Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Formação e ocupação do Nordeste Um breve contexto histórico A partir do período colonial (1530) e da ameaça mais efetiva de nações como França e Inglaterra, Portugal resolveu iniciar o processo de colonização mais sistemática. Dividiu o território em Capitanias Hereditárias e enviou as primeiras expedições para iniciar a colonização e experimentar o plantio de cana de açúcar. Duas Capitanias apresentaram desenvolvimento – Pernambuco e São Vicente – as duas apresentaram cultivo de cana de açúcar. Um dos motivos que levou ao fracasso das Capitanias foi a ausência de um órgão que centralizasse a ação colonizadora e desse suporte as nobres donatários. A partir daí, a Coroa estabeleceu o Governo Geral, com sede na Capitania da Bahia. O objetivo de ter situado a sede do Governo Geral na Bahia tinha a ver com a proximidade do litoral nordestino com a Europa e com a África. Com a ocupação mais sistemática, a cana de açúcar se tornou um produto de extrema importante para a economia da colônia. Com a demanda para abastecer o mercado externo e as críticas feitas pela Companhia de Jesus, aos poucos a mão de obra indígena foi alterada para a força de trabalho escrava africana. Até o período de União Ibérica (1580-1640), a parte mais explorada do Brasil era a região Nordeste, sobretudo, o litoral. Mas, com a guerra entre Portugueses, Espanhóis e Holandeses, e, pela guerra da ocupação das zonas produtoras de açúcar e as zonas de suprimento de escravos, outras atividades surgiram. É nesse período também que Pernambuco é invadido por holandeses, objetivando o controle dessa importante área. O Maranhão também foi ocupado por franceses. No século XVII, a ocupação foi sendo empurrada para o interior, além disso, com a União Ibérica, a ocupação foi ultrapassando os limites do Tratado de Tordesilhas. Para explorar esse território e obter produtos, foram criadas as Bandeiras. Essas expedições tinham como objetivo apresar índios, devido à falta de escravos, encontrar drogas do sertão e encontrar ouro. Além de produtor de açúcar e ainda ter exploração de pau-brasil, o Nordeste também contava com a produção de algodão (Pernambuco e Maranhão), cacau (Bahia) e pecuária. Segundo Antônio Carlos Robert Moraes, “vale lembrar que a produção de açúcar, além das plantações e dos engenhos, animava uma série de atividades complementares (...) cabe lembrar que se inicia, no período enfocado, a expansão da pecuária nas terras mais secas do interior nordestino” (MORAES, 2000, p. 311). Com o fim da União Ibérica e a reconquista de Pernambuco, o Brasil já ocupava um território muito além de Tordesilhas . Além disso, após o fim da União Ibérica, uma outra atividade tem1 início: a exploração do ouro. A partir dela, vemos a situação econômica do Nordeste declinar. A partir das descobertas significativas de ouro em Minas Gerais, observamos a mudança da capital da colônia para o Rio de Janeiro. Com a perda da capital e a decadência do açúcar, Salvador e o Nordeste sofreram a mudança do eixo econômico-administrativo e enfrentaram a desigualdade regional. Com a mudança da capital, pode-se observar sucessivas revoltas e levantes, muitos marcados pelas condições de miséria e com participações variadas, como é o exemplo da Conjuração dos Alfaiates (Bahia, 1798), a Revolução Pernambucana de 1817, a Confederação do Equador (Pernambuco, 1824), a Revolta dos Malês (Bahia, 1835), A Sabinada (Bahia, 1837), a Balaiada (Maranhão, 1838), a Guerra dos Cabanos (Pernambuco, 1832), a Revolução Praieira (Pernambuco, 1848), entre outras. Segundo Bertha K. Becker e Cláudio A. G. Egler: A crise política que se prolongou da Independência (1822) até o esmagamento da última revolta provincial em Pernambuco (1848) deve ser vista como um movimento de resistência das economias provinciais à dominação de Sudeste cafeeiro, favorecida pelo centralismo monárquico (Albuquerque, 1981). A emergência do interesse regional nas demais províncias fora da área cafeeira ficou submetida, em grande parte, ao comerciante português, formalmente dependente de estruturas herdadas diretamente do antigo sistema colonial. (BECKER, Bertha K.; EGLER, Cláudio A. G., 2003, p. 103). Com a Vinda da Família Real (1808) e, consequentemente, o aumento de impostos e privilégios dados a portugueses, a desigualdade regional aumentou. Com a produção de café, Sobretudo na região Sudeste, a desigualdade se intensificou. 1 Portugal e Espanha resolveram a questão dos limites no Tratado de Badajós, em 1801. Em 1850, com o fim do tráfico negreiro, através da Lei Eusébio de Queirós, é criada a Lei de Terras. Ela estabelece que a terra não pode ser doada, e deve ser vendida a um preço alto, afastando negros alforriados, posseiros e possíveis imigrantes. Com isso, temos a concentração de terras nas mãos das famílias mais ricas. A partir a concentração fundiária, temos o Nordeste marcado pela cerca, pela seca, por movimentos de rebeldia, como Canudos, o Cangaço, mas, sobretudo, temos o discurso do regionalismo. O Nordeste é visto por Roberto Lobato Corrêa como a “região das perdas” (1989, p. 12). Segundo o autor, o Nordeste apresenta um “peso declinante na economia agropecuária do país” (CORRÊA, 1989, p. 12), além disso, o Nordeste é a região que apresenta uma “expulsão demográfica”, ou seja, êxodo rural, sendo atraída e dependente do Centro-Sul. Outros problemas são apontados pelo autor, como os baixos índices de desenvolvimento humano (IDH), o menor acúmulo de obras feitas pelo homem. Para concluir, o autor destaca a questão do regionalismo e a relação de poder das elites locais nordestinas. Segundo Corrêa: A fragmentação político-administrativa aliada à força política e à aparente união dos grupos dominantes tradicionais e emergentes, tornam possível a venda da imagem do subdesenvolvimento regional, visando obter recursos públicos que, se não resolvem os problemas da região, contribuem para manter os grupos dominantes no poder. (CORRÊA, 1989, p. 14). A Região Nordeste é economicamente subdesenvolvida e esse baixo índice de desenvolvimento deriva, em grande parte, de problemas econômico-sociais, agravados pelas adversidades do meio natural, principalmente no sertão, de clima semi-árido. E, o mais grave problema de todos é a seca. Mas, quando falamos em seca, não devemos vincular apenas aos fenômenos naturais a responsabilidade pela fome, pelas perdas na pecuária, agricultura, etc., e, sim a falta de uma política que realmente resolva esse problema histórico, tais como: agricultura atrasada e pouco diversificada, grandes latifúndios, concentração de renda e uma indústria pouco diversificada e de baixa produtividade; além do fenômeno natural de secas constantes. As distintas características entre o nordeste e outras regiões do país, além de acentuar as http://pt.wikipedia.org/wiki/Agricultura http://pt.wikipedia.org/wiki/Latif%C3%BAndio http://pt.wikipedia.org/wiki/Concentra%C3%A7%C3%A3o_de_renda http://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria http://pt.wikipedia.org/wiki/Seca desigualdades regionais, formaram um cenário propício à migração nordestina, em especial às áreas urbanas. No entanto, apesar de vir apresentando grande melhora nos últimos anos no que tange à qualidade de vida de sua população, tem ainda os mais baixos indicadores sócio-econômicos do país, tais como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Os baixos indicadores são mais graves nas áreas rurais e no sertão nordestino, que sofre longos períodos sem chuva; no entanto, seus indicadores são melhores que os de países como África do Sul, Bolívia e Guiana. O Nordeste brasileiro vive o contexto da seca e suas consequências há muito tempo, mais precisamente desde o século XIX durante o império, surgiram as primeiras ideias de combate à seca, como no ano de 1831, quando o governo imperial adotou providências para combater a seca, como por exemplo a decisão da regência trina, que autorizava abertura de poços artesianos profundos. No ano de 1847, surgea primeira ideia relativa à uma transposição do rio São Francisco, projeto de autoria do engenheiro Marcos de Macedo, como um meio de combate aos problemas gerados pela seca, porém não obteve apoio. As políticas governamentais influenciadas por interesses de certos setores da sociedade, que submetem grupos desprovidos de poder econômico aos seus interesses comerciais e políticos, ou seja, durante séculos promoveram o impedimento de diversas ações de combate à miséria do sertanejo; A isso se dá o conhecido nome de “indústria da seca”. O termo indústria da seca é utilizado para designar a estratégia de alguns políticos que aproveitam a tragédia da seca para obter vantagens próprias. Os problemas sociais do sertão são bastante conhecidos por todos, mas nem todos sabem que não precisava ser assim. A seca em si, não é o problema. Países como EUA que cultivam áreas imensas e com sucesso em regiões como a Califórnia, onde chove sete vezes menos do que no chamado polígono da seca, e Israel, que consegue manter um nível razoável de vida em uma área desértica (Negev), são provas disso. Os “industriais da seca” se aproveitam da situação calamitosa para conseguir e desviar verbas, incentivos fiscais, concessões de crédito e perdão de dívidas aproveitando-se da miséria da população. Enquanto isso, o pouco dos recursos que realmente são empregados na construção de açudes e projetos de irrigação, torna-se inútil quando estes são construídos em propriedades privadas de grandes latifundiários que os usam para fortalecer seus poderes políticos. Um bom exemplo de empreendimento da indústria da seca é o açude do cedro, em Quixadá. Vale ressaltar também http://pt.wikipedia.org/wiki/Migra%C3%A7%C3%A3o_nordestina http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_Desenvolvimento_Humano http://pt.wikipedia.org/wiki/Zona_rural http://pt.wikipedia.org/wiki/Chuva http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_do_Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81frica_do_Sul http://pt.wikipedia.org/wiki/Bol%C3%ADvia http://pt.wikipedia.org/wiki/Guiana que os investimentos na região chegam, porém as elites locais e os próprios industriais da seca o desviam, fazendo com que não tenha ou “sobre” recursos. Assim chegamos a mais uma história: a transposição do rio São Francisco, um dos principais pontos de discussão dos últimos governos, uma questão que como tudo que visa minorar os problemas dos menos favorecidos, causa muita polêmica. De um lado estão os que defendem a legitimidade da obra para acabar com os problemas causados pelas estiagens. E, de outro os “industriais da seca”, que tentam obstruir o projeto à todo custo, pois veem ameaçados os seus interesses políticos. Entre o final do século XIX e todo o século XX, existiram alguns momentos em que a transposição do rio São Francisco foi colocada em debate. Entre 1982 e 1985, e entre 1993 e 1994, predominou somente a questão política eleitoral. Sendo criticado pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco - CHESF, por não terem fundamentação e consistência, pois previam uma retirada absurda de 300 a 500m³/s e serviam como parte de campanhas eleitorais, não tendo qualquer compromisso com os problemas sociais daquelas pessoas que vivem em extremo estado de pobreza naquela região. Não há nenhum interesse por parte dos governantes em resolver essa situação, no entanto, se houvesse vontade política seria de fácil resolução. Também não é com os minúsculos auxílios disponibilizados pelos governos federal e estadual que vai se obter uma solução para estes problemas. A única ação eficiente por parte dos governos para resolver este problema social do povo sertanejo é ofertando-lhes àquilo que é a base da sobrevivência desse povo tão sofrido ao longo da história: água. Como podemos ver nos versos de “Vozes da seca” de Luiz Gonzaga e Zé Dantas: “Seu doutor os nordestinos tem muita gratidão/Pelo auxílio dos sulistas/na seca do sertão/Mas, doutor, uma esmola, a um homem que é são/Ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”. (Rio de Janeiro: Gravadora desconhecida: 1953: 2’08”) Das muitas manifestações de regionalismo existentes no Estado brasileiro, a que mais pode-se perceber dentro e fora dos ‘limites’ do mesmo é a manifestação da Região Nordeste começada por membros das elites locais, bem como pela aristocracia nordestina, por consequência das perdas sucessivas de importância como centro de produção e circulação de capital, desde os tempos da transferência da capital para o Rio de Janeiro até o processo de industrialização do Sudeste, mais recentemente. Sabendo que a maior parte de sua população, especificamente as camadas mais baixas, atribui(a) os problemas da Região à seca e detendo todo o poder de influência, vimos e ainda vemos essa aristocracia apropriando-se de tal discurso em plurais pontos de vista: Socialmente, o regionalismo como atitude política não foi absorvida pela parte empobrecida. (Agra, 2009). “Do ponto de visa estratégico, caracterizou-se por reivindicar ajuda federal à região, sob a forma de obras públicas ou proteção para empresas e produtos.” (AGRA, 2009, s/p). Pode-se dizer que o Congresso Agrícola do Recife de 1878 foi o começo de todo o discurso regionalista, tendo em vista que um de seus desencadeamentos foi a reivindicação da ‘unidade nacional’ de modo que a região afetada por problemas naturais não perdesse sua influência nem seus privilégios, como corroborado por Amaral Jr. (2002): O Congresso Agrícola de 1878, ocorrido em Recife, é o evento a partir do qual os intelectuais, comerciantes, industriais, usineiros e políticos da região começam a erguer um conjunto de representações identitárias acerca do Nordeste, como estratégia de mobilização política e barganha junto ao poder central. (AMARAL JR., 2002, p. 170) Percebe-se, portanto, que todo o discurso de regionalismo que por fora passa pela falsa comoção em relação aos sertanejos que cíclica e secularmente sofrem com os problemas climatológicos da região, o esforço para adotar esse ‘direito à diferença’, a ‘legitimação do estranho’ nada mais é que o esforço de quem sempre deu as cartas naquele território antes rico, próspero e outrora de suma importância, isto é, do capital. De modo que a região pudesse Nordeste pudesse recuperar o atraso de séculos, a Sudene foi criada por Juscelino Kubitschek em 1959. Sendo uma autarquia, a Sudene seria um órgão autônomo cuja proposta era de ter um grande órgão de estudos, informação, planejamento, coordenação e controle do governo na Região a fim de promover bases de desenvolvimento para a região. Entretanto, em 1960 surgiu o primeiro conflito. Houve a percepção de que a superintendência poderia gerar o enriquecimento individual e ganho de prestígio político ao pôr no porte de grupos específicos as verbas para combate aos efeitos da seca, bem como o desenvolvimento da região. Atesta-se, ao ler acima, que havia o receio de que a criação da Sudene reforçasse o que havia de intenção real no regionalismo da região por parte de sua elite, e o fez, conforme disse Castro (1994) Confunde-se, hoje, o regionalismo da região nordeste com suas múltiplas manifestações culturais que muitas vezes afirmam o regionalismo como pertencimento, acolhimento de algumas características comuns à região, que por vezes são mencionadas em músicas, tais como “Asa Branca”, de Luiz Gonzaga: “Quando olhei a terra ardendo/Qual a fogueira de São João/Eu perguntei a Deus do céu/Porque tamanha judiação” (Rio de Janeiro: Sony Music Ent. Brasil LTDA: 2012: 3’27”), Súplica Cearense, de Gordurinha e Nelinho e regravada mais reconhecidamente pel’O Rappa: “Pedi pra chover/Mas chover de mansinho/Pra ver se nascia uma planta no chão” (Rio de Janeiro, Warner Music Brasil LTDA: 2009: 6’02”), que claramente fazem menção à seca e o rapper RAPadura, que pede em “Norte/Nordeste me Veste”: “Nordestino agarra a cultura que te veste” (Fortaleza: 1/4 D'Engenho Produções: 2010: 4’45”). Mencionando a forte e característica cultura nordestina, muitasvezes pondo os festejos religiosos, à exemplo, como a maior expressão regionalista do Brasil, uma das maiores do mundo, como um blog especializado em escola atesta em É Tempo (2016): “Um ponto alto da nossa Festa foram as coreografias e cantorias juninas, que destacaram o regionalismo brasileiro.” A cultura Nordestina é uma das mais ricas e diversificadas do Brasil. Formada por uma mistura de etnias africanas, índios, portugueses, holandeses e espanhóis, os costumes e tradições muitas vezes variam de estado para estado. A riqueza cultural da região nordeste é visível para além de suas manifestações folclóricas e populares. Na literatura pode-se citar a literatura popular de cordel que remonta ao período colonial, que é usado em toda a região nordeste. Sua principal função social é de informar, e ao mesmo tempo que diverte os leitores, impressa em um folheto por meio da xilografados e que pode conter os mais variados temas, desde a ficção até o retrato da vida cotidiana do sertanejo. Por meio de danças, fogueiras, peças de teatros e manifestações diversas da imaginação e criatividade popular, a cultura nordestina é fortalecida e preservada com o passar dos anos. As danças folclóricas são diversas, a exemplo da nau-catarineta, do bumba-meu-boi, do xaxado, do coco-de-roda, da ciranda, das quadrilhas juninas e do pastoril. Todas elas são cultivadas pelos nordestinos durante todo o ano. Algumas, entretanto, ganham mais notoriedade nos períodos carnavalescos e durante as festas juninas dadas suas cores contrastantes, porém vivas, e com as claras diferenças do desenvolvimento em relação às demais regiões, fazendo-se presente e lembrada, nacionalmente, por diversos sentimentos regionais. Na Bahia temos o Axé o outras dança que provém dos negros africanos, praticada no “samba de roda”, denominada capoeira, com seus movimentos ágeis, que mexe o corpo todo, mistura de dança e de luta. O Candomblé é uma das mais fortes expressões culturais baianas. Esta religião faz parte da história, está no sangue do povo. É possível assistir à cerimônias religiosas tradicionais nos terreiros de candomblé, participando também das homenagens divinas aos santos como Iemanjá, Ogum ou Xangô. No Maranhão, o período junino é marcado por muitos sons, cores e sabores. É o tempo de celebrar todas as ricas manifestações culturais maranhenses, com destaque para o Bumba-Meu-Boi. O Piauí traz suas grandes festas de santos e padroeiros. A semana santa é umas das festas mais esperadas e comemorada nas principais cidades do estado, mas no mês de junho são realizados os folguedos, a principal festa da região dando destaque ao Bumba-meu-boi ou Dança-do-boi. Pernambuco também é conhecido pelos seus famosos Bonecos de Olinda. A tradição surgiu na Europa, no período da Idade Média, iniciando nas religiões pagãs, expressando os seus mitos, porém, ficaram muito tempo escondidos por medo da inquisição. Todos os anos vários bonequeiros, como são chamados, fazem a folia do carnaval, carregando um boneco que pode ter entre 12 a 50 quilos por quase duas horas de desfile. A culinária nordestina é variada, refletindo, quase sempre, as condições econômicas e produtivas das diversas paisagens geoeconômicas dessa região. Frutos do mar e peixes são bastante utilizados na culinária do litoral, enquanto, no sertão, predominam receitas que utilizam a carne e derivados do gado bovino, caprino e ovino. Ainda assim, há várias diferenças regionais, tanto na variedade de pratos quanto em sua forma de preparo, por exemplo, no Ceará, predomina o mugunzá enquanto, em Pernambuco, predomina o doce). Na Bahia os principais destaques são as comidas feitas com azeite de dendê e com camarão, como as moquecas, o vatapá, o acarajé e os bobós; porém não são menos apreciadas comidas acompanhadas de pirão como mocotó e rabada e doces como a cocada. No Maranhão, destacam-se o cuxá, o arroz de cuxá, o bobó, o peixe pedra e a torta de camarão, bem ao estilo maranhense. Também no Maranhão se destaca o refrigerante Guaraná Jesus que é patrimônio maranhense. Já o bolo-de-rolo é patrimônio imaterial de Pernambuco. Algumas comidas típicas da região são: o baião-de-dois, a carne-de-sol, o queijo de coalho, o vatapá, o acarajé, a panelada e a buchada, a canjica, o feijão e arroz de coco, o feijão verde e o sururu, assim como vários doces feitos de mamão, abóbora, laranja, etc. Algumas frutas regionais - não necessariamente nativas da região - são a ciriguela, o cajá, o buriti, a cajarana, o umbu, a macaúba, as frutas maranhenses juçara, bacuri, cupuaçu, buriti, murici e a pitomba, além de outras também comuns em outras regiões. Todas, sem exceção alguma, manifestações culturais são formas diferentes e acatadas nacionalmente da expressão do interior do povo, de cada grupo representando sua relação com o lugar onde vive. Seja esta expressão, uma vontade de realização, de manutenção ou mesmo de alteração de questões locais e de grupo. Referência bibliográficas ABIB, P. R. J. Revitalização de manifestações populares tradicionais brasileiras: ressignificação da noção de cultura. In: Anais do III Enecult – Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura. Salvador, 23 e 24 de maio de 2007. AGRA, L. A Historicidade do Regionalismo Nordestino no Contexto da Geografia Crítica. Disponível em: <https://bit.ly/2I74n6E> Acesso em 19 de junho de 2018. AMARAL JR, A. Relações perigosas: o imaginário freyriano no discurso governamental. Revista Tempo Social. São Paulo: volume 14, n. 2, 2002. Disponível em: <https://www.revistas.usp.br/ts/article/view/12388/14165>. Acesso em 18 de junho de 2018 ALBUQUERQUE JR, Durval Muniz. 1995. A invenção do Nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez. BECKER, B. K.; EGLER, C. A. G.; Brasil: uma nova potência regional na economia mundo. São Paulo: Bertrand Brasil, 2003. P. 89-122. CASTRO, E. I. Visibilidade da região e do regionalismo: a escala brasileira em questão. In: LAVINAS, Lena; CARLEIAL, Liana Maria da Frota. (orgs.) Integração, região e regionalismo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994. CORRÊA, R. L. A organização regional do espaço brasileiro. GEOSUL, N8, ANO IV, 2º SEM 1989. CRUZ, M. S. R, et al. Festas culturais: tradição, comidas e celebrações, 2008. Disponível em <http://www.uesc.br/icer/artigos/festasculturais_mercia.pdf>. Acesso em: 21 de junho 2018 GONZAGA, L. Asa Branca: Baião de Dois. Rio de Janeiro: Sony Music Ent. LTDA, 2012. Disponível em: <https://www.vagalume.com.br/luiz-gonzaga/asa-branca.html>. Acesso em 19 de junho de 2018 GONZAGA, L; DANTAS, Z. Vozes da Seca. Rio de Janeiro: Gravadora desconhecida 1953. Disponível em: <https://www.letras.mus.br/luiz-gonzaga/47103/>. Acesso em 18 de junho de 2018 GORDURINHA; NELINHO. Súplica Cearense. Cidade desconhecida, 1960 apud RAPPA, O. 7 Vezes. Rio de Janeiro: Warner Music Brasil LTDA, 2009. Disponível em <https://www.letras.mus.br/o-rappa/1333721/>. Acesso em 19 de junho de 2018 MORAES, Antônio Carlos Robert. Bases da Formação Territorial do Brasil: o território colonial brasileiro no ‘longo’ Século XVI. São Paulo: Hucitec, 200. Quarta Parte: Bases da formação territorial do Brasil. RAPADURA. Norte/Nordeste me Veste. Fita Embolada do Engenho. Fortaleza: 1/4 D'Engenho Produções, 2010. Disponível em <https://www.letras.mus.br/mc-rapadura/1640345/>. Acesso em 19 de junho de 2018 É TEMPO de festa junina!. Disponível em <http://www.escolamobile.com.br/e-tempo-de-festa-junina>. Acesso em 19 de junho de 2018
Compartilhar