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Curso de Nutrição Disciplina: Dietoterapia II Professora Responsável: Juliana Rêgo Terapia Nutricional nas Doenças Pulmonares -Pneumonia / Covid-19 -Asma -DPOC -Síndrome da Apneia do Sono -Fibrose Cística -Câncer de Pulmão DOENÇAS PULMONARES: Anatomia e Fisiologia do Sistema Pulmonar Histopatologia do Sistema Pulmonar Bronquiectasia são dilatações da árvore brônquica distal secundárias à destruição de cartilagem, músculo liso e glândulas, geralmente por infecções de repetição. A perda do epitélio ciliado favorece o acúmulo de secreções (catarro), infecção secundária e progressão = bronquite crônica. Atelectasia é um colapso total ou parcial do pulmão ou do lóbulo pulmonar (não produzem mais surfactante – composto de ptn/fosfolipídios, que mantém estabilidade do tecido e reduz a tensão dos líquidos que revestem o pulmão) Efeito da Desnutrição no Sistema Pulmonar ▪ As deficiências de proteínas e ferro resultam em baixas concentrações de hemoglobina que diminuem a capacidade de transporte de oxigênio do sangue. ▪ Baixas concentrações de cálcio, magnésio, fósforo e potássio comprometem a função dos músculos respiratórios no nível celular. ▪ Hipoalbuminemia, medida pela albumina no sangue, contribui para o desenvolvimento de edema pulmonar pela diminuição da pressão coloidosmótica, permitindo que os fluidos corporais se dirijam ao espaço intersticial. A diminuição das concentrações de surfactante contribui para o colapso dos alvéolos, assim aumentando o trabalho respiratório. ▪ O tecido conjuntivo de sustentação dos pulmões é composto por colágeno, o qual precisa de ácido ascórbico para sua síntese. ▪ O muco normal das vias aéreas é uma substância que consiste em água, glicoproteínas e eletrólitos, assim exigindo uma ingestão nutricional adequada. Efeito da Desnutrição no Sistema Pulmonar ▪ Perda de massa corporal por ingestão energética inadequada se correlaciona significativamente com mau prognóstico em pessoas com doenças pulmonares. ▪ Desnutrição que leve a um comprometimento da imunidade coloca qualquer paciente em alto risco de desenvolver infecções respiratórias. ▪ Os pacientes desnutridos com doença pulmonar e hospitalizados têm mais probabilidade de internações prolongadas e são suscetíveis a aumento da morbidade e da mortalidade. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) É uma doença respiratória prevenível e tratável Presença de obstrução crônica do fluxo aéreo progressiva Resposta inflamatória anormal dos pulmões e das vias aéreas à inalação de partículas e gases tóxicos Principal fator de risco: TABAGISMO ativo e passivo (outros: poeira ocupacional, irritantes químicos, fumaça de lenha e de carvão, infecções respiratórias na infância...) No Brasil, 4ª causa de morte, com prevalência de 12% entre os adultos Compromete os pulmões e causa alterações metabólicas, nutricionais, sistêmicas e outras disfunções Fisiopatologia da DPOC e outras doenças pulmonares ▪ Os pacientes com enfisema primário sofrem de maior dispneia e caquexia. ▪ Por outro lado, os pacientes com bronquite têm hipóxia, hipercapnia (aumento da quantidade de dióxido de carbono) e complicações, como hipertensão pulmonar e insuficiência cardíaca direita Avaliação do estado nutricional na DPOC Desnutrição Energético- Proteica (DEP) Observada de 34 a 50% dos casos Menor sobrevida: ↑ mortalidade Síndrome da caquexia pulmonar Declínio funcional Avaliação nutricional dos pacientes IMC < 25kg/m² / IMM = MCM/A² Peso corporal < 90% PI Depleção muscular e nutricional Caquexia HIPERMETABOLIMO A saciedade precoce e a anorexia presentes em virtude da dispneia e da fadiga, contribuem para a alimentação inadequada, redução de compartimentos de massa gorda e massa magra, podendo evoluir para a CAQUEXIA IMM < 15 M e < 16 H CAQUEXIA Mecanismos evolvidos na perda de peso em pacientes com DPOC DPOC Lesões pulmonares Função pulmonar alterada Aumento do trabalho respiratório Redução da capacidade respiratória (dispneia) Aumento da necessidade energética Hipermetabolismo Envelhecimento Sedentarismo Medicação Inflamação Sistêmica Hipóxia Diminuição da atividade física Perda da massa muscular Perda de músculos respiratórios Perda da massa muscular Perda de peso Avaliação Nutricional na DPOC Objetivo da terapia nutricional no paciente de DPOC Dois objetivos principais no tratamento do hipermetabolismo: 1) prevenção da perda de massa corporal 2) prevenção da perda de massa corporal magra (MCM) Estratégias: • Refeições pequenas e frequentes nutricionalmente densas • O paciente deve ingerir a refeição principal quando o teor energético estiver em seu ponto mais alto • Energia, proteínas, vitaminas e minerais em quantidades adequadas para manter uma massa corporal desejável — um IMC entre 20 e 24 kg/m² • Disponibilidade de alimentos que exijam pouca preparação e sejam facilmente aquecidos em um forno de micro-ondas • Limitação do álcool a menos de dois drinques/dia (30 g de álcool/dia) • Período de repouso antes das refeições Terapia Nutricional na DPOC • GEB – calorimetria indireta ou HB • GEB = 443,3 + [18,15 x MCM (kg)] • GET = FI (1,49 a 1,78) Cálculos das necessidades energéticas • Adequar kcal para manter o peso • 50 a 60% CHO, 25 a 30% LIP, 15 a 20% PTN (1,5 g ptn/kg) Na eutrofia • Adequar kcal para ganho de peso, aumentando VET de 500 a 1.000 kcal/dia Na desnutrição • Adequar para perda de peso, diminuindo VET até 500 kcal/dia em relação ao GET Na obesidade Fibrose Cística (FC) Fibrose cística Doença hereditária de caráter autossômico recessivo Fibrose cística – órgão afetados Teste do pezinho Teste de triagem neonatal ▪ Dosagem quantitativa da tripsina imunorreativa (TIR): níveis altos: obstrução ductos pancreáticos ▪ Exame com ↑ falsos positivos: ✓ 2- 4 semanas repetir → + ✓ teste de suor (dosagem de Cl > 60mEq/L) ✓ ou pesquisa genética ▪ Detecção de insuficiência pancreática: clínico (esteatorréia) ou elastase fecal Manifestações da FC ▪ PULMONARES • Mucoviscoso: deficiência da motilidade ciliar → processo obstrutivo: colonização bacteriana • Parede brônquica→ fibrótica (troca de gases mais difícil) → DPOC ▪ DIGESTIVAS • Def pancreática exócrina 85% casos (60% ao nascimento e 20% nos primeiros meses de vida): obstrução dos ductos pancreáticos: sensível à lesões e aumento da pressão intraductal→ diarréia crônica, esteatorréia, desnutrição. Fisiopatologia da FC ▪ Aumento das necessidades: ↑ Gasto energético: patologia pulmonar: infecções e defeito da doença; ↑ Perdas: • digestório (má absorção → esteatorréia) – alterações pancreáticas / hepáticas / mucosa intestinal; • pulmonar (escarro) • suor (sais minerais e vitaminas) • urina (diabetes mellitus) ▪ Reagudização: ↓ apetite e ↑ necessidades (redução do apetite, tosse, aumento de secreção, parada de ganho ponderal, febre) Objetivo da terapia nutricional na FC ▪ Avaliar o estado nutricional e acompanhar a evolução ponderal e estatural dos pacientes Estatura máxima: no percentil 25 a 75% da E/I ▪ Promover educação nutricional para garantir uma alimentação adequada às necessidades ▪ Intervir precocemente na reabilitação nutricional quando necessário Avaliação nutricional na FC Tratamento e terapia nutricional na FC ▪ Medidas de alívio da obstrução brônquica ▪ Tratamento das infecções pulmonares ▪ Correção da deficiência pancreática - reposição de enzimas ▪ Orientação genética ▪ Apoio psicológico ao paciente e família ▪ Dieta Terapia Nutricional na Fibrose Cística • Hipercalórica (110 a 200% das necessidades, sexo e idade) Cálculos das necessidades energéticas • 40% de LIP • 40 a 50% CHO • 15 a 20% PTN Macronu- trientes • Adequar kcal para ganho de peso, aumentando VET de 500 a 1.000 kcal/dia Suplementação de Na• Vitaminas lipossolúveis • Enzimas pancreáticas Suplementação e prescrição de: Suplementação de enzimas pancreáticas ▪ Sempre oferecer ANTES de cada refeição; ▪ Lactentes: meio de administração: banana amassada ou 1 colher de fórmula infantil; ▪ ÚNICA SITUAÇÃO NÃO NECESSÁRIA: frutas (exceto abacate!) ▪ Levar para escola, creche ou casa de parentes, amigos. ▪ 1 hora de duração da ação... Orientação para intervenção nutricional segundo Consenso Norte-americano Intervenção nutricional segundo Consenso Europeu Algoritmo de fisiopatologia e tratamento da FC Pneumonia / COVID-19 ▪ Uma condição inflamatória dos pulmões que causa dor torácica, febre, tosse e dispneia. ▪ No ambiente clínico, existem vários tipos de pneumonia, como a pneumonia adquirida na comunidade (PAC), a qual pode ser viral ou bacteriana; a pneumonia hospitalar; pneumonia em hospedeiro imunodeficiente; pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV); pneumonia por COVID-19 e pneumonia aspirativa Os vírus da SARS-CoV, MERS-CoV e 2019-nCoV são da subfamília Betacoronavírus que infectam somente mamíferos; são altamente patogênicos e responsáveis por causar síndrome respiratória e gastrointestinal Fisiopatologia da Pneumonia/ Covid-19 ▪ Os coronavírus causam infecções respiratórias e intestinais em humanos e animais; sendo que a maioria das infecções por coronavírus em humanos são causadas por espécies de baixa patogenicidade, levando ao desenvolvimento de sintomas do resfriado comum, no entanto, podem eventualmente levar a infecções graves em grupos de risco, idosos e crianças. ▪ Previamente a 2019, duas espécies de coronavírus altamente patogênicos e provenientes de animais (SARS e MERS) foram responsáveis por surtos de síndromes respiratórias agudas graves. ▪ Acerca da infecção humana pelo novo coronavírus (2019-nCoV), o espectro clínico não está descrito completamente bem como não se sabe o padrão de letalidade, mortalidade, infectividade e transmissibilidade. ▪ Ainda não há vacina ou medicamentos específicos disponíveis e, atualmente, o tratamento é de suporte e inespecífico. Fisiopatologia da Pneumonia/ Covid-19 ▪ Período de Incubação O período médio de incubação da infecção por coronavírus é de 5.2 dias, com intervalo que pode chegar até 12.5 dias, quando um número crescente de pacientes supostamente não teve exposição ao mercado de animais, indicando também a ocorrência de disseminação de pessoa para pessoa. ▪ Período de Transmissibilidade A transmissibilidade dos pacientes infectados por SARS- CoV é em média de 7 dias após o início dos sintomas. No entanto, dados preliminares do Novo Coronavírus (2019- nCoV) sugerem que a transmissão possa ocorrer, mesmo sem o aparecimento de sinais e sintomas. Até o momento, não há informação suficiente que defina quantos dias anteriores ao início dos sinais e sintomas uma pessoa infectada passa a transmitir o vírus. Fisiopatologia da Pneumonia/ Covid-19 ▪ Os principais sintomas foram febre (83%), tosse (82%), falta de ar (31%), dor muscular (11%), confusão (9%), dor de cabeça (8%), dor de garganta (5%), rinorréia (4%), dor no peito (2%), diarréia (2%) e náusea e vômito (1%). ▪ Segundo exames de imagem, 75% apresentaram pneumonia bilateral, 14% apresentaram manchas múltiplas e opacidade em vidro fosco e 1% evoluiu com pneumotórax. ▪ As complicações mais comuns são Síndrome Respiratória Aguda Grave – SRAG (17-29%), lesão cardíaca aguda (12%) e infecção secundária (10%). A letalidade entre os pacientes hospitalizados variou entre 11% e 15%. Parecer BRASPEN/AMIB Terapia nutricional na COVID-19 Terapia nutricional na COVID-19
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