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Importação e exportação: 
 
Repare que não falamos em comercializar, pois nem toda importação ou 
exportação envolve venda. Uma avó que mora na Bélgica pode, por exemplo, 
exportar um presente para seu neto no Brasil. Uma empresa brasileira também 
pode exportar um maquinário para a Itália, por exemplo, para que seja 
consertado e depois devolvido ao nosso país. 
Ainda no que se refere ao fluxo de importações e exportações, precisamos 
entender o que é balança comercial. Chama-se de balança comercial o saldo 
entre tudo que é importado e exportado por um país. Para que um país tenha 
uma balança comercial favorável, é necessário que ele exporte mais do que 
importe (o que seria o equivalente a ganhar mais do que gasta). Essa condição 
favorável é chamada de superávit. Caso um país importe mais do que exporte, 
ele terá um saldo negativo na balança comercial, que é chamado de déficit. Veja, 
na figura a seguir, o mapa mundial das balanças comerciais. 
 
 
 
 
 
 
Separação entre comércio internacional e comércio 
exterior 
Comércio internacional 
É o conjunto de relações, movimentos, processos, recursos e procedimentos 
que ocorrem nas relações governamentais, públicas e privadas entre entes 
coletivos ou individuais de diferentes países (RATTI, 2009; NYEGRAY, 2016). Ou 
seja, o comércio internacional envolve as empresas, os governos de diferentes 
países, as políticas internacionais destes países, assim como as operações e 
procedimentos efetivos para comercialização e movimentação de mercadorias, 
serviços e recursos em geral. 
 
Comércio exterior 
É uma parte do comércio internacional, que consiste nos elementos da operação 
em si, ou seja: transporte, movimentação, armazenagem, embalagens, 
pagamentos, negociação, documentação, procedimentos aduaneiros e 
logísticos etc. 
Para que fique ainda mais claro, veja um exemplo: a definição de uma alíquota 
percentual de imposto de importação é uma definição de comércio 
internacional, pois afeta amplamente as relações do país que definiu a alíquota 
com seus parceiros comerciais e demais países, sua economia, os 
procedimentos e a dinâmica para as empresas importadoras e órgãos do 
governo relacionados ao tema. Já o comércio exterior é apenas a parcela desse 
processo que está relacionada com a última parte: os procedimentos e as 
mudanças na execução da importação para as empresas importadoras e para os 
órgãos reguladores e participantes, também chamados de anuentes e 
intervenientes. Conheça sobre estes órgãos na sequência! 
 
 
 
REGULADORES: Que estabelecem normativas e regulamentos que devem 
ser seguidos por importadores e exportadores brasileiros. Que estabelecem 
normativas e regulamentos que devem ser seguidos por importadores e 
exportadores brasileiros. 
FISCALIZADORES: Que efetivamente verificam se determinada 
regulamentação está sendo cumprida. 
 
 
 
OBSERVAÇÃO: Um dos órgãos mais importantes, de anuência e 
interveniência obrigatória, é a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), que se 
destina exclusivamente a tratar da regulamentação e fiscalização geral de 
mercadorias e serviços que entram e saem do país. 
A Receita Federal do Brasil é outro órgão fundamental do comércio exterior 
brasileiro, que atua tanto na regulamentação aduaneira quanto na fiscalização 
nos pontos físicos (alfândegas). 
 
 
Barreiras internacionais de comércio 
 
Quando se está negociando internacionalmente, é essencial conhecer os 
mecanismos que podem restringir a comercialização de bens, serviços e 
recursos em geral. As chamadas barreiras comerciais podem estar 
relacionadas a itens, países ou até mesmo a condições específicas de 
comércio. Elas dividem-se, basicamente, em dois grupos: tarifárias e não-
tarifárias. 
 
Barreiras tarifárias 
 
As barreiras tarifárias são restrições estabelecidas pelos países como estratégia 
de defesa ou parceria comercial por meio da determinação de tarifas. As tarifas 
também podem ser incorporadas nos países como impostos, como ocorre com 
o imposto de importação no Brasil. 
Veja um exemplo: o Brasil, visto sua estratégia de defesa comercial para 
proteger a indústria nacional de calçados, estabelece tarifa (alíquota do imposto 
de importação) para que a mercadoria estrangeira, quando importada, tenha 
preço equiparado ou superior ao brasileiro. Neste exemplo, caso o calçado 
importado não sofresse incidência tarifária, poderia tornar-se mais acessível que 
o nacional e o consumidor, por sua vez, optariam pelo mais barato. Isto poderia 
reduzir o consumo do produto local, o que, por sua vez, poderia prejudicar o 
desenvolvimento e manutenção dos negócios nacionais. Ao longo do tempo, 
uma postura de mercado totalmente aberta poderia inclusive colocar a 
produção nacional em risco, visto que os custos de produção em nosso país são 
elevados e a concorrência poderia trazer condições comerciais muito difíceis de 
acompanhar. Assim, para proteger a produção nacional de calçados, 
mercadorias desse tipo que são importadas sofrem incidência de imposto de 
importação (II) e outros tributos para que o preço final se equipare ao do bem 
local. 
 
 
OBSERVAÇÃO: A tributação dos produtos importados é calculada 
sobre o valor aduaneiro. É chamada de valor aduaneiro a soma do valor da 
mercadoria, seguro e frete, convertidos em real. Essa é a base que se deve 
considerar antes de realizar qualquer projeção ou verificação de custos de 
uma importação. 
Cada país pode definir tarifas mais elevadas ou baixas conforme a oferta e 
demanda em seu território. Assim, um país que produz em demasia vinho, 
mas é carente em água mineral e defende um posicionamento 
protecionista, tende a estabelecer tarifas elevadas para importação de 
vinho, e baixas (ou até mesmo nulas) para água. 
 
 
 Barreiras não tarifárias 
Ao contrário do que vimos na tipologia anterior, as barreiras não tarifárias não 
estão relacionadas a tarifas, mas podem igualmente ser utilizadas como 
mecanismo de defesa comercial, estratégia política e até mesmo medida de 
segurança nacional nas diferentes frentes. São muitos os tipos de barreiras não 
tarifárias. Veja a seguir os principais: 
 
• barreiras ambientais; 
• barreiras técnicas; 
• barreiras sanitárias; 
• barreiras fitossanitárias; 
• cotas; 
• embargo; 
• barreiras alfandegárias; 
• barreiras culturais. 
 
 
OBSERVAÇÃO: É importante ter em mente que o que diferencia o tipo de 
barreira não é necessariamente a categoria de produto, a origem ou a forma de 
controle, mas o motivo que leva à restrição. Assim, uma mesma mercadoria ou 
um mesmo país pode ser afetado por diferentes barreiras comerciais. Conheça, 
com detalhes, as barreiras não tarifárias! 
As barreiras ambientais são estabelecidas como medida de sustentabilidade e 
proteção do meio ambiente pelos países. Diversos acordos internacionais 
versam sobre exigências para que os serviços e mercadorias estejam dentro dos 
parâmetros de minimização de riscos ao meio ambiente. No Brasil, um exemplo 
de barreira ambiental está relacionado à importação de pneus, cujo processo 
exige procedimentos de descarte adequado e aproveitamento das mercadorias 
usadas. 
 
 
Barreiras técnicas 
Consistem em exigências quanto à composição, método de fabricação ou 
prestação de serviço ou ainda outra característica que o produto a ser 
importado deve atender para que seu ingresso no destino seja permitido. Estas 
barreiras têm o propósito de assegurar que os produtos internacionais que 
ingressem no país sigam os mesmos requisitos de segurança, padrão de 
qualidade e procedimentos que os de fabricação nacional. 
Veja um exemplo: em 2016, o Inmetro, principal órgão regulador e 
fiscalizador de barreiras técnicas no Brasil, estabeleceu restrição para a 
quantidade de metais pesados contidos nas peças de joias e bijuterias. A medida 
tem validade tanto para mercadorias de produção nacional quanto 
nacionalizadas (importadas).Assim, se uma joia estrangeira apresentar limite 
superior ao permitido, terá sua entrada no Brasil negada. 
 
Barreiras sanitárias e fitossanitárias 
As barreiras sanitárias consistem em restrições de cunho técnico, composição, 
origem, espécie, entre outras, a fim de proteger a saúde humana e animal em 
determinado país. Assim, encontram-se barreiras sanitárias em alimentos, 
medicamentos, equipamentos e componentes médicos, e demais produtos que 
possam ser entendidos como arriscados para uso, consumo ou contato com 
seres humanos e animais. 
 
EXEMPLO 1: Os impedimentos que os países colocam para a 
importação de carnes e animais (e seu material genético) de regiões nas 
quais são identificadas patologias, como a gripe aviária e a gripe suína – 
nomes jornalísticos para enfermidades graves que afetam animais e, 
consequentemente, a saúde humana por meio de consumo e contato. 
EXEMPLO 2: Em 2014, o Brasil impediu a importação de próteses de 
silicone do grupo francês Arion, depois que lotes auditados não cumpriram com 
os requisitos de esterilização exigidos. Demais mercadorias deste tipo e origem 
permaneciam sem veto de importação, desde que passassem pela anuência da 
ANVISA (órgão de fiscalização e regulamentação para medicamentos, 
equipamentos, próteses, implantes, insumos hospitalares, alimentos e demais 
elementos relacionados ao tratamento da saúde humana). 
 
 
Uma barreira sanitária não necessariamente precisa 
envolver todos os produtos de uma categoria ou país. 
Mas, e as barreiras fitossanitárias? Elas também visam 
à proteção da saúde, mas têm como foco o reino 
vegetal. Assim, são estabelecidas para proteger as 
lavouras e evitar a entrada de pragas no território. 
 
EXEMPLO 1: Infestações e contaminações do reino vegetal podem 
afetar economicamente um país, levando a prejuízos em plantações, assim 
como podem contaminar o solo, prejudicando a produção futura e até 
colocando a segurança alimentar da população em risco. 
 
EXEMPLO 2: Para que seja permitida a importação ou exportação de frutas 
e vegetais no Brasil, é obrigatória a apresentação do certificado fitossanitário, 
que é emitido pela autoridade aduaneira correspondente no país de origem. No 
Brasil, o certificado fitossanitário é emitido pelo Ministério da Agricultura. 
 
 
OBSERVAÇÃO: 
A barreira sanitária e fitossanitária pode estimular o estabelecimento de 
exigências complementares de controle, sem necessariamente impedir a 
importação do produto de determinado país. 
Até aqui, você conheceu as barreiras não tarifárias que estão relacionadas, em 
certa medida, à segurança da população de um país e sua sustentabilidade. Mas 
há aquelas cujo enfoque é a proteção ou defesa comercial (como a função das 
barreiras tarifárias, conforme visto anteriormente). As cotas fazem parte deste 
segundo grupo. 
São definidas como cotas a restrição em quantidade, volume, intensidade e 
demais medidas, de importação de determinada categoria de produto. Quando 
há cotas, não significa que o produto está impedido de entrar, mas existe um 
limite anual permitido ou facilitado. Em geral, as cotas são uma medida pura de 
proteção comercial que segue esta lógica: um determinado país produz um 
determinado item para atender a apenas 70% do consumo interno. Então, 
estabelece uma cota que permite a importação de 30% ou flexibiliza a tarifa de 
importação para facilitar que este percentual faltante ingresse no território 
(quando extrapolada a cota, a tarifa de importação passa a incidir ou aumenta 
significativamente). 
Por exemplo, no Brasil, a importação de sardinha congelada é regulada por 
cotas, a fim de viabilizar a manutenção dos pescadores locais. Nos períodos de 
escassez do peixe no país ou aumento da demanda interna, o tributo para a 
referida cota pode ser reduzido – como ocorreu em 2018 – ou ainda a cota pode 
ser ampliada (MDIC, 2018). O mesmo acontece com bens de consumo: em 
muitos casos, o produto importado acaba atingindo preços mais baixos que os 
locais, e a cota age para equilibrar o cenário. 
Caso você esteja se perguntando, apesar das cotas, bem como das barreiras 
técnicas, ambientais, sanitárias e fitossanitárias, o Brasil ainda sofre muito com 
o contrabando de produtos, ou seja, mercadorias que não passam pela 
fiscalização correta e, muitas vezes, não seguem as exigências estabelecidas 
pelas barreiras comerciais. É ainda um desafio evitar a entrada irregular e ilegal 
de mercadorias, serviços e outros recursos. 
As cotas são por vezes confundidas com o embargo, um outro tipo de barreira 
comercial. Clique para entender o embargo. 
 
EXEMPLO 1: O exemplo mais famoso de embargo no mundo é o 
estabelecido entre Estados Unidos e Cuba, que desde 1962 impede a 
comercialização de um extenso volume de itens entre os dois países, devido a 
severas diferenças políticas. Atualmente, há flexibilizações importantes, como a 
validade dos cartões de crédito de empresas americanas na ilha, mas o 
relacionamento entre os países ainda é muito hostil. 
 
 
Barreiras alfandegarias 
Temos as restrições estabelecidas para que os países possam ampliar o controle 
do que entra e sai em seu território. Inserem-se nessa categoria as exigências 
complementares de termos, certificados e até mesmo os registros consulares 
pelos quais a documentação oficial precisa passar antes do embarque da 
mercadoria no ponto de origem. Um exemplo disso é a exigência de certificado 
de origem que alguns países impõem para a importação de determinados 
produtos como forma de assegurar a procedência. 
 
Barreiras Culturais 
Essas barreiras apesar de apresentarem viés diferente das demais, também 
merecem atenção. Muitas empresas e indivíduos, quando pensam em se 
internacionalizar ou internacionalizar a seus produtos, fazem as devidas 
consultas formais aos órgãos para a identificação dos requisitos técnicos a 
serem cumpridos, mas esquecem do fator cultural. 
Esta barreira se define como o conjunto de variações culturais que distingue um 
mercado (país ou região) de outro. A cultura tem influência direta sobre como 
os negócios são conduzidos e pode ser considerada a barreira mais complexa, já 
que nem todos os elementos são visíveis. Alguns aspectos são tão intrínsecos 
que seu entendimento demanda imersão na realidade daquela região. 
Quando falamos em barreiras culturais, é comum cair no equívoco de 
categorizar um país inteiro sob o mesmo padrão, quando de fato temos diversas 
subculturas em uma mesma nação. Basta olhar à nossa volta: residentes de 
todos os estados brasileiros têm os mesmos costumes e comportamentos? 
Certamente não. Lembrar disso quando pensamos na cultura de um país é 
importante para evitar estereótipos. Cabe lembrar também que alguns traços 
culturais (por exemplo, os valores) podem estar ligados à atuação em um 
determinado setor da economia ou tipo de profissão, como ocorre, por 
exemplo, com os médicos. 
Embora alguns elementos culturais sejam de mais difícil captação, normas, leis 
e regulamentos vigentes na região são importantes “termômetros da cultura” 
para entender como pensam os moradores locais, o que, por sua vez, reflete na 
dinâmica dos negócios. Por outro lado, ainda que influenciadas pela cultura 
nacional e regional, as empresas também possuem sua própria cultura. 
Portanto, conhecer o básico sobre a cultura de um país ou região não é o mesmo 
que conhecer os aspectos culturais de uma organização em específico e vice-
versa. Lembre-se que temos até mesmo as subculturas dos departamentos para 
esmiuçar! Toda essa discussão tem um propósito: manter sua mente aberta para 
diferentes abordagens culturais, sem generalização e sem o erro tão comum dos 
estereótipos. 
Além disso, a estética e o senso de beleza e de uma sociedade são importantes 
fatores culturais que devem ser levados em consideração e podem ser 
observados a partir das informações públicas de um local. Símbolose cores, 
informações aparentemente banais, podem afetar drasticamente a 
interpretação e a percepção dos indivíduos sobre um negócio ou produto. Desse 
modo, no mundo dos negócios, é fundamental conseguir passar mensagens 
claras e equiparar o que se quer transmitir à realidade local é crítico para que se 
obtenha a compreensão dos indivíduos em questão. 
Mas vamos a um exemplo de como as cores podem ter diferentes significados: 
o preto é a cor do luto nos Estados Unidos e no México, assim como é no Brasil; 
já na Ásia, é o branco que tem esse significado (CAPELA, 2018). Assim, é 
fundamental apropriar-se deste tipo de conhecimento para a elaboração de 
propagandas, materiais visuais, de divulgação, embalagens, cartões de visita etc. 
Quais cores e símbolos representam a mensagem que se quer passar na região 
de interesse? 
Atitudes e crenças incluem predisposições em relação a alguém, a algum lugar 
ou a alguma coisa. Elas influenciam a maioria dos aspectos do comportamento 
humano. Por isso, entender atitudes e crenças diferentes contribui 
positivamente para interagir com pessoas de outros locais. No mesmo sentido, 
entender os princípios que fundamentam as religiões da região com a qual se 
deseja negociar ajuda a melhor posicionar a mensagem que se quer passar e até 
mesmo traçar estratégias de negócios. 
 
 
 
Todos esses elementos somam-se ao conhecimento de um aspecto cultural 
básico: a língua e suas expressões idiomáticas. Conhecer ou buscar suporte em 
quem tem compreensão sobre a língua local é fundamental para transmitir uma 
mensagem com sucesso. Lembre-se que o fluxo da comunicação é: o emissor 
(quem fala, escreve, mostra etc.) envia uma mensagem (conjunto de 
informações ou significado que se deseja transmitir) com uma codificação 
específica por um canal (meio escolhido, por exemplo, televisão, jornal, site, 
mídia social etc.) para o receptor (quem escuta, lê, vê etc.), em um determinado 
contexto (ambiente em que estão imersos os agentes da comunicação), que 
absorve e gera uma resposta (ou feedback) sobre o que recebeu (JAKOBSON, 
2008). Então, de nada adianta entendermos quem é o receptor, escolher o 
melhor canal para passar a mensagem, mas não utilizar o código adequado. 
 
 
 
Documentação de comércio exterior 
 
Uma vez conhecidas as teorias do comércio internacional, seus conceitos 
fundamentais, seus órgãos anuentes e intervenientes, bem como as barreiras 
internacionais de comércio, agora, você avançará um pouco mais em seus 
estudos para se aprofundar na documentação de comércio exterior. 
Um profissional de comércio exterior precisa conhecer a documentação não 
somente quando participa de sua elaboração, mas também para acompanhar 
processos, analisar cenários, detectar problemas, criar controles, buscar 
informações para planejamento e operação, conferir contratos, prestar 
informações a terceiros, fazer declarações de outros cunhos (por exemplo, 
financeiros), entre outras funções. Assim, seja qual for a posição que você 
ocupar neste universo, a documentação será ponto crítico para que você possa 
realizar seu trabalho. 
 
 
Divididos em três categorias: obrigatórios gerais, 
obrigatórios específicos e facultativos. 
Os documentos obrigatórios gerais são aqueles aplicados a todas as importações 
e exportações de mercadoria, independentemente da origem, destino ou 
conteúdo transportado. São eles: 
 
• fatura comercial; 
• romaneio de carga; 
• conhecimento de embarque. 
 
Fatura comercial 
É o documento que apresenta todos os dados fundamentais da negociação 
comercial realizada (comprador, vendedor, descrição do produto 
comercializado com respectivo código de identificação da Nomenclatura 
Comum do Mercosul (NCM, código que classifica a mercadoria), e suas 
quantidades, origem, destino, meio de transporte, valor comercial, condições 
de venda, riscos e responsabilidades, forma de pagamento acordado e prazos). 
Ela funciona como uma “nota fiscal internacional”, a partir da qual conseguimos 
obter todas as informações básicas da operação de comércio exterior. Você 
poderia pensar que somente quando uma importação ou exportação envolver 
compra e venda este documento seria obrigatório, mas, pelo contrário: mesmo 
remessas sem valor comercial, como amostras e produtos exportados 
temporariamente, precisam ser encaminhados com a fatura comercial. 
 
Romaneio de carga 
Mas não são só de informações comerciais que são feitas as operações de 
comércio exterior. Ao longo de todas as etapas de movimentação da 
mercadoria, é necessário que ela passe por verificações de compradores e 
vendedores, bem como autoridades aduaneiras e operadores logísticos. 
Imagine você que estamos exportando uma mercadoria que seguirá por via 
marítima, que está alocada em cinco contêineres de 20 pés, contendo 1.000 
caixas cada (5.000 ao todo). O fiscal da alfândega quer saber o que está contido 
em cada caixa. Como saber? É para esse tipo de demanda que se utiliza o 
romaneio de carga, um documento que detalha volume a volume o conteúdo 
de um lote de mercadorias. 
São elementos obrigatórios do romaneio de carga: peso bruto, peso líquido, 
volume (m³), número de volumes/unidades, descrição do conteúdo da 
mercadoria, comprador, vendedor, origem e destino da mercadoria e indicativo 
de marcação nos volumes, caso existam. É importante também que o romaneio 
faça referência ao número da fatura comercial, visto que são documentos 
complementares. 
 
Conhecimento de embarque 
 
O terceiro documento obrigatório é relacionado ao transporte de mercadorias: 
o conhecimento de embarque. Assim como uma passagem de avião, esse é o 
documento que registra as principais informações de viagem da carga e serve 
para o controle em procedimentos logísticos, aduaneiros e de pagamento. 
Embora a denominação genérica seja conhecimento de embarque, esse 
documento leva diferentes nomes, dependendo do modal de transporte. 
 
No quadro a seguir, e observe que os conhecimentos de embarque marítimo e 
aéreo possuem nomes em língua estrangeira. Essa é uma situação muito comum 
no comércio internacional, área em que diversas expressões e termos não 
possuem tradução e são utilizados amplamente em inglês. 
 
 
 
Uma vez que a mercadoria embarca, deve estar acompanhada do conhecimento 
de embarque correspondente. É fundamental que o documento esteja 
completo e preenchido corretamente para evitar problemas de controle, multas 
e penalidades. 
Sobre a documentação obrigatória, ainda é necessário fazer uma observação 
importante: para importação ou exportação de serviços, como não há 
necessariamente movimentação de bens, apenas a fatura comercial é 
obrigatória. Caso seja necessário, por exemplo, enviar equipamentos a outro 
país para que se possa prestar o serviço, serão obrigatórios os mesmos 
documentos aplicáveis às mercadorias. 
No Brasil, ainda é obrigatória a emissão da nota fiscal de exportação ou de 
importação para mercadorias e serviços, que deve ser apresentada à 
fiscalização aduaneira junto com os demais documentos obrigatórios que vimos 
aqui. É importante lembrar, ainda, que no trânsito de mercadorias no território 
nacional, também é obrigatório que a nota fiscal acompanhe o produto, e o seu 
descumprimento pode levar a riscos e penalidades previstas em lei. 
 
 
 
 
OBSERVAÇÃO: O site do SEBRAE apresenta modelos dos documentos 
obrigatórios para que você possa melhor compreender qual é a sua composição 
e criar uma operação fictícia para treinar seu preenchimento. Além disso, o site 
do Ministério da Agricultura também disponibiliza para consulta e 
conhecimento o modelo dos certificados sanitário e fitossanitário. 
 
IMPORTANTE: Ainda, que temos, no Brasil, os documentos 
informatizados, que são as declarações que importadores e exportadores 
emitem por meio dos sistemas de controle da Receita Federal do Brasil. 
Além dos documentos obrigatóriosgerais, há também os documentos 
obrigatórios específicos. Estes são aplicáveis a exportações e importações em 
particular. Os documentos específicos podem estar relacionados à exigência do 
país de origem e/ou destino quanto a documentos complementares para 
entrada ou saída de território, ou ainda podem estar relacionados às 
características da mercadoria. 
Anteriormente, neste capítulo, você conheceu as barreiras internacionais de 
comércio, como as sanitárias, fitossanitárias e técnicas, que exigem a 
apresentação de documentos comprobatórios emitidos por órgãos anuentes e 
intervenientes. Esses documentos, que são necessários apenas para algumas 
mercadorias ou condições de origem e destino, enquadram-se como 
obrigatórios específicos. 
Veja o exemplo das mercadorias com embalagens ou partes de reforço de 
madeira, como paletes. Internacionalmente, é amplamente aplicada a barreira 
ambiental e fitossanitária de exigir que a madeira seja tratada no país de origem 
antes do embarque, a fim de evitar infestações por pragas que afetam lavouras 
e vegetação em geral. Para que se comprove o tratamento da madeira, é exigida 
a apresentação do certificado de fumigação ou expurgo, um documento que é, 
portanto, obrigatório para um caso específico. 
Você se lembra, também, do certificado de origem? Ele é um documento que 
atesta a procedência de uma mercadoria, pode ser aplicado como barreira 
comercial e é também um documento específico, já que nem todas as operações 
demandam sua emissão. Interessante, não é mesmo? 
Por fim, temos os documentos facultativos, que são aqueles de uso opcional em 
uma operação: 
 
 
• Um bom exemplo desse tipo de documento é a fatura proforma. Esse é o 
documento que se emite durante o processo de negociação, quando 
ambas as partes querem formalizar os temos e condições de 
comercialização. 
• A proforma antecede a fatura comercial, pois é emitida antes da 
negociação ser considerada finalizada. Assim, podemos pensar nesse 
documento como um “orçamento internacional”, pois ainda não é o 
documento final de compra e venda, mas que pode facilitar a 
comunicação e a antecipação de procedimentos, como cotações de 
frete. 
• Além disso, documentos de serviços de contratação não obrigatória, 
como a apólice de seguros, também se enquadram na categoria de 
facultativos. 
 
 
É importante lembrar que a não apresentação de documentos obrigatórios pode 
acarretar em multas, custos e taxas adicionais, atrasos nos procedimentos 
aduaneiros, logísticos e financeiros e, em casos mais graves, até mesmo a perda 
definitiva da mercadoria. 
Para um melhor desempenho nas operações internacionais, consulte junto aos 
órgãos de controle aduaneiro na origem e no destino os documentos que se 
aplicam ao caso de seu interesse. O planejamento e a busca de informações 
prévias são recursos poderosos para a realização de uma operação bem-
sucedida. 
 
	Barreiras internacionais de comércio
	Barreiras tarifárias
	Documentação de comércio exterior

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