Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
: PPrrooff.. JJoosséé ddee PPaauullaa SSiillvvaa Sumário Classificação dos parasitas 3 Schistosoma mansoni 6 Fasciola hepática 10 Taenia sp 12 Echinococcus granulosus 17 Hymenolepis nana 21 Hymenolepis diminuta 21 Ascaris lumbricoides 24 Ancylostomatidae 26 Strongyloides stercolaris 29 Trichuris trichiura 32 Enterobius vermicularis 34 Ancylostoma braziliensis 36 Toxocara spp 37 Wuchereria bancrofti 38 Leishmanha braziliensis 40 Leishmania donovani 43 Trypanosoma cruzi 45 Plasmodium 49 Toxoplasma gondii 54 Entamoeba histolytica 58 Giárdia lamblia 60 Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 3 CLASSIFICAÇÃO DOS PARASITAS • OBRIGATÓRIOS: Não sobrevive fora do hospedeiro. Ex: Enterobius vermicularis (helminto), alguns protozoários, vírus • FACULTATIVOS: Livres, mas em contato com o hospedeiro evoluem e causam danos. Ex: fungos • ACIDENTAIS: Podem causar danos. Ex: ingestão acidental de larvas de moscas. • PSEUDOPARASITAS: Não causam danos ao hospedeiro. Podem ser detectados em exame coproparasitológico. Ex: cistos de protozoários de vida livre • FITOPARASITAS: bactérias, fungos • ZOOPARASITAS: artrópodes, helmintos e protozoários • PERMANENTE: Constantemente em contato com o hospedeiro. Ex: Ascaris lumbricoides, Enterobius vermiculares • PERIÓDICOS: Parte de seu ciclo é de vida livre e parte é dentro do hospedeiro.Ex: Necator americanus e Ancylostoma duodenale (vida livre: larva / dentro do hospedeiro.: adulto) • TEMPORÁRIO: insetos hematófagos • REMITENTE: em constante contato com o hospedeiro e temporariamente se alimenta de sangue. Ex: piolho, pulga • INTERMITENTE: só entra em contato com o hospedeiro no momento de alimentar-se • ESTENOXENO: Alta especificidade. Ex: Trichuris trichiura - específico da espécie humana • EURIXENO: Ampla especificidade. Ex: Toxoplasma gondii - homem, felinos, ... • OLIGOXENO: Pouca especificidade. Ex: Plasmodium malariae - homem e primatas • ESTENOTRÓFICO: Alimenta-se de apenas um tipo de alimento Ex: sangue • EURITRÓFICO: Alimenta-se de várias substâncias. Ex: Taenia solium - quimo intestinal. Ancylostoma duodenale - quimo e sangue • MONOXENO: Completa seu ciclo em apenas 1 hospedeiro. , não tem larva • HETEROXENO: Necessita de mais de 1 espécie para completar seu desenvolvimento. Ex: Taenia saginata, Echinococus granulosos, Plasmodium • AUTOXENO: 2 fases (larva e adulto) ocorrem no mesmo hospedeiro. Ex: Hymenolepis nana • ERRÁTICO ou ATÓPICO: Parasita encontrado em locais não típicos. Aumenta a gravidade da parasitose • DESVIADOS ou TRANSVIADOS: Mudança no hospedeiro habitual VETOR Inseto que carrega ou transporta o agente etiológico Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 4 • MECÂNICO: Não ocorre multiplicação, apenas carrega. Ex: moscas • BIOLÓGICO: O agente etiológico faz um ciclo propagativo e/ou evolutivo • PROPAGATIVO: Há multiplicação • PROPAGATIVO EVOLUTIVO: Multiplicação e evolução • EVOLUTIVO: Apenas evolução .Obs: Bactérias e vírus: multiplicam.Protozoários: evoluem • HOSPEDEIRO PARATÊMICO: A fase de larva persiste sem ir à fase adulta. Normalmente é agente etiológico de outra espécie que infecta acidentalmente a espécie humana. PORTAS DE ENTRADA DOS PARASITAS • PER OS : entram pela boca (principalmente) Através de água, alimentos, ar, fômites (instrumentos inanimados) Ocorre com a maioria dos enteroparasitas veiculadores de agentes etiológicos • PER CUTEM : entram pela pele Penetração ativa: LFI (larva filarióide infectante) Penetração passiva: inoculação pela ação de picadas de insetos • VIA MUCOSA ou CONJUNTIVA • NARINA (inalação) • PLACENTA (T. cruzi, Toxoplasma gondii) • VIAS GENITAIS DISSEMINAÇÃO DOS PARASITAS PELO ORGANISMO • Via sanguínea: hemoparasitas Ex: T. cruzi • Via linfática: Wuchereria bancrofti • Pela pele: ectoparasitas PARASITISMO E DOENÇAS PARASITÁRIAS FATORES INERENTES AO PARASITO 1. Número de exemplares 2. Capacidade de multiplicação dos parasitas no hospedeiro. Ex: P. falciparum tem maior capacidade de multiplicação que o P. vivax 3. Dimensões: quanto maior o parasita, pior. Quanto maior o cisto hidático maior o prejuízo ao tecido. 4. Localização 5. Virulência: relacionado com a cepa. Ex: P. vivax é menos virulento que P. falciparum 6. Vitalidade: Enterobius vermicularis - 18 meses Taenia - 20 a 30 anos 7. Associações parasitárias: alguns parasitas por si só não causam danos, mas quando associados a outros parasitas são prejudiciais. Ex: Entamoeba hystolitica - tem sua ação facilitada pela dilaceração da parede do ID por outros microorganismos Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 5 FATORES INERENTES AO HOSPEDEIRO 1. Idade: quanto mais jovem, menor é a defesa 2. Imunidade: há Ac na segunda infecção 3. Alimentação: alotriofagia (falta de Fe - ancilostomíase) 4. Doenças intercorrentes: indivíduos com pneumonia podem ter o caso agravado quando adquirem parasitas pulmonares 5. Flora bacteriana associada 6. Medicamentos usados: cortisona (imunodepressor) 7. Usos e costumes: árabes têm alto consumo de carne crua, nordestinos andam descalço 8. Tensão emocional: diminui resposta imunológica AÇÃO DOS PARASITAS SOBRE O HOSPEDEIRO • ESPOLIATIVA: retira o alimento • TRAUMÁTICA: trauma no hospedeiro Ex: Taenia solium com gancho de espinhos se prende à mucosa intestinal. Outro ex. é a picada do inseto, o qual traumatiza, espolia e libera substâncias tóxicas • OBSTRUTIVA • COMPRESSIVA • TÓXICA: secreções e excreções dos parasitas • IRRITATIVA: presença do parasita no organismo do hospedeiro • ANÓXICA: ocasionada por parasitas que consomem oxigênio REAÇÕES DO HOSPEDEIRO PARASITADO • CELULARES: No local onde se encontra o parasita. É desencadeada por macrófagos. Ocorre atrofia ou hipertrofia do tecido lesado, aumentando ou diminuindo o número de células para regeneração. • HUMORAIS: É geral. Há produção de Ac em decorrência das toxinas produzidas pelo parasita. Servem para imunização na reinfecção e provas imunológicas PERÍODOS CLÍNICOS E PARASITÁRIOS PERÍODOS PARASITÁRIOS 1. Pré - patente 2. Patente (pode haver diagnóstico) 3. Sub-patente (não há comprovação diagnóstica) PERÍODOS CLÍNICOS 1. Incubação 2. Sintomático 3. Latente (não há comprovação diagnóstica) 4. Recaídas (diminui a resistência imunológica, voltam os parasitos) 5. Convalescença Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 6 Schistosoma mansoni Morfologia Macho: mede 1 cm de comprimento, é branco e sua cutícula está recoberta de espinhos. Apresenta ventosa oral e ventral. Enrolado sobre si mesmo, forma um canal ginecóforo, onde abriga uma ou mais fêmeas para fecunda-las e levá-las até o local da postura. Não possui órgão copulador. Fêmea: mede 1,5 cm de comprimento. É cilíndrica, branca e tem a superfície do corpo lisa. Apresenta ventosa oral e acetábulo. Ovos: são constituídos por 2 membranas: âmnio (interna) e cório (externa). Medem cerca de 150 mm de comprimento por 60 de largura. Apresenta um espículo lateral. Miracídeo: larva ciliada com as mesmas dimensões do ovo. Esporocisto: saco cheio de células germinativas que darão origem aos esporocistos filhos e as cercárias. Cercárias: larva com cauda bifurcada na extremidade. Apresenta ventosa oral e ventral e espinhos na superfície do corpo. Mede 500 mm de comprimento. Hospedeiros Intermediários São moluscos encontrados em água doce parada ou com pouca correnteza, principalmente em águas rasas. Apresentam uma concha espiral. A superfície dos giros da concha podem ser arredondados ou apresentar uma saliência em toda sua extensão chamada carena. A concha varia de 10 a 40 mm de diâmetro, dependendo da espécie. Espécies de importância no Brasil: Biomphalaria glabrata, Bionphalaria staminea e Bionphalaria tenagophila. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 7 Ciclo O ciclo é do tipo heteroxênico. O ovo do S. mansoni (1) mede 150 micrômetros e é eliminado nas fezes do homem, sendo a forma diagnóstica de esquistossomose encontrada no Exame Parasitológico de Fezes. Eliminados e alcançando a água, os ovos eclodem originando miracídios (2), que medem 0,15 mm, e vãoparasitar o hospedeiro intermediário: um caramujo do gênero Biomphalaria (3). No caramujo, o miracídio se desenvolve, dando origem a cercárias (4). Um miracídio pode dar origem a 100.000 cercárias. Na água, as cercárias parasitam o homem, penetrando-lhe a pele (5). Depois da penetração, as cercárias passam a se chamar esquistossômulos. Esses ganham a circulação venosa, chegam ao pulmão, coração, artérias mesentéricas e sistema porta (7). A maturação sexual ocorre nesse local após cerca de 30 dias da penetração, originado machos e fêmeas de 1 a 1.5 cm de comprimento. Há reprodução e ovipostura (6). Os ovos, após passarem da submucosa para a luz intestinal, são eliminados nas fezes. O tempo entre a penetração cutânea e o aparecimento dos ovos nas fezes é de 3 a 4 semanas. Esquistossomose Patogenia fase inicial (forma aguda): Alterações cutâneas: exantema, prurido e manifestações alérgicas, seguido de infiltração celular de polimorfos nucleares. A reação mantém-se por 2 dias e depois regride. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 8 Alterações gerais: a)pulmão: obstrução embólica dos vasos por morte dos parasitos, seguida de reação inflamatória. b)fígado: processo de hepatite com esplenomegalia, esplenite infecciosa aguda e eosinofilia. c)intestino: ulcerações necróticas e hemorrágicas na mucosa e enterocolite aguda difusa. fase crônica: formação dos granulomas esquistossomáticos. Cada ovo que não consiga abandonar o organismo do hospedeiro, encontre-se ele na parede do intestino, do fígado ou em qualquer outro órgão, será imobilizado e envolvido por uma reação alérgica. Inicialmente, aparecem linfócitos, macrófagos e plasmócitos. Com a morte do miracídeo, acumulam-se neutrófilos e eosinófilos. Os macrófagos, com citoplasma abundante ficam em contato imediato com o parasito, e justapondo-se lembram células epiteliais. Da fusão desses macrófagos, podem resultar massas sinciciais polinucleadas (gigantócitos) que fazem a digestão lenta dos restos parasitários. Neste conjunto reacional formado por quase exclusivamente por células, começa, a depositar-se fibras reticulares que se dispõem circularmente na periferia do tubérculo. Os macrófagos transformam-se em fibroblastos que também se orientam em camadas concêntricas em toda espessura do granuloma. Na medida em que aumenta os fibroblastos, as células inflamatórias vão desaparecendo e o granuloma apresenta-se como cicatriz fibrosa de estrutura lamelar. fibrose periportal: muitos ovos são arrastados pela corrente sanguínea e ficam retidos nos capilares dos espaços porta do fígado. Aí os granulomas se acumulam, levando ao desenvolvimento de um verdadeiro manguito fibroso. Esta disposição recebe o nome de fibrose periportal. Hepatosplenomegalia: hipertensão porta: aumento de volume do baço e do fígado. lesões cardiopulmonares. Sintomas Fase aguda: febre, mal estar, dores abdominais, cefaléia, dores pelo corpo, anorexia e algumas vezes tosse. As fezes são mucosanguinolentas. Fase crônica: Forma intestinal: perda de apetite, desconforto abdominal, diarréias e desenterias com presença de catarro e sangue nas fezes. Há também colicas intestinais, tenesmo retal, emagrecimento e astenia. Forma hepatoesplênica: má digestão, sensação de plenitude gástrica, dor abdominal vaga e difusa, azia, eructações, flatulência, desanimo, indisposição geral, inapetência, emagrecimento, irritabilidade e nervosismo. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 9 Alguns pacientes apresentam uma tumoração no abdôme. A anemia é agravada pelas hemorragias. Leucopenia e plaquetopenia. Forma cardiopulmonar: tosse seca ou com secreção viscosa com sangue, sinais de bronquite, broncopneumonia e crises asmáticas. Insuficiência circulatória, dispnéia, palpitações e tonturas. Nota-se êxtase nas veias jugulares, congestão hepática e pulmonar, edemas generalizados. Diagnóstico EPF (Exame parasitológico de fezes) Biópsia hepática e retal Punção hepática Testes imunológicos: reação de fixação de complemento, intradermorreação, reações de: imunofluorescência, precipitação, cercariana, periovular, floculação. Teste de Elisa. Tratamento Oxaminiquine Praziquantel Tartarato duplo de sódio e antimônio Gluconato de sódio e antimônio (Triostib) Dimercapto-succinato de sódio e antimônio (Astiban) Aminonitrotiazol (Ambilhar) Hycanthone Distribuição Geográfica África, Madagascar, península arábica, Israel, Pequenas Antilhas, Suriname, Venezuela, Porto Rico, Rep Dominicana. No Brasil: RN, PB, PE, AL, SE, BA, ES, MG. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 10 Fasciola hepática Morfologia Hermafrodita com aspecto de folha vegetal, medindo cerca de 3 cm de comprimento por 1,5 de largura. Cor pardo- acinzentada. Apresenta uma ventosa oral e outra ventral (acetábulo). Possui uma cutícula revestida de pequenos espinhos. Ovos: forma elíptica, medindo cerca de 150 mm de comprimento por 100 mm de largura. A membrana externa é delgada e na extremidade mais grossa encontra-se o opérculo. Patogenia No fígado: lesões precoces decorrentes da migração dos vermes através do parênquima hepático e lesões crônicas nas vias biliares. Quando os vermes se tornam maiores as lesões apresentam maior volume e os eosinófilos passam a ser abundantes. Há hipertrofia nos canais biliares. Presença de ulcerações ou completa destruição dos epitélios. Nas formas mais graves conduz à cirrose biliar com compressão e atrofia do parênquima adjacente, formações adenomatosas e insuficiência hepática. Ciclo Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 11 Os ovos (1) eliminados pelas fezes, liberam na água miracídios, que infectarão caramujos do gênero Lymnaea (hospedeiros intermediários); no interior do molusco, o miracídio (100 mm) transforma-se em esporocistos e, depois, em rédias. Essas produzirão as cercárias (200 mm) que serão liberadas na água.. As cercárias fixam-se à vegetação aquática das margens de rios e lagos e perdem a cauda, originando as metacercárias. O hospedeiro definitivo (ruminantes ou o homem) infecta-se ao ingerir as metacercárias presentes nessa vegetação e, eventualmente, livres na água. No intestino, ocorre desencistamento das metacercárias e liberação das larvas que migram até os canalículos biliares. Nesse local, evoluem até vermes adultos, com cerca de 3 cm de compriment o (2). Os ovos produzidos pelas fêmeas são eliminados pelo ducto colédoco e liberados no ambiente através das fezes. Sintomas fase aguda: dura de 3 a 4 meses. Dores abdominais, diarréias, febre, acompanhadas de aumento do fígado e leucocitose com eosinofilia elevada. fase crônica: dor abdominal no epigástrico ou hipocôndrio direito, com caráter de cólica; diarréias com poucas evacuações diárias ou constipação intestinal, anorexia , dispepsia e eosinofilia elevada. Pode ocorrer hepatomegalia, esplancnomegatia e urticárias. Tratamento Praziquantel - Cloridrato de emetina Profilaxia Horta cercada para evitar entrada de gado. Ferver água Taenia sp Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 12 Taenia solium Morfologia Hermafrodita, medindo de 2 a 3 m podendo atingir até 12 m. O escólex é globoso, tendo 4 ventosas e um rostro com dentes quitinosos. O colo é curto e o estróbilo apresenta aproximadamente 1000 anéis, possuindo proglotes jovens (largas), maduras (quadrangulares) e grávidas (longas com ramificações uterinas e terminações arborescentes. Ovos: medem de 30 a 40 mm de diâmetro. São esféricos e constituídos pelo embrióforo (membrana radiada) e pelo embrião hexacanto com 6 acúleos. Larvas: é denominada Cysticercus cellulosae. Mede de 2 a 3 mm de diâmetro. Apresenta-se como uma pequena vesícula branca, cheia de líquido nutritivo do tamanho de uma ervilha. Aderida à membrana está o receptaculum capitis, dentro do qual está o escólex armado com acúleos e o colo. Taenia saginata Morfologia O escólex é quadrangular com 4 ventosas e sem rostro. O estróbilo tem cerca de 2000 proglotes e os anéis grávidos se diferenciam dos da Taenia solium por apresentarem ramificações uterinas com terminações dicotômicas. Os ovos sãoidênticos e a larva apresenta um escólex desarmado. Ciclo Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 13 T.solium/saginata - Há eliminação de proglotes (1) nas fezes da pessoa contaminada, cada uma possuindo milhares de ovos (2). O hospedeiro intermediário (porco ou próprio homem) ingere os ovos e desenvolve o cisticerco (3) nos seus tecidos, principalmente o muscular. Depois, o homem pode ingerir carne contaminada e mal cozida, levando ao desenvolvimento da taenia adulta no intestino. O período pré-patente é de sessenta a setenta dias. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 14 Patogenia Não apresenta lesões características sendo freqüentemente assintomática apesar da sólida fixação à mucosa. Sintomas Perturbações gastrintestinais, principalmente diarréia e dor epigástrica com caráter de dor de fome. Perda de peso, leucocitose moderada, podendo ocorrer eosinofilia. Anorexia, Má digestão, náuseas, vômitos e manifestações nervosas e alérgicas. Diagnóstico EPF (Exame Parasitológico de Fezes) Método de Graham para pesquisa de ovos Pesquisa de proglotes grávidos por tamização das fezes. Para tanto, as proglotes devem ser transparecidas com solução de ácido acético, comprimidas entre duas lâminas de vidro e observadas contra a luz para identificar as ramificações uterinas. Testes imunológicos: hemaglutinação indireta e imunofluorescência indireta. Tratamento Clorosalicilamida (yomesan): provoca a morte e desintegração do parasita. Diclorofeno (teniacid): provoca a morte e desintegração do parasita. CISTICERCOSE É o resultado da presença de formas larvárias de cisticercos de Taenia solium parasitando tecidos do homem, devido a ingestão dos ovos de Taenia solium. A ocorrência maior é na África, Ásia e Américas. Grande número de casos também ocorrem no México, Guatemala, El Salvador, Peru, Chile e Brasil. Morfologia O cisticerco plenamente formado é uma vesícula arredondada ou ovóide e semi - transparente. Dentro dela nota-se uma pequena mancha leitosa (receptaculum capitis). Pode medir 15 mm de comprimento por 7 a 8 mm de largura. A forma depende da localização. No interior da larva há um líquido claro como água, semelhante ao líquido céfalo- raquidiano. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 15 Desenvolvimento do Cisticerco O ovo situado na intestino passa para os vasos sanguíneos, recebendo a denominação de oncosfera. Quando penetra nos tecidos, transforma-se em uma esfera de células parenquimatosas e posteriormente numa vesícula cheia de líquido que origina o receptaculum capitis, terminando por formar o cisticerco que é cercado por uma membrana adventícia. A camada mais externa é a membrana adventícia que apresenta células epitelióides, linfócitos polimorfos e macrófagos. A camada fibrosa é a média, enquanto a mais interna é a camada de calcificação ou granulosa. Neurocisticercose A invasão se dá por um ou muitos cisticercos. Normalmente o número inferior a dez. Eventualmente 2000. formas convulsivas: 50% dos casos. Aparecem em indivíduos adultos, até então sadios, sem antecedentes. As convulsões são frequentes podendo ser com perda de consciência temporária. Surgem paralisias e alterações de sensibilidade. Geralmente associadas a perturbações mentais. formas hipertensivas ou pseudotumorais: há hipertensão craniana com: cefaléia intensa e constante, vômitos do tipo cerebral, rigidez de nuca, edema de papila, bradicardia, distúrbios respiratórios, vertigens, sonolência, epilepsia. Podem ocorrer alterações psíquicas como: apatia, indiferença, diminuição da atenção, torpor, agitação. formas psíquicas: leva a perturbações mentais como a demência. Cisticercose Ocular Perturbações visuais, redução da visão e conjuntivites. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 16 Cisticercose Disseminada Nos músculos, tecido subcutâneo e coração. Há dores, fadiga, cãibras, palpitações e dispnéias. Transmissão Heteroinfecção: mais comum. autoinfecção externa e interna Ação Patogênica Compressão mecânica Processo inflamatório Ação tóxica ação irritativa Sintomatologia Vai depender da localização, do tamanho, do número, da fase evolutiva, da reação do hospedeiro ao ataque do cisticerco. Diagnóstico Diferencial: epilepsia, tumores, sífilis e psicopatias. Clínico: anamnese do paciente. Laboratorial: EPF e ELCR. Testes imunológicos: Elisa, imunofluorescência específico, imunoeletroforese, hemaglutinação, reações cruzadas, RFC de Weinberg. Raios X: para cisticercos calcificados. Anátomo-patológico. Tomografia computadorizada. Tratamento Cirúrgico Praziquantel Albendazol Corticosteróides Tratamento sintomático Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 17 Echinococcus granulosus Causa a equinococose e a hidatidose (bolha d'água ou bexiga d'água). Morfologia Hermafrodita, medindo de 0,4 a 0,8 cm de comprimento. O escólex apresenta rostro com 4 ventosas e 2 fileiras de acúleos. O colo é curto. O estróbilo tem de 3 a 4 proglotes, sendo uma jovem, uma ou duas maduras e uma grávida. Cada proglote apresenta de 500 a 800 ovos. Ovos: semelhantes aos de Taenia sp. Apresentam membrana externa radiada (embrióforo) e uma larva com 6 espinhos (oncosfera). Larvas: denominada hidátide ou cisto hidático. Mede cerca de 5 cm de diâmetro podendo chegar a 15 cm. É uma vesícula branca, esférica, tensa e elástica, sendo constituída por: • membrana cuticular anista: composição semelhante à albumina. Quimicamente é um muco polissacarídeo que contém glicosamina e galactose, além de proteínas, colesterol e ácidos graxos. • membrana germinativa ou prolígera: é rica em glicogênio e dela se originam os demais constituintes da larva. • cápsulas prolígeras: são pequenas saliências onde os núcleos se multiplicam e, pelo crescimento, diferencia-se em granulações macroscópicas, as quais se fixam por um pedúnculo. Com a vacuolização da granulação, formam-se as cápsulas prolígeras, dentro das quais, por brotamento, formam-se os escólex da hidátide em número de 2 a 60. Essas cápsulas medem cerca de 1 mm Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 18 de diâmetro. • escólex: apresenta um pedúnculo de fixação, rostro armado e 4 ventosas. Mede cerca de 150 mm. • líquido hidático: é semelhante ao plasma sanguíneo, tem pH de 6,7 a 7,9, sendo constituído por Na, K, Ca, Mg, Cl, P, Fe, Si, mucopolissacarídeos, colesterol e lecitina. É um líquido nutritivo formado por substâncias antigênicas que estimulam a produção de anticorpos. • membrana adventícia: é uma cápsula fibrosa reacional. • areia hidática: são cápsulas e escólex que se desprendem sedimentando na larva e formando a areia hidática. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 19 Ciclo O hospedeiro intermediário (ovelha) ou o acidental (homem) se contamina ao ingerir os ovos (1) liberados no ambiente pelo cão (hospedeiro definitivo, elimina nas fezes os proglotes contendo ovos). Os ovos se rompem no intestino e liberam a larva (2), que perfura a mucosa e atinge a circulação sangüínea, chegando ao fígado. Em 70% dos casos, forma um cisto nesse local, mas pode invadir o tecido pulmonar ou ainda outros órgãos. O ciclo no homem termina com a formação do cisto hidático (3) no fígado e/ou pulmão e não há eliminação de formas de contágio. A contaminação é sempre acidental, do cão para o homem. Hidatidose Patogenia Depende da localização, tamanho e quantidade dos cistos. • ação mecânica: lesões provocadas pela pressão exercida pelo cisto nos tecidos do hospedeiro. No fígado: compressão do sistema porta, formação de ascite e perturbação do fluxo biliar. Nos pulmões: dificuldade respiratória. Demais órgãos: própria de cada área lesada. • reação alérgica: saída de antígenos do cisto elevando os níveis de IgE no meio circunvizinho • rompimento dos cistos: liberação de grande quantidade de antígenos podendo causar choque anafilático. liberação de cápsulas prolígeras originando novos cistos que podem obstruir os bronquíolos e causar embolia. Sintomas Decorrentes da localização. No fígado (processos de hepatite); no pulmão (problemas respiratórios). No cérebro, a compressãodos tecidos pode levar à complicações mais graves. Os sintomas geralmente se manifestam tardiamente, devido ao lento crescimento do cisto (1cm /ano). Habitat HD (cães): verme adulto habita o intestino delgado Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 20 HI (ovinos, suínos e bovinos): cisto hidático geralmente habita o fígado ou pulmões O homem constitui um hospedeiro acidental. A larva (cisto hidático) habita o fígado ou os pulmões, podendo também estar presente no sistema nervoso. Diagnóstico No cão: EPF para pesquisa de ovos No homem: raios X imunoeletroforese exame microscópico tomografia ecografia intradermorreação de Casoni hemaglutinação indireta Elisa Tratamento cirúrgico praziquantel (para vermes adultos) albendazol (para larvas) Distribuição Geográfica Regiões pastoris -América do Sul: Uruguai, Argentina e Chile -RS: região da campanha Profilaxia melhoria nas condições de criação de ovinos controle dos matadouros (incineração de vísceras) não alimentar cães com vísceras cruas Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 21 Hymenolepis nana Morfologia Hermafrodita, medindo cerca de 2 a 4 cm de comprimento. O escólex é pequeno e globoso, com 4 ventosas e uma coroa com acúleos. O colo é longo. O estróbilo é formado por 200 proglotes (mais largas). Apresenta rostro retrátil. Ovos: são ovais ou arredondados, medindo entre 40 e 50 mm. São formados por duas membranas refringentes entre as quais há um espaço amplo. A membrana interna forma duas saliências em polos opostos, de onde saem filamentos polares . Dentro da casca interna está a oncosfera ou embrião hexacanto. Larvas: recebem o nome de cisticercóides, medindo cerca de 500 mm. Apresenta o protoescólex alojado em uma vesícula rudimentar com pequena cauda e líquido nutritivo. Hymenolepis diminuta Morfologia Hermafrodita e mede de 30 a 60 cm. O escólex apresenta 4 ventosas e não há acúleos Ovos: medem cerca de 70 mm, não apresentando filamentos polares. Larvas: denominadas cisticercóides, diferem das anteriores por apresentarem um protoescólex desarmado. Muito rara no homem, sendo um parasita próprio de ratos. Patogenia irritação ulcerações ação mecânica, fixação na mucosa intestinal podendo causar sangramentos. ação histolítica (lesões teciduais) Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 22 Ciclo Hymenolepis nana Possui ciclo mais comum do tipo monoxênico, mas pode ter como hospedeiros intermediários alguns insetos( pulgas ). Os ovos (1) são a forma infectante, sendo ingeridas pelo homem; é comum a transmissão de homem a homem e auto-infecção. No intestino (jejuno), as larvas invadem a mucosa e assumem a forma de larva cisticercóide; os adultos (2), que medem de 2 a 4 cm, passam a maturar sexualmente e a formar proglotes. Os proglotes, contendo ovos, são eliminados nas fezes. A infecção se dá por reinfecção externa (comum em crianças) ou interna (ovos não são eliminados e continuam infectantes). Hymenolepis diminuta Os ovos (1) se desenvolvem no intestino de artrópodes (principalmente pulgas); os artrópodes são ingeridos pelos ratos (e acidentalmente pelo homem). Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 23 Sintomas dores abdominais náuseas irritabilidade agitação durante o sono hiperinfecções epilepsia em casos extremos Diagnóstico EPF, para pesquisa de ovos Tratamento Praziquantel Mebendazol (em doses duplas) Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 24 Ascaris lumbricoides Morfologia coloração esbranquiçada rósea. Lábios globosos com papilas sensoriais cutícula lisa e brilhante extremidades afiladas estrias transversais. Macho: parte posterior recurvada e possui espículos copulares Ovos: membranas lipídica, quitinosa e protéica. Células germinativas no interior Forma infectante: Larva filarióide Habitat: ID Ciclo pulmonar: sim Patogenia perfuração da mucosa (fase de invasão larvária) pontos hemorrágicos e necrose hepática Pulmão: ação traumática Intestinal: ação irritativa, ação espoliativa, ação mecânica e ação tóxica Sintomas • Síndrome de Loeffer • Pulmão: quadro que simula pneumonia com espectoração e tosse • Dores abdominais, ranger de dentes, irritabilidade, coceira no nariz, despigmentação da pele, náuseas, vômitos, ataques epiléticos, anemia e hipovitaminose: pele descorada • Manchas no corpo com prurido, anorexia e cefaléia Ciclo Uma vez fecundadas, as fêmeas produzem ovos que são liberados com as fezes para o ambiente.No ambiente, ocorre a maturação das larvas no interior do ovo. O desenvolvimento da larva completa-se em até três semanas, quando o ovo passa a ser infectante para o homem. Segue-se, então, a ingestão dos ovos pelo hospedeiro. No interior do intestino, as larvas rompem os ovos e penetram na mucosa, seguindo dois caminhos: circulação sanguínea ou migração visceral, ambos até os pulmões. Nos pulmões provocam lesões Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 25 que podem causar manifestações respiratórias, além de febre e eosinofilia (Síndrome de Loefller); dos pulmões, as larvas desenvolvidas migram até a orofaringe para a deglutição. No trato gastrointestinal, localizam-se principalmente no jejuno, onde há acasalamento de adultos e ovipostura (2). O período pré-patente é de cinco a sete semanas. Diagnóstico EPF - Raios x -hemograma Tratamento mebendazol levamizol albendazol pirantel piperazina Profilaxia Saneamento básico Educação sanitária Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 26 Ancylostomatidae Morfologia Ancylostoma duodenale: cor branca em forma de C 2 pares de dentes cortantes macho: extremidade posterior com bolsa copuladora aberta fêmea: extremidade posterior em ponta grossa Necator americanus: cor parda em forma de S 1 par de placas cortantes macho: extremidade posterior com bolsa copuladora fechada fêmea: extremidade posterior em ponta delgada Ovos: casca (camada única e mais visível). Blastômeros no interior Forma infectante: Larva filarióide. Habitat: duodeno e jejuno (ID) Ciclo pulmonar: sim Patogenia período de invasão cutânea: lesões mínimas e imperceptíveis período migratório: S. de Loeffer período de parasitismo intestinal: lesões na mucosa intestinal, espoliações sanguíneas Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 27 Sintomas • Forma aguda: prurido na pele, eritema, erupção papulo-veniculosa • Manifestações respiratórias (ciclo pulmonar): tosse seca ou com expectoração, estertores pulmonares, S. de Loeffer, eosinofilia • Grande carga de parasitos: náuseas e vômitos, anorexia, mal estar, cólicas, diarréia, cansaço, perda de peso, anemia grave, dilatação cardíaca, insufuciência respiratória • Forma crônica: -indivíduos bem nutridos: sem sintomas característicos. - indivíduos subnutridos: anemia (palidez), cansaço, mucosas descoradas, fraqueza, tonturas, dores musculares, cefaléia, anorexia Ciclo Os ovos (1) são liberados no ambiente e tornam-se larvados. A larva rabditóide leva por volta de uma semana para tornar-se filarióide (2). Essa penetra a pele do homem e o contamina. A infecção ocorre preferencialmente em locais baixos, alagáveis e férteis. A larva atinge a circulação linfática ou vasos sangüíneos, passando pelos pulmões e retornando até a faringe para a deglutição (Ciclo de Looss). O local preferencial de instalação no intestino é no final do duodeno, mas ocasionalmente pode atingir o íleo ou ceco (em infecções maciças), onde se torna o verme adulto (3). O período pré-patente varia de cinco a sete semanas. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 28 Diagnóstico Pesquisa de ovos, larvas (método de Baermann) e vermes adultos nas fezes Pesquisa de sangue oculto nas fezes (hemograma: avaliar anemia ancilostomótica) Tratamento mebendazol pirantel tetracloroetileno Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 29 Strongyloides stercoralis Morfologia Larva filarióide: com esôfago e cauda septada Larva rabditóide: com bulbo esofagiano e aparelho urogenital primitivo maior Não há ovos, somente larvas Forma infectante: larva filarióide Habitat: ID Cic lo pulmonar: sim Possui um ciclo direto (assexuado) e um ciclo indireto(sexuado). As fêmeas são partenogenéticas. Patogenia • Penetração do parasito: lesões cutâneas (pontos eritematosos acompanhados de prurido) • Migração durante o ciclo pulmonar: lesões pulmonares (hemorragias, S. de Loeffer, eosinofilia) • Permanência na mucosa intestinal: lesões intestinais (ação mecânica, ação histolítica, ação irritativa, inflamação catarral e pontos hemorrágicos) Sintomas • edema local, prurido e urticárias (penetração cutânea) • pulmões: tosse, expectoração, mal estar (parece broncopneumonia) • intestinos: desconforto abdominal, diarréia, perda do apetite, úlcera com dor ritmada, náuseas e vômitos, leucocitose, eosinofilia • sintomas gerais: Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 30 desidratação, emagrecimento, anemia, astemia, irritabilidade, depressão Ciclo Os ovos são eliminados nas fezes da pessoa contaminada, mas a eclosão e liberação das larvas é muito rápida, podendo haver auto-infecção. As larvas liberadas são rabditóides (1), podendo tornar-se larvas filarióides (2) e fazer a penetração na mucosa intestinal, ainda no intestino do homem. Em seguida, iniciam o ciclo de Looss até o duodeno (ciclo direto por autoinfecção) onde a única forma adulta parasitária é a fêmea partenogenética. No entanto, as larvas rabditóides podem ser eliminadas com as fezes, transformarem-se em filarióides no ambiente e infectarem o homem por penetração cutânea e realizarem o ciclo de Looss (ciclo direto com infecção externa). As larvas rabditóides no ambiente também podem transformar-se em (3) machos ou fêmeas adultos de vida livre, realizando vários ciclos no solo até produzirem larvas filarióides de penetração cutânea (ciclo indireto). O período pré-patente é de quinze a vinte e cinco dias. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 31 Diagnóstico Método de Baermann (pesquisa de larvas nas fezes) Intradermorreação Testes imunológicos: Elisa, imunofluorescência indireta, radioimunoabsorção Tratamento mebendazol levamizol tiabendazol Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 32 Trichuris trichiura Morfologia Cilíndricos Coloração esbranquiçada rósea Parte anterior afilada (boca) (2/3 anteriores afilados) Ovos:membrana lipídica .Massa mucóide.Células germinativas no interior. Forma infectante: ovo embrionado Habitat: IG ceco Ciclo pulmonar: não Ciclo monoxênico Macho – 3cm com extremidade posterior recurvada ventralmente - espículo copulador Fêmea – 4cm com extremidade posterior retilínea Doença Ações patogênicas são de natureza irritativa sobre terminações nervosas na parede intestinal alterando a mobilidade e função do intestino grosso. Ações traumáticas agravam com infecções por bactérias formando úlceras e abscessos Ação espoliativa se reflete na queda acentuada de hemoglobina Patogenia Lesões traumáticas mínimas sem fenômenos inflamatórios importantes Autores induzidos a pensar: a) mecanismos irritativos sobre as terminações nervosas da parede intestinal que alteram a motilidade e função do intestino grosso. b) mecanismos de hipersensibilidade aos produtos metabólicos do helminto Ciclo Ocorre ingestão dos ovos infectantes (1), que são larvados. Eclodem no intestino e as larvas (2) se desenvolvem nas criptas cecais. Há acasalamento e liberação dos ovos (operculados). Eles ficam mergulhados na mucosa e podem causa reação inflamatória. O período pré-patente é de cinco a sete semanas. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 33 Sintomas Nervosismo, insônia, perda do apetite, dor abdominal, diarréia, emagrecimento, eosinofilia. Diagnóstico EPF Hemograma (se há anemia tricocefálica) Pesquisa direta do verme no prolapso retal Tratamento Pamoato de Oxantel Mebendazol Albendazol Profilaxia Educação sanitária Saneamento básico Tratamento de doentes Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 34 Enterobius vermicularis Morfologia Cor branca Asas cefálicas (expansões vesiculosas) Macho: espículo copulador Ovos: em forma de D com membranas lipídica, quitinosa e albuminosa. Larva pré-formada no interior Forma infectante: ovo Habitat: IG ceco Ciclo pulmonar: não Patogenia Intestino: ação mecânica, ação irritativa (vermes produzem pequenas erosões na mucosa), ação tóxica, ação espoliativa Sintomas Nervosismo, insônia Coceira anal, prurido anal (anus avermelhados, congestionados, recobertos de muco e às vezes sanguinolento) Hipersensibilidade, irritabilidade, eosinofilia Ciclo Após o acasalamento, o macho é eliminado com as fezes e a fêmea adulta (2) se dirige até o ânus para fazer a ovipostura, principalmente à noite. Com freqüência, não consegue retornar para a ampola retal, morrendo nesse local. Os ovos (1) maturam rapidamente na pele da região perianal ou no solo, apresentando larvas infectantes. Então, os ovos maduros devem ser ingeridos pelo hospedeiro para a continuidade do ciclo. Os ovos ingeridos eclodem no intestino delgado. As larvas migram pela mucosa intestinal até o ceco e intestino grosso, onde atingem a maturidade. O período pré-patente é de um a dois meses. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 35 Diagnóstico Método de Graham Exame direto da região anal Ocasionalmente encontrados ovos pelo EPF Tratamento Mebendazol Pirantel Piperazina Pamoato de pirvinio Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 36 Ancylostoma braziliensis Helminto nematódeo causador de ancilostomose animal e inflamação cutânea no homem (larva migrans); é próprio de felídeos e canídeos domésticos ou silvestres. Morfologia Apresenta cápsula bucal que se caracteriza por apresentar um par de dentes bem desenvolvidos. Os machos apresentam bolsa copuladora. O adulto mede de 5 a 10 milímetros de comprimento. Ciclo Ao chegarem no ambiente através das fezes, os ovos (1) tornam-se larvados e, após, liberam as larvas rabditóides. Uma vez no solo, a larva rabditóide leva por volta de uma semana para tornar-se filarióide (2) ou infectante. Essa penetra a pele dos animais e, acidentalmente a pele do homem. Nos animais, a infecção ocorre preferencialmente em locais baixos, alagáveis e férteis. Após penetrar a pele dos animais, a larva atinge a circulação linfática ou vasos sangüíneos, passando pelos pulmões e retornando até a faringe para a deglutição (Ciclo de Looss). O local preferencial de instalação no intestino é no final do duodeno, mas ocasionalmente pode atingir o íleo ou ceco (em infecções maciças), onde torna-se o verme adulto (3). O período pré-patente varia de cinco a sete semanas. Patogenia Nos animais podem provocar bronquite/alveolite, nos pulmões; no intestino a hisitiofagia e hematofagia provocam erosão da mucosa, levando a formação de úlceras intestinais, seguindo-se anemia microcítica hipocrômica e também hipoproteinemia. No homem, entretanto, a infecção fica limitada na maioria dos casos à inflamação da pele, chamada de "bicho-geográfico". Raramente ocorre alguma migração tecidual, não causando doença intestinal. Profilaxia O uso de calçados nos locais infestados, assim como o tratamento dos animais parasitados ou a proibição de sua circulação em locais públicos, como praças e praias, reduzem as chances de infecção do homem. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 37 Toxocara spp. Helminto nematódeo, causador da toxocaríase (larva migrans visceral). O nematódeo Toxocara canis vive no intestino delgado do cão e de canídeos selvagens. Morfologia O parasito adulto (2) mede de 4 a 18 cm, e é caracterizado pela presença de asa cefálica. Ciclo Os ovos embrionados (1), quando ingeridos pelo homem, liberam no intestino delgado as larvas, que invadem a mucosa e ganham a circulação, sendo levadas ao fígado, coração e depois pulmões; lesam, além desses órgãos, cérebro, olhos e linfonodos. Patogenia A lesão típica é o granuloma alérgico. A incubação dura de semanas a meses. Manifesta-se comumente em crianças por sintomas inespecíficos, podendo ocorrer febre, eosinofilia, leucocitose, manifestações pulmonares, cardíacas, hepatomegalia, lesões cerebrais, síndrome de Loeffler (tosse, febre, infiltrado pulmonar e eosinofilia). Diagnostico O diagnósticoé feito por dados laboratoriais e provas imunológicas (imunofluorescência, ELISA). Profilaxia A prevenção consiste em tratar os animais domésticos, dar destino adequado às fezes desses, cuidados com crianças em bancos de areia que podem conter fezes de animais domésticos. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 38 Wuchereria bancrofti É um nematódeo causador da filariose linfática. Morfologia O parasito adulto tem de dois a seis centímetros, enquanto as microfilárias possuem de 0,2 a 0,3 mm. Ciclo A fêmea do mosquito do gênero Culex (1) ingere a forma microfilária (2) durante a picada da pessoa infectada. As microfilárias, na cavidade geral do mosquito(sofrem mudas até larvas infectantes), dirigem-se para a probóscide, rasgando-a e penetrando a pele do hospedeiro por alguma abrasão. Atingem a circulação, permanecendo aí até a fase de L5, quando dirigem- se para os linfáticos e Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 39 começa a liberação de microfilárias, se houver acasalamento. Se não, a forma adulta provoca (3) obstrução linfática. O período pré-patente é de um ano. Patogenia Pode haver inflamação (linfangites e adenites), derramamento de linfa e hipersensibilidade. Há febre ao entardecer, com pico no início da madrugada. Edema de membros, com ou sem espessamento pronunciado da pele. A Elefantíase consiste na obstrução linfática pela presença dos vermes adultos (irreversível) após 10-15 anos de infecção. Profilaxia Medidas de prevenção contra as picadas do mosquito (mosquiteiros, inseticidas, higiene) e tratamento dos doentes são importantes no controle do aparecimento da doença Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 40 Leishmania braziliensis Causa a Leishmaniose tegumentar que também é chamada de Úlcera de bauru espundia ou Leishmaniose cutaneomucosa. Predominante nas regiões sudoeste e nordeste, pouco encontrada no RS. Morfologia formas amastigotas de 2 a 6 mm de comprimento formas promastigotas de 15 mm de comprimento Ciclo evolutivo: O inseto vetor, fêmea do mosquito do gênero Lutzomya, ao alimentar-se de sangue do mamífero parasitado (roedores silvestres) adquire formas amastigotas. O homem adquire Leishmaniose quando é picado por inseto que se infectou em roedores. No inseto, formas amastigotas => promastigotas => multiplica-se intensamente => glândulas salivares => inoculadas no hospedeiro. Estas formas promastigotas penetram no Sistema monoicítico fagocitário => diferenciam-se em amastigotas => multiplica-se intensamente => rompimento das células => fagocitadas novamente desenvolvendo o parasitismo e atingindo o habitat de eleição (pele e mucosas nasobucofaringeanas). Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 41 Patogenia e sintomas Depende da virulência da cepa, com várias espécies e subespécies com comportamentos diferentes, nas várias regiões da América latina, ocasionando doenças diferentes. O período de incubação é de 2 a 3 meses. No local da picada, surge um edema eritematoso pruriginoso. Essa forma inicial pode regredir espontaneamente ou tornar-se ulcerada, produzindo a lesão leisjmaniótica típica. Essa lesão caracteriza-se por possuir bordos elevados e indurecidos e fundo rebaixado com tecido em necrose. A lesão tem aspecto de cratera de lua, não é contagiosa e é indolor. Do ponto de inoculação, as amastigotas formam metastases: no nariz ocasionando destruição do septo nasal e das asas do nariz, incluindo destruição óssea. Por contiguidade, destruição do palato, de partes do lábio e disseminação para laringe e faringe. Os sintomas mais comuns são: Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 42 Dificuldade na fala Dificuldade na deglutição Emagrecimento Mutilação de partes do nariz Segregação A lesão, ocorre: Hiperplasia e hipertrofia do SMF Alterações circulatórias e vasculares Edema e infiltração celular Hipertrofia do epitélio que envolve a lesão Diagnóstico Pesquisa direta do parasito: Com raspagem na borda das úlceras Nos linfonodos infartados Em material das lesões das mucosas Cultura: para aumentar o número de parasitos facilitando o diagnóstico Biópsia e punção de gânglio infartado Reações imunológicas: intradermorreação de Montenegro, imunofluorescência, contra-imunoeletroforese e hemaglutinação. Transmissão Picada do mosquito fêmea do gênero Lutzomya Transfusão sanguínea Transferência congênita Acidentes de laboratório Tratamento Feito com antimoniais: Glucantime Anfotericina B Pentamidina Profilaxia uso de inseticidas proteção individual telagem construção de casas distantes de matas Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 43 Leishmania donovani Causa a Leishmaniose visceral. Também chamada de calazar, febre de dum-dum e esplenomegalia tropical. A morfologia e o ciclo evolutivo são idênticos aos da L. braziliensis. Ciclo evolutivo: Idêntico ao de Leishmania braziliensis. O inseto vetor é o Lutzomya longipalpis e os reservatórios são o cão, a raposa e o chacal. Após a inoculação, as formas amastigotas => circulação => metástases nas vísceras: especialmente fígado, baço e medula óssea (órgçãos hematopoiéticos). Patogenia e sintomas Produz lesão leishmaniótica típica igual a da leishmaniose tegumentar americana. As metastases de amastigotas atingem a medula óssea, baço, fígado e linfonodos. • aspectos clínicos: 1º sintoma uma febre baixa recorrente. à medida que os órgãos são acometidos, ocorrem alterações que se agravam com a evolução da doença. • alterações esplênicas: esplenomegalia, áreas de congestão e infarto esplênico podendo haver a rupura do órgão. • alterações simpáticas: hepatosplenomegalia, disproteinemia (albumina), icterícia, ascite e edema generalizado. • alterações na medula óssea: desregulação da sua função com diminuição da produção celular. Ocorrem alterações hematológicas como anemia, leucopenia, diminuição de plaquetas o que facilita a gênese de hemorragias. Em pacientes não tratados a doença progride e atinge níveis de mortalidade de 90%. A doença crônica é marcada por emagrecimento e fraqueza geral com aumento da suscetibilidade às infecções secundárias. A tendência a hemorragias e a falta de vitaminas leva à caquexia. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 44 período de incubação: 2 a 7 meses Diagnóstico clínico anamnese e observação dos sintomas Diagnóstico laboratorial Pesquisa direta do parasito: • punção da medula óssea, fígado e baço • cultura em meios especiais • inoculação em anima • no sangue e pele Métodos sorológicos: • reação de fixação do complemento (RFC), reação de formol-gel ou de Napier ou do aldeído, reação de Brahmacari • imunofluorescência indireta, contra-imunoeletroforese e ELISA Transmissão • picada do mosquito Lutzomya longipalpis • transfusão sanguínea • transferência congênita • acidentes de laboratório Tratamento feito com antimoniais glucantime anfotericina B pentamicina Profilaxia tratamento de todos os casos humanos eliminação de cães infectados combate ao vetor alimentação adequado educação sanitária vacinação (em fase de experimentação) Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 45 Trypanosoma cruzi É o agente etiológico da Doença de Chagas ou tripanossomiase americana. Ciclo evolutivo no hosp. vertebrado: ciclo silvestre envolvendo roedores. O triatoma infectado, ao alimentar-se de sangue, defeca ou urina e contamina o vertebrado com formas tripomastigotas metacíclicos => fagocitadas pelo SMF (macrófagos, por exemplo) => forma amastigota e iniciam intensa multiplicação até saturação e rompimento da célula => forma tripomastigota => circulação => tecidos e preferencialmente coração e aparelho digestivo => amastigotas => saturam novas células => produção de anticorpos pelo organismo diminuindo a parasitemia => latência com pequeno número de parasitos. Os tipos tripomastigotas se diferenciam em formas delgadas (na fase inicial, responsáveis pela virulência do parasito e pela invasão celular) e em formas largas (responsáveis pela transmissão do protozoário e pela continuidade do ciclo no hospedeiro invertebrado. Ciclo evolutivo no hospedeiroinvertebrado: o triatoma, sugando o sangue do mamífero contaminado, retira tripomastigotas que no seu tubo digestivo passam a epimastigotas, e, finalmente, tripomastigotas metacíclicos que são infectantes para o vertebrado. Morfologia Apresenta as formas: tripomastigotas: não se multiplica. Encontradas no sangue de HV, no líquido intersticial, no líquido cefalorraquidiano, no esperma, no leite e na linfa. epimastigotas: no intestino médio e posterior do triatoma. amastigotas: formas intracelulares de multiplicação no HV. Habitam fibras musculares esqueléticas, cardíacas e lisas, células do sistema monocítico fagocitário, SNC e SNPeriférico (células da glia e neurônio). Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 46 Patogenia O mecanismo patogênico é praticamente desconhecido. Existem 2 teorias: 1. de origem tóxica: com o rompimento dos ninhos de amastigotas nos tecidos, os flagelados são destruídos e liberam substâncias tóxicas ou neurolíticas que atuam sobre as células nervosas próximas; ocorre destruição dos neurônios (principalmente dos gânglios parassimpáticos. 2. hipersensibilidade: destruição das células não Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 47 parasitadas. Como consequência da destruição de células nervosas formam-se: -os megas (megaesôfago, megacolon,...): dilatação em órgãos cavitários. Devido à diminuição ou ausência de peristaltismo, ocorre acúmulo das fezes e consequente aumento do tamanho do órgão. -cardiopatia chagásica com cardio megali a devido ao comprometimento da inervação intrínseca do coração que é responsável pela regulação das contrações cardíacas. -alterações salivares Sintomas período de incubação: varia de 1 a 3 semanas. Depende da via de penetração, do inóculo, da estirpe do Trypanossoma cruzi e das condições do paciente. fase aguda: febre, astemia, cefaléia, dores pelo corpo, edema eritematoso pruriginoso no local da picada (chagoma de inoculação), falta de ar, cardiomegalia, miocardite, insuficiência circulatória, sinal de Romaña (edema bipalpebral unilateral com infartamento ganglionar satélite), leucopemia, dilatação do volume intestinal, dores abdominais e dificuldades digestivas. Em fetos e lactantes pode haver meningoencefalite. fase crônica: pode ocorrer logo após a fase aguda ou depois de vários anos. Ocorre uma diminuição do número de tripanossomas no sangue. -cardiopatia chagásica com: arritmias, vertigens, problemas circulatórios graves mas corrigiveis através de medicamentos ou cirurgia. -formação dos megas, restaurados através de cirurgia. O aumento do coração está ligado à desinervação parassimpática. Diagnóstico clínico anamnese e sintomatologia Diagnóstico laboratorial fase aguda: -pesquisa do parasito por exame de sangue (camada delgada), cultura, xenodiagnóstico, punção ou biópsia de gânglio infartado. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 48 -sorologia com reação de precipitação, imunofluorescência indireta e ELISA. forma crônica: -hemocultura, inoculação e xenodiagnóstico -sorologia com Reação de Fixação de Complemento (RFC) de Machado Guerreiro, imunofluorescência, hemaglutinação, ELISA, aglutinação do látex. -inoculação em animais de laboratório Transmissão -picada do barbeiro (triatoma) -transfusão de sangue -aleitamento materno -transferência congênita -relações sexuais (só comprovada em animais) Prognóstico 10% das pessoas podem ir a óbito em zonas endêmicas. A evolução da doença é lenta, sendo que o paciente não morre da doença de Chagas, mas sim com ela. Tratamento -nifutimox -benzomidazol -tratamento sintomático para solucionar as sequelas Profilaxia -eliminação por dedetização -melhores condições de habitação (casas de pau-a-pique) -proteção com telas nas portas e janelas -tratamento dos doentes -cuidados com o sangue utilizado nas transfusões Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 49 Plamodium Introdução A malária existente no Brasil é causada por 3 espécies do protozoário esporozoário do gênero Plasmodium. São eles: -Plasmodium vivax: agente da febre do tipo terçã benigna com acessos febris a cada 48 horas -Plasmodium malarie: agente da febre do tipo quartã com acessos febris a cada 72 horas. -Plasmodium falciparum: agente da febre do tipo terçã maligna com acessos febris a cada 36 ou 48 horas. Também chamada de impaludismo, febre palustre, febre intermitente, maleita e sizão. Causa febre, calafrios (tremedeira) e sudorese. É a maior endemia infecciosa do mundo. Atinge parasitos tropicais (amazônia) e ocorre em climas úmidos. Ciclo evolutivo -ciclo esquizogônico: assexuado (no homem) -ciclo esporogônico: sexuado (no inseto) OBS: os portadores de macro e microgametócitos são chamados de gametóforos. Esses indivíduos são os que possibilitam a transmissão da doença. É do tipo heteroxeno. No homem, que funciona como hospedeiro vertebrado intermediário, ocorre o ciclo esquizogônico, isto é, reprodução do parasito de forma assexuada chamada esquizogonia. No inseto Anopheles, Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 50 hospedeiro invertebrado definitivo, ocorre o ciclo sexuado, chamado esporogônico. O mosquito Anopheles fêmea, ao exercer a hematofagia no homem, introduz formas esporozoítos num capilar sangüíneo. Em meia hora, estas formas já se encontram no fígado, dentro dos hepatócitos e transformando-se em Trofozoítos ou Criptozoítos. Ali crescem e completam a esquizogonia com a formação de Merozoítos no hepatócito. Esta parte do ciclo é chamada pré- eritrocítica, por preceder o ciclo no sangue. Os merozoítos podem seguir dois caminhos: 1. Invadem novos hepatócitos, realizando novas esquizogonias; 2. Invadem eritrócitos e fazem esquizogonias sangüíneas. Na fase eritrocítica, o merozoíto adquire a forma de trofozoíto jovem, trofozoíto maduro, esquizonte e merozoítos dispostos em rosácea chamada Merócito. Essa multiplicação no sangue se processa em intervalos regulares para cada espécie: Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 51 Para o Plasmodium falciparum, é de 36 a 48 horas; para o Plasmodium vivax , é de 48 horas; para o Plasmodium malariae , é de 72 horas. Com o rompimento do merócito, os merozoítos invadem novas hemáceas e fazem novas esquizogonias. Alguns merozoítos , ainda na medula óssea ou nos capilares viscerais, se diferenciam em macro e microgametócito. Estes dirigem-se para o sangue circulante e o indivíduo que os apresenta é denominado gametóforo. O Anopheles, ao alimentar-se de sangue nestes indivíduos, retira as formas do parasito, só evoluindo os gametócitos. O macrogametócito amadurece e forma o gameta feminino. O microgametócito, por um processo chamado exoflagelação, forma vários gametas masculinos, chamados microgametas. O microgameta fecunda o macrogameta e forma-se o ovo (zigoto), que dirige-se para a parede do estômago do mosquito e constitui o oocineto. O mesmo encista-se na parede do estômago e passa a ser denominado oocisto. Dentro deste último formam-se os esporozoítos, que dirigem-se para as glândulas salivares do Anopheles e são a forma infectante para o homem. Este ciclo que se processa no mosquito é chamado esporogônico. Morfologia -esporozoíto: Tem forma alongada e núcleo central. (Forma infectante que o mosquito inocula no homem) -trofozoíto jovem: aspecto de anel de rubi. O aro corresponde ao citoplasma, a pedra ao núcleo (cromatina). -trofozoíto maduro: O citoplasma é irregular e vacuolizado. O núcleo não está dividido. -esquizonte: núcleo dividido em vários fragmentos -merócito: conjunto de merazoítos que se formaram em cada fragmento de núcleo, acompanhado de uma porção de citoplasma. Pela sua distribuição com aspecto de flor, também chama-se rosácea. -microgametócito: precursor do gameta masculino. Tem citoplasma mais claro e cromatina difusa. -macrogametócito: precursor do gameta feminino. Tem citoplasma mais escuro que o gametócito masculino e cromatina condensada num único ponto. -macrogameta -microgameta: fecunda o microgametócito e origina o ovo -ovo: forma esférica -oocineto -oocisto: é o ovo encistado na parede doestômago do mosquito e que dará origem aos esporozoítos Habitat -no hepatócito, durante o ciclo pré-eritrocítico -no interior das hemácias, no ciclo eritrocítico Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 52 Transmissão inoculação de esporozoítos pela picada da fêmea do gênero Anopheles -transmissão congênita (muito rara) -transfusões sanguíneas Patogenia -acesso ou paroxismo malárico: calafrio => calor => sudorese. Dura cerca de 3h -anemia: destruição de hemácias parasitadas e não parasitadas (pele amarela, apatia, cefaléia, vertigem) -pigmento hemozoína (desdobramento da hemoglobina) -multiplicação Plasmodium -diminuição da função hematopoiética da medula -hepato e esplenomegalia -órgãos exuridos -marginação eritrocitária O Plasmodium falciporum é a espécie que causa a febre mais grave, pois: -esquizogonais mais frequentes -deposição de antígeno/anticorpo no endotélio capilar provoca a marginação eritrocitária, podendo até haver obstrução do vaso sanguíneo. Sintomas -febre (calafrios, calor intenso e sudorese) -dores pelo corpo -anemia -fraqueza -pele amarelada -cefaléias Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 53 OBS: a febre corresponde às esquizogonias sanguíneas (estouro das hemácias) Espécie Período de incubação Intervalos febris P. vivax 14 dias 48h P. malariae 30 dias 72h P. falciparum: 12 dias 24 a 36h Recrudescência: recaida precoce, com retorno dos sintomas em creca de 1 a 2 meses depois de ter ocorrido a cura clínica. Ocorre na doença provocada pelo P. falciparum. Recaida: retorno dos sintomas até 40 anos depois da cura clínica. Provocada pelo P. vivax e P. malariae. Imunidade A forma evolutiva imunogênica é o merozoíto. Entretanto, cada espécie possui numerosas cepas. Devido a isso, uma pessoa pode se contaminar até 80 vezes com malária. O merozoíto estimula a produção de anticorpos no hospedeiro. A imunidade é efetiva, isto é, os anticorpos formados eliminam os parasitos. Diagnóstico -exame de sangue em gota espessa -esfragaços de sangue em camada delgada OBS: o sangue deve ser colhido no acesso febril, pois serão encontradas numerosas formas do parasito. Passado muito tempo do acesso de febre, o sistema imunológico já terá destruído a maioria dos plasmódios. Coloração Giensa -testes imunológicos: imunofluorescência indireta, hemaglutinação, ELISA e RFC. Tratamento -quinina: age sobre trofozoítos esquizogontes e merozoítos sanguíneos (cloroquina) -plasmoquinina: age sobre gametócitos e esquizontes hepáticos -pirimetamina: age sobre formas hepáticas -bigoamina: age sobre formas hepáticas -sulfometoxina: em associação, agindo sobre o P. falciparum. Profilaxia medicação profilática combate ao Anopheles vacinação (ainda em estudo) utilização de roupas compridas no entardecer permanecer em locais iluminados usar telas em janelas Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 54 Toxoplasma gondii O agente etiológico da toxoplasmose é o Toxoplasma gondii, um protozoário de distribuição geográfica mundial. Quase 40% da população tem sorologia positiva, podendo chegar a 60% em algumas regiões. A toxoplasmose pode ser congênita ou adquirida. Toxoplasmose congênita A infecção ocorre durante a gestação e é bastante grave, podendo ocorrer aborto ou crianças recem-nascidas com encefalite, icterícia, urticária, hepatomegalia, coriorretinite, hidrocefalia e microcefalia com alta taxa de mortalidade. Toxoplasmose adquirida A infecção ocorre após o nascimento ou na vida adulta e é de caráter benigno na maioria das vezes. Morfologia Principais formas: trofozoítos ou taquizoítos: Apresenta-se com forma grosseira de banana ou meia-lua. Uma das extremidades é mais afilada e a outra é mais arredondada. Medem cerca de 4 a 9 micrômetros de comprimento por 2 a 4 micrômetros de largura. O núcleo é quase central. Na extremidade mais afilada está o oonóide que tem função de penetração. bradizoítos ou cistozoítos: Mede cerca de 100 a 300 micrômetros de diâmetro. É esférico ou tem o contorno da célula parasitada. Apresenta uma membrana interna, própria do parasito e uma externa, produzida pela célula parasitada. Dentro do cisto existe um grande número de Bradizoítos ou Cistozoítos. oocistos: Tem forma oval. Mede de 10 a 12 micrômetros de diâmetro. Apresentam no seu interior 2 esporocistos e cada um com 4 esporozoítos. *Obs.: Toxoplasma significa corpo em forma de arco. Habitat taquizoítos: dentro das células, líquidos orgânicos, excreções e secreções, células do SMF, células hepáticas, pulmonares, nervosas, submucosas e musculares. bradizoítos: tecidos musculares esqueléticos, cardíacos, retina, tecido nervoso. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 55 oocistos: produzidos nas células intestinais de felídeos não imunes e eliminados com as fezes dos mesmos. Ciclo evolutivo fase assexuada nos tecidos de vários hospedeiros (inclusive gatos). fase sexuada no epitélio intestinal de gatos não imunes. FASE SEXUADA: No gato, que é o hospedeiro definitivo: inicia quando um gato ou outro felídeo ingere oocistos, cistos ou trofozoítos, que se desenvolverão no epitélio intestinal do gato. Por esquizogonia os esporozoítos ou trofozoítos darão origem a esquizontes e merozoítos. Estes últimos formam o macro e o microgameta, respectivamente. Unem-se os dois e surge o ovo ou zigoto que por processo complexo forma o oocisto. Rompe a célula parasitada e são Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 56 eliminados com as fezes do gato. No meio externo, o oocisto amadurece e forma 2 esporocistos com 4 esporozoítos. FASE ASSEXUADA: Ocorre num hospedeiro suscetível (homem, cão e aves). Este hospedeiro intermediário, ingerindo ou entrando em contato com trofozoítos, ficará infectado. Cada trofozoíto entrará numa célula e se reproduzirá intensamente, até o rompimento da mesma. Há liberação de trofozoítos e disseminação para outros tecidos através do sangue e linfa até que a imunidade apareça, diminuindo o número de parasitos e surgindo os cistos que caracterizam a fase crônica e permanecem em latência até a reagudização da doença. Transmissão ingestão de oocistos nos jardins, caixas de areia, latas de lixo; mecanicamente através de moscas, baratas, minhocas, etc. ingestão de cistos em carnes cruas ou mal cozidas de porco, carneiro, aves, coelho congênita Patogenia e sintomas Toxoplasmose congênita ou pre- natal: aborto, partos precoces ou nascimento de crianças com anomalias. 1º trimestre: aborto 2º trimestre: Síndrome ou Tétrade de Sabin coriorretinite: 90% dos casos calcificação cerebral: 69% dos casos perturbação neural: 60% dos casos micro e macrocefalia: 50% dos casos 3º trimestre: nasce normal, mas com sintomas de comprometimento ganglionar, hepatosplenomegalia, anemia, miocardite, problemas visuais. Toxoplasmose adquirida: casos benignos podendo ser assintomáticos. ganglionar: com febre e adenopatia cervical coriorretinite: mais frequente ocular: retinocaroidite com cegueira total ou parcial cutânea: exantemas populares cerebro-espinhal generalizada Em pacientes imunodeficientes Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 57 ocorre encefalite toxoplásmica. Diagnóstico laboratorial Demonstração do parasito: -exsudatos, líquor, leite -sangue, biópsia, inoculação Sorologia: -Sabin-Feldmann -RFC -reação intradérmica - toxoplásmica -imunofluorescência indireta (positiva em 8 a 10 dias de infecção) Títulos: 1:1000 - taxa aguda 1:10 a 1:50 - taxa infecciosa crônica até 1:16000 - aguda hemaglutinação Alto título => doença -taxa congênita: pesquisa de IgM no soro do recém-nascido. -taxa adulto: fazer algumas reações em intervalos de 2 ou 3 semanas para verificar se há elevação do título. -taxa ocular: imunoglobulina humor aquoso X imunoglobulina soro -taxa indivíduos imunodeprimidos: sorologia X tomografia computadorizada Tratamento Pirimetamina + Sulfadoxina ou sulfadiazina em associação com ácido fólico ou levedo de cerveja para melhor absorção. Taxa ocular: -anti-inflamatório + anti-parasitário -cloridrato de clindamicina + sulfa + meticortem (corticóide)Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 58 Entamoeba histolytica Morfologia Trofozoíto: mede cerca de 20 mm de diâmetro. Tem forma irregular. O citoplasma é dividido em ectoplasma (mais hialino) e endoplasma (mais granuloso com as organelas e o núcleo). Apresenta pseudópodes. O núcleo apresenta cromatina fina e delicada, aderida à membrana nuclear. O cariossoma é pequeno e central. Encontrado em fezes diarréicas. Cisto: forma esférica e mede 12 mm de diâmetro. Apresenta membrana dupla. O cisto jovem apresenta um núclei e um vacúolo de glicogênio. O cisto maduro tem de 1 a 4 núcleos e corpos cromatóides em forma de bastão. O cariossoma é central. Patogenia Intestino: destruição dos tecidos e perfuração da mucosa com isquemia local, embaraço circulatório e necrose. Ulceração (lesão em forma de botão de camisa). Fígado: forma ulcerações maiores sem bordas nítidas e cheias de material mucóide, restos de células, hemácias e amebas. Hepatosplenomegalia . Abcessos amebianos de coloração avermelhada: líquido com hepatócitos, leucócitos e trofozoítos podendo ocorrer infecção bacteriana secundária nesse abcesso. Pulmão: abcesso amebiano Ciclo Os cistos maduros (1), que medem de 10 a 15 mm, são ingeridos pelo homem via água ou alimentos contaminados; no Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 59 intestino do homem ocorre liberação de trofozoítos (2) que medem de 20 a 40 mm, e desenvolve-se no intestino grosso: nessa fase alguns trofozoítos podem tornar-se patogênicos, invadindo a mucosa e nutrindo-se de células mucosas e hemácias. Podem cair na corrente sanguínea e atingir outros órgãos. Os que permanecem no intestino sofrem encistamento e são, então, eliminados nas fezes (3). O período entre a ingestão e o desenvolvimento de sintomas é de 7 dias em indivíduos suceptíveis e de 3 a 6 meses em indivíd uos não suceptíveis. Sintomas Intestino: na fase crônica há revesamento entre constipações e diarréias. Na fase aguda há crises de diarréia aguda com fezes mucosanguínolentas, dores abdominais, mal estar, vômitos e emagrecimento. Fígado: dores, febres e dificuldade na circulação sanguínea. Pulmão: dificuldades respiratórias Diagnóstico -pesquisa de trofozoítos em fezes líquidas -pesquisa de cistos em fezes formadas -punção hepática para pesquisa de trofozoítos -testes imunológicos: hemaglutinação indireta, Elisa, imunofluorescência indireta, RFC , aglutinação do látex, contraimunoeletroforese, imunodifusão dupla em gel agar. Tratamento -Mebendazol -Orbidazol -Timidazol Prevenção -saneamento básico -identificação de portadores sãos A amebíase é uma doença de clima tropical. Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 60 Giardia lamblia Morfologia Trofozoíto: mede de 10 a 20 mm de comprimento por 5 a 15 mm de largura. Tem forma de pêra, convexo dorsalmente e côncavo ventralmente. Na superfície ventral há os discos suctórios em forma de ventosa. Os núcleos são ovóides e apresentam um grande cariossoma. Percorrendo o trofozoíto de cima para baixo, notam-se duas fibrilas chamadas axonemas. Possui 8 flagelos distribuidos aos pares: um anterior, um mediano, um ventral e um posterior. No meio do corpo existem os corpos parabasais que são fibrilas que cruzam os axonemas. Cisto: mede de 8 a 14 mm de comprimento por 6 a 10 mm de largura. Tem forma oval e possui de 2 a 4 núcleos. Invaginados nesse cisto estão os flagelos, axonemas e corpos parabasais. Ciclo Os cistos de Giardia (1), de 12 mm, são ingeridos pelo homem via água ou alimentos contaminados ; a ação das enzimas digestivas provoca o desencistamento, dando origem a trofozoítos (2), de 10 a 20 mm, que podem ficar livres na luz intestinal ou se fixarem na parede duodenal. Multiplicam-se no duodeno e jejuno; no ceco, formam-se novamente os cistos, que são eliminados nas fezes. O tempo entre a ingestão Parasitologia Prof. Jose de Paula Silva 61 dos cistos e o aparecimento dos sintomas de giardose é de uma a três semanas. Patogenia Ação mecânica: os trofozoítos se prendem na mucosa duodenal pelos dentes suctórios formando uma espécie de tapete. Daí absorvem as vitaminas A D E K e as gorduras. Sintomas -dores abdominais -irritabilidade -anorexia, emagrecimento -náuseas, azia -esteatorréia (eliminação de gorduras nas fezes) -dificuldades visuais devido à carência de vitamina A Diagnóstico -pesquisa de trofozoítos em fezes diarréicas e de cistos em fezes formadas através do método da hematoxilina férrica como coloração. -tubagem duodenal e posterior centrifugação e examinação do sedimento período negativo: é o período que não há formação de cistos e dura aproximadamente uma semana. Tratamento -Metronidazol -Ornidazol -Nimorazol -Flagil -Tinidazol Profilaxia -saneamento básico -lavagem de frutas e verduras
Compartilhar