 
[...] 
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como 
expedir decretos e regulamentos para sua fiel 
execução; 
 
Por outro lado, os chamados decretos autônomos
são utilizados para tutelar hipótese que decorre diretamente da 
Constituição, ou seja, são atos normativos primários, pois não estão 
subordinados à lei. 
A doutrina tem indicado como hipótese de decreto 
autônomo a disposição contida no art. 84, inc. VI, da CF/88, ao 
estabelecer que compete ao chefe do Executivo, mediante decreto, 
dispor sobre: a) organização e funcionamento da 
administração federal, quando não implicar aumento de 
despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. 
No entanto, como disse, trata-se de tema 
controvertido na doutrina. Assim, em defesa dos decretos 
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autônomos está a Profa. Di Pietro, Hely Lopes, dentre outros. No 
sentido de o ordenamento Constitucional não prevê tal espécie estão 
os Profs. Celso Bandeira, Carvalho Filho, por exemplo. 
Contudo, o Supremo Tribunal Federal vem admitindo a 
figura do decreto autônomo, após a EC 32/01, nos termos do art. 
84, inc. VI, da CF/88, nos seguintes termos: 
INFORMATIVO Nº 324 
TÍTULO: Liberação de Recursos: Autorização Presidencial 
PROCESSO: ADI - 2564 
ARTIGO: 
Julgado improcedente o pedido formulado em ação direta 
ajuizada pelo Partido Comunista do Brasil - PC do B contra o 
Decreto 4.010/2001, que vincula a liberação dos recursos 
para pagamento dos servidores da Administração Pública 
Federal direta, autárquica e fundacional, à expressa 
autorização do Presidente da República. O Tribunal 
considerou não caracterizada, na espécie, a alegada 
ofensa ao princípio da reserva legal - dado que o art. 
84, VI, da CF, na redação dada pela EC 32/2001 
permite ao Presidente da República dispor, por 
decreto, sobre a organização e o funcionamento da 
administraçãofederal quando isso não implicar 
aumento de despesa ou criação de órgãos públicos -, 
afastando, ainda, a argumentação do requerente de que a 
norma impugnada privaria os ministros de Estado da 
atuação nas áreas de sua competência, já que, na forma 
prevista nos artigos 76 e 84, II, da CF, o Poder Executivo é 
exercido pelo Presidente da República, com o auxílio dos 
ministros de Estado. ADI 2.564-DF, rel. Ministra Ellen 
Gracie, 8.10.2003. (ADI-2564) 
INFORMATIVO Nº 217 
TÍTULO: Guerra Fiscal 
PROCESSO: ADI - 2155 
ARTIGO 
Julgando o pedido de medida liminar em ação direta de 
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inconstitucionalidade requerida pelo Governador do Estado 
de São Paulo contra o Decreto 2.736/96 do Estado do 
Paraná (Regulamento do ICMS do Paraná) - que concede 
crédito presumido de ICMS, incentivos e benefícios fiscais -, 
o Tribunal, preliminarmente, rejeitou a articulação de não-
cabimento da ação por entender que tal norma 
caracteriza-se como decreto autônomo revestido de 
conteúdo normativo, e não como simples ato 
regulamentar. Prosseguindo no julgamento, o Tribunal 
entendeu relevante a fundamentação jurídica do pedido por 
aparente contrariedade ao art. 155, § 2º, XII, g, da CF, que 
só admite a concessão de isenções, incentivos e benefícios 
fiscais por deliberação dos Estados e do Distrito Federal, 
mediante lei complementar. O Tribunal não conheceu da 
ação quanto a diversos dispositivos por se tratarem de 
normas temporárias, cujos efeitos já se exauriram. ADInMC 
2.155-PR, rel. Min. Sydney Sanches, 15.2.2001.(ADI-2155) 
Fala-se, ainda, em poder regulatório ou normativo
técnico ou regulamentar delegado. É o poder conferido, por 
exemplo, às agências reguladoras, ao Conselho Nacional de Justiça, 
ao CADE, ao Conselho Monetário Nacional, dentre outros órgãos e 
entidades da Administração para, conforme permissão legal, 
estabelecer normas técnicas acerca de sua área de atuação. 
Há uma delegação legislativa no sentido de permitir a 
criação de disposições técnicas. Contudo, esse poder não é de inovar 
na ordem jurídica, está calcando em pormenorizar tecnicamente os 
aspectos legais (o que se tem chamado de discricionariedade 
técnica), com a expedição de Instruções Normativas por uma 
Agência, quanto à edição de uma Resolução por um órgão 
administrativo, por exemplo. 
Dessa forma, o poder regulamentar ou o regulatório 
(normativo técnico) não podem ultrapassar os limites da lei, criando 
situação jurídica não tutelada na norma, ou seja, devem apenas 
esclarecer, explicitar, pormenorizar ou viabilizar a operacionalidade 
técnica da lei. 
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Ademais, cumpre lembrar que cabe ao congresso 
nacional, nos termos do art. 49, inc. V, da CF/88, sustar os atos do 
poder executivo que exorbitem o exercício do poder regulamentar. 
Poder Hierárquico é o poder que decorre da 
organização hierárquica da Administração Pública, ou seja, da 
relação de subordinação existente entre os vários órgãos e agentes. 
Trata-se de relação de subordinação entre os vários 
órgãos e agentes componentes de uma estrutura administrativa. 
São poderes implícitos ou decorrentes do poder 
hierárquico no sentido de permitir ao superior comandar 
(estabelecer normas), ordenar (dar ordens), coordenar (gerenciar, 
distribuir atividades, delegar ou avocar funções), controlar 
(fiscalizar e exigir o cumprimento das ordens) e corrigir (rever os 
atos, anulando ou revogando) as atividades administrativas. 
Notadamente, a hierarquia é o poder de comando, de 
orientação, de coordenação, de fiscalizar das atividades 
desempenhadas no cotidiano administrativo. 
O poder comando ou de direção é o de orientar as 
atividades administrativas, mediante a expedição de atos gerais e 
determinações específicas através dos quais, como ressaltamos, são 
repartidas e escalonadas as funções dos agentes e órgãos públicos, 
com o objetivo de assegurar seu exercício harmônico e coordenado 
da função administrativa. 
Assim, o poder de direção subjacente ao poder 
hierárquico será exercido através da expedição de atos normativos 
que vinculam a atuação do agente em determinadas situações, de 
modo a realizar certas condutas (instruções) ou por ordens 
concretas individualizadas (portarias) a fim de que os órgãos 
inferiores observem o direcionamento dado pelos órgãos de 
comando. 
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Por isso, recorde-se que é dever funcional observar as 
ordens superiores, somente podendo descumpri-las se forem 
MANIFESTAMENTE ilegais. 
Não se deve, no entanto, confundir subordinação
com vinculação administrativa. A subordinação decorre do poder 
hierárquico, a vinculação resulta do poder de supervisão ministerial 
(tutela) sobre a entidade vinculada e é exercida nos limites legais, 
não retirando a autonomia administrativa da entidade, sendo 
controle apenas de finalidade, de resultado, ou seja, dos fins da 
entidade. 
Dessa relação de subordinação administrativa 
(hierarquia) decorre o poder de autotutela, ou seja, do superior 
rever os atos do subordinado anulando-o quando ilegais ou 
revogando quando inconvenientes ou inoportunos, seja de ofício ou 
por meio de recurso hierárquico. 
O poder disciplinar é a faculdade conferida à 
Administração Pública no sentido de punir no âmbito interno os 
ilícitos funcionais de seus agentes, bem como de outras pessoas 
sujeitas à disciplina da Administração. 
É uma decorrência do poder hierárquico, porém não se 
confunde com este na medida em que o poder hierárquico induz à 
ideia de escalonamento de funções e subordinação entre os diversos 
graus. O poder disciplinar é o poder de controlar e fiscalizar no 
âmbito interno o exercício dessas funções, de modo a 
responsabilizar o agente pelos ilícitos cometidos, aplicando 
penalidades. 
Então, o poder disciplinar é o poder conferido à 
Administração para responsabilizar os agentes, órgão ou entidade, 
ou ainda demais pessoas submetidas à disciplina interna por ilícitos 
cometidos. 
Observe, portanto, que o poder disciplinar pode incidir 
sobre agentes públicos (regime disciplinar) ou mesmo sobre pessoas 
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particulares que mantenham vínculo com a Administração (alunos 
em escola pública, detentos, contratados etc). 
No entanto, se não houver nenhum vínculo com a 
Administração, não poderá incidir o poder disciplinar. 
Com efeito, conforme menciona a Profa. Raquel Melo 
Urbano, “esclareça-se que o poder disciplinar não abrange as 
sanções impostas a terceiros estranhos ao quadro de pessoal do 
Poder Público. Particulares que não foram investidos em cargos, 
empregos ou funções públicas não estão sujeitos à disciplina 
punitiva da Administração”. 
Significa dizer que se o particular não tem qualquer 
vínculo com a Administração (funcional ou contratual, por exemplo), 
não poderá sofrer sanção em razão do poder disciplinar da 
Administração, mas poderá em razão do poder de polícia 
(fiscalização de atividade etc). 
Lembre-se, no entanto, se esse particular tiver algum 
vínculo com o Estado (contrato de prestação de serviço, 
concessionário, permissionário) sofrerá sanção disciplinar (multa, 
advertência, suspensão etc), e se não tiver qualquer vínculo 
somente poderá sofrer sanção decorrente do poder de polícia. 
Temos ainda o poder de polícia. 
O poder de polícia é a prerrogativa de que dispõe a 
Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de 
bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade 
ou do próprioEstado. 
Esse poder tem por fundamento, conforme lição da 
Profa. Di Pietro, no princípio da predominância do interesse público 
sobre o particular, que dá a Administração posição de supremacia 
sobre os administrados, na medida em que a Administração dispõe 
de prerrogativas especiais para a consecução de seus fins. 
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Com efeito, a definição de poder de polícia fora 
positivada no Código Tributário Nacional, em seu artigo 78, ao 
expressar que: 
Art. 78. Considera-se poder de polícia a atividade da 
Administração Pública que, limitando ou disciplinando 
direito, interesse ou liberdade, regula prática de ato ou 
abstenção de fato, em razão de interesse público 
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos 
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 
exercício de atividade econômicas dependentes de 
concessão ou autorização do Poder Público, à 
tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e 
aos direitos individuais e coletivos. 
O poder de polícia pode ser visto numa acepção ampla 
ou numa acepção restrita. 
Em sentido amplo compreende toda a atividade estatal 
de condicionar, restringir, direitos individuais em prol do interesse 
coletivo. Assim, compreenderia, por exemplo, a atividade legislativa, 
isto é, a criação de leis restritiva de direitos. 
Em sentido estrito corresponde à atividade 
administrativa que impõe restrições à atividade, liberdade e à 
propriedade, por meio de intervenções abstratas ou concretas da 
Administração Pública, sendo denominado de polícia 
administrativa. 
Com efeito, o poder de polícia pode ser preventivo 
ou repressivo. É preventivo quando destina a evitar condutas que 
violem o interesse da coletividade. É repressivo quando destinado a 
combater ilícitos que redundem em afronta ao interesse público. 
Significa dizer que no exercício da polícia 
administrativa preventiva a Administração expedirá os atos 
normativos (regulamentos, portarias etc), ou seja, atos gerais e 
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abstratos, que delimitarão a atividade e o interesse dos particulares 
em razão do interesse público. 
No tocante ao poder de polícia repressivo a 
Administração irá atuar no sentido de fiscalizar atividades e bens, 
verificando a existência de infrações às disposições preventivas e 
punindo as condutas ilícitas administrativas. 
No primeiro caso, ou seja, do exercício do poder de 
polícia preventivo podemos citar a necessidade, por exemplo, de se 
requerer o alvará de funcionamento para abertura de bares ou 
restaurantes. No segundo caso, polícia repressiva, temos a 
fiscalização estatal a fim de verificar se os bares e restaurantes têm 
os referidos alvarás e se cumprem as regras inerentes à segurança, 
saúde etc. 
Nesse sentido, distingue-se a polícia administrativa, 
que incide sobre bens, atividades ou direitos, da polícia judiciária
que atua sobre pessoas, voltada ao combate de ilícitos criminais. 
A Polícia Judiciária atua no sentido de manter a ordem 
e a segurança da sociedade, combatendo a criminalidade, atuando 
por meio de órgãos de defesa, ou seja, por corporações (Polícia 
Militar, Polícia Civil, Polícia Federal). 
Então, podemos dizer que a polícia judiciária tem 
atuação predominantemente voltada para as pessoas, no combate à 
criminalidade, à repressão penal, à segurança pública. 
A polícia administrativa, por outro lado, não incide 
sobre pessoas, incide sobre bens, atividades, e liberdades 
individuais, tanto preventiva quanto repressivamente, ou seja, atua 
no combate a ilícitos administrativos, anti-sociais, na fiscalização dos 
diversos setores sociais (comércio, sanitário, meio ambiente etc). 
Portanto, enquanto a polícia administrativa é regida 
pelo Direito Administrativo, a polícia judiciária deve observar as 
normas de direito criminal (processuais e penais). 
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Assim, como o poder de polícia, a polícia 
administrativa, é atividade conferida ao Estado para impor restrições 
a esfera particular, devemos entender que se trata de prerrogativa 
especial, e como tal, goza de atributos diferenciados. 
Assim, o poder de polícia goza dos seguintes atributos 
específicos: a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a 
coercibilidade (DAC). 
 
A discricionariedade deve ser entendida no sentido 
de que cabe à Administração definir quando e onde exercitar seu 
poder de fiscalização e controle, ou seja, a oportunidade e 
conveniência de exercer o poder de polícia, aplicando as sanções e 
os meios necessários à proteção do interesse público. 
Contudo, deve-se ressaltar que o poder de polícia é 
em regra discricionário, isso porque a lei pode estabelecer o modo e 
a forma de sua realização quando, então, não haverá margem de 
escolha da Administração, sendo, pois, vinculado, tal como a 
concessão de licença para dirigir (habilitação). 
Com efeito, a licença é ato de polícia vinculado, ou 
seja, ocorre quando o indivíduo, preenchidos os requisitos, tem o 
direito de praticar o ato, por isso são atos vinculados (licença para 
construir, para dirigir etc). 
A autorização, por outro lado, é ato decorrente do 
poder de polícia discricionária, ou seja, dependerá da conveniência 
e oportunidade da administração em permitir ou conceder o ato (ex. 
porte arma), podendo, portanto, ser revogada. 
Assim, podemos concluir que nem todo ato do 
poder de polícia é discricionário. 
A autoexecutoridade é a prerrogativa conferida à 
Administração para decidir e executar diretamente suas decisões, 
por seus próprios meios, sem intervenção do Poder Judiciário. 
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Veja que a Administração para praticar seus atos 
condizentes com o poder de polícia não necessita de autorização 
judicial, de modo que por si mesma pode executá-los. 
A coercibilidade é o atributo que confere à 
Administração poder de impor obrigações ou condutas aos 
particulares, de forma a exigir seu cumprimento, sob pena de a 
Administração fazer-se cumprir pelo uso da força. 
Quanto à titularidade do poder de polícia, é importante 
observar que a competência para exercê-lo decorre diretamente do 
sistema de partilha de competências constitucional. Assim, em 
regra, a competência é da pessoa política a qual a Constituição 
conferiu o poder de regular a matéria. 
Portanto, tratando-se de assuntos de interesses 
nacionais, a competência é da União. De assuntos estaduais, a 
competência é do Estado-membro. E, regionais, a competência é do 
Município. Porém, devemos lembrar que haverá a possibilidade de 
exercício concorrente, daí a necessidade de atuação em sistema de 
gestão associada, conforme prescreve o art. 241, CF/88. 
Nesse sentido, quando o poder de polícia é exercido 
diretamente pela pessoa política, ou seja, pela Administração Pública 
direta, por seus órgãos e agentes, fala-se em poder de polícia 
originário. 
Contudo, quando outorgado (delegação feita por lei) à 
pessoa jurídica integrante da Administração Indireta, tal como as 
autarquias, denomina-se poder de polícia delegado ou 
outorgado. 
Daí a grande celeuma no âmbito dessa matéria. Pode 
o poder de polícia ser delegado? É preciso ter cuidado, pois 
acabamos de ver que a resposta é positiva, desde que a delegação 
ocorra por força de lei. 
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Agora, a delegação poderá ocorrer para pessoa 
jurídica de direito privado? E para particulares? 
Bem, aí a questãoé um pouco mais complexa. A 
jurisprudência tem pacificado o entendimento de que o poder de 
polícia é atividade exclusivamente estatal, por isso, não poderia ser 
delegado a particulares. 
Nesse sentido, entende o professor Celso Antônio 
Bandeira de Mello que, em regra, não se pode delegar os atos de 
poder de polícia a particulares e essa tem sido a orientação 
jurisprudencial do próprio Supremo Tribunal Federal (ADI 1.717/DF) 
e do Superior Tribunal de Justiça. Ilustrativamente: 
PROCESSUAL CIVIL – CONFLITO DE COMPETÊNCIA – 
CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL – 
PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO – PROCESSO 
LICITATÓRIO – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL. 
1. O Supremo Tribunal Federal, na ADIn 1.717/DF, 
declarou a inconstitucionalidade dos dispositivos da Lei 
9.649/98, que alteraram a natureza jurídica dos 
conselhos profissionais por ser indelegável a 
entidade privada atividade típica de Estado, que 
abrange até poder de polícia, de tributar e de 
punir, no que concerne ao exercício das 
atividades profissionais regulamentadas.
2. Mantida a natureza autárquica dos conselhos 
profissionais permanece competente a Justiça Federal 
para julgar mandado de segurança, ainda que o ato 
impugnado seja de gestão e não de delegação, como 
in casu. 
3. Conflito conhecido para declarar-se competente o 
Juízo Federal, suscitado. (CC 54.780/RR, Rel. Ministra 
ELIANA CALMON, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 
28/06/2006, DJ 07/08/2006 p. 197) 
Contudo, o ilustre professor ressalva o caso de 
capitães de navios, em que há o exercício do poder de polícia por 
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pessoa privada. No entanto, trata-se de uma excepcionalidade, 
segundo o próprio mestre. 
Destaca-se, todavia, que é possível que se permita ao 
particular, pessoa privada, a prática de atos materiais que precedam 
os atos jurídicos do poder de polícia, que é a instrumentalização 
do poder de polícia, tal como colocação de fotossensores, radares, 
pardais, detectores de produtos ilícitos ou metais em aeroportos etc, 
conforme orientação jurisprudencial. Vejamos: 
ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE 
TRÂNSITO. NECESSIDADE DE IDENTIFICAÇÃO DO 
AGENTE. AUTO DE INFRAÇÃO. 
1. Nos termos do artigo 280, § 4º, do Código de 
Trânsito, o agente da autoridade de trânsito 
competente para lavrar o auto de infração poderá ser 
servidor civil, estatutário ou celetista ou, ainda, policial 
militar designado pela autoridade de trânsito com 
jurisdição sobre a via no âmbito de sua competência. 
O aresto consignou que toda e qualquer notificação é 
lavrada por autoridade administrativa. 
2. "Daí não se segue, entretanto, que certos atos 
materiais que precedem atos jurídicos de polícia não 
possam ser praticados por particulares, mediante 
delegação, propriamente dita, ou em decorrência de 
um simples contrato de prestação. Em ambos os casos 
(isto é, com ou sem delegação), às vezes, tal figura 
aparecerá sob o rótulo de "credenciamento". Adílson 
Dallari, em interessantíssimo estudo, recolhe variado 
exemplário de "credenciamentos". É o que sucede, por 
exemplo, na fiscalização do cumprimento de normas 
de trânsito mediante equipamentos fotossensores, 
pertencentes e operados por empresas privadas 
contratadas pelo Poder Público, que acusam a 
velocidade do veículo ao ultrapassar determinado 
ponto e lhe captam eletronicamente a imagem, 
registrando dia e momento da ocorrência" (Celso 
Antônio Bandeira de Mello, in "Curso de Direito 
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Administrativo, Malheiros, 15ª edição, pág. 726): 3. É 
descabido exigir-se a presença do agente para lavrar o 
auto de infração no local e momento em que ocorreu a 
infração, pois o § 2º do CTB admite como meio para 
comprovar a ocorrência "aparelho eletrônico ou por 
equipamento audiovisual (...)previamente 
regulamentado pelo CONTRAN." 4. Não se discutiu 
sobre a impossibilidade da administração valer-se de 
cláusula que estabelece exceção para notificação 
pessoal da infração para instituir controle eletrônico. 
5. Recurso especial improvido. (REsp 712.312/DF, Rel. 
Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado 
em 18/08/2005, DJ 21/03/2006 p. 113) 
Mas, e se essa pessoa jurídica de direito privado for 
integrante da Administração Pública? 
Bem, o entendimento era no sentido de que pessoa 
jurídica de direito privado não poderia exercer atos do poder de 
polícia, por ser atividade tipicamente estatal, ou seja, que deveria 
ser exercida por pessoa jurídica de direito público. 
Contudo, em recente decisão o STJ passou a entender 
que o poder de polícia, que atualmente é desmembrado em quatro 
atividades, qual seja: legislação, consentimento, fiscalização e 
sanção -, poderá ser delegado à pessoa jurídica de direito privado, 
integrante da Administração Pública, no tocante às atividades de 
consentimento e fiscalização. 
Significa dizer que, para o STJ, as atividades de 
consentimento (tal como expedição de alvará, carteira de motorista, 
dentre outras) e de fiscalização (fiscalização de trânsito, postura, 
obras, sanitária etc) podem ser delegadas às entidades de direito 
privado integrantes da Administração Pública. 
No entanto, conforme entendimento do STJ não 
poderá ser delegado atividades de legislação e aplicação de sanções, 
por se caracterizar como atividades intrínsecas do campo 
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administrativo. Nesse sentido, vale transcrever a notícia veiculada 
no âmbito do STJ: 
"A Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) 
decidiu pela possibilidade de a Empresa de Transporte de 
Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) exercer atos 
relativos à fiscalização no trânsito da capital mineira. 
Entretanto, os ministros da Turma mantiveram a 
vedação à aplicação de multas pela empresa privada. 
A Turma decidiu reformar, parcialmente, decisão de 
novembro último que garantiu ao poder público a aplicação 
de multa de trânsito. Na ocasião, os ministros 
acompanharam o entendimento do relator, ministro Mauro 
Campbell Marques, de ser impossível a transferência do 
poder de polícia para a sociedade de economia mista, que é 
o caso da BHTrans. Ele explicou que o poder de polícia é o 
dever estatal de limitar o exercício da propriedade e da 
liberdade em favor do interesse público. E suas atividades 
se dividem em quatro grupos: legislação, consentimento, 
fiscalização e sanção.” 
O prof. Carvalho Filho, neste aspecto, diverge, pois 
entende que qualquer pessoa administrativa também poderá exercer 
a atividade de fiscalização e aplicar sanção. 
A propósito, são sanções decorrentes do poder de 
polícia as multas, interdição de atividades, embargo de obras, 
cassação de patentes, demolições, proibição de fabricar, suspensão 
ou cassação de direito, por exemplo. 
De toda sorte, por ser ato administrativo, os atos de 
poder de polícia se submetem ao controle administrativo, de 
autotutela, bem como ao controle judicial. 
Ademais, vale destacar que a Lei nº 9.873/99 
estabelece prazo prescricional de cinco anos para o exercício de 
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ação punitiva pela Administração Pública Federal direta e indireta, no 
exercício do poder de polícia, conforme determina o art. 1º: 
Art. 1o Prescreve em cinco anos a ação punitiva da 
Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício 
do poder de polícia, objetivando apurar infração à legislação 
em vigor, contados da data da prática do ato ou, no 
caso de infração permanente ou continuada, do diaem que tiver cessado. 
Observe que esta lei não se aplica às infrações de 
natureza funcional e aos processos e procedimentos de natureza 
tributária, conforme art. 5º, mas ao exercício do poder de polícia. 
Assim, vamos às questões. 
QUESTÕES COMENTADAS 
1. (PERITO MÉDICO – INSS – CESPE/2010) O sistema 
administrativo ampara-se, basicamente, nos princípios da 
supremacia do interesse público sobre o particular e da 
indisponibilidade do interesse público pela administração. 
Comentário: 
Conforme destacado, a Constituição Federal, em seu 
art. 37, caput, determina que a Administração Pública deverá 
observar os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência, dentre outros, na realização de suas 
atividades. 
Sabemos, no entanto, que além desses princípios 
expressos, existem outros princípios implícitos, tal como os 
princípios da supremacia do interesse público sobre o privado e 
da indisponibilidade do interesse público, que são os postulados 
centrais do regime jurídico-administrativo. 
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Portanto, pode-se afirmar que o sistema 
administrativo está fundado nesses dois princípios primordiais, ou 
seja, na supremacia e na indisponibilidade do interesse público. 
Gabarito: Certo. 
2. (AUXILIAR DE PROCURADORIA – PGE/PA – CESPE/2007) A 
doutrina aponta como princípios do regime jurídico 
administrativo a supremacia do interesse público sobre o 
privado e a indisponibilidade do interesse público. 
Comentário: 
De fato, os princípios da supremacia do interesse 
público e o da indisponibilidade são considerados super-princípios 
que dão origem ao conjunto de princípios e regras que vão orientar 
a atividade administrativa, ou seja, que constituem as bases do 
regime jurídico-administrativo. 
Gabarito: Certo. 
3. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – STM – 
CESPE/2011) Em situações em que a administração participa 
da economia, na qualidade de Estado-empresário, explorando 
atividade econômica em um mercado concorrencial, 
manifesta-se a preponderância do princípio da supremacia do 
interesse público. 
Comentário: 
Como já destacado, o princípio da supremacia do 
interesse público se traduz em prerrogativas, poderes especiais 
conferidos à Administração Pública para realizar seus fins. Significa 
dizer que a Administração goza de superioridade em relação ao 
particular. 
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Todavia, em regra, quando a Administração cria 
entidade para participar do mercado, estará atuando em pé de 
igualdade, ou seja, estará submetida ao mesmo regime jurídico das 
demais pessoas privadas (regime jurídico de direito privado), 
conforme estabelece o art. 173, §1º, inc. II, CF/88, que assim 
expressa: 
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, 
a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só 
será permitida quando necessária aos imperativos da 
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, 
conforme definidos em lei. 
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa 
pública, da sociedade de economia mista e de suas 
subsidiárias que explorem atividade econômica de produção 
ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, 
dispondo sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 19, de 1998) 
II - a sujeição ao regime jurídico próprio das 
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e 
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e 
tributários; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
19, de 1998) 
Por isso, em situações em que a administração 
participa da economia, na qualidade de Estado-empresário, 
explorando atividade econômica em um mercado concorrencial, não 
se manifesta a preponderância do princípio da supremacia do 
interesse público. 
Gabarito: Errado. 
4. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) De acordo com precedente 
histórico do STF, é possível, sem ofensa ao princípio da 
indisponibilidade do interesse público, a União firmar 
compromisso arbitral, mesmo em situação excepcional, desde 
que relativamente a direitos patrimoniais do Estado. 
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Comentário: 
De fato, no julgamento do RE 253.855-0, da relatoria 
da Min. Ellen Gracie, resgatou-se um entendimento histórico do STF 
no sentido de que o Estado pode firmar compromisso arbitral, a fim 
de se utilizar de soluções alternativas de conflitos, desde que 
relativamente a direitos patromoniais. 
Observe o trecho do julgado: 
Gabarito: Certo. 
5. (PROMOTOR – MPE/AM - CESPE/2007) Explícita ou 
implicitamente, os princípios do direito administrativo que 
informam a atividade da administração pública devem ser 
extraídos da CF. 
Comentário: 
De fato, todos os princípios que orientam a atividade 
administrativa estão expressos ou implicitamente previstos na 
Constituição Federal. 
Gabarito: Certo. 
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6. (PROMOTOR – MPE/AM – CESPE/2007) Os princípios que 
regem a atividade da administração pública e que estão 
expressamente previstos na CF são os princípios da 
legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade. 
Comentário: 
O art. 37 da Constituição Federal expressamente 
estabelece os princípios da Legalidade, Impessoalidade, 
Moralidade, Publicidade e Eficiência. 
Devemos lembrar que o princípio da eficiência estava 
implícito na Constituição, somente vindo a ser positivado 
expressamente com a EC nº 19/98. 
Assim, observe que a assertiva traz a redação da 
Constituição Federal de 1988 antes da EC 19/98. 
Gabarito: Errado. 
7. (TÉCNICO CIENTÍFICO – BASA – CESPE/2010) Os 
princípios da moralidade, da legalidade, da publicidade, da 
eficiência e da impessoalidade, estipulados pelo texto 
constitucional, somente se aplicam à legislação 
administrativa referente à administração pública no âmbito 
federal, com desdobramentos na administração direta, na 
indireta e na fundacional. 
Comentário: 
Observe que o mandamento constitucional prescrito no 
art. 37, caput, determina a aplicação dos princípios administrativos a 
todas as esferas de governo, ou seja, a Administração Pública direta 
e indireta, de quaisquer dos poderes da União, dos Estados, Distrito 
Federal e Municípios, conforme o seguinte: 
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Art. 37. A administração pública direta e indireta de 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos 
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) 
Gabarito: Errado. 
8. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – TRE/ES – CESPE/2011) Os 
princípios elencados na Constituição Federal, tais como 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e 
eficiência, aplicam-se à administração pública direta, 
autárquica e fundacional, mas não às empresas públicas e 
sociedades de economia mista que explorem atividade 
econômica. 
Comentário: 
De acordo com o art. 37, CF/88, a Administração 
Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, 
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá 
aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência. 
Assim, tanto os entes políticos (União, Estados-
membros, DF e Municípios), quanto às entidades administrativas 
(autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e 
empresas públicas) se submetem aos princípios administrativos. 
Gabarito:Errado. 
9. (PROMOTOR – MPE/AM – CESPE/2007) A lei que trata dos 
processos administrativos no âmbito federal previu outros 
princípios norteadores da administração pública. Tal previsão 
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extrapolou o âmbito constitucional, o que gerou a 
inconstitucionalidade da referida norma. 
Comentário: 
Já ressaltei que todos os princípios que orientam a 
atividade administrativa advêm da própria Constituição Federal. No 
entanto, alguns estão expressos e outros estão implícitos. 
Com efeito, a Lei nº 9.784/99, que regulamenta o 
processo administrativo no âmbito federal, tornou expresso alguns 
desses princípios implícitos, além de repetir os expressos, conforme 
o seguinte: 
Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre 
outros, aos princípios da legalidade, finalidade, 
motivação, razoabilidade, proporcionalidade, 
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança 
jurídica, interesse público e eficiência. 
Todavia, mesmo ao dispor acerca de outros princípios 
administrativos, que não estavam expressos na CF/88, a Lei nº 
9.784/99 não extrapolou as diretrizes constitucionais, pois, de fato, 
apenas positivou alguns princípios implícitos e outros decorrentes 
dos princípios expressos na CF/88. 
Gabarito: Errado. 
10. (ESCRIVÃO DE POLÍCIA – PC/ES – CESPE/2011) Os 
princípios que informam o processo administrativo são os 
mesmos que informam o processo judicial, aplicando-se, com 
a mesma intensidade, em um e outro processo. 
Comentário: 
Os princípios que informam o processo administrativo 
não são os mesmos e nem têm a mesma intensidade dos que 
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informam o processo judicial. Veja, por exemplo, o princípio da 
inércia que se aplica no âmbito judicial e o da oficialidade, ou seja, 
que a própria Administração pode deflagrar o processo 
administrativo, mas o judiciário deve ser provocado. 
Gabarito: Errado. 
11. (PROMOTOR – MPE/AM – CESPE/2007) O princípio da 
legalidade no âmbito da administração pública identifica-se 
com a formulação genérica, fundada em ideais liberais, 
segundo a qual ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei. 
Comentário: 
O princípio da legalidade administrativa traduz-se na 
ideia de que a Administração Pública e, por via de consequência, o 
administrador público, somente pode fazer aquilo que a lei autoriza 
ou determina. 
Assim, a formulação genérica do princípio da 
legalidade no sentido de ninguém é obrigado a fazer ou deixar de 
fazer alguma coisa senão em virtude de lei (princípio da 
legalidade geral ou autonomia da vontade) é aplicável aos 
particulares, visto que somente são obrigados a pautar-se de certo 
modo se e quando existente lei que os obrigue, traduzindo-se em 
liberdade. 
Por outro lado, a Administração Pública somente pode 
atuar se houver lei que a determine ou permita (princípio da 
legalidade administrativa, restrita ou estrita). 
Então, enquanto para o particular vige a liberdade, 
sendo restringida somente quando lei obrigar, na Administração 
Pública há limitações, somente atuando quando a lei permitir. 
Gabarito: Errado. 
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12. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRE/MT – 
CESPE/2010) A atuação administrativa dos integrantes do 
setor público deve ser pautada pela existência de uma 
permissão legal. Assim sendo, o princípio explicitado na CF 
hierarquicamente definido como mais importante é o da 
legalidade, pois é um princípio norteador das ações públicas. 
Comentário: 
De fato, como vimos, temos o princípio da legalidade 
como norteador de toda a atividade administrativa, ou seja, o 
agente público somente atua quando houver permissão legal. 
No entanto, não se pode dizer que se trata de princípio 
hierarquicamente definido com mais importante. É que, primeiro não 
há hierarquia entre as disposições constitucionais, segundo que 
todos os princípios orientadores da Administração são igualmente 
importantes, podendo um ato administrativo, por exemplo, ser legal, 
mas ser imoral, ser legal, mas violar a eficiência. 
Gabarito: Errado. 
13. (SECRETÁRIO EXECUTIVO – FUB – CESPE/2011) Tanto 
na administração pública quanto na particular, o 
administrador, para que órgão público ou a empresa alcance 
os objetivos pretendidos, goza de liberdade para fazer o que 
for necessário, desde que a lei não proíba. 
Comentário: 
Sabemos que a atuação administrativa sempre 
depende de lei, seja autorizando (conduta discricionária), seja 
determinado (conduta vinculada). Significa dizer que se não houver 
autorização legal, a Administração Pública não pode fazer. 
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Por outro lado, no âmbito privado, há a liberdade de 
atuar, sendo restringida apenas quando houver proibição legal. 
Gabarito: Errado. 
14. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – TJ/ES – 
CESPE/2011) O princípio da legalidade está relacionado ao 
fato de o gestor público agir somente de acordo com a lei. 
Comentário: 
De fato, o princípio da legalidade impõe a obrigação de 
agir somente de acordo com a lei. 
De todo modo, não podemos esquecer que na 
atualidade fala-se em lei em sentido mais amplo, conforme aplicação 
do princípio da jurisdicidade, ou seja, observância à lei e ao direito. 
Gabarito: Certo. 
15. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Conforme decisão 
do STF, é prescindível a edição de lei que fixe a idade limite 
para o ingresso nas forças armadas, de modo que não ofende 
o princípio da legalidade norma, nesse sentido, estipulada 
somente em edital de concurso da administração pública. 
Comentário: 
O STF entendeu que a fixação de limite de idade para 
cargos públicos deve observar o princípio da reserva legal, modo que 
deve ter previsão expressa em lei. 
INFORMATIVO Nº 608 
TÍTULO: Forças Armadas: limite de idade para concurso de 
ingresso e art. 142, § 3º, X, da CF – 4 
PROCESSO: RE – 600.885 
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ARTIGO 
O Plenário retomou julgamento de recurso extraordinário 
em que se discute a constitucionalidade, ou não, do 
estabelecimento de limite de idade por edital de concurso 
para ingresso nas Forças Armadas. Trata-se, na espécie, de 
recurso interposto pela União contra acórdão do Tribunal 
Regional Federal da 4ª Região que entendera que, em 
relação ao ingresso na carreira militar, a Constituição 
Federal exigiria que lei dispusesse a respeito 
do limite de idade (CF, art. 142, § 3º, X), não se admitindo, 
portanto, que um ato administrativo estabelecesse a 
restrição, sob pena de afronta ao princípio constitucional da 
ampla acessibilidade aos cargos públicos — v. Informativo 
580. Em voto-vista, o Min. Ricardo Lewandowski, não 
obstante concordar com as premissas estabelecidas pela 
Min. Cármen Lúcia, relatora, sobre a necessidade de lei 
formal para regulamentar o ingresso nas Forças 
Armadas (postulado da reserva de lei), dela divergiu 
quanto à solução a ser dada para o caso. Acompanhou, no 
ponto, a proposta formulada pelo Min. Gilmar Mendes no 
sentido de prover o recurso e reputar ainda constitucional, 
pelo lapso temporal de 1 ano, a norma do art. 10 da Lei 
6.880/80 (“O ingresso nas Forças Armadas é facultado, 
mediante incorporação, matrícula ou nomeação, a todos os 
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei 
e nos regulamentos da Marinha, do Exército e da 
Aeronáutica.”). RE 600885/RS, rel. Min. Cármen Lúcia,10.11.2010. (RE-600885) 
Gabarito: Certo. 
16. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Ainda que muito discutido 
na doutrina brasileira, o princípio da proteção à confiança 
legítima do administrado não é adotado pelo STF, que 
privilegia o princípio da legalidade. 
Comentário: 
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O princípio da proteção à confiança legítima do 
administrado é uma decorrência do princípio da segurança jurídica, 
na medida em que se espera da Administração que cumpra seus 
atos. 
Com efeito, trata-se de princípio reconhecido e 
adotado pelo STF no âmbito de suas decisões, de modo a manter 
conduta compatível com a razoabilidade, ainda que, e só 
aparentemente, afastando o princípio da legalidade. Vejamos: 
INFORMATIVO Nº 643 
TÍTULO: Anulação de concurso público: intimação de 
interessados e vinculação ao edital - 6 
PROCESSO: MS – 28.666 
ARTIGO 
O Min. Luiz Fux acrescentou que o CNJ, ao considerar 
inválida a admissão dos candidatos “excedentes”, teria 
pretendido sobrepor regra editalícia à própria Constituição, 
da qual se extraem os princípios da proteção da 
confiança legítima, inerente à segurança jurídica (CF, art. 
5º, caput), e o da moralidade (CF, art. 37, caput). Assinalou 
que a anulação de questões, fator que 
permitira a modificação da lista de aprovados na primeira 
fase, resultara de erro da própria Administração Pública. 
Desse modo, tendo a falha primordial partido do Estado, e 
não dos administrados, o ato que excluíra os ora 
impetrantes do concurso iria de encontro ao princípio 
segundo o qual ninguém pode se valer da própria torpeza. 
Afirmou que, como todos aqueles que seriam aprovados 
sem a anulação das questões teriam sido mantidos no 
concurso, bem assim aqueloutros que só poderiam 
prosseguir no exame em virtude de repontuação, não 
haveria prejuízo a ensejar nulidade (pas de nullité sans 
grief), pois a ampliação do número de aprovados decorrera 
de critérios objetivos e impessoais. Ademais, reputou 
indefensável a declaração de nulidade do ato impugnado em 
face: a) da inexistência de prejuízo a terceiros; b) do fato 
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de que a Administração fora beneficiada ao 
alargar as chances de selecionar candidatos qualificados; c) 
da legítima expectativa dos impetrantes, a qual deveria ser 
protegida; e d) da impessoalidade da premissa que dilatara 
o rol de aprovados. MS 28603/DF, rel. orig. Min. Cármen 
Lúcia, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 6.10.2011. 
(MS-28603) 
Gabarito: Errado. 
17. (JUIZ – TJ/PB – CESPE/2011) Consoante a 
jurisprudência do STF, é possível a arguição do princípio da 
isonomia como fundamento de pedido de servidor público, 
pretendendo benefício ilegalmente concedido a outros 
servidores. 
Comentário: 
Nos termos da Súmula 339-STF, não cabe ao Poder 
Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar 
vencimentos de servidores públicos sob fundamento de 
isonomia. 
Gabarito: Errado. 
18. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRE/MT – 
CESPE/2010) O princípio da finalidade, explicitado no art. 37 
da CF, define que, se o gestor público praticar atos fora dos 
fins expressa ou implicitamente contidos na regra de 
competência, praticará desvio de finalidade. E se tal ato 
atentar contra os princípios da administração pública ao visar 
fim proibido em lei ou demais normas, constituirá ato de 
improbidade administrativa. 
Comentário: 
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Essa questão é pura maldade com o candidato, com o 
concursando. Veja que ela é toda perfeita, toda certinha. Mas tomem 
cuidado! Veja que diz que o princípio da finalidade, EXPLICITADO no 
art. 37 da CF/88. 
Com efeito, o princípio da finalidade não está 
expresso, explicitado, no art. 37 da Constituição. 
Ademais, ainda que adotemos o entendimento 
majoritário no sentido que é uma decorrência do princípio da 
legalidade na medida em que a legalidade se orienta no sentido de 
se satisfazer o interesse público ou, ainda, o posicionamento 
minoritário do Prof. Bandeira de Mello, e entender que ele é inerente 
à impessoalidade, não verificamos o princípio expressamente no art. 
37 da CF/88. 
Gabarito: Errado. 
19. (ANALISTA JUDICIÁRIO – JUDICIÁRIA – TRE/MT – 
CESPE/2010) Entendendo que “Todos são iguais perante a 
lei, sem distinção de qualquer natureza” (CF, art. 5, caput), 
determinado órgão público, responsável pela fiscalização de 
tributos, estará adequadamente respaldado pelo princípio da 
impessoalidade ao instituir fila única aos atendimentos à 
comunidade, não dando diferenciação de atendimento aos 
cadeirantes, gestantes, idosos etc. 
Comentário: 
O princípio da impessoalidade, na sua vertente 
isonomia, não permite dar tratamento discriminatório ou privilegiar 
em razão de critérios subjetivos ou para satisfação pessoal. 
No entanto, se há situação de desigualdade, é medida 
adequada e atende ao princípio da isonomia, dar diferença no 
tratamento para, enfim, diminuir a diferença, ou seja, não atende a 
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impessoalidade, a criação de fila única, de modo a colocar todas as 
pessoas na mesma condição. 
O que se veda é discriminar ou privilegiar por critérios 
pessoais, subjetivos, sobretudo não previstos e contrários à lei. 
Gabarito: Errado. 
20. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – ANATEL – CESPE/2009) 
O presidente de um tribunal de justiça estadual tem 
disponível no orçamento do tribunal a quantia de R$ 
2.000.000,00 para pagamento de verbas atrasadas dos juízes 
de direito e desembargadores. Cada juiz e desembargador faz 
jus, em média, a R$ 130.000,00. Ocorre que o presidente da 
Corte determinou, por portaria publicada no Diário Oficial, o 
pagamento das verbas apenas aos desembargadores, 
devendo os juízes de direito aguardar nova disponibilização 
de verba orçamentária para o pagamento do que lhes é 
devido. O presidente fundamentou sua decisão de pagamento 
inicial em razão de os desembargadores estarem em nível 
hierárquico superior ao dos juízes. Irresignados, alguns 
juízes pretendem ingressar com ação popular contra o ato 
que determinou o pagamento das verbas aos 
desembargadores. Considerando a situação hipotética acima 
apresentada, julgue: A decisão do presidente do tribunal de 
justiça violou o princípio da impessoalidade, na medida em 
que esse princípio objetiva a igualdade de tratamento que o 
administrador deve dispensar aos administrados que se 
encontrarem em idêntica situação jurídica. 
Comentário: 
De fato, ao dar preferência a uns, por critérios 
pessoais, ou seja, subjetivos na medida em que não existe tal 
hierarquia, o Presidente do Tribunal violou o princípio da 
impessoalidade, visto que não adotou critério objetivo para definir o 
pagamento das verbas devidas. 
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Gabarito: Certo. 
21. (AUDITOR DE CONTAS – SECONT/ES – CESPE/2009) 
Como decorrência do princípio da impessoalidade, a CF proíbe 
a presença de nomes, símbolos ou imagens que caracterizem 
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos em 
publicidade de atos, programas, obras, serviços e campanhas 
de órgãos públicos. 
Comentário: 
Estabelece a Constituição Federal que é vedada a 
utilização de propagandas, publicidades, para promoção pessoal, 
conforme estabelece o art. 37, §1º, parte final, da CF/88, assim 
expresso: 
§ 1º - A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e 
campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter

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