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Reavaliação genética do modelo do Vulcão de Nova Iguaçu, RJ: origem eruptiva ou intrusão subvulcânica? 1)Qual a controvérsia a respeito do Vulcão de Nova Iguaçu? Os trabalhos idealizadores da hipótese Vulcão de Nova Iguaçu consideraram a existência de cratera, edifício vulcânico, derrames de lava e fluxos piroclásticos como justificativas fundamentais. Entretanto pesquisas recentes colocam em dúvida essa hipótese, propondo que a estrutura geológica em questão não corresponde a um vulcão, mas aos condutos e fissuras subvulcânicos de quilômetros de profundidade. Essas pesquisas são feitas aliando a atividade experimental com Ciência. 2) De quando são as rochas que formam o Vulcão de Nova Iguaçu? Na borda nordeste do maciço Mendanha, Município de Nova Iguaçu, RJ, ocorrem rochas vulcânicas do final do Cretáceo ao início do Terciário. Figura 1 do artigo. 3) Por que os autores do artigo sustentam que a hipótese do Vulcão de Nova Iguaçu ser realmente um vulcão não está correta? Estão pautados em definições cientificas e buscam por meio de medidas diretas confrontar os dados e resultados, a fim de obter o estudo detalhado daquilo que as observações não dão conta de revelar. Muitas das vezes estamos tão acostumados com uma “ideia” que deixamos de buscar pelos questionamentos a cerca dos fatos, isso faz perpetuar as crenças como atos de fé. Devemos buscar os esclarecimentos de forma fundamentada, pautados na Ciência. As observações geológicas recentes na área de Nova Iguaçu e as análises vulcanológicas sobre possível existência de cratera, cone e derrames de lava apresentam os seguintes resultados: 1. A rocha constituinte do vale da suposta cratera vulcânica não é o aglomerado do conduto vulcânico, mas traquito maciço de primeira geração. 2. O depósito aluvionar presente no vale da suposta cratera tem espessura máxima de alguns metros e é composto de materiais regolíticos, não apresentando características de um depósito lacustre. 3. No vale da suposta cratera não se encontram os depósitos de tálus sugestivos de grande desmoronamento de paredes internas. 4. Não há morfologia e geologia de cone vulcânico. 5. Não ocorre a estratificação vulcânica de grande continuidade horizontal composta de spatter soldado. 6. As rochas traquíticas são divididas em duas gerações. A primeira geração é o traquito principal dessa região e forma um corpo intrusivo relativamente grande mais antigo do que o sienito. A segunda geração constitui diques mais novos do que o sienito. 7. O traquito da primeira geração não pode ser constituinte da lava que cobriu o substrato sienítico, devido a ser mais antigo do que o sienito. 8. O traquito da primeira geração é distribuído desde a cota de 40 m até 885 m. Portanto não pode ser o derrame de lava emitida a partir da suposta cratera, localizado na cota 250 m. 9. A feição de disjunção colunar é atribuída a disjunções horizontais de diques. A estrutura parecida à crosta-de-pão é considerada como de origem intempérica. Klein e Vieira (1980) e Vieira e Klein (2004) consideraram que o efeito erosivo desta área desde o Cretáceo até o presente é nulo, o que conservou o cone e a cratera em estado intacto. Silveira et al. (2005) e Valente et al. (2005) interpretaram que a erosão é pouco intensa, o que preservou parcialmente o edifício vulcânico. Por outro lado, Motoki e Sichel (2006) e Motoki et al. (2006; 2007a; b) consideraram que o edifício vulcânico foi completamente eliminado pela profunda denudação regional e forte efeito de erosão tropical dessa região e os afloramentos atuais representam condutos e fissuras subvulcânicos de que ocorriam a quilômetros de profundidade. Os resultados do presente trabalho divergem das duas primeiras interpretações e corroboram a última. Desta forma, conforme a definição geológica do termo "vulcão" (MacDonald, 1972; Motoki & Sichel, 2006), a estrutura geológica em discussão não pode ser chamada de "Vulcão de Nova Iguaçu".
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