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5ºAula Mecanismos de transferência de calor: condução, convecção, radiação e resistência térmica Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • diferenciar os tipos de mecanismos de transferência de calor; • conhecer os tipos de condução em paredes planas, cilíndricas e esféricas; • ver as aplicações de transferência de calor. Nesta aula, abordaremos as noções básicas dos processos de propagação de calor, que podem ser definidos pelos mecanismos de transferência de calor por condução, convecção e radiação. O calor é definido como uma energia em trânsito em constante movimentação entre os corpos. Para que exista a transferência de calor entre os dois corpos é necessário que um dos corpos tenha menor temperatura, quando comparado ao outro corpo, ou seja, é necessária a existência de um gradiente de temperatura. Esse gradiente fará que o calor flua sempre do corpo de maior temperatura para o corpo de menor temperatura para diferentes configurações de parede. Vamos dar início a mais uma aula? Boa aula! Bons estudos! Fenômenos de Transporte 38 Seções de estudo 1. Mecanismos de transferência de calor 2. Condução em paredes planas 3. Resistências térmicas 4. Condução em paredes cilíndricas 5. Condução em paredes esféricas 6. Exemplo resolvido 1 - Mecanismos de transferência de calor Calor é a energia em movimento que flui de forma espontânea de um corpo com maior temperatura para um corpo de menor temperatura. O Fluxo de calor é a energia térmica transferida de uma substância para outra por unidade de tempo e área indicada pela mudança de temperatura medida em watts por metro quadrado de unidades. Em termos simples, é o calor transferido por unidade de área. Para obter esse valor, é necessário obter a mudança de temperatura, a condutividade térmica do meio de condução e a direção da transferência de calor. O fluxo de calor é dividido em três mecanismos básicos: condução, convecção e radiação. Vale a pena salientar que embora apresentado separadamente os três mecanismos, esses costumam ocorrer conjuntamente e existem situações em que um dos mecanismos podem sobressair sobre outros, sendo em alguns casos considerado somente um dos mecanismos para fins de simplificação no equacionamento e, também, entendimento. Figura 1. Mecanismos de transferência de calor: condução, convecção e radiação. Disponível em: https://www.portalsaofrancisco.com.br/fisica/fluxo-de-calor. Acesso em: 30 de setembro de 2020. O fluxo de calor pode ser classificado em regime permanente e transiente. Quando em regime permanente as propriedades permanecem as mesmas para um determinado instante de tempo, o que significa dizer que a quantidade de calor fornecida aos corpos é exatamente a mesma que foi retirada, já o fluxo de calor pode ser em regime transiente e as propriedades agora podem variar com instante de tempo. Isso significa que a quantidade de calor dos corpos pode fornecer energia sendo chamadas de fonte ou podem retirar energia sendo chamadas de sumidouro. 1.1 Transferência de calor por condução A transferência de calor só existe se existir um gradiente de temperatura entre os meios de transmissão. No caso da condução a transferência ocorre por meio sólido em algumas vezes por meio dos fluidos (gases e líquidos). Os casos aqui tratados para condução, serão para os meios sólidos e unidimensional (única coordenada) e em regime estacionário (sem a dependência do tempo). A energia é transmitida por meio de contato direto das moléculas, sem que haja muito deslocamento destas moléculas. De acordo com teoria cinética molecular, a matéria depende da temperatura e da energia cinética média das moléculas. A quantidade de energia específica de um elemento e a posição relativa das moléculas é chamado de energia interna. Se existe um movimento maior pelas moléculas, maior será energia interna e a temperatura. Quando moléculas de uma região qualquer apresentam maior energia cinética média que uma região próxima, dizemos que as moléculas de maior energia transferem energia para moléculas de menor energia situadas em regiões adjacentes. Esse mecanismo obedece a Lei de Fourier, e descreve o fluxo de calor como: Na qual: é o fluxo de calor [W/ ]; é a condutividade térmica [W/m.K]; é a diferencial de temperatura [K]; é a diferencial de comprimento [m]; é a área da seção transversal [ . O fluxo de calor refere-se ao fluxo de energia térmica. Às vezes é chamado de fluxo térmico. Trata-se da taxa de fluxo calculada de energia térmica através de uma superfície específicada, à medida que flui de um lugar para outro. 1.2 Transferência de calor por convecção O mecanismo de convecção combina transferência de calor por condução e movimento das partículas de um fluido. No caso, a convecção ocorre entre os meios sólido e fluido, podendo ser qualquer um dos dois meios o responsável pela transferência de calor, desde que a região de maior energia 39 transfira calor para região de menor energia. Se a superfície sólida for a princípio a região de maior energia, ou seja, por condução, as partículas de fluidos serão aquecidas, o que aumenta a sua energia interna. Como o fluido sofre dilatação com o aumento de temperatura, o seu volume aumenta e por consequência sua massa específica se reduz, ficando, portanto, mais “leve” que as partículas próximas, gerado por diferenças de massa específica. A convecção pode ser descrita como natural ou forçada. Sendo a natural, ocasionada naturalmente por diferenças de massas específicas; enquanto a forçada precisa de um auxilio externo para que aconteça. Esse mecanismo obedece a lei de resfriamento de Newton e descreve o fluxo de calor como: Na qual: é o fluxo de calor [W/ ]; é coeficiente local de convecção [W/ .K]; é a diferencial de temperatura da temperatura e o meio/vizinhança [K]; é a área da seção transversal [ . Tabela 1. Valores típicos de coeficiente local de convecção. Fonte: Incropera (2017). 1.3 Transferência de calor por Radiação É o mecanismo de troca de calor entre corpos a diferentes temperaturas sem que haja nenhum meio entre eles. Podem estar até mesmo no vácuo que a energia fluirá pelo mecanismo de radiação. A transferência se dá por ondas eletromagnéticas. É por esse mecanismo que a energia emitida pelo sol consegue chegar ao planeta terra. O mecanismo da radiação é regido pela equação de Sthefan-Boltzman. Ou Sendo: Na qual: é o fluxo de calor [W/ ; é a emissividade [adimensional]; é a constante de Sthefan-Boltzman [W/ ]; é coeficiente local de radiação [W/ .K]; é a temperatura da superfície [K]; é a temperatura da vizinhança/meio [K]; é a área da seção transversal [ . 2 - Condução em paredes planas A condução em paredes planas é regida pela lei de Fourier, sendo necessária a transmissão de calor ao longo da distância x medida na direção do fluxo. O sinal negativo significa a direção de maior gradiente para o de menor gradiente de temperatura. Figura 2. Transferência unidimensional de calor por condução. Fonte: Incropera (2017). Aplicado a equação de Fourier: Utilizando a separação de variáveis: Na figura 2, vemos que na face interna (x = 0) a temperatura é e na face externa (x = L) a temperatura é . Para a transferência em regime permanente o calor transferido não varia com o tempo. Como a área transversal da parede é uniforme e a condutividade k é um valor médio, os limites de integração nos permitem conhecer a condução em paredes planas. Fenômenos de Transporte 40 Considerando que (T1 - T2) é a diferença de temperatura entre as faces da parede (dT), o fluxo de calor que atravessa a parede plana por condução é: A condutividade térmica k facilita ou dificulta a passagem de fluxo de calor. Um alto valor de k significa pouca resistência ao fluxo de calor, sendo considerados esses materiais bons condutoresde calor. Já o baixo valor de k são ditos como materiais isolantes térmicos. A seguir, podemos ver diferentes K para diferentes materiais. Figura 3. Condutividade térmica. Fonte: Incropera (2017). 3 - Resistências térmicas Assim como um condutor elétrico tem a sua resistência elétrica dependente do material e de suas dimensões, a resistência térmica também depende do material e de suas dimensões. A resistência térmica de uma parede plana é tanto maior quanto maior for a sua espessura, o que dificulta a passagem de calor. Figura 4. Analogia entre resistência elétrica e resistência térmica. Fonte: Almeida (1979). A lei de Ohm para resistência elétrica é dada por: Na qual: i é a intensidade de corrente elétrica [A]; é a diferença de tensão [V]; R é a resistência elétrica [Ω]. Quanto aos sistemas que obedecem a equações semelhantes, pode se dizer que os sistemas são análogos, logo, o equacionamento da lei de Ohm pode ser relacionado à resistência térmica de uma parede ou associações de paredes. Sendo: Na qual: é o fluxo de calor [W/ ]; é o potencial de temperatura [K]; é a resistência térmica [W/K]; L é a largura [m]; é a condutividade térmica [W/m.K]; é a área da seção transversal [ . 3.1 Associação em série de paredes planas Consideremos a transferência de um fluxo de calor contínuo no regime permanente através da parede composta. O fluxo de calor atravessa inicialmente a parede 1, em seguida a 2, depois a 3 e assim sucessivamente, de acordo com a quantidade de paredes. A associação em série percorre de forma análoga ao circuito elétrico as diversas paredes, uma após a outra. Figura 5. Associação em série de paredes. Fonte: Almeida (1979). 41 A resistência térmica das paredes 1 é dada por: A resistência térmica da parede 2 é dada por: A resistência térmica da parede 3 é dada por: Na associação em série, a resistência equivalente é a soma das paredes 1, 2 e 3. Logo: = = Assim, o fluxo de calor (calor por unidade de tempo) por condução é: 3.2 Associação em paralelo de paredes planas O fluxo de calor que atravessa a parede 1 é diferente do fluxo de calor que atravessa a parede 2. Para a associação em paralelo existem diferentes fluxos de calor para uma mesma diferença de temperatura. Logo, o fluxo total de calor é a soma da quantidade de fluxos da parede 1 e parede 2. Figura 6. Associação em paralelo de paredes. Fonte: Almeida (1979). A resistência térmica da parede 1 é dada por: A resistência térmica da parede 2 é dada por: Na associação em paralelo o fluxo total é a soma das paredes 1 e 2, logo: = De tal modo que o fluxo de calor (calor por unidade de tempo) por condução para parede 1 e 2 é: 4 - Condução em paredes cilíndricas Com a mesma lógica para as paredes planas só que para paredes cilíndricas e esféricas, encontraremos a resistência térmica. Figura 7. Condução em parede cilíndrica. Fonte: Almeida (1979). Aplicada a equação de Fourier: Sendo área de uma parede cilíndrica igual a e o gradiente de temperatura na direção radial . Utilizando a separação de variáveis: Fenômenos de Transporte 42 Na figura 7, vemos que na face interna ( = ) a temperatura é e na face externa ( = ) a temperatura é . Para a transferência em regime permanente o calor transferido não varia com o tempo. Como a área transversal da parede é uniforme e a condutividade k é um valor médio, os limites de integração nos permitem conhecer a condução em paredes planas. Considerando que (T1 - T2) é a diferença de temperatura entre as faces da parede (dT), o fluxo de calor que atravessa a parede plana por condução é: Logo, se fizemos a analogia à resistência térmica: Temos: 5 - Condução em paredes esféricas Com a mesma lógica para as paredes planas só que para paredes cilíndricas e esféricas, encontraremos a resistência térmica. Figura 8. Condução em parede esférica. Fonte: Almeida (1979). Aplicado a equação de Fourier: Sendo área de uma parede esférica igual a e o gradiente de temperatura na direção radial . Utilizando a separação de variáveis: Na figura 8, vemos que na face interna ( = ) a temperatura é e na face externa ( = ) a temperatura é . Para a transferência em regime permanente o calor transferido não varia com o tempo. Como a área transversal da parede é uniforme e a condutividade k é um valor médio, os limites de integração nos permitem conhecer a condução em paredes planas. Considerando que (T1 - T2) é a diferença de temperatura entre as faces da parede (dT), o fluxo de calor que atravessa a parede plana por condução é: Logo, se fizemos uma analogia à resistência térmica: Temos: 6 - Exercício resolvido Acompanhem os exemplos a seguir: EXEMPLO 1 - Adaptado (Exercício 1.7.) Fonte: Incropera (2017). Em dias frios é comum, tomarmos uma bebida quente para nós aquecer. Surgiu no meio de uma reunião entre amigos, a discussão de onde seria possível armazenar o 43 chocolate quente sem que esse perdesse calor para o meio externo. Foi proposto por um dos amigos utilizar a garrafa térmica para manter a temperatura do chocolate quente, já que essa armazena no dia a dia o café. Por se tratar de um recipiente fechado, completamente cheio de chocolate quente e a reunião estar acontecendo em uma sala cujo ar e as paredes encontram-se a uma temperatura fixa. Identifique todos os processos de transferência de calor que contribuem para o resfriamento do chocolate quente. E comente as características que contribuiriam para aprimorar o projeto da garrafa térmica. SOLUÇÃO: Dados: Chocolate quente separado da vizinhança, por um frasco plástico, um espaço contendo ar e um invólucro plástico. Achar: Os processos relevantes de transferência de calor. As trajetórias de energia a partir do chocolate são as seguintes: q1: convecção livre do chocolate para o frasco. q2: condução através do frasco. q3: convecção livre do frasco para o ar. q4: convecção livre do frasco para o ar. q5: troca por radiação entre a superfície externa do frasco e a superfície interna do invólucro plástico. q6: condução através do invólucro plástico. q7: convecção livre do invólucro plástico para o ar ambiente. q8: troca por radiação entre a superfície externa do invólucro plástico e a vizinhança. Comentários: Melhorias no projeto estão associadas: (1) ao uso de superfícies espelhadas (baixa emissividade) para o frasco e o invólucro a fim de reduzir a radiação e (2) retirar o ar ou completar o espaço com um material que diminua os efeitos da convecção livre. Retomando a aula Chegamos, assim, ao final de nossa aula. Espera-se que agora tenha ficado mais claro o entendimento de vocês sobre mecanismos de transferência de calor: condução, convecção, radiação e resistência térmica. Vamos, então, recordar? 1. Mecanismos de transferência de calor Vimos que existem três mecanismos básicos: condução, convecção e radiação. A condução é mais significativa nos meios sólidos, enquanto a convecção é mais significativa nos meios gasosos e líquidos e a radiação não necessita de um meio intermediário para que ocorra a transferência de calor. 2. Condução em paredes planas Vimos que a condução em paredes planas é regida pela lei de Fourier, sendo necessária a transmissão de calor ao longo da distância x medida na direção do fluxo. 3. Resistências térmicas Vimos que a resistência térmica depende do material e das suas dimensões. Podemos ainda, combinar diferentes materiais e, com isso, tornar o material mais resistente ou menos, dependendo de qual será sua aplicação. No caso de materiais com grande espessura, se esse material for de um mau condutor, teremos maior dificuldade com a passagem de calor. 4. Condução em paredes cilíndricas Vimos que a mesma lógica para as paredes planas só que para paredes cilíndricas, encontraremos a resistência térmica. 5. Condução em paredes esféricas Vimos que a mesma lógica para as paredesplanas só que para paredes esféricas, encontraremos a resistência térmica. 6. Exemplo resolvido Nesta seção, foi exemplificada a aplicação de conceitos mecanismos de transferência de calor, resistências térmicas e condução em paredes cilíndricas. Fenômenos de Transporte 44 Brandão H. S. et al. Um estudo para determinação da condutividade térmica de sólidos isolantes em condutivímetro cilíndrico. Disponível em: https://periodicos. unisanta.br/index.php/sat/article/view/263. Acesso em: 12 set. 2020. Vale a pena ler Modelo para transmissão de calor em condutor cilíndrico. Disponível em: https://periodicos.ufn.edu.br/ index.php/disciplinarumNT/article/viewFile/1137/1078. Acesso em: 12 set. 2020. Vale a pena acessar Videoaula. Transferência de calor – Resistência térmica. Disponível em: https://www.youtube.com/ watch?v=CAN1PLIQDmk&t=42s. Acesso em: 12 set. 2020. Vale a pena assistir Vale a pena Minhas anotações
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