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Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII Histologia . O coração é um órgão muscular que se contrai ritmicamente, enquanto bombeia o sangue pelo sistema circulatório. Também é responsável pela produção de um hormônio chamado de fator natriurético atrial. Suas paredes são constituídas de três camadas: ➢ Endocárdio, camada interna; ➢ Miocárdio, camada média; ➢ Pericárdio, camada externa. Tecidos que compõem a parede dos vasos; Do ponto de vista dos tecidos que a constituem, a parede dos vasos é formada pelos seguintes componentes estruturais básicos: ➢ Epitélio, chamado de endotélio; ➢ Tecido muscular; ➢ Tecido conjuntivo. A associação desses tecidos forma as camadas ou túnicas dos vasos sanguíneos. Todos esses tecidos são encontrados em diferentes proporções na parede dos vasos, exceto nos capilares e nas vênulas pós-capilares, nos quais os únicos elementos estruturais representados são o endotélio e sua membrana basal. ● Endotélio; Endotélio é o nome que se dá ao epitélio simples pavimentoso que reveste o: ➢ Vasos sanguíneos; ➢ Vasos linfáticos; ➢ Coração. É um tipo especial de epitélio que forma uma barreira semipermeável intercalada entre dois compartimentos do meio interno: ➢ Plasma sanguíneo; ➢ Fluído intersticial. O endotélio é altamente diferenciado para mediar (ou seja, serve como mediador) e monitorar ativamente as grandes trocas bidirecionais de pequenas moléculas e, ao mesmo tempo, restringir o transporte de macromoléculas. As células endoteliais têm diversas funções, as quais variam de acordo com o vaso que elas revestem. ● Músculo liso; O tecido muscular liso faz parte de todos os vasos sanguíneos, com exceção dos capilares e vênulas pericíticas. As células musculares lisas estão na túnica média dos vasos, onde se organizam em camadas helicoidais. 1 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII Cada célula muscular é envolta por uma lâmina basal e por uma quantidade variável de tecido conjuntivo produzido por elas próprias. As células musculares lisas vasculares, principalmente em arteríolas e pequenas artérias, são frequentemente conectadas por junções comunicantes (gap). ● Tecido conjuntivo; Componentes do tecido conjuntivo são encontrados nas paredes dos vasos sanguíneos em quantidades e proporções variáveis, visto que vai variar de acordo com suas necessidades funcionais. ➢ Fibras colágenas; É um elemento abundante na parede do sistema vascular. São encontradas: ➢ Entre as células musculares; ➢ Na camada adventícia; ➢ Na camada subepitelial de alguns vasos. Colágeno tipo IV: encontrado nas membranas basais; Colágeno tipo III: encontrado na túnica média; Colágeno tipo I: encontrado na túnica adventícia. ➢ Fibras elásticas; Fornecem a resistência ao estiramento promovido pela expansão da parede dos vasos. Essas fibras predominam nas grandes artérias, onde se organizam em lamelas (estrutura fina e achatada) paralelas, regularmente distribuídas entre as células musculares em toda espessura da túnica média. ➢ Substância fundamental; Forma um gel heterogêneo nos espaços extracelulares da parede dos vasos. Ela contribui com as propriedades físicas da parede dos vasos e, provavelmente, afeta a difusão e permeabilidade através da parede. A concentração de glicosaminoglicanos é mais alta nas paredes das artérias do que nas veias. Plano estrutural e componentes dos vasos sanguíneos; Existem três tipos de vasos sanguíneos: artérias, veias e capilares. ● Túnica íntima; Apresenta: ➢ Uma camada de células endoteliais apoiada em uma camada de tecido conjuntivo frouxo; 2 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII ➢ Camada de tecido conjuntivo frouxo: é a camada subendotelial, a qual pode conter, ocasionalmente, células musculares lisas. Em artérias, a túnica íntima está separada da túnica média por uma lâmina elástica interna, a qual é a parte mais externa da camada íntima. Lâmina elástica: é composta principalmente de elastina e é resultado da associação de fibras elásticas. Ela contém aberturas (fenestras) que vão possibilitar a difusão de substâncias para nutrir células que estão na parte mais profunda, na parede do vaso. Apresenta um aspecto ondulado nos cortes histológicos. Artéria elástica (aorta) em corte transversal. Nota-se: ➢ Endotélio (seta) da túnica íntima; ➢ Túnica média (TM), que se encontra repleta de fibras elásticas, constituindo lamelas elásticas; ➢ Túnica adventícia (TA), que é formada por tecido conjuntivo, envolto pelo mesotélio (epitélio pavimentoso simples). ● Túnica média; A média consiste, principalmente, de camadas concêntricas (que convergem em um único ponto) de células musculares lisas organizadas helicoidalmente. Entre as entre as células musculares lisas existem quantidades variáveis de matriz extracelular, a qual é composta por: ➢ Fibras e lamelas elásticas; ➢ Fibras reticulares (colágeno do tipo III); ➢ Proteoglicanos; ➢ Glicoproteínas. As células musculares lisas são as responsáveis pela produção dessas moléculas da matriz extracelular. Nas artérias do tipo elástico, a maior parte da túnica média é ocupada por lâminas de material elástico. Em artérias musculares menos calibrosas, a túnica média contém uma lâmina elástica externa no limite com a túnica adventícia. Artéria muscular em corte transversal. 3 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII ➢ Constituindo a túnica íntima tem-se o endotélio (➔), tecido conjuntivo subendotelial e lâmina elástica interna (⇧). ➢ A túnica média (TM) é formada por células musculares lisas (↸), entremeadas por fibras elásticas. ➢ A túnica adventícia (TA) apresenta-se constituída por tecido conjuntivo. ● Túnica adventícia; A túnica adventícia é constituída de: ➢ Tecido conjuntivo frouxo rico em fibras colágenas (colágeno tipo I), fibras elásticas, fibrocitos e fibroblastos, A camada adventícia se torna, gradualmente, contínua com o tecido conjuntivo do órgão pelo qual o vaso sanguíneo está passando. ➢ Vasa vasorum: são arteríolas, capilares e vênulas (pequenos vasos sanguíneos) que se ramificam, em grande quantidade, na adventícia e, em menor quantidade, na porção externa da média. Os vasa vasorum são pequenos vasos sanguíneos encontrados ao redor de paredes de grandes vasos na camada adventícia, que servem para sua nutrição, pois neles, as camadas são muito espessas para serem nutridas somente por difusão a partir do sangue que circula no lúmen do vaso. Vasa vasorum são mais frequentes em veias que em artérias. Em artérias de diâmetro intermediário e grande, a túnica íntima e a região mais interna da túnica média não tem vasa vasorum. Isso porque as camadas recebem oxigênio e nutrição por difusão do sangue que circula no lúmen do vaso. Artéria elástica (aorta) em corte transversal. Descrição: os vasos sanguíneos são formados por camadas: a túnica íntima, a túnica média e a túnica adventícia, sendo que essas camadas variam conforme o tipo de vaso. ➢ Túnica íntima: nas aortas elásticas, é pouco desenvolvida; ➢ Túnica média (TM): é bem desenvolvida, com o predomínio de fibras elásticas que se associam, formando as lâminas elásticas, tornando difícil a individualização da lâmina elástica interna e a lâmina elástica externa; ➢ Túnica adventícia (TA): é formada por tecido conjuntivo, contendo vasos sanguíneos (Vv = vasa vasorum) e podendo ali se desenvolver tecido adiposo. 4 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII Descrição: corte transversal que mostra parte de uma artéria elástica (artéria de grande calibre) exibindo uma túnica média bem desenvolvida contendo várias lâminas elásticas. As setas apontam vaso vasorum da túnica adventícia. ● Inervação; A maioria dos vasos sanguíneos que contém músculo liso nas suas paredes vem por uma rede rica de fibras não mielínicas (pós-ganglionares) da inervação simpática (nervos vasomotores), as quais têm como neurotransmissor a norepinefrina. Descarga de norepinefrina por essas terminações nervosas resulta em vasoconstrição, ou seja, contração dos vasos sanguíneos. As terminações nervosas eferentes, geralmente, não penetram a túnicamédia das artérias, então o neurotransmissor vai precisar se propagar por uma distância de vários micrômetros para poder atingir as células musculares lisas da túnica média. Esses neurotransmissores atuam abrindo espaços entre as junções intercelulares das células musculares lisas da túnica média, e, assim, a resposta ao neurotransmissor vai se propagar para as células musculares das camadas mais internas dessa túnica. ● Resumindo: ➢ Túnica íntima; É um revestimento interno formado por uma única camada de células epiteliais muito achatadas, o endotélio, sustentado por delicado tecido conjuntivo. 5 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII ➢ Túnica média; É uma camada intermediária que consiste basicamente em músculo liso; ➢ Túnica externa (adventícia); É uma bainha ou camada externa de tecido conjuntivo. Camadas do coração; ● Endocárdio; É a camada mais interna. O endocárdio é constituído por: ➢ Endotélio, que está sobre uma fina camada subendotelial de tecido conjuntivo frouxo; ➢ Tecido conjuntivo frouxo: contém fibras elásticas e colágenas e, eventualmente, algumas células musculares lisas e adiposas. O endocárdio é contínuo ao revestimento endotelial dos grandes vasos sanguíneos ligados ao coração. Ele fornece um revestimento endotelial liso para as câmaras do coração e abrange as valvas cardíacas. Esse revestimento minimiza o atrito da superfície conforme o sangue passa através do coração. Conectando o miocárdio à camada subendotelial, existe uma camada de tecido conjuntivo (frequentemente chamada de camada subendocardial) que contém veias, nervos e ramos do sistema de condução do impulso do coração (células de Purkinje). ● Miocárdio; É a camada média. Além disso, é a mais espessa das túnicas do coração. O miocárdio é responsável pela ação de bombeamento do coração. ➢ Composição: tecido muscular cardíaco (estriado cardíaco). Compõe aproximadamente 95% da parede do coração. As fibras musculares (células), como as do músculo estriado esquelético, são envolvidas e separadas em feixes por bainhas de tecido conjuntivo compostas por endomísio e perimísio. Essas fibras musculares cardíacas são organizadas em feixes diagonais ao coração e produzem as fortes ações de bombeamento do coração. Características das células do músculo estriado cardíaco: ➢ Longas e ramificadas; ➢ Uni ou binucleadas; ➢ Núcleo localizado na posição central. ➢ São conhecidas como: fibras musculares cardíacas, células do miocárdio, miócitos, cardiócitos ou cardiomiócitos. 6 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII Tecido muscular estriado cardíaco. Nota-se: ➢ Endocárdio, onde são observados grupos de células de Purkinje, formando o feixe interventricular(*); ➢ Miocárdio, que se caracteriza por células musculares cardíacas e os discos intercalares (→); ➢ Endotélio revestindo o endocárdio (▼) e tecido conjuntivo frouxo (★). Discos intercalares: estão no miocárdio e são formados por estruturas de adesão da membrana: ➢ Zônula de adesão: ancoram filamentos de actina; ➢ Desmossomos: unem fortemente os miócitos impedindo que se separem; ➢ Junções comunicantes do tipo GAP: permitem a passagem de íons facilitando a propagação da despolarização. Os discos intercalares aparecem como linhas retas ou têm um aspecto em escada (escalariforme). No citoplasma, o retículo sarcoplasmático (retículo endoplasmático das células musculares) é menos desenvolvido que nos músculos estriados esqueléticos. Além disso, a demanda de cálcio – essencial para a contração – é suprida, principalmente, pelo íon oriundo do meio extracelular. Diferentemente do músculo liso, apresentam túbulos T. 7 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII O arranjo dessas células musculares é extremamente variado, de modo que, mesmo em um corte histológico de uma área pequena, são vistas células orientadas em muitas direções. ➢ Retículo Sarcoplasmático; É especializado no armazenamento de íons cálcio,e quando libera esse cálcio para o citoplasma dá-se a contração muscular (deslizamento da actina sobre a miosina). ● Epicárdio; É a camada mais externa do coração. É fina e transparente. O epicárdio corresponde ao lâmina visceral do pericárdio seroso. É constituído por: ➢ Revestido por uma camada única de células epiteliais achatadas – o mesotélio, epitélio simples pavimentoso; ➢ Localizado abaixo do mesotélio está o tecido conjuntivo com muitas fibras elásticas, ou seja, é tecido conectivo frouxo; ➢ Localizado logo abaixo do tecido conjuntivo está o tecido adiposo com artérias, veias e fibras nervosas, a camada subepicárdica. O epicárdio confere uma textura lisa e escorregadia à face mais externa do coração. 8 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII Camadas da parede do coração: Fibras musculares cardíacas: 9 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII Esqueleto fibroso cardíaco; Seus principais integrantes são: ➢ Septo membranoso; ➢ Trígono fibroso; ➢ Ânulo fibroso. Essas estruturas são formadas por um tecido conjuntivo denso com elastina e fibras colágenas grossas, as quais são orientadas em várias direções, ou seja, não modeladas. Existem nódulos de cartilagem fibrosa que são encontrados em determinadas regiões desse esqueleto fibroso. Não é uma estrutura óssea como o esqueleto do corpo humano, mas um suporte estrutural fibroso para as câmaras do coração. Funções: ➢ Ancoragem das cúspides das valvas cardíacas; ➢ Impede a distensão (estiramento) das valvas atrioventriculares e semilunares; ➢ Inserção dos feixes do músculo cardíaco; ➢ Isolante elétrico. Válvulas cardíacas; As válvulas cardíacas consistem em um arcabouço (esqueleto) central de tecido conjuntivo denso (contendo colágeno e fibras elásticas e sendo, parcialmente, infiltrado por tecido adiposo) e que é localizado entre os ventrículos e os átrios, revestido em ambos os lados por uma camada de endotélio. As bases das válvulas são presas aos anéis fibrosos do esqueleto cardíaco. Não possui vasos sanguíneos. Função; ➢ Manter o fluxo de sangue em uma única direção. Classificadas em: ➢ Mitral ou bicúspide; ➢ Tricúspide; ➢ Aórtica; ➢ Pulmonar; 10 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII fisiologia . Sistem� gerado� � conduto� d� impuls�; O coração apresenta um sistema próprio para gerar um estímulo (elétrico) rítmico que é espalhado por todo o miocárdio. Este sistema é constituído por: ➢ Nodo sinoatrial (SA), que é o marcapasso do coração; ➢ Nodo atrioventricular (AV); ➢ Feixe AV (Feixe de His); ➢ Fibras de Purkinje. O feixe atrioventricular se origina do nodo atrioventricular e se ramifica para ambos os ventrículos (direito e esquerdo). Células do sistema gerador e condutor do impulso do coração estão funcionalmente conectadas por junções comunicantes. Células do coração; O coração consiste de 3 tipos de células com diferentes propriedades electrofisiológicas: ● Células Musculares (miocádicas); São células especializadas na contração muscular. São células funcionais, que quando estimuladas eletricamente são capazes de se contrair. Estão presentes nos átrios e nos ventrículos; ● Células de Condução; São células especializadas na condução rápida de impulso elétrico. Estão localizados no sistema condutor (His-Purkinje); 11 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII ● Células Marca-passo; Têm propriedade de automatismo, então são capazes de gerar estímulo elétrico. Estas células estão localizadas no nodo sinoatrial e no sistema condutor (His-Purkinje). Todas as células cardíacas são capazes de propagar o impulso elétrico que desencadeiam a contração. Os tecidos especializados que geram e conduzem impulsos elétricos através do coração, são: ➢ Nó sinoatrial (nó SA); ➢ Nó atrioventricular (nó AV); ➢ Feixe de His; ➢ Fibras de Purkinje. Nodos; ● Nodo sinoatrial; ➢ Localização; É localizado perto da junção da veia cava superior (VCS) com o átrio direito (AD). ➢ Função; É responsável pela geração do batimento cardíaco. ➢ Células; É uma massa de células musculares cardíacas especializadas, as células marca-passo. Características das células:➢ Fusiformes; ➢ Menores do que as células musculares do átrio; ➢ Apresentam menor quantidade de miofibrilas. Essas células são envoltas por uma bainha de tecido conectivo. (Imagem no final). Os eventos elétricos que dão início aos batimentos cardíacos se originam no nodo SA. O impulso parte do nodo SA, atravessa a parede do átrio e vai para o nodo AV. ➢ O impulso elétrico se inicia espontaneamente no nodo SA; ➢ O nodo SA funciona como marca passo: gera impulso mais rapidamente que outras áreas que têm o mesmo potencial; ● Nodo atrioventricular; É semelhante ao nodo sinoatrial, porém, suas células se ramificam e emitem projeções no citoplasma e em várias direções dele, formando uma rede, ou seja, tem prolongamentos citoplasmáticos. Tem a função de receber os impulsos originados no nó SA e os conduzir átrio em direção aos ventrículos. ➢ Localizado na porção inferior do septo interatrial; ➢ Recebe impulsos que se originam no nodo SA; ➢ As células do nodo AV se assemelham às do nodo SA. 12 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII ● Feixe atrioventricular; Características do feixe: ➢ Tem origem no nodo AV; ➢ Penetra no esqueleto cardíaco para entrar no compartimento ventricular do coração; ➢ Divide-se nos ramos direito e esquerdo que caminham pelo subendocárdio nos dois lados do septo interventricular. É formado por células semelhantes às do nodo. Contudo, mais distalmente (mais longe da raiz), essas células tornam-se maiores e adquirem uma forma característica. Elas são chamadas de células de Purkinje, são os ramos do sistema de condução cardíaca, caracterizadas por conter: ➢ Um ou dois núcleos centrais; ➢ CItoplasma rico em mitocôndrias e glicogênio; ➢ Miofibrilas escassas e restritas à periferia do citoplasma; Após certo trajeto no tecido subendocárdico, os ramos do feixe atrioventricular se subdividem (ramificam) e penetram na espessura do ventrículo, tornando-se intramiocárdicos. Este arranjo é importante porque torna possível que o estímulo penetre as camadas mais internas da musculatura do ventrículo, terminando em junção com as células cardíacas. Resumindo: ➢ São fibras musculares cardíacas modificadas; ➢ São fibras que se ramificam no subendocárdio ventricular; ➢ Em seu ponto mais distal , as fibras deixam o subendocárdio e terminam em associação íntima com as células cardíacas. Células de Purkinje, as quais são caracterizadas pelo reduzido número de miofibrilas localizadas, preferencialmente, na periferia da célula: 13 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII A área mais clara em volta do núcleo (setas) das células condutoras é consequência do acúmulo de glicogênio naquele local. ● Fibras autorrítmicas | O sistema de condução; A fonte desta atividade elétrica é uma rede de células cardíacas (miócitos) especializadas, fibras autorrítmicas, porque são autoexcitáveis. Essas são: ➢ Células de condução (verificar); ➢ Células marca-passo. Essas células produzem repetidamente potenciais de ação, que desencadeiam contrações cardíacas. Elas continuam estimulando o coração a contrair, mesmo após terem sido removidas do corpo – como por exemplo quando o coração é retirado para ser transplantado para outra pessoa – e todos os seus nervos foram seccionados. O potencial de ação de um ciclo cardíaco inclui duas etapas principais: ➢ Despolarização; ➢ Repolarização. Os potenciais de ação cardíacos se propagam ao longo do sistema de condução na seguinte sequência: 1. A excitação cardíaca normalmente começa no nó sinoatrial (SA), localizado na parede atrial direita, As células do nó SA não têm potencial de repouso estável, em vez disso, elas se despolarizam de forma repetida e espontânea até um limiar. Essa despolarização repetida e espontânea é graças à entrada lenta de Na+ através de canais iônicos. Essa despolarização espontânea do nó sinoatrial é o potencial marca passo, que é um potencial instável. Quando o potencial marca passo alcança o limiar, ele dispara um potencial de ação. Cada potencial de ação do nó SA se propaga ao longo de ambos os átrios por meio das junções comunicantes nos discos intercalares das fibras musculares atriais. Após o potencial de ação, os dois átrios se contraem ao mesmo tempo 1. Ao ser conduzido ao longo das fibras musculares atriais, o potencial de ação alcança o nó atrioventricular (AV). No nó AV, o potencial de ação se desacelera consideravelmente, como resultado de várias diferenças na estrutura celular do nó AV. Este atraso fornece tempo para os átrios drenarem seu sangue para os ventrículos. 2. A partir do nó AV, o potencial de ação entra no fascículo atrioventricular (AV) (feixe de His). 14 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII Este fascículo é o único local em que os potenciais de ação podem ser conduzidos dos átrios para os ventrículos, pois em outros lugares, o esqueleto fibroso do coração isola eletricamente os átrios dos ventrículos. 3. Depois da propagação pelo fascículo AV (feixe de His), o potencial de ação entra nos ramos direito e esquerdo. Os ramos se estendem ao longo do septo interventricular em direção ao ápice do coração. 4. Por fim, os ramos subendocárdicos calibrosos (fibras de Purkinje) conduzem rapidamente o potencial de ação, começando no ápice do coração e subindo em direção ao restante do miocárdio ventricular. Em seguida, os ventrículos se contraem, deslocando o sangue para cima em direção às válvulas semilunares. ➢ Potencial de ação das células do nodo sinusal; O potencial de ação das células do nodo sinusal é diferente das células que não são marca-passo. O potencial de repouso é de –60 mV e o limiar de despolarização é menos negativo (–40 mV). Por conta própria, as fibras autorrítmicas do nó SA iniciariam um potencial de ação a cada 0,6 s, ou 100 vezes por minuto. Assim, o nó SA define o ritmo de contração do coração – é o marca passo natural. Esta frequência é mais rápida do que a de qualquer outra fibra autorrítmica. ● Potencial de ação e contração das fibras contráteis; 1. Despolarização. Ao contrário das fibras autorrítmicas, as fibras contráteis têm um potencial de repouso estável, que é de cerca de 90 mV. ➢ Fase 0: quando uma fibra contrátil alcança seu limiar por um potencial de ação de fibras vizinhas, seus canais de Na+ 15 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII acionados por voltagem se abrem. Estes canais de íons sódio são chamados de “rápidos” porque se abrem muito rapidamente em resposta à despolarização no nível do limiar. A abertura destes canais possibilita a entrada de Na+ , porque o citosol das fibras contráteis é eletricamente mais negativo do que o líquido intersticial e a concentração de Na+ é mais elevada no líquido intersticial. O influxo de Na+ abaixo do gradiente eletroquímico produz despolarização rápida. ➢ No ECG, a fase 0 corresponde a onda R (ou complexo QRS) de uma célula miocárdica. Por existir milhões de células miocárdicas, demora entre 60 ms a 100 ms (milissegundos) até todas as células miocárdica serem despolarizadas. ➢ Fase 1: Em alguns milissegundos, os rápidos canais de Na+ se inativam automaticamente e o influxo (fluxo positivo) de Na+ diminui. Há, simultaneamente, o aumento da corrente de efluxo de K+. Efluxo: vazamento de um líquido para fora de uma cavidade. Resumindo: despolarização rápida em consequência do influxo de Na+ quando os rápidos canais de Na+ acionados por voltagem se abrem. ➢ No ECG, a fase 1 e o começo da fase 2 coincidem com o ponto J, que marca o final do complexo QRS e o começo do segmento ST. 2. Platô ou Fase 2; É um período de despolarização mantida. Essa fase é característica do potencial de ação cardíaco, o qual se encontra em equilíbrio. É, em parte, consequência da abertura dos lentos canais de Ca2+ (tipo L) acionados por voltagem do sarcolema. Quando estes canais se abrem, o Ca2+ se move do líquido intersticial (que tem uma maior concentração de Ca 2+) para o citosol. Influxo de cálcio. Este influxo de Ca2+ faz com que ainda mais Ca2+ saia do retículo sarcoplasmático para o citosol por canais adicionaisde Ca2+ da membrana do retículo sarcoplasmático. O aumento da concentração de Ca2+ no citosol por fim provoca a contração. Vários tipos diferentes de canais de K+ acionados por voltagem também são encontrados no sarcolema de uma fibra contrátil. Pouco antes da fase de platô começar, alguns desses canais de K+ se abrem, possibilitando que os íons potássio saiam da fibra contrátil. Por isso, a despolarização é sustentada durante a fase de platô porque o influxo de Ca 2+ equilibra a saída de K+. A fase de platô dura cerca de 0,25s, e o potencial de membrana da fibra contrátil está próximo de 0 mV. 16 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII Resumindo: platô (despolarização mantida) em consequência do influxo de Ca2+ quando os lentos canais de Ca2+, acionados por voltagem, se abrem e o K+ sai quando alguns canais de K+ se abrem. ➢ No ECG, a fase 2 corresponde ao segmento ST, que normalmente é isoelétrico. 3. Repolarização. Vale lembrar: a recuperação do potencial de repouso durante a fase de repolarização de um potencial de ação cardíaco lembra o de outras células excitáveis. Após um atraso (que é particularmente prolongado no músculo cardíaco), canais de K + acionados por voltagem adicionais se abrem. O influxo de K+ restaura o potencial de repouso negativo (–90 mV). Ao mesmo tempo, os canais de Ca+2 do sarcolema (fina camada de tecido conjuntivo que envolve a fibra muscular) e do retículo sarcoplasmático estão se fechando, o que também contribui para a repolarização. ➢ Retículo Sarcoplasmático; É especializado no armazenamento de íons cálcio,e quando libera esse cálcio para o citoplasma dá-se a contração muscular (deslizamento da actina sobre a miosina). ➢ Aprofundando; O mecanismo de contração é semelhante nos músculos cardíaco e esquelético: a atividade elétrica (potencial de ação) leva a uma resposta mecânica (contração) depois de um pequeno atraso. Conforme a concentração de Ca2+ aumenta no interior de uma fibra contrátil, o Ca 2+ se liga à proteína reguladora troponina, que possibilita que os filamentos de actina e miosina comecem a deslizar um sobre o outro, e a tensão começa a se desenvolver. 17 Querem Neves - Medicina UNIC XXXVIII 18
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