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SUSPENSÕES FARMACÊUTICAS PROF.ª MSC. DONATA NORMAN P. B. SILVA 1 CONCEITO Suspensão é uma forma farmacêutica que contém partículas finas da substância ativa em dispersão relativamente uniforme num veículo no qual esse fármaco apresente uma solubilidade mínima Sistemas heterogêneos composto por duas fases Fase interna sólida (fase dispersa ou descontínua) composta pelas partículas insolúveis Fase externa líquida (fase continua ou dispersante) geralmente é um líquido ou semissólido 2 USOS: oral (hidróxido de alumínio) tópico (acetato de cortisona) parenteral (penicilina G + procaína) ❖ TIPOS DE SUSPENSÃO o Líquidas ou fluidas o Semissólidas o Consistentes o Suspensão extemporânea 3 4 JUSTIFICATIVA Insolubilidade dos Fármacos Sabor desagradável dos fármacos quando em solução Prolongar ação Medicamentosa – injetáveis – retarda absorção do fármaco – penicilina ligada a procaína Maior Estabilidade 5 VANTAGENS Úteis para pacientes com dificuldade em ingerir cápsulas e comprimidos Possibilidade de flexibilidade da administração de diferentes doses Permitem manipular drogas insolúveis Mais estáveis em relação às soluções (menor risco de hidrólise do fármaco) Mascaramento do sabor de alguns P.A. 6 DESVANTAGENS Mistura não uniforme = variação na concentração da droga Necessidade de uma grande área de estocagem se comparada às formas farmacêuticas sólidas Dificuldade de ressuspender ou “CAKING”= sub ou superdosagem; POLIMORFISMO = variação da solubilidade ou crescimento de cristais; Aspectos organolépticos nem sempre serem agradáveis 7 CARACTERÍSTICAS DAS SUSPENSÕES COMO FORMA FARMACÊUTICA 1) Tamanho de partícula 2) Fluidez 3) Sabor e Odor 4) Estabilidade - Química - Física : Flutuação das partículas dispersas Sedimentação e redispersabilidade - Microbiológica 8 PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DAS SUSPENSÕES ➢ Tamanho e forma das partículas dispersas Uso oral: O tamanho das partículas pode condicionar uma absorção sistêmica ou uma ação local no intestino; Uso tópico e oftálmico: Tamanho uniforme e baixa granulometria (Partículas entre 0,5 – 3 μm = produto suave e não irritante - partículas acima de 5 μm = textura áspera) Uso injetável: Partículas grandes (diâmetro superior a 25 μm) → obstrução de agulhas hipodérmicas (Partículas pequenas → absorção rápida) Dispersões Coloidais Dispersões Finas Dispersões Grosseiras 0,5 a 10 µm 10 a 50 µm 1 nm a 0,5 µm 9 ➢ Fluidez - Injetável e oral: suspensões viscosas dificuldades de fluir através da agulha ou do frasco. - Tópico: Suspensões viscosas → baixa espalhabilidade. Suspensões fluidas → baixa retenção no local de aplicação. ➢ Sabor e Odor • Uso oral : adição de agentes corretivos do aroma, cor e sabor. PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DAS SUSPENSÕES 10 4.1) Estabilidade química: - Manutenção da integridade química das substâncias ativas; - Emprego de adjuvantes farmacotécnicos/farmacêuticos. ➢ ESTABILIDADE DAS SUSPENSÕES 4.2) Estabilidade física: 4.2.1) Flutuação das partículas dispersas (Fármacos apresentam diferentes graus de hidrofobicidade). a) Líquido molha totalmente o sólido (ex. óxido de zinco). b) Líquido molha parcialmente o sólido (formação de ângulo de contato). c) Líquido não molha o sólido → Substâncias hidrofóbicas (ex. talco, estearato de magnésio). 11 Ângulo de Contato Sólido- Líquido 12 ÂNGULO DE CONTATO SÓLIDO- LÍQUIDO MOLHABILIDADE 13 14 AGENTES MOLHANTES Substâncias tensoativas que, quando dissolvidas em água, reduzem o ângulo de contato entre uma superfície e o líquido, auxiliando no deslocamento do ar presente nessa superfície e substituindo-o pela fase líquida. ➢ TENSOATIVOS: diminuem a tensão superficial entre o sólido e o líquido (conc. máxima 0,1%). Uso oral = Polissorbatos (Tweens), Ésteres de sorbitano (Spans). Uso externo = Laurilsulfato de sódio, dioctilsulfosuccinato de sódio. Uso injetável = Polissorbatos, alguns Poloxamer (copolímeros de polioxietileno/polioxipropileno) e a lecitina. 15 COLOIDES HIDROFÍLICOS – Goma arábica, goma adragante, goma xantana, alginatos; – Derivados da celulose (carboximetilcelulose (CMC), hidroxietilcelulose), argilas ( bentonita = silicato de alumínio coloidal) → Agem como colóides protetores, revestindo as partículas hidrofóbicas sólidas com uma camada multimolecular = confere ao sólido características mais hidrofílicas, favorecendo a MOLHABILIDADE. SOLVENTES: mistura de líquidos miscíveis com a água = reduzir a tensão interfacial líquido/ar. - Água - Glicerina - Álcool 16 Partículas cilíndricas simétricas do carbonato de cálcio produzem suspensões mais estáveis que as assimétricas, em forma de agulha. Velocidade de sedimentação das partículas de uma suspensão são representados na Lei de Stokes Onde: dx/dt é a velocidade de sedimentação d2 = diâmetro das partículas pi e pe = densidades da partícula e do meio g = constante gravitacional n = a viscosidade do meio Por meio desta equação pode-se fazer possíveis ajustes na velocidade de sedimentação. A Lei de Stokes baseia-se no princípio de que uma esfera, ao cair no seio de um fluído, está sujeita à atuação de duas forças de sinal contrário: a da resistência Rf , devido à viscosidade do fluído e à força da gravidade 17 As magnitudes das forças de repulsão entre as partículas de uma suspensão determinam se a suspensão está floculada ou defloculada. Propriedades Defloculado Floculado Partículas Separadas Agregadas Velocidade de sedimentação Lenta Rápida Sedimento Compacto Frouxo Redispersão Difícil Fácil Sobrenadante Turvo Límpido Fonte: Nutan e Reddy, 2010 Uniformidade de dose 18 Sistema floculado Sistema Defloculado 19 AGENTES FLOCULANTES ➢ São utilizados com o objetivo de evitar a formação de agregados. São divididos em SURFACTANTES, POLIMEROS HIDROFILICOS, ARGILAS e ELETRÓLITOS. Íons de carga contrária a das partículas dispersas (reduzir o número de íons por unidade de área na camada externa). Diminuir o potencial Zeta (energia livre) 20 21 22 23 AGENTES FLOCULANTES Lauril sulfato de sódio ( 0,5- 1,0%) Polisorbato 80 (tween® 80) (0,1 – 3,0 %) Monooleato de sorbitano (span® 80) (0,1 – 3,0 %) Polietileglicol 400 (até 10%) Coloides hidrofóbicos (goma xantana) Argilas (bentonita) Cloreto de Sódio (até 1%) Fosfato diácido de potássio 24 ➢ Agentes suspensores Adiciona-se agentes suspensores ao meio dispersante, com o objetivo de aumentar a viscosidade e favorecer a suspensão da fase dispersa. Agente suspensor Concentração usual Carboximetilcelulose sódica (carmelose) 0,50 – 2,00% Metilcelulose (metolose) 0,50 – 5,00 % Celulose microcristalina/CMC-Na (Avicel® RC 591) 0,50 – 2,00 % Polivinil pirrolidona (povidona) Até 5,00 % Goma xantana 0,3 – 0,5% Bentonita 0,50 – 5,00 % Fonte: Ferreira e Souza, 2007. 25 ❖ Requisitos para um agente suspensor ideal ser inócuo não apresentar atividade farmacológica nas concentrações empregadas apresentar considerável aumento de viscosidade não alterar as propriedades reológicas do sistema no decorrer do tempo de armazenamento ❖ Escolha do agente suspensor possíveis incompatibilidades facilidade de preparação grau de pureza (uso interno/externo; via de administração) pH e temperatura de estabilidade 26 PREPARAÇÃO DE SUSPENSÕES 1. Sólido + Líquido 2. (sólido + suspensor) + Líquido 3. (sólido + molhante) + (líquido + suspensor) 4. (sólido + molhante + suspensor) + Líquido 27 Veículo Fármaco (sólido a ser disperso) deve ser triturado e levigado Agente suspensor aumenta a viscosidade e retarda a sedimentação Agentes floculantes favorecem a floculação/evitar formação de agregados Agentes umectantes (glicerina, propilenoglicol e sorbitol) agentes molhantes – evitar ressecamento/formação de aglomerado na superfície Edulcorantes, flavorizantes, corantes,corretores de pH, tampões, co- solventes e conservantes 28 SUSPENSÕES RECONSTITUÍVEIS ✓ São formulações de escolha quando não se tem uma boa estabilidade da droga ✓ São comercializadas como misturas secas, requerendo adição de água no momento do uso ✓ Após a reconstituição têm prazo de validade curto, de 7 a 14 dias “Pó para suspensão oral” ATRIBUTOS DESEJÁVEIS - A mistura de pós deve ser uniforme e de concentração adequada de cada um dos componentes - Durante a reconstituição, a mistura de pós deve dispersar-se rápida e completamente no veículo aquoso - A suspensão deve ser facilmente redispersada e fluida o suficiente para que se garanta uniformidade na dosagem - O produto final deve ter uma aparência, odor e sabor aceitáveis 29 CARACTERÍSTICAS DESEJADAS 1. Sedimentação lenta 2. Fácil redispersão 3. Escoamento adequado 4. Tamanho das partículas adequado 30 ACONDICIONAMENTO • Recipientes de boca larga; • Recipientes hermeticamente fechados; • Proteger do calor excessivo, congelamento e luz. Toda dispersão farmacêutica (suspensão ou emulsão) deve constar no rótulo: “AGITE ANTES DE USAR” 31 32 GRATA! 33 TESTANDO...... 1. Quanto às suspensões, classifique a fase dispersa e continua. 2. Qual o motivo que não se podem filtrar as suspensões? 3. O que é uma suspensão extemporânea? 4. Qual o motivo farmacotécnico de ser ter uma suspensão extemporânea? 5. A tendência é que os fármacos sejam veiculados em F. F soluções, afim de facilitar o uso. Sabendo disto, porque mesmo assim temos a F. F suspensão? 6. Quanto a sua biodisponibilidade, compare as suspensões com as soluções e as cápsulas. 34 7. Porque nas suspensões degradam menos que as soluções? 8. Discorra sobre a uniformidade de doses nas suspensões. 9. Quais os requisitos ideais para uma suspensão? 10. Relacione a velocidade de sedimentação com: a.Tamanho da partícula b. Densidade da partícula c. Densidade da fase externa d.Viscosidade do meio 11. O que é molhabilidade de partículas? 12. Qual a relação entre molhabilidade de partículas e o ângulo de contato? 35 13. Como passar de uma molhabilidade nula para uma molhabilidade total? 14. Qual a função do agente molhante? 15. O que são agentes suspensores? 16. Quais as funções do agente suspensor? 36
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