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Importação e exportação: Repare que não falamos em comercializar, pois nem toda importação ou exportação envolve venda. Uma avó que mora na Bélgica pode, por exemplo, exportar um presente para seu neto no Brasil. Uma empresa brasileira também pode exportar um maquinário para a Itália, por exemplo, para que seja consertado e depois devolvido ao nosso país. Ainda no que se refere ao fluxo de importações e exportações, precisamos entender o que é balança comercial. Chama-se de balança comercial o saldo entre tudo que é importado e exportado por um país. Para que um país tenha uma balança comercial favorável, é necessário que ele exporte mais do que importe (o que seria o equivalente a ganhar mais do que gasta). Essa condição favorável é chamada de superávit. Caso um país importe mais do que exporte, ele terá um saldo negativo na balança comercial, que é chamado de déficit. Veja, na figura a seguir, o mapa mundial das balanças comerciais. Separação entre comércio internacional e comércio exterior Comércio internacional É o conjunto de relações, movimentos, processos, recursos e procedimentos que ocorrem nas relações governamentais, públicas e privadas entre entes coletivos ou individuais de diferentes países (RATTI, 2009; NYEGRAY, 2016). Ou seja, o comércio internacional envolve as empresas, os governos de diferentes países, as políticas internacionais destes países, assim como as operações e procedimentos efetivos para comercialização e movimentação de mercadorias, serviços e recursos em geral. Comércio exterior É uma parte do comércio internacional, que consiste nos elementos da operação em si, ou seja: transporte, movimentação, armazenagem, embalagens, pagamentos, negociação, documentação, procedimentos aduaneiros e logísticos etc. Para que fique ainda mais claro, veja um exemplo: a definição de uma alíquota percentual de imposto de importação é uma definição de comércio internacional, pois afeta amplamente as relações do país que definiu a alíquota com seus parceiros comerciais e demais países, sua economia, os procedimentos e a dinâmica para as empresas importadoras e órgãos do governo relacionados ao tema. Já o comércio exterior é apenas a parcela desse processo que está relacionada com a última parte: os procedimentos e as mudanças na execução da importação para as empresas importadoras e para os órgãos reguladores e participantes, também chamados de anuentes e intervenientes. Conheça sobre estes órgãos na sequência! REGULADORES: Que estabelecem normativas e regulamentos que devem ser seguidos por importadores e exportadores brasileiros. Que estabelecem normativas e regulamentos que devem ser seguidos por importadores e exportadores brasileiros. FISCALIZADORES: Que efetivamente verificam se determinada regulamentação está sendo cumprida. OBSERVAÇÃO: Um dos órgãos mais importantes, de anuência e interveniência obrigatória, é a Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), que se destina exclusivamente a tratar da regulamentação e fiscalização geral de mercadorias e serviços que entram e saem do país. A Receita Federal do Brasil é outro órgão fundamental do comércio exterior brasileiro, que atua tanto na regulamentação aduaneira quanto na fiscalização nos pontos físicos (alfândegas). Barreiras internacionais de comércio Quando se está negociando internacionalmente, é essencial conhecer os mecanismos que podem restringir a comercialização de bens, serviços e recursos em geral. As chamadas barreiras comerciais podem estar relacionadas a itens, países ou até mesmo a condições específicas de comércio. Elas dividem-se, basicamente, em dois grupos: tarifárias e não- tarifárias. Barreiras tarifárias As barreiras tarifárias são restrições estabelecidas pelos países como estratégia de defesa ou parceria comercial por meio da determinação de tarifas. As tarifas também podem ser incorporadas nos países como impostos, como ocorre com o imposto de importação no Brasil. Veja um exemplo: o Brasil, visto sua estratégia de defesa comercial para proteger a indústria nacional de calçados, estabelece tarifa (alíquota do imposto de importação) para que a mercadoria estrangeira, quando importada, tenha preço equiparado ou superior ao brasileiro. Neste exemplo, caso o calçado importado não sofresse incidência tarifária, poderia tornar-se mais acessível que o nacional e o consumidor, por sua vez, optariam pelo mais barato. Isto poderia reduzir o consumo do produto local, o que, por sua vez, poderia prejudicar o desenvolvimento e manutenção dos negócios nacionais. Ao longo do tempo, uma postura de mercado totalmente aberta poderia inclusive colocar a produção nacional em risco, visto que os custos de produção em nosso país são elevados e a concorrência poderia trazer condições comerciais muito difíceis de acompanhar. Assim, para proteger a produção nacional de calçados, mercadorias desse tipo que são importadas sofrem incidência de imposto de importação (II) e outros tributos para que o preço final se equipare ao do bem local. OBSERVAÇÃO: A tributação dos produtos importados é calculada sobre o valor aduaneiro. É chamada de valor aduaneiro a soma do valor da mercadoria, seguro e frete, convertidos em real. Essa é a base que se deve considerar antes de realizar qualquer projeção ou verificação de custos de uma importação. Cada país pode definir tarifas mais elevadas ou baixas conforme a oferta e demanda em seu território. Assim, um país que produz em demasia vinho, mas é carente em água mineral e defende um posicionamento protecionista, tende a estabelecer tarifas elevadas para importação de vinho, e baixas (ou até mesmo nulas) para água. Barreiras não tarifárias Ao contrário do que vimos na tipologia anterior, as barreiras não tarifárias não estão relacionadas a tarifas, mas podem igualmente ser utilizadas como mecanismo de defesa comercial, estratégia política e até mesmo medida de segurança nacional nas diferentes frentes. São muitos os tipos de barreiras não tarifárias. Veja a seguir os principais: • barreiras ambientais; • barreiras técnicas; • barreiras sanitárias; • barreiras fitossanitárias; • cotas; • embargo; • barreiras alfandegárias; • barreiras culturais. OBSERVAÇÃO: É importante ter em mente que o que diferencia o tipo de barreira não é necessariamente a categoria de produto, a origem ou a forma de controle, mas o motivo que leva à restrição. Assim, uma mesma mercadoria ou um mesmo país pode ser afetado por diferentes barreiras comerciais. Conheça, com detalhes, as barreiras não tarifárias! As barreiras ambientais são estabelecidas como medida de sustentabilidade e proteção do meio ambiente pelos países. Diversos acordos internacionais versam sobre exigências para que os serviços e mercadorias estejam dentro dos parâmetros de minimização de riscos ao meio ambiente. No Brasil, um exemplo de barreira ambiental está relacionado à importação de pneus, cujo processo exige procedimentos de descarte adequado e aproveitamento das mercadorias usadas. Barreiras técnicas Consistem em exigências quanto à composição, método de fabricação ou prestação de serviço ou ainda outra característica que o produto a ser importado deve atender para que seu ingresso no destino seja permitido. Estas barreiras têm o propósito de assegurar que os produtos internacionais que ingressem no país sigam os mesmos requisitos de segurança, padrão de qualidade e procedimentos que os de fabricação nacional. Veja um exemplo: em 2016, o Inmetro, principal órgão regulador e fiscalizador de barreiras técnicas no Brasil, estabeleceu restrição para a quantidade de metais pesados contidos nas peças de joias e bijuterias. A medida tem validade tanto para mercadorias de produção nacional quanto nacionalizadas (importadas).Assim, se uma joia estrangeira apresentar limite superior ao permitido, terá sua entrada no Brasil negada. Barreiras sanitárias e fitossanitárias As barreiras sanitárias consistem em restrições de cunho técnico, composição, origem, espécie, entre outras, a fim de proteger a saúde humana e animal em determinado país. Assim, encontram-se barreiras sanitárias em alimentos, medicamentos, equipamentos e componentes médicos, e demais produtos que possam ser entendidos como arriscados para uso, consumo ou contato com seres humanos e animais. EXEMPLO 1: Os impedimentos que os países colocam para a importação de carnes e animais (e seu material genético) de regiões nas quais são identificadas patologias, como a gripe aviária e a gripe suína – nomes jornalísticos para enfermidades graves que afetam animais e, consequentemente, a saúde humana por meio de consumo e contato. EXEMPLO 2: Em 2014, o Brasil impediu a importação de próteses de silicone do grupo francês Arion, depois que lotes auditados não cumpriram com os requisitos de esterilização exigidos. Demais mercadorias deste tipo e origem permaneciam sem veto de importação, desde que passassem pela anuência da ANVISA (órgão de fiscalização e regulamentação para medicamentos, equipamentos, próteses, implantes, insumos hospitalares, alimentos e demais elementos relacionados ao tratamento da saúde humana). Uma barreira sanitária não necessariamente precisa envolver todos os produtos de uma categoria ou país. Mas, e as barreiras fitossanitárias? Elas também visam à proteção da saúde, mas têm como foco o reino vegetal. Assim, são estabelecidas para proteger as lavouras e evitar a entrada de pragas no território. EXEMPLO 1: Infestações e contaminações do reino vegetal podem afetar economicamente um país, levando a prejuízos em plantações, assim como podem contaminar o solo, prejudicando a produção futura e até colocando a segurança alimentar da população em risco. EXEMPLO 2: Para que seja permitida a importação ou exportação de frutas e vegetais no Brasil, é obrigatória a apresentação do certificado fitossanitário, que é emitido pela autoridade aduaneira correspondente no país de origem. No Brasil, o certificado fitossanitário é emitido pelo Ministério da Agricultura. OBSERVAÇÃO: A barreira sanitária e fitossanitária pode estimular o estabelecimento de exigências complementares de controle, sem necessariamente impedir a importação do produto de determinado país. Até aqui, você conheceu as barreiras não tarifárias que estão relacionadas, em certa medida, à segurança da população de um país e sua sustentabilidade. Mas há aquelas cujo enfoque é a proteção ou defesa comercial (como a função das barreiras tarifárias, conforme visto anteriormente). As cotas fazem parte deste segundo grupo. São definidas como cotas a restrição em quantidade, volume, intensidade e demais medidas, de importação de determinada categoria de produto. Quando há cotas, não significa que o produto está impedido de entrar, mas existe um limite anual permitido ou facilitado. Em geral, as cotas são uma medida pura de proteção comercial que segue esta lógica: um determinado país produz um determinado item para atender a apenas 70% do consumo interno. Então, estabelece uma cota que permite a importação de 30% ou flexibiliza a tarifa de importação para facilitar que este percentual faltante ingresse no território (quando extrapolada a cota, a tarifa de importação passa a incidir ou aumenta significativamente). Por exemplo, no Brasil, a importação de sardinha congelada é regulada por cotas, a fim de viabilizar a manutenção dos pescadores locais. Nos períodos de escassez do peixe no país ou aumento da demanda interna, o tributo para a referida cota pode ser reduzido – como ocorreu em 2018 – ou ainda a cota pode ser ampliada (MDIC, 2018). O mesmo acontece com bens de consumo: em muitos casos, o produto importado acaba atingindo preços mais baixos que os locais, e a cota age para equilibrar o cenário. Caso você esteja se perguntando, apesar das cotas, bem como das barreiras técnicas, ambientais, sanitárias e fitossanitárias, o Brasil ainda sofre muito com o contrabando de produtos, ou seja, mercadorias que não passam pela fiscalização correta e, muitas vezes, não seguem as exigências estabelecidas pelas barreiras comerciais. É ainda um desafio evitar a entrada irregular e ilegal de mercadorias, serviços e outros recursos. As cotas são por vezes confundidas com o embargo, um outro tipo de barreira comercial. Clique para entender o embargo. EXEMPLO 1: O exemplo mais famoso de embargo no mundo é o estabelecido entre Estados Unidos e Cuba, que desde 1962 impede a comercialização de um extenso volume de itens entre os dois países, devido a severas diferenças políticas. Atualmente, há flexibilizações importantes, como a validade dos cartões de crédito de empresas americanas na ilha, mas o relacionamento entre os países ainda é muito hostil. Barreiras alfandegarias Temos as restrições estabelecidas para que os países possam ampliar o controle do que entra e sai em seu território. Inserem-se nessa categoria as exigências complementares de termos, certificados e até mesmo os registros consulares pelos quais a documentação oficial precisa passar antes do embarque da mercadoria no ponto de origem. Um exemplo disso é a exigência de certificado de origem que alguns países impõem para a importação de determinados produtos como forma de assegurar a procedência. Barreiras Culturais Essas barreiras apesar de apresentarem viés diferente das demais, também merecem atenção. Muitas empresas e indivíduos, quando pensam em se internacionalizar ou internacionalizar a seus produtos, fazem as devidas consultas formais aos órgãos para a identificação dos requisitos técnicos a serem cumpridos, mas esquecem do fator cultural. Esta barreira se define como o conjunto de variações culturais que distingue um mercado (país ou região) de outro. A cultura tem influência direta sobre como os negócios são conduzidos e pode ser considerada a barreira mais complexa, já que nem todos os elementos são visíveis. Alguns aspectos são tão intrínsecos que seu entendimento demanda imersão na realidade daquela região. Quando falamos em barreiras culturais, é comum cair no equívoco de categorizar um país inteiro sob o mesmo padrão, quando de fato temos diversas subculturas em uma mesma nação. Basta olhar à nossa volta: residentes de todos os estados brasileiros têm os mesmos costumes e comportamentos? Certamente não. Lembrar disso quando pensamos na cultura de um país é importante para evitar estereótipos. Cabe lembrar também que alguns traços culturais (por exemplo, os valores) podem estar ligados à atuação em um determinado setor da economia ou tipo de profissão, como ocorre, por exemplo, com os médicos. Embora alguns elementos culturais sejam de mais difícil captação, normas, leis e regulamentos vigentes na região são importantes “termômetros da cultura” para entender como pensam os moradores locais, o que, por sua vez, reflete na dinâmica dos negócios. Por outro lado, ainda que influenciadas pela cultura nacional e regional, as empresas também possuem sua própria cultura. Portanto, conhecer o básico sobre a cultura de um país ou região não é o mesmo que conhecer os aspectos culturais de uma organização em específico e vice- versa. Lembre-se que temos até mesmo as subculturas dos departamentos para esmiuçar! Toda essa discussão tem um propósito: manter sua mente aberta para diferentes abordagens culturais, sem generalização e sem o erro tão comum dos estereótipos. Além disso, a estética e o senso de beleza e de uma sociedade são importantes fatores culturais que devem ser levados em consideração e podem ser observados a partir das informações públicas de um local. Símbolose cores, informações aparentemente banais, podem afetar drasticamente a interpretação e a percepção dos indivíduos sobre um negócio ou produto. Desse modo, no mundo dos negócios, é fundamental conseguir passar mensagens claras e equiparar o que se quer transmitir à realidade local é crítico para que se obtenha a compreensão dos indivíduos em questão. Mas vamos a um exemplo de como as cores podem ter diferentes significados: o preto é a cor do luto nos Estados Unidos e no México, assim como é no Brasil; já na Ásia, é o branco que tem esse significado (CAPELA, 2018). Assim, é fundamental apropriar-se deste tipo de conhecimento para a elaboração de propagandas, materiais visuais, de divulgação, embalagens, cartões de visita etc. Quais cores e símbolos representam a mensagem que se quer passar na região de interesse? Atitudes e crenças incluem predisposições em relação a alguém, a algum lugar ou a alguma coisa. Elas influenciam a maioria dos aspectos do comportamento humano. Por isso, entender atitudes e crenças diferentes contribui positivamente para interagir com pessoas de outros locais. No mesmo sentido, entender os princípios que fundamentam as religiões da região com a qual se deseja negociar ajuda a melhor posicionar a mensagem que se quer passar e até mesmo traçar estratégias de negócios. Todos esses elementos somam-se ao conhecimento de um aspecto cultural básico: a língua e suas expressões idiomáticas. Conhecer ou buscar suporte em quem tem compreensão sobre a língua local é fundamental para transmitir uma mensagem com sucesso. Lembre-se que o fluxo da comunicação é: o emissor (quem fala, escreve, mostra etc.) envia uma mensagem (conjunto de informações ou significado que se deseja transmitir) com uma codificação específica por um canal (meio escolhido, por exemplo, televisão, jornal, site, mídia social etc.) para o receptor (quem escuta, lê, vê etc.), em um determinado contexto (ambiente em que estão imersos os agentes da comunicação), que absorve e gera uma resposta (ou feedback) sobre o que recebeu (JAKOBSON, 2008). Então, de nada adianta entendermos quem é o receptor, escolher o melhor canal para passar a mensagem, mas não utilizar o código adequado. Documentação de comércio exterior Uma vez conhecidas as teorias do comércio internacional, seus conceitos fundamentais, seus órgãos anuentes e intervenientes, bem como as barreiras internacionais de comércio, agora, você avançará um pouco mais em seus estudos para se aprofundar na documentação de comércio exterior. Um profissional de comércio exterior precisa conhecer a documentação não somente quando participa de sua elaboração, mas também para acompanhar processos, analisar cenários, detectar problemas, criar controles, buscar informações para planejamento e operação, conferir contratos, prestar informações a terceiros, fazer declarações de outros cunhos (por exemplo, financeiros), entre outras funções. Assim, seja qual for a posição que você ocupar neste universo, a documentação será ponto crítico para que você possa realizar seu trabalho. Divididos em três categorias: obrigatórios gerais, obrigatórios específicos e facultativos. Os documentos obrigatórios gerais são aqueles aplicados a todas as importações e exportações de mercadoria, independentemente da origem, destino ou conteúdo transportado. São eles: • fatura comercial; • romaneio de carga; • conhecimento de embarque. Fatura comercial É o documento que apresenta todos os dados fundamentais da negociação comercial realizada (comprador, vendedor, descrição do produto comercializado com respectivo código de identificação da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM, código que classifica a mercadoria), e suas quantidades, origem, destino, meio de transporte, valor comercial, condições de venda, riscos e responsabilidades, forma de pagamento acordado e prazos). Ela funciona como uma “nota fiscal internacional”, a partir da qual conseguimos obter todas as informações básicas da operação de comércio exterior. Você poderia pensar que somente quando uma importação ou exportação envolver compra e venda este documento seria obrigatório, mas, pelo contrário: mesmo remessas sem valor comercial, como amostras e produtos exportados temporariamente, precisam ser encaminhados com a fatura comercial. Romaneio de carga Mas não são só de informações comerciais que são feitas as operações de comércio exterior. Ao longo de todas as etapas de movimentação da mercadoria, é necessário que ela passe por verificações de compradores e vendedores, bem como autoridades aduaneiras e operadores logísticos. Imagine você que estamos exportando uma mercadoria que seguirá por via marítima, que está alocada em cinco contêineres de 20 pés, contendo 1.000 caixas cada (5.000 ao todo). O fiscal da alfândega quer saber o que está contido em cada caixa. Como saber? É para esse tipo de demanda que se utiliza o romaneio de carga, um documento que detalha volume a volume o conteúdo de um lote de mercadorias. São elementos obrigatórios do romaneio de carga: peso bruto, peso líquido, volume (m³), número de volumes/unidades, descrição do conteúdo da mercadoria, comprador, vendedor, origem e destino da mercadoria e indicativo de marcação nos volumes, caso existam. É importante também que o romaneio faça referência ao número da fatura comercial, visto que são documentos complementares. Conhecimento de embarque O terceiro documento obrigatório é relacionado ao transporte de mercadorias: o conhecimento de embarque. Assim como uma passagem de avião, esse é o documento que registra as principais informações de viagem da carga e serve para o controle em procedimentos logísticos, aduaneiros e de pagamento. Embora a denominação genérica seja conhecimento de embarque, esse documento leva diferentes nomes, dependendo do modal de transporte. No quadro a seguir, e observe que os conhecimentos de embarque marítimo e aéreo possuem nomes em língua estrangeira. Essa é uma situação muito comum no comércio internacional, área em que diversas expressões e termos não possuem tradução e são utilizados amplamente em inglês. Uma vez que a mercadoria embarca, deve estar acompanhada do conhecimento de embarque correspondente. É fundamental que o documento esteja completo e preenchido corretamente para evitar problemas de controle, multas e penalidades. Sobre a documentação obrigatória, ainda é necessário fazer uma observação importante: para importação ou exportação de serviços, como não há necessariamente movimentação de bens, apenas a fatura comercial é obrigatória. Caso seja necessário, por exemplo, enviar equipamentos a outro país para que se possa prestar o serviço, serão obrigatórios os mesmos documentos aplicáveis às mercadorias. No Brasil, ainda é obrigatória a emissão da nota fiscal de exportação ou de importação para mercadorias e serviços, que deve ser apresentada à fiscalização aduaneira junto com os demais documentos obrigatórios que vimos aqui. É importante lembrar, ainda, que no trânsito de mercadorias no território nacional, também é obrigatório que a nota fiscal acompanhe o produto, e o seu descumprimento pode levar a riscos e penalidades previstas em lei. OBSERVAÇÃO: O site do SEBRAE apresenta modelos dos documentos obrigatórios para que você possa melhor compreender qual é a sua composição e criar uma operação fictícia para treinar seu preenchimento. Além disso, o site do Ministério da Agricultura também disponibiliza para consulta e conhecimento o modelo dos certificados sanitário e fitossanitário. IMPORTANTE: Ainda, que temos, no Brasil, os documentos informatizados, que são as declarações que importadores e exportadores emitem por meio dos sistemas de controle da Receita Federal do Brasil. Além dos documentos obrigatóriosgerais, há também os documentos obrigatórios específicos. Estes são aplicáveis a exportações e importações em particular. Os documentos específicos podem estar relacionados à exigência do país de origem e/ou destino quanto a documentos complementares para entrada ou saída de território, ou ainda podem estar relacionados às características da mercadoria. Anteriormente, neste capítulo, você conheceu as barreiras internacionais de comércio, como as sanitárias, fitossanitárias e técnicas, que exigem a apresentação de documentos comprobatórios emitidos por órgãos anuentes e intervenientes. Esses documentos, que são necessários apenas para algumas mercadorias ou condições de origem e destino, enquadram-se como obrigatórios específicos. Veja o exemplo das mercadorias com embalagens ou partes de reforço de madeira, como paletes. Internacionalmente, é amplamente aplicada a barreira ambiental e fitossanitária de exigir que a madeira seja tratada no país de origem antes do embarque, a fim de evitar infestações por pragas que afetam lavouras e vegetação em geral. Para que se comprove o tratamento da madeira, é exigida a apresentação do certificado de fumigação ou expurgo, um documento que é, portanto, obrigatório para um caso específico. Você se lembra, também, do certificado de origem? Ele é um documento que atesta a procedência de uma mercadoria, pode ser aplicado como barreira comercial e é também um documento específico, já que nem todas as operações demandam sua emissão. Interessante, não é mesmo? Por fim, temos os documentos facultativos, que são aqueles de uso opcional em uma operação: • Um bom exemplo desse tipo de documento é a fatura proforma. Esse é o documento que se emite durante o processo de negociação, quando ambas as partes querem formalizar os temos e condições de comercialização. • A proforma antecede a fatura comercial, pois é emitida antes da negociação ser considerada finalizada. Assim, podemos pensar nesse documento como um “orçamento internacional”, pois ainda não é o documento final de compra e venda, mas que pode facilitar a comunicação e a antecipação de procedimentos, como cotações de frete. • Além disso, documentos de serviços de contratação não obrigatória, como a apólice de seguros, também se enquadram na categoria de facultativos. É importante lembrar que a não apresentação de documentos obrigatórios pode acarretar em multas, custos e taxas adicionais, atrasos nos procedimentos aduaneiros, logísticos e financeiros e, em casos mais graves, até mesmo a perda definitiva da mercadoria. Para um melhor desempenho nas operações internacionais, consulte junto aos órgãos de controle aduaneiro na origem e no destino os documentos que se aplicam ao caso de seu interesse. O planejamento e a busca de informações prévias são recursos poderosos para a realização de uma operação bem- sucedida. Barreiras internacionais de comércio Barreiras tarifárias Documentação de comércio exterior