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I. O surgimento das escolas de Serviço Social na América Latina II.I Chile - 1920 O contexto socioeconômico no Chile na época de 1920 era marcado fortemente pela exploração da força de trabalho assalariada, a industrialização, as companhias norte americanas de produção de cobre, a miséria, a migração de camponeses e o crescimento urbano caótico. A burguesia chilena se destaca como pioneira nas reivindicações populares e operárias levando à criação de legislações de previdência social, habitação, condições de trabalho, etc. “O movimento operário, que já se manifestara firmemente desde finais do século passado, conquistou um espaço proeminente na sociedade chilena. E sob o estímulo dos movimentos operários populares, notavelmente influenciados pelas ideias socialistas e anarco-sindicalistas, tem lugar uma mudança no sistema político, orientada à democratização do país e à elevação das condições de vida dos setores que lutam por um campo de ação para o seu desenvolvimento autônomo e pela institucionalização de suas demandas.” (CASTRO, 2000, p. 68). Diante dos posicionamentos da classe operária, ocorre a profissionalização do Serviço Social, primeiramente a escola Alejandro Del Rio, fundada em 1925 em Santiago do Chile. A escola, fundada por um médico, tinha como objetivo otimizar o atendimento na área da saúde, e era influenciada pelo Serviço Social belga, francês, alemão e mais tarde, norte americano. Entretanto, a Igreja ainda era grande parte do trabalho de Assistência Social, e no Chile não foi diferente. “No caso chileno, a Igreja não esteve ausente do processo constitutivo do Serviço Social e nem poderia estar ausente, A marca de sua presença já estava gravada ali desde os tempos remotos, já que, como ocorreu em outros países, por muitos anos fora ela a principal promotora de obras de caridade e difusora permanente do seu pensamento e da sua doutrina e, portanto, campo onde fecundam as protoformas do Serviço Social.” (CASTRO, 2000, p. 72). Dessa forma, surge a primeira escola católica de Serviço Social, Elvira Matte de Cruchaga, apoiada pela União Católica Internacional de Serviço Social (UCISS). “Obedeceu ao interesse da Igreja em criar um centro católico ortodoxo para a formação de agentes sociais adequados às mudanças sofridas pela sociedade chilena [...] assim como uma estratégia de continentalização da influência católica na criação de escolas de Serviço Social.” (CASTRO, 2000, p. 72). A escola Elvira Matte de Cruchaga visava formar visitadoras católicas, alegres, tolerantes e compreensivas, sendo mulheres inteligentes e amáveis, que mostravam saúde de corpo e alma. II. As influências da Igreja e do Estado no surgimento do Serviço Social no Brasil Antecedendo a instauração do Serviço Social no Brasil, há alguns momentos históricos que se “repetem” na história dos países, tais como: • O crescimento desigual das cidades • A transformação da força de trabalho em mercadoria • A exploração do proletariado • A luta do proletariado contra o abuso • A “ameaça” do surgimento da classe operária • A necessidade do “controle” dessa nova classe Diante dessas necessidades a classe trabalhadora inicia manifestações em busca de condições de trabalho e de justiça social, a partir daí é que o Estado se vê em posição de controlar essa massa manifestante enquanto a igreja teme essa nova classe como uma ameaça à sociedade burguesa da época. Nos anos seguintes, devido ao fortalecimento do movimento da classe operária, são instauradas novas legislações sociais, lembrando que até o momento estas eram voltadas apenas para os trabalhadores formais, enquanto os informais ainda eram deixados sem direitos sociais mínimos pelo Estado. A primeira legislação, em 1919, responsabilizava as empresas e industrias pelos acidentes de trabalho, em 1925 foi criado o Conselho Nacional do Trabalho e em 1926 o Estado passa a interferir na regulamentação do trabalho. Entretanto, o Estado ainda não consegue implementar medidas que sejam eficazes e a partir daí passa a usar a violência policial contra manifestantes. Mais adiante, ainda no século XX, a elite burguesa inicia uma política assistencialista, essa política busca disciplinar o trabalhador, isso é feito dando benefícios como vilas operápias, ambulatórios, escolas, etc, porém, condicionados ao bom comportamento dos trabalhadores, suprimindo as manifestações sociais. É nesse cenário, em meados da década de 1930, que surge o Serviço Social no Brasil, altamente católico tendo como modelo as organizações europeias. Em 1930 é criado o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) que formava os agentes da ação social, constituído por jovens católicas e de famílias burguesas. Em 10 de novembro de 1937 o Brasil sofre o golpe do Estado Novo e é nesse momento caótico em que o Serviço Social começa a sua profissionalização no país. III. As primeiras instituições assistenciais do Brasil Em 1930 surge, como visto, o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), voltado a qualificar jovens católicas e pertencentes a sociedade burguesa para a prática social. Em 1936, pouco antes do golpe do Estado Novo, o Serviço Social começa a sua profissionalização com o surgimento da primeira escola de Serviço Social no Brasil, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Já em 1937, no Rio de Janeiro surge o Instituto de Educação Familiar e Social. Estas primeiras instituições do Brasil, que datam as décadas de 1930 e 1940, mostram o quanto o inicio do Serviço Social brasileiro foi operante juntamente à Igreja Católica marcado por um movimento evangelizador e moralizador diante da sociedade.
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